Unidade 1  Dança: criação e interpretação

Fotografia. Dois artistas em um palco: um homem de cabelo curto loiro, vestindo camisa branca e saia branca, descalço, está de pé,  com o braço direito esticado para a frente com a palma para cima e a mão esquerda apoiada sobre o ombro de uma mulher agachada à sua frente . Ela está com o cabelo preto  preso e usa um sari vermelho e dourado (espécie de vestido usado pelas mulheres indianas) e jóias douradas. Ela está o braço direito esticado para a frente e a palma para cima.
Apresentação do espetáculo Sãm uád: rua do encontro, de Ivaldo , em São Paulo (São Paulo), em 2004.

Nesta Unidade:

TEMA 1 Dança e composição

TEMA 2 O balé

TEMA 3 O intérprete na dança contemporânea

De olho na imagem

Fotografia. Dois artistas em um palco: um homem de cabelo curto loiro, vestindo camisa branca e saia branca, descalço, está de pé,  com o braço direito esticado para a frente com a palma para cima e a mão esquerda apoiada sobre o ombro de uma mulher agachada à sua frente . Ela está com o cabelo preto  preso e usa um sari vermelho e dourado (espécie de vestido usado pelas mulheres indianas) e jóias douradas. Ela está o braço direito esticado para a frente e a palma para cima.
Apresentação do espetáculo Sãm uád: rua do encontro, de Ivaldo , em São Paulo (São Paulo), em 2004. Na fotografia, vemos a dançarina indiana Sauani Mudgal com um dançarino não identificado.

Faça no diário de bordo.

  1. O que a cena registrada na fotografia desperta em você? Quais situações, memórias ou imagens ela evoca? Converse com os colegas e com o professor.
  2. A imagem dos dançarinos na fotografia lembra alguma dança que você saiba dançar ou conhece? Em caso afirmativo, descreva-a para o professor e para os colegas.
  3. Lembre-se de alguma apresentação de dança a que você já tenha assistido. Você sabe identificar que tipo de dança era essa? Há alguma semelhança entre ela e a imagem desta página?
Versão adaptada acessível

3. Lembre-se de alguma apresentação de dança que você conheça. Você sabe identificar que tipo de dança é essa? Há alguma semelhança entre ela e a imagem desta página?

4. Observe as partes do corpo dos dançarinos que estão em evidência no movimento dessa cena. O que elas comunicam a você?

Versão adaptada acessível

4. O que o movimento retratado nessa imagem comunica a você?

  1. Perceba a composição dos dançarinos. Eles estão em níveis diferentes, porém seus corpos apontam para a mesma direção. Qual impressão isso causa em você?
  2. Alguma vez você já participou de uma apresentação de dança? Em caso afirmativo, usou algum figurino para dançar?
  3. Observe o figurino dos dançarinos da fotografia. Você já assistiu – em um teatro, em algum canal da internet, no cinema ou pela televisão − a alguma apresentação de dança, algum seriado, filme ou programa em que um figurino parecido com esse foi usado pelos dançarinos?
Versão adaptada acessível

7. Você conhece – em um teatro, em algum canal da internet, no cinema ou na televisão − alguma apresentação de dança, algum seriado, filme ou programa em que um figurino parecido com esse foi usado pelos dançarinos?

8. O que você poderia dizer sobre a escolha desse figurino pelo coreógrafo e/ou pelo figurinista?

Artista e obra

Ivaldo

O profissional da dança que criou as coreografias do espetáculo Sãm uád: rua do encontro foi o dançarino e coreógrafo Ivaldo . O coreógrafo é o profissional que cria e organiza os movimentos que compõem um espetáculo de dança. Você conhece algum coreógrafo? Em caso afirma­tivo, conte aos colegas como é o trabalho dele.

Há mais de trinta anos, tem se dedicado ao desenvolvimento de projetos que envolvem arte, saúde, educação, cultura e cidadania. Nesses projetos, em geral, ele trabalha com crianças e jovens que vivem em comunidades de baixa renda e que têm pouco acesso à dança cênica.

Bertazzo também é reconhecido por seu trabalho com a reeducação do movimento. Esse trabalho visa a tornar o ato de dançar mais consciente, menos mecânico, pois proporciona aos dançarinos maior compreensão de sua estrutura corporal.

