Unidade 3  O corpo como expressão

Fotografia. Dois atores em um palco sentados de perfil, em pilhas de jornais, de costas um para o outro com o rosto voltado para a frente. O da esquerda tem as mãos apoiadas nas coxas, enquanto o da direita está com uma das mãos sobre a pilha de jornais e as pontas dos pés apoiadas no chão. Têm o rosto pintado de branco, com sobrancelhas delineadas, um pequeno bigode e estão de boca aberta como se estivessem surpresos. Estão identicamente vestidos: usam touca preta, vestindo camiseta branca e calça preta, com suspensórios, mangas e meias listrados de preto e branco.
Os atores Bruno Caldeira e Gustavo Rizzotti em cena do espetáculo Zigg e Zogg, da Companhia 2 de Teatro, em Juiz de fóra (Minas Gerais), em 2016.

Nesta Unidade:

TEMA 1 Corpo e gestualidade

TEMA 2 A dramaturgia do corpo

TEMA 3 A arte de fazer rir

Respostas e comentários

Competências da Bê êne cê cê

As competências favorecidas nesta Unidade são:

Competências gerais: 1, 2, 3, 5, 8, 9 e 10.

Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 1, 3, 4, 5 e 6.

Competências específicas de Arte para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 4, 6, 7 e 9.

Objetos de conhecimento e habilidades da Bê êne cê cê

As habilidades favorecidas nesta Unidade são:

Artes visuais

Contextos e práticas

(ê éfe seis nove á érre zero três)

Música

Contextos e práticas

(ê éfe seis nove á érre um nove)

Teatro

Contextos e práticas

)

)

Elementos da linguagem

)

Processos de criação

(

)

Artes integradas

Contextos e práticas

Processos de criação

)

Arte e tecnologia

)

Sobre esta Unidade

Na Unidade de teatro, o corpo e a autopercepção criativa e autoral continuam em foco. Em primeiro lugar, a gestualidade da linguagem teatral é explorada, com propostas de experimentação e conexões com a visualidade – cinema mudo, cenografia, adereços e figurinos. Em segundo lugar, os estudantes pensam os potenciais de dramaturgia a partir do corpo, com ênfase na mímica e na commedia dell’arte. Ao longo da Unidade, os estudantes realizam diversas experimentações com o teatro, fazem uma pesquisa com os familiares ou pessoas mais velhas sobre gêneros musicais e encerram as propostas com um exercício de leitura dramática. Articulam, assim, as referências artísticas à reflexão e à experimentação em aula.

De olho na imagem

Fotografia. Dois atores em um palco sentados de perfil, em pilhas de jornais, de costas um para o outro com o rosto voltado para a frente. O da esquerda tem as mãos apoiadas nas coxas, enquanto o da direita está com uma das mãos sobre a pilha de jornais e as pontas dos pés apoiadas no chão. Têm o rosto pintado de branco, com sobrancelhas delineadas, um pequeno bigode e estão de boca aberta como se estivessem surpresos. Estão identicamente vestidos: usam touca preta, vestindo camiseta branca e calça preta, com suspensórios, mangas e meias listrados de preto e branco.
Os atores Bruno Caldeira e Gustavo Rizzotti no espetáculo Zigg e Zogg, da Companhia 2 de Teatro, em Juiz de fóra (Minas Gerais), em 2016.

Faça no diário de bordo.

  1. Quantos atores estão em cena? Onde eles estão sentados?
  2. Como é o figurino deles? Esse figurino faz você se lembrar de alguma personagem?
  3. Como é a maquiagem dos atores?
  4. Você sabe qual é o nome das personagens interpretadas pelos atores retratados nessa fotografia?
  5. Que partes do corpo dos atores estão evidentes na imagem?
  6. Embora eles estejam posicionados de modo muito parecido no palco, mencione ao menos três diferenças que é possível observar no posicionamento dos atores.
  7. Para onde está direcionado o olhar dos atores? Converse com os colegas.
Versão adaptada acessível

5. O que mais chama a sua atenção nos atores dessa imagem?

6. Embora eles estejam posicionados de modo muito parecido no palco, mencione algumas diferenças no posicionamento dos atores.

Respostas e comentários

De olho na imagem

A leitura da imagem que abre a Unidade é uma oportunidade para realizar uma avaliação diagnóstica dos repertórios dos estudantes, assim como suas percepções individuais e coletivas sobre a imagem apresentada. É um momento importante para encontrar focos de trabalho que poderão ser aprofundados nas aulas posteriores e, se necessário, rever planejamentos elaborados para o uso do livro.

Para isso, direcione sua atenção àquilo que os estudantes estão lendo, o que chama a atenção à primeira vista e os repertórios culturais a que eles associam e compartilham na leitura de imagem. Considere também como estão lendo, se estão à vontade para se colocar, mobilizados ou não pela referência imagética, se apresentam dificuldades de identificação de algum elemento visual etcétera.

1. Observe atentamente a imagem com os estudantes. Depois desse momento de observação e de eles terem dado diferentes respostas às perguntas, converse com eles olhando para a imagem e destaque a

presença de dois atores em cena. A seguir, comente que os atores estão sentados, de lado, sobre uma pilha de papéis ou de jornais.

2. Peça a eles que comentem o que observam do figurino dos atores da fotografia. Espera-se que mencionem que eles parecem estar vestidos e maquiados da mesma maneira. O figurino consiste em uma camiseta branca com mangas listradas horizontalmente (preto e branco), suspensório e meias com o mesmo padrão listrado, gorro, calça e sapatilhas da cor preta. Incentive-os a relacionar o figurino com personagens que eventualmente conheçam. Valorize esse momento de elaboração de hipóteses.

3. Deixe que eles respondam livremente. Depois, comente que a maquiagem é branca e recobre todo o rosto dos atores, como se fosse uma “máscara”. As sobrancelhas estão delineadas na cor preta e foi pintado um pequeno bigode.

4. Incentive os estudantes a ler atentamente a imagem e a legenda. É possível que eles relacionem o nome do espetáculo Zigg e Zogg ao nome das personagens retratadas. Aproveite para destacar a importância da legenda, que contém informações de texto que complementam a informação visual da imagem.

