Tema 3  O teatro na Grécia antiga

O “berço” do teatro

Você aprendeu nas páginas anteriores que o teatro nos acompanha desde a origem da humanidade e que as experiências teatrais variam de acordo com a cultura de cada povo. Mas você, provavelmente, já deve ter ouvido falar que a Grécia antiga é o “berço” do teatro. Isso porque se acredita que as encenações teatrais, como as conhecemos hoje, tenham se originado na Grécia, por volta do século seis nas festas para homenagear o deus Dionísio.

Nessas festas, todos dançavam e cantavam, formando um coro. A palavra coro tem origem no termo grego córos, que significa “roda” ou “canto em conjunto”. Na Grécia antiga, o canto coletivo fazia parte dos rituais religiosos e, muitas vezes, era acompanhado de danças e de declamações poéticas. Nos coros, havia um cantor principal: o corifeu.

Acredita-se que, em uma dessas festas, um corifeu chamado Téspis tenha interrompido a celebração e declarado: “Eu sou Dionísio!”, passando a representar o papel do deus. A partir de então, Téspis saiu pela Grécia em uma carroça interpretando as personagens que criava. Observe a seguir como o artista austríaco gústaf climt (1862-1918) retratou Téspis em uma de suas obras.

Pintura sobre parede. Cena mostrando figuras da Grécia antiga. Mulheres de cabelos longos vestem túnicas brancas e coroas de flores. Em primeiro plano, uma delas está sentada, enquanto uma figura infantil nua a penteia. Logo atrás dela, uma mulher está em pé, de perfil, para a direita da cena. À direita, há homens seminus com tecidos laranjas envoltos no corpo. Um deles usa uma pele de animal pendurada em um dos ombros. Eles estão segurando flautas. No centro da pintura, ao fundo, da esquerda para a direita, há outras figuras masculinas, meio à sombra. E outras figuras femininas: uma recostada, duas sentadas, uma de pé dando cada uma das mãos a uma criança. Atrás dela, outra mulher de roupas escuras e cabelos ruivos. Logo ao lado dessas duas mulheres, há uma carroça com flores. Mais ao alto, de pé sobre a carroça, há um homem de cabelos longos, pretos e túnica dourada.
. O carro de Téspis. 1888. Óleo sobre parede, 2,8 por 4 métros. Teatro Burg, Viena, Áustria.
Respostas e comentários

Objetivos

Compreender as origens do teatro na Grécia antiga.

Conhecer e explorar os gêneros teatrais tragédia e comédia.

Entender a função das máscaras no teatro grego antigo.

Reconhecer o dramaturgo como o autor de peças de teatro.

Experienciar a criação de obras artísticas coletivamente.

Desenvolver a autoconfiança e a autocrítica por meio da experimentação artística.

Habilidades favorecidas neste Tema

(ê éfe seis nove á érre dois quatro), (ê éfe seis nove á érre dois cinco), (ê éfe seis nove á érre dois sete), (ê éfe seis nove á érre dois oito), (ê éfe seis nove á érre dois nove), (ê éfe seis nove á érre três zero) e (ê éfe seis nove á érre três quatro).

Faça no diário de bordo.

Experimentações

Nesta atividade, você e os colegas participarão de um jôgo em que um estudante será o corifeu e os demais participantes serão o coro. O estudante escolhido para ser o corifeu cantará um pequeno trecho de uma música, e o coro deverá repetir. Você terá a oportunidade de compor um coro de diferentes corifeus. Para isso, siga os passos.

Procedimentos

  1. Com as orientações do professor, você e os colegas formarão grupos de até dez estudantes. Um dos grupos deve se posicionar em um canto da sala, enquanto o outro se posicionará no canto oposto.
  2. Agora, cada um dos grupos escolherá um colega para ser o corifeu. Os demais participarão do coro. Os outros grupos assistirão à apresentação desses dois grupos.
  3. O corifeu de um desses dois grupos deve realizar um movimento que será repetido pelo coro. Na sequência, o outro grupo realizará essa mesma dinâmica. A cada vez, dois grupos se apresentarão, de modo que os demais colegas assistam à apresentação deles.
  4. Agora o corifeu de um dos grupos deve propor uma reverência (a reverência é o modo de cumprimentar o outro grupo). O coro repetirá essa reverência proposta pelo corifeu. O segundo corifeu então responderá, apresentando sua reverência, e seu coro também repete seu movimento.
  5. O primeiro corifeu se deslocará até a metade do caminho que o separa do outro coro e será seguido pelos integrantes de seu coro. O corifeu do segundo grupo também se aproxima do primeiro corifeu, e seu coro realiza o mesmo movimento.
  6. O corifeu de um dos grupos cria um grito de guerra, acompanhado de uma movimentação relacionada à sonoridade proposta por ele; seu coro repete o grito de guerra e a movimentação. O segundo corifeu responde, por sua vez, com seu grito de guerra, e seu coro repete.
  7. Todos os jogadores voltam à posição inicial assumida pelos grupos, nos cantos da sala de aula. Assim que todos os integrantes do grupo tiverem passado pela função de corifeu em seus respectivos grupos, os demais grupos entram em cena, e os primeiros assumem a função de espectadores.
  8. Agora forme um círculo com a turma. Converse com o professor e os colegas sobre como foi a experiência de realizar as atividades.

