Tema 4  Entre retratos e autoretratos

O retrato

O retrato é um recurso muito presente em nossa vida. Por meio dele, podemos registrar as pessoas, os hábitos e os modos de vida. Com ele, criamos um registro do nosso tempo para o futuro.

Fotografia. Em um cenário natural, vegetação com alguns arbustos e uma canoa vazia à margem de águas tranquilas, há um tecido florido estendido no qual há a imagem em preto e branco de uma mulher em tamanho real, de cabelo escuro, em pé e descalça, com os braços estendidos ao longo do corpo. 
O tecido está posicionado de modo a representar que a mulher faz parte da paisagem.
SEQUEIRA, Alexandre. Benedita. Série Nazaré do Mocajuba. 2005. Fotografia digital, c-print (impressão em papel fotográfico), 0,45 por 0,60 métros.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

  1. Observe a imagem desta página e responda às questões a seguir.
    1. Como você descreveria essa imagem?
    2. Em sua opinião, como o retrato da mulher foi feito?
    3. Você já tinha visto uma fotografia impressa sobre uma superfície com esse tamanho?
Versão adaptada acessível

1. Com base na fotografia, responda às questões a seguir.

a) Que elementos estão presentes na imagem?

b) Em sua opinião, como o retrato da mulher foi feito?

c) Você conhece outras situações em que fotografias são impressas sobre uma superfície com esse tamanho?

O retrato no dia a dia

O retrato fotográfico está presente na nossa vida por diferentes meios. Apesar da internet e das redes sociais, há aproximadamente 15 anos os retratos não eram feitos com câmeras digitais e de celulares. Eles eram ainda feitos com um filme fotográfico especial, cujo resultado só poderia ser visto se o retrato fosse revelado. As fotografias eram organizadas em álbuns, sequencialmente.

Você já viu um álbum fotográfico?

Há também muitos modos de imprimir uma fotografia. Nas imagens, você pode ver a solução criada pelo artista paraense Alexandre Sequeira, em Nazaré de Mocajuba (Pará). Ele conviveu com as pessoas da comunidade por muitos dias e pediu para retratá-las em tecidos que elas já tivessem: lençóis, cortinas, toalhas de mesa.

Fotografia. Fachada de uma casa de parede branca com um batente de uma porta aberta e duas janelas fechadas de madeira azul-claras. Ao lado da porta, há um tecido florido estendido na parede, no qual há a imagem em branco e preto de uma mulher idosa em tamanho real, de cabelo longo, em pé e descalça, com os braços estendidos ao longo do corpo. À frente da casa, sobre chão de terra, há alguns ramos floridos, com flores vermelhas. O tecido está posicionado de modo a representar a mulher em pé em frente à casa.
SEQUEIRA, Alexandre. Branca. Série Nazaré do Mocajuba. 2005. Fotografia digital, c-print (impressão em papel fotográfico), 0,45 por 0,60 métros.

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Foco na linguagem

  1. Em sua opinião, como as pessoas das fotografias se sentiram ao participar de um trabalho de arte como esse?
  2. Se você pudesse produzir retratos assim, de alguém importante para você, quem você fotografaria?
  3. Como você reformularia esse trabalho? Sobre quais outros materiais os retratos poderiam ser impressos?

Artista e obra

Alexandre Sequeira

Fotografia. Em primeiro plano, à direita, há um homem de cabelo, barba e bigode grisalhos, de óculos com armação preta, vestindo camiseta preta e calça vermelha, com os polegares apoiados nos bolsos da calça.  Em segundo plano, à esquerda, há um tecido florido estendido no qual há a imagem de uma mulher idosa, de cabelo longo, em pé e descalça, com os braços estendidos ao longo do corpo.
Alexandre Sequeira, autor da série Nazaré de Mocajuba. Fotografia de 2013.

Alexandre Sequeira é artista e professor de Arte na Universidade Federal do Pará, onde ensina processos criativos com a arte.

A série fotográfica representada nas páginas anteriores já circulou por muitos lugares do Brasil e do mundo. Sequeira viveu por um tempo no vilarejo ribeirinho. Ao longo dos dias, descobriu que as pessoas que ali viviam nunca tinham se visto em uma imagem. Elas nunca tinham sido fotografadas.

