Tema 2  A linguagem musical

Das musas à música

Você sabia que a palavra música remontaglossário à Grécia antiga? A origem dessa palavra tem relação com as musas, que, na mitologia grega, eram divindadesglossário que inspiravam os artistas e os pensadores a escrever poemas, narrativas, peças de teatro, músicas e a realizar cálculos.

Na mitologia grega, eram nove as musas e cada uma delas inspirava uma das artes. É importante lembrar que, para os gregos da Antiguidade, a música era sempre associada à poesia e à dança.

Observe, a seguir, a reprodução de uma pintura de um artista do século O tema dessa pintura é o mito das musas. Note cada detalhe da reprodução atentamente. Você acha que é possível estabelecer alguma relação entre a representação das musas e a arte que elas inspiram?

Pintura. Em  estilo clássico, apresenta três mulheres de cabelos loiros presos com coroas de louro. Elas usam túnicas longas frouxamente presas ao corpo. Estão sentadas em uma rocha, sob uma árvore copada, com troncos grossos, no campo. A mulher à esquerda segura na mão direita uma trombeta virada para cima e apoia o braço esquerdo sobre um grande livro. Tem a cabeça ligeiramente voltada para a direita e o olhar distante. Veste uma túnica roxa e, sobre as pernas, um manto de tecido marrom-amarelado. A mulher à direita toca uma flauta transversal e está vestida de azul-claro. Abaixo, sentada de costas, no chão, aos pés das duas primeiras e entre elas, uma mulher olha para a uma máscara que segura na mão direita estendida. Veste túnica e um manto de tecido, caído sobre as pernas, em tons de azul. As figuras são claras, iluminadas. A vegetação tem tons escuros de verde, contrastando com o céu azul-claro, com nuvens leves.
. Clio, Euterpe e Talia. cêrca de 1652-1655. Óleo sobre tela, 130 por 130 centímetros. Museu do Louvre Paris, França.
Respostas e comentários

Objetivos

Compreender o surgimento e a importância dos instrumentos musicais.

Conhecer a origem da palavra música.

Entender a importância ritual das flautas para os povos indígenas.

Compreender os conceitos de ritmo, melodia e harmonia.

Compreender elementos da música por meio de vivências e práticas musicais.

Experienciar a criação de trabalhos artísticos coletivamente.

Desenvolver a autoconfiança e a autocrítica por meio da experimentação artística.

Habilidades favorecidas neste Tema

(ê éfe seis nove á érre um seis), (ê éfe seis nove á érre dois zero), (ê éfe seis nove á érre dois três), (ê éfe seis nove á érre três um), (ê éfe seis nove á érre três dois), (ê éfe seis nove á érre três três) e (ê éfe seis nove á érre três quatro).

Contextualização

Ao iniciar este Tema, relembre com os estudantes quais eram os instrumentos utilizados pelo quinteto Vento em Madeira, apresentado no início desta Unidade. Recorde que havia um piano, uma bateria, um contrabaixo, saxofones e flautas transversais. Converse com os estudantes sobre o surgimento da música na humanidade. O texto a seguir fornece mais informações sobre esse tema.

“Nenhum dado científico permite estabelecer, nem mesmo aproximadamente, a ordem de aparecimento dos fenômenos musicais. Pode-se apenas imaginar uma sucessão hipotética de etapas evolutivas, como a seguinte:

1. Organização rítmica rudimentar, por batidas com bastões, percussão no corpo, objetos sacudidos ou entrechocados, em função de movimentos vitais reticências.

2. Imitação dos ritmos ou dos ruídos da natureza, pela boca e pela laringe. O grito também é uma válvula de escape das sensações e emoções primárias, um meio de expressão das necessidades elementares reticências.

3. A emoção ou a intenção expressiva provoca variações na altura e no timbre da voz; o homem procura cultivá-las, e a voz se adapta progressivamente às variações voluntárias. reticências.

4. Fabricação de objetos sonoros, mais bem diferenciados, mais eficazes, capazes de expressão ‘artística’ e de imitação dos ruídos da natureza. Essa imitação pode ter um caráter mágico; assim, em nossos dias, certos pigmeus imitam a chuva nos tambores para fazê-la cair... Ao cabo de uma lenta adaptação encefálica e muscular, o homem torna-se apto a falar (domínio da língua abstrata) e a cantar. Ele terá a ideia genial de associar a expressão vocal à expressão ‘instrumental’, cujo parentesco a princípio não adivinharia. O Homo sapiens adquire uma consciência musical (cêrca de 40 000 anos atrás).