Em seus projetos, esse coreógrafo costuma reunir pessoas que não são dançarinos profissionais, que ele chama de “cidadãos dançantes”. Em Sãm uád: rua do encontro, por exemplo, ele trabalhou com um grupo de jovens que nunca havia dançado profissionalmente. Isso também ocorreu no espetáculo Próximo passo, retratado nesta página.

Fotografia. Ivaldo Bertazzo, um homem branco, calvo, vestindo camisa preta, calça azul e meias cinza está no chão de um salão se alongando e falando para pessoas sentadas de pernas cruzadas diante dele.
Ivaldo orienta um grupo de dançarinos. São Paulo (São Paulo). Fotografia de 2017.
Fotografia. Dançarinos, homens e mulheres,  de diferentes tipos físicos em um palco iluminado. Eles vestem roupas em tons de vermelho, roxo, azul, verde e rosa. Todos eles estão apoiados no pé esquerdo, enquanto a outra perna está esticada para o lado, de braços abertos com as mãos para cima.
Cena do espetáculo Próximo passo, de Ivaldo , em São Paulo (São Paulo), em 2017.

Tema 1  Dança e composição

A coreografia

A imagem reproduzida na abertura desta Unidade mostra uma cena do espetáculo Sãm uád: rua do encontro. Em apresentações como essa, os integrantes do grupo dançam de acôrdo com algo criado e ensaiado previamente; a isso se dá o nome de coreografia.

A criação e a escolha dos movimentos que compõem uma coreografia têm origem na intenção artística do coreógrafo e no tema sobre qual ele deseja refletir e no que pretende compartilhar com o público por meio da dança. Observe, a seguir, outra fotografia do espetáculo Sãm uád: rua do encontro.

As coreografias são um modo de organizar um espetáculo de dança. Muitas danças, no entanto, não são coreografadas antecipadamente, mas criadas no momento da apresentação, por meio de técnicas e jogos de improviso. Por isso mesmo, essas danças recebem o nome de improvisação.

Fotografia. No centro de um  palco marrom com paredes pintadas em tons coloridos e seis degraus altos cinza, estão posicionados dançarinos e dançarinas com roupas brancas e faixas vermelhas nos joelhos. Alguns deles estão apoiados em um pé só e outros estão saltando. Todos olham na mesma direção, da plateia.
Apresentação do espetáculo Sãm uád: rua do encontro, de Ivaldo , em São Paulo (São Paulo), em 2004.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

  1. Reúna-se com até cinco colegas para descobrirem juntos quais movimentos ou coreografias vocês conhecem.
    1. Como são essas coreografias? Vocês se lembram de alguns passos delas? Quem se lembrar pode mostrar e ensinar ao restante do grupo.
    2. Como pode ser o encontro entre essas sequências de movimentos diferentes? Qual movimento vem antes, qual vem depois? Será que os movimentos podem ser misturados? Criem sequências diferentes com os mesmos movimentos para ver como a dança vai se transformando.

A influência da cultura indiana

A palavra Sãm uád tem origem hindu e significa “harmonia do encontro”. A presença dessa palavra no título do espetáculo e o figurino da dançarina retratada na fotografia da abertura desta Unidade são um indicativo de que Ivaldo Bertazzo teve as danças indianas como referência para desenvolver o espetáculo Sãm uád: rua do encontro.

A palavra encontro, que também faz parte do título, revela a proposta do coreógrafo, pois nesse espetáculo ele escolheu trabalhar com elementos de danças indianas tradicionais e com o samba, uma das danças brasileiras mais conhecidas. Assim, nesse espetáculo, há o encontro de duas culturas: a indiana e a brasileira.

Entre as danças indianas pesquisadas pelo coreógrafo para criar Sãm uád: rua do encontro estão a baratanátiam e a catãk.

Com base em imagens encontradas em esculturas e pinturas feitas em paredes de templos, acredita-se que a dança baratanátiam tenha surgido na Índia há mais de 2 mil anos e foi preservada por mestres de dança e por dançarinas sagradas. Na apresentação dessa dança, os dançarinos assumem diversos papéis em uma única performance, que é acompanhada de um grupo musical.

