Tema 2  O balé

A origem do balé

Fotografia. Dois bailarinos dançando em um palco de fundo escuro. Uma mulher com os cabelos presos por uma faixa e uma pequena coroa usa um vestido branco com saiote de tule e sapatilhas douradas. Ela se equilibra na ponta do pé esquerdo com a cabeça inclinada para trás, de braços abertos, e apoia uma das mãos sobre um dos braços de um homem que está atrás dela. Ele tem cabelo curto loiro, veste camisa preta, calça e sapatilhas brancas e está de braços abertos.
Os bailarinos Igor Zelênski e , do Balé do Teatro , de São Petersburgo, Rússia, durante apresentação do espetáculo O lago dos cisnes, em Londres, Reino Unido, em 2003.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

  1. Com os colegas e o professor, observe a imagem com base em algumas perguntas.
    1. Descreva a fotografia. O que mais chama a sua atenção nela?
    2. Você já assistiu a uma apresentação de balé? Em caso afirmativo, comente com os colegas e o professor como foi sua experiência.
    3. Você imagina qual seria a história do espetáculo retratado nessa fotografia?
    4. Agora, reúna-se com três ou quatro colegas para responder a esta pergunta usando o próprio corpo: quais semelhanças e diferenças você percebe nas posições corporais e expressões da bailarina e do bailarino na cena capturada nessa imagem?
Versão adaptada acessível

a) Com base na cena descrita, o que mais chama a sua atenção nela?

b) Conte ao professor e aos colegas o que você conhece sobre o balé.

c) Você imagina qual seria a história do espetáculo retratado nessa fotografia? 

d) Agora, reúna-se com três ou quatro colegas para responder a esta pergunta usando o próprio corpo: quais semelhanças e diferenças você percebe nas posições corporais e expressões da bailarina e do bailarino na cena capturada nessa imagem?

Respostas e comentários

Objetivos

Entender a importância do intérprete na dança.

Entender o processo de formação do Renascimento.

Entender e contextualizar a origem do balé.

Relacionar dança e música na obra O lago dos cisnes.

Conhecer movimentos e figurinos característicos do balé clássico.

Relacionar dança e artes visuais.

Entender o conceito de movimentos em uníssono, em oposição e em sucessão.

Experienciar a movimentação em uníssono.

Experienciar a criação de obras artísticas de fórma coletiva.

Desenvolver a autoconfiança e a autocrítica por meio da experimentação artística.

Habilidades favorecidas neste Tema

(ê éfe seis nove á érre zero nove), (ê éfe seis nove á érre um um), (ê éfe seis nove á érre um dois), (ê éfe seis nove á érre um três), (ê éfe seis nove á érre um quatro), (ê éfe seis nove á érre um cinco), (ê éfe seis nove á érre um seis), (ê éfe seis nove á érre três um) e (ê éfe seis nove á érre três quatro).

Foco na linguagem

1. a) Peça a eles que observem os figurinos e os movimentos realizados pelos bailarinos. Provavelmente, eles vão mencionar elementos marcantes do balé clássico, como a sapatilha de ponta, o tutu (figurino tradicional do balé clássico) e a posição dos pés e dos braços dos bailarinos.

b) Incentive os estudantes a falar a respeito do que sabem sobre o balé.

c) Mesmo que os estudantes não conheçam a história, peça-lhes que, partindo da imagem e do título (que está na legenda), elaborem hipóteses sobre o enredo do espetáculo.

d) Instrua-os a prestar atenção em detalhes como a direção e a expressão dos olhares, das mãos, a posição das cabeças etcétera

Incentive-os a experimentar as posições sozinhos e em dupla. É importante ressaltar que, no caso da postura da bailarina, não é possível fazer a posição dos pés sem usar sapatilhas de ponta e ter um treino muscular específico para isso. Explique essa limitação para evitar que algum estudante se machuque.

É possível que alguns estudantes se sintam à vontade para experimentar tanto a postura da bailarina quanto a do bailarino.

Para finalizar a prática, faça uma roda de conversa com todos os estudantes. Essa é uma oportunidade para debater criticamente os papéis de homens e mulheres na dança cênica, especialmente no balé. Comente que no dia a dia muitos homens que dançam sofrem preconceito por fazer algo que o senso comum acredita ser “feminino”. Complemente dizendo que esse é um preconceito cultural do Brasil. Em outros países, essa é considerada uma profissão comum para os homens.

O balé cortesão

O balé, da fórma como o conhecemos hoje, teve origem no balé cortesão, dança que surgiu, como o nome diz, nas cortes da Europa durante o período denominado Renascimento. O Renascimento foi um movimento artístico e cultural que se desenvolveu na Itália, entre os séculos catorze e dezesseis, e disseminou-se pela Europa.

Os renascentistas defendiam novas fórmas de compreender o mundo e valorizavam a razão e a ciência em detrimento dos dogmas da Igreja. Para eles, os interesses humanos deveriam reger o comportamento social, a economia, a política e as práticas culturais de um povo.

Diante dessa visão de mundo, a dança passou a integrar celebrações, como casamentos e comemorações de aniversário, que aconteciam na côrte, no interior dos palácios, chamadas festas cortesãs. Foi então que a dança adquiriu caráter de espetáculo, e não mais de socialização, e, assim, nasceu o balé cortesão.

Observe a seguir uma fotografia do Palácio Pitti, em Florença, Itália. Acredita-se que esse palácio tenha sido projetado pelo arquiteto e escultor renascentista Filipo Brunelesqui (1377-1446).

Residência da família Médici, o Palácio Pitti foi cenário de grandes festas, com apresentações de balé cortesão.

