Unidade 3  Dança: expressão e cultura

Fotografia. No centro de um palco, um homem de cabelo curto preto, vestindo camiseta sem mangas e calça manchadas de tinta roxa, verde e marrom. Está com os braços abertos e, movimentando-se para a frente, apoia-se em uma das pernas flexionada, enquanto a de trás fica levemente suspensa. O rosto está voltado para o chão. A sombra do ator projeta-se na cortina ao fundo do palco. Na cena, ao redor dele, à esquerda, sentado, há um homem de cabelo curto preto com o olhar voltado para uma pessoa que está com o seu corpo sobre as suas pernas, que estão dobradas para dentro. À direita da cena, sentada no chão, há uma mulher de cabelo longo castanho, vestindo camiseta de alças manchada de tinta. O rosto e o braço estão  adornados com pinturas tribais. No fundo do palco, virada de cabeça para baixo, há uma canoa rústica de madeira virada para baixo.
Cena do espetáculo Xapiri Xapiripê, lá onde a gente dançava sobre espelhos, da Cia. Oito Nova Dança. São Paulo (SP), 2014.

Nesta Unidade:

TEMA 1 A criação do movimento

TEMA 2 As danças circulares

TEMA 3 O formato circular nas manifestações culturais brasileiras

De olho na imagem

Fotografia. No centro de um palco, um homem de cabelo curto preto, vestindo camiseta sem mangas e calça manchadas de tinta roxa, verde e marrom. Está com os braços abertos e, movimentando-se para a frente, apoia-se em uma das pernas flexionada, enquanto a de trás fica levemente suspensa. O rosto está voltado para o chão. A sombra do ator projeta-se na cortina ao fundo do palco. Na cena, ao redor dele, à esquerda, sentado, há um homem de cabelo curto preto com o olhar voltado para uma pessoa que está com o seu corpo sobre as suas pernas, que estão dobradas para dentro. À direita da cena, sentada no chão, há uma mulher de cabelo longo castanho, vestindo camiseta de alças manchada de tinta. O rosto e o braço estão  adornados com pinturas tribais. No fundo do palco, virada de cabeça para baixo, há uma canoa rústica de madeira virada para baixo.
Cena do espetáculo Xapiri Xapiripê, lá onde a gente dançava sobre espelhos, da Cia. Oito Nova Dança. São Paulo (SP), 2014.

Faça no diário de bordo.

  1. Observe a fotografia do espetáculo. O que mais chamou sua atenção?
  2. Que partes do corpo dos intérpretes estão mais evidentes?
  3. Os intérpretes estão mais próximos ou mais distantes do chão?
  4. Quais movimentos os dançarinos estão realizando na fotografia? E como estes movimentos poderiam continuar?
  5. Como são os figurinos e as maquiagens usados pelos intérpretes?
  6. Observe o cenário, os objetos e outros elementos que vemos na imagem. O que eles o levam a imaginar?
Versão adaptada acessível

6. O que a descrição dessa imagem leva você a imaginar? Pense em como o cenário está descrito, assim como os movimentos que as pessoas estão realizando, vestidas dessa maneira.

7. Os figurinos, a maquiagem e as partes do cenário vistos na fotografia remetem a alguma situação, a algum lugar ou a pessoas que você conhece ou já viu em filmes, séries, fotografias? Quais?

Versão adaptada acessível

7. Os figurinos, a maquiagem e as partes do cenário dessa fotografia remetem a alguma situação, a algum lugar ou a pessoas que você conhece de filmes, séries ou de outras fotografias das quais tenha ouvido a descrição? Quais?

8. Em sua opinião, por que esse espetáculo de dança se chama Xapiri Xapiripê, lá onde a gente dançava sobre espelhos?

Artista e obra

Companhia Oito Nova Dança

A Companhia Oito Nova Dança, formada em 2000 por Lu Favoreto, cria espetáculos que dialogam com diferentes culturas.

Um de seus espetáculos é Xapiri Xapiripê, lá onde a gente dançava sobre espelhos, proposta que teve origem em uma investigação da companhia a respeito das crenças e dos rituais realizados pelos Yanomami, povo indígena que vive em áreas do Brasil e da Venezuela.