5. Sob a pressão das sociedades em formação, os fenômenos sonoros provocados se organizam de maneira sistemática; o canto se distingue, então, claramente da linguagem falada, a dança e a música instrumental da expressão gestual sonorizada. A consciência do futuro proporciona às ações humanas um caráter prospectivo e refletido. Nascimento das primeiras civilizações musicais (cêrca de 9 000 antes de Cristo).”

Candê, Róland de. História universal da música. tradução: Eduardo Brandão; : Marina Appenzeller. São Paulo: Martins Fontes, 2001 volume 1.

Leitura de imagem 

Comente com os estudantes que Clio segura uma trombeta (para anunciar os grandes acontecimentos da história) e um livro (para registrar esses acontecimentos), Euterpe toca uma flauta transversal (referência à música) e Talia segura uma máscara (referência ao teatro). Explique a eles que as musas eram filhas de Júpiter (deus do dia, da claridade) e de minemózine (deusa da memória) e que os cantos e as danças que elas realizavam entretinham os deuses. Comente com eles as nove musas: Clio, musa da história, canta o passado dos seres humanos e dos povos; Euterpe, musa da música, fascina as pessoas e os animais com seu encanto; Talia, musa da comédia, expõe a faceta cômica de todas as coisas; Melpómene, musa da tragédia, canta o sofrimento e a morte; terpisícore, musa da dança, dos ritmos; Erato, musa da poesia amorosa, canta os prazeres e as dores do amor; políminia, musa que inspira os poetas que cantam ao som da lira; Urânia, musa da astronomia, canta a beleza e a harmonia dos astros; e Calíope, musa da poesia heroica e da grande eloquência. Comente também que o quadro Clio, Euterpe e Talia é uma pintura barroca – é um estilo que se originou na Itália, no final do século dezesseis, e se disseminou pelo continente europeu no século dezessete.

Um dos primeiros instrumentos musicais

Na abertura desta Unidade, você conheceu um pouco da história e do trabalho realizado pelo quinteto Vento em Madeira e descobriu que todos os integrantes do grupo são instrumentistas, ou seja, tocam instrumentos musicais. Você sabia que os seres humanos produzem instrumentos musicais há milhares de anos e que a flauta está entre os instrumentos mais antigos de que se tem conhecimento?

Fotografia. Retrato de mulher de cabelo loiro, longo, vestindo blusa azul. Ela toca uma flauta pequena e fina, que segura com as duas mãos.
A flautista Bernadette cáfer toca a réplica de uma flauta pré-histórica encontrada no sul da Alemanha. Fotografia de 2012.

Estudos indicam que, há cêrca de 40 mil anos, os seres humanos teriam começado a atribuir sentido aos sons que ouviam ou aos sons que eles mesmos emitiam. Essa consciência teria surgido da audição de sons naturais, como grunhidos (sons emitidos por alguns animais), gritos, palmas e o bater dos pés. Por meio dessa consciência, nossos antepassados passaram a utilizar esses sons em ações do cotidiano, como a comunicação entre integrantes de um grupo, a organização de caçadas e o aviso sobre possíveis perigos.

Foi o desenvolvimento dessa consciência sonora que possibilitou aos seres humanos criarem os primeiros instrumentos musicais. A flauta da fotografia é uma réplica de um instrumento musical que foi produzido há cêrca de 35 mil anos. Acredita-se que a flauta original tenha sido feita do osso de uma ave.

Faça no diário de bordo.

Experimentações


Assim como nossos antepassados utilizavam os sons dos instrumentos para se comunicar, nesta experimentação, você criará um sistema de comunicação sonora com um colega.