Fotografia. Fachada de um prédio de linhas geométricas formando um U, de dois andares, com um pátio na parte central.  O telhado é baixo e há colunas longas e estreitas por toda a estrutura. Nas laterais há janelas baixas, e na área central, janelas alongadas. À frente do prédio há uma fonte, uma escultura retangular e gramado em ambos os lados.
Fachada do Palácio Pitti, em Florença, Itália. Fotografia de 2012.
Respostas e comentários

Contextualização

Filipo Brunelesquié considerado o precursor da arquitetura renascentista.

A pintura e a escultura renascentistas serão abordadas na Unidade 4. Se julgar oportuno, antecipe esse conteúdo como fórma de ampliar a compreensão dos estudantes a respeito desse tema.

O Renascimento

O Renascimento recebeu esse nome porque seus protagonistas pretendiam usar como base a filosofia, a arte e os valores da cultura ­greco-romana para fundar um mundo novo. O movimento estava relacionado ao fortalecimento da burguesia na Europa. Nesse mundo urbano, os ideais aristocráticos da cavalaria medieval deram lugar aos valores burgueses, que consagravam o lucro e o sucesso individual. É importante que os estudantes entendam que os renascentistas não negavam a existência de Deus, mas colocavam em primeiro plano os interesses humanos e terrenos. Para mais informações sobre esse assunto, consulte o texto “As transformações do homem europeu do século catorze ao século dezesseis” nas Leituras complementares, nas páginas iniciais deste Manual.

Comente com os estudantes que o balé clássico teve origem na côrte italiana no fim do século quinze, período em que as famílias reais recebiam seus convidados com espetáculos de mímica, música, poesia e dança. Nessa época, surgiram alguns professores de dança. Quando a italiana Catarina de Médicis (1519-1589) se casou com o então rei da França, Henrique segundo (1519-1559), em 1533, levou um grupo de dançarinos da atual Itália para realizar uma apresentação, sendo responsável por introduzir o balé na côrte francesa. Na França, o balé se desenvolveu e teve momento importante durante o reinado de Luís catorze (1638-1715), de 1661 a 1715. Também chamado Rei Sol, desde criança tinha afinidade com a dança, tornando-se mais tarde um bom dançarino. A dança era realizada apenas por homens, porém, no século dezessete, as mulheres foram inseridas nesse cenário.

Da corte para os palcos

Durante o século dezenove, houve o aprimoramento das técnicas do balé e das vestimentas utilizadas pelos bailarinos. A sapatilha de ponta foi criada nessa época, conferindo ao corpo das bailarinas uma postura mais esguia e movimentos mais alongados, elevados e leves. Com esses movimentos, as bailarinas podiam representar melhor personagens das histórias românticasglossário , como fadas e feiticeiras. Em razão dessas propostas cênicas, foram desenvolvidos diversos efeitos cenográficos e de iluminação, surgindo o chamado balé romântico.

Ao longo do século dezenove, o balé se desenvolveu em diferentes países, como Itália, França e Rússia, o que fez surgir novos coreógrafos, que migravam de um país a outro aperfeiçoando e acrescentando mudanças para essa dança. O bailarino francês Marius Petipa (1818-1910), por exemplo, atuou no Teatro Imperial Russo e foi um dos coreógrafos de O lago dos cisnes, espetáculo retratado na página 22. As coreografias que compõem esse espetáculo foram desenvolvidas com base em uma música do compositor russo tiáocóvisqui (1840-1893).

Ouça o áudio “Trecho de ‘O lago dos cisnes’, de tiáocóvisqui” e conheça um pouco dessa narrativa na próxima página.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Além de O lago dos cisnes, Marius Petipa criou outros espetáculos com base em músicas de tiáocóvisqui, como A bela adormecida e O quebra-nozes.

Pintura. Em um salão fechado, com um grande espelho em uma das paredes, bailarinas de vestido branco e saiote  de tule em torno da cintura se alongam em uma barra vermelha que está junto às paredes. Todas usam meias e sapatilhas, têm os cabelos presos e laços de fita na cintura. Sentado em uma cadeira, há um homem de cabelo preto curto, paletó escuro e calça cinza segurando um violino. Ele tem à frente uma partitura. Ao lado dele, em pé,  há outro homem de cabelo curto preto e bigode espesso, óculos,  vestindo paletó branco e calça branca. Ele segura um bastão com a mão direita e com a esquerda gesticula.  Diante desses dois homens, na parte central da imagem, há uma bailarina olhando para eles e uma cadeira sobre a qual estão colocados alguns leques.
DEGAS, Edgar. Foyer de dança da Ópera da rua Le Peletier. 1872. Óleo sobre tela, 32,7 por 46,3 centímetros. Museu d’Orsay, Paris, França.
Respostas e comentários

Contextualização

Duas montagens que podem ser referências relevantes para apresentar o balé aos estudantes são:

A montagem realizada pelo American Ballet Theatre, em 2015, com a Misty côuplend no papel principal. Ela foi a primeira bailarina negra a interpretar a princesa Odette em uma companhia de balé norte-americana.

• A montagem do Balé Teatro Guaíra, de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), elaborada em 2019, que conta a história de O lago dos cisnes de um ponto de vista contemporâneo.

Sobre o balé romântico do século dezenove, comente com os estudantes que essa manifestação buscou desafiar a força da gravidade e mostrar bailarinas que parecem levitar. Os espetáculos procuravam transmitir a sensação de leveza. Nessa época, surgiu a sapatilha de ponta, responsável por alongar os corpos das bailarinas aos olhos dos espectadores e por tornar possível que elas diminuíssem a superfície de contato com o chão. Ainda em relação à sapatilha de ponta, comente que ela tem uma ponta dura de gesso, na qual os bailarinos devem se equilibrar para realizar os movimentos. Esse tipo de sapatilha exige que o bailarino conheça o seu centro de força e equilíbrio para atribuir o máximo de leveza possível à execução dos movimentos.