A dança catãk tem origem na tradição dos contadores de histórias, que passaram a incluir gestos ao narrar as histórias. Com o passar do tempo, essa prática se transformou em dança, levando ao que conhecemos hoje por dança kathakglossário .

Fotografia. Mulher de cabelo longo preto e preso em um coque, usando vestido vermelho e dourado e adereços e joias douradas. Ela dança descalça em um palco, com o braço direito  estendido e o esquerdo dobrado, na altura dos ombros. Ao fundo, há uma grande escultura com três cabeças humanas em um só tronco. Elas estão de olhos fechados e cada uma está com o rosto voltado para uma direção diferente.
A dançarina Alarmel Valli em performance da dança baratanátiam, em Mumbai, Índia, em 2007.
Fotografia. Dançarina com o cabelo coberto por um véu longo vermelho, usando vestido vermelho e dourado. Ela está descalça em um palco e movimenta o braço esquerdo para frente com a palma da mão para baixo. Ao fundo, há um conjunto musical com diversos instrumentos, alguns de cordas. Os músicos estão sentados sobre tapetes estendidos no piso, com microfones à frente deles.
A dançarina Manjari Chaturvedi apresenta a dança catãk, em Nova Delhi, Índia, em 2009.

Dança e música

A dança não é composta apenas de movimentos. As diferentes sonoridades (incluindo a música), por exemplo, também fazem parte dos processos de composição de uma dança.

Música e movimento são parceiros na dança e são escolhidos de acôrdo com aquilo que o coreógrafo deseja construir. A sonoridade, portanto, “conversa” com a movimentação dos dançarinos, criando ambientes, gerando sensações e despertando sentimentos. Tente se lembrar de danças de que você gosta e note como a música “conversa” com os movimentos.

O encontro cultural proposto pelo coreógrafo no espetáculo Sãm uád: rua do encontro também se evidencia na criação e na seleção musical, pois se estabelece um diálogo entre a música indiana e a música brasileira (nesse caso, o samba). Esse diálogo se estendeu ainda aos músicos que participaram da elaboração da trilha musical, pois artistas indianos e brasileiros também entraram em cena, ampliando as possibilidades de criação entre a música e a dança de diferentes culturas.

Fotografia. Dançarinos e dançarinas vestindo camisa preta e calça branca, com faixas vermelhas nos joelhos e um palco com paredes em tons de terra. Eles estão com os  joelhos direitos apoiados no chão e a outra perna flexionada, olhando para a frente. No fundo do palco degraus, onde estão homens em pé, de roupas brancas segurando tambores, e uma dançarina de vestido vermelho e dourado, também em pé junto deles.
Apresentação do espetáculo Sãm uád: rua do encontro, em São Paulo (São Paulo), em 2004.

Você sabia que muitos músicos e compositores estabelecem parceria com coreó­grafos durante o processo de criação de espetáculos de dança? Nessas parcerias, a dança e a música se integram do início do trabalho até a apresentação do espetáculo, não havendo imposição da música em relação à dança ou vice-versa. O que ocorre é uma criação conjunta.

Dança sem música

Sabemos que dança e música estão historicamente relacionadas desde os primórdios da humanidade. É por isso que associamos a dança à música, achando que uma não acontece sem a outra.

Desde o início do século vinte, no entanto, essa relação vem sendo transformada. Na década de 1920, na Europa, o coreógrafo e pesquisadorglossário rúdôlfi labán (1879-1958) realizava experiências de dançar sem música, ou seja, sem acompanhamento sonoro. Para Laban, a dança é uma arte autônoma e, portanto, deve existir mesmo sem música. Você consegue imaginar como seria um espetáculo de dança sem música? Comente com os colegas.

Artistas brasileiros contemporâneos, como a coreógrafa Elisabete Finger, vão além: criam espetáculos em que os movimentos são regidos por estímulos do corpo, como os batimentos do coração e a respiração. Nesse caso, a dança não está atrelada a uma música ou a sons externos, mas a impulsos internos dos dançarinos.

Fotografia. Dois homens de cabelo preto, e uma mulher de cabelo longo loiro, todos descalços. Eles usam camiseta, calça e bermuda cinza. Eles estão com o tronco semiflexionado, o braço esquerdo estendido à frente e o esquerdo para trás. Os três têm o rosto ocultado pelos movimentos de dança.
Apresentação do espetáculo Buraco, de Elisabete fínguer, em São Paulo (São Paulo), em 2014.