Avaliação

     Registre em seu diário de bordo suas sensações ao realizar a atividade.
Ilustração. Ícone diário de bordo.
  1. As regras dos jógos eram claras para você?
  2. Todos conseguiram se manter atentos durante a execução dos jógos?
  3. Qual foi a diferença entre estar na posição do corifeu e na posição do coro?
Respostas e comentários

Experimentações

Comente com os estudantes que o foco desta atividade, primeiramente, é viver a experiência individual de ser o corifeu. Auxilie-os na organização do coro e solicite um estudante voluntário ou faça um sorteio para definir quem será o corifeu. Você pode pedir a eles que escolham uma música que gostam de cantar e providenciem a letra para o corifeu. Também é possível escolher um poema em vez de uma música, reforçando para os estudantes que o coro na Grécia antiga também declamava versos. Vários estudantes poderão assumir o papel de corifeu nessejôgo.

Destaque que, posteriormente, o foco é vivenciar a experiência do coro com diversos corifeus. Oriente a organização dos grupos e o posicionamento dos dois grupos nos cantos opostos da sala de aula. Observe se, a cada vez, dois grupos se apresentam, de modo que os demais estudantes assistam à apresentação desses dois grupos.

Proponha um revezamento dos grupos. Durante a realização da atividade, caso os estudantes tenham dúvidas, explique como realizar a reverência e que gestos usar. Organize os estudantes no deslocamento dos grupos. A ideia é que o “grito de guerra” não seja apenas uma proposição sonora, mas também uma movimentação corporal. Incentive a expressão do corpo e da voz como um movimento que surge de um único impulso. Ao longo da execução desse jôgo, dê as seguintes instruções aos jogadores: o corifeu deve propor gestos simples, compondo de modo claro os movimentos e sons; observe se a reverência e o grito de guerra têm início, meio e fim, de modo que o jogador possa repetir o movimento e os sons produzidos por ele; o coro, por sua vez, deve reproduzir com precisão o movimento e o som propostos pelo corifeu. Comente com os estudantes que a reverência de um corifeu pode servir de estímulo para a composição da reverência do outro corifeu, considerando que um corifeu responde ou reage ao outro.

As máscaras no teatro grego

Na Grécia antiga, exceto os escravos, todas as pessoas assistiam aos espetáculos teatrais. No entanto, apenas os homens podiam ser atores. Assim, as máscaras eram utilizadas para identificar o gênero da personagem (masculino ou feminino) e para determinar se o espetáculo era trágico ou cômico. Além disso, as máscaras atribuíam aos atores expressões de raiva, medo, angústia, sofrimento, alegria e outras emoções que ajudavam a plateia a compreender a história.

As máscaras gregas também melhoravam a propagação da voz dos atores, para que fossem ouvidos por todos os espectadores do teatro. Acredita-se que elas funcionavam como amplificadores da voz, projetando-a, tornando o som mais penetrante e forte.

Fotografia. Máscara de pedra representando uma mulher. Tem cabelos curtos, olhos pequenos, bochechas proeminentes e boca entreaberta, levemente sorridente.
Máscara que representa uma mulher (cêrca de século dois-século um antes de Cristo). Terracota, 12 centímetros de altura. Museu de Belas Artes, Boston, Estados Unidos.
Fotografia. Máscara de pedra de figura mitológica. No alto, adornando a testa, há uma coroa de folhas e frutos. Há buracos para os olhos, que são representados arregalados, e para a boca, representada bem aberta.
Máscara que representa o deus grego Dionísio (cêrca de200 antes de Cristo). Terracota, 12,2 centímetros de altura. Museu do Lúvri, Paris, França.
Painel em relevo. A cena mostra homem e mulher ao redor de uma mesa sobre a qual há duas máscaras. O homem está sentado à esquerda, com o peito nu e uma túnica de tecido em volta da cintura. Ele segura uma máscara teatral de cabelo curto e boca aberta.  À direita da cena, a mulher está de pé, com o braço direito semi-estendido à frente, olhando para o homem. Ela traz a mão esquerda apoiada na cintura e veste uma túnica longa.
Cópia romana de relevo grego (século três antes de Cristo), dimensões desconhecidas. Museu Gregoriano, Vaticano, Itália. Nessa representação, o poeta e dramaturgo grego Menandro está sentado e segura uma máscara teatral.
Respostas e comentários

Sobre a participação feminina no teatro

Abra uma conversa com os estudantes sobre a participação feminina na vida social em diversas épocas. Assim como no teatro grego, em que as mulheres não podiam atuar, o mesmo ocorreu no período elisabetano (Inglaterra – século dezesseis), com as peças de Uíliam Xêiquispíer, por exemplo. Na época de Xêiquispíer não se utilizavam máscaras na encenação; então, para os papéis femininos eram escolhidos atores mais jovens que não tivessem passado pela transição vocal ou mesmo homens que pudessem ter uma voz com características vocais médias ou agudas, características da maioria das vozes femininas. As mulheres começam a entrar em cena com o advento da Commedia dell’Arte, na Itália, nesse mesmo século, influenciando definitivamente o desenvolvimento teatral da comédia na França no mesmo período.

Para saber mais, você pode consultar A primeira atriz, no site da Escola ésse pê de Teatro, disponível em: https://oeds.link/JLO77P. Acesso em: 26 maio 2022.

Sobre a acústica das máscaras teatrais

Informe aos estudantes que os espaços onde ocorriam as peças teatrais gregas eram grandes teatros ao ar livre, para cêrca de 17 mil pessoas, dispostas em fileiras de arquibancadas. Para que todo o público pudesse ter acesso ao conteúdo cantado, narrado ou dito pelos atores, os teatros eram organizados de modo que o som pudesse atravessar todo o espaço e chegar até os espectadores da última fileira. Como fórma de auxiliar nesse processo de escuta, as máscaras teatrais tinham na região da boca um formato em cone, que funcionava como um amplificador das vozes dos atores.

