Unidade 2 Uma linguagem, muitos elementos
Nesta Unidade:
TEMA 1 Teatro
TEMA 2 As origens do teatro
TEMA 3 O teatro na Grécia antiga
Respostas e comentários
Competências da Bê êne cê cê
As competências favorecidas nesta Unidade são:
Competências gerais: 3, 4, 6, 8 e 9.
Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 2 e 3.
Competências específicas de Arte para o Ensino Fundamental: 3, 4, 8 e 9.
Objetos de conhecimento e habilidades da Bê êne cê cê
As habilidades favorecidas nesta Unidade são:
Artes visuais
Contexto e práticas
() ê éfe seis nove á érre zero três
Teatro
Contexto e práticas
( ê éfe seis nove á érre dois quatro)
( ê éfe seis nove á érre dois cinco)
Elementos da linguagem
( ê éfe seis nove á érre dois seis)
Processos de criação
( ê éfe seis nove á érre dois sete)
( ê éfe seis nove á érre dois oito)
( ê éfe seis nove á érre dois nove)
( ê éfe seis nove á érre três zero)
Artes integradas
Contextos e práticas
( ê éfe seis nove á érre três um)
Processos de criação
( ê éfe seis nove á érre três dois)
Matrizes estéticas e culturais
( ê éfe seis nove á érre três três)
Patrimônio cultural
( ê éfe seis nove á érre três quatro)
Sobre esta Unidade
Esta Unidade introduz o teatro pela via da história, experimentação e ênfase nos elementos da linguagem teatral. Em primeiro lugar, os estudantes são apresentados a um exemplo de teatro de rua, com foco nos elementos da linguagem teatral: visuais, sonoros, corporais e espaciais. Depois, os estudantes descobrem as origens do teatro, perpassando a função social do teatro em diferentes sociedades, a sua dimensão sagrada e ritualística da qual se originam outros elementos da linguagem, como o uso das máscaras, e culminando na Grécia Antiga, com os gêneros da comédia e da tragédia e com suas especificidades, como o coro. Além de participar de diferentes jógos teatrais e de um exercício de imaginação e escrita de um conto, os estudantes realizam pesquisas sobre os mitos em diferentes cosmologias e sobre as versões brasileiras para uma tragédia clássica de Eurípedes.
De olho na imagem
Faça no diário de bordo.
- Observe atentamente a imagem. O que mais chamou sua atenção?
- Essa fotografia faz você lembrar de alguma experiência que já teve? Em caso afirmativo, comente com os colegas.
- É possível identificar em que local essa apresentação está acontecendo?
- Descreva como os atores estão vestidos.
- Eles estão usando algum tipo de acessório?
- Como é o posicionamento corporal dos atores retratados? Descreva para os colegas.
- Em sua opinião, que história está sendo contada nesse espetáculo?
- Você imagina quais sons são produzidos durante a apresentação desse espetáculo? Converse com o professor e os colegas.
Versão adaptada acessível
1. Após a descrição da imagem, conte para seus colegas e para o professor o que mais chamou sua atenção.
Versão adaptada acessível
4. Que detalhe, ou detalhes, das vestimentas dos atores você destacaria? Por quê?
Versão adaptada acessível
6. O posicionamento corporal dos atores, apresentado na descrição, comunica algo para você? Conte para os colegas e para o professor qual foi a sua percepção sobre isso.
Respostas e comentários
De olho na imagem
Aproveite a abertura da Unidade para realizar uma avaliação diagnóstica com os estudantes, isto é, para conhecê-los melhor e considerar a adequação do planejamento das suas aulas. A proposição da leitura de imagem da peça que abre a Unidade é um caminho para verificar como os estudantes se manifestam frente ao grupo, como recebem e interagem com as contribuições dos colegas, se eles têm conhecimentos prévios sobre a linguagem teatral e quais expectativas ou interesses eles enunciam sobre aulas focadas em teatro. Essa conversa inicial é um momento muito importante para identificar se há grandes disparidades entre os estudantes e reconhecer perfis diversos entre eles. Identifique os principais pontos de atenção pedagógica nessa conversa e considere a possibilidade de readequar algumas propostas das seções seguintes, de modo a combinar agrupamentos de estudantes com diferentes habilidades, para que eles possam também se observar nos estudos e nas práticas e contribuir, no convívio, para o desenvolvimento não apenas de competências e habilidades, mas também de atitudes e valores do grupo.