Faça no diário de bordo.

Experimentações


  • Depois de conhecer um pouco do trabalho da coreógrafa Elisabete Finger, vamos experimentar a dança sem música ou sons externos, trabalhando somente com as sonoridades que conseguimos fazer com nosso corpo. Pratique um exercício de cada vez!
    1. Antes de começar a dançar, ainda sentado em sua cadeira, feche os olhos e tente escutar os sons do seu corpo.
    2. Depois, ainda com os olhos fechados, comece a fazer alguns sons com partes do seu corpo, como as mãos, os cotovelos, os pés, mas sem fazer muito barulho.
    3. Em seguida, levante-se da cadeira e continue a experimentar esses sons movimentando-se pelo espaço da sala de aula. Aos poucos os movimentos podem ir crescendo e se transformando.
    4. Pare de se movimentar por algum tempo e feche os olhos novamente, para escutar os sons dos movimentos que seus colegas estão criando.
    5. Depois de praticar os quatro exercícios, você pode repetir o item c e o d algumas vezes, com os olhos abertos ou fechados, fazendo novamente os movimentos e sonoridades já criados ou improvisando novos.
    6. Use o diário de bordo para registrar o que você criou a partir dos exercícios e também como foi a experiência e que sensações você teve com ela.
      Ilustração. Ícone Diário de bordo.

Por dentro da arte

O papel do coreógrafo

Nas páginas anteriores você aprendeu que o coreógrafo é o profissional da dança responsável por criar e organizar os movimentos dos dançarinos em um espetáculo. Observe a imagem a seguir; nessa fotografia, o coreógrafo orienta dançarinos em um ensaio do espetáculo Sãm uád: rua do encontro.

Fotografia. Grupo de dança realizando movimentos com joelhos flexionados e mãos formando arco acima da cabeça. Estão em um salão amplo e fechado, orientados por um homem vestido de preto que está à direita, sobre degraus altos cinza.
Ivaldo Bertázo orienta ensaio do espetáculo Sãm uád: rua do encontro, em São Paulo (São Paulo), em 2004.

Ao desenvolver a proposta do espetáculo Sãm uád: rua do encontro, o coreógrafo utilizou movimentos preexistentes nas danças indianas e no samba. Ele compôs diferentes sequências com base nesses movimentos que já existiam e novos movimentos resultantes de uma mescla entre eles. Ao longo do espetáculo, essas sequências acontecem em solo (quando apenas um intérprete dança), em duplas ou em grupos. Observe a fotografia reproduzida a seguir.

O que a linha construída pelos dançarinos retratados na imagem sugere?

Fotografia. Homens e mulheres  vestindo camiseta de manga longa branca e calça branca  descalços sobre um tablado, olhando para o chão e formando uma fila sinuosa. Cada um toca com ambas as mãos os cotovelos daquele que está à frente.
Ensaio do espetáculo Sãm uád: rua do encontro, em São Paulo (São Paulo), em 2003.

Artista e obra

Angel e Klauss Vianna

Ivaldo começou a dançar aos 16 anos e teve, entre seus professores, os dançarinos Klauss Vianna (1928-1992) e Angel Vianna, os quais, nas décadas de 1950 e de 1960, romperam com as estruturas cênicas do balé clássico, trazendo propostas diferenciadas de dança para os palcos brasileiros.

Nos anos 1950, fundaram sua escola com uma proposta pedagógica que incluía o ensino de música, ioga, noções de anatomia, cenário, literatura brasileira e outros campos de conhecimento. Alguns anos depois do trabalho com a escola, abriram sua primeira companhia de dança, o Ballet Klauss Vianna, em Belo Horizonte (Minas Gerais), criando espetáculos inspirados em poema e em literatura em vez da música, como era mais recorrente na época.

Angel e Klauss Vianna desenvolveram novas práticas de dança com base em estudos do funcionamento do corpo e dos movimentos. Com esse trabalho, eles trouxeram à cena da dança brasileira outras fórmas de entender o que é dançar. A partir dos anos 1970, Angel Vianna também começou a elaborar uma abordagem própria de terapia através da dança, trabalhando com pessoas com deficiências motoras e cognitivas.