Como uma fórma de exemplificar essa característica das máscaras, peça aos estudantes que amplifiquem a voz fazendo uma concha com as mãos. Eles também podem amplificar a voz com o uso de um papel sulfite em formato de cone. Indique que, na atualidade, existem equipamentos eletrônicos que realizam a tarefa de ampliação vocal, como é o caso dos microfones. O teatro que ocorre em espaços abertos ou muito amplos, atualmente, utiliza esse tipo de recurso, com os atores microfonados. É o caso, por exemplo, de espetáculos de teatro musical ou espetáculos de teatro de rua.

A tragédia e a comédia

Nos Temas anteriores, você conheceu máscaras de diferentes culturas. Observe, agora, as máscaras reproduzidas na fotografia. O que você acha que elas representam?

Essas máscaras remetem à comédia e à tragédia, que são consideradas as principais modalidades do teatro grego antigo.

As tragédias gregas apresentavam histórias de grandes conflitos humanos que envolviam personagens como deuses e heróis. Nelas, eram tratados temas importantes como a política, culminando muitas vezes com a morte ou a infelicidade da personagem principal da peça.

Ao contrário das tragédias, as comédias gregas caracterizavam-se por apresentar pessoas do povo, e não deuses ou heróis. As comédias eram representadas para provocar o riso nos espectadores e sempre apresentavam um final feliz.

Fotografia. Duas máscaras teatrais com aberturas para boca e olhos. A primeira está com a curvatura da boca para baixo e representa a tragédia; a segunda está com a curvatura da boca para cima, em expressão de riso. Ela representa a comédia.
Máscaras teatrais que representam a comédia e a tragédia (século vinte). Coleção particular.
Fotografia. Vaso preto no formato de ânfora, com pinturas douradas por toda a estrutura. Apresenta imagens de pessoas. À direita e ao alto, em plano mais distante, duas mulheres de túnica e tiara sobre os cabelos curtos conversando. No centro da cena, dois homens empurram escada acima, para subir em um palco, localizado à esquerda, uma figura mitológica metade homem, metade cavalo.  No canto direito da cena, há uma figura masculina de pé usando uma túnica longa. Há barras decorativas na base e topo do vaso.
Vaso grego com a representação de uma cena de comédia (cêrca de 380-370 antes de Cristo). Cerâmica, 38 centímetros de altura. Museu Britânico, Londres, Reino Unido.
Respostas e comentários

Catarse

Se julgar oportuno, explique aos estudantes que o processo de identificação do público com as histórias apresentadas nas tragédias gregas é chamado catarse. Comente com eles que, nas tragédias, o objetivo das histórias era despertar o terror e a piedade no público para que os espectadores se livrassem de seus medos e de seus sofrimentos.

As ânforas

As ânforas eram vasos utilizados pelos gregos da Antiguidade para guardar e conservar líquidos e cereais. Além da função utilitária, as ânforas eram objetos artísticos, pois os gregos as utilizavam como suporte para representar cenas da mitologia e do dia a dia.

A maior parte da pintura da Grécia antiga foi realizada em vasos e ânforas, tendo caráter fortemente narrativo. Havia duas técnicas para essas pinturas:

as figuras vermelhas (como a da imagem): aparecem sobre uma base pintada, tendo apenas alguns detalhes e contornos destacados;

as figuras negras: as figuras são pintadas e todo o vaso permanece com a coloração do barro.

Leitura de imagem

Para responder à pergunta do fim do primeiro parágrafo, incentive os estudantes a elaborar hipóteses sobre as máscaras. Espera-se que eles mencionem que uma delas parece triste; e a outra, alegre. Possivelmente, eles vão relacionar a tragédia com peças que retratam acontecimentos catastróficos ou mesmo histórias de terror. Em relação à comédia, os estudantes possivelmente se refiram a peças que tenham como finalidade principal despertar o riso no público.

Você pode ampliar as informações que constam da legenda da ânfora mostrada na imagem desta página perguntando aos estudantes o que imaginam que acontece nessa cena. Deixe-os livres para responder de acordo com o que imaginam sobre a cena representada nesse vaso. Depois que todos disserem o que pensam, comente com eles que esse vaso antigo grego foi encontrado na Itália e que nele se pode ver uma cena de comédia teatral, na qual os atores usam máscaras. Nessa cena, servos têm a tarefa de ajudar Quíron – figura da mitologia grega que é metade homem, metade cavalo − a subir a escada que leva a um palco. À direita na imagem encontram-se duas ninfas (no mito grego, espíritos femininos) e, abaixo delas, Aquiles, herói reconhecido por sua bravura.

Os autores teatrais

Um dos primeiros gregos a criar peças teatrais foi Ésquilo (cêrca de 525-456 antes de Cristo). Considerado o “pai da tragédia”, acredita-se que Ésquilo tenha escrito cêrca de noventa tragédias ao longo da vida. Outros autores de tragédias de destaque na Grécia antiga foram Sófocles (cêrca de 495-405 antes de Cristo) e Eurípides (480-406 antes de Cristo), que, como veremos nas próximas páginas, é o autor de medéia. Entre os autores de comédias, podem ser destacados Aristófanes (447-385 antes de Cristo) e Menandro (342-291 antes de Cristo).

