Tema 2  Paisagens e histórias do Brasil na arte

Frans pôst

Assim como o fotógrafo francês jota érre, que conhecemos no Tema 1, ao longo da história, artistas de diferentes nacionalidades representaram aspectos sociais e culturais do Brasil em suas obras. Observe, por exemplo, a pintura reproduzida a seguir, de autoria de Frans pôst (1612-1680), artista holandês que chegou ao Brasil em 1637.

Pintura. Vista de um campo aberto. Em primeiro plano, à esquerda, duas árvores próximas, uma, com flores vermelhas. Ao lado, três homens orientam a direção de uma carroça puxada por dois bois na estrada de terra. À direita, vegetação. Ao fundo, morros de vegetação e um rio cortando a paisagem. Há algumas casas próximas ao rio.
pôst, Frans. O carro de bois. 1638. Óleo sobre tela, 61 por 88 centímetros. Museu do Louvre, Paris, França.

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Foco na linguagem

  1. Descreva todos os elementos que você vê na imagem.
  2. Em sua opinião, o que teria motivado a vinda de um artista holandês para o Brasil no século dezessete?
Versão adaptada acessível

1. Descreva com suas palavras todos os elementos da imagem.

A pintura de paisagem

Pinturas como a de Frans pôst, que você conheceu anteriormente, são chamadas paisagem e se caracterizam pela representação de um espaço observado como tema central, por vezes único, de uma obra, podendo ser rural ou urbano. Esse lugar, no entanto, pode integrar alguns elementos mais discretos, narrativos, simbólicos ou alegóricos que ampliam o sentido da pintura.

Em Paisagem com jiboia, pintura aqui reproduzida, Frans pôst representou uma área rural com a típica flora brasileira. No primeiro plano, à direita, em meio à vegetação, é possível identificar uma jiboia. Podem-se ver a cabeça e parte do corpo da serpente entre os arbustos. Ao fundo, o céu e outros elementos da paisagem foram pintados com cores mais claras e frias. A escolha dessas cores possibilitou ao artista obter o efeito de profundidade.

Pintura. Vista geral de campo aberto com vegetação de arbustos e árvores com um rio cortando a paisagem. À esquerda, casarões construídos à beira do rio; ao centro, um grupo de pessoas próximas à beira do rio; à direita, em primeiro plano, uma cobra camuflada no meio da vegetação. Céu azul com nuvens que se estende até o horizonte.
pôst, Frans. Paisagem com jiboia. cêrca de 1660. Óleo sobre tela, 119 por 173,5 centímetros. Museu de Arte de São Paulo Assis chatôbrian (maspi), São Paulo (São Paulo).

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Foco na linguagem

  1. Quais semelhanças e diferenças você percebe entre a imagem da página anterior e a desta página?
  2. Essa imagem se assemelha a alguma paisagem do Brasil que você conhece?
  3. Quais paisagens do Brasil você gostaria de ver representadas pela arte? Por quê?

Artista e obra

Frans Post

Desenho a grafite. Um bicho-preguiça deitado, de barriga no chão.
pôst, Frans. Preguiça. 1637-1644. Desenho a grafite, 16,6 por 21,5 centímetros. Arquivos da Holanda do Norte.
Desenho a grafite. Um tatu com rabo longo. Ele está de perfil e voltado para a esquerda.
pôst, Frans. Tatu de banda preta. 1637-1644. Desenho a grafite, 16,5 por 21,4 centímetros. Arquivos da Holanda do Norte.
Pintura sobre grafite. Um macaco comendo. Ele está de lado e olha na direção de quem está observando a imagem.
pôst, Frans. Macaco. 1637-1644. Aquarela e guache com caneta preta sobre grafite, 15,6 por 20,1 centímetros. Arquivos da Holanda do Norte.
Pintura sobre grafite. Um tamanduá com a língua para fora. Ele está de perfil e voltado para a direita.
pôst, Frans. Tamanduá. 1637-1644. Aquarela e guache com caneta em preto e marrom sobre grafite, 11,6 por 20,4 centímetros. Arquivos da Holanda do Norte.
Pintura sobre grafite. Uma anta com listras horizontais brancas. Ela está voltada para a direita.
pôst, Frans. Anta da planície. 1637-1644. Aquarela e guache com caneta preta sobre grafite, 15,8 por 20,9 centímetros. Arquivos da Holanda do Norte.
Pintura sobre grafite. Um porco-espinho com rabo longo. Ele está encolhido, com a cabeça quase entre as patas traseiras, voltado para a direita.
pôst, Frans. Porco-espinho-de-rabo-agarrado. 1637-1644. Aquarela e guache em tons de marrom, cinza e preto, caneta em preto sobre grafite, 15,8 por 20,5 centímetros. Arquivos da Holanda do Norte.