Procedimentos

  1. Individualmente, façam uma lista de perguntas em que as possíveis respostas sejam unicamente “sim” ou “não”. Por exemplo: você gosta de comer maçã? Você virá à escola amanhã? Você fez a lição de casa de Matemática?
  2. Criem conjuntamente um som específico para a resposta afirmativa e outro para a negativa.
  3. Agora você está pronto para fazer a sua entrevista. Faça as perguntas em voz alta para a sua dupla e, em seguida, feche os olhos. Seu colega deverá responder utilizando os sons definidos para “sim” e “não”. Por fim, anote as respostas sonoras que você escutou e confira, ao final da entrevista, se identificou corretamente o que o colega respondeu.
Respostas e comentários

Sobre a flauta pré-histórica

Se considerar oportuno, comente com os estudantes que, liderada pelo arqueólogo , uma equipe da Universidade de Tübingen, Alemanha, montou a flauta original (que tem 22 centímetros de comprimento) com 12 fragmentos de osso encontrados na caverna de Hohle Fels, no sul da Alemanha, em 2009.

Proponha uma pesquisa sobre como era o planeta Terra em .35000 antes de Cristo Ela pode ser realizada de fórma integrada com a disciplina de História, consultando livros e a internet. Organize previamente uma data para a apresentação dos dados coletados e, caso julgue pertinente, organize grupos para a realização da atividade.

Experimentações 

Inicialmente, organize as duplas. Observe que esta proposta necessitará em torno de 30 minutos. Saliente que os sons escolhidos para a resposta negativa e para a afirmativa necessitam ser bem distintos para não haver confusão e facilitar a identificação. A intensidade do som também precisa favorecer a sua percepção.

As flautas indígenas

As flautas têm papel importante em rituais e em cerimônias de diferentes povos indígenas e são produzidas com diversos materiais, como ossos de animais, troncos de árvores e pedaços de bambu.

Grupos que vivem no Parque Indígena do Xingu, no estado de Mato Grosso, por exemplo, tocam a uruá (flauta feita de bambu) durante o Cuarúpi, cerimônia realizada em homenagem aos mortos. A origem dessa cerimônia está relacionada à fórma como os povos do Xingu acreditam que a humanidade tenha sido criada. O Cuarúpi é realizado por diferentes povos indígenas e é composto de várias atividades, como danças, cânticos e lutas.

A flauta uruá é feita com dois tubos longos de tamanhos diferentes. Esses tubos não têm furos, e as notas são obtidas por meio das diferentes maneiras como os tocadores posicionam os lábios quando sopram. A obtenção das notas também está relacionada com o tamanho de cada um desses tubos.

Fotografia. Duas mulheres e dois homens indígenas tocando e dançando em um chão de terra. Os homens usam cocares amarelos com duas longas penas centrais vermelhas, apresentam pinturas e adornos corporais e usam tangas amarelas e verdes. Nos joelhos dos homens estão atadas faixas vermelhas e brancas. Nas pernas, um usa faixas azuis, brancas e pretas. E o outro usa faixas vermelhas e brancas, como as dos joelhos. Cada homem toca uma flauta longa, feita de dois bambus amarrados um no outro. À direita de cada homem há uma mulher de cabelo preto, longo, usando largos colares verdes que vão até a altura da cintura e tangas bege. Nos joelhos das mulheres estão atadas faixas amarelas. Os homens usam chinelos e as mulheres estão descalças.
Membros do povo Kalapalo tocam uruás durante o Cuarúpi, em Querência Mato Grosso, em 2009.
Respostas e comentários

Contextualização

Comente com os estudantes que o Cuarúpi é considerado a maior celebração indígena do país. Nesse ritual, os indígenas prestam homenagens aos mortos, representados por pedaços de troncos que são carregados por vários guerreiros até ser lançados no Rio Xingu. Explique-lhes que, embora o Cuarúpi seja um ritual de morte, não deixa de ser uma celebração pela vida dos que continuam a trajetória daquela sociedade, mantendo a tradição dos ancestrais. Se for possível, aborde outros aspectos da mitologia dos povos indígenas que vivem no Xingu. Mais informações sobre o Cuarúpi e outros rituais realizados por esses povos podem ser obtidas no texto “Rituais xinguanos” nas Leituras complementares, nas páginas iniciais deste Manual.

O Parque Indígena do Xingu

Comente com os estudantes que o Parque Indígena do Xingu está localizado no norte do Mato Grosso e que foi fundado em 1961 para abrigar e proteger os povos indígenas ameaçados pela frente colonizadora nacional. O parque abriga mais de uma dezena de etnias – entre elas Vauia, Kaiabi, Iquipengui, , Trumai, Matipu, narrucuá, Kamaiurá, Iaualapití, Merrínaco, Kalapalo, Auêtí e Kuikuro –, constituindo um símbolo de diversidade cultural.