Os autores de peças de teatro são chamados dramaturgos e escrevem um texto para ser encenado. Um dos dramaturgos mais renomados da história do teatro foi Uíliam Xêiquispíer (1564-1616), que escreveu Romeu e Julieta, uma das peças de teatro mais conhecidas em todo o mundo.

A história do teatro brasileiro conta com dramaturgos de grande destaque, como osváld de Andrade (1890-1954), Nelson Rodrigues (1912-1980), Ariano Suassuna (1927-2014), Leilah Assumpção, José Celso Martinez Corrêa, Maria Clara Machado (1921-2001), Cíntia Alves e greici Passô.

Fotografia. Destaque de cena teatral com três atores usando turbantes e túnicas. Eles seguram bastões na ponta dos quais estão fixadas máscaras teatrais representando diferentes expressões faciais,
O ator Nathan Sinval (sem máscara) entre outros dois atores da Escola Municipal de Teatro em cena do espetáculo As nuvens, Londrina Paraná. Fotografia de 2017. Essa peça foi escrita por Aristófanes em 423 antes de Cristo
Respostas e comentários

Contextualização

Comente com os estudantes que há muitos dramaturgos brasileiros importantes. Os nomes mencionados neste texto foram selecionados com a intenção de ilustrar diferentes períodos e estilos.

Entre textos e imagens

Luiz Felipe Botelho

Fotografia. Homem de cabelo curto, preto e liso. Usa óculos de armação arredondada e veste camisa xadrez branca e cinza. Ele escreve em uma cartolina branca, apoiada sobre uma mesa.
Luiz Felipe Botelho, em fotografia de 2016.

O dramaturgo Luiz Felipe Botelho é o autor da peça O segredo da arca de Trancoso, que conhecemos no início desta Unidade. Leia, a seguir, trechos de uma entrevista com esse artista.

Entrevistador: Felipe, fale de você, onde nasceu.

Luiz Felipe: Nasci em Recife, Pernambuco, filho de um engenheiro e de uma professora. Desde criança sempre gostei de ler, escrever e desenhar. Adorava teatro, cinema, livros, gibis. Era tão encantado por aquelas artes que comecei a criar minhas próprias histórias em quadrinhos, nas quais eu, minha única irmã e meus amigos éramos os heróis.

Entrevistador: Qual é o papel do dramaturgo no fazer teatral?

Luiz Felipe: O dramaturgo lida com tudo o que tem a ver com a criação e o estudo dos textos dramáticos – que é como também chamamos o texto de uma peça de teatro. Assim, além de escrever peças, o dramaturgo também pode se aprofundar no conhecimento sobre textos teatrais, analisando a criação desse tipo de obra e a repercussão do conteúdo delas em nosso mundo. Por conta desse conhecimento, é comum que o dramaturgo também participe de processos de realização de espetáculos, colaborando na criação de textos inéditos ou na recriação de obras já existentes.

Entrevistador: Como o trabalho com o teatro surgiu em sua vida? E qual foi seu primeiro trabalho em teatro?

Luiz Felipe: Tinha 4 anos quando assisti a uma peça pela primeira vez. Para mim, foi como se a tela de um cinema se rompesse e o que estava ali dentro virasse realidade. Gostei tanto do que vi que comecei a fazer em casa, do meu jeito. Teatro sempre fez parte das minhas brincadeiras e, depois que cresci, assistir a peças era uma das diversões prediletas do final de semana. Mas meu primeiro trabalho em teatro só apareceu depois que me tornei adulto. Fui assistir ao ensaio de um grupo amador e, ao ler a personagem de um ator que havia faltado, acabei ganhando o papel. Passei a fazer parte desse grupo, onde fiz vários trabalhos como ator. Foi nele que também escrevi e dirigi minha primeira peça.

Entrevistador: Quais foram/são suas referências no trabalho da dramaturgia?

Luiz Felipe: Ariano Suassuna, Mauro Rasi, Uíliam Xêiquispíer, Nelson Rodrigues, Samuéu Béqueti, Pirandello, João Falcão e Niutom Moreno.”

Entrevista concedida especialmente para esta Coleção, em abril de 2018.

Faça no diário de bordo.

Questão

1. Segundo o entrevistado, o que faz um dramaturgo? Qual é a sua contribuição para o fazer teatral?

Respostas e comentários

Entre textos e imagens

A seguir, leia uma versão ampliada da entrevista do dramaturgo Luiz Felipe Botelho. Se considerar oportuno, leia para os estudantes os trechos em que o autor menciona a formação necessária para se tornar um dramaturgo.

Entrevistador: Como é em geral seu processo de trabalho com a escrita de peças?

Luiz Felipe: Trabalho com temas que me chamam a atenção. reticências Pode ser uma notícia na TV, uma cena nas ruas, uma foto numa revista, uma frase que alguém diz, uma ideia que entra na cabeça e fica ali, martelando dias e dias. Mas o que conta mesmo é que essa ideia inicial me toque o coração e me motive a mergulhar nela. Aprendi que cada obra tem um ‘caminho’ próprio reticências. Certos temas podem exigir que eu faça uma pesquisa para lidar melhor com aquilo sobre o que vou escrever. Às vezes, a pesquisa é simples e fácil. Outras vezes, nem consigo encontrar material e aí levo um tempo pensando em alternativas de solução. Nessas horas, é muito bom contar com ajuda de outras pessoas. reticências

Entrevistador: Além de escritor, você é professor de dramaturgia. Se puder, conte um pouco como se fórma um dramaturgo.

