Tema 4  Entre retratos e autoretratos

O retrato

O retrato é um recurso muito presente em nossa vida. Por meio dele, podemos registrar as pessoas, os hábitos e os modos de vida. Com ele, criamos um registro do nosso tempo para o futuro.

Fotografia. Em um cenário natural, vegetação com alguns arbustos e uma canoa vazia à margem de águas tranquilas, há um tecido florido estendido no qual há a imagem em preto e branco de uma mulher em tamanho real, de cabelo escuro, em pé e descalça, com os braços estendidos ao longo do corpo. 
O tecido está posicionado de modo a representar que a mulher faz parte da paisagem.
SEQUEIRA, Alexandre. Benedita. Série Nazaré do Mocajuba. 2005. Fotografia digital, c-print (impressão em papel fotográfico), 0,45 por 0,60 métros.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

  1. Observe a imagem desta página e responda às questões a seguir.
    1. Como você descreveria essa imagem?
    2. Em sua opinião, como o retrato da mulher foi feito?
    3. Você já tinha visto uma fotografia impressa sobre uma superfície com esse tamanho?
Versão adaptada acessível

1. Com base na fotografia, responda às questões a seguir.

a) Que elementos estão presentes na imagem?

b) Em sua opinião, como o retrato da mulher foi feito?

c) Você conhece outras situações em que fotografias são impressas sobre uma superfície com esse tamanho?

Respostas e comentários

Objetivos

Articular as discussões dos temas anteriores à cultura visual.

Refletir sobre o retrato e o autorretrato na arte.

Transpor a discussão sobre a representação humana na arte para o contexto e o repertório dos estudantes.

Fazer um autorretrato.

Refletir sobre o uso das redes sociais para a comunicação e a autorrepresentação dos estudantes.

Habilidades favorecidas neste Tema

(ê éfe seis nove á érre zero um), (ê éfe seis nove á érre zero três), (ê éfe seis nove á érre zero quatro), (ê éfe seis nove á érre zero cinco), (ê éfe seis nove á érre zero seis), (ê éfe seis nove á érre zero sete), (ê éfe seis nove á érre zero oito), (ê éfe seis nove á érre três um), (ê éfe seis nove á érre três três) e (ê éfe seis nove á érre três cinco).

Foco na linguagem

1. a) Os estudantes devem identificar que, próximo à beira de um rio, com um barquinho ao fundo e entre as árvores, há a imagem de uma mulher. A imagem da mulher é feita em preto e branco, mas ela foi reproduzida sobre um tecido florido. A imagem parece ter o tamanho de uma pessoa real.

b) Deixe os estudantes formularem as hipóteses livremente. Pode ser que eles pensem que se trata de uma pintura, mas na verdade é a impressão de uma fotografia sobre tecido.

c) Provoque os estudantes a refletir sobre os suportes e a escala das imagens fotográficas que conhecem, que podem variar de uma fotografia minúscula, como os retratos 3 por 4, até algo imenso, como um outdoor.

O retrato no dia a dia

O retrato fotográfico está presente na nossa vida por diferentes meios. Apesar da internet e das redes sociais, há aproximadamente 15 anos os retratos não eram feitos com câmeras digitais e de celulares. Eles eram ainda feitos com um filme fotográfico especial, cujo resultado só poderia ser visto se o retrato fosse revelado. As fotografias eram organizadas em álbuns, sequencialmente.

Você já viu um álbum fotográfico?

Há também muitos modos de imprimir uma fotografia. Nas imagens, você pode ver a solução criada pelo artista paraense Alexandre Sequeira, em Nazaré de Mocajuba (Pará). Ele conviveu com as pessoas da comunidade por muitos dias e pediu para retratá-las em tecidos que elas já tivessem: lençóis, cortinas, toalhas de mesa.

