Tema 3  O formato circular nas manifestações culturais brasileiras

As festas juninas

A identidade cultural de um povo é constituída do encontro das diferentes heranças culturais, como a língua, os costumes, as tradições, os valores, as festas, a música, entre outros elementos.

No Brasil, os povos indígenas, europeus e africanos foram os primeiros grupos a contribuir para a formação da cultura nacional, conferindo à sociedade brasileira muitas de suas tradições e manifestações artísticas. Essas contribuições fizeram do Brasil um país multicultural.

Essa identidade cultural múltipla se faz notar de maneira consistente em diferentes expressões da cultura brasileira. Muitas se fazem visíveis na fórma de festas e de celebrações, que trazem as influências deixadas pelos diversos povos que por aqui passaram e se estabeleceram. Um exemplo são as festas juninas.

Na pintura reproduzida a seguir, quais elementos das festas juninas você reconhece?

Pintura. Em cores vivas, representação de festa junina na praça da matriz de uma cidade pequena. No centro da imagem, há uma igreja azul, com uma torre e uma cruz no alto dela. A porta é bege, em forma de arco. No pátio de terra, em frente da igreja, pares dançam a quadrilha, formando um grande roda. Os homens usam chapéu, camisa vermelha e calça branca e as mulheres estão de vestidos coloridos em tons de azul, rosa e amarelo.  À direita, entre os pares da roda, há um homem de paletó azul-escuro e uma mulher de vestido branco de noiva. No centro da roda, há uma fogueira. Na parte superior, destacam-se contra o céu diversos varais de bandeirinhas coloridas presos na torre da igreja.  O céu é azul-escuro e à direita aparece a lua cheia, em tom amarelado. Há barracas de comida e de diversão à direita e à esquerda do pátio, com pessoas circulando. Ao fundo, pessoas aglomeradas assistem à dança da quadrilha.
DEUS, Lourdes de. A grande quadrilha. 2014. Acrílica sobre tela, 100 por 150 centímetros. Coleção particular.

A dança nas festas juninas

Uma das características principais das festas juninas é a quadrilha, dança de origem europeia que chegou ao Brasil no século dezenove, trazida pelos portugueses. Pode parecer estranho, mas essa dança, que é tão popular no Brasil, durante muito tempo foi praticada em festas realizadas pelos nobres. Ao longo do tempo, no entanto, a dança se popularizou, ganhou novos elementos e passou a integrar as festas juninas.

Um dos movimentos mais tradicionais da quadrilha consiste na formação de uma grande roda, como a retratada na fotografia a seguir e também na pintura reproduzida na página anterior.

Fotografia. Pessoas dançam a quadrilha em uma quadra de cimento. Acima, compondo um toldo, estão estendidos muitos varais de bandeirinhas coloridas de festa junina. Meninas de vestidos coloridos com babados enfeitados com fitas e meninos usando chapéu de palha, camisa xadrez e calça jeans estão de mãos dadas, formando uma roda. Ao fundo da cena há pessoas observando.
Crianças e adultos dançam a quadrilha com trajes típicos, em São Roque de Minas Minas Gerais. Fotografia de 2011.

Ao popularizar-se, a dança recebeu características regionais e transformou-se na quadrilha caipira, também conhecida como matuta. Na quadrilha caipira, mulheres e homens formam pares, ensaiam os passos, vestem-se com roupas remendadas, usam chapéu de palha e participam de uma encenação do casamento na roça. Há ainda a quadrilha estilizada: um grupo cria uma coreografia de acordo com a música escolhida e dança com trajes mais elaborados.

O baião, o xote, o xaxado e o forró

Dependendo da região do país, outras danças também estão presentes nas festas juninas. O baião, o xote, o xaxado e o forró são algumas delas. Essas danças estão atreladas a ritmos musicais, ou seja, diferentemente do que ocorre em algumas das danças cênicas, música e dança não se separam. Por isso, ao ouvir um desses ritmos musicais, o corpo, muitas vezes, já “sabe” como dançar, sendo levado pelo ritmo, mesmo que você não seja um profissional.