Luiz Felipe: Entendo que o processo de formação em dramaturgia vai depender do prazer que a pessoa sente em escrever para teatro. É esse prazer que faz alguém insistir, mesmo diante das dificuldades. No Brasil, a oferta de cursos de iniciação à dramaturgia ainda é pequena reticências. Isso exige que o futuro dramaturgo fique atento e até busque por si mesmo os caminhos para sua formação. Há fórmas de driblar essa carência, através da leitura de peças, da participação em grupos de leitura ou de discussão sobre o tema, da presença em espetáculos, da busca de oficinas de texto em cidades próximas. E ainda há a possibilidade de viajar – ou até se mudar – para locais mais distantes onde existam cursos regulares e com boa estrutura. Para os que já têm alguma experiência conquistada na prática, uma alternativa são os mestrados e doutorados de cursos de teatro existentes em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Natal, por exemplo.

Entrevistador: Se pudesse, que dica você daria para os jovens se aproximarem da dramaturgia e se tornarem autores de teatro?

Luiz Felipe: reticências Peça a alguém em quem você confia que lhe indique uma boa oficina de dramaturgia. Mergulhe nessa atividade, curta os exercícios. E é isso! reticências se a dramaturgia tocar seu coração, você não vai mais querer parar de criar suas histórias. E, assim, este poderá ser o começo de sua carreira como autor ou autora teatral.”

Entrevista concedida especialmente para esta Coleção, em abril de 2018.

Questão

Espera-se que os estudantes destaquem o papel do dramaturgo na criação dos textos teatrais.

Proposta interdisciplinar

Na Unidade anterior, os estudantes foram apresentados ao gênero textual entrevista. Desta vez, você poderá propor uma prática interdisciplinar ao professor do componente Língua Portuguesa. Para isso, vocês poderão usar a entrevista com o dramaturgo Luiz Felipe Botelho para fazer inferências em textos orais e escritos.

Em primeiro lugar, articule-se com o professor de Língua Portuguesa para fazer a leitura deste conteúdo nas aulas dele ou de Arte, de modo interdisciplinar.

Durante a aula, vocês poderão iniciar a leitura do texto do livro, do começo ao fim. Retome a leitura, pedindo para os estudantes destacarem no texto escrito a informação mais importante, compreendendo o bloco de cada pergunta e resposta. Exemplo: A primeira pergunta é sobre o lugar onde o dramaturgo nasceu, que ele responde: “Recife”. Os estudantes devem identificar no texto a informação fundamental.

Depois de concluir essa atividade com o texto do livro, é hora de trabalhar a inferência em textos orais. Vocês podem continuar a leitura do texto de apoio que está neste Manual pedindo a eles que, novamente, destaquem a informação mais importante daquilo que ouviram.

O objetivo dessa prática interdisciplinar é trabalhar a habilidade leitora dos estudantes, consolidando o diagnóstico sobre como eles leem e trabalham com diferentes gêneros textuais nos anos iniciais do Ensino Fundamental dois.

Arte e muito mais

Religião na Grécia antiga

Assim como outros povos da Antiguidade, os gregos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses, que possuíam características semelhantes às dos humanos: viviam e se comportavam como os seres humanos, manifestando as mesmas qualidades e defeitos, alegrias e sofrimentos. No entanto, diferentemente dos humanos, os deuses não envelheciam, não adoeciam e eram imortais, além de serem muito poderosos.

Cada deus grego era associado a um aspecto da natureza ou da vida humana. Zeus comandava os céus, enquanto possêidon reinava sobre os mares, e Hades, sobre o mundo dos mortos. Desses três irmãos, descendiam várias outras divindades: Afrodite (deusa da beleza e da fertilidade), Atena (deusa da sabedoria), Apolo (deus das artes) e Dionísio (deus do vinho e da alegria), entre outros.

Na mitologia grega, os deuses se relacionavam diretamente com os humanos e podiam ter filhos com eles. Da união entre um deus e um mortal, nasciam os heróis.

Os heróis eram capazes de feitos impossíveis aos humanos, e suas histórias também compunham os mitos dessa cultura. Teseu, um dos maiores heróis gregos, por exemplo, derrotou o Minotauro, um monstro que tinha o corpo de homem e a cabeça de touro.

Escultura. Um homem de cabelos e barba cacheados, com o peito nu e túnica envolvendo os quadris. Ele está com o braço direito e a mão fechada. A mão esquerda está apoiada no quadril esquerdo, sobre a túnica.
possêidon. 125-100 antes de Cristo Escultura de mármore, 2,35 métros de altura. Museu Arqueológico Nacional de Atenas, Grécia.

Faça no diário de bordo.

Reúna-se em grupo com colegas para fazerem uma pesquisa sobre as mitologias politeístas. Escolham um mito de uma mitologia para pesquisa e apresentação. A pesquisa pode ser feita na internet ou na biblioteca da escola. Vocês contarão a história desse mito para a turma, apresentando a cultura a que ele pertence e tecendo relações e interpretações sobre ele.

Ícone. Tema contemporâneo transversal Multiculturalismo.

PARA LER

Clôd. Contos e lendas da mitologia grega. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

Esse livro apresenta as grandes histórias da mitologia grega em linguagem acessível e atraente. Contém um apêndice para auxiliar na contextualização histórica das narrativas apresentadas.