Ele então propôs às pessoas com as quais conviveu que trocassem tecidos usados por tecidos novos. Ele conta que as pessoas acharam estranho, mas que depois gostaram da ideia. Ele, então, fez os retratos fotográficos. Como vemos, esses retratos foram instalados nas casas das pessoas. As fotografias que vemos, na verdade, são novas fotografias – do trabalho de arte e da casa onde vive cada modelo retratada.

Autorretato: uma imagem sobre mim

O autorretrato é um recurso muito utilizado pela arte. Por meio dele, podemos escolher como queremos nos retratar. Afinal, ninguém melhor do que nós mesmos para saber como nos sentimos e o que pensamos.

Fotografia. Cartaz com o título “Procuro-me” em vermelho, com quatro retratos em preto e branco de uma mulher, com olhos arregalados e a boca entreaberta, aparentando idêntico ar de espanto, com diferentes cabelos e penteados: Acima à esquerda, o cabelo claro, curto, com volume no alto da cabeça, cobrindo a testa e as sobrancelhas; à direita, está solto, cacheado e é escuro. Abaixo, à esquerda, o cabelo escuro está preso em um coque, com alguns fios sobre a testa; à direita, o cabelo claro liso, está penteado com uma longa franja que cobre metade do rosto.
Fotografia. Cartaz com o título “Procuro-me” em preto, com quatro retratos em preto e branco de uma mulher, com olhos arregalados e a boca entreaberta, aparentando idêntico ar de espanto, com diferentes cabelos e penteados:  Acima à esquerda, o cabelo claro está preso com bobs; à direita, está solto, cacheado e é escuro e longo. Abaixo, à esquerda, o cabelo escuro, liso e longo está repartido ao meio, cobrindo parcialmente cada lado do rosto; à direita, o cabelo claro liso está bem curto, aparecendo todo o rosto.
BARROS, Lenora de. Procuro-me. 2001. Impressão jato de tinta sobre papel algodão, 86 por 73 cm. Poema-cartaz publicado no caderno Mais! da Folha de São Paulo, em 2001.

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Foco na linguagem

  1. Observe a imagem a responda às questões a seguir.
    1. Quais são as semelhanças e as diferenças entre cada um dos retratos na imagem?
    2. São pessoas diferentes?
    3. Para você, qual é o sentido da expressão “procuro-me” na obra?

Entre o autorretrato e a selfie

Com a popularização das câmeras digitais nos celulares, o autorretrato tornou-se uma prática comum. Por meio das redes sociais e de comunicação, as pessoas visualizam e compartilham imagens de si mesmas. Mas por que produzimos imagens de nós mesmos?

Fotografia em preto e branco do retrato de uma mulher de cabelo curto e castanho, com chapéu de aba larga arredondada, vestindo blusa de mangas curtas. Ela está em via pública e segura uma câmera fotográfica antiga com ambas as mãos, na altura do peito, apontada para a frente. Ao fundo, há carros e prédios desfocados. Pode-se ver traços de reflexo de uma imagem acima dos ombros dela e em seu chapéu.
MAIER, Vivian. Self-portrait. 1955. Fotografia, sem dimensões. Coleção particular.

A fotógrafa Vivian Maier (1926-2009) produziu numerosos rolos de fotografia que só foram descobertos recentemente, depois de sua morte, em 2009, quando o seu arquivo fotográfico foi organizado e compartilhado. Na época em que ela viveu, não existiam câmeras digitais. Imagine como era fazer um autorretrato com uma câmera analógica antiga! Será que podemos chamar essa imagem de selfie?

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Foco na linguagem

  1. Observe a fotografia desta página e responda às perguntas a seguir.
    1. Onde a fotografia da artista Vivian Maier foi feita?
    2. Como ela conseguiu obter a própria imagem se a câmera não estava apontada para ela?
    3. De que outros modos ela poderia ter feito essa imagem?

Arte e muito mais

Autoexposição e redes sociais

As redes sociais, nas quais compartilhamos imagens e conteúdos, tornaram-se um importante espaço de comunicação, por meio do qual acessamos os nossos amigos, familiares e quaisquer outras pessoas do mundo inteiro.