Gravura colorida. A área da gravura é totalmente ocupada por uma aglomeração de homens e mulheres em preto e branco. Em primeiro plano, na parte inferior, destacam-se algumas figuras de homens e mulheres trajados com roupas de cores vivas como vermelho, amarelo, verde e azul, dançando em pares. No centro da imagem há quatro homens tocando instrumentos musicais. Um deles toca reco-reco, outro toca triângulo, o terceiro toca tambor e o quarto toca sanfona. O tambor está colorido de marrom e a sanfona de vermelho. O sanfoneiro usa camisa verde e chapéu de couro tradicional, com uma estrela na aba. Em toda a borda da gravura há um barrado com pequenos enfeites. Na borda inferior estão gravados o título da obra, "Forró sertanejo", e o nome do autor, J. Borges.
BORGES, José Franciso. Forró sertanejo. 2011. Xilogravura, 66 por 96 centímetros. Memorial jota Borges e Museu da Xilogravura.

Geralmente, essas danças acontecem aos pares (exceto o xaxado, que também se dança em roda). Apesar de serem danças que têm passos característicos, quando dançadas em ocasiões festivas, ao contrário de apresentações ao público, elas deixam espaço para as duplas improvisarem, criarem e, sobretudo, se divertirem.

A xilografia

A imagem reproduzida anteriormente mostra uma xilogravura. A técnica utilizada para produzir as xilogravuras é a xilografia e consiste no entalhe de figuras em um suporte de madeira, formando uma matriz para a impressão. Com a matriz pronta, o artista realiza a tintagem, ou seja, passa tinta sobre a madeira. Depois, aplica o papel sobre a matriz, imprimindo a imagem nele.

Fotografia. Homem idoso, de cabelo grisalho curto, vestindo camisa amarela. Com a mão direita, ele utiliza um formão para fazer entalhes em uma placa de madeira.
jota Borges entalhando uma matriz de xilogravura, em Bezerros Pernambuco. Fotografia de 2012.

Por dentro da arte

Baião

Na página anterior, você aprendeu que o baião é uma das danças realizadas nas festas juninas. Além de ser uma dança, o baião é um estilo musical cujos instrumentos mais característicos são a sanfona, o triângulo e o zabumba. A sanfona executa a harmonia e as melodias, o zabumba e o triângulo marcam o ritmo da música.

O baião se tornou conhecido em todo o Brasil graças ao cantor e compositor Luiz Gonzaga (1912-1989), conhecido como “O rei do baião”, e o advogado e letrista Humberto Teixeira (1915-1979), conhecido como “O doutor do baião”.

Ouça o áudio "'Baião', de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira" e acompanhe a letra a seguir.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Baião

“Eu vou mostrar pra vocês

Como se dança o baião

E quem quiser aprender

É favor prestar atenção

Morena chega pra cá

Bem junto ao meu coração

Agora é só me seguir

Pois eu vou dançar o baião

Baião...

  

Eu já dancei balancê

Xamego, samba e xerém

Mas o baião tem um quê

Que as outras danças não têm

Oi quem quiser é só dizer

Pois eu com satisfação

Vou dançar cantando o baião

Baião...

   

Eu já cantei no Pará

Toquei sanfona em Belém

Cantei lá no Ceará

E sei o que me convém

Por isso eu quero afirmar

Com toda convicção

Que estou doido pelo baião.

Baião...”

GONZAGA, Luiz; TEIXEIRA, Humberto. Baião. In: GONZAGA, Luiz. Baião. Rio de Janeiro: érre cê á Victor, 1949.

Fotografia. Sanfona preta. O teclado, com teclas brancas e pretas, está disposto do lado direito do instrumento. Na esquerda, acionados por botões, ficam os baixos. Ligando essas duas caixas harmônicas, na parte central fica o fole, que é flexível e pode ser expandido e comprimido..
A sanfona (54 por 35 centímetros) também é conhecida como acordeão.
Fotografia. Tambor de madeira com estrutura de ferro. Ao lado, uma baqueta de ponta arredondada e uma vareta fina.
O zabumba (20 por 40 centímetros) é um tipo de tambor. Baqueta ou maça: 20 por 1,4 centímetro; vareta fina: 35 centímetros.
Fotografia. Triângulo de ferro com uma baqueta de metal.
O triângulo (25 centímetros – lado do triângulo) é um instrumento de percussão feito de metal. Baqueta de ferro: 10 milímetros de espessura.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

  1. Como você dança o baião? Que tal aproveitar a canção “Baião” e os movimentos que você conheceu ou criou até agora para experimentar o ritmo dançando? Dançar pode ser um outro jeito de ouvir e conhecer uma canção!
  2. Descubra como, tradicionalmente, se dança o baião.