Nesse momento, o balé começou a ser apresentado em teatros e salas destinadas a apresentações artísticas. Isso provocou modificações no modo de elaboração das coreografias, uma vez que elas passaram a ser vistas de frente pelos espectadores, e não mais de cima para baixo, como acontecia nas cortes. Além disso, com a mudança de espaço das apresentações, mais pessoas puderam ter acesso a essas manifestações.

Seria interessante traduzir para os estudantes o significado da palavra foyer (“sala, salão, saguão”) no título da tela de Ed. No caso de um teatro, trata-se do salão reservado ao ensaio dos bailarinos.

O lago dos cisnes

A peça de balé O lago dos cisnes, que foi baseada em contos populares russos, conta a história de Odette, uma jovem que, após ser enfeitiçada, durante o dia se transforma em cisne e, à noite, retoma a fórma humana. Leia o texto reproduzido a seguir.

reticências

O Lago [dos cisnes] narra a história de uma princesa, Odette, transformada num cisne pelo feiticeiro Rôt bárt. Só da meia-noite até o amanhecer ela tem fórma de gente. Para quebrar esse feitiço, um jovem terá de lhe fazer juras de amor eterno.

O príncipe Çig frid, no meio de uma caçada, encontra o lindo cisne, que se transforma numa linda moça. Apaixona-se por ela e declara seu amor.

Uma grande festa vai comemorar o aniversário do príncipe, que nessa ocasião terá de escolher uma noiva. No baile, Çig frid recusa todas as pretendentes. Até que chega Rôt bárt, o feiticeiro, disfarçado de nobre e acompanhado de sua filha Odile, que ele fez ficar parecida com Odette.

O príncipe é enganado e faz nova jura de amor. Só então se dá conta de que ainda não soou meia-noite e que aquela, portanto, não pode ser Odette. Corre para o lago e a encontra desolada. Rôt bárt provoca uma tempestade, Çig frid protege Odette e jura morrer com ela. A magia é quebrada, e o reino de Rôt bárt desmorona.

reticências

BOGÉA, Inês. O livro da dança. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002. página 31. (Coleção Profissões).

Fotografia. Dois homens dançam sobre um palco com fundo escuro. À esquerda, um deles vestindo  blusa preta e dourada de mangas bufantes, calça e sapatilhas brancas, segura com a mão esquerda o braço do bailarino ao seu lado. Á direita, o outro bailarino, usando um vestido branco, com saiote de tule, uma tiara, luvas brancas e sapatilhas douradas. Ele está de braços abertos e se equilibra sobre a perna esquerda enquanto a direita se eleva para trás. Ambos estão maquiados e olham para a frente, na direção da plateia.
Djôzef Djéfris, à esquerda, como o Príncipe, e Fernando Medina Gallego, como Odette, na encenação de O lago dos cisnes, de Les Ballets Trockadero de Monte Carlo (companhia de balé exclusivamente masculina que apresenta paródias de balés clássicos), no Carpenter Center em Long Beach, Estados Unidos, em 2010.

Para ler

. O lago dos cisnes. São Paulo: Vergara e Riba, 2014.

Esse livro traz uma adaptação de O lago dos cisnes para o público juvenil e também uma biografia de Piôtri Tchaikóvisk.

Respostas e comentários

Contextualização

Comente sobre a paródia de O lago dos cisnes feita pela Companhia Les Bal­lets Trockadero que é dançada por pessoas do sexo masculino representando os papéis femininos e masculinos.

Explique aos estudantes que as paródias são releituras cômicas de uma obra artística existente e que, no caso da montagem feita pela Companhia Les Ballets Trockadero a paródia é uma maneira de criticar o modo como os papéis femininos e masculinos são interpretados nos balés de repertório. Aproveite para lembrar os estudantes de que há muitas maneiras de contar uma história conhecida, seja dentro, seja fóra dos palcos, e que a maneira como ela é contada pode mudar bastante o modo como recebemos a história, como é o caso também da adaptação do livro indicado para leitura nesta página.

Sugestão de atividade

Depois de ouvir ao menos uma vez o áudio “Trecho de ‘O lago dos cisnes’, de tiáocóvisqui” com os estudantes, coloque para tocar novamente e proponha uma breve experiência de dança.

Abra um espaço na sala de aula e, a partir do trecho da composição musical e das imagens de balé que conheceram, convide os estudantes a “desafiarem a lei da gravidade”.

Como desafiá-la sem usar sapatilhas de ponta? Sugira que improvisem alguns movimentos de dança livremente, com base nessa ideia.

Depois, converse com eles sobre as sensações e impressões que tiveram ao improvisar esses movimentos. Pergunte também quais palavras eles usariam para descrever essas fórmas de movimentação, assim você pode estimular o aprofundamento da consciência corporal deles sobre as diferentes qualidades de movimentos – leves, pesados, lentos, rápidos, contínuo, descontínuo, maior, menor.

Não é necessário que os estudantes usem exatamente essas palavras para descreverem as qualidades do que praticaram; o mais importante é que eles comecem a elaborar um vocabulário próprio que os ajude a diferenciar essas qualidades e que as reconheçam com o corpo.

Por dentro da arte

A dança e as artes visuais

Alguns artistas escolheram a dança como tema de suas obras de arte. Entre um dos mais importantes desses artistas está Edgar Degas (1834-1917), representante do Impressionismo, movimento artístico que surgiu na França na segunda metade do século dezenove.