Artista e obra

diuêna Tikuna

diuêna Tikuna nasceu na Terra Indígena Tukuna Umariaçu, localizada em Tabatinga Amazonas , na fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia. diuêna é autora de mais de vinte composições, todas escritas na língua tikuna. Suas canções abordam aspectos relacionados à identidade cultural e aos direitos dos povos indígenas.

A seguir, temos a letra da canção “ (em português, A anciã vive em mim a sua juventude), canção que trata da importância da valorização da sabedoria ancestral como um presente para as futuras gerações.

Ouça o áudio “Trecho de (A anciã vive em mim a sua juventude), composição e interpretação de diuêna Tikuna" e acompanhe a letra reproduzida a seguir. Abaixo de cada verso da letra em tikuna está a tradução para o português.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Reprodução de letra de música. 
Moeütchima pa tchorü no’e
(A anciã vive em mim a sua juventude)
‘No’e tchamaã nü’v tiu i ore
A anciã me conta história
Ü’ü cüwawa tchamaã nü’ v tiú i ore
Na beira da fogueira ela me contou
Nucümaügü tacümagü
Como era a nossa tradição,
erü tocümagü rü na utüv’
Nossos costumes sagrados
ngema torü yü’ügü rü na utü’v
Nossa dança sagrada,
ngema torü wiyaegü rü na utü’v
Nosso rio sagrado,
ngema torü natü rü na utü’v
nosso canto sagrado.
ngema torü naînecü rü na utü’v
Nossa floresta sagrada.
Ngi’ã ye’erawa tanange
E isso vamos levar para ensinar aos que estão vindo.
tümacagü i buãtagü
Nossas crianças
tümacagü ta’acügü
Nossos filhos
tümacagü tata’agü
Nossos netos
Moeütchima pa tchorü no’e
Gratidão à sábia anciã,
ngema ore rü ye’erawa ta tchanange
sua história levarei comigo.
ngema cucüma rü tchawa namaü
Os seus ensinamentos vivem em mim.
Moeütchima pa tchorü no’e
Gratidão à sábia anciã.’
TIKUNA, Djuena. In: TIKUNA, Djuena. Tchautchiüãne. Manaus:
Estúdio 301, 2017. CD. Faixa 9. (Tradução do professor Sansão Tikuna.)

TIKUNA, Djuena. In: TIKUNA, Djuena. Tchautchiüãne. Manaus: Estúdio 301, 2017. CD. Faixa 9. (Trad. professor Sansão Tikuna.)

Fotografia. Retrato de mulher indígena jovem, cantando em um microfone, que segura com a mão direita. Ela tem cabelo preto, longo. Usa pintura facial elaborada com linhas finas pretas e vermelhas que vão de uma bochecha à outra, cruzando o nariz, e terminam no canto dos lábios, em pequenos arabescos. No pescoço, traz um colar de contas pretas e, nas orelhas, brincos de penas amarelas. A vestimenta é branca, ornamentada com linhas pretas, azuis e marrons e um pequeno ponto vermelho central, na altura do peito.
A cantora e compositora diuêna Tikuna durante apresentação em Manaus Amazonas , em 2013.
Respostas e comentários

Artista e obra

Comente com os estudantes que a expressão tikuna significa, em português, “minha aldeia”.

Proponha a audição de “‘Trecho de (A anciã vive em mim a sua juventude), composição e interpretação de diuêna Tikuna”, tentando seguir a letra em tikuna e chame a atenção para a presença de sons que não existem na língua portuguesa. Ajude-os a perceber também o caráter repetitivo da melodia e a marcação do ritmo pela percussão. Pergunte aos estudantes se eles conseguem perceber alguns instrumentos acompanhando essa canção. Espera-se que eles percebam a presença de um som de instrumento de pele (tambor) e um guizo ou chocalho.

Os elementos da linguagem musical

A música é uma linguagem que nos possibilita expressar e comunicar ideias, pensamentos e sensações por meio da organização dos sons e do silêncio. A linguagem musical é composta de vários elementos, entre eles o ritmo, a melodia e a harmonia.