Respostas e comentários

Arte e muito mais

Converse com os estudantes sobre a estátua de Poseidon presente na página. É muito comum vermos as imagens das estátuas gregas e imaginarmos que em sua época elas eram brancas e que isso indica que as vestimentas dos atores no teatro grego também eram brancas. No entanto, é importante destacar que toda a cultura grega era bastante colorida, com cores vibrantes e chamativas. As estátuas eram pintadas de diversas cores e as vestimentas e os figurinos dos atores eram confeccionados de diversos materiais e cores.

Apresente aos estudantes mais informações sobre a mitologia grega. Explique-lhes que, sendo parte do imaginário coletivo, podemos dizer que o mito grego era produto de uma tradição popular que tinha origem em um passado distante e indeterminado. O mito podia ser modificado, ampliado ou simplificado pelos poetas-cantores que contavam essas histórias para o público. Por tratarem de questões universais como o amor, a inveja, o medo ou a morte, até hoje essas histórias nos fascinam e nos emocionam.

Proposta de pesquisa

Como sugestão para trabalhar a temática Diversidade cultural, que integra o Tema contemporâneo transversal Multiculturalismo, separe os estudantes em grupos e oriente-os a pesquisar mitologias politeístas, na internet ou na biblioteca da escola, como: mitologia ameríndia da região amazônica, mitologias andinas (dos povos ameríndios dos Andes), mitologia budista, mitologia greco-romana, mitologia egípcia, mitologia hindu, mitologia iorubá e mitologias nórdicas.

É muito importante destacar para os estudantes que algumas dessas mitologias se referem a tradições do passado, mas que outras são muito presentes em religiões de hoje em dia, como o hinduísmo, o budismo e o candomblé, todas elas presentes no Brasil.

Peça aos estudantes que apresentem a referência pesquisada e que construam relações entre ao menos um mito escolhido e fenômenos da natureza ou da vida social. Enfatize a diversidade cultural representada no conjunto e faça pontes com os conteúdos das linguagens artísticas, que não apenas representam essas histórias, mas também operacionalizam historicamente essas crenças em meio à vida social, por meio de ritos, imagens e representações estéticas da dança, da música, do teatro e das visualidades.

medéia

Ao longo dos anos, medéia tem sido encenada por grupos teatrais do mundo todo. No Brasil, uma das montagens mais marcantes foi a realizada em 1970 e teve a atriz Cleyde Yáconis (1923-2013) como protagonista. Observe a seguir um registro dessa montagem.

Fotografia em preto e branco. Palco com cenário em formato de arquibancada. Em primeiro plano, no centro da cena, há uma mulher de cabelos longos, olhos baixos e braços abertos, usando vestido longo, de cor clara. Ao redor do pescoço, traz adornos que vão até a base do vestido.  Distribuídas pelas arquibancadas, à esquerda, ao fundo e à direita, várias personagens femininas, de túnicas simples, de cor clara, algumas em pé e outras sentadas, observam a mulher.
Cleyde Yáconis em cena do espetáculo medéia, no Teatro Anchieta, em São Paulo (SP). Fotografia de 1970.

Em 1975, Chico Buarque e Paulo Pontes (1940-1976) adaptaram a peça medéia para a realidade brasileira da época. Essa adaptação recebeu o título Gota d’água, e, nela, a personagem principal é Joana, que vive em uma favela da cidade do Rio de Janeiro. Na história de Chico Buarque e Paulo Pontes, Joana (interpretada na primeira montagem pela atriz Bibi Ferreira), assim como medéia, decide vingar-se de um homem que se separou dela para ficar com uma mulher de melhor condição social. Ao transpor a história de medéia para uma comunidade carente, os autores fazem uma crítica à desigualdade social brasileira. Por essa razão, o governo militar chegou a impedir a apresentação de Gota d’água.

Respostas e comentários

Cleyde Yáconis

Nascida em Pirassununga São Paulo, Cleyde destacou-se em peças dramáticas e em comédias. Ela iniciou sua carreira no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) ao lado da irmã e também atriz Cacilda béquer (1921-1969). A atriz também atuou no cinema e na televisão. Cleyde Yáconis participou de novelas como Rainha da sucata (1990), Os ossos do barão (1997) e Passione (2010). Em 2009, o Espaço Cosipa Cultura, em São Paulo, passou a se chamar Teatro Cleyde Yáconis em homenagem à atriz.

Gota d’água

Escrita por Chico Buarque e Paulo Pontes, teve como referência uma adaptação de Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974) para a televisão da peça medéia, de Eurípedes.

Fotografia em preto e branco. Mulher de cabelo escuro, longo, ondulado, sentada em uma superfície clara. Veste blusa preta com decote em V e, sobre a blusa, um xale preto de crochê que recai sobre o colo. Usa calças compridas em tom cinzento.  Olha vagamente para baixo, na direção de um ponto fixo, com expressão pensativa.
Bibi Ferreira caracterizada como a protagonista Joana, do espetáculo Gota d’água. São Paulo São Paulo. Fotografia de 1977.

Uma adaptação da peça medéia também foi encenada em 2013 pela Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, grupo teatral criado em 1978 na cidade de Porto Alegre A montagem do grupo tem por base o livro medéia vozes, lançado pela escritora alemã (1929-2011). Nessa adaptação, medéia não comete nenhum dos crimes atribuídos a ela na versão original da peça. Em medéia vozes, a protagonista luta por justiça e igualdade de direitos entre homens e mulheres. Nessa montagem, a personagem principal é interpretada por Tânia Farias.