Frans pôst é um dos mais reconhecidos artistas viajantes que passaram pelo Brasil. Ele fez seus primeiros registros do país em sua primeira viagem para cá, aos 25 anos.

Artistas viajantes como ele tinham a missão de documentar a fauna, a flora, as paisagens e a vida nas colônias americanas do século dezessete. Frans pôst fez parte da comitiva de Maurício de Nassau, durante o período da ocupação holandesa em Pernambuco.

Além de representar as paisagens do Brasil, pôst foi um estudioso da vida nessas terras. Quando viajava, Frans pôst registrava o que via com materiais secos e molhados para poder transportar os desenhos que produzia. As pinturas a óleo, como as reproduzidas anteriormente, eram feitas apenas após seu retorno ao país de origem.

Em grande parte, os artistas viajantes foram responsáveis por criar e difundir um imaginário sobre as colônias nas Américas.

Por dentro da arte

Audioguias: outras vozes na arte

O Museu de Arte de São Paulo Assis chatôbrian (maspi) tem cinco pinturas de Frans pôst em seu acervo. Leia a transcrição das considerações do curador Hélio Menezes sobre essas obras, disponível para escuta no audioguia on-line do Museu:

“As paisagens do Frans pôst são um bom ponto de partida para pensarmos, discutirmos e revisarmos o que é a construção de um certo Brasil a partir de olhar estrangeiro. Especialmente nos primeiros séculos de colonização, a gente não tem registros de telas, enfim, obras outras feitas por brasileiros, mas, no geral, pelo olhar estrangeiro.

No caso de Frans pôst, ele integrou a comitiva de artistas e intelectuais que veio com Maurice de Nassau. reticências E nessa comissão o que se vê é uma pretensão de obras documentais. Eles pretendiam mostrar um certo Brasil, especialmente para a Europa. Essas obras não ficaram aqui, essas obras eram feitas para ir para lá. E, especialmente as [obras] de Frans pôst que integram o maspi, nenhuma delas foi feita no seu período no Brasil, mas feitas no seu período de volta à Holanda, a partir dos desenhos originais que ele tinha feito aqui.

Nesse processo, ele foi incorporando uma série de exotizações, de animais agigantados, de plantas enormes, uma fauna e flora absolutamente paradisíacas e também de personagens vivendo em um certo idílio brasileiro.

reticências Frans pôst é uma boa entrada para discutir como foi se construindo uma espécie de representação discursiva e visual sobre os negros no Brasil, e também sobre os índios, em menor escala, que muitas vezes aparecem em nossos livros escolares como se fossem documentos de época, como se fossem uma espécie de retratos da época.

reticências Apaga-se, entretanto, ou é muito menos discutida, a dimensão criativa que esses pintores, em especial Frans pôst imprimiu em suas obras. reticências. O que temos ali é a criação de uma certa paisagem pernambucana muito mais ligada às concepções que estavam informando o fazer artístico de Frans pôst na Europa do que à própria paisagem pernambucana. Então, de um lado, a gente pode tratar essas obras com um olhar de alguma maneira documental reticências, mas a maior parte do que está ali é fantasia. É criação.”

MENEZES, Hélio. Frans pôst, Paisagem em Pernambuco com casa-grande, 1665. Audioguia. São Paulo: maspi, 2018. 1 áudio (cêrca de 3 minutos). Disponível em: https://oeds.link/4tEKCK. Acesso em: 5 julho 2022.

Fotografia. Homem e mulher de costas dividem um fone de ouvido. Eles estão voltados para uma parede branca com quadros de desenhos abstratos em preto, vermelho e branco.
Dois jovens compartilhando audioguia enquanto exploram uma exposição em uma galeria de arte, na Rússia. Fotografia de 2020.

Brasil no plural

Já que fizemos a crítica da paisagem do Brasil representada por artistas estrangeiros, como seria refletir sobre as paisagens daqui repensadas e representadas por artistas brasileiros? Como seria a arte brasileira feita a partir das matrizes ancestrais dos povos originários desta terra?