O ritmo

Você já deve ter observado que a natureza segue um ritmo. Pense, por exemplo, na alternância entre o dia e a noite ou no ciclo de vida dos seres vivos. Esses fenômenos acontecem em uma ­sequência ordenada de eventos que denominamos ritmo. O nosso corpo também apresenta um ritmo: as batidas do coração, por exemplo, acontecem de acordo com um batimento ritmado que se chama pulsação.

O ritmo é um dos principais elementos da linguagem musical e refere-se à ocorrência dos sons (alternando entre fortes e fracos) e do silêncio em um período de tempo. Por essa razão, podemos afirmar que, na música, o ritmo relaciona-se diretamente com a duração dos sons (propriedade que você conheceu na página 105).

Fotografia. Casal de adultos jovens  fazendo caminhada na calçada da orla de uma praia. Estão quase de costas. A mulher tem cabelo castanho, longo e usa boné, camiseta de alças e short. Ao seu lado, o homem tem cabelo preto, curto e boné. Veste camiseta regata de cor escura e bermuda preta. Ambos estão calçados com tênis. Ao fundo, depois de uma estreita faixa de areia está o mar que, refletindo a luz forte do sol, ilumina toda a paisagem com tons de branco, amarelo muito claro, laranjas, marrons.
Ao realizar uma caminhada, por exemplo, também é possível estabelecer um ritmo. Fotografia de 2017.

Faça no diário de bordo.

Experimentações


  1. Acompanhado por gravações musicais, caminhe pelo ambiente em diferentes velocidades e direções. Simultaneamente, tente acompanhar o ritmo da música batendo palmas e coxas, seguindo as orientações do professor. Aproveite para explorar movimentos, gestos e sons corporais variados.
  2. Nesta atividade, com a orientação do professor, você se reunirá em grupo com alguns colegas para criar breves sequências rítmicas utilizando os sons produzidos pelo corpo. Para isso, siga as instruções a seguir.
    1. Experimentem as possibilidades sonoras do corpo (palmas, estalo de dedos, bater nas pernas, bater os pés, sons diversos feitos com a boca, entre outros).
    2. Estruturem uma breve sequência de sons produzidos pelo corpo que possa ser facilmente memorizada. Registre a sequência que você criou em seu diário de bordo. Caso consiga desenvolver diferentes ritmos, aproveite e anote todas as suas composições.
      Ilustração. Ícone Diário de bordo.
    3. Repitam a sequência criada de acordo com uma regularidade rítmica, sem acelerar nem diminuir a duração dos sons.
    4. Apresentem sua sequência aos colegas e peçam a eles que tentem reproduzi-la.
Respostas e comentários

Sugestão de atividade

Para proporcionar uma vivência rítmica, organize o espaço da sala de aula e peça a todos que caminhem com passos lentos de fórma sincronizada. Para auxiliar os estudantes, peça que andem batendo as palmas das mãos nas coxas para marcar o ritmo. Varie a velocidade e desperte a atenção de todos para que andem com maior ou menor velocidade. Caso não haja espaço suficiente, organize a turma em dois grupos: enquanto um grupo caminha, o outro bate as palmas nas coxas; em seguida, alterne os grupos. Ao trabalhar alguns dos sons produzidos pelo corpo, observe que eles têm timbres, alturas e intensidades diferentes. Estimule os estudantes a buscar sons variados utilizando partes diferentes do corpo. Desperte a atenção de todos para que observem que alguns sons podem durar mais do que outros, como é o caso do assobio comparado com uma palma; para isso, tente combinar sons longos com curtos.

Não se esqueça de organizar o tempo para as apresentações de acordo com a quantidade de grupos.

Caso seja possível, grave as apresentações e inclua-as na plataforma digital da escola ou em arquivos digitais pessoais. Observe como os estudantes se movimentam e relacionam seus gestos com o ritmo, na intenção de que eles consigam executar com sincronia: corpo e ritmo.

Experimentações

Oriente os estudantes na formação dos grupos. Para esta proposta, o ideal é formar grupos pequenos. É importante organizar o espaço para realizar a atividade, de modo que os estudantes tenham liberdade para fazer os movimentos. Se possível, peça-lhes que formem uma roda, orientando-os a repetir a sequência para que a desenvolvam com mais habilidade. Auxilie-os no registro no diário de bordo.