5. Primeiro, incentive-os a responder. Depois, chame a atenção para o fato de que o corpo todo de cada um dos atores faz parte da composição cênica. Destaque, no entanto, que é possível perceber a ênfase nas expressões faciais, principalmente no movimento da boca (que parece estar emitindo um som de “Ó”) e nos olhos dos atores, que estão arregalados. Leve os estudantes a perceber que os atores agem como se estivessem espantados com algo. Os dois estão posicionados de perfil para a plateia, e as mãos de um deles parecem se apoiar nas pernas, enquanto o outro apoia uma das mãos na pilha de papéis. Ainda assim, mesmo posicionados de perfil, ambos os atores se colocam de modo que todo o corpo possa ser visto, privilegiando uma relação de frontalidade com o público, como em uma pintura, em que o espectador observa a imagem de frente.

6. Diferenças: a) O ator da direita está apoiado na ponta dos pés, enquanto o outro apoia o pé todo no chão; b) O ator da esquerda apoia as mãos sobre as pernas, e o outro as apoia na pilha de papéis; c) O ator da direita parece estar mais virado para a plateia, pois podemos ver mais a área de seu peito do que a do ator da esquerda.

7. Deixe que eles respondam livremente e que elaborem hipóteses. Depois, conclua que ambos olham para algum ponto em direção à plateia. Destaque que eles olham de modo cômico e caricato, parecendo estar surpresos ou espantados.

Artista e obra

Companhia 2 de Teatro

Nesta Unidade, você terá a oportunidade de conhecer grupos e estilos do teatro e do audiovisual que trabalham com a expressão corporal e o riso.

Na página anterior, você pôde observar a cena de um espetáculo da Companhia 2 de Teatro, fundada pelos artistas Frederico Magella e Gustavo Rizzotti, em 1994. Desde 2004, o ator Bruno Caldeira também integra o grupo.

Fotografia. Homem branco, de cabelos grisalhos e curtos, de camisa branca e sorrindo.
Frederico Magella, no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 2018.
Fotografia. Homem sorrindo, de cabelo castanho, barba espessa, vestindo camiseta preta e colar prateado com amuleto azul em forma de mão com um olho no centro.
Bruno Caldeira, no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 2018.
Fotografia. Homem branco, de cabelo loiro e barba grisalha, usando boné branco, camisa preta e óculos de armação retangular preta.
Gustavo Rizzotti, no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 2018.

Como fórma de explorar ao máximo a expressão corporal dos atores, a Companhia 2 de Teatro propõe espetáculos em que não há o uso de palavras. Em algumas dessas apresentações, o fio condutor da ação é a música.

Com foco na linguagem gestual, os atores utilizam recursos da pantomima e técnicas de palhaço. Elementos do cinema mudo, das histórias em quadrinhos e do circo inspiram as criações do grupo. Todos esses estilos você poderá conhecer melhor ao longo de toda esta Unidade.

A Companhia 2 de Teatro já realizou mais de dez espetáculos e se apresentou em países como Rússia, Bulgária, Chile, Argentina e México. Frederico Magella, Gustavo Rizzotti e Bruno Caldeira se revezam em diferentes funções na criação teatral, como direção, interpretação, produção, entre outras atividades do fazer teatral. Frederico, por exemplo, é conhecido nacionalmente por seu trabalho como produtor teatral e é responsável pelo Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte (Minas Gerais). Gustavo Rizzotti, além de atuar, responde pela direção e pela criação da iluminação e dos cenários de muitos dos espetáculos da companhia.

Respostas e comentários

Artista e obra

Pergunte aos estudantes se eles já ouviram falar em produção teatral. Deixe-os à vontade para responder. Depois, comente com eles que o produtor teatral é o profissional responsável, em uma peça, pela parte administrativa e financeira, por organizar os recursos materiais e econômicos para a montagem de uma produção teatral, englobando locações de teatros, pagamento de atores e técnicos, compra ou empréstimo de material, supervisão da confecção de figurinos e cenários etcétera.

Se considerar oportuno, aproveite para apresentar aos estudantes a noção de triangulação, amplamente presente na atividade teatral de caráter cômico. Em diferentes estilos teatrais, sobretudo naqueles em que há máscara (o nariz do palhaço, por exemplo, que é considerado “a menor máscara do mundo”), os atores usam a triangulação como fórma de pontuar seus movimentos. A triangulação consiste na repetição sucessiva de um olhar voltado para o público, outro voltado para o foco de sua comunicação em cena (seja um objeto, seja o outro ator) e a finalização do movimento, voltando-se novamente para o público. Desse modo, a cada ação ou fala, o movimento tem início e finaliza reafirmando a cumplicidade do olhar do espectador.

Tema 1  Corpo e gestualidade

Teatro sem palavras

Você consegue imaginar a apresentação de uma peça de teatro em que não haja falas e diálogos? É isso o que ocorre no espetáculo Zigg e Zogg, da Companhia 2 de Teatro, que conhecemos nas páginas anteriores. Nessa peça, há apenas duas personagens, retratadas na imagem da abertura, e as cenas ocorrem sem que os atores digam uma palavra sequer.

Se os atores não usam a fala, como, na sua opinião, eles conseguem se comunicar com o público e apresentar a história desenvolvida na peça? Observe atentamente a fotografia reproduzida a seguir e levante hipóteses.

Fotografia. Dois atores lado a lado, identicamente vestidos: de touca preta, rosto pintado de branco com um pequeno bigode pintado, vestindo camiseta branca e calça preta, com suspensórios e mangas listrados de preto e branco. O ator da esquerda segura uma folha de jornal enrolada do lado direito da cabeça, com as mãos tapando as duas orelhas e com expressão de dor. À direita dele, o outro ator está  com mãos juntas ao lado da orelha esquerda do primeiro, com expressão de esforço.
Os atores Bruno Caldeira e Gustavo Rizzotti em cena do espetáculo Zigg e Zogg, da Companhia 2 de Teatro, em Juiz de fóra (Minas Gerais), em 2016.

Observe o olhar, os gestos e as expressões faciais dos atores retratados na fotografia. Você percebe que há certo exagero nos gestos e nas expressões? A intenção desse exagero é reforçar as ideias ou as emoções que as personagens vivenciam e facilitar sua comunicação com o público. Desse modo, na peça Zigg e Zogg, a construção dos sentidos acontece com base na leitura que o público faz do corpo dos atores em cena.

Respostas e comentários

Objetivos

• Identificar o teatro sem palavras, reconhecendo que a expressão corporal dos atores é o principal meio de comunicação com o público

• Conhecer espetáculos e atores que não fazem uso de falas em suas encenações.

• Reconhecer a importância da linguagem corporal na cena teatral.

• Identificar a arte de representar apenas com gestos corporais no cinema mudo.

• Perceber a importância não somente da expressão corporal dos atores, mas também de outros elementos visuais, como o cenário, o figurino, os adereços e a maquiagem, para a composição da cena de um espetáculo teatral.