Fotografia. Fachada de uma casa de parede branca com um batente de uma porta aberta e duas janelas fechadas de madeira azul-claras. Ao lado da porta, há um tecido florido estendido na parede, no qual há a imagem em branco e preto de uma mulher idosa em tamanho real, de cabelo longo, em pé e descalça, com os braços estendidos ao longo do corpo. À frente da casa, sobre chão de terra, há alguns ramos floridos, com flores vermelhas. O tecido está posicionado de modo a representar a mulher em pé em frente à casa.
SEQUEIRA, Alexandre. Branca. Série Nazaré do Mocajuba. 2005. Fotografia digital, c-print (impressão em papel fotográfico), 0,45 por 0,60 métros.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

  1. Em sua opinião, como as pessoas das fotografias se sentiram ao participar de um trabalho de arte como esse?
  2. Se você pudesse produzir retratos assim, de alguém importante para você, quem você fotografaria?
  3. Como você reformularia esse trabalho? Sobre quais outros materiais os retratos poderiam ser impressos?
Respostas e comentários

Contextualização

Este Tema conduz a discussão sobre a representação humana por meio do repertório visual que os estudantes têm com a fotografia, que passa pelo retrato e pelo autorretrato.

Foco na linguagem

1. Peça aos estudantes que formulem hipóteses de como essas pessoas se sentiram ao serem retratadas nesse trabalho artístico.

2. Incentive os estudantes a refletir sobre as suas escolhas e a compartilhá-las.

3. Os estudantes poderiam pensar em peças utilitárias, como camisetas, mas também em outros tipos de superfície, como vidro, madeira ou metal.

Sugestão de atividade

As transformações da relação com a imagem, mais especificamente a imagem fotográfica, foram muito rápidas nas últimas décadas. Com isso, os modos de preservar e organizar a memória fotográfica também se transformaram. Se antes as pessoas organizavam álbuns fotográficos, cada qual ao seu modo – sequencialmente, com ou sem anotações, ou ainda na fórma de murais e quadros –, hoje as galerias dos celulares e as redes sociais são o espaço onde essa memória imagética é guardada, ampliada pela democratização do acesso aos recursos digitais.

Proponha aos estudantes uma pesquisa sobre os álbuns fotográficos. Essa proposta pode ser feita em parceria interdisciplinar com o professor de História. Caso essa parceria se consolide, vocês podem discutir não apenas a transformação dos modos de registro fotográfico com o advento da fotografia digital e das redes sociais, mas também sobre a história oral.

Os professores podem começar a proposta apresentando um álbum fotográfico em sala de aula. Com base nesse compartilhamento, os estudantes devem ser incentivados a formar trios para entrevistar um familiar ou outro adulto do seu convívio sobre os álbuns fotográficos, pedindo que eles os exibam.

A estratégia de organizar os estudantes em trios considera que alguns deles talvez não tenham esse recurso em casa ou careçam de um convívio familiar cotidiano. Por isso, eles poderão compartilhar essa referência entre si, de modo que todos possam participar.

Os estudantes devem seguir um roteiro, que poderá ser respondido por meio de um trabalho escrito e, depois, compartilhado com os colegas em uma roda de conversa.

Sugestão de roteiro:

a) Quem montou o álbum fotográfico?

b) Quais situações ou eventos foram registrados nesses álbuns?

c) Como as fotografias estavam organizadas?

d) Quais histórias a pessoa que apresentou o álbum escolheu destacar?

e) Como essa pessoa organiza as fotografias atuais?

f) Como ela percebe as transformações dos modos como as fotografias eram produzidas e organizadas antigamente e hoje em dia?

Os estudantes poderão ser avaliados pelo trabalho escrito com o resultado da entrevista, pelas contribuições à roda final de conversa e pela cooperação e solidariedade com os colegas ao longo da realização da proposta.

Artista e obra

Alexandre Sequeira

Fotografia. Em primeiro plano, à direita, há um homem de cabelo, barba e bigode grisalhos, de óculos com armação preta, vestindo camiseta preta e calça vermelha, com os polegares apoiados nos bolsos da calça.  Em segundo plano, à esquerda, há um tecido florido estendido no qual há a imagem de uma mulher idosa, de cabelo longo, em pé e descalça, com os braços estendidos ao longo do corpo.
Alexandre Sequeira, autor da série Nazaré de Mocajuba. Fotografia de 2013.

Alexandre Sequeira é artista e professor de Arte na Universidade Federal do Pará, onde ensina processos criativos com a arte.