A ciranda

Ao ouvir a palavra ciranda, provavelmente você se lembra de danças de roda e de músicas infantis, mas você sabia que os adultos também dançam ciranda? A ciranda é uma dança de formação circular tradicional em algumas regiões do estado de Pernambuco. De caráter comunitário, a ciranda pernambucana é praticada por pessoas de todas as idades. Essa manifestação cultural foi representada na pintura reproduzida nesta página.

Como em qualquer dança popular circular, não há um número exato de pessoas que participam da ciranda, por isso, às vezes é necessário que mais rodas se formem para acomodar todos os dançantes.

A dança é simples e acontece da seguinte maneira: de mãos dadas, os cirandeiros (dançarinos de ciranda) movimentam-se no sentido anti-horário (da direita para a esquerda), fazendo um trançado de braços e pernas. Uma figura central das cirandas é o mestre-cirandeiro. Cabe a ele organizar a ciranda e entoar as cantigas e os versos improvisados. Os batuqueiros são os responsáveis por tocar os instrumentos de percussão que marcam o ritmo da ciranda.

Pintura. Ambiente marinho com aves no céu, barcos e jangada no mar. Na faixa de areia há jangadas de diferentes tamanhos. À direita, destaca-se a vela amarela aberta, de uma das jangadas. Há pessoas na lida com as jangadas e pessoas transitando pela areia. Em primeiro plano, há um calçadão onde acontece uma ciranda. Quatro homens, um ao lado do outro, usando chapéu de couro, camisa verde e calça azul, tocam instrumentos musicais: tambor, sanfona, triângulo e flauta. Na frente deles há pessoas observando-os e, à direita, crianças e adultos dançam em roda, de mãos dadas. As vestimentas são coloridas, com pequenas estampas de flores, listras e xadrezes. Há pessoas descalças e pessoas calçadas.
SANTOS, Militão dos. Ciranda em Porto de Galinhas. 2010. Óleo sobre tela, 40 por 50 centímetros. Coleção particular.

As letras das cirandas

As letras das cirandas muitas vezes são improvisadas pelos mestres e relacionam-se com o cotidiano dos cirandeiros. Leia, a seguir, a letra de uma das canções mais entoadas nas cirandas.

Quem me deu foi Lia

“Eu estava

Na beira da praia

Ouvindo as pancadas

Das ondas do mar


Esta ciranda

Quem me deu foi Lia

Que mora na ilha

De Itamaracá

BARACHO, Antonio; MELO, Manoel José de. Quem me deu foi Lia. Intérprete: Lia de Itamaracá. In: ITAMARACÁ, Lia de. Ciranda de ritmos. 2008. Faixa 1. cópiráiti 1980 bái EDICOES MUSICAIS limitada

Fotografia. Retrato de mulher negra, de turbante verde e vestido branco, cantando em um microfone, que segura com a mão direita. No pescoço ela usa colares de contas brancas e beges, de várias voltas,  e nos braços traz pulseiras de conchas. Ao fundo, há jogos de luzes coloridas, em tons de azul, verde e branco.
Lia de Itamaracá em apresentação realizada em Recife Pernambuco, em 2017.

A letra da canção repro­duzida nesta página faz menção a “Lia, que mora na ilha de Itamaracá”. O nome verdadeiro da Lia cantada nessa ciranda é Maria Madalena Correia do Nascimento. Nascida na ilha de Itamaracá, região metropolitana de Recife Pernambuco, Lia de Itamaracá, como ficou conhecida, é uma das mais famosas cirandeiras nordestinas.

Lia anima as rodas da ilha cantando e compondo cirandas. Na década de 1960, seu talento para a música foi reconhecido. O primeiro disco de Lia, intitulado A rainha da ciranda, foi gravado em 1977, e mais de vinte anos depois ela gravou seu trabalho seguinte, o cedê Eu sou Lia.

Inicialmente, a cirandeira era conhecida apenas por compositores, músicos e estudiosos da cultura nordestina, mas hoje seu trabalho é reconhecido em todo o Brasil e também internacionalmente.

Experimentações

Vamos cirandar?

    Momento 1 – Aprendendo a canção

Com a orientação do professor, você e os colegas vão ouvir o áudio "'Quem me deu foi Lia', de Antonio Baracho da Silva e Manoel José de Melo", para aprender o ritmo e a letra da canção.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

    Momento 2 – Formação em roda

Agora que vocês já sabem como cantar a canção, faça uma grande roda com os colegas e o professor. Se a roda não couber no espaço da sala de aula, vocês podem fazer mais de uma roda, uma dentro da outra.