Para o povo Yanomami, xapiri são espíritos da floresta, das águas e dos animais, que brilham e se apresentam dançando e cantando sobre um chão espelhado.

A companhia também investigou danças e tradições de outros povos indígenas, como os Guarani Êmibiá, que vivem em diversos estados brasileiros, na Argentina e no Paraguai.

Fotografia. Cena teatral. No palco, há quatro atores, dois homens e duas mulheres. Os dois homens ocupam o centro da cena. Estão recurvados apoiando uma cabeça contra a outra. Ambos estão de peito nu, vestindo bermudas e descalços. O homem da esquerda traz, sobre a bermuda, uma saia curta, marrom-avermelhada, de plumas. O da direita, usa joelheiras pretas. Ambos apresentam pinturas corporais de linhas finas, em preto e cinza.  Mais ao fundo, à esquerda, há uma mulher de cabelo loiro preso e, à direita, uma mulher de cabelo escuro longo. Ambas usam vestido branco, estão descalças e têm pinturas corporais. Cada uma delas segura dois bastões, um em cada mão, que batem no chão enquanto se movimentam.
Cena do espetáculo Xapiri Xapiripê, lá onde a gente dançava sobre espelhos, da Companhia Oito Nova Dança. São Paulo São Paulo, 2014.

Ao longo dos anos, essa companhia tem realizado apresentações com coreografias que abordam diferentes temáticas. Você sabe o que é uma coreografia? Esse é o nome dos movimentos combinados que os intérpretes apresentam em um espetáculo de dança. O criador das coreografias é chamado coreógrafo.

Tema 1  A criação do movimento

Os movimentos expressivos

A imagem reproduzida na abertura desta Unidade mostra, no centro do palco, um dançarino fotografado no momento em que realizava alguns movimentos que deixam evidentes diferentes partes do corpo dele, como pernas, cabeça, braços e mãos. Agora, observe a imagem a seguir.

Fotografia. Três intérpretes dançam em uma palco. No centro,de costas, há um homem parcialmente calvo, descalço, sem camisa e de bermuda amarela, com pinturas corporais tribais. Está com os braços erguidos acima da cabeça e curvados para dentro, formando um arco. À esquerda do palco, há uma mulher de cabelo preto e vestido branco saltando no ar, para a frent, com os braçõs erguidos e abertos. Usa adorno de penas nos cabelos e pintura facial preta, como uma máscara na região dos olhos. À direita do palco, outra mulher de vestido branco está saltando no ar com os braços abertos. Os cabelos ruivos e longos. soltos, estão esvoaçando. As duas mulheres estão descalças. No fundo do palco, há uma canoa rústica virada para baixo.
Intérpretes da Companhia Oito Nova Dança no espetáculo Xapiri Xapiripê, lá onde a gente dançava sobre espelhos. Da esquerda para a direita, Denise Barretto, Raoni Garcia e Luciana Romano. São Paulo São Paulo, 2014.

Na imagem desta página, três integrantes da Companhia Oito Nova Dança aparecem em outra cena do espetáculo Xapiri Xapiripê, lá onde a gente dançava sobre espelhos. Note que o corpo deles se posiciona em diferentes espaços do palco e que cada intérprete realiza movimentos distintos, em diferentes direções. O intérprete que se encontra no centro da fotografia, por exemplo, tem os dois pés mais próximos do chão e os braços levemente erguidos e flexionados (dobrados). As intérpretes que estão ao lado dele no palco foram retratadas saltando e com os braços estendidos e abertos.

Esses e tantos outros movimentos realizados por dançarinos durante as apresentações de dança são chamados movimentos expressivos e, em geral, têm o objetivo de propor uma ideia, discutir um tema, promover reflexões ou mobilizarglossário as emoções do público.

Os movimentos funcionais

O movimento é um dos elementos estruturais que, com o espaço cênico (onde se dança) e o intérprete (quem dança), compõem as danças que conhecemos. Mas será que só existe o movimento “dançado”?