O artista-indígena Gustavo Caboco faz da arte um caminho para reconstruir a sua identidade indígena. Em sua pesquisa de retorno à origem indígena wapixana, ele não apenas percorre diferentes paisagens, mas também usa o som, o bordado e o desenho como recursos para se conectar com a ancestralidade indígena.

Pintura. Quadro em branco e vermelho que apresenta diversas cenas conectadas por uma raiz da terra. De cima para baixo: pés descalços sobre a terra; um homem de cujos pés descalços sai uma raiz, que se conecta com a cena seguinte, em que aparecem mais pés descalços no solo; um homem de chapéu com uma espingarda em mãos; uma pessoa segura um objeto redondo com uma face e, ao lado, a raiz percorre a cena e entra em um buraco, que se conecta com a próxima cena, na qual a raiz sai do outro lado do rio, na forma de um lagarto.
CABOCO, Gustavo. Teju vira terra. 2018. Nanquim sobre papel, 21,6 por 8,8 centímetros. Acervo do artista.

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Foco na linguagem

  1. Descreva os diferentes elementos que você vê na obra do artista.
  2. Quais elementos você associa com uma paisagem?
  3. A quais tipos de paisagem a obra remete? Essa é uma paisagem tal como a arte tradicionalmente representou?
  4. Você consegue imaginar uma história a partir dessa imagem?
Versão adaptada acessível

1. Descreva com suas palavras os diferentes elementos que você identifica na obra do artista.

A pluralidade da arte indígena no Brasil

Observe a intervenção urbana do artista Denilson bãníua.

Fotografia. Projeção da frase Brasil Terra Indígena em um monumento ao entardecer. As letras apresentam grafismo que remete à arte indígena. Céu com nuvens.
Intervenção urbana do artista Denilson bãníua com projeção de texto sobre o Monumento às Bandeiras (1953), em São Paulo (São Paulo), com a frase Brasil Terra Indígena. Fotografia de 2020.

Denilson é um artista do povo bãníua que produz diferentes linguagens artísticas: grafite, sticker, gravura, performance, desenho etcétera A intervenção urbana feita com projeção de luz, com a frase Brasil Terra Indígena, foi projetada sobre o Monumento às bandeiras, de Victor brêchêrê. Esse monumento é bastante criticado por enaltecer bandeirantes, que massacraram os povos indígenas durante o avanço dos colonizadores para o interior do país.

Com sua obra, o artista reivindica a visibilidade da cultura, das tradições e das lutas sociais indígenas, questionando o apagamento da memória indígena pelas narrativas oficiais da história do Brasil. Por meio da intervenção, ele provoca uma revisão crítica do monumento, que é um cartão-postal da cidade de São Paulo.

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Foco na linguagem

  1. Como essa intervenção urbana transforma a paisagem?
  2. Quais associações você faz entre essa imagem e o Tema 1, trabalhado anteriormente?
  3. Você associaria essa imagem à ideia de arte indígena? Por quê?
  4. O que você sabe sobre as expressões culturais e artísticas dos povos indígenas?

Arte e muito mais

Vídeo nas aldeias

O projeto Vídeo nas aldeias é uma iniciativa de formação em Cinema e de difusão da cultura dos povos indígenas do Brasil. Há mais de 30 anos, o projeto percorre os territórios de diferentes povos, ensinando a elaborar roteiros, gravar e editar filmes documentais. Cada povo decide quais serão os conteúdos do filme e como ele será feito.

Por meio do projeto, é possível vislumbrar o que esses povos têm em comum ou de diferente entre si. Ademais, ele permite observar as diferentes paisagens que compõem o Brasil, a diversidade de ecossistemas e os modos de interação entre os seres humanos e a natureza.

O uso das tecnologias do cinema é um modo de levar as ideias e as histórias desses povos para qualquer lugar, possibilitando que eles escolham como querem ser representados.

Há outras fontes que também podem ser acessadas para ampliar o conhecimento sobre as culturas indígenas do Brasil. A cineasta Sueli Maxacali, que também é presidente da Associação Maxacali de Aldeia Verde, produziu vários filmes, que difundem os saberes e a arte do seu povo.

Fotografia. Três homens indígenas fazem uma filmagem em campo aberto. O homem à esquerda, vestido com calça jeans, moletom e touca preta, segura uma câmera com microfone e aponta na direção de outros dois homens. À direita, um homem vestido com calça jeans e casaco de frio. Ele está com as duas mãos no bolso e olha para frente. O outro homem, ao centro, está vestido com calça jeans, casaco preto e touca com protetor de orelhas. Ele olha para o homem que está filmando. Está com os braços semi-flexionados para cima e as mãos espalmadas, como se estivesse gesticulando. Ao redor, vegetação.
Filmagem da etnia Êmibiá Guarani, na aldeia Tekoá Koenju, em São Miguel das Missões (Rio Grande do Sul). Projeto Vídeo nas aldeias, 2009.