1. Solicite que, usando a imaginação, digam suas primeiras impressões dessa observação. É importante deixá-los à vontade para elaborar hipóteses. Após ouvir o que eles pensam acerca dos elementos da imagem, explique-lhes que esse é um registro de uma encenação teatral.
2. O objetivo dessa questão é fazer com que os estudantes compartilhem suas memórias e vivências relacionadas ao teatro. Ouça os comentários deles e proponha-lhes outras perguntas, incentivando-os a pensar nas semelhanças e nas diferenças existentes entre as experiências que já tiveram e o espetáculo retratado na fotografia. Por exemplo, você pode perguntar se, nas peças a que eles porventura tenham assistido, os atores usavam máscara, como nesse espetáculo do grupo Vilavox.
3. Incentive os estudantes a observar mais uma vez a fotografia e a informar detalhes do lugar retratado − por exemplo, as construções ao fundo, à esquerda e à direita, e a iluminação; isso os levará provavelmente a concluir que essa encenação acontece na rua, ao ar livre. Em seguida, comente com eles que há diversos grupos que se apresentam nas ruas, nas praças e em outros espaços ao ar livre. Retome a questão 2 e pergunte o local onde ocorreram as encenações teatrais a que eles porventura tenham assistido.
4. Incentive os estudantes a descrever as vestimentas dos atores retratados. Conclua informando que as vestimentas que os atores usam em cena são chamadas figurino.
5. Chame a atenção dos estudantes para o uso das máscaras. Questione sobre o tipo de material que teria sido utilizado na confecção delas e destaque o fato de que na altura dos olhos, do nariz e da boca dos atores elas têm orifícios e recortes. Explique-lhes que o orifício/recorte na máscara na altura da boca faz com que a plateia ouça com mais clareza a voz dos atores.
6. Solicite aos estudantes que observem na imagem o posicionamento dos atores. Destaque que um deles está sentado e os demais estão posicionados com o tronco curvado para a frente e os braços flexionados para trás.
7. Retome com os estudantes a fotografia e a legenda, solicitando a eles que reflitam sobre o título do espetáculo – O segredo da arca de Trancoso − e sobre os trajes e as máscaras que os atores estão usando em cena. Incentive-os a usar a imaginação. Lembre-se de que não há certo ou errado nas respostas dos estudantes, pois esse é um exercício de imaginação com base na leitura da imagem.
8. Propicie um momento de leitura da imagem em que os estudantes percebam a presença do microfone no rosto do ator que está sentado e imaginem as sonoridades possíveis nessa encenação que acontece ao ar livre. Retome a presença das máscaras e a função do orifício/recorte na região da boca e dos olhos (para que a plateia ouça a fala do ator e o ator enxergue através dos orifícios). Caso os estudantes não mencionem isso, explique a eles que, como o espetáculo é apresentado na rua, os possíveis sons desse espaço também compõem a sonoridade da peça. Neste momento, é importante que os estudantes compreendam que os sons, assim como o corpo dos atores e os elementos visuais, como o figurino e as máscaras, também constituem o espaço da encenação.
Artista e obra
O grupo Vilavox
O grupo Vilavox surgiu em 2001, em Salvador . Bahia A principal característica de seus trabalhos é a combinação do teatro com a música. Em O segredo da arca de Trancoso, por exemplo, além de atuar, os atores cantam e tocam instrumentos musicais. Na fotografia reproduzida a seguir, pode-se ver uma cena desse espetáculo em que um dos atores toca violão e canta, enquanto outros componentes do grupo o acompanham ao fundo.
Os integrantes do grupo Vilavox muitas vezes pesquisam elementos da cultura popular e os transportam para suas peças. O espetáculo Passaredo passarinholas, por exemplo, teve como referência histórias, brinquedos e brincadeiras que têm origem nas culturas indígenas e afro-brasileiras.
Além da montagem e da apresentação de espetáculos, o grupo Vilavox realiza oficinas em que especialistas orientam pessoas que nunca tiveram contato com a arte, ensinando-lhes uma prática artística. Nessas oficinas, acontecem aulas de canto, interpretação, confecção de máscaras, contação de histórias, entre outras.
Respostas e comentários
Continuação
Artista e obra
Ao tratar do grupo Vilavox, converse com os estudantes sobre o fato de que o teatro é realizado em todas as regiões do país, e não somente no circuito Rio de Janeiro-São Paulo. Se necessário, desmistifique as ideias de que o ator está vinculado apenas ao universo televisivo e de que fazer teatro significa ser ator especificamente. Comente que na área teatral muitas são as funções desempenhadas no trabalho em equipe, e várias delas não se relacionam com a atuação − por exemplo, o(a) iluminador(a), o(a) cenógrafo(a) e o(a) figurinist. Se possível, apresente mais informações sobre o grupo Vilavox, que podem ser obtidas no texto “O grupo Vilavox”, escrito por um dos integrantes do grupo especialmente para esta coleção, disponível nas Leituras complementares, nas páginas iniciais deste Manual.