Degas representou bailarinas em cêrca de mil de seus desenhos, pinturas e esculturas. Além de espectador, o artista frequentava os bastidores e as salas de ensaios do teatro Ópera de Paris, na França. É dele a pintura reproduzida na página 24.

Observe, a seguir, outro trabalho em que o artista representou bailarinas.

Pintura. Em primeiro plano, sobre um assoalho de madeira, uma bailarina de cabelos ruivos presos em um coque, vestido branco e azul e saia de tule está de costas, com sapatilhas douradas e  um laço azul na cintura. Ela está com a cabeça inclinada para baixo e os braços para trás, na altura da cintura. Ao fundo, outras três bailarinas usando vestidos de tule branco e azul fazem movimentos variados.
. Bailarina. cêrca de 1880. Pastel e carvão sobre papel, 48,9 por 31,8 centímetros. Museu Metropolitano de Arte, Nova York, Estados Unidos.

Para representar as bailarinas em suas obras, Degas observava as posições e os movimentos executados durante as apresentações e antes de entrarem em cena (nos bastidores e em ensaios).

Respostas e comentários

Por dentro da arte

Comente com os estudantes que, a partir do final do século dezenove, muitos artistas questionaram a falta de liberdade do ensino acadêmico. Esses artistas defendiam um ensino de arte que respeitasse sua individualidade e sua originalidade e os libertasse dos modelos tradicionais consagrados pelas academias. Formaram-se, assim, diferentes movimentos, como o Impressionismo, que promoveram uma ruptura com os padrões rígidos da arte acadêmica. Iniciado na França na segunda metade do século dezenove, o Impressionismo resultou do trabalho de um grupo de artistas inovadores que propunham a produção artística fóra dos padrões acadêmicos e o uso de diferentes técnicas. Os pintores impressionistas costumavam trabalhar em suas obras a captação imediata da luz nos objetos e na natureza. Os impressionistas mais conhecidos foram Clôd Monê (1840-1926), camí pissarrô (1830-1903), Alfred Sisley (1839-1899), edigár degá (1834-1917) e Pierre Auguste Renoar (1841-1919).

Se julgar oportuno, comente com os estudantes que, diferentemente dos artistas que participaram dos movimentos anteriores, os impressionistas utilizaram duas novidades – a fotografia e a teoria das cores – para expressar seus sentimentos, suas percepções e suas emoções. A prioridade desses artistas não eram a mimese e a verossimilhança.

A fotografia mudou a percepção da realidade. Pode-se exemplificar esse fato com a fórma como era representado o cavalo em movimento antes e depois da fotografia. As teorias das cores também foram fundamentais para mudar a maneira de ver a realidade e a própria pintura. O estudo das cores ganhou caráter científico nas obras do químico Chevrú (1786­-1889). De acôrdo com a teoria de Chevrú, graças ao contraste simultâneo, é possível prever o efeito produzido pela justaposição de determinadas cores. Seus estudos estão relacionados à teoria das cores complementares e seus efeitos.

Sugestão de atividade

O Museu de Arte de São Paulo tem um grande número de desenhos, esculturas e pinturas de Degas em seu acervo. Você pode sugerir aos estudantes que façam uma busca no site do museu para conhecer outras obras desse artista. Outra sugestão de pesquisa no site do maspi é sobre a exposição coletiva Histórias da dança (2020), que mostrou diversos trabalhos visuais sobre danças, corpos e movimentos, disponível em: https://oeds.link/ZhfHDM . Acesso em: 22 maio 2022.

Essa pesquisa de imagens pode ser uma maneira de compreender como a dança está presente ou é representada em diversos contextos: nos palcos, nas ruas, nas coleções de museus de arte, em festas populares etcétera

Os esboços de Degas

Muitos artistas visuais fazem desenhos iniciais das obras que vão produzir. Esses traçados são chamados esboços ou estudos e constituem uma fase essencial do processo criativo. Essa é uma fase da produção em que o artista adquire mais conhecimento sobre a obra que está criando.

Antes de produzir suas pinturas e esculturas, Degas realizava alguns estudos. A escultura, intitulada Bailarina de catorze anos, por exemplo, resultou de uma série de desenhos produzidos por Degas. Observe a imagem desses estudos.

Fotografia. Escultura de uma jovem de cabelos longos presos em uma trança por um laço de fita,  usando um vestido curto  e sapatilhas, com as mãos unidas para trás e a perna direita à frente, sobre um pedestal quadrado de madeira. A escultura é de metal escuro, mas os trajes e a fita no cabelo da menina são de tecido acinzentado.
. Bailarina de catorze anos. 1880. Escultura de bronze com policromia e tecido, 99 por40 por 40 centímetros. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand , São Paulo São Paulo.
Desenho em preto e branco. Contorno de três bailarinas de cabelos presos, vestidos com saias amplas, com as mãos unidas para trás e uma das pernas à frente. À esquerda, menina de costas, usando coque. No centro, menina posicionada de perfil,voltada para a direita, usando trança. À direita, menina de frente, usando franja reta.
. Três estudos de uma dançarina. cêrca de 1878-1881. Giz sobre papel, 47 por62,3 centímetros. Coleção particular.

Degas também teve influência da fotografia, que havia sido recém-inven­tada, e utilizou esse recurso para registrar o transitório e o instantâneo, conferindo ainda mais realismo às suas produções. Observe a fotografia de uma bailarina, feita por edigár degá.