• Conhecer profissões envolvidas no desenvolvimento de propostas teatrais.

• Experienciar a utilização da comunicação gestual e corporal por meio do jogo e da organização da ação teatral.glossário

• Desenvolver a autoconfiança glossário e a autocrítica por meio da experimentação artística.

Habilidades favorecidas neste Tema

(ê éfe seis nove á érre zero trêsê éfe seis nove á érre um noveê éfe seis nove á érre dois quatroê éfe seis nove á érre dois cincoê éfe seis nove á érre dois seisê éfe seis nove á érre dois seteê éfe seis nove á érre dois oitoê éfe seis nove á érre dois noveê éfe seis nove á érre três dois e ê éfe seis nove á érre três cinco

Contextualização

Auxilie os estudantes na leitura da imagem. Incentive-os a observar atentamente os corpos dos atores e a elaborar hipóteses acerca de possíveis significados para as expressões apresentadas. Converse com eles sobre como percebem o próprio corpo e convide-os a compartilhar momentos em que conseguiram se comunicar sem que fosse necessário o uso da fala. Reflita com eles sobre as ocasiões em que suas emoções ou intenções foram comunicadas por meio de suas posturas, expressões faciais e gestos. Esclareça que, ao longo da história do teatro, os artistas trabalharam com o corpo em diferentes perspectivas e que, em decorrência disso, foram sendo criadas estéticas variadas. Na tragédia, por exemplo, o tronco e os membros têm sua mobilidade reduzida, ao passo que, nos dramas psicológicos, as mãos e os olhos são as principais ferramentas expressivas. Já no teatro de rua e nas manifestações populares, o corpo todo é convocado à ação, com gestos e movimentos amplos. Nessas propostas, a busca dos artistas teatrais foi justamente por uma linguagem corporal que pudesse ir além da mera ilustração de palavras ditas em cena. Com isso, muitas investigações artísticas retiraram a palavra da cena, na tentativa de encontrar os possíveis signos e sentidos a serem criados e comunicados pelo corpo.

O corpo na criação teatral

Na página anterior você viu que, na cena teatral, a linguagem corporal é tão significativa quanto a palavra (nesse caso, as falas dos atores). Quando falamos de linguagem corporal, estamos nos referindo a todos os movimentos, às pausas, às expressões e aos gestos realizados em cena.

As ações corporais realizadas em cena sempre têm uma intenção e o que se espera é que sejam interpretadas pelo público. Por exemplo, ao fazer o gesto de levantar o dedo polegar para alguém, queremos dizer que algo está correto e esperamos que a pessoa a quem direcionamos esse gesto entenda. Isso também acontece em uma cena teatral.

Observe a fotografia reproduzida a seguir.

Fotografia. Dois atores em pé, de frente um para o outro, olham na direção da plateia. Eles têm o rosto pintado de branco e um pequeno bigode. Estão identicamente vestidos: de touca preta,  camiseta branca e calça preta, com suspensórios e mangas listrados de preto e branco. Ambos estão com a boca aberta e os olhos arregalados e tocam as pontas dos dedos indicadores um do outro.
Os atores Gustavo Rizzotti e Bruno Caldeira em cena do espetáculo Zigg e Zogg, da Companhia 2 de Teatro, em Juiz de fóra (Minas Gerais), em 2016.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

  1. Observe a imagem e responda às questões a seguir.
    1. Descreva as ações corporais realizadas pelos atores na cena retratada na fotografia desta página. Eles estão fazendo os mesmos gestos e as mesmas expressões?
    2. Qual seria a intenção dos atores nessa cena?
Versão adaptada acessível

1. Com base na descrição da imagem, responda às questões a seguir.

Respostas e comentários

Contextualização

Converse com os estudantes sobre outras manifestações artísticas em que a gestualidade do corpo é colocada em evidência. Você pode citar, por exemplo, a produção do Renascimento, em que a pintura e a escultura davam destaque para a expressividade corporal. No Renascimento, uma das principais premissas filosóficas era a de que o ser humano (e não mais Deus) estaria no centro do Universo. Em decorrência disso, os artistas passaram a estudar a anatomia humana e a produzir suas obras delegando um papel central às posturas, aos gestos e às expressões corporais.

Se julgar oportuno, apresente algumas obras do Renascimento, como o teto da Capela Sistina, em que o artista italiano Michelangelo retratou a criação de Adão por meio de um gesto similar ao apresentado na fotografia do espetáculo Zigg e Zogg.

Nesta página e na anterior, você está explorando as perspectivas de um trabalho teatral todo construído com base na linguagem corporal. Como temos visto, mesmo sem a palavra, é possível alcançar a comunicação com o espectador apenas com o uso da expressividade corporal. A fim de problematizar essa compreensão e auxiliar na ampliação das reflexões acerca do corpo na criação teatral, leia o texto “Corpos em arte”, nas Leituras complementares, nas páginas iniciais deste Manual.

Foco na linguagem

1. a) Os atores estão com um dos braços levantados e tocam-se por meio do dedo indicador. A cabeça de ambos está levantada, e a expressão facial é marcada pelos olhos arregalados e pela boca aberta. Espera-se que os estudantes percebam que os gestos e as expressões realizados pelos atores são muito parecidos e que eles estão posicionados de maneira “espelhada”.

b) Considere todas as possibilidades e lembre-os de que não há certo ou errado nessa análise – o que conta é o olhar de cada um para a cena retratada. Após ouvi-los, comente que a expressão facial dos atores poderia revelar a surpresa despertada pelo contato estabelecido entre eles por meio do toque dos dedos indicadores de ambos. Chame a atenção também para o fato de que esse gesto faz parte de uma história contada ao longo de todo o espetáculo; portanto, a leitura dessas expressões é um meio de entender toda a história e, principalmente, as personagens que fazem parte dela.

Espelunca

Outro espetáculo em que não há o uso de falas é Espelunca, da Companhia Teatral Milongas. Essa peça apresenta a relação entre o dono (e também garçom) de um restaurante que está prestes a perder tudo e um cliente muito atrapalhado que chega ao estabelecimento. Assim como em Zigg e Zogg, essas são as únicas personagens do espetáculo.

Observe na fotografia a seguir uma cena da peça Espelunca.