Nós nos movimentamos ao brincar, comer, subir e descer do ônibus, dar um abraço, sorrir, chorar e até mesmo durante o sono. Aliás, muitas vezes nem sequer percebemos alguns dos movimentos corporais que realizamos (por exemplo, ao respirar). Permaneça em silêncio por alguns segundos e logo notará os pequenos movimentos que seu corpo realiza para inspirar e expelir o ar.

Tente também perceber outros movimentos, que parecem pequenos, que você faz enquanto está sentado ou parado.

Existe uma série de movimentos que realizamos no dia a dia para atender a determinadas necessidades, como escovar os dentes, tomar banho, subir escadas, usar o telefone celular e empurrar uma cadeira. Esses movimentos têm sempre um objetivo específico e uma função, por isso, são chamados movimentos funcionais.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Fotografia. Ao ar livre, quatro adolescentes sentados lado a lado, em um banco, consultando seus celulares. Atrás deles há um arbusto todo verde. Da esquerda para direita: menino de cabelo curto, preto e crespo, vestindo camiseta preta e calça jeans azul; menina de cabelo longo, castanho, vestindo blusa azul-escura e calça jeans azul-clara; menino de cabelo curto, liso, castanho, vestindo camisa verde e calça bege; menina de cabelo longo, castanho, vestindo blusa rosa e calça jeans azul. O menino de camisa verde apoia o queixo na mão esquerda enquanto olha para a tela do celular da menina de blusa rosa.
Adolescentes utilizando aparelhos celulares. Fotografia de 2014.
Fotografia. Rostos sorridentes de cinco crianças abraçadas, com as cabeças unidas, olhando para baixo, onde foi posicionada a câmera. Menino de cabelo preto e curto, menina de cabelo castanho longo e preso em tranças, menina de cabelo preto curto, crespo e tiara colorida, menina de cabelo loiro, preso e menina de cabelo castanho, cacheado, solto.
Ao sorrir, movimentamos diversos músculos da face. Fotografia de 2015.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

1. Quais movimentos funcionais você faz no seu cotidiano? Relembre-os e registre em seu diário de bordo usando a escrita, o desenho e outros modos de anotar.

ilustração. Ícone Diário de bordo.

2. Faça um dos movimentos da sua lista para que os colegas da turma tentem adivinhar qual é.

3. Como você relaciona o efeito do uso do celular em sua postura corporal?

Os movimentos funcionais nos espetáculos de dança

Os movimentos funcionais e expressivos estão presentes tanto em algumas danças tradicionais quanto em espetáculos de dança.

A Dança dos chondáro é uma luta-dança e patrimônio cultural do povo indígena Guarani Êmibiá que utiliza movimentos funcionais como levantar, abaixar, pular e correr para ensinar os meninos a se defenderem e terem agilidade. A dança também está associada à espiritualidade – para os Guaranis, ela é uma maneira de mostrar que estão em sintonia com as divindades (nhanderu cueri), que também dançam –, ao dia a dia e à resistência contra ameaças externas. Ela também é praticada como uma brincadeira, para transmitir alegria a quem está assistindo.

Fotografia. Cinco homens e dois meninos indígenas realizando uma dança em um terreno plano, de areia. Há vegetação variada, verde, ocupando todo o fundo. Os homens usam apenas bermudas e estão descalços, realizando movimentos de agachar e pular, enquanto se movimentam em círculo. As mãos estão apoiada nas laterais da cabeça. Um dos homens está mais à direita, agachado, fora do círculo de dançarinos. Com expressão sorridente, segura uma vara de madeira em cada uma das mãos.
Indígenas da etnia Guarani do núcleo Cachoeira da aldeia Rio Silveira praticando a Dança do chondáro, Bertioga São Paulo, 2019.

Na cultura guarani, são as pessoas mais velhas que ensinam essa tradição aos mais novos. E você, se lembra de algum movimento que aprendeu com seus avós, pais e tios ou com outras pessoas com mais idade?

Alguns grupos de dança também trazem os movimentos funcionais para a cena das apresentações, tornando-os movimentos expressivos. Uma dessas propostas é o espetáculo Dente de leite, da Focus Companhia de Dança, coreografado pelo dançarino e coreógrafo Alex Neoral. Para elaborar as coreografias desse espetáculo, Neoral selecionou alguns movimentos funcionais, com um sentido expressivo.