Tema 1 O teatro
Uma arte convivial
Ao analisar a imagem da abertura desta Unidade, você descobriu que a peça O segredo da arca de Trancoso não acontece em um espaço fechado, mas na rua.
A criação de espetáculos realizados ao ar livre, como ruas e praças, é uma característica marcante do grupo Vilavox e de muitos outros grupos artísticos. A proposta desse grupo é que, em suas encenações, ocorra a aproximação espontânea entre os atores e o público. Em muitos casos, as pessoas que assistem podem participar do espetáculo.
Observe a fotografia a seguir. Nela, há uma mulher dançando com a atriz Ramona Gayão durante um ensaio da peça que aconteceu em uma feira livre.
Respostas e comentários
Objetivos
• Reconhecer a aproximação espontânea entre o público e as manifestações artísticas que caracterizam o teatro de rua.
• Identificar elementos fundamentais da linguagem teatral, como visualidade, sonoridade, corporalidade e espacialidade.
• Experienciar a relação do corpo com o espaço.
• Desenvolver a autoconfiança por meio da experimentação artística.
Habilidades favorecidas neste Tema
( ê éfe seis nove á érre dois quatro), ( ê éfe seis nove á érre dois cinco), ( ê éfe seis nove á érre dois seis), ( ê éfe seis nove á érre dois oito), ( ê éfe seis nove á érre dois nove) e ( ê éfe seis nove á érre três zero).
Contextualização
Converse com os estudantes sobre o significado da palavra convivial. Estimule-os a dizer livremente o que imaginam que essa palavra quer dizer no contexto do teatro. Aceite as possibilidades de resposta. Se necessário, explique que o termo convivial é um adjetivo que tem origem na palavra convívio, cujo significado é “ato de conviver e compartilhar o mesmo espaço”.
Ainda em relação ao conceito de arte convivial, propicie uma conversa sobre produções teatrais em que há uma interação mais explícita, direta e ativa entre público e atores. Além da característica relacional que o teatro apresenta, comente com os estudantes, solicitando a participação de todos, o modo como o teatro pode criar o convívio e o encontro entre as pessoas − que são muito importantes em uma sociedade em que há excesso de virtualidade e individualismo. Mais informações a respeito do conceito de arte convivial podem ser obtidas no texto “Teatro como acontecimento convivial: uma entrevista com Jorge Dubatti” nas Leituras complementares, nas páginas iniciais deste Manual.
Por dentro da arte
A história da peça
O autor do texto da peça O segredo da arca de Trancoso é o dramaturgo Luiz Felipe Botelho, e esse texto destina-se ao público infantojuvenil. No Tema 3, você conhecerá mais sobre esse dramaturgo (o autor teatral) e seu trabalho.
Em O segredo da arca de Trancoso, um menino recebe a missão de cuidar de uma arca (baú) de madeira. Ele enfrenta inúmeras situações, conhecendo pessoas que tentam enganá-lo, além de animais e criaturas sobrenaturais. Mas essa arca tem poderes mágicos e, por fim, acaba transformando a vida de todos que tentam descobrir o que há dentro dela. Cada pessoa, ao abri-la, descobre algo diferente em seu interior. Observe a fotografia a seguir e identifique a arca.
Respostas e comentários
Por dentro da arte
Nesta seção, oriente os estudantes a realizar uma pesquisa sobre o teatro infantojuvenil. Você perceberá que, nessa pesquisa, muitos elementos da linguagem teatral a serem trabalhados na Unidade poderão ser antecipados, como a visualidade no teatro e o uso das máscaras.
Para orientar a pesquisa, separe os estudantes em grupos de três ou quatro integrantes, tentando agrupá-los de modo a compensar diferentes habilidades e equalizar as disparidades da turma. A organização em grupo também facilita o seu trabalho no caso de turmas muito grandes.
Peça a eles que pesquisem na internet, usando um celular ou na sala de informática da escola, os tópicos a seguir:
• Origem do teatro infantojuvenil.
• Características do teatro infantojuvenil.
• Elementos do teatro infantojuvenil (roteiro, personagens, adereços, vestuários, recursos cênicos etcétera.