Fotografia em preto e branco. Mulher de perfil, cabelos escuros presos em um coque, está  voltada para a direita e com a cabeça levemente erguida, com o braço direito dobrado à frente do rosto. Ela usa um vestido claro  e está  ajustando a alça esquerda do vestido com as duas mãos.
. Bailarina ajusta a alça do figurino. cêrca de 1895-1896. Fotografia, 58,8 por 46,3 centímetros. Biblioteca Nacional da França, Paris, França.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

1. A partir das referências sobre o artista Degas, vamos realizar algumas possibilidades de desenho com a dança. Forme uma dupla com um colega e, utilizando folhas de papel, lápis ou canetas, encontre um espaço para se sentar e desenhar, alternadamente, os movimentos de dança um do outro.

Respostas e comentários

Foco na linguagem

Se possível, use um espaço mais amplo do que a sala de aula para fazer essa prática com os estudantes. O foco da proposta é trabalhar a percepção deles para duas fórmas de desenho: uma é o desenho rápido de observação dos movimentos de dança e a outra, os desenhos efêmeros criados com o movimento do corpo no espaço onde dançamos. Por isso, é interessante que quem está “desenhando a dança” possa ver os colegas se movimentando de perto e de longe e quem está “dançando o desenho” tenha espaço para praticar deslocamentos maiores, se quiser.

Incentive os estudantes a fazerem desenhos rápidos e que expressem os movimentos que estão sendo praticados, sem focar na representação dos corpos, mas principalmente no uso de linhas e pontos, pois o mais importante é expressar o movimento que está acontecendo.

No entanto, se alguns estudantes preferirem representar os corpos dançantes, fique atento para o caso de os desenhos se tornarem incômodos para aqueles que estiverem sendo desenhados e, se for preciso, trabalhe a importância do respeito aos colegas e suas diversas constituições corporais.

Utilizar um fundo musical, uma canção que tenha um ritmo mais lento e que seja instrumental pode ajudar na concentração dos estudantes para trabalhar a proposta. Se considerar oportuno, relembre os estudantes sobre a utilização do espaço e os níveis baixo, médio e alto da dança. Esses aprendizados anteriores sobre a relação entre dança e espaço podem ajudar na criação desses desenhos imaginários com o corpo.

Observe como os estudantes estão realizando os dois exercícios da prática, quais soluções estão criando e como interagem uns com os outros nesse processo de criação. Isso pode ajudá-lo a orientar e avaliar o aprendizado deles nesse momento e com as próximas propostas práticas da Unidade.

Se houver tempo, possibilite que os estudantes façam cada um dos exercícios (“desenhar a dança” e “dançar o desenho”) duas vezes, para explorar mais as possibilidades de cada proposta.

Incentive os estudantes a escolherem um dos desenhos criados para colar no diário de bordo ou, considerando esse desenho como um esboço, usá-lo para criar outras imagens da dança a partir dele e da memória.

O figurino no balé

Observe a imagem. Note que a bailarina retratada na fotografia usa uma vestimenta similar à utilizada pela bailarina retratada na imagem da página 22, o tutu.

Fotografia. Jovem negra, de cabelos presos em um coque, vestindo uma blusa laranja com saiote de tule rosa. Ela se equilibra na ponta do pé direito enquanto mantém a outra perna levantada para trás (que não aparece na imagem) e os braços abertos. Ela está no centro de um palco. Ao redor e ao fundo, há silhuetas de pessoas assistindo ao  espetáculo.
A bailarina brasileira Ingrid Silva se apresenta em Nova York, Estados Unidos, em 2014.

O tutu é a saia usada pelas bailarinas do balé clássico, feita com várias camadas de tule, de comprimento variado. Criado no início do século dezenove, o tutu foi muito importante para dar mais liberdade de movimento às bailarinas. Antes de essa vestimenta ser criada, as bailarinas se apresentavam usando saias longas.

Ao longo dos anos, a saia tutu foi ficando mais curta para que a movimentação das bailarinas pudesse ser vista com mais precisão.

Respostas e comentários

Contextualização

Ao introduzir o assunto sobre o figurino no balé, você pode dizer aos estudantes que, quando o figurino fazia parte apenas das danças da côrte, as roupas usadas pelos bailarinos costumavam ser feitas com material e ornamentos pesados. À medida que o balé foi se profissionalizando, ganhando os espaços dos teatros e agregando passos de difícil realização, as roupas usadas nas apresentações foram se adaptando para facilitar o movimento dos bailarinos, além de atribuir à composição elementos que dialogavam com o sonho e o encanto. A roupa mais conhecida, o tutu, aquela saia de tule rodada, surgiu logo após a sapatilha de ponta, para que o público pudesse ver e apreciar o trabalho técnico minucioso das pernas e dos pés da bailarina.

Se considerar oportuno, comente com os estudantes que a palavra de origem francesa tutu passou a fazer parte da linguagem corrente do balé clássico por volta de 1881; no entanto, seu uso tem registros desde os anos 1830. Há algumas possíveis origens da palavra tutu (no entanto, nenhuma delas confirmada); uma delas remete à dupla camada de tule do figurino.

Os movimentos no balé

Os bailarinos retratados nas fotografias desta página mostram características básicas das coreografias do balé: a harmonia, a simetria e a leveza. Outra caracte­rística comum das peças de balé clássico são os movimentos em uníssono, em que os bailarinos fazem movimentos iguais e ao mesmo tempo.

Fotografia. Doze bailarinas de cabelos presos em coque com tiara, usando vestido com saia de tule, meias e sapatilhas brancos. Elas estão em fila, posicionadas lado a lado, com o pé direito para trás e os braços abertos para a frente, todas fazendo o mesmo movimento de forma sincrônica.
Integrantes do Balé de novocibírsqui durante apresentação em Moscou, Rússia, em 2010.