    Momento 3 – A ciranda

Para iniciar a ciranda, não se esqueçam de escolher uma pessoa para começar os passos e alguns colegas para “puxar” o canto na ciranda: eles cantarão os versos da canção e, em seguida, todos cantam com eles. Esses papéis podem ir mudando para que outras pessoas experimentem “puxar” o canto ou a dança na ciranda.

A capoeira

Observe a fotografia reproduzida nesta página. Ela mostra um grupo de pessoas praticando capoeira, manifestação cultural de origem afro-brasileira que reúne elementos de dança, música, jôgo e luta. Você pratica ou conhece alguém que pratique capoeira? Em caso afirmativo, como conheceu essa prática? Converse com os colegas.

Em sua origem, a capoeira era usada pelos africanos escravizados como fórma de defesa. Com o passar do tempo, foi adquirindo diferentes características e, ­atualmente, é vista como uma luta dançada e também um jôgo em que os praticantes utilizam diferentes movimentos de habilidade e fôrça física. Além disso, a capoeira é um momento de encontro, de celebração e de aprendizagem.

Hoje, a capoeira é praticada por pessoas de diferentes classes sociais, tanto no Brasil quanto no exterior. Durante muito tempo, entretanto, ela não foi bem-vista, e sua prática chegou a ser proibida no país. O Código Penal brasileiro de 1890 previa a pena de até seis meses de detenção para quem fosse flagrado no “exercício da capoeiragem”. Apenas a partir da década de 1930, a prática foi descriminalizada e passou a ser considerada um símbolo da cultura nacional.

Fotografia. Homens jogando capoeira em uma praça. Enquanto dois homens praticam os movimentos, atrás deles três homens tocam instrumentos musicais.
Roda de Capoeira Angola, na Ilha de Mar Grande Local, Vera Cruz Bahia . Fotografia de 2019.

A roda de capoeira

Observe a fotografia desta página. Note que, como nas cirandas, na quadrilha e em muitas danças populares brasileiras, os capoeiristas se posicionam em roda.

Embora a capoeira hoje em dia possa ser aprendida em academias e escolas especializadas, a roda de capoeira ainda é o lugar onde se dá o aprendizado, ou seja, onde os mestres de capoeira, jogando, ensinam os movimentos e compartilham sua experiência.

Fotografia. Destaque de roda de capoeira. Os participantes vestem-se de camiseta e calça branca. No centro da roda, duas pessoas jogam, enquanto as demais aguardam a vez. Uma das pessoas está dando uma pirueta, com as mãos no chão, uma das pernas chutando o ar e outra apoiada no chão. A outra pessoa que está no jogo tem o corpo inclinado para a frente, as pernas abertas e os braços, também abertos, em posição de defesa. No fundo, cinco pessoas tocam instrumentos musicais. Da esquerda para a direita: uma toca atabaque, três tocam berimbaus e uma toca pandeiro.
Apresentação de capoeira no Rio de Janeiro Rio de Janeiro, em 2014.

No centro da roda, é realizado o principal movimento da capoeira: a ginga. Na ginga, o capoeirista movimenta-se de um lado para o outro posicionando sempre uma das pernas atrás do corpo. Durante esse movimento, quando a mão direita do capoeirista está à frente, o pé direito fica atrás do corpo, e quando a mão esquerda está à frente, é o pé esquerdo que fica atrás do corpo, em um movimento alternado de mãos e pés. Você conhece alguém que pratica capoeira e sabe gingar?

Entre textos e imagens

Rainha inzinga imbandi

Pintura em aquarela. Grupo de pessoas negras, de tanga, agrupadas atrás de uma mulher negra de cabelo crespo, preto, com uma coroa dourada na cabeça. Ela  traz uma faixa de tecido laranja ao redor do peito, uma saia longa de babados laranjas e azuis e um cordão azul-claro, comprido, amarrado na cintura. Estão ao ar livre, com o céu azul-escuro ao fundo.
CAVAZZI, Antonio. Rainha inzínga e seu séquito. 1622. Aquarela, dimensões desconhecidas. Coleção particular.

“O maior símbolo da resistência africana à colonização foi uma mulher. Rainha do indôngo, atual Angola, inzinga imbandi (1582-1663) entrou para a história como combatente destemida, exímia estrategista militar e diplomata astuciosa. Ela chefiou pessoalmente o exército até os 73 anos de idade e era tão respeitada pelos portugueses que Angola só foi dominada depois da sua morte, aos 81 anos.