Fotografia. Menino adolescente de cabelo escuro, cacheado, veste camiseta de tecido mesclado de cinza e tem uma mochila azul e preta nas costas. Um dos braços está semiflexionado, em que a mão segura uma das alças da mochila, e o outro está estendido, em que a mão segura um celular, para o qual volta a cabeça e sorri.
Adolescente tirando selfie. Fotografia de 2017.

No entanto, as redes sociais também têm sido apontadas como um espaço que nos gera muita ansiedade. Além de dedicar muitas horas a elas, muitas pessoas se sentem ansiosas e rejeitadas se não obtêm muitas visualizações e likes, como se isso significasse que elas não têm valor.

Muitas pessoas são acometidas de sofrimentos psíquicos sérios em razão do uso excessivo e desequilibrado dessas redes.

As redes sociais são uma realidade contemporânea, mas isso não quer dizer que nós não existimos fóra delas. É preciso encontrar um modo seguro, saudável e equilibrado de usá-las sem que elas modulem a nossa autoimagem.

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Ícone. Tema contemporâneo:  CIDADANIA E CIVISMO

A internet é um ambiente que pode expor crianças e adolescentes a conteúdos inapropriados e também violar a sua segurança e privacidade. Com a orientação do professor, você e seus colegas farão uma roda de conversa sobre o tema. Depois, em pequenos grupos, você e seus colegas finalizarão essa reflexão, conversando sobre as suas impressões sobre a conversa e produzindo um registro textual no diário de bordo.

Ilustração. Ícone Diário de bordo.

Experimentações

 

Agora, você vai se produzir para fazer retratos coletivos com seus amigos na escola. A sua sala de aula vai virar um estúdio fotográfico!

Material

  • Objetos
  • Trajes

Procedimentos

  1. Comecem selecionando um canto da sala de aula ou um espaço da escola onde as fotografias serão feitas. A câmera fotográfica (ou o celular) deverá ser fixada em um único lugar, do qual todas as fotografias serão feitas.
  2. Vocês podem se dividir em pequenos grupos para fazer os retratos. Esse grupo pode variar, de modo que toda a turma participe.
  3. Vocês poderão usar roupas e objetos, variando a pose e, ocasionalmente, trocando alguns itens, como chapéus, óculos, bonés.
  4. Ao final, observem juntos as fotografias. Escolham aquelas de que mais gostaram e conversem sobre essa experiência.
Fotografia. Quatro adolescentes em uma sala de aula com piso de madeira, em que há uma parede amarela com cortinas brancas e uma parede branca com uma lousa. À esquerda, há um cabideiro de rodinhas com diversos trajes e um menino de cabelo castanho e franja longa, vestindo camiseta marrom-clara, calça jeans e tênis cinza e usa um chapéu verde e um lenço vermelho no pescoço. Ele está sentado em um puff, de perfil, e segura um celular direcionado para três outros adolescentes que fazem poses. À esquerda, uma menina de cabelo longo preto, vestindo blusa clara sem mangas, calça jeans rasgada e desfiada e tênis branco, está em pé, com as mãos sobre o peito e a cabeça levemente voltada para baixo. Uma menina de cabelo longo ondulado castanho, vestindo camiseta verde, calça jeans, tênis branco e tiara com duas borboletas rosa está sentada em uma banqueta alta e estende um dos braços em que a mão segura uma varinha com uma borboleta rosa. Um menino de cabelo cacheado castanho, de óculos escuros 'pixelados' (estilo 'meme'), chapéu cinza, vestindo camiseta branca, calça jeans e tênis preto, está em pé e tem uma gravata desatada envolta ao pescoço, com as pontas sobre o peito, como se fosse um cachecol.
Estudantes em estúdio fotográfico montado em sala de aula para a prática do retrato. São Paulo, 2022.