A expressão dos saberes regionais na arte popular

A arte pode ser usada como uma ferramenta para interpretar e representar as ideias e as histórias de uma pessoa ou de uma coletividade. As obras da artista Maria Auxiliadora apresentam diferentes práticas culturais e do trabalho no Brasil, representando assim as histórias e os modos de vida do nosso povo.

Pintura. Quadro com cores vivas. Pessoas  trabalham em uma plantação. Elas usam roupas floridas e coloridas, todas  contornadas de branco, contrastando com o fundo verde da paisagem. No centro do quadro, há uma estrada de terra na qual um homem guia uma carroça puxada por cavalos. À esquerda, três pessoas fazendo a colheita de uma plantação. À direita, uma mulher está fazendo a colheita da plantação enquanto a outra coloca os frutos colhidos em um cesto grande. Ao fundo, à direita, duas casinhas. Ao redor, plantação.
SILVA, Maria Auxiliadora da. [Sem título]. 1970. Técnica mista, 39 por 59 centímetros. Coleção particular.

A artista Maria Auxiliadora já foi chamada de “naífi ”, “popular” e “autodidata”. Cada um desses títulos tem um significado diferente. O que nenhum deles reconhece é que Maria Auxiliadora é, em primeiro lugar, uma artista. A diferença entre ela e os artistas com formação acadêmica e universitária é que ela aprendeu a produzir arte em contato com mestres da tradição popular. Ela estudava e vivenciava plenamente os seus processos criativos, dialogando com as obras que outros artistas procedentes do lugar onde ela morava produziam.

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Foco na linguagem

  1. O que você vê na obra da artista Maria Auxiliadora?
  2. Que efeito as cores usadas pela artista provocam?
  3. Você já viu alguma cena parecida com essa? Que relações você faz entre o trabalho no campo e a sua vida cotidiana?
  4. A obra não tem título. Qual título você daria para ela e por quê?
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1. O que você vê na obra da artista Maria Auxiliadora?

3. Você já presenciou alguma cena parecida com essa? Que relações você faz entre o trabalho no campo e a sua vida cotidiana?

As pinturas de Maria Auxiliadora transparecem muitas informações sobre sua história de vida. Na fotografia, é possível ver um recorte de uma pintura que mostrava os bailes dos anos 1970, muito frequentes e importantes para as culturas negra e periférica de São Paulo já naquela época.

Fotografia em preto e branco. À esquerda, uma mulher de turbante e brincos grandes, de perfil, observa um quadro. À direita, um quadro que representa homens e mulheres dançando.
Fotografia da artista Maria Auxiliadora em frente a uma obra de sua autoria. Fotografia sem data.

Na imagem a seguir, foi representado um cortejo de Carnaval, com a rua ocupada por foliões fantasiados, que tocam música, dançam e festejam.

Pintura. Quadro com cores vivas que retrata homens e mulheres em uma festa de rua. Todos usam fantasias típicas do Carnaval. À esquerda, alguns homens tocam instrumentos enquanto  as mulheres, usando vestidos estampados longos e rodados, dançam. À direita, um homem vestido como rei (ele usa uma coroa e veste um manto) se ajoelha diante da rainha (ela também usa uma coroa e um manto, com um vestido longo azul com detalhes em vermelho). Ao fundo, pequenos sobrados coloridos, em cujas janelas há pessoas jogando confetes e serpentinas.
SILVA, Maria Auxiliadora da. Carnaval. 1969. Óleo sobre tela, 50 por 70 centímetros. Coleção particular.
Pintura. Quadro de cores vivas. Pessoas fazem a colheita em uma plantação. À esquerda, algumas mulheres usando vestidos floridos e carregando sacolas nos ombro colhem os frutos de uma plantação. À direita, uma estrada de terra vermelha. Ao fundo, um galpão construído com tijolos vermelhos e telhado de palha amarelo. Ao redor, plantação sob céu azul.
SILVA, Maria Auxiliadora. Colheita. 1973. Técnica mista, 53 por 73 centímetros. Coleção particular.