• Exemplo de peça infantojuvenil (sinopse da peça).
Para apresentar a pesquisa, eles poderão escrever as respostas em tópicos em uma folha de papel avulsa. Após a entrega, organize uma roda de conversa e solicite que compartilhem a referência da peça que escolheram para a pesquisa. As reflexões dessa conversa podem ser convertidas em um registro no diário de bordo.
Essa é uma das primeiras propostas da Unidade. Você pode considerá-la um mapeamento ou uma avaliação diagnóstica do repertório dos estudantes e das habilidades de pesquisa. A partir da proposta, você pode redirecionar a aplicação dos conteúdos da Unidade de acordo com as suas percepções. Eles também podem ser avaliados por habilidade de organização em grupo, uso apropriado dos recursos de pesquisa, capacidade de síntese e contribuição nas conversas iniciais e finais da proposta.
Faça no diário de bordo.
Experimentações
• Para escrever a peça O segredo da arca de Trancoso, o dramaturgo e ator Luiz Felipe Botelho buscou referências em contos do autor português Gonçalo Fernandes Trancoso ( cêrca de 1520-1596). O texto a seguir traz mais informações a esse respeito:
“Ainda é comum se ouvir a expressão ‘histórias de Trancoso’, ao se fazer referência a narrativas orais envolvendo personagens sobrenaturais e situações em que a fantasia se mistura com a realidade. A expressão teve origem há quase quatrocentos anos, algum tempo depois de chegarem ao Brasil exemplares da obra literária do português Gonçalo Fernandes Trancoso. Em seus livros, existe uma série de contos fortemente influenciados pela literatura oral lusitana. De sabor eminentemente popular e evocando um cenário de lembranças lusitanas, os contos de Trancoso foram facilmente acolhidos pelos colonos abastados, chegando em seguida, na fórma oral, aos que não podiam comprar os caríssimos livros. Difundidos e recontados no boca a boca das conversas noturnas após o café e antes do sono, misturavam-se com outras narrativas e modos de ver e pensar o mundo. Não tardou, e a expressão ‘contos de Trancoso’ passou a designar quaisquer contos nos quais se transcendiam os limites do possível. ” reticências
BOTELHO, Luiz Felipe. O segredo da arca de Trancoso. Prefácio. São Paulo: Paulinas, 2007. página 7-8.
Influenciado pelas histórias que são passadas de “boca a boca”, que tal criar com a turma seu próprio conto de Trancoso? Lembre-se de que as características principais desse tipo de história são: o envolvimento de personagens sobrenaturais, situações fantásticas que se misturam com a realidade, temas retirados do cotidiano coletivo e modos de ver e pensar o mundo.
Procedimentos
- Forme com a turma uma grande roda.
- O professor iniciará o jôgo com a seguinte frase: “Era uma vez e baterá uma palma.
- Em seguida, o estudante que estiver ao lado do professor continua a frase iniciando a criação de uma história.
- Quando o professor achar apropriado, dará uma palma. O estudante que estiver contando a história deve pausá-la imediatamente, a fim de que o colega ao seu lado dê continuidade a ela do ponto em que parou.
- Quando toda a turma tiver participado da atividade, o professor dirá “Fim da história”.
Deixe a sua imaginação guiar a atividade. Não é necessário que a história tenha “pé e cabeça”, mas sim que todos possam contribuir para a criação e que, assim como nos “contos de Trancoso”, ela possa “transcender os limites do possível”!
Avaliação
- Como você se sentiu ao ouvir as histórias criadas pelos colegas?
- Como se sentiu ao criar uma parte da história?
- Houve partes engraçadas, tristes ou curiosas na história?
- Houve momentos em que a história parou? O que a turma fez para retomá-la?
Registre a história criada e suas reflexões sobre a atividade em seu diário de bordo.
Respostas e comentários
Experimentações
Verifique com os estudantes se eles conhecem histórias que são transmitidas oralmente. Estimule-os a se lembrar de que as histórias podem ser passadas de pessoa a pessoa de fórma oral e, assim, se modificar com o tempo. Exemplos que podem ser apresentados: um acontecimento familiar, transmitido de geração em geração; o jôgo infantil de telefone sem fio; o compartilhamento de uma notícia inesperada etcétera
Para o desenvolvimento da atividade, os estudantes devem estar dispostos em roda, sentados em suas cadeiras ou no chão.
