Unidade 4 Música: som e poesia
Nesta Unidade:
TEMA 1 O som
TEMA 2 A linguagem musical
TEMA 3 O instrumento vocal
TEMA 4 Como nascem as canções
De olho na imagem
Faça no diário de bordo.
1. Observe os detalhes da imagem. Depois, ouça o áudio “’Choro na chuva’, de Léa Freire, com o quinteto Vento em Madeira”.
Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.
- Quantos músicos e quantos instrumentos musicais podem ser vistos na imagem?
- Você conhece algum desses instrumentos? Em caso afirmativo, você toca algum deles?
- Você sabe como os instrumentos que vemos na fotografia produzem som? Caso não saiba, consegue imaginar como isso acontece?
- Em sua opinião, por que os músicos escolheram o nome Vento em Madeira para o quinteto?
- Essa música combina com quais ambientes que você frequenta? Pense em onde e quando você escutaria esse tipo de repertório musical no seu cotidiano.
- Ouça, mais uma vez, o áudio “’Choro na chuva’, de Léa Freire, com o quinteto Vento em Madeira” e tente identificar o som de cada um dos instrumentos que fazem parte da gravação.
Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.
- Observe que, na gravação que você acabou de escutar, não existe parte vocal (cantada ou falada). Em sua opinião, a voz também pode ser considerada um instrumento musical?
- Você gosta de cantar? Quais são os seus cantores ou cantoras prediletos? E quais são suas músicas prediletas? Com os colegas, organize uma lista das músicas mais apreciadas pela turma e registre em seu diário de bordo.
Versão adaptada acessível
2. Quantos músicos e quantos instrumentos musicais podem ser identificados na imagem?
Artista e obra
O quinteto Vento em Madeira
O quinteto Vento em Madeira é um grupo que se dedica principalmente à música instrumental. No repertório do quinteto, há o predomínio de músicas que não incluem textos para a parte vocal.
Fazem parte do grupo os músicos Léa Freire, nas flautas; Tiago Costa, no piano; Teco Cardoso, nos saxofones alto e baixo e nas flautas; Fernando Demarco, no contrabaixo elétrico vertical; e Edu Ribeiro, na bateria. Esses músicos, além de tocarem os instrumentos, compõem e fazem o arranjoglossário das músicas. Os integrantes do quinteto também participam de outros grupos, além de terem trabalhos musicais desenvolvidos em carreira solo.
Formado em 2008, o quinteto Vento em Madeira lançou alguns Cê dês e realiza shows por todo o Brasil e no exterior. A proposta musical do grupo é a produção de músicas em que se combinam elementos de diferentes estilos, como o frevo, o jazz e o samba.
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Foco na linguagem
- Você conhece algum samba? Em caso afirmativo, gosta de cantar esse estilo musical? Você costuma dançar ao som do samba? Fale de suas experiências com os colegas.
- Está na hora de movimentar o corpo. Acompanhando com batidas de pés e palmas, escolha um samba que você conhece e acompanhe o ritmo com os colegas, realizando a percussão corporal e cantando a letra. Aproveite para compartilhar alguns passos de dança.
Tema 1 O som
Os sons que nos rodeiam
Som é tudo o que podemos captar (ou perceber) pelo sentido da audição. Além de ser o elemento ou material básico constitutivo da música, o som está presente em nosso dia a dia. Pense, por exemplo, em todos os sons que você ouve desde o momento em que acorda até quando vai dormir: o canto dos pássaros, o som do motor dos automóveis, o barulho da chuva e das ondas do mar, a sirene da ambulância, o toque do celular.
Mas você já parou para pensar como percebemos os sons do ambiente que nos A resposta a essa questão envolve conhecimentos de diversas áreas, entre elas a física, ciência que fornece informações para compreender os fenômenos da natureza.
Ao tocar um instrumento musical, ao emitir a voz ou quando acontece qualquer outro tipo de movimentação, como as decorrentes do vento (por exemplo, em contato com as folhas das árvores) ou da queda de um objeto, ocorrem vibrações do ar. A vibração é o movimento de algum objeto ou corpo que se realiza de modo rápido e contínuo, de um lado para o outro. No caso da música, esse movimento (de vibração) empurra o ar que se encontra ao redor do objeto levando-o (o ar) pelo espaço até nossas orelhas, o que permite que ouçamos o som do objeto vibrante.