Além dos movimentos em uníssono, durante as apresentações de balé são realizados movimentos em oposição e em sucessão. Os movimentos em oposição são realizados por dois bailarinos ou grupos de bailarinos que se posicionam em lados opostos do palco. Os movimentos em sucessão, por sua vez, são realizados em “efeito cascata”, ou seja, a mesma sequência de movimentos é realizada em tempos diferentes. Observe a fotografia reproduzida a seguir.

Fotografia. No canto esquerdo de um palco,  bailarinas de cabelos presos em coque e com tiara, usando traje, saiote de tule e sapatilhas brancos estão de perfil, com as mãos na cabeça abaixada para frente e  em posição gradualmente arqueada da esquerda para a direita. Algumas delas estão totalmente apoiadas no chão. À frente delas, no canto direito da imagem, um bailarino de cabelo curto, vestindo camisa branca e calça preta, ergue acima da cabeça uma bailarina de cabelo preso em coque, usando traje, saiote de tule e sapatilha brancos. Ela está paralela ao chão, no alto e estende o braço direito `a frente. .
Bailarinos da Companhia de Balé Australiano se apresentam em O lago dos cisnes, em Londres, Reino Unido, em 2016.
Respostas e comentários

Contextualização

Comente com os estudantes que foi o francês (1636-1705), professor de dança do rei Luís catorze e dançarino e coreógrafo da côrte, quem criou as cinco posições básicas do balé e várias terminologias difundidas até hoje. Explique que as coreografias de balé eram montadas considerando o palco como uma tela. A coreografia toda era pensada para ser harmônica, por isso a presença marcante do uníssono. O centro do palco era o local mais importante da cena e referência para toda a construção coreográfica.

Geralmente o casal principal de bailarinos ocupa o centro do palco, e os bailarinos do coro se movimentam ao redor deles ou em relação a eles.

Explique que na dança contemporânea essa relação também foi subvertida, e a noção de protagonismo quase não existe mais.

Outra questão que pode ser trabalhada é a dos movimentos feitos em pares, nos quais os bailarinos dão sustentação às bailarinas. Eles são bastante comuns tanto no balé quanto na dança contemporânea. Mas, atualmente, existem companhias que invertem esses papéis, ou seja, criam movimentos nos quais as dançarinas ou bailarinas sustentam seu par.

Se considerar oportuno, comente com os estudantes que os bailarinos retratados na segunda fotografia,ádam bul e âmber iscót, interpretam o príncipe Çig frid e a princesa Odette.

Sugestão de atividade

Convide os estudantes a experimentar coletivamente alguns movimentos de oposição e sucessão, com referências que eles consigam visualizar com base na leitura do texto e das imagens.

O movimento de sucessão, por exemplo, pode ser uma “onda” como as que são feitas pelas torcidas de futebol.

Instigue-os a pensar em como os movimentos de oposição poderiam ser experimentados.

Após a experimentação, volte a conversar com os estudantes sobre esses movimentos, para verificar se compreenderam suas possibilidades e características.

Arte e muito mais

Primeira companhia de balé profissional formada por bailarinas cegas faz sua estreia no Theatro Municipal de São Paulo

Fotografia. Bailarinas em um salão fechado com espelhos e barras horizontais nas paredes. Elas se alongam, usando saias e collants pretos, meias e sapatilhas brancas. À frente, uma mulher de cabelo preto preso em um coque, vestindo collant preto, saia azul  e sapatilhas pretas sorri e se equilibra sobre o pé esquerdo, com a outra perna flexionada para trás, e o braço direito para o alto. Ao seu lado, segurando sua mão esquerda, uma  mulher de cabelo preso preto, usando collant, saia e sapatilhas pretos. Ela se equilibra sobre a perna direita, com a outra perna erguida e um pouco flexionada para a frente.
Em primeiro plano, as bailarinas Geysa Pereira (à esquerda) e Verônica Batista (à direita) ensaiam com outras colegas na Associação Fernanda bianquíni, em São PauloSão Paulo, em 2015.

reticências

Um sonho alimentado há anos foi realizado, no domingo, 23 de julho: a Companhia de Ballet de Cegos, da Associação Fernanda bianquíni, primeiro grupo profissional formado por bailarinas com deficiência visual, se apresentou no Theatro Municipal de São Paulo.

Uma história de persistência, amor e inclusão foi apresentada ao público no espetáculo Sonhos, composto por doze números que misturam trechos de clássicos como La Bayadere, o musical Chorus Line e coreografias próprias, como Olhando pras estrelas. reticências

reticências Um espetáculo como esse desconstrói a ideia errônea de que as pessoas com deficiência são incapazes e mostra que apenas necessitam de um impulso que mostre seus potenciais para desenvolver talentos’, ressaltou o secretário da Pessoa com Deficiência da cidade de São Paulo.

Em 1995, uma bailarina com 15 anos de idade – e hoje fisioterapeuta – chamada Fernanda bianquíni disse ‘sim’ ao convite para ensinar, voluntariamente, passos de balé para algumas alunas do Instituto de Cegos Padre Chico. Assim foi concebido o embrião da associação que carrega seu nome. No decorrer desses 22 anos, a instituição se desenvolveu e passou a ser reconhecida mundialmente por um método pioneiro de ensino da técnica do balé clássico a pessoas com deficiência visual. O aprendizado, caracterizado pela sensibilidade artística, acontece por meio do toque e da repetição de movimentos.