Conte aos estudantes que, coletivamente, criarão uma narrativa que necessita da colaboração de todos. Indique que você iniciará a história e, então, baterá palmas uma vez. As palmas serão o código que indicará que quem está falando deve pausar, e a pessoa ao seu lado deve continuar a história no ponto onde foi pausada. Reserve um breve momento para que os estudantes tirem suas dúvidas. Se preferir, faça um pequeno ensaio com alguma história conhecida pela turma para exemplificar.
Assim como nos “contos de Trancoso”, essa atividade convida os estudantes a desenvolver uma narrativa original e coletiva, em que uma lógica linear de acontecimentos e fatos realistas não são os guias determinantes para a criação. É um momento de abertura para a criatividade, em que o desenvolvimento das capacidades imaginativa, inventiva e de criação em grupo está sendo incentivado. Também é um momento para exercer a prática da oralidade e da comunicação em grupo, elementos fundamentais das práticas teatrais.
Avaliação
Os estudantes poderão ser avaliados por interação com os colegas, desenvolvimento da proposta e reflexões escritas no diário de bordo.
Lembre-se de que essa é uma primeira experimentação com jógos teatrais. É muito importante que eles compreendam o seu papel como professor na orientação, bem como a concentração e o comprometimento deles para o bom andamento da proposta.
Desdobramentos
Caso considere oportuno, é possível realizar alguns desdobramentos com base na atividade realizada, como:
• A história pode ser rememorada pelos estudantes, logo após finalizarem a criação.
• Pode-se contar a história do final para o começo.
• Podem ser identificadas as personagens que surgiram nas histórias, e estas serem experimentadas em improvisações com a criação de figurino, adereço e pequenos trechos de textos.
• A história criada pode ser registrada, dividida em partes e grupos de estudantes podem ser conduzidos à improvisação cênica de cada parte.
Os elementos da linguagem teatral
Nas primeiras páginas desta Unidade, você viu imagens de cenas de espetáculos de teatro desenvolvidos pelo Vilavox e descobriu que uma das características desse grupo é a utilização da música em suas apresentações. Além da música, o teatro pode reunir outros elementos, como as artes visuais, a poesia e a dança.
Os elementos visuais
Observe a fotografia desta página e note as cores, os recortes e os diferentes tipos de tecido usados na confecção do figurino que as atrizes estão utilizando. Observe também o material com o qual foram produzidas as máscaras usadas por elas. Esses e tantos outros elementos visuais são fundamentais nas montagens teatrais, pois ajudam na composição das personagens e dos cenários e são essenciais para contar a história, oferecendo informações e sensações ao espectador.
Os sons
Outro elemento essencial à linguagem teatral é o conjunto de sons produzidos em cena, como a voz dos atores quando falam ou cantam, as músicas que fazem parte da proposta do espetáculo e, também, os ruídos de algumas cenas, como aqueles produzidos por objetos e acessórios utilizados pelos atores.
Você sabia que até mesmo o som do atrito dos pés dos atores com o palco ou com o chão faz parte da sonoridade de uma cena? Ouça o áudio “Leitura dramática de um trecho da peça O segredo da arca de Trancoso” e tente identificar os sons que a compõem. Depois, comente com os colegas.
Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.
Respostas e comentários
Contextualização
Nesta Coleção, abordamos o teatro como linguagem, destacando os diferentes elementos que o compõem. Para além do texto, o teatro se constitui de diferentes corpos, sonoridades (palavras, sons e músicas) e múltiplos elementos que compõem tudo aquilo que é visível em cena (figurinos, cenários, organização do espaço, iluminação e projeção de imagens e vídeos).
Os elementos visuais
Forneça mais informações aos estudantes sobre o figurino. Explique a eles que o figurino não apenas “veste” o ator, mas é uma parte do contexto da encenação (por exemplo, a época em que transcorre a história da peça) e das características da personagem que o ator interpreta (personalidade, condição social). Comente com eles que, na peça O segredo da arca de Trancoso, o figurinista Agamenon de Abreu, profissional responsável pelo vestuário dos atores, confeccionou as vestimentas com tecidos extraídos de sombrinhas usadas, doadas ao grupo. Ao fazer essa escolha, considerou-se as ideias da reutilização de material e da preservação do meio ambiente.
Comente com os estudantes que, em alguns espetáculos, pode-se optar por uma estética visual que não valorize a utilização de recursos (como as máscaras) e adereços (os figurinos coloridos e singulares), como os da peça O segredo da arca de Trancoso. Se julgar oportuno, peça-lhes que observem os figurinos dos espetáculos mostrados nas imagens das páginas anteriores e que estabeleçam uma comparação entre eles. Anote na lousa as hipóteses dos estudantes e, depois, converse com eles sobre elas. Chame a atenção deles para o distinto uso das cores e das texturas. Explique que a utilização dos elementos visuais varia de acordo com a proposta artística do grupo para cada um dos espetáculos.