A melodia e a harmonia

Em música, chamamos melodia a sequência de sons musicais ouvidos ou tocados um após o outro, de modo que se expresse um sentido musical. Em uma canção, por exemplo, a melodia é a parte da música que o cantor canta, emitindo sons (notas musicais) sem a letra. Nas músicas instrumentais, ou seja, nas músicas em que não há o canto, geralmente podemos encontrar as melodias nas partes mais destacadas da música, que podem ser tocadas por apenas um instrumento ou por vários.

A harmonia é o resultado sonoro equilibrado decorrente da combinação de vários sons tocados simultaneamente (que podem ser chamados acordes). As harmonias geralmente são usadas como acompanhamento das melodias.

Experimentações


Siga as instruções e realize a atividade proposta.

a) Leia o trecho da canção “Luar do sertão” reproduzido a seguir. Essa leitura deve ser feita em voz alta e de fórma contínua.

(2×)

“Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão.”

CEARENSE, Catulo da Paixão; PERNAMBUCO, João. Luar do sertão. Intérpretes: Luiz Gonzaga e Milton ­Nascimento. In: GONZAGA, Luiz. A festa. érre cê á, 1981. Faixa 1.

b) Agora, cante esse trecho da canção. Observe que algumas palavras são cantadas mais rapidamente e outras, mais lentamente, estabelecendo um ritmo. Quais são as palavras cantadas de modo mais lento do que as outras?

c) Cante novamente a canção, mas agora com a boca fechada, sem pronunciar as palavras, e perceba os diferentes sons musicais. Note que, mesmo sem dizer as palavras, você conseguirá reconhecer a melodia da canção.

d) Ouça o áudio "Trecho de 'Luar do sertão', de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco". Perceba que a primeira parte da gravação apresenta a melodia executada pela voz do cantor. Na segunda parte, o violão executa a harmonia da mesma canção e, por fim, na última repetição, a melodia foi enriquecida pela harmonia dos acordes executados de modo arpejado (com as notas tocadas em sequência, e não simultaneamente).

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

PARA ASSISTIR E OUVIR

Tum Pá, ao vivo. Barbatuques. Direção: Núcleo Barbatuques. Brasil: ême cê dê, 2014. 1 dêvedê (52 minutos).

Esse dêvedê traz o registro do show Tum Pá. A proposta do Barbatuques é utilizar o corpo como instrumento musical. O grupo explora a produção de músicas com o corpo e a recriação de canções da cultura popular brasileira.

PARA LER

ROCA, Núria. Música. São Paulo: Escala Educacional, 2009.

Esse livro transporta o leitor para o mundo da música, propondo diversas experiências com essa linguagem artística.

Respostas e comentários

Experimentações

Organize com antecedência o modo como será desenvolvida esta atividade.

Dependendo do tamanho da turma, forme grupos com os estudantes (para que cante um grupo de cada vez) ou encaminhe para que o canto seja realizado por todos eles juntos.

a) Explique aos estudantes que a leitura deve ser feita na mesma entonação. Comente com eles que entonação é a maneira de emitir um som vocal na fala ou no canto. Para que eles entendam, dê exemplos da mesma frase falada com diferentes entonações.

b) Oriente a atividade de modo que todos os estudantes cantem ao mesmo tempo o trecho da canção.

Depois de eles cantarem a canção, estimule-os a responder à questão livremente.

Comente com eles que as palavras ou sílabas “há”, “gen-” (sílaba da palavra gente), “não”, “-ar” (sílaba da palavra luar), “es-” (sílaba da palavra esse), “do” e “-tão” (sílaba da palavra sertão) são cantadas mais lentamente que as demais.

c) Explique aos estudantes que, ao pensar em uma música, geralmente nos lembramos de sua melodia. Por essa razão, ao cantarolar uma canção conhecida, mesmo que substituamos a letra original por outra qualquer, seremos capazes de identificá-la. Esclareça também a ideia de sentido musical fazendo uma comparação com a linguagem verbal. Explique que, assim como a linguagem verbal segue uma gramática, a música tem sua própria “gramática” e, quando a melodia é construída de acordo com essas regras, ela expressa um sentido musical.

d) Se for possível, apresente novamente aos estudantes o áudio “Trecho de ‘Luar do sertão’, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco” e peça a eles que tentem perceber que a melodia da música é enriquecida pela harmonia dos acordes.