Institucionalização da arte no Brasil

A rigor, sempre se produziu arte no Brasil. Cada povo indígena tem técnicas e usos próprios para a arte. Após a colonização, as técnicas do colonizador foram transmitidas, sobretudo pelos jesuítas, dando base para expressões culturais e festejos que hoje são denominados “populares”. Mas as instituições artísticas que, na tradição ocidental, são reconhecidas como espaços de arte – como os museus – chegaram ao Brasil apenas no século dezenove.

Com a vinda da côrte ao Brasil, em 1808 e a posterior contribuição da assim chamada “Missão Francesa” no país, fundou-se a primeira academia de artes, onde se formaram diversos artistas, muitos dos quais foram premiados com bolsas de estudos na Europa.

Da academia ao museu

O interesse pelas artes e pelos valores do passado greco-romano e a confiança na capacidade de transformar o mundo por meio da busca de respostas científicas levaram os renascentistas a colecionar, ou seja, a juntar materiais, em um lugar específico. Assim surgiu a ideia de museu da fórma que conhecemos hoje. O primeiro museu público foi o Louvre, fundado em Paris, na França, em 1793. Nos primeiros grandes museus se conservavam, e ainda se conservam, não apenas as produções artísticas nacionais, mas também o espólio cultural de obras das quais eles se apropriaram durante a colonização da América, da África, da Ásia e da Oceania.

No século dezenove, os museus se multiplicaram e se diversificaram. Hoje, existem diferentes tipos de museu (de arte, de história, de ciências etcétera), mas todos eles têm o mesmo objetivo: garantir acesso ao conhecimento sobre as atividades humanas ao longo da história.

Fotografia. Fachada de um casarão de arquitetura clássica, com colunas retangulares, janelas e portas grandes. À frente da construção, árvores frondosas chegam a cobrir parcialmente a vista do casarão.
Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Fotografia de 2019.

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Foco na linguagem

  1. Você sabe qual é a origem da palavra museu? Reúna-se com quatro colegas para fazer uma pesquisa rápida sobre o tema. Conversem sobre a relação da palavra museu com a ideia de “inspiração”.
  2. Você já foi a um museu ou já visitou alguma exposição? Em caso afirmativo, conte sua experiência aos colegas.

Por dentro da arte

Os museus de arte

Nos museus de arte são guardadas obras de diferentes linguagens e suportes, como pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, artes aplicadas (como cerâmicas e joias), fotografias, vídeos e sons. Essas instituições podem ser particulares ou públicas.

Fotografia. Fachada de uma construção de arquitetura moderna, com formato retangular, cuja porta é de vidro. À frente, um ipê amarelo florido e uma placa verde com uma foto.
Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande (Mato Grosso do Sul). Fotografia de 2015.

O acesso ao acervoglossário dos museus se dá por meio das exposições – permanentes ou temporárias –, organizadas com obras do museu, emprestadas de outras instituições ou de colecionadores particulares.

A organização das exposições envolve uma série de profissionais e passa por fases importantes: a documentação, em que é realizado o registro dos bens do acervo; o gerenciamento da reserva técnica, espaço físico no interior do museu destinado ao armazenamento e à manipulação do acervo; o trabalho de restauração, que consiste na recuperação de uma obra quando necessário; o trabalho de curadoria, que faz a escolha das obras e dos artistas que farão parte da exposição e que prepara o espaço expositivo.

Fotografia. À esquerda, um quado retratando um homem, uma mulher e uma criança entre os dois, todos de mãos dadas. Eles possuem uma aura sobre a cabeça. O homem tem barba e usa um manto vermelho e vestes amarelas. A criança é loira e suas vestes são branca e bege com uma faixa verde amarrada na cintura. A mulher usa um manto azul, que cobre sua cabeça e o vestido branco. Eles caminham em um deserto. À direita, uma mulher de cabelo castanho preso, usando com avental branco e luva em uma das mãos, restaura a obra de arte com um instrumento que utiliza uma pequena mangueira.
PORTINARI, Candido. A Sagrada Família. 1952. Óleo sobre tela, 137 por 158 centímetros. Batatais (São Paulo). Fotografia de 2014.