Fotografia. Sobre um palco com fundo escuro  há uma mesa posta com toalha branca, e acima dela, um copo e uma garrafa. Sentado em uma das duas cadeiras, está um ator, de chapéu azul,  camiseta branca e calça bege. Ele segura um livro nas mãos e parece ler. Atrás dele está outro ator com chapéu branco de mestre-cuca. Ele veste paletó branco e gravata preta e está atrás de um balcão de madeira sobre o qual há um antigo receptor de rádio.
Os atores Adriano Pellegrini (ao fundo) e Roberto Rodrigues, em cena do espetáculo Espelunca, da Companhia Teatral Milongas, no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 2012.

Em Espelunca, embora os atores não pronunciem nenhuma palavra, eles exploram a sonoridade em diferentes situações. Em alguns momentos, por exemplo, eles emitem sons que complementam as ações corporais que realizam. Outro exemplo ocorre no momento em que o ator que interpreta o garçom realiza um tipo de percussão com duas colheres. A proposta desse espetáculo também é desenvolvida com base na trilha sonora, composta de chorinhos. Leia mais sobre esse gênero musical na próxima página.

Para Acessar

Companhia Teatral Milongas. Disponível em: https://oeds.link/jIxQ4k. Acesso em: 30 abril 2022.

No site da Companhia Teatral Milongas, é possível obter mais informações sobre a trajetória e os projetos desenvolvidos pela companhia, assistir a um vídeo e ver outras fotografias do espetáculo Espelunca.

Respostas e comentários

Contextualização

Ao comentar o espetáculo Espelunca, da Companhia Teatral Milongas, explore o fato de que a construção da encenação se apoia na trilha sonora para as ações dos atores.

Converse com os estudantes sobre a importância da relação entre os atores e a trilha sonora nesse espetáculo. Explique que, em muitos espe­táculos sem palavras, a música tem o papel de destacar alguns gestos dos atores ou momentos importantes da narrativa. Você pode usar alguns desenhos animados como exemplo. Pergunte aos estudantes se já assistiram a desenhos animados em que não há palavras. O clássico Tom & Jerry é um exemplo. Nesse desenho, a trilha sonora tem função narrativa, sublinhando gestos e movimentos, bem como reforçando estados e desejos das personagens. Podemos até mesmo falar em uma espécie de “dramaturgia sonora”.

Dramaturgia sonora

A dramaturgia sonora é uma área de estudo da sonoplastia que se ocupa da relação de sentidos entre os sons escolhidos para determinado espetáculo teatral, seu texto e as escolhas de encenação.

“A dramaturgia sonora procura compreender com que elementos da cena uma música ou som podem se articular: ora descrevem, narram, argumentam, adotam pontos de vista, produzem diferentes estados, ou evocam sensações no espectador. Enquanto elemento narrativo, podem sublinhar a dimensão privada da história de uma personagem, ou projetar sua trajetória na esfera pública procurando mostrá-la não como personagem individual, mas como personagem histórica. Sons e música podem atuar como elementos indiciais, que expõem a presença de um objeto na cena ou na imaginação de uma personagem, ainda que esse objeto não seja visuali­zado. Mas podem também revelar, através de um procedimento simbólico, conteúdos externos ao fenômeno puramente sonoro ou musical.”

KOUDELA, Ingrid; JÚNIOR, José Simões de Almeida. Léxico de pedagogia do teatro. São Paulo: Perspectiva: SP Escola de Teatro, 2015. página 162.

Por dentro da arte

O chorinho

O choro, ou chorinho, é um gênero musical da música popular brasileira, completamente instrumental e caracterizado por um estilo “choroso”, em tom de lamento.

A origem do chorinho remonta a cêrca de 150 anos atrás, no Rio de Janeiro (RJ), por influência dos instrumentos de cordas, vindos com a côrte portuguesa, e do lundu, ritmo africano com base na percussão.

Os grupos de choro são constituídos, em geral, por um trio musical, composto da flauta, responsável pelos solos, do cavaquinho, que cria a harmonia musical, e do violão, que funciona como uma espécie de contrabaixo. O pandeiro também é usado para o acompanhamento rítmico.

O choro também consagrou-se como uma importante expressão musical da boemia suburbana carioca. Alguns dos chorões mais célebres são Chiquinha Gonzaga (1847-1935), Ernesto Nazareth (1863-1934), Alfredo da Rocha Vianna, o Pixinguinha (1897-1973) e, mais recentemente, Paulinho da Viola.

Ouça o áudio “ ‘Odeon’, de Ernesto Nazareth”, chorinho composto em 1910.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Fotografia em preto e branco. Mulher idosa de cabelos brancos, de blusa branca e casaco escuro. Ela apoia o braço direito no colo, e o esquerdo sobre o teclado de um piano, acima do qual há um buquê de flores.
Chiquinha Gonzaga. Fotografia de 1932. Local desconhecido.
Fotografia em preto e branco. Homem idoso de cabelo grisalho penteado para trás, vestindo camisa, paletó e gravata, em pose de meio perfil.
Ernesto Nazareth. Fotografia de 1932. Local desconhecido.
Fotografia. Músicos tocando instrumentos de sopro e violões. À frente, à esquerda, um homem de terno escuro toca trombone, e à direita, um homem de cabelo grisalho vestindo paletó claro toca saxofone.
Pixinguinha, em São Paulo (São Paulo), em 1955.
Fotografia. Homem de cabelos brancos vestindo camisa verde canta em frente a um microfone, enquanto toca um cavaquinho.
Paulinho da Viola, em Brasília (Distrito Federal), em 2012.
Respostas e comentários

Por dentro da arte

Desde 2020, o estilo musical do choro tem passado por um processo de reconhecimento da sua condição de patrimônio cultural imaterial brasileiro. Isso significa que ele poderá ser reconhecido, em breve, como uma prática cultural contínua que caracteriza a cultura do país.

Reconhecimento como patrimônio pelos órgãos oficiais implica uma ampla pesquisa bibliográfica, museológica, arquivística e de registros visuais, sonoros e audiovisuais. Além dessas documentações, é possível que sejam realizadas entrevistas com os chorões (músicos que tocam choro) e com pesquisadores dessa expressão cultural, para ampliar a compreensão sobre a história, os contextos e os modos de produção do choro.

Sugestão de pesquisa

Você pode propor uma pesquisa sobre os “sons de tempos atrás”. Essa proposta pode ser desenvolvida em parceria com o professor de História ou de Língua Portuguesa. Ela se relaciona com o Tema contemporâneo transversal Cidadania e civismo, mais especificamente com os subtemas Vida familiar e social e também Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso, uma vez que estimula o diálogo familiar, o respeito e a atenção às histórias que as pessoas mais velhas têm para compartilhar.