A série fotográfica representada nas páginas anteriores já circulou por muitos lugares do Brasil e do mundo. Sequeira viveu por um tempo no vilarejo ribeirinho. Ao longo dos dias, descobriu que as pessoas que ali viviam nunca tinham se visto em uma imagem. Elas nunca tinham sido fotografadas.

Ele então propôs às pessoas com as quais conviveu que trocassem tecidos usados por tecidos novos. Ele conta que as pessoas acharam estranho, mas que depois gostaram da ideia. Ele, então, fez os retratos fotográficos. Como vemos, esses retratos foram instalados nas casas das pessoas. As fotografias que vemos, na verdade, são novas fotografias – do trabalho de arte e da casa onde vive cada modelo retratada.

Respostas e comentários

Artista e obra

Leia o texto com os estudantes. Depois da leitura, destaque o elemento da afetividade que acompanha esse trabalho. Você pode iniciar uma conversa com os estudantes na qual eles também possam refletir sobre as fotografias e os retratos de suas famílias e das pessoas do seu convívio que têm um valor afetivo para eles.

Pergunte a eles: vocês têm alguma fotografia pessoal da qual gostem muito? O que essa fotografia mostra? Quando foi feita? Quem fotografou? Por que ela é importante para vocês?

Durante a conversa, incentive os estudantes a refletir sobre a importância que os retratos têm nas nossas vidas, não apenas do ponto de vista da memória, mas também porque nos vemos e somos vistos.

Converse com eles também sobre como acreditam que as pessoas se sentiram ao se verem representadas por um trabalho de arte.

Sugestão de atividade

Peça aos estudantes que realizem uma pesquisa sobre artistas que trabalharam com retratos. Para isso, os estudantes poderão usar o celular ou a sala de informática da escola.

Para localizar esses artistas, ele poderão pesquisar por listas que divulgam a produção de artistas desse tipo. Outra estratégia é visitar sites de museus e pesquisar no banco de dados do acervo por “retrato”.

Enquanto eles pesquisam, peça que consultem diferentes artistas, para ampliar o seu repertório visual.

Ao final dessa pesquisa, abra uma roda de conversa e peça a eles que compartilhem verbalmente o que encontraram. Se possível, exiba o trabalho de alguns desses artistas para a turma, fazendo uso de um computador ou projetor, e faça uma leitura de imagem. Eles devem perceber os diferentes tipos de retrato – de perfil, corpo inteiro etcétera – e também os tipos de material empregados para essa produção, como desenho, pintura, fotografia etcétera

Autorretato: uma imagem sobre mim

O autorretrato é um recurso muito utilizado pela arte. Por meio dele, podemos escolher como queremos nos retratar. Afinal, ninguém melhor do que nós mesmos para saber como nos sentimos e o que pensamos.

Fotografia. Cartaz com o título “Procuro-me” em vermelho, com quatro retratos em preto e branco de uma mulher, com olhos arregalados e a boca entreaberta, aparentando idêntico ar de espanto, com diferentes cabelos e penteados: Acima à esquerda, o cabelo claro, curto, com volume no alto da cabeça, cobrindo a testa e as sobrancelhas; à direita, está solto, cacheado e é escuro. Abaixo, à esquerda, o cabelo escuro está preso em um coque, com alguns fios sobre a testa; à direita, o cabelo claro liso, está penteado com uma longa franja que cobre metade do rosto.
Fotografia. Cartaz com o título “Procuro-me” em preto, com quatro retratos em preto e branco de uma mulher, com olhos arregalados e a boca entreaberta, aparentando idêntico ar de espanto, com diferentes cabelos e penteados:  Acima à esquerda, o cabelo claro está preso com bobs; à direita, está solto, cacheado e é escuro e longo. Abaixo, à esquerda, o cabelo escuro, liso e longo está repartido ao meio, cobrindo parcialmente cada lado do rosto; à direita, o cabelo claro liso está bem curto, aparecendo todo o rosto.
BARROS, Lenora de. Procuro-me. 2001. Impressão jato de tinta sobre papel algodão, 86 por 73 cm. Poema-cartaz publicado no caderno Mais! da Folha de São Paulo, em 2001.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