Fotografia. Mulher de cabelo preto longo, ondulado, sentada sobre as pernas cruzadas, em um prato redondo, grande, dependurado por correntes, lembrando um prato de balança. Ela usa vestido longo laranja e tem as mãos apoiadas nos joelhos. Tem a expressão séria e usa um colar do tipo gargantilha, com adornos pendurados
A atriz Tânia Farias encena a personagem medéia no espetáculo medéia vozes, em São Paulo (São Paulo), em 2013.

Para Acessar

Bibi Ferreira, Enciclopédia Itaú Cultural. Disponível em: https://oeds.link/Qk2azl. Acesso em: 23 abril. 2023.

Gota d’água foi um espetáculo marcante na carreira de Bibi Ferreira. Na Enciclopédia Itaú Cultural, há informações sobre sua biografia e carreira e também de outros atores brasileiros.

Respostas e comentários

Bibi Ferreira

Bibi Ferreira (1922-2019) nasceu no Rio de Janeiro Rio de Janeiro, filha do ator e diretor Procópio Ferreira (1898-1979) e da bailarina Aída Izquierdo (1904-1985), e muito cedo começou a participar de apresentações em palcos teatrais. Bibi fundou sua própria companhia teatral ainda muito jovem. Essa companhia tinha nomes como Maria Della Costa (1926-2015) e Cacilda Becker. Além de uma das mais consagradas atrizes brasileiras, Bibi Ferreira foi diretora, produtora teatral e cantora. Ao longo de sua carreira, Bibi Ferreira foi reconhecida por seu talento como atriz e diretora de musicais, nos quais atuou interpretando personagens como Joana, de Gota d’água, e Piaf, em um espetáculo homônimo realizado para homenagear a cantora francesa Edith Piaf (1915-1963).

Tânia Farias

A atriz Tânia Farias faz parte do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz desde 1994. Com esse grupo, Tânia participou da montagem de diversos espetáculos, como A heroína de Pindaíba, de Augusto Boal (1931-2009), e A exceção e a regra, de bréche (1898-1956). Além de atriz, Tânia é encenadora, figurinista e produtora teatral. Ela também é coordenadora de projetos desenvolvidos pela Escola de Teatro Popular da Terreira da Tribo.

Pensar e fazer arte

Faça no diário de bordo.

Como vimos nas páginas anteriores, dramaturgos são aqueles que escrevem as peças de teatro e eles, muitas vezes, se inspiram nas tradições culturais. Na Grécia antiga, as tragédias tinham como tema as histórias dos deuses, deusas, heróis ou heroínas que integravam a sua mitologia. Um mito que se tornou peça de tragédia grega foi medéia. A peça foi escrita provavelmente em 431 antes de Cristo pelo dramaturgo Eurípides (480-406 antes de Cristo) e conta a história de uma princesa que é levada a cometer alguns crimes por ter sido traída por Jasão. Essa tragédia tornou-se uma das mais conhecidas desse dramaturgo, tendo montagens até os dias atuais. A dramaturgia reúne muitos dos elementos da linguagem teatral trabalhados ao longo da Unidade. Para compreender isso, você realizará uma pesquisa sobre a tragédia grega medéia.

Procedimentos

  1. Adentrando o universo criativo de Eurípides, realize uma pesquisa para desenvolver a narrativa do mito de medéia, bem como destacar os principais acontecimentos entre as personagens medéia e Jasão. A pesquisa pode ser realizada na biblioteca ou sala de leitura da escola, em diversos livros que apresentam as histórias da mitologia grega, ou na internet, em sites de pesquisa, buscando a palavra “medéia” para encontrar diversas citações sobre essa heroína trágica.
  2. Após realizada a pesquisa, discutam, em grupo, as versões encontradas. Identifique quais versões apresentam maiores detalhes e quais ocultam fatos importantes.
  3. Em seguida, escrevam um resumo da história, evidenciando os principais acontecimentos.
  4. Depois, cada grupo deve narrar em voz alta para os colegas o resumo que escreveu sobre o mito de medéia.
  5. Compartilhe com os colegas as impressões sobre o mito de medéia. Identifique se os acontecimentos do mito lhe surpreenderam e se você já havia ouvido uma história semelhante em algum momento.
  6. Registre em seu diário de bordo o resumo do mito de medéia, bem como suas sensações, reflexões e impressões sobre ele.
    Ilustração. Ícone diário de bordo.

Avaliação

  1. Você é capaz de dizer quais são as personagens que integram esse mito?
  2. Quais características você atribui a cada uma dessas personagens?
  3. Na sua opinião, quais foram as motivações de medéia para agir como agiu?
  4. Quais foram as diferentes versões da peça encontradas? Qual chamou mais a sua atenção e por quê?
  5. Quais elementos da linguagem teatral você identificou nessas diferentes versões da tragédia?
Respostas e comentários

Pensar e fazer arte

Nesta seção, com proposta de atividade com duração de, aproximadamente, três aulas, os estudantes realizarão uma pesquisa sobre diferentes versões teatrais criadas para a tragédia medéia. Nessa pesquisa, eles deverão identificar elementos da linguagem teatral trabalhados ao longo da Unidade.

Procedimentos

Introduza a proposta retomando as discussões das últimas páginas.

•  Separe os estudantes em grupos de até cinco participantes. Você poderá compor os grupos de modo a mesclar estudantes com diferentes perfis, aproveitando também a colaboração entre eles como um recurso para lidar com uma sala com muitos estudantes, caso seja essa a realidade da escola.

Depois de realizada a pesquisa, circule entre os grupos e pergunte a eles quais foram essas versões. Peça que destaquem como os diferentes elementos da linguagem teatral trabalhados ao longo da Unidade estão presentes sonoridade, espacialidade, corpo, visualidade, recursos cênicos como as máscaras, coro etcétera. Você pode destacar cada elemento como um tópico, de modo a retomar os conteúdos.