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Pensar e fazer arte

Ao longo desta Unidade, a representação da figura humana na arte foi trabalhada de diferentes fórmas. Em primeiro lugar, nos Temas 1 e 2, a representação da figura humana foi trabalhada na história da arte e na escultura. Na sequência, no Tema 3, o Surrealismo foi apresentado como um caminho para pensarmos a dimensão psicológica e emocional da arte, para ir além da representação do rosto e do corpo. Por fim, no Tema 4, os retratos e autorretratos foram vistos como uma produção de memória, vínculo e autoconhecimento. Agora é hora de aproveitar as reflexões realizadas para produzir um autorretrato com colagem. Na colagem, podemos extrair parte ou o todo de uma figura para criar uma nova imagem. Podemos fundir elementos muito diferentes e produzir uma unidade. Para fazer um autorretrato com colagem, você deverá pensar: “Quantas coisas diferentes compõem o todo do que eu sou? Eu tenho características físicas e uma beleza própria, mas tenho também emoções, gostos e interesses específicos. Como uma colagem pode representar tudo isso? ”.

Material

  • Cola
  • Tesoura com pontas arredondadas
  • Papel resistente
  • Revistas

Procedimentos

  1. Observe as páginas da revista, selecionando partes de figuras humanas que você acha que podem ser usadas nesse autorretrato: olhos, cabelo, boca, orelha, partes do corpo. Você deverá compor um rosto ou corpo com várias partes separadas.
  2. Você pode selecionar um fundo ou cenário. Que cenário melhor traduz o seu humor ou estado emocional? O céu aberto ou uma tempestade? Um dia de sol ou uma noite estrelada?
  3. Busque agregar outros elementos, como objetos e roupas, que possam descrever ou simbolizar a sua personalidade, que tenham algo a ver com quem você é.
  4. Depois de recortar todos os fragmentos que vão compor o seu autorretrato, é hora de fazer a montagem. Antes de colar, experimente sobrepor, juntar, colocar lado a lado. Teste até conseguir o resultado mais interessante.
  5. Por fim, faça uma colagem.

Avaliação

Para finalizar a atividade, sente-se em roda com os colegas para observar os autorretratos. Vocês podem conversar sobre as perguntas a seguir.

  1. Como vocês se sentiram ao fazer o autorretrato?
  2. O que vocês buscaram representar sobre si mesmos?
  3. Quais conhecimentos e ideias debatidas ao longo das aulas foram resgatados nessa proposta?
  4. Você utilizou alguma referência do livro para pensar no seu retrato? E de outra fonte?
  5. Com esses retratos, vocês podem montar uma exposição na sala de aula ou nos corredores da escola!

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Autoavaliação

Ao longo do estudo desta Unidade, você pôde conhecer os trabalhos de diferentes artistas hiper-realistas, realistas e surrealistas do Brasil e de outros países.

Além disso, você teve contato com a linguagem da escultura e os métodos utilizados pelos artistas em sua produção (modelagem, moldagem e entalhe). Você experienciou diferentes materiais e técnicas da arte, trabalhando individualmente e em grupo e compartilhando suas impressões sobre o processo de criação.

No percurso desse aprendizado, você pôde analisar diversas representações do corpo humano na história da arte, desde a Pré-História até a contemporaneidade, passando pela Idade Média e pelo Renascimento, e também discutiu e experimentou a autorrepresentação com base na observação e nas técnicas da sua época.

Agora que chegou ao final do estudo desta Unidade, é importante que você reflita sobre seu aprendizado da linguagem das artes visuais e sobre o caminho que percorreu até aqui.

Para isso, responda no diário de bordo às questões a seguir.

Ilustração. Ícone Diário de bordo.
  1. Você destacaria algum tema, discussão ou experiência realizada ao longo da Unidade que tenha provocado em você mais interesse e curiosidade? Destacaria algum aprendizado?
  2. Para você, como são os momentos de olhar e interpretar as imagens da arte reproduzidas no livro?
  3. Como você se sente ao vivenciar experimentações artísticas em grupo? E individualmente?
  4. O estudo desta Unidade mudou o modo como você aprecia as artes visuais? Em caso afirmativo, comente com os colegas de que maneira isso aconteceu.
  5. O diário de bordo ou alguma outra estratégia de registro o ajudou a fixar as aprendizagens com a arte? O que você pensa sobre o uso desse recurso para organizar as suas vivências com a arte na sala de aula?