Os sons
Na audição de “Leitura dramática de um trecho da peça O segredo da arca de Trancoso”, oriente os estudantes a fazer silêncio e atentar aos sons do trecho. Sugira que, durante a audição, eles anotem no diário de bordo os sons identificados e que, ao final, compartilhem as anotações. Os diferentes sons do trecho são o diálogo entre duas atrizes (que interpretam Matilde e Botilde), sons de floresta e a canção “Tema da cegueira” (composta pelo grupo Vilavox). Pergunte se identificam o som dos instrumentos utilizados nessa música.
Depois, comente que, nessa canção, os atores cantam e tocam instrumentos musicais, como pandeiro e violão.
O espaço
Quando falamos em espaço, estamos nos referindo ao lugar em que o espetáculo acontece e a tudo que há nele, como os objetos, a cenografia, a iluminação e mesmo o corpo dos atores e das atrizes. Uma peça de teatro pode acontecer em um palco elevado ou com os atores diretamente no chão, pode ocorrer em uma sala fechada com divisão clara entre o palco e a plateia ou, até mesmo, em um espaço aberto, como na rua, onde o grupo Vilavox, por exemplo, apresenta seus espetáculos.
O corpo
Os corpos dos atores e das atrizes também integram os elementos da linguagem teatral. A expressividade do corpo do artista no espaço, através de gestos, deslocamentos, palavras ou sonoridades vocais, comunica aos espectadores a poesia, as ideias e as intenções de um espetáculo de teatro.
Faça no diário de bordo.
Foco na linguagem
- Quais outros elementos visuais você imagina que podem aparecer em uma peça teatral?
- Em que espaço a peça O segredo da arca de Trancoso acontece? E o espetáculo Canteiros de Rosa?
- Quais gestos você identifica na imagem do espetáculo O mundo tá virado...?
Versão adaptada acessível
1. Quais outros elementos de vestimenta e cenário, além desses que foram apresentados na descrição da imagem, você imagina que podem aparecer em uma peça teatral?
Versão adaptada acessível
3. O que chamou mais a sua atenção na descrição da imagem do espetáculo O mundo tá virado...?
Respostas e comentários
O espaço
Estimule os estudantes a observar as diferenças entre os dois tipos de palco onde se encontram os artistas. Que elementos físicos (dimensão espacial, perspectivas, diferenças de níveis entre palco e plateia, aspectos acústicos próprios de cada espaço) e elementos expressivos (iluminação natural ou por refletores, cenografia construída ou paisagem natural, interferências visuais ou espaço em penumbra) constituem cada um deles. Peça-lhes que identifiquem as semelhanças e as diferenças entre ambos e percebam como esses elementos podem influenciar o modo como os artistas em cena falam e se expressam.
O corpo
O grupo Imbuaça foi formado em 1977, em Aracaju Sergipe. O nome desse grupo é uma homenagem ao artista popular Mané Imbuaça (-1978). O grupo surgiu depois da realização de uma oficina de teatro de rua ministrada pelo ator Benvindo Siqueira; assim, o teatro de rua faz parte do grupo desde sua origem. Ao longo de sua trajetória, o grupo montou mais de trinta peças e já se apresentou em vários países, como Portugal, Equador, México e Cuba.
Foco na linguagem
1. Os estudantes podem destacar figurinos, maquiagens, bonecos, luzes, máscaras ou quaisquer outros elementos. Aproveite para mapear o repertório imagético deles em relação à linguagem teatral. Eles poderão emprestar informações do repertório de desenhos animados, jógos de videogame, filmes, novelas, seriados etcétera
2. Na peça O segredo da arca de Trancoso, ao fundo da imagem, parece haver uma cidade, cheia de prédios, com um lago. De acordo com a legenda, é possível identificar que a peça foi realizada na cidade de São Paulo. No espetáculo Canteiros de Rosa, a encenação acontece em um lugar fechado, com público em volta do palco. Pode ser um teatro, galpão ou lugar semelhante.
3. Os estudantes podem representar os movimentos com o corpo, caso tenham dificuldade de descrevê-los.
O teatro de rua
As encenações que acontecem em locais fóra de construções convencionais (como um teatro, por exemplo) são chamadas de teatro de rua e são realizadas em espaços abertos, como ruas, praças e mercados. Encenações teatrais em espaços abertos acontecem desde os tempos mais antigos e, na atualidade, um número cada vez maior de grupos teatrais tem se dedicado ao teatro de rua.