Depois que eles escreverem o resumo da história, converse com eles sobre as impressões que tiveram e sobre o efeito do gênero tragédia sobre a nossa recepção. Quais relações eles fazem com as narrativas que eles já conhecem de filmes, novelas, séries e desenhos? Agora que eles sabem do que se trata, o que eles pensam sobre a tragédia?

Depois dessa conversa, proponha a reflexão no diário de bordo.

Avaliação

Essa é uma avaliação de resultado. Aqui, não apenas os principais elementos da linguagem teatral trabalhados deverão ser retomados, mas também os dados da percepção dos estudantes sobre o gênero teatral trágico. Você poderá usar o resumo, as leituras e as anotações do diário de bordo como recursos avaliativos, mas dê atenção também às reflexões que os estudantes compartilharem na conversa após a pesquisa. Eles também poderão ser avaliados pela apropriação dos recursos e procedimentos de pesquisa, pela cooperação com os colegas e pelas relações que construírem entre o trabalho da Unidade e essa proposta final.

Autoavaliação

Faça no diário de bordo.

Ao longo do estudo da Unidade, você conheceu a origem do teatro.

Além disso, estabeleceu contato com alguns dos principais elementos da linguagem teatral e descobriu que as primeiras manifestações teatrais ocorreram há milhares de anos e que elas eram realizadas por nossos ancestrais, provavelmente em rituais.

Nesta Unidade, você conheceu também a origem do teatro em diferentes culturas e soube por que a Grécia antiga é considerada o “berço do teatro”.

Além disso, teve contato com diferentes tipos de máscara, experimentou a criação de uma máscara e participou de diferentes jógosteatrais.

Tudo isso que aprendeu nesta Unidade auxiliará na reflexão sobre o teatro e poderá ajudá-lo a enxergar essa linguagem (o teatro) de uma nova maneira, identificando elementos que até então você não conhecia.

Agora chegamos ao final da Unidade e é importante que você faça uma reflexão sobre o que aprendeu, sobre o que conheceu e sobre o caminho que percorreu até aqui.

Responda no diário de bordo às questões a seguir.

Ilustração. Ícone diário de bordo.
  1. Pensando nas propostas desta Unidade, mencione aquela de que você mais gostou e que mais o ajudou a compreender a linguagem teatral. Justifique sua escolha.
  2. Como você se sentiu ao participar das atividades práticas desta Unidade? Descreva essa experiência.
  3. Ao refletir sobre o estudo desta Unidade, você considera que ele mudou a fórma como você vê o teatro? Em caso afirmativo, descreva de que maneira.
  4. O que você acha que poderia ajudá-lo a conhecer mais sobre o teatro? Justifique sua escolha.
  5. Como você avalia a sua interação com os colegas ao longo das propostas?
  6. Você recebeu ajuda para realizar as suas atividades? Você pôde ajudar os seus colegas?
  7. Você se sentiu respeitado pelos colegas durante as propostas de interação, envolvendo fala, movimento corporal e interação? Em caso negativo, o que gostaria que tivesse sido diferente?
  8. Você foi acolhedor e respeitoso com os colegas? Se não, o que deve ser feito para mudar isso?
  9. Você acha que precisa ou pode melhorar em algum ponto? Qual?
Respostas e comentários

Autoavaliação

Nesta seção, os estudantes vão relacionar os conteúdos aprendidos ao longo da Unidade com as experiências vivenciadas em sala de aula, por meio das propostas de experimentação, da interação, do diálogo com os colegas, das pesquisas e das reflexões feitas em conjunto ou durante a leitura dos registros no diário de bordo.

Aproveite para revisitar os objetivos de cada Tema e revisar as habilidades trabalhadas, de modo a verificar se a aprendizagem contemplou os objetos de conhecimento pertinentes ao ensino de teatro e outras unidades temáticas da arte.

Para introduzir a prática autoavaliativa, leia o texto introdutório, anterior às perguntas do livro. Interrompa a leitura para lembrá-los de conversas significativas que tenham acontecido, experimentações e também dos conteúdos específicos abordados, relembrando os pontos que geraram maior interesse e participação.

Antes de ler as perguntas, sugira que eles revisitem o diário de bordo. Vocês podem percorrer as páginas, retomando a sequência do aprendizado e compartilhando, eventualmente, algo que chame a atenção dos estudantes em seus próprios registros.

Depois dessa retomada, abra uma roda de conversa e faça todas as perguntas do livro em sequência. Eles podem abrir um novo item no diário de bordo para anotar as reflexões.

Atenção para perguntas que podem exigir mediação: alguns temas, como a acolhida dos colegas e o envolvimento nas propostas livre de preconceitos podem revelar conflitos no relacionamento entre os estudantes. Esteja atento para mediar essas interações, de modo a não equalizar os papéis dos envolvidos em possíveis relatos de opressão, mas garantindo que todos possam interagir, se escutar e se respeitar.

Você pode aproveitar este momento para identificar dificuldades e lacunas no trabalho do bimestre que reflitam as suas escolhas pedagógicas. Diante do olhar dos estudantes sobre toda essa trajetória de aprendizagem, você faria algo diferente? Mudaria alguma abordagem, algum conteúdo, ou reorganizaria a sequência de práticas? Aproveite essa oportunidade para ouvir os estudantes e readequar a sua abordagem pedagógica.