Com o desenvolvimento tecnológico e dos meios de comunicação, a relação dos museus com o público tem passado por muitas transformações. Além da preocupação com a manutenção de espaços físicos para guardar os bens, os responsáveis pelos museus têm procurado se abrir às novas fórmas de interação. Muitos museus já disponibilizam o conteúdo de seu acervo para visitas virtuais. Várias instituições dispõem também de setores dedicados a ações educativas destinadas a crianças e adultos. São desenvolvidos, por exemplo, programas especiais para o atendimento de pessoas com deficiência visual e cursos de formação para professores e agentes culturais. Em diversos museus, idosos, crianças e pessoas com deficiência não pagam ingresso e há dias em que a entrada é gratuita para qualquer pessoa.

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Museus criados por artistas e grupos sociais

Fotografia. Fachada de uma construção de arquitetura moderna formada por duas estruturas em formato de oca, na cor branca, com uma pequena janela triangular na construção à direita. Há um pergolado de madeira que liga as duas estruturas. Há cactos e trepadeiras em torno das construções e algumas plantas chegam ao topo delas. Céu azul com algumas nuvens.
Projeto da fachada do Museu-Vivo das Marrecas Kariri, localizado em Quitaiús, Lavras da Mangabeira (Ceará). Fotografia de 2021.

Há vários tipos de museu, muitos dos quais se originam de uma iniciativa popular, reverberando a história e as necessidades do povo de um determinado território. Esse é o caso do Museu-Vivo das Marrecas Kariri, idealizado para ser construído em Quitaiús, Lavras da Mangabeira, no Ceará.

Esse é um perfil de museu que pode ser associado à museologia social.

Idealizado por artistas e pesquisadoras jovens, o museu busca resgatar a memória e reavivar a expressão cultural da nação indígena Kariri. O objetivo da criação do museu é reunir arte, artesanato, práticas de rezo e raizeiros, além de tentar compensar a ausência de políticas públicas que ofereçam práticas educativas e artísticas na região.

O museu é uma retomada das tradições culturais kariri, dispersas pelos contínuos processos históricos de aculturação e separação dos povos tradicionais, que culminaram na construção do Açude do Rosário, em 1990, que dispersou famílias que sempre habitaram a região.

Para construir o museu, esse grupo está captando recursos pela internet, buscando o apoio de pessoas que se identificam com a causa da retomada da identidade indígena kariri. Esse é um modo de captar recursos para a cultura que se convencionou chamar de crowndfunding, ou seja, uma campanha de arrecadação on-line.

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Ícone. Tema Contemporâneo Transversal. Multiculturalismo.

Faça uma pesquisa sobre outros exemplos de projetos de retomada das identidades indígenas no país.

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Experimentações


Agora, você e os colegas farão o desenho de uma paisagem.

Material

  • Lápis de cor, canetinhas ou giz de cera (você vai escolher)
  • Uma folha de papel de sua preferência
  • Uma prancheta ou um caderno de capa dura que possa servir de suporte para a folha

Procedimentos

  1. Em primeiro lugar, será preciso escolher a paisagem que será representada. Posicione-se em frente a ela – seja um lugar da escola, seja uma imagem no computador – para desenhá-la.
  2. Verifique qual será o enquadramento da imagem, ou seja, quais são as partes da paisagem que você vai incluir no seu desenho. Para entender a ideia de enquadramento, você pode fazer uma moldura (retângulo) com as mãos, tentando capturar um recorte da paisagem. Isso o ajudará a delimitar a área que será desenhada.
Ilustração. Destaque de duas mãos que formam uma moldura com os dedos polegares e indicadores, enquadrando uma parte da paisagem. Ao fundo, um pequeno morro no campo aberto.
  1. Comece o desenho com o material de sua preferência. Para apoiar o papel, utilize uma prancheta ou um caderno. Você pode se sentar e usar a perna como apoio para ter mais estabilidade.
  2. Enquanto desenha, você pode experimentar diferentes texturas para representar os elementos da paisagem. Por exemplo: qual textura você utilizaria para representar a suavidade ou o peso das nuvens? Como é a textura dos tijolos ou da madeira da parte externa de uma casa da paisagem? Qual textura pode representar o desenho vertical da grama? Quais texturas podem simbolizar o movimento da água do rio ou da lagoa?
  3. Ao final, faça uma roda com os colegas. Coloquem os desenhos no meio. Conversem sobre o que tentaram representar e quais dificuldades encontraram. Façam relações entre os desenhos, destacando semelhanças e diferenças. Vocês também podem conversar sobre o que pensam sobre as paisagens. Não se esqueçam de registrar essa experiência em seu diário de bordo.
    Ilustração: ícone do diário de bordo.

Glossário

Acervo
: conjunto de bens que fazem parte do patrimônio de um museu.
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