Respostas e comentários

Arte e muito mais

Comente com os estudantes que, além dessa companhia de dança, existem outras no Brasil e no mundo que trabalham com pessoas com outros tipos de deficiência. Explique que há companhias que têm bailarinos com membros amputados ou com paralisia, que usam cadeiras de rodas, que dançam com bailarinos sem deficiência, e que essa é uma realidade que vem aumentando expressivamente no mundo da dança.

Idealizadora do espetáculo, Fernanda Bianquini fez um balanço positivo da apresentação, que contou com a participação de 80 bailarinas. ‘Sempre tive certeza que tudo chega na hora certa, nunca deixei de sonhar. Hoje, temos 340 [alunos] na associação. Atendemos desde crianças de 3 anos até a terceira idade’, disse a bailarina.

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As vagas são distribuídas da seguinte maneira: 60% para pessoas cegas ou com deficiência visual, 30% para aquelas que possuem outras deficiências e 10% a alunos sem deficiência, a fim de exercitar ‘a inclusão às avessas’. reticências Além do balé clássico, elas podem aprender, gratuitamente, sapateado, dança de salão, expressão corporal, dança do ventre, pilates, dança contemporânea, coral e teatro.”

Primeira Companhia de Ballet Profissional formada por bailarinas cegas estreia no Theatro Municipal. 2017. Disponível em: https://oeds.link/U8jzUL. Acesso em: 14 fevereiro 2022.

Fotografia. Uma bailarina branca, de cabelos pretos e presos em coque, vestindo collant, saia e sapatilhas pretos. Ela apoia o pé direito sobre uma barra junto a um espelho, arqueando o corpo para a frente e erguendo o braço esquerdo. Atrás dela, apoiando-a, está uma mulher branca, de cabelos pretos presos em um laço, vestindo camisa e calça preta. Ambas sorriem e o reflexo delas aparece no espelho.
A bailarina Verônica Batista recebe a orientação da professora Fernanda Bianquini, em São Paulo (São Paulo), em 2015.

Faça no diário de bordo.

Ícone. Tema contemporâneo transversal Cidadania e Civismo

Reúna-se em grupo com seus colegas e pesquisem outros projetos e estratégias artísticas que visam romper barreiras comunicacionais para pessoas com deficiências sensoriais, como a visual e a auditiva. Vocês poderão pesquisar sobre soluções criadas no cinema, no teatro, na interpretação de canções com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), nos museus de artes visuais etcétera Ao final, sigam as orientações do professor para montar um roteiro sobre a pesquisa para compartilhar com a turma toda. O foco da proposta são os direitos da pessoa com deficiência e os recursos para adaptar a linguagem, com atenção aos direitos humanos.

Respostas e comentários

Contextualização

Você pode desdobrar a conversa sobre acessibilidade e prática artística de pessoas com deficiência. No entanto, cuide para não expor estudantes que não estejam confortáveis com essa discussão, respeitando os limites emocionais, sobretudo no caso de haver estudantes com deficiência no grupo.

Comente com os estudantes que, nessa fotografia, a professora Fernanda bianquíniorienta a bailarina Verônica Batista diante do espelho – típico das salas de aula de balé e de dança contemporânea.

Se considerar oportuno, comente com os estudantes que, em 2012, a Companhia de Ballet de Cegos fez uma apresentação nas Paralimpíadas de Londres, no Reino Unido.

Pesquisa

As barreiras comunicacionais são um desafio muito grande na educação e em toda a vida social. Pessoas com deficiências sensoriais, como a deficiência visual e auditiva, encontram muitos limites devido à falta de oferta de oportunidades como essa, criada pela companhia de balé. No entanto, há também muitos artistas e coletivos compreendendo o potencial expressivo dos recursos comunicacionais criados para atender a pessoas com deficiência visual e à comunidade surda. Pesquisar as barreiras comunicacionais é um modo de oferecer recursos para um convívio que fomente todo o potencial das pessoas com deficiência, com atenção, portanto, aos direitos da pessoa com deficiência e à Educação em direitos humanos, que integra o Tema contemporâneo transversal Cidadania e civismo.

Faça no diário de bordo.

Experimentações

  

Nesta experimentação, você vai criar e vivenciar uma sequência de dança de três fórmas: uníssono, oposição e sucessão. Nela, também vamos continuar a experimentar a relação entre dança, ocupação espacial e desenhos imaginários.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Momento 1 – Coreografia

Os processos de criação de uma coreografia são infinitos. Os movimentos podem ser criados ou aproveitados de práticas que vocês fizeram antes. Os registros no diário de bordo podem ajudar vocês a relembrá-los.

  1. Formem grupos de 5 integrantes e atribuam um número de 1 a 5 a cada um deles.
  2. O integrante número 1 faz um movimento e todos os outros o aprendem e o reproduzem.
  3. O integrante número 2, em seguida, cria um movimento que dê sequência ao anterior. Todos aprendem o segundo movimento e o reproduzem, e assim sucessivamente.
  4. Se considerarem que com apenas cinco movimentos a sequência coreográfica ficou pequena, criem uma sequência com dez movimentos.
Fotografia. Cinco adolescentes posicionados lado a lado em um salão. Da esquerda para direita: menina de cabelo longo castanho, de  camiseta e calça azuis, erguendo o braço esquerdo ao lado da cabeça, enquanto os demais a observam; menina de cabelo longo ruivo, vestindo camiseta laranja e calça azul; menino de cabelo curto preto, vestindo camiseta e calça azuis; menino de cabelo curto preto, vestindo camiseta verde e calça azul; menina de cabelo longo preto, vestindo blusa verde e calça azul.
Fotografia. Cinco adolescentes posicionados lado a lado em um salão. Da esquerda para direita: menina de cabelo longo castanho, vestindo camiseta e calça azuis; menina de cabelo longo ruivo, vestindo camiseta laranja e calça azul; menino de cabelo curto preto, vestindo camiseta e calça azuis; menino de cabelo curto preto, vestindo camiseta verde e calça azul, erguendo a perna esquerda flexionada, enquanto os demais o observam; menina de cabelo longo preto, vestindo blusa verde e calça azul.
Adolescentes em criação coreográfica. São Paulo, 2018.