  1. Observe a imagem a responda às questões a seguir.
    1. Quais são as semelhanças e as diferenças entre cada um dos retratos na imagem?
    2. São pessoas diferentes?
    3. Para você, qual é o sentido da expressão “procuro-me” na obra?
Respostas e comentários

Contextualização

A artista Lenora de Barros utiliza a fotografia e outras técnicas, como o vídeo e o lambe-lambe, para produzir trabalhos nos quais, muitas vezes, ela utiliza a sua própria imagem. É possível obter mais informações sobre o trabalho dela por meio de um portfólio, que reúne obras de arte da artista e também textos sobre a sua produção, disponível em: https://oeds.link/zR0XIY. Acesso em: 24 maio 2022.

Foco na linguagem

1. a) Os estudantes devem perceber que, ainda que a expressão de cada pessoa seja a mesma, os penteados, as cores e os tipos de cabelo mudam.

b) Todas as fotografias mostram a mesma pessoa, que é a própria artista, Lenora de Barros.

c) Promova uma reflexão, relacionando a ideia de “procurar-se” e de “autorretratar-se”.

Entre o autorretrato e a selfie

Com a popularização das câmeras digitais nos celulares, o autorretrato tornou-se uma prática comum. Por meio das redes sociais e de comunicação, as pessoas visualizam e compartilham imagens de si mesmas. Mas por que produzimos imagens de nós mesmos?

Fotografia em preto e branco do retrato de uma mulher de cabelo curto e castanho, com chapéu de aba larga arredondada, vestindo blusa de mangas curtas. Ela está em via pública e segura uma câmera fotográfica antiga com ambas as mãos, na altura do peito, apontada para a frente. Ao fundo, há carros e prédios desfocados. Pode-se ver traços de reflexo de uma imagem acima dos ombros dela e em seu chapéu.
MAIER, Vivian. Self-portrait. 1955. Fotografia, sem dimensões. Coleção particular.

A fotógrafa Vivian Maier (1926-2009) produziu numerosos rolos de fotografia que só foram descobertos recentemente, depois de sua morte, em 2009, quando o seu arquivo fotográfico foi organizado e compartilhado. Na época em que ela viveu, não existiam câmeras digitais. Imagine como era fazer um autorretrato com uma câmera analógica antiga! Será que podemos chamar essa imagem de selfie?

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

  1. Observe a fotografia desta página e responda às perguntas a seguir.
    1. Onde a fotografia da artista Vivian Maier foi feita?
    2. Como ela conseguiu obter a própria imagem se a câmera não estava apontada para ela?
    3. De que outros modos ela poderia ter feito essa imagem?
Respostas e comentários

Entre o autorretrato e aselfie

A categoria do autorretrato é bastante comum no universo da cultura visual contemporânea. As câmeras digitais e as redes sociais propiciaram recursos como as selfies, autorretratos feitos pela câmera do celular.

As redes sociais têm popularizado o uso desse recurso. Contudo, apesar de essa estética ser nova e estar profundamente associada à cultura da internet, o autorretrato fotográfico foi um recurso muito utilizado na história da arte.

Ao ler esta página com os estudantes, converse sobre qual relação eles têm com a fotografia e com o autorretrato. Eles utilizam redes sociais? Eles produzem imagens de si mesmos e as compartilham? Conhecem alguém que o faça?

Indicação de leitura

O artigo Selfie: espetacularização do eu e pedagogias no Instagram Stories, de Joana Dourado França de Souza e Edvaldo Souza Couto, tematiza o uso da selfie pelas juventudes.

Foco na linguagem

1. a) Os estudantes devem observar que a fotografia foi feita a céu aberto, provavelmente utilizando o reflexo de uma vitrine.

b) Ela se aproveitou do reflexo da sua imagem sobre um vidro de vitrine, espelho ou equivalente.

c) Promova uma reflexão, da qual você poderá se aproveitar para elaborar propostas de práticas a serem realizadas pelos estudantes.