O casal Vianna mostrou, principalmente, a perspectiva de compreender a dança e o movimento como próprios de cada pessoa, que, consciente do que sente e percebe, pode dançar. Essas propostas influenciaram e ainda influenciam muitos artistas brasileiros, como Ivaldo Bertazzo e João Paulo Gross, que vamos conhecer nesta Unidade.

Fotografia. Homem branco, de cabelo curto grisalho, vestindo camisa cinza e calça azul. Ele sorri, com os braços apoiados sobre o parapeito de uma ponte.
O coreógrafo e bailarino Klauss Vianna, em São Paulo (São Paulo), em 1992.
Fotografia. Mulher idosa de cabelo ondulado castanho com reflexos coloridos e a face iluminada em tom amarelado, veste blusa laranja com linhas amarelas . Ela tem expressão séria e está sentada em uma cadeira em um cenário com fundo roxo, segurando um longo barbante rosa, com os braços erguidos.
Angel Vianna no espetáculo Amanhã é outro dia!, no Espaço Sésqui, em 2016.

Os níveis espaciais

Observe a imagem desta página. Note que os corpos dos dançarinos estão posicionados em alturas diferentes em relação à ocupação do espaço: enquanto um grupo de dançarinos está abaixado, e o corpo deles mais próximo do chão, outro grupo está de pé, mais distante do chão. A isso chamamos níveis espaciais, e eles são classificados da seguinte níveis baixo, médio e alto.

Os movimentos realizados no nível baixo são aqueles em que o corpo todo permanece bem perto do chão, e os movimentos realizados no nível alto são aqueles em que o corpo se encontra longe do chão, na posição vertical, com apenas os pés tocando o solo. Os movimentos realizados no nível médio são aqueles em que o corpo ocupa o espaço entre o nível baixo e o nível alto: os quadris estão próximos do chão, porém o tronco, a cabeça e os braços estão mais para o alto. Você consegue identificar no seu dia a dia em que momentos seu corpo ocupa cada um desses níveis?

Fotografia. Em um palco amplo com degraus cinza ao fundo, pessoas descalças usando roupas brancas com faixas vermelhas nos joelhos dançam; algumas estão em pé, outras estão agachadas. À frente delas, uma mulher de cabelo preto longo preso em uma trança veste macacão longo vermelho e dança descalça. Ela tem o braço direito erquido e o braço esquerdo à frente, com a palma da mão voltada pra cima.
Apresentação do espetáculo rua do encontro, em São Paulo (São Paulo), em 2004.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

1. Observe a imagem e responda: em que níveis espaciais os dançarinos retratados estão?

Versão adaptada acessível

1. Com base na descrição da imagem, responda: em que níveis espaciais os dançarinos retratados estão?

Faça no diário de bordo.

Experimentações


Agora você vai experimentar a ocupação dos espaços internos de uma sala de aula e os níveis espaciais da dança, ao mesmo tempo! Siga os procedimentos a seguir e atente-se às instruções do professor. Deixe também o seu diário de bordo à mão; você poderá consultar alguns registros de danças e movimentos que tenha feito nele.

Ilustração. Ícone Diário de bordo.

Momento 1 – Pontos de vista

Quem dança ocupa um espaço para dançar. Vamos começar experimentando os elementos da arquitetura e os objetos do lugar onde estamos.