Entre textos e imagens

O ritmo na poesia

Você descobriu nesta Unidade que o ritmo é um elemento fundamental para a música e para a dança. O ritmo, no entanto, se encontra também em produções de outras linguagens. Você sabia, por exemplo, que é possível perceber e empregar o ritmo em um poema? Leia o poema a seguir.

Ritmo

Na porta

a varredeira varre o cisco

varre o cisco

varre o cisco

  

Na pia

a menininha escova os dentes

escova os dentes

escova os dentes

  

No arroioglossário

a lavadeira bate roupa

bate roupa

bate roupa

  

até que enfim

se desenrola

toda a corda

e o mundo gira imóvel como um pião!

QUINTANA, Mario. In: CARVALHAL, Tania Franco organização. Mario Quintana: poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. página 385. cópiráiti bái Elena Quintana.

Note que o ritmo − além de fazer parte do título do poema − é construído pelo poeta Mario Quintana (1906-1994) com recursos como a alternância de sílabas (fortes e fracas), a alternância de versos (longos e curtos) e a repetição de palavras. Observe que esses recursos conferem sonoridade ao poema.

Fotografia. Retrato de homem idoso ao ar livre. Ele é calvo, usa óculos de armação escura, com aros arredondados e finos. Veste camisa verde-clara de mangas compridas. Está sentado em um banco, com a mão esquerda apoiada no encosto de pedra e o tronco ligeiramente inclinado para a frente. Ao fundo aparecem folhagens e árvores.
O escritor Mario Quintana, em Porto Alegre Rio Grande do Sul. Fotografia de 1982.

Faça no diário de bordo.

Questões

1. Seguindo as orientações do professor, leia o poema “Ritmo com os colegas, em diferentes velocidades.

Versão adaptada acessível

1. Seguindo as orientações do professor, declame o poema "Ritmo" com os colegas, em diferentes velocidades.

2. Observe se a mudança da velocidade da escuta do poema altera a fórma como você o compreende. Anote suas reflexões no diário de bordo.

Ilustração. Ícone Diário de bordo.
Respostas e comentários

Entre textos e imagens

É fundamental que os estudantes leiam o poema em voz alta, pois a sonoridade não é plenamente percebida na leitura silenciosa. Comente que a sonoridade do poema é a qualidade que se obtém por meio da combinação de certas palavras em determinada ordem, que torna a leitura harmoniosa para quem a ouve.

Comente com os estudantes que se pode estabelecer uma distinção entre as palavras poesia e poema. O termo poesia tem origem no grego e significa “a criação” ou a “obra poética”. Poema – do latim − significa “composição em verso” e pode também denominar um texto de poesia em particular.

Aproveite a oportunidade para que os estudantes tragam seu conhecimento prévio sobre poesia. Pergunte a eles se se lembram de algum poema. Com base nos exemplos apresentados, sugira atividades de leitura dos poemas com ênfase na questão do ritmo.

Depois, proponha a seguinte reflexão: Como diferentes leituras rítmicas podem afetar o significado do texto?

Questões

1. Para iniciar a proposta, leia, em voz alta, o poema para que os estudantes tenham uma referência inicial. Em seguida, organize pequenos grupos e peça a eles que escolham uma velocidade diferente daquela que escutaram para que possam apresentar aos demais colegas.

2. Após as apresentações dos grupos, inicie um debate questionando se houve mudança na expressividade e na compreensão do poema quando se alterou a velocidade de sua leitura e escuta. Por fim, peça que, individualmente, escrevam as percepções que tiveram no diário de bordo.

A poesia e a música

Por muito tempo, a poesia e a música estiveram associadas à trova (composição poética acompanhada de sequência sonora). Ao longo do século quinze, no entanto, a poesia começou a se separar da música e passou a ser feita apenas para ser declamada. Desse modo, os poetas começaram a buscar o ritmo na linguagem verbal, utilizando novas fórmas e outras possibilidades poéticas.