A sugestão é que os estudantes pratiquem a técnica de pesquisa entrevista semiestruturada, que propõe a elaboração de um roteiro flexível de perguntas, podendo ser modificado a partir da escuta atenta àquilo que a pessoa que está sendo entrevistada traz e de sua própria curiosidade como entrevistador.

Sugira aos estudantes que elaborem apenas três perguntas e adicionem outras ao longo da entrevista. Peça-lhes que usem o diário de bordo para anotar as respostas e, se possível, que anotem tambémalgumas das novas perguntas feitas durante a entrevista, para que depois possam avaliar com o professor e os colegas a diferença entre planejar e praticar essa técnica de pesquisa.

Como o tema será o repertório musical das pessoas mais velhas, é interessante sugerir aos estudantes que as perguntas investiguem questões como:

a) A familiaridade e o interesse que os entrevistados têm ou não pelo chorinho e quais outros conhecimentos e preferências musicais têm, considerando suas referências culturais.

b) Com base nessas referências musicais, quais memórias, cenas, pessoas, acontecimentos, filmes, peças teatrais, novelas etcétera os ritmos musicais fazem lembrar. Ou seja, uma investigação do modo como as canções estão presentes na vida cotidiana e na dramaturgia.

Após a realização das entrevistas, organize os estudantes em uma roda de conversa para que compartilhem os resultados de suas pesquisas e dialoguem com os colegas sobre aquilo que aprenderam.

O cinema mudo

A arte de representar utilizando apenas gestos corporais também está presente no cinema. Aliás, todos os filmes produzidos até 1927 eram mudos.

No cinema mudo, as falas dos atores algumas vezes apareciam em textos inseridos entre uma cena e outra, e as apresentações, geralmente, eram acompanhadas de trilhas musicais executadas ao vivo por um pianista ou uma orquestra que ficava no interior do cinema. Essas trilhas musicais eram muito importantes, pois ajudavam a criar os diversos climas das cenas do filme.

As dificuldades envolvidas na criação de um filme mudo estimularam o surgimento de grandes artistas, cuja principal característica foi o desenvolvimento de um humor físico e de uma capacidade expressiva totalmente apoiada no corpo. bãster quíton (1895-1966) e Tcharls Tcháplin (1889-1977) estão entre os mais renomados ícones dessa fórma de cinema.

Fotograma em preto e branco. Homem de touca, vestindo camisa, gravata-borboleta e paletó. Ele segura uma câmera antiga  apoiada sobre um tripé e olha para uma mulher ao seu lado. A mulher está sentada em frente a uma mesa onde há telefones antigos. Ela tem o cabelo curto e ondulado, usa um vestido e olha para o homem. De pé, atrás dela e olhando para o homem com a câmera, outro homem,  de cabelo curto, vestindo paletó, colete e calça claros.
bãster quíton, no centro, em cena do filme O homem das novidades (1928).
Fotograma em preto e branco. Homem de bigode pequeno sentado na soleira de uma porta fechada. Ele usa chapéu-coco e paletó escuros, e calça e camisa claros e está com os braços cruzados. Ao lado, encostado nele, há um cachorro branco pequeno.
Tcharls Tcháplin em cena do filme Vida de cachorro (1918).

Comediantes do cinema mudo

Outra figura importante do cinema mudo foi Rérold Lóid (1893­‑1971), ator e diretor estadunidense considerado um ícone das comédias do cinema mudo. Um dos principais filmes em que atuou foi O homem mosca, de 1923. Ao se tratar das comédias do cinema mudo, também merece destaque a dupla Stãn Láu rel (1890-1965) e Óliver rárdi (1892-1957), conhecidos como o Gordo e o Magro.

Comédias do cinema mudo são uma das principais referências dos criadores dos espetáculos Zigg e Zogg e Espelunca, que conhecemos nas páginas anteriores.

Fotograma em preto e branco. Homem de cabelo curto, vestindo paletó e calça e com óculos de aro redondo. Ele está pendurado segurando-se  em um dos ponteiros de um grande relógio no alto de um prédio. Abaixo, na rua,  há carros em movimento.
Rérold Lóid, no filme O homem mosca (1923).
Fotograma em preto e branco. À esquerda um homem gordo de cabelo curto e bigode fino está de boné e segura uma grande folha de papel. Ao lado dele há um homem magro de chapéu arredondado, vestindo camisa, gravata-borboleta e paletó, que observa o papel.
Stãn Láu rel e Óliver rárdi, em cena do filme Atoll K (1951).

Para Assistir

A invenção de Hugo Cabrê. Direção: Martin Scorsese. Produção: GK films. Estados Unidos: Paramount Pictures, 2012. 1 DVD (126 min).

Hugo Cabrê, um garoto órfão que guarda somente um robô como lembrança do pai, vai viver uma grande aventura ao conhecer a jovem Isabelle, com quem fará uma grande amizade. Nessa aventura, a dupla vai conhecer a origem do cinematógrafo, como foram criados os primeiros filmes e outras curiosidades sobre a história do cinema.

Respostas e comentários

O cinema mudo

Nos primórdios da história do cinema, as dificuldades tecnológicas eram imensas, o que acabou impondo uma característica que logo se tornaria parte da linguagem: o cinema mudo. Como ainda não havia a possibilidade de gravar som e imagem ao mesmo tempo, nem de sincronizar a sonoridade com as imagens que deslizavam nas telas, os primeiros filmes tiveram de encontrar outros meios de contar suas histórias ao público: a inserção de legendas e textos entre as cenas; o desenvolvimento de uma atuação física e estilizada; e a execução da trilha e dos efeitos sonoros ao vivo, durante a exibição. Os filmes eram mudos, mas não silenciosos.

Indicação

Se possível, assista a alguns trechos de filmes mudos musicados com os estudantes, sugerindo que percebam as relações entre expressão corporal, a história que é contada e a trilha musical. Uma possibilidade para ampliar a percepção estética dos estudantes para essas relações é assistir a algumas cenas dos filmes, primeiro sem o som e depois com o som.

Há, por exemplo, diversas versões musicadas do filme O homem mosca disponíveis na internet. Na plataforma gratuita de transmissão de vídeos Libreflix é possível assistir na íntegra a versões musicadas dos filmes Viagem à Lua (1902) e Tempos modernos (1936), disponíveis em: https://oeds.link/VnLVoN.

Embora não seja tão frequente, atualmente algumas orquestras e outros grupos musicais fazem narrativas musicais ao vivo de filmes mudos, como é o caso da Orquestra Jazz Sinfônica Brasil, que já se apresentou em sessões de cinema dos filmes O homem mosca, O encouraçado Potemkin, entre outros.