Arte e muito mais

Autoexposição e redes sociais

As redes sociais, nas quais compartilhamos imagens e conteúdos, tornaram-se um importante espaço de comunicação, por meio do qual acessamos os nossos amigos, familiares e quaisquer outras pessoas do mundo inteiro.

Fotografia. Menino adolescente de cabelo escuro, cacheado, veste camiseta de tecido mesclado de cinza e tem uma mochila azul e preta nas costas. Um dos braços está semiflexionado, em que a mão segura uma das alças da mochila, e o outro está estendido, em que a mão segura um celular, para o qual volta a cabeça e sorri.
Adolescente tirando selfie. Fotografia de 2017.

No entanto, as redes sociais também têm sido apontadas como um espaço que nos gera muita ansiedade. Além de dedicar muitas horas a elas, muitas pessoas se sentem ansiosas e rejeitadas se não obtêm muitas visualizações e likes, como se isso significasse que elas não têm valor.

Muitas pessoas são acometidas de sofrimentos psíquicos sérios em razão do uso excessivo e desequilibrado dessas redes.

As redes sociais são uma realidade contemporânea, mas isso não quer dizer que nós não existimos fóra delas. É preciso encontrar um modo seguro, saudável e equilibrado de usá-las sem que elas modulem a nossa autoimagem.

Faça no diário de bordo.

Ícone. Tema contemporâneo:  CIDADANIA E CIVISMO

A internet é um ambiente que pode expor crianças e adolescentes a conteúdos inapropriados e também violar a sua segurança e privacidade. Com a orientação do professor, você e seus colegas farão uma roda de conversa sobre o tema. Depois, em pequenos grupos, você e seus colegas finalizarão essa reflexão, conversando sobre as suas impressões sobre a conversa e produzindo um registro textual no diário de bordo.

Ilustração. Ícone Diário de bordo.
Respostas e comentários

Arte e muito mais

Pergunte aos estudantes se eles produzem autorretratos com câmeras digitais e se o tema discutido na seção diz respeito a algo que eles conheçam e sintam.

Você pode promover um debate sobre como é preciso cuidado para não acreditar que as imagens modificadas que encontramos nas redes sociais correspondem a modelos que precisamos atender.

Os estudantes têm de perceber que o recurso do autorretrato deve, em primeiro lugar, corresponder a um exercício pessoal de olhar para si mesmo e pensar sobre si mesmo, sem precisar corresponder a qualquer padrão estético ou mesmo ser compartilhado.

Se necessário, faça uma associação com o início do Tema 4, em que as imagens analógicas, impressas, aparecem não como um modo de tornar-se visto nas redes, mas de cuidar e preservar uma memória pessoal, que interessa sobretudo às pessoas com as quais temos um vínculo afetivo concreto, como os nossos amigos e familiares.

Destaque a solução criativa aplicada pela artista da imagem para autorretratar-se. É importante que os estudantes comecem a pensar em maneiras criativas de autorrepresentar-se.

Roda de conversa

Essa proposta se relaciona com o Tema contemporâneo transversal Cidadania e civismo, com ênfase no subtema Direitos da criança e do adolescente. A ênfase está na temática da privacidade e da segurança das juventudes na internet.

Se for possível, leia o relatório do InternetLab e do Instituto Alana sobre o direito das crianças e adolescentes à privacidade na internet. Esse relatório foi escrito em 2021 para apresentar à ONU o estatuto dessa discussão no Brasil. Nas Referências bibliográficas comentadas (p. 152), você tem acesso ao link para esse conteúdo.

Proponha aos estudantes uma roda de conversa e inicie a proposta apresentando tópicos sobre: proteção contra a exploração comercial; proteção contra a coleta inadvertida de dados, como dados biométricos; proteção contra violações de natureza sexual. Você pode escolher quais temas e abordagens considerar pertinentes.

Depois de apresentar a discussão, peça aos estudantes que exponham as suas opiniões sobre o tema e, se desejarem, compartilhem histórias ou impressões com base em suas vivências. O relatório sugerido traz alguns exemplos que podem ser compartilhados para que eles compreendam a dimensão do problema.

Ao final da proposta, peça que se organizem para conversar em grupos menores e, individualmente, produzir reflexões textuais no diário de bordo.