Ser Tão Teatro
O Ser Tão Teatro é um grupo teatral de João Pessoa Paraíba que também incorpora a seu trabalho o teatro de rua. Formado em 2007, esse grupo se dedica ao desenvolvimento de projetos que procuram promover a aproximação com o público, utilizando uma linguagem que dialoga com as manifestações populares.
O espetáculo Flor de macambira, retratado nas fotografias desta página e da página seguinte, é um desses projetos. Essa montagem conta a história de uma jovem que, em meio a muitas aventuras, tenta recuperar seu amor. Flor de macambira reúne elementos do circo (como pernas de pau) e das tradicionais festas do boi do Nordeste (o bumba meu boi, por exemplo), e foi apresentado em ruas e praças de diversas cidades brasileiras.
Respostas e comentários
Contextualização
Auxilie os estudantes na leitura das imagens. Peça-lhes que identifiquem os elementos cênicos que fazem referência às práticas circenses. Solicite a eles também que descrevam o espaço em que se realiza o espetáculo. Após ouvir as diferentes opiniões, comente com os estudantes que, mesmo acontecendo na rua, o espetáculo carrega consigo uma grande estrutura de cenários e iluminação e que o público fica acomodado em cadeiras.
Há ainda um pequeno tablado, que funciona como palco. Pergunte a eles se percebem relações entre o espaço construído para esse espetáculo e um teatro convencional. Espera-se que comentem que há, sim, uma proximidade entre os dois espaços, uma vez que há uma relação de palco e plateia frontal e, também, um tablado como palco. Explique que, nesse caso, a opção por realizar esse espetáculo na rua envolve a escolha por determinada estética, em que a gestualidade é ampla e a comunicação com o público é mais direta. Trata-se de características próprias do teatro de rua, que decorrem do fato de o espetáculo ser realizado em um espaço público aberto.
Solicite aos estudantes que observem atentamente as fotografias destas páginas. Nessas imagens, as posturas dos atores revelam gestos amplos e expressivos. Destaque que essa fórma de atuação é muito presente em espetáculos de teatro de rua.
Se considerar oportuno, explique aos estudantes que macambira é uma planta nativa do Brasil, da família das bromeliáceas, típica do bioma Caatinga, característico da Região Nordeste.
Faça no diário de bordo.
Experimentações
• Siga as orientações do professor e as instruções a seguir para experienciar e perceber com o seu corpo as diversas possibilidades de expressão.
Procedimentos
- A turma deve ser dividida em dois grupos ( a e B). O grupo a será composto dos estudantes que entrarão em cena; e o grupo B, dos estudantes que observarão e farão anotações.
- Cada integrante do grupo a deve escolher um integrante do grupo B para lhe observar e fazer anotações sobre a sua encenação.
- Uma área do espaço deve ser reservada para as encenações e a outra, para os observadores.
- Os integrantes do grupo A devem caminhar livremente pelo espaço de cena, como caminham no cotidiano, como se estivessem em uma rua tranquila, caminhassem em direção à escola, dentro de um parque ou mesmo dentro de um mercado etcétera
- Esteja atento! Ao comando do professor, pare onde estiver.
- O professor, então, solicitará a cada um dos integrantes do grupo A que escolha uma parte de seu corpo para focar a atenção, como os pés, os joelhos, a cintura, a coluna, o pescoço, um dos braços, as mãos, o rosto, o topo da cabeça etcétera
- Volte a caminhar por onde imaginou, mas com a atenção voltada para essa parte do corpo.
- Agora, encontre fórmas não cotidianas de caminhar, conforme as sugestões do professor, mantendo, ainda, o foco na parte escolhida.
- Ao comando do professor, finalize a pesquisa de movimentos.
- Os integrantes do grupo a devem compartilhar com sua dupla do grupo B as impressões sobre a experiência vivida. E o estudante que observou a cena deve indicar qual personagem ele imaginou que estava sendo encenado, onde estava e para onde estava caminhando, dentre outras percepções.
- Agora é a hora de os integrantes do grupo a e B compartilharem em uma grande roda a experiência de estar na área de cena e a de estar na área de observação. Compartilhem as dificuldades e as descobertas proporcionadas pelo exercício.
- É hora de inverter os papéis. Os integrantes do grupo B integrarão o espaço de cena; e os do grupo , o espaço de observação. a
- Anote as impressões e as sensações dessa experiência em seu diário de bordo!