Faça no diário de bordo.

Experimentações


Com as orientações do professor, forme um grupo com três colegas. Vocês vão participar de um jôgo com três rodadas de cenas curtas e improvisadas, que devem ser realizadas apenas por meio de gestos e expressões faciais, conforme as indicações a seguir.

Procedimentos

  1. Quem? Nessa rodada, cada grupo deve escolher uma personagem para apresentar aos colegas de turma. Depois de terem concluído a apresentação, os colegas que observaram levantarão hipóteses sobre de quem se tratava, descrevendo suas percepções.
  2. Onde? Nessa rodada, cada grupo tem de escolher um lugar onde se passavam as ações e, ao final da apresentação, os colegas devem, do mesmo modo, dizer onde elas ocorreram, com base nas percepções que tiveram.
  3. O quê? Nessa rodada, cada grupo escolhe uma ação a ser representada. Os colegas que observaram a cena deverão dizer qual era a ação encenada.
  4. Após terem realizado as rodadas desse jôgo, conversem sobre a preparação e a realização de cada rodada. Qual delas vocês acharam que foi a mais fácil? E qual foi a mais difícil? O que foi necessário para realizar o jôgo? O que foi preciso para tentar compreender as ações dos demais grupos?

Avaliação

  1. Como foi realizar as três etapas da atividade?
  2. Em qual das etapas você sentiu mais tranquilidade para realizar? Por quê?
  3. Em qual das etapas você sentiu mais dificuldade para realizar? Por quê?
  4. A experiência da atividade reflete quais conteúdos estudados até aqui?
Ilustração. Menina adolescente de cabelo crespo preto, de camiseta branca e bermuda azul e tênis vermelhos. Ela está sentada em frente a uma carteira escolar escrevendo em uma folha de papel com uma caneta azul. Ela  olha para cima com o indicador da mão esquerda no queixo.
Respostas e comentários

Experimentações

O foco do jôgo proposto nesta página é o exercício da comunicação por meio das expressões corporais, que possibilita trabalhar com três elementos fundamentais de organização da ação no teatro: quem (personagem que está sendo representada), onde (em que lugar está a personagem) e o quê (ação dramática, ou seja, o que a personagem está fazendo).

a) Caso os estudantes tenham dificuldade para decidir qual cena vão representar, apresente este exemplo: se o quem for um jogador de futebol, os integrantes do grupo devem representar uma partida chutando a bola, fazendo dribles etcétera

b) Explique que, se o onde for uma cozinha, por exemplo, os integrantes do grupo podem fazer os gestos de quem lava a louça, pega algo na geladeira

c) Diga-lhes que se o o quê (ação) for pescar, os integrantes podem fazer os gestos de quem está em um barco segurando varas de pesca, molinetes, colocando iscas no anzol, puxando os peixes etcétera

Avaliação

Os conteúdos estudados até aqui apresentam fórmas de expressão teatral que têm como foco a comunicação por meio da expressão corporal, com o uso de gestualidades, visualidades e ausência de palavras. O exercício teatral desta seção proporciona aos estudantes experienciar esses elementos de f prática e expressiva.

Para a avaliação, identifique ao longo da execução do exercício se eles conseguiram se expressar claramente utilizando as expressões faciais e corporais. Observe se eles são capazes de relacionar a prática vivenciada com os conteúdos abordados até aqui.

A construção da visualidade

Em espetáculos como Zigg e Zogg e Espelunca, a expressão corporal dos atores dialoga com outros elementos visuais, como o cenário, o figurino e os adereços. Esses elementos são responsáveis pela composição da cena e integram o que chamamos encenação.

O cenário é formado por elementos visuais, como móveis, telões e efeitos de luz. Por meio do cenário, é possível caracterizar o espaço (lugar) e o tempo (época) em que transcorre a ação apresentada na peça.

O figurino é o conjunto de roupas que os atores usam em uma encenação e tem a finalidade de conferir identidade às personagens representadas. O figurino possibilita que o público perceba e identifique, por exemplo, a época em que transcorre a história e a classe social da personagem retratada.

Os adereços, por sua vez, são objetos e acessórios que também compõem o cenário e o figurino. Esses materiais têm muita importância, uma vez que são utilizados como ferramentas expressivas fundamentais para contar uma história. Uma faca, por exemplo, é um adereço que gera tensão em cena, e um chapéu de chef ajuda a caracterizar a personagem. Observe os elementos de adereço na fotografia a seguir.

Fotografia. Palco com fundo escuro onde há uma mesa posta com toalha branca, e acima dela, um copo e uma garrafa e uma bandeja de comida tampada. Sentado em uma das duas cadeiras, há um homem de chapéu azul, vestindo camiseta branca e calça bege. Atrás dele, há um homem em pé com chapéu branco de mestre-cuca, vestindo camisa e avental brancos e colete preto. Ele estende uma toalha de mesa branca em frente ao homem sentado, que se inclina para trás, parecendo surpreso.
Os atores Adriano Pellegrini e Roberto Rodrigues em cena do espetáculo Espelunca, da Companhia Teatral Milongas, no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 2012.
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    Faça no diário de bordo.

    Foco na linguagem

    1. Observe a fotografia do espetáculo Espelunca e responda:
      1. Que elementos visuais são utilizados na construção do cenário mostrado? E qual é o espaço construído por esses elementos?
      2. Descreva o figurino dos atores. Como esse figurino dialoga com o cenário?
    Versão adaptada acessível

    1. Com base na imagem do espetáculo Espelunca, responda:

    a) Que elementos são utilizados na construção do cenário? E qual é o espaço construído por esses elementos?

    b) Retome a imagem e descreva os elementos do figurino dos atores. Como esse figurino dialoga com o cenário?

    Respostas e comentários

    Contextualização

    Chame a atenção dos estudantes para a importância dos elementos visuais na construção da cena teatral e na definição dos espaços onde as ações transcorrem, bem como na caracterização das personagens por meio dos figurinos e maquiagens.