Cuidado para não reproduzir a ideia de que as vítimas de violação na internet são responsáveis pelas violências que sofreram. Não reproduza estigmas e culpabilização sobre os estudantes.

Avalie-os pelo respeito às colocações dos colegas e contribuições. O texto do diário de bordo poderá ser retomado como critério de avaliação.

Experimentações

 

Agora, você vai se produzir para fazer retratos coletivos com seus amigos na escola. A sua sala de aula vai virar um estúdio fotográfico!

Material

  • Objetos
  • Trajes

Procedimentos

  1. Comecem selecionando um canto da sala de aula ou um espaço da escola onde as fotografias serão feitas. A câmera fotográfica (ou o celular) deverá ser fixada em um único lugar, do qual todas as fotografias serão feitas.
  2. Vocês podem se dividir em pequenos grupos para fazer os retratos. Esse grupo pode variar, de modo que toda a turma participe.
  3. Vocês poderão usar roupas e objetos, variando a pose e, ocasionalmente, trocando alguns itens, como chapéus, óculos, bonés.
  4. Ao final, observem juntos as fotografias. Escolham aquelas de que mais gostaram e conversem sobre essa experiência.
Fotografia. Quatro adolescentes em uma sala de aula com piso de madeira, em que há uma parede amarela com cortinas brancas e uma parede branca com uma lousa. À esquerda, há um cabideiro de rodinhas com diversos trajes e um menino de cabelo castanho e franja longa, vestindo camiseta marrom-clara, calça jeans e tênis cinza e usa um chapéu verde e um lenço vermelho no pescoço. Ele está sentado em um puff, de perfil, e segura um celular direcionado para três outros adolescentes que fazem poses. À esquerda, uma menina de cabelo longo preto, vestindo blusa clara sem mangas, calça jeans rasgada e desfiada e tênis branco, está em pé, com as mãos sobre o peito e a cabeça levemente voltada para baixo. Uma menina de cabelo longo ondulado castanho, vestindo camiseta verde, calça jeans, tênis branco e tiara com duas borboletas rosa está sentada em uma banqueta alta e estende um dos braços em que a mão segura uma varinha com uma borboleta rosa. Um menino de cabelo cacheado castanho, de óculos escuros 'pixelados' (estilo 'meme'), chapéu cinza, vestindo camiseta branca, calça jeans e tênis preto, está em pé e tem uma gravata desatada envolta ao pescoço, com as pontas sobre o peito, como se fosse um cachecol.
Estudantes em estúdio fotográfico montado em sala de aula para a prática do retrato. São Paulo, 2022.
Respostas e comentários

Experimentações

Essa atividade visa a fortalecer o vínculo entre os estudantes e possibilitar que eles rompam juntos a barreira da timidez no exercício da autorrepresentação. Eles devem vivenciar o ensaio fotográfico como uma brincadeira em que podem testar, experimentar ser o que quiserem, mas coletivamente.

Peça a autorização dos pais ou responsáveis para que os estudantes possam trazer objetos e trajes de suas casas. No dia do ensaio, verifique a adequação das roupas e objetos que eles trouxerem para o ensaio.

Procedimentos

Apresente a eles a proposta, deixando que discutam coletivamente ou em grupos as ideias que tiverem.

Caso o ensaio seja realizado em um espaço diferente do da sala de aula, peça autorização de uso à coordenação ou à direção.

No dia, você pode supervisionar a atividade, concentrando-se no manuseio da máquina fotográfica, que deve ser fixada sobre uma cadeira ou carteira, garantindo sempre um mesmo ângulo e, assim, dando um padrão para as fotografias.

Cuide para que os estudantes circulem e para que todos participem das fotografias, que podem ter três, quatro ou cinco pessoas. Adapte como preferir. Verifique se todos os estudantes se sentiram convidados, integrados e à vontade para participar.

Avaliação

Os estudantes poderão ser avaliados por seu engajamento no desenvolvimento da proposta, compromisso com a integração e acolhida entre o grupo e pelas soluções visuais que eles desenvolverem.