Momento 2 – Movimentos uníssonos, de oposição e de sucessão

  1. Escolham uma música para acompanhar a dança. O ritmo e a melodia musicais ajudarão vocês a praticar a sequência coreográfica criada, com cinco ou mais movimentos.
  2. Ensaiem a sequência algumas vezes.
  3. Experimentem os movimentos de fórma uníssona.
  4. Em seguida, experimentem os movimentos em oposição e sucessão.
Respostas e comentários

Experimentações

É interessante que a proposta seja feita em uma área externa da escola ou espaços internos de uso fóra da sala de aula, se possível. O local escolhido deve ser adequado para práticas corporais realizadas nos três níveis (baixo, médio e alto) e também considerar o terceiro exercício da proposta, que consistirá na apresentação dos grupos.

Verifique se o espaço apresenta qualquer risco para a realização da proposta e peça aos estudantes que estejam atentos a isso.

Momento 1: oriente a formação dos grupos e explique que cada um dos integrantes deverá criar ou relembrar um movimento com uma parte do corpo para ensinar aos outros. Ressalte que, caso o grupo queira criar a sequência de outra maneira, sem seguir o passo a passo desse momento, é possível também.

É importante que eles percebam que estão criando a coreografia como um jôgo de peças, em que uma se encaixa na outra.

Momento 2: relembre com os estudantes as práticas que eles já criaram. Peça que deixem os diários de bordo à mão, caso queiram consultar alguma anotação. Relembre também os conceitos de movimentos uníssonos, de oposição e de sucessão. Você pode usar algumas imagens do Tema 2 para evidenciar a fórma como os movimentos estão iguais (em uníssono) – as ações, os gestos, o tempo, a força etcétera e os demais são variações de ritmo para execução ou ocupação do espaço.

 

  1. Experimentem desenhos imaginários que podem ser feitos com esses movimentos no espaço onde estão.
  2. Agora, decidam como os movimentos serão dançados, se de fórma uníssona, em oposição ou sucessão, ou ainda usando mais de uma dessas fórmas combinadas. Decidam também como vocês vão ocupar o espaço para dançar.
Fotografia. Cinco adolescentes posicionados lado a lado em um salão. Da esquerda para direita: menina de cabelo longo castanho, vestindo camiseta e calça azuis; menina de cabelo longo ruivo, vestindo camiseta laranja e calça azul; menino de cabelo curto preto, vestindo camiseta e calça azuis; menino de cabelo curto preto, vestindo camiseta verde e calça azul; menina de cabelo longo preto, vestindo blusa verde e calça azul. Todos erguem a perna esquerda semiflexionada.
Fotografia. Cinco adolescentes posicionados lado a lado em um salão. Da esquerda para direita: menina de cabelo longo castanho, vestindo camiseta e calça azuis; menina de cabelo longo ruivo, vestindo camiseta laranja e calça azul; menino de cabelo curto preto, vestindo camiseta e calça azuis; menino de cabelo curto preto, vestindo camiseta verde e calça azul; menina de cabelo longo preto, vestindo blusa verde e calça azul.  Todos erguem a perna direita semiflexionada.
Adolescentes realizam passos de dança em uníssono. São Paulo, 2018.

Momento 3 – Apresentação

  1. Escolham o espaço onde vão se apresentar e ensaiem algumas vezes nele.
  2. Apresentem para a turma a sequência que vocês ensaiaram. Ela pode ser feita duas vezes: uma de olhos abertos e a outra de olhos fechados.

Avaliação

Depois de todos os grupos se apresentarem, organizem-se em um círculo, sentados, para compartilhar o que acharam dessa experiência de criação em grupo. Reflitam sobre as questões a seguir.

  1. Como foi organizar a sequência coreográfica? Houve alguma dificuldade?
  2. Como é dançar a coreografia de olhos fechados e imaginar os desenhos que os movimentos criam no espaço?
Respostas e comentários

Momento 3: ajude os grupos a escolher o local onde vão se apresentar dentro da escola, considerando as possibilidades do próprio local e também o tempo para fazer as apresentações. Solicite a eles que informem a música que querem usar na atividade, para fazer uma seleção daquelas que são apropriadas para essa faixa etária, e indique o tempo que cada grupo terá para se apresentar. Ao orientar os ensaios, ressalte que não é necessário que a sequência fique “perfeita”, até porque eles não terão muito tempo para ensaiar. O mais importante é que eles experimentem a criação dos movimentos e da sequência e algumas possibilidades rítmicas e de ocupação espacial da dança.

Oriente os grupos na apresentação das sequências; primeiro, de olhos abertos; depois, de olhos fechados. Peça aos grupos que se atentem a ambos os momentos ao realizar a dança a fim de que percebam as diferenças.

Avaliação

Essas questões têm o objetivo de provocar a reflexão dos estudantes acerca da relação entre música e dança. Peça aos estudantes que façam uma reflexão no diário de bordo.

Glossário

Romântico
: relativo ao Romantismo, movimento artístico, filosófico e político iniciado na Europa no fim do século dezoito e caracterizado pela valorização do sentimentalismo, da originalidade, das tradições históricas e dos modelos nacionais.
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