    Comente com eles que o cenário integra a arte da cenografia: a criação dos espaços cênicos envolve tanto a caracterização de um ambiente em que transcorre uma peça teatral como o pensamento sobre a arquitetura cênica, a construção do edifício teatral, as possíveis funções e significados das relações entre palco e plateia (arena, frontal, corredor etcétera) e as regiões de entradas e saí­das dos atores. Explique que, na Grécia antiga, e por muitos anos depois, a cenografia muitas vezes se restringia a um telão pintado, que ilustrava o local onde acontecia a ação. A descoberta e a utilização da luz elétrica foram determinantes para novas perspectivas, uma vez que os recursos tecnológicos possibilitaram maior ousadia na criação dos espaços cênicos. Atualmente, muitos artistas e grupos de teatro buscam espaços reais (presídios, hospitais, igrejas etcétera), apresentando as histórias nesses espaços. Essa busca revela a compreensão da cenografia na contemporaneidade: não apenas a ilustração de um ambiente, mas uma arte do palco que cria sentidos próprios e oferece ao espectador uma visão peculiar sobre a história que está sendo contada.

    Foco na linguagem

    1. a) Espera-se que os estudantes mencionem os elementos visíveis na fotografia, como a mesa e as cadeiras que constituem o cenário e os adereços, como a toalha na mesa, o copo, o prato, o cardápio e os utensílios para servir refeições. Há ainda o biombo ao fundo, que delimita o espaço como se fosse uma “parede” e é composto de uma luminária, um “quadro”, um cabideiro com um paletó pendurado, entre outros. Todos esses elementos cenográficos constroem uma representação do interior de um restaurante, onde se desenrola a peça.

    b) O ator que está em pé veste um figurino semelhante ao de um garçom, nas cores branca e preta, composto de uma camisa, um colete, um avental e, como adereço, um chapéu de chef. Ele segura uma toalha ou guardanapo branco. O ator que está sentado à mesa traja uma camisa de manga curta sobre uma camisa de manga longa e um colete, uma gravata e chapéu; ele tem uma aparência humilde. O cenário cria o ambiente da cena, dando aos espectadores as informações necessárias para que possam entender onde se passa a história e quais são as características desse lugar (por exemplo, um restaurante decadente). O figurino também contribui para construir esses sentidos. Conclua comentando com os estudantes que a cenografia dessa peça foi construída para contribuir para o jôgo proposto pelos atores, de modo que as cadeiras e a mesa abrem e fecham, facilitando ações e modificações no espaço.

    O cenógrafo‚ o figurinista e o aderecista

    Na página anterior, você foi convidado a olhar atentamente o cenário, os figurinos e os adereços presentes na cena do espetáculo Espelunca retratada na fotografia. Agora, vamos conhecer um pouco sobre os profissionais que, no desenvolvimento de um espetáculo teatral, são os responsáveis pela concepção desses elementos: o cenógrafo, o figurinista e o aderecista.

    O cenógrafo é o profissional que cria, projeta e acompanha o processo de construção dos cenários, ou seja, do espaço de atuação dos atores. Por ser uma atividade artística, a cenografia envolve a criação de ambientes que não necessariamente existem na realidade.

    O trabalho do figurinista é o de pensar nas roupas que vestem as personagens em uma montagem teatral, desenhando e supervisionando a confecção dos figurinos que os atores usam em cena.

    O aderecista cuida da confecção e da aquisição dos objetos cênicos e dos acessórios que se somam ao figurino e ao cenário.

    Na construção de um espetáculo teatral é comum que um profissional se responsabilize por mais de uma das funções mencionadas anteriormente. Em Espelunca, por exemplo, o cenário, o figurino e os adereços foram desenvolvidos por Arlete Rua e Thais .

    Fotografia. Mulher branca,  de cabelos pretos sorrindo. Ela  veste camiseta cinza listrada.
    A cenógrafa e figurinista Arlete Rua, no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 2018.
    Fotografia. Mulher branca, de cabelos loiros curtos sorrindo. Ela veste blusa  blusa branca.
    A cenógrafa e figurinista Thais , no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 2018.
    Respostas e comentários

    Contextualização

    Ao abordar o trabalho do figurinista, comente com os estudantes que, assim como o cenógrafo pensa a cenografia para além da mera ilustração, a construção do figurino também se constitui como uma criação específica. Diga-lhes que o figurino de um espetáculo pode tanto ajudar o espectador a desvendar a época ou a classe social a que pertencem as personagens quanto oferecer pistas sobre o universo interior, os traços psicológicos ou o humor desta ou daquela personagem.

    Ao comentar o trabalho dos aderecistas, explique que, em grandes produções, esses profissionais exercem outras funções ligadas à organização e à utilização dos adereços durante a apresentação do espetáculo. Trata-se do contrarregra e do camareiro.

    Enquanto o contrarregra cuida dos adereços de cena (objetos que compõem o cenário ou são utilizados por várias personagens em cena), o camareiro cuida dos adereços diretamente ligados ao ator (chapéus, máscaras etcétera).

    Indicação de visita

    Para aprofundar a compreensão dos estudantes sobre o cenário e o figurino como elementos da cena, visite a exposição Balé Iara – cenários e figurinos, de Candido Portinari, na plataforma Google ArtseCulture, disponível em: https://oeds.link/DREc4a, acesso em: 24 maio 2022. Nessa exposição, é possível conhecer diversos croquis e desenhos de figurinos e cenários, assim como algumas peças de vestuários e objetos confeccionados e utilizados nas artes da cena.

    No portal Google ArtseCulturehá também outras exposições virtuais que incluem cenários, figurinos, adereços e vestuários nas páginas de outras instituições e projetos culturais pelo mundo.

    A proposta visual de Zigg & Zogg

    O cenário, o figurino e os adereços também são fundamentais para a construção de sentidos no espetáculo Zigg e Zogg. Retome a imagem da abertura desta Unidade e observe que os atores estão sentados sobre duas pilhas de jornais. As folhas de jornal constituem o principal elemento cenográfico dessa peça, pois é por meio desse material que se constrói a interação entre os atores.

    Inicialmente, as personagens interpretadas por eles apenas leem o jornal, mas com o desenvolvimento da peça, com base na ação dos atores, as folhas de jornal se transformam em outros objetos, criando novas imagens e sentidos. Observe a fotografia reproduzida a seguir.

    Fotografia. Dois atores em um palco, lado a lado. Ambos têm o rosto pintado de branco e um pequeno bigode. Estão de boca aberta  e identicamente vestidos: de touca preta, camiseta branca e calça preta, com suspensórios, mangas e meias listrados de preto e branco. Um deles está à esquerda ajoelhado entre duas pilhas de jornais, com os braços estendidos para cima, jogando folhas de jornal para o alto. O outro, em pé à direita, parece amassar algumas folhas de jornal.
    Gustavo Rizzotti e Bruno Caldeira no espetáculo Zigg e Zogg, da Companhia 2 de Teatro, em Juiz de fóra (Minas Gerais), em 2016.