Proposta interdisciplinar

Proponha aos estudantes uma pesquisa sobre os cantos de improviso, que podem ser representados no Brasil pela tradição do repente e pelo rap improvisado. Essa é uma boa oportunidade para relacionar uma tradição cultural brasileira com as novas linguagens e as culturas juvenis urbanas da atualidade. Trata-se de uma proposta interdisciplinar entre a unidade temática Música, no componente Arte, e o componente Língua Portuguesa.

Converse com os estudantes sobre diferentes tradições de improviso poético na cultura brasileira, apresentando dois exemplos. Faça conexões com o texto do livro, destacando o uso das rimas e das sílabas fortes e fracas como um modo de construção rítmica.

Faça no diário de bordo.

Experimentações


Seguindo as instruções a seguir, você fará um exercício musical.

a) Cante com os colegas a canção do áudio "'Luar do sertão', de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco" e acompanhe a letra reproduzida a seguir.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Luar do sertão

(2×)

“Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão.

Oh! Que saudade

Do luar da minha terra

Lá na serra branquejando

Folhas secas pelo chão.

Este luar cá da cidade, tão escuro,

Não tem aquela saudade

Do luar lá do sertão.

(2×)

Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão.

Se a lua nasce

Por detrás da verde mata

Mais parece um sol de prata

Prateando a solidão.

E a gente pega

Na viola que ponteiaglossário

E a canção é a lua cheia

A nos nascer no coração.

(2×)

Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão.


Coisa mais bela

Neste mundo não existe

Do que ouvir-se um galo triste

No sertão, se faz luar.

Parece até

Que a alma da lua

É que descantaglossário

Escondida na garganta

Desse galo a soluçar.

(2×)

Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão.

Ah, quem me dera

Que eu morresse lá na serra

Abraçado a minha terra

E dormindo de uma vez.

Ser enterrado numa grotaglossário  pequenina

Onde à tarde a sururinaglossário

Chora a sua viuvez.

(2×)

Não há, ó gente, ó não

Luar como esse do sertão.”

CEARENSE, Catulo da Paixão; PERNAMBUCO, João. Luar do sertão. Intérpretes: Luiz Gonzaga e Milton Nascimento. In: GONZAGA, Luiz. A festa. érre cê á, 1981. Faixa 1.

b) Com a orientação do professor, com os colegas, escreva uma paródia da canção “Luar do sertão”. A letra deverá descrever os aspectos da região, cidade ou bairro em que você mora. Enfoque as características do lugar onde vive, tanto as positivas quanto as negativas. No caso das negativas, busque incorporar as possibilidades de ação que podem, de alguma contribuir para a melhora dessa condição. Registre a sua composição em seu diário de bordo.

Ilustração. Ícone Diário de bordo.

Avaliação

Após realizar as atividades propostas, responda às questões a seguir em seu diário de bordo.

Ilustração. Ícone Diário de bordo.

a) Defina, com suas palavras, os três elementos da linguagem musical e suas principais características.

b) Você gostou de realizar as atividades em grupo? Qual foi sua maior dificuldade?

Respostas e comentários

Experimentações

Previamente, organize com a turma como será desenvolvida esta atividade.

a) Apresente aos estudantes o áudio “’Luar do sertão’, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco”.

b) Aborde com os estudantes a paródia. Caso eles não saibam o que significa, peça que imaginem e que emitam sua opinião. Depois, comente com eles que paródia é uma releitura cômica, irônica ou bem-humorada de uma obra literária ou musical. A primeira etapa para a realização dessa proposta é escolher o assunto que será abordado na paródia. Depois, é fundamental que se realize uma pesquisa do tema escolhido. Para compor a paródia, os estudantes devem estar atentos ao ritmo da música. A seguir, eles devem cantar verificando se a nova letra (paródia) se encaixa no ritmo. Reserve tempo para a composição e para o ensaio. Agende uma data para a apresentação das paródias e, depois, promova um debate para que todos possam comentar e avaliar esta atividade.

Avaliação

Depois de escreverem as respostas individualmente, pode-se propor uma roda de conversa em que eles socializem essas informações com os colegas.

Glossário

Remontar
: ter origem em.
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Divindade
: ser divino, sagrado.
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Arroio
: pequeno curso de água; riacho.
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Pontear
: dedilhar em instrumento musical de cordas.
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Descantar
: cantar ou tocar.
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Grota
: cavidade na encosta de um morro.
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Sururina
: espécie de ave.
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