Na fotografia a seguir, por exemplo, em primeiro plano, vemos uma dançarina que, com a mão, encosta uma maçã na boca. Portanto, um movimento funcional (nesse caso, comer uma maçã) foi deslocado para uma situação de dança, propondo que imaginemos outras razões para a dançarina estar com uma maçã na boca, além da satisfação de uma necessidade corporal, ou seja, alimentar-se. O que você imagina que a dançarina está expressando com esse movimento?

A boca é o tema central das coreografias que compõem o espetáculo Dente de leite, da Focus Companhia de Dança. Nessa apresentação, a companhia de dança trata de ações do cotidiano que se relacionam com a boca, como comer, sorrir e beijar. O grupo também aborda a importância da boca como portadora da palavra, uma das fórmas que utilizamos para nos comunicar. Com base na ideia apresentada, imagine as funções da boca sendo realizadas pelo corpo todo.

Fotografia. Destaque de dançarinos em uma apresentação. Em primeiro plano, há uma mulher de cabelo preto curto. Ela usa camiseta curta azul e saia branca e segura, contra a boca bem aberta, uma maçã vermelha. Mais ao fundo, à esquerda, aparece parcialmente a figura de um dançarino e, à direita, a figura de uma dançarina, ambos tapando a boca com a mão direita, no mesmo gesto da dançarina que está em primeiro plano.
Os dançarinos da Focus Companhia de Dança Marcelo Jahú (ao fundo, à esquerda), Clarice Silva (em primeiro plano) e Mônica Burity se apresentam no espetáculo Dente de leite, no Rio de Janeiro Rio de Janeiro, em 2013.
Fotografia. Apresentação de espetáculo de dança, em um palco de piso brilhante, fechado ao fundo por uma cortina de fios grossos marrom-alaranjados. Dois homens e três mulheres descalços, vestidos em tons de branco e azul realizam movimentos de dança. Posicionados em círculo, todos têm os braços braços abertos, com o direito erguido para o alto e o esquerdo mais abaixo, formando uma linha diagonal. O pé direito de cada um está apoiado sobre seu joelho esquerdo. Os corpos se inclinam para a frente, em diferentes graus. Em primeiro plano, à  esquerda, um dançarino veste camiseta sem  mangas e calça comprida. À direita,de perfil, outro dançarino veste short e camiseta sem mangas. Ao fundo, de costas, há duas dançarinas vestindo saia e blusa. Do lado esquerdo, aparece parcialmente o corpo de outra dançarina, de short e blusa.
Integrantes da Focus Companhia de Dança em apresentação do espetáculo Dente de leite, no Rio de Janeiro Rio de Janeiro, em 2013.

Por dentro da arte

Tempos modernos

A transformação de movimentos funcionais em movimentos expressivos também pode ser observada em produções de outras linguagens artísticas. O movimento de apertar parafusos, por exemplo, é o elemento central de Tempos modernos, filme de 1936. Escrito e dirigido por Tcharls Tcháplin (1889-1977) – que, além disso, atua como protagonista −, o filme apresenta uma crítica aos modos de produção industrial baseados na divisão e especialização do trabalho em etapas, chamadas de linhas de montagem.

Nesse filme, a personagem principal – Carlitos, vivida por Tcháplin – é operário em uma fábrica na qual o trabalho é realizado de modo repetitivo e acelerado com o objetivo de aumentar a produção. De fórma bem-humorada, o filme mostra a personagem se esforçando para alcançar o ritmo de trabalho imposto por uma esteira, que, por sua vez, é controlada por uma máquina. Por fim, de tanto realizar a mesma atividade de modo repetitivo, ele se descontrola e passa a fazer o movimento de apertar parafusos mesmo quando está fórado trabalho.

Ao interpretar a personagem Carlitos, Tcharls Tcháplin atribuiu sentido expressivo a movimentos relacionados ao trabalho, como apertar parafusos, mover alavancas etcétera Tempos modernos é considerado um dos filmes mais importantes da história do cinema mundial.