Nos instrumentos musicais, essa movimentação de ar pode ser provocada de diversas ao dedilhar as cordas de instrumentos; ao percutir (bater) em alguns instrumentos de percussão; ou quando, ao expirar, “empurramos” muito ar para o interior de um instrumento de sopro, como no caso das flautas.
Essas vibrações, chegando a nossas orelhas, fazem os ossos e as membranas internas vibrarem, gerando estímulos que, transmitidos ao cérebro, são interpretados e percebidos como sons. Por exemplo, o ruído dos talheres no prato durante as refeições, alguém fazendo a limpeza da casa ou as conversas no pátio da escola quando estamos concentrados na aula são alguns dos sons do cotidiano que podemos não perceber. No entanto, é provável que, caso algum desses sons deixe de acontecer em algum momento, sua ausência seja prontamente notada. Isso ocorre porque os sons, em geral, têm significados e afetam o comportamento e o estilo de vida das pessoas.
Arte e muito mais
Música e inclusão
Como você pôde observar na página anterior, é por meio de vibrações do ar que as pessoas percebem os sons. No entanto, essas vibrações atingem não somente as orelhas, mas todo o corpo. Por isso, é possível que pessoas que têm baixa audição ou que são surdas percebam o som por meio de vibrações no corpo.
Essa constatação ajudou o professor de música e maestro Fábio Bonvenuto a desenvolver um projeto de inclusão que permite que jovens surdos atuem como instrumentistas em uma banda.
Nessa banda, os integrantes que são surdos tocam instrumentos de percussão, como pandeiro, atabaque, triângulo e bateria. O professor Bonvenuto os auxilia a sentir as vibrações dos sons no corpo deles. Com base nessa percepção, eles criam ritmos para acompanhar as músicas que a banda toca. Os integrantes ouvintes tocam instrumentos como teclado, guitarra, trompete, saxofone e trombone.
Um dos pontos do artigo 27º da Declaração Universal dos Direitos Humanosglossário ressalta que toda pessoa tem o direito de participar da vida cultural de uma comunidade e de fruir das artes. Assim, projetos como esse são fundamentais para a inclusão de pessoas com deficiência nos saberes proporcionados pela prática artística.
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Foco na linguagem
1. Ouça o áudio “Trecho de ‘Luar do sertão’, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, interpretado pela banda Música do Silêncio”.
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2. Considerando trabalhos como o do professor Fábio Bonvenuto, avalie a importância de projetos como esse e escreva um pequeno texto no seu diário de bordo sobre a importância da inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.
As propriedades do som
O som tem propriedades que o diferenciam: altura, intensidade, duração e timbre. Conheça, a seguir, esses elementos.
Altura ou volume?
Alguma vez você já ouviu uma microfonia (aquele som que ocorre quando alguém coloca um microfone diante de uma caixa de som)? E o som do atrito do giz com a lousa? Esses dois sons podem ser desagradáveis para a maioria das pessoas. Você imagina por que isso acontece? A resposta a essa pergunta tem relação com uma das propriedades do som, a altura. A altura indica se determinado som é grave ou agudo.
Ao ouvirmos a expressão altura do som, pensamos em volume (forte ou fraco), lembrando que um som forte é comumente avaliado como um som que apresenta o volume muito alto. A altura, no entanto, em música, não se refere ao volume ou à intensidade do som, mas ao fato de um som ser mais agudo ou mais grave que o outro.
Em determinados contextos, sons muito agudos (como os da microfonia, das pontas de um garfo que deslizam e arranham a parte externa de uma garrafa de vidro e do atrito do giz com a lousa) incomodam a maioria das pessoas.
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Foco na linguagem
1. Chegou a hora de criar. Utilizando os objetos disponíveis em sala de aula, em grupo, criem e reproduzam dois sons agradáveis e dois sons desagradáveis. Caso seja possível, reproduzam ou gravem esses sons para compartilhar com a turma.
A representação da altura
A tradição cultural do Ocidente representa a altura dos sons por meio das notas dó, ré, mi, fá, sol, lá e si.
Ouça o áudio “Notas musicais”.