    O figurino dos atores é construído com apenas duas cores (preta e branca) e tem como referência o clown, personagem que está na origem do palhaço como o conhecemos na atualidade.

    A maquiagem é outro elemento visual que, ao lado do figurino, constrói a identidade das personagens em Zigg e Zogg. Observe o rosto dos atores na fotografia desta página. Note como a maquiagem muda propositalmente a fisionomia deles, conferindo exagero à expressão facial dos atores e reforçando o caráter cômico da peça.

    Respostas e comentários

    Contextualização

    Comente com os estudantes que tanto o cenário quanto os figurinos e adereços de Zigg e Zogg parecem propor a representação cênica do mundo em preto e branco. Explique que uma das razões para essa escolha poderia ser o fato de que uma das fontes de pesquisa para essa peça foram os filmes do cinema mudo, conforme mencionado nas páginas anteriores.

    Se considerar oportuno, depois de observarem, pergunte aos estudantes qual objeto feito com jornal eles veem na imagem. Conclua comentando que há uma sombrinha sobre a pilha de jornais à esquerda na fotografia.

    Clown

    A designação clown dada aos palhaços contemporâneos deriva do termo inglês clod, que significa “homem rural”. O termo teve origem por volta do século quinze, justamente como referência a figuras que se apresentavam com características rudimentares, campestres, sobretudo com grande apelo gestual.

    Com o passar dos anos, outros fatores influenciaram a caracterização dessa personagem; por exemplo, as manifestações de rua e em feiras, como a commedia dell’arte, e a popularização do circo. Já no século vinte, essa figura se vinculou aos comediantes solistas, ganhando outros espaços de apresentação, como o cinema mudo e as peças de cabaré.

    Atualmente, o termo clown está diretamente associado à figura do palhaço. Mas, diferente dos palhaços burlescos da tradição circense, essa personagem revela, por meio de suas peripécias, seu próprio desajuste e fracasso, expondo o ridículo humano.

    Faça no diário de bordo.

    Experimentações


    Com as orientações do professor, forme um grupo com quatro colegas. Vocês vão produzir e gravar uma cena de cinema mudo.

    Procedimentos

    1. Com seus colegas, crie o esquema de uma cena curta, sem falas, de até 2 minutos, considerando os três elementos fundamentais da organização da ação: quem, onde e o quê.
    2. Definam o local onde a cena vai acontecer.
    3. Utilizando materiais disponíveis em casa ou na escola, organizem elementos de visualidade da cena: figurinos, adereços, maquiagem e cenografia.
    4. Ensaiem a cena no espaço definido e com todos os elementos visuais.
    5. Um dos integrantes do grupo vai gravar a cena, enquanto os outros atuam, utilizando equipamento de gravação disponível: celular com câmera, smartphone ou câmera de gravação.
    6. Assistam à cena e ajustem o que acharem necessário. Regravem, se for o caso.
    7. Editem a gravação, com aplicativos gratuitos para celular ou disponíveis livremente na internet, inserindo uma trilha sonora ao fundo da cena.
    8. Com a orientação do professor, criem uma sessão na qual todos poderão apresentar e ver os vídeos produzidos. Conversem sobre os resultados obtidos.
    Ilustração. Menina adolescente de cabelo preto, preso em um coque por elástico rosa, vestindo camiseta branca e calça azul. Está sentada em uma cadeira em frente a uma mesa sobre a qual há uma câmera apoiada em um um tripé. Ela parece registrar uma encenação feita por quatro meninos adolescentes que estão atrás de uma cortina com abertura retangular, representando um carro vermelho. O menino à direita segura um volante de carro e outro à esquerda, aponta o dedo indicador na direção da menina. Todos vestem camisetas iguais .

    Avaliação

    Escreva, em seu diário de bordo, uma reflexão sobre o processo criativo do trabalho realizado, observando as seguintes etapas: pré-produção (criação da cena e separação dos elementos de visualidade); produção (ensaio e gravação da cena) e pós-produção (ajustes, edição, apresentação e retorno do público – colegas que assistiram ao trabalho).

    Ilustração. Ícone Diário de bordo.
    Respostas e comentários

    Experimentações

    O foco de trabalho proposto nesta seção é a criação de uma cena gravada com o estilo de cinema mudo, colocando em prática todos os elementos estudados neste Tema: cena com expressividade corporal, sem o uso de palavras, com hibridismo das linguagens teatrais e do audiovisual, utilizando os elementos de visualidade como cenário, figurino e adereços.

    Antes de iniciar a proposta, relembre os exemplos vistos sobre o cinema mudo e como os estilos teatrais da pantomima e ausência de palavras são importantes para esse tipo de cinema.

    Organize com os estudantes o material digital necessário para a realização da atividade. Eles poderão utilizar equipamentos que estejam disponíveis na escola ou os próprios smartphones que contenham câmera. Em cada grupo, um estudante ter o equipamento é suficiente para a realização da proposta.

    Sugira-lhes que criem uma cena curta, apresentando exemplos já experienciados na atividade de experimentação anterior: o que, quem e onde. As cenas criadas nessa atividade poderão ser as mesmas agora a serem gravadas nesse exercício.

    Oriente-os a se organizar como grupo, distribuindo as funções conforme o que cada um gostaria de exercer: quem atuará, organizará ou dirigirá a cena, quem gravará, quem editará o vídeo. Essa atividade é uma ótima oportunidade para que as habilidades individuais dos estudantes sejam reveladas.

    A atividade poderá ser organizada conforme as etapas pré-produção, produção e pós-produção, reservando uma aula para cada uma delas.

    Avaliação

    Além de uma oportunidade de colocar o conteúdo visto em prática, essa atividade possibilita a você avaliar como todo o conteúdo apresentado foi compreendido pelos estudantes. A avaliação poderá ser feita de fórma global, de acôrdo com o processo de desenvolvimento, e não apenas baseada no resultado obtido. Pode-se observar como os estudantes se organizam e distribuem funções; como cada função se desenvolveu em ações práticas e efetivas; como a criatividade, a disponibilidade e a resolução de problemas foram aplicadas. Espera-se que o resultado do trabalho reflita o processo desenvolvido, evidenciando os aspectos positivos e negativos. Incentive, também, os estudantes a ler, identificar e apreciar criticamente o trabalho dos colegas na etapa final de apreciação.

    Incentive o uso do diário de bordo para registro e reflexão sobre esta experimentação e produza também seus registros, que depois poderão ser retomados, ao final da Unidade, para apoiar a avaliação de todo o processo de ensino-aprendizagem.