Peça aos estudantes que façam um registro da atividade no diário de bordo, com um parágrafo em que relatem a experiência, destacando do que mais gostaram.

Faça no diário de bordo.

Pensar e fazer arte

Ao longo desta Unidade, a representação da figura humana na arte foi trabalhada de diferentes fórmas. Em primeiro lugar, nos Temas 1 e 2, a representação da figura humana foi trabalhada na história da arte e na escultura. Na sequência, no Tema 3, o Surrealismo foi apresentado como um caminho para pensarmos a dimensão psicológica e emocional da arte, para ir além da representação do rosto e do corpo. Por fim, no Tema 4, os retratos e autorretratos foram vistos como uma produção de memória, vínculo e autoconhecimento. Agora é hora de aproveitar as reflexões realizadas para produzir um autorretrato com colagem. Na colagem, podemos extrair parte ou o todo de uma figura para criar uma nova imagem. Podemos fundir elementos muito diferentes e produzir uma unidade. Para fazer um autorretrato com colagem, você deverá pensar: “Quantas coisas diferentes compõem o todo do que eu sou? Eu tenho características físicas e uma beleza própria, mas tenho também emoções, gostos e interesses específicos. Como uma colagem pode representar tudo isso? ”.

Material

  • Cola
  • Tesoura com pontas arredondadas
  • Papel resistente
  • Revistas

Procedimentos

  1. Observe as páginas da revista, selecionando partes de figuras humanas que você acha que podem ser usadas nesse autorretrato: olhos, cabelo, boca, orelha, partes do corpo. Você deverá compor um rosto ou corpo com várias partes separadas.
  2. Você pode selecionar um fundo ou cenário. Que cenário melhor traduz o seu humor ou estado emocional? O céu aberto ou uma tempestade? Um dia de sol ou uma noite estrelada?
  3. Busque agregar outros elementos, como objetos e roupas, que possam descrever ou simbolizar a sua personalidade, que tenham algo a ver com quem você é.
  4. Depois de recortar todos os fragmentos que vão compor o seu autorretrato, é hora de fazer a montagem. Antes de colar, experimente sobrepor, juntar, colocar lado a lado. Teste até conseguir o resultado mais interessante.
  5. Por fim, faça uma colagem.

Avaliação

Para finalizar a atividade, sente-se em roda com os colegas para observar os autorretratos. Vocês podem conversar sobre as perguntas a seguir.

  1. Como vocês se sentiram ao fazer o autorretrato?
  2. O que vocês buscaram representar sobre si mesmos?
  3. Quais conhecimentos e ideias debatidas ao longo das aulas foram resgatados nessa proposta?
  4. Você utilizou alguma referência do livro para pensar no seu retrato? E de outra fonte?
  5. Com esses retratos, vocês podem montar uma exposição na sala de aula ou nos corredores da escola!
Respostas e comentários

Pensar e fazer arte

Esta seção deve promover um resgate de conceitos, procedimentos e ideias trabalhados ao longo da Unidade, na fórma de experimentação e diálogo.

Comece retomando os pontos fortes do trabalho desenvolvido na Unidade.

Depois, leia toda a orientação para realizar a atividade, que tem duração aproximada de três aulas.

Aula 1

Comece contextualizando a proposta.

Distribua as revistas, tesouras e também pastas de plástico ou equivalente para que os recortes sejam guardados ao final da aula. Se necessário, organize os estudantes em grupos com quatro participantes, para que as mesmas revistas possam ser aproveitadas por todos eles, circulando entre o grupo.

Enquanto eles selecionam os fragmentos que utilizarão, circule entre as mesas, dando orientações e contribuindo para que eles reflitam sobre como querem ser representados.

Ao final da aula, recolha o material.

Aula 2

Entregue as pastas de plástico com o recorte, com a cola e o papel, que pode ser 1/4 de uma cartolina ou uma folha de papel Canson.

Caminhe entre as mesas orientando os grupos a tentar criar imagens únicas, integradas, em vez de colar cada elemento em uma parte separada do papel. A ideia é construir uma unidade, fundir as imagens, com sobreposições e junções entre os fragmentos.

Até o final da aula, eles deverão concluir a atividade. Ao final, recolha as colagens.