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As notas musicais podem ser registradas no pentagrama, que é o conjunto de cinco linhas horizontais paralelas com espaços regulares entre elas. O pentagrama também é conhecido como pauta musical. Observe a seguir a representação das notas musicais em uma pauta.
Assim como se lê um texto, o pentagrama é lido da esquerda para a direita. Observe que as notas mais graves ficam nas linhas inferiores e as notas mais agudas se encontram nas linhas superiores do pentagrama.
A intensidade
Na página anterior, você viu que volume e altura são aspectos diferentes do som. Ocorre que o volume se relaciona ao fato de os sons serem de maior ou de menor intensidade.
Em geral, os sons mais intensos são chamados sons fortes e os menos intensos, sons fracos. Por exemplo, ao tocar de leve as cordas de um violão, ouvimos um som fraco, de menor intensidade. No entanto, se tocarmos a corda do violão com fôrça, ouviremos um som mais forte, de maior intensidade.
Ouça o áudio “Sons de violão com menor e maior intensidade”.
Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.
A intensidade dos sons é medida em decibéis . As pessoas que têm audição normal ouvem sons a partir de 10 ou 15 decibéls. Sons de até 85 decibéls são considerados inofensivos à audição. No entanto, longas exposições a sons de maior intensidade (ou seja, acima de 85 decibéls) podem provocar dor de cabeça, insônia, falta de atenção, irritabilidade e até mesmo a diminuição da capacidade auditiva.
A duração
Podemos ouvir cada som por determinado tempo: mais longo ou mais curto. A propriedade da duração refere-se ao tempo de emissão de um som, e isso depende da duração das vibrações do objeto que o produziu.
Pense, por exemplo, nos sons obtidos pelo toque em um tambor e pelo toque em um sino. O som que se obtém no tambor é mais curto que o som obtido no sino, pois o som do sino permanece ressoandoglossário por mais tempo.
Ouça o áudio “Diferença de duração entre os sons de tambor e de sino” e perceba a diferença de duração que há entre ambos.
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O timbre
O timbre é a propriedade do som por meio da qual se pode distinguir a fonte sonora que o emitiu. No caso da música, por meio do timbre, pode-se identificar o instrumento que emitiu determinada nota. A nota dó produzida por um piano, por exemplo, soa diferente da nota dó produzida por um violão. Esse fato ocorre porque, ao tocar a tecla de um piano ou dedilhar a corda de um violão, são produzidas ondas sonoras (que são as vibrações de ar mencionadas anteriormente) diferentes.
Ouça o áudio “Diferença de timbre entre violão e piano”.
Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.
Entre textos e imagens
Como as notas musicais foram descobertas e nomeadas?
“As notas são uma convençãoglossário , um código estabelecido para os músicos lerem as partituras. Mas o modelo ocidental, o famoso ‘dó-ré-mi’, é apenas um dos códigos. Dependendo do país ou do povo, cada som pode ser representado por notas ou marcações distintas. reticências O modelo ocidental é o mais popular de todos e surgiu graças à Igreja [católica], instituição responsável por oficializar e esquematizar o ensino musical na Idade Média. reticências
As notas que conhecemos foram criadas pelo monge italiano Guido de Arezzo [992-1050]. Enquanto trabalhava no mosteiro da cidade de Pomposa [Itália], no final do século , dezArezzo percebeu que os cantores gregorianosglossário tinham dificuldade em memorizar as músicas sacrasglossário . Como a maioria das pessoas era analfabeta, a Igreja valorizava a música como o método mais poderoso de angariar fiéis. reticências
O monge montou a sequência ‘ut-re-mi-fa-sol-la-si’ baseando-se nas iniciais dos versos do Hino a São João Batista, canção extremamente popular na época e, portanto, fácil de memorizar. No século dezessete, por ser muito difícil de ser lido, o ‘ut’ virou ‘dó’. reticências
Em outras partes do mundo, o sistema de notas é diferente do ocidental. Na Coreia do Sul, por exemplo, o chongambo é um esquema com diversas casas e células que indicam, simultaneamente, o timbre e a duração de cada nota a quem canta. Outros países cuja música usa sistemas diferentes são Índia, Rússia, Indonésia, China e Japão. reticências”
MASSAO, Lucas. Como as notas musicais foram descobertas e nomeadas? Revista Mundo Estranho. São Paulo, 26 abril 2016. Lucas Massao/Abril Comunicações ésse á
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Questões
- No texto, por que se afirma que as notas musicais foram criadas, e não descobertas?