Fotograma em preto e branco. Quatro homens realizam diferentes tarefas na esteira de uma linha de produção de uma fábrica antiga. Três deles vestem camiseta regata branca e calça preta. Da esquerda para a direita, o segundo deles veste camiseta e macacão listrado. O quarto homem usa boné de aba. Todos têm cabelo preto, curto e bigode. À esquerda, em primeiro plano, há a máquina que aciona a linha de produção. Ao fundo, grandes janelas envidraçadas.
Fotograma do filme Tempos modernos (1936), de Tcharls Tcháplin.

Nos fotogramas do filme Tempos modernos (1936) reproduzidos nesta página, pode-se notar a atribuição de sentido expressivo ao movimento, por exemplo, de apertar parafusos em uma fábrica.

Fotograma em preto e branco. Homens em frente à esteira de uma linha de produção com maquinário e peças. Todos observam espantados um homem de cabelo curto e bigode, vestindo camiseta e macacão listrado, que faz uma careta e pantomimas com ferramentas para uma mulher de cabelo claro, curto e cacheado, que veste blusa escura e saia clara. A mulher apoia a mão direita contra o peito, em gesto de espanto.
Fotograma em preto e branco. Um homem de cabelo curto e bigode, vestindo camiseta e macacão listrado, está sorrindo apoiado em uma engrenagem gigante, usando ferramentas sobre a roda.
Fotograma em preto e branco. Um homem de cabelo curto e bigode, vestindo camiseta e macacão listrado, está em cima de uma escada observando o funcionamento de peças e engrenagens interligadas em uma grande máquina.
Fotograma em preto e branco. Um homem de cabelo curto e bigode, vestindo camiseta e macacão listrado, está sorrindo, com as mãos e antebraços apoiados em uma grande alavanca, à frente de uma maquina enorme. O corpo está inclinado em direção à alavanca e o pé direito levantado para trás.
Fotogramas do filme Tempos modernos (1936).

Para Assistir

Tempos modernos. Direção e produção: Tcharls Tcháplin. Estados Unidos: United Artists, 1936. 1 dêvedê (87 minutos).

Nesse filme, Carlitos, personagem interpretada por Tcharls Tcháplin, e uma jovem vivem em uma sociedade que privilegia o modo de produção industrial.

Rudolf Laban e o estudo do movimento

Nas páginas anteriores, você descobriu que os movimentos podem ser classificados em expressivos, como os realizados pelos dançarinos retratados na abertura desta Unidade, e em funcionais, como aqueles que realizamos no dia a dia. Você também aprendeu que os movimentos funcionais podem ganhar sentido expressivo, como no espetáculo Dente de leite, na Dança dos chondáro e no filme Tempos modernos.

Essa classificação foi concebida e explorada por rúdolf Laban (1879-1958), dançarino e coreógrafo que rompeu com as propostas de danças cênicas europeias e desenvolveu uma nova maneira de conceber a dança e de se relacionar com essa manifestação artística.

Ao lado de outros artistas europeus do início do século rúdolf Laban acreditava no valor e na necessidade expressiva da arte. Seus trabalhos tinham forte componente emocional (sentir) e tratavam das questões humanas, como o ódio, a cobiça e o poder, gerados por situações sociais, como a eclosão das guerras mundiais e suas consequências para a sociedade. É importante destacar que, dessa os trabalhos artísticos de Laban também apresentavam críticas sociais.

Ao longo de sua trajetória na dança, Laban realizou uma série de estudos sobre o movimento humano, concluindo que movimento, emoção e pensamento são elementos inseparáveis.

Fotografia em preto e branco. Vista oblíqua, do alto. Um homem de cabelo curto, vestido de camisa e calça escuros, está de pé, gesticulando, de braços abertos, no centro de um círculo formado por um grupo de numerosas pessoas, sentadas em fileira dupla. As pessoas têm a atenção voltada para o homem que está no centro e os braços estendidos à frente, em direção a ele.
Rudolf Laban com um grupo de estudantes em uma aula de dança. Fotografia de 1931.

Faça no diário de bordo.