Aula 3

Faça uma roda com os estudantes. No centro dela, coloque todas as colagens.

Promova uma reflexão com base nas perguntas do livro. Fique à vontade para adaptar como preferir.

Na segunda metade da aula, peça ajuda aos estudantes para montar uma exposição com os trabalhos, que podem ser fixados na parede ou em alguma estrutura adequada da escola para isso, como murais no corredor ou um varal de barbante.

Avaliação

Os estudantes devem ser avaliados pela criatividade e esforço na experimentação, pela contribuição na reflexão final da proposta, pelo respeito, acolhida e colaboração com os colegas e pela qualidade da reflexão que apresentarem junto ao trabalho final.

Faça no diário de bordo.

Autoavaliação

Ao longo do estudo desta Unidade, você pôde conhecer os trabalhos de diferentes artistas hiper-realistas, realistas e surrealistas do Brasil e de outros países.

Além disso, você teve contato com a linguagem da escultura e os métodos utilizados pelos artistas em sua produção (modelagem, moldagem e entalhe). Você experienciou diferentes materiais e técnicas da arte, trabalhando individualmente e em grupo e compartilhando suas impressões sobre o processo de criação.

No percurso desse aprendizado, você pôde analisar diversas representações do corpo humano na história da arte, desde a Pré-História até a contemporaneidade, passando pela Idade Média e pelo Renascimento, e também discutiu e experimentou a autorrepresentação com base na observação e nas técnicas da sua época.

Agora que chegou ao final do estudo desta Unidade, é importante que você reflita sobre seu aprendizado da linguagem das artes visuais e sobre o caminho que percorreu até aqui.

Para isso, responda no diário de bordo às questões a seguir.

Ilustração. Ícone Diário de bordo.
  1. Você destacaria algum tema, discussão ou experiência realizada ao longo da Unidade que tenha provocado em você mais interesse e curiosidade? Destacaria algum aprendizado?
  2. Para você, como são os momentos de olhar e interpretar as imagens da arte reproduzidas no livro?
  3. Como você se sente ao vivenciar experimentações artísticas em grupo? E individualmente?
  4. O estudo desta Unidade mudou o modo como você aprecia as artes visuais? Em caso afirmativo, comente com os colegas de que maneira isso aconteceu.
  5. O diário de bordo ou alguma outra estratégia de registro o ajudou a fixar as aprendizagens com a arte? O que você pensa sobre o uso desse recurso para organizar as suas vivências com a arte na sala de aula?
Respostas e comentários

Autoavaliação

Leia o texto do livro com os estudantes, para repassar toda a aprendizagem da Unidade. Aproveite para revisitar os objetivos de cada Tema e revisar as habilidades trabalhadas, de modo a verificar se a aprendizagem contemplou processos de criação, materialidades, referências e práticas artísticas contextualizadas, elementos da linguagem e outros objetos de conhecimento pertinentes ao ensino das artes visuais.

Oriente os estudantes a uti­lizar o diário de bordo para trazer à memória as experi­mentações e discussões rea­lizadas ao longo da Unidade.

Lembre-se de que os estu­dantes ainda têm de desen­volver a percepção sobre os procedimentos de pesquisa e aprendizagem e que eles talvez precisem de apoio para reconhecer exatamente quais critérios podem ser usa­dos para se autoavaliar. Por isso, leia também as perguntas e comente cada uma delas, de modo que eles reconheçam o todo que envolve a autoavaliação.

Você também poderá enun­ciar os critérios utilizados para a avaliação das propostas de experimentação artística, des­tacando da sua percepção aquilo de que mais gostou e o que teria feito diferente. É importante que os estudantes percebam que esse momento também é uma autoavaliação do pro­fessor, que terá a chance de verificar como os estudantes reconhecem os processos de aprendizagem e de criação.

Por fim, aproveite esse momento para se autoavaliar também. Você deve escutar os estudantes e identificar, sobretudo, quando eles destacam aquilo que poderia ter sido diferente, se há elementos que o ajudem a pensar como poderia ter conduzido as propostas em outras direções ou adaptado à realidade da turma.