  1. Reúna-se em um grupo de cinco colegas, no local indicado pelo professor.
  2. Sentem-se no chão e observem ao redor os elementos espaciais: como são as paredes, há móveis e outros objetos encostados ou pendurados nelas? Como são as janelas? Elas são baixas ou altas, ocupam uma área grande, média ou pequena do espaço? Como é a porta de entrada: larga ou estreita, baixa ou alta? Quais outros elementos presentes no espaço chamam a atenção de vocês?
  3. Depois de observarem juntos o espaço, e conversarem sobre os elementos presentes nele, usem uma ou mais folhas do diário de bordo para registrar, desenhando ou escrevendo, o que foi observado. Se possível, usem as folhas na direção horizontal, dividindo-as em três partes com duas linhas na horizontal, de um lado ao outro da folha. Cada parte vai corresponder a um nível: baixo (próximo ao chão), médio (próximo à cintura) e alto (acima da cabeça). Usem desenhos que possam ser feitos rapidamente ou palavras-chave para registrar os elementos observados em um dos três níveis ou entre um e outro nível, quando for o caso.
Ilustração. Folha de papel, na posição paisagem, com três divisórias, cada uma indicando um estado: Alto, Médio e Baixo. Acima há um lápis azul, e abaixo, um lápis vermelho.
  1. Agora, caminhem pelo local, em direção a esses elementos da arquitetura e objetos presentes nele, olhando-os de diferentes pontos de vista: de longe, de perto, de cima.
  2. Continuem se deslocando em direção aos objetos. No entanto, agora, ao chegarem perto deles, deixem que o corpo acompanhe o nível em que o objeto está. Por exemplo: abaixem-se, curvem o tronco, levantem-se, sempre acompanhando a trajetória com os olhos.
  3. Conversem sobre outros momentos em que vocês também “descem” e “sobem” o tronco e as pernas nas atividades que vocês realizam no dia a dia e ocupam os três níveis espaciais com esses movimentos.
  4. Experimentem esses movimentos em diferentes níveis.

Momento 2 – Dançando no espaço

Vocês já começaram a se movimentar e a ocupar os três níveis espaciais com o corpo. A seguir, continuem a dançar, mas atentos ao espaço e ao seu corpo ao mesmo tempo.

  1. Individualmente, procurem relembrar e escolher algumas sequências coreográficas, movimentos e sonoridades criadas ou aprendidas antes com as práticas propostas em aula. Vocês podem consultar os registros no diário de bordo para recordar alguns desses movimentos de dança.
  2. Usem os movimentos ou sequências coreográficas escolhidos para execuções individuais e experimentem os três níveis espaciais. Procurem, nas escolhas individuais feitas, transformar os movimentos mudando o nível espacial que eles ocupam. Por exemplo: se for uma sequência dançada em pé, experimentem fazê-la usando apenas os níveis médio e baixo; se forem alguns movimentos que ocupam, principalmente, o nível médio, experimentem fazê-los usando o nível alto, acima da cabeça etcétera
  3. Reúnam-se novamente, porém desta vez em duplas para dançarem juntos. Um de frente para o outro, cada um vai escolher um nível do espaço para começar a dançar, fazendo uma pausa e mantendo os olhos fixos no outro dançarino. Comecem a dançar no nível do espaço em que se encontram. Quando quiser, um dos dançarinos pode mudar de nível do espaço (indo do alto para o baixo, por exemplo). O outro dançarino, imediatamente, deve também mudar de nível do espaço, sem desgrudar o olhar do parceiro.
  4. Ao sinal do professor, a dança termina em uma pausa. Então, conversem sobre a experiência de estarem em níveis diferentes do espaço, as sensações e as lembranças que tiveram e as imagens que recordaram ao dançar.
  5. Com a orientação do professor, agora formem um grupo com três integrantes. Vocês vão continuar dançando nos três níveis espaciais, mas fazendo as adaptações que forem necessárias para realizar a performance com três pessoas.
  6. Aos poucos, comecem a ampliar os movimentos e a fazer deslocamentos maiores pelos espaços até começarem a dançar mais livremente, procurando ocupar os espaços vazios e considerando os três níveis espaciais (baixo, médio e alto).

Avaliação

Após as experimentações, reúna-se com o professor e os demais colegas para refletir sobre o que foi vivenciado, com base nos questionamentos a seguir. Registre suas respostas no diário de bordo.

Ilustração. Ícone Diário de bordo.
  1. Depois de realizar esta prática, como você está percebendo o espaço onde está? Há alguma qualidade, elemento ou detalhe nesse espaço que não tinha sido percebido antes?
  2. Como foi dançar usando os três níveis da dança? Você percebeu alguma diferença na maneira como dançava antes?
  3. Você teve alguma dificuldade para dançar sozinho, livremente, ou com os colegas em dupla ou em trio?
  4. Compartilhe os registros do espaço feitos por seu grupo e compare-o com os demais. Que diferenças e semelhanças você percebe neles?

Glossário

Kathak
: a palavra hindu catãk, em português, significa “uma história”.
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Pesquisador
: aquele que estuda e/ou investiga determinado tema.
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