Experimentações

Você aprendeu nesta Unidade que os movimentos funcionais também são utilizados na dança, assumindo uma função expressiva. Os movimentos funcionais podem ser a base para criar novos movimentos. Vamos descobrir como? Nesta atividade, você experimentará a improvisação e a criação de movimentos da dança, usando os movimentos funcionais registrados no diário de bordo. Siga os procedimentos a seguir e atente-se às instruções do professor.

 Momento 1 – Um movimento

  1. Escolha um movimento funcional colecionado em seu diário de bordo e o realize algumas vezes. Enquanto o repete, observe se o movimento é mais curto ou longo, rápido ou lento, se utiliza poucas ou muitas partes do corpo para ser executado. Cada movimento que praticamos mobiliza o corpo de uma fórma diferente!
  2. Em seguida, brinque de transformar o movimento que você escolheu: aumente e diminua o ritmo (faça muito rápido e em câmera lenta), exagere o movimento (faça o movimento bem grande e bem pequeno).
  3. Volte ao movimento original. Como seria realizá-lo com outras partes do corpo? Pense no ritmo, na duração e nas direções. Experimente essa qualidade de movimento pelo corpo todo.
  4. Misture o movimento transformado com o movimento feito pelo corpo todo, tente fazer os dois movimentos juntos. Experimente essa junção dos movimentos de diferentes modos, variando os ritmos e as partes do corpo utilizadas. Aos poucos, os movimentos funcionais se transformam em movimentos de dança!

 Momento 2 – Onde o movimento acontece?

  1. Reúna-se com mais três ou quatro colegas para mostrar o que você criou e conhecer o que foi criado por eles.
  2. Em seguida, relembrem de qual movimento funcional cada um partiu. No dia a dia, esses movimentos são praticados em algum lugar específico da sua casa, da escola ou de outro local que você frequenta? Ou são praticados em vários lugares e momentos?
  3. Pensando nos lugares em que essas ações são praticadas cotidianamente, comecem a procurar algum espaço na escola para praticar os movimentos transformados. Pode ser um lugar onde vocês costumam fazer esses movimentos funcionais ou um lugar em que seja possível, por exemplo, imaginar os cômodos de uma casa.
  1. Não se esqueçam de que este lugar escolhido deve ser adequado para realizar todos os movimentos funcionais transformados em dança pelo grupo. Se for um lugar da escola usado como lugar imaginário, ele pode também ser mais de uma coisa ao mesmo tempo, pode ser uma casa para um integrante do grupo e, ao mesmo tempo, um ônibus para outro etcétera
  2. Conversem um pouco sobre essa reflexão: quais sentimentos e sensações estão associados a este espaço real ou imaginado? Que inspiração ele traz?
  3. Usando o espaço escolhido, dividam o grupo em dois subgrupos e apresentem uns para os outros, repetindo algumas vezes os movimentos transformados em dança. Experimente expressar alguns sentimentos e sensações no momento de apresentar para os colegas do grupo. Os movimentos podem ser trabalhados com mais de uma referência expressiva e, até mesmo, opostas, como alegria e tristeza, tensão e relaxamento, sono e atenção, entre outras.

 Momento 3 – Roda de conversa

  1. De volta para a sala de aula, façam uma roda com toda a turma para conversarem sobre essa experiência e também contarem quais movimentos fizeram, o lugar que escolheram, os sentimentos e as sensações que experimentaram, como foi assistir a várias pessoas fazendo movimentos diferentes ao mesmo tempo etcétera
  2. Algumas coisas que você pensou, e talvez não queira ou não tenha tempo de compartilhar na roda, podem ser registradas em seu diário de bordo. Aproveite também para registrar algumas percepções que possam ajudá-lo a rememorar essa experiência, como o lugar escolhido pelo grupo, os movimentos funcionais transformados por vocês e o que sentiu enquanto fazia os movimentos.
    ilustração. Ícone Diário de bordo.
Ilustração. Grupo de crianças de diferentes tipos físicos sentadas, de pernas cruzadas,  em um tapete, formando uma roda. Todas vestem uniforme escolar composto de camiseta branca e bermuda azul. Um menino de cabelo preto e crespo dirige-se aos colegas enquanto gesticula com os braços erguidos.

Glossário

Mobilizar
: chamar a atenção.
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