Falar de inzínga é falar de um mundo ao mesmo tempo muito distante e muito próximo. Ela nasceu entre os africanos de língua bantu, os mesmos que, escravizados no Brasil, criaram o samba e a capoeira. Seu povo está, portanto, na raiz da nossa identidade nacional. A sociedade a que ela pertencia, no entanto, é bem pouco conhecida.

reticências

conseguiu manter a independência do seu povo durante todo o reinado e hoje permanece uma figura central na cultura de Angola, país ainda dividido por conflitos internos. No Brasil, apesar de quase desconhecida, a rainha inzínga ainda é homenageada em festas populares de origem bantu, como a congada. Zumbi dos Palmares, contemporâneo dela que adoraria tê-la conhecido, certamente diria: ela merece!”

, Gilberto. Rainha , número 164, maio 2001.

Faça no diário de bordo.

Questões

  1. Ao ler a imagem e o texto, o que mais chamou a sua atenção? Por quê?
  2. Na imagem que representa a rainha inzinga imbandi e sua comitiva, quais elementos você identifica?
  3. É possível identificar objetos, expressões corporais e faciais e outros elementos na imagem que tenham relação com o texto? Caso identifique, quais são eles?
  4. Você já ouviu falar de Zumbi dos Palmares? Por que você imagina que ele teria gostado de ter conhecido a rainha?
  5. Procure se lembrar com os colegas de outras mulheres negras que foram ou são líderes políticas importantes, como inzínga.
Versão adaptada acessível

1. Após ouvir a descrição da imagem e a leitura do texto, o que mais chamou a sua atenção? Por quê?

A música na capoeira

O ritmo das rodas de capoeira é ditado pelo toque de diferentes instrumentos musicais, como o berimbau, o pandeiro, o agogô e o atabaque. De origem africana, o berimbau é um instrumento constituído de uma vara de madeira em fórma de arco em que se estica uma corda de aço. Em uma das extremidades do berimbau, fica a cabaça, peça que funciona como uma caixa de ressonância, ou seja, ajuda a amplificar o som. O som desse instrumento é gerado quando a corda de aço é percutida por uma vareta e uma moeda ou objeto similar que, ao encostar na corda, muda a altura das notas emitidas. Ao tocar o berimbau, o músico deve aproximar e distanciar a cabaça do abdome como fórma de diversificar ainda mais os sons obtidos.

Observe que, na imagem, o percussionista segura um pequeno chocalho na mão direita. Chamado caxixi, esse instrumento faz o acompanhamento rítmico do berimbau. O ritmo também é ditado pelas palmas dos participantes da roda.

Fotografia. Em destaque, grupo de dois homens e dois jovens ao ar livre, em local arborizado, tocando instrumentos musicais. No primeiro plano, à esquerda, de camiseta branca e calça branca com faixa azul, um dos homens parece cantar enquanto toca berimbau. Em frente dele, de camiseta branca sem mangas e calção azul, outro homem toca agogô. Mais ao fundo, de camiseta branca sem mangas, um dos jovens toca atabaque e o outro, perto dele, toca pandeiro.
Percussionista toca berimbau (à esquerda na fotografia) em roda de capoeira, em Ruy Barbosa Bahia , em 2014.

Durante toda a apresentação da capoeira há cantos. Em alguns momentos, eles são en­toados em coro e, em outros, por um solista. Nos momentos de solo, o verso proferido pelo solista é respondido pelos demais integrantes da roda. Leia, a seguir, a letra de “Marinheiro só”, canção muito comum em rodas de capoeira.

Depois ouça o áudio "'Marinheiro só', da tradição popular".

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Marinheiro só

Refrão (2×)

“Eu não sou daqui

Marinheiro só

Eu não tenho amor

Marinheiro só

Eu sou da Bahia

Marinheiro só

De São Salvador

Marinheiro só


Refrão (2×)

Ó marinheiro, marinheiro

Marinheiro só

Quem te ensinou a nadar

Marinheiro só

Ou foi o tombo do navio

Marinheiro só

Ou foi o balanço do mar

Marinheiro só


Refrão (2×)

Lá vem, lá vem

Marinheiro só

Como ele vem faceiro

Marinheiro só

Todo de branco

Marinheiro só

Com seu bonezinho

Marinheiro só”

Da tradição popular.

Faça no diário de bordo.

Pensar e fazer arte

Nesta Unidade, você e os colegas relembraram, conheceram e experimentaram diferentes movimentos e fórmas de dança. Também aprenderam sobre alguns espaços e momentos em que a dança está presente em nossa cultura: em palcos e outros locais cênicos, praças públicas, aldeias indígenas, festas etcétera Agora, vamos partir dessas referências e repertórios culturais para criar coletivamente uma coreografia.