- De acordo com o texto, qual era a importância da música para a Igreja católica durante a Idade Média?
- Por que, de acordo com o texto, o sistema de notação criado pelo monge Guido de Arezzo foi o sistema que se popularizou no Ocidente?
- Escolha oito diferentes sons (corporais/vocais, do ambiente externo e/ou interno da escola, de animais, de ruídos agradáveis ou não, entre outros) e crie um desenho para cada um deles, de modo que você os compreenda e que representem o som da melhor fórma. Em seguida, organize-os em qualquer sequência e, lendo a sua partitura musical, tente reproduzir os sons com o próprio corpo ou utilizando os objetos disponíveis. Registre a sua criação em seu diário de bordo.
Versão adaptada acessível
4. Escolha oito diferentes sons (corporais/vocais, do ambiente externo e/ou interno da escola, de animais, de ruídos agradáveis ou não, entre outros) e crie uma representação ou símbolo para cada um deles, de modo que você os compreenda e que representem o som da melhor forma. Em seguida, organize-os em qualquer sequência e, a partir de sua partitura musical, tente reproduzir os sons com o próprio corpo ou utilizando os objetos disponíveis. Registre a sua criação em seu diário de bordo.
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Experimentações
1. Agora, você participará de uma atividade de percepção sonora. Siga as orientações do professor e as instruções a seguir.
a) Feche os olhos e ouça os sons da sala de aula e do exterior. A seguir, relate os sons que você ouviu.
b) Seguindo as orientações do professor, desloque-se com os colegas para outro ambiente da escola e realize novamente a etapa anterior da atividade.
c) Após ter ouvido sons de diferentes ambientes, responda: os sons se repetem neles?
d) Ouça mais uma vez os sons da sala de aula. Escolha cinco desses sons e os compare em relação às propriedades que eles têm. Monte um quadro em seu diário de bordo no qual você classificará os sons ouvidos de acordo com a altura (agudo ou grave), a intensidade (forte ou fraco), a duração (longo ou curto) e o timbre (descrever a fonte sonora). Seguindo as orientações do professor, apresente suas conclusões aos colegas.
2. De acordo com a orientação do professor, forme um grupo com cinco colegas. Sigam as etapas descritas a seguir. Registre as respostas no diário de bordo.
a) Observem atentamente as fotografias a seguir.
b) Descrevam os elementos que podem ser observados em cada uma das fotografias.
c) Escolham uma das fotografias e imaginem possibilidades sonoras para ela.
d) Utilizando o corpo e os materiais disponíveis na escola, criem uma sonorização para a imagem escolhida.
e) Sob a orientação do professor, apresentem essa sonorização aos colegas e, caso seja possível, gravem a sua produção.
Avaliação
Para finalizar, reflita sobre as atividades desta página. Considerando as experiências vivenciadas, responda em seu diário de bordo às seguintes questões.
a) Você conseguiu identificar os sons da sala de aula?
b) Que dificuldades você sentiu ao realizar as atividades?
c) Como as propostas modificaram o seu modo de ouvir música?
Glossário
- Arranjo
- : refere-se ao modo como uma música é “distribuída” entre os diferentes instrumentos, ou seja, como cada parte instrumental desempenhará funções musicais específicas no decorrer da execução (por exemplo, quais instrumentos farão as partes principais – os solos – e quais farão as partes secundárias – os acompanhamentos).
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- Declaração Universal dos Direitos Humanos
- : é um documento que apresenta os direitos humanos fundamentais, redigido coletivamente e adotado pela Organização das Nações Unidas em 1948.
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- Ressoar
- : produzir som.
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- Convenção
- : o que é adotado ou se estabelece de comum acordo.
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- Canto gregoriano
- : gênero musical característico dos rituais católicos. Criado na Idade Média, recebeu esse nome em homenagem ao papa Gregório I.
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- Sacro
- : relativo ao que é divino, à religião, aos rituais e ao culto; sagrado.
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