Orientação para acessibilidade
Para o desenvolvimento do procedimento, caso, na sala de aula, haja algum estudante com necessidades especiais, o trabalho colaborativo em duplas ou grupos pode ser utilizado a fim de apoiá-lo e garantir a participação dele na vivência proposta.
Avaliação
- Como foi caminhar de fórma não cotidiana?
- Como foi experimentar no corpo e no deslocamento no espaço tais sensações?
- Como foi observar o colega em ação?
- Como se sentiu realizando a ação?
- Como se sentiu observando a ação?
- Quais diferenças você sentiu entre estar agindo em cena e estar observando a cena?
- Foi possível imaginar personagens e situações observando o colega em ação?
- Quais elementos estudados ao longo da Unidade você acredita ter experienciado por meio desse exercício?
Respostas e comentários
Experimentações
A proposta tem duração de, aproximadamente, duas aulas. Antes de iniciar a atividade, leia e compreenda todas as etapas da experimentação cênica. Converse com os estudantes sobre a atividade que realizarão e sobre a necessidade da disponibilidade deles para que a pesquisa e a experiência cênica aconteçam. Tire dúvidas que possam surgir antes, observe possíveis bloqueios e contribua para que os estudantes estejam tranquilos para a atividade.
Este exercício cênico abarca diversos elementos apresentados ao longo da Unidade, bem como princípios de iniciação ao trabalho teatral: expressividade corporal, relação do corpo com o espaço, elementos visuais e criação coletiva.
Procedimentos
b) Cada integrante do grupo a escolhe um parceiro pertencente ao grupo B para que este o observe e faça anotações. Caso o grupo esteja em número ímpar, é possível que um estudante do grupo B observe dois colegas do grupo a ao mesmo tempo. É importante que os estudantes do espaço de observação tenham lápis ou caneta para anotação e o diário de bordo.
c) O espaço a ser utilizado pode ser a sala de aula, a quadra ou um espaço aberto da escola, dividido em duas áreas: área de cena (maior) e área de observação. A divisão do espaço pode ser demarcada com fita adesiva, por exemplo.
d) No início da encenação, é importante solicitar aos estudantes que não se comuniquem verbalmente com os colegas e busquem se concentrar no desenvolvimento de suas caminhadas. Assim, começam a se concentrar em si mesmos e no jôgo cênico.
e) Utilize um código, como palmas, um apito ou uma palavra-chave, para estabelecer o comando de parar.
f) Dê um breve momento para que cada estudante escolha a sua parte do corpo e foque nela a sua atenção. Oriente-os a observar a parte do corpo escolhida e a buscar se concentrar nela.
g) Dê um breve tempo para que os estudantes caminhem livremente, mantendo a atenção na parte do corpo escolhida.
h) Enquanto os estudantes caminham, sugira que encontrem fórmas não cotidianas de caminhar, mantendo o foco na parte escolhida, como caminhar pelas bordas dos pés, caminhar com os joelhos grudados, caminhar com a cintura muito pesada, caminhar com os dois braços erguidos para o alto, caminhar com o pescoço mole. Observe se ocorrem mudanças nas fórmas de caminhar, sempre estimulando que encontrem fórmas não cotidianas e que aos poucos as novas caminhadas se estabeleçam no deslocamento do espaço. Deixe que a pesquisa de movimentos do grupo a e a observação pelo grupo B se estabeleçam no tempo. Atente aos estudantes que possam estar desconcentrados ou mesmo com vergonha de realizar a pesquisa. Use frases de estímulo, como: “Deixe a imaginação te guiar”, “Respire se estiver nervoso”, “Uma pequena pesquisa já é estar pesquisando” etcétera
Avaliação
O diário de bordo, assim como a conversa após a realização do exercício, pode ser usado por você como uma evidência de aprendizagem. Você poderá fazer uma avaliação em processo, isto é, verificar se os estudantes têm compreendido algumas das noções fundamentais do teatro que esse exercício apresenta: o espaço de observação e da ação, o comando do professor, o movimento, o compartilhamento da experiência. Você deve avaliá-los pela cooperação com os colegas, pelo engajamento na realização da proposta e pela compreensão dos fundamentos da linguagem teatral trabalhados até aqui.
Desdobramentos
A atividade também pode ser desdobrada a partir das personagens criadas pelos integrantes do grupo B (observadores). Cada dupla pode expor sua criação, indo ao centro da roda e apresentando o modo como essa personagem caminha e quem ela é.