Momento 1 – Pesquisa de movimentos

  1. Recorde os movimentos que você praticou nas últimas aulas, mas tente se lembrar fazendo-os. Reler as anotações no diário de bordo pode ajudar a relembrá-los.
  2. Escolha alguns deles para praticar.
  3. Pratique-os em diferentes velocidades, usando partes do corpo e o corpo todo, ocupando lugares diversos do espaço.
  4. Depois de repetir os movimentos algumas vezes de maneiras diferentes e em lugares diversos, transforme-os até que se tornem totalmente diferentes. Crie, no máximo, três movimentos.
  5. Reúna-se com mais quatro colegas para mostrar os movimentos que criou e conhecer os que eles criaram. Em seguida, experimente as criações dos colegas, para aprender os movimentos.
  6. Registrem os movimentos criados por cada um. Vocês podem fazer desenhos das sequências de movimentos, descrições escritas ou usar outro recurso para o registro.

Momento 2 – Pesquisa de imagens

  1. Vamos continuar a criação da coreografia pesquisando imagens. Reúna-se com o seu grupo para fazer uma pesquisa, que pode ser realizada em livros ou buscadores e sites na internet.
  2. A partir dos temas da Unidade, pesquisem e escolham até dez imagens com fórmas circulares, que contenham ou lembrem gestos corporais e representações de diferentes manifestações culturais e que tenham alguma relação com os movimentos criados anteriormente.
  3. Retomem os movimentos criados e observem que a cada vez que eles são praticados, eles podem ir se modificando. Isso é parte do processo de criação em grupo. Percebam que os movimentos que vocês criaram também são imagens, mas diferentes das bidimensionais que estão nos livros. A dança é umafórma de imagem em movimento.
  4. Após praticar algumas vezes esses movimentos, a partir das imagens, criem nomes para eles e anotem no diário de bordo.
    ilustração. Ícone Diário de bordo.

Momento 3 – Montagem da coreografia

a. Pensem sobre as relações que os movimentos criados têm entre si e definam como será a sequência deles. Os nomes dos movimentos podem ajudar nessa decisão coletiva. Anotem as possíveis sequências no diário de bordo.

ilustração. Ícone Diário de bordo.
  1. Com a sequência coreográfica montada, ensaiem algumas vezes. É interessante que cada pessoa faça o movimento no seu próprio tempo.
  2. Apresentem a coreografia para os outros grupos e assistam também às coreografias deles. Depois, façam uma roda para conversar sobre essa experiência.

Faça no diário de bordo.

Autoavaliação

Ao longo desta Unidade, você se aproximou da dança e teve a oportunidade de conhecer e experimentar elementos próprios dessa linguagem.

Você aprendeu, por exemplo, que os movimentos podem ser classificados em funcionais e expressivos. Percebeu também as potencialidades expressivas de alguns dos movimentos que realiza em seu dia a dia.

Você descobriu ainda que, atualmente e nos tempos mais antigos, a dança é realizada pelos seres humanos em rituais e em festividades tradicionais.

Aprendeu também que a dança constitui um elemento fundamental da cultura de diferentes povos.

Todos esses conhecimentos que você obteve nesta Unidade podem ser muito importantes para ampliar seu olhar em relação à linguagem da dança nos mais diferentes contextos.

Agora que chegamos ao final desta Unidade, é fundamental que você reflita sobre o que aprendeu e sobre o caminho percorrido até este momento. Para tanto, responda em seu diário de bordo às questões a seguir.

ilustração. Ícone Diário de bordo.
  1. Cite a proposta desta Unidade de que você mais gostou e que mais o ajudou a compreender a linguagem da dança. Justifique a sua escolha.
  2. Como foi realizar as atividades práticas com os colegas? Você se sentiu respeitado e acolhido em suas dificuldades?
  3. Este estudo mudou o modo como você vê a dança e o modo como se expressa com o corpo?
  4. O que poderia ajudá-lo a conhecer mais sobre a dança?
  5. Você encontrou oportunidades de acolher e ajudar os colegas nas propostas?
  6. Que relações você faz entre os aprendizados com a dança e as suas vivências pessoais?
  7. As reflexões e conversas desta Unidade mudaram o seu modo de pensar sobre algum aspecto da sua vida e do mundo à sua volta?
  8. Você acha que precisa ou pode melhorar em algum ponto? Qual?