Unidade 4 Dança: mudanças e rupturas
Nesta Unidade:
TEMA 1 Um convite à reflexão
TEMA 2 A dança a partir do século vinte
TEMA 3 Dança e ruptura
TEMA 4 A dança como manifesto
De olho na imagem
Faça no diário de bordo.
- Observe a imagem. O que você percebe nela à primeira vista?
- Quais sensações esses movimentos despertam em você?
- Quais movimentos são realizados pelos dançarinos na cena retratada na fotografia? Procure descrever movimentações possíveis de imaginar.
- Você já viu ou fez movimentos parecidos com os realizados pelos dançarinos? Em caso afirmativo, converse com os colegas sobre esses movimentos.
- Os dançarinos estão explorando os mesmos níveis do espaço (baixo, médio e alto)?
- Como é o figurino dos dançarinos? Você já viu ou utilizou vestimentas como essas? Em caso afirmativo, em que situação?
- Por que esse figurino teria sido escolhido?
- Observe a iluminação da cena. O que você pode dizer sobre ela?
Versão adaptada acessível
1. Com base na descrição da imagem, o que você percebe nela à primeira vista?
Artista e obra
Companhia Fusion de Danças Urbanas
O espetáculo retratado na abertura desta Unidade foi produzido pela Companhia Fusion de Danças Urbanas. O trabalho dessa companhia começou informalmente no ano de 2002 com um grupo de amigos que gostavam de se reunir para dançar e aprender danças urbanas. Em 2009, a companhia estreou seu primeiro trabalho profissional chamado Som, que foi seguido por produções como Matéria prima (2012), Meráki (2013), entre outras.
A companhia é dirigida por Leandro Belilo e tem como principais objetivos a pesquisa e a divulgação das danças urbanas, como são chamadas as danças que surgiram e são tradicionalmente realizadas nas cidades. As danças urbanas também são conhecidas como danças de rua.
Em 2016, os integrantes da companhia inauguraram sua séde, a Cafuá – Casa Fusion de Arte. Nesse local, são oferecidas aulas de dança e ocorrem exposições e apresentações de obras de diferentes linguagens artísticas.
Tema 1 Um convite à reflexão
O espetáculo Pai contra mãe
O espetáculo Pai contra mãe foi desenvolvido pela Companhia Fusion em 2016. Essa produção teve como referência um conto escrito por Machado de Assis (1839-1908) poucos anos após a abolição da escravidão, em 1888. Nesse conto – também intitulado “Pai contra mãe” –, Machado de Assis faz duras críticas ao sistema escravocrata e chama a atenção para a violência com que eram tratados os negros escravizados.
Após ler e discutir o texto de Machado de Assis, os integrantes da companhia Fusion decidiram desenvolver um projeto de dança em que pudessem convidar o público a refletir sobre a condição dos negros, especialmente das mulheres, na sociedade atual. Assim nasceu o espetáculo Pai contra mãe, cuja imagem vimos na abertura desta Unidade.
Durante a apresentação, os dançarinos abordam a dramaticidade de temas como discriminação e violência, elementos centrais do espetáculo. Observe a fotografia reproduzida a seguir e note a fôrça dos braços e a fórma como os dançarinos se tocam.
A proposta da companhia
As coreografias do espetáculo Pai contra mãe reforçam a proposta do grupo de levar para o palco elementos das danças urbanas. Nesse espetáculo, os dançarinos fazem, por exemplo, diversos movimentos do break, dança que surgiu nos Estados Unidos e que se caracteriza pela realização de movimentos predominantemente rápidos, fortes e diretos. Nessa dança, em geral, os dançarinos exploram todos os níveis do espaço (alto, médio e baixo). Você já dançou break ou viu alguma apresentação dessa dança?
Desde a origem do break, são realizadas as “batalhas”, competições em que dois grupos de dançarinos ficam frente a frente para se apresentar e ser avaliados pelo público. Note que essa característica também está presente no espetáculo Pai contra mãe.
Faça no diário de bordo.
Experimentações
• Nesta proposta, você vai experimentar uma “batalha”, mas o foco será apenas uma maneira de conversar com o corpo, dançando, e não uma competição.
Procedimentos
- Antes de começar a dançar, faça um breve aquecimento, com as orientações do professor.
- Em seguida, forme uma grande roda com toda a turma e escolham, rapidamente, uma ou duas canções que serão a trilha sonora da roda. Não é preciso cantar as canções, apenas cantarolar a melodia juntos e bater palmas para marcar o ritmo. Logo depois, alguém entra na roda e mostra um passo de dança; depois, outra pessoa e assim por diante.
- Após a roda, organize-se em dupla com um colega para começar a dançar. Enquanto um de vocês faz movimentos com o corpo todo, procurando demonstrar suas habilidades, o outro observa. Quando quem está dançando faz uma pausa, o colega começa a se movimentar. Repitam essa dinâmica algumas vezes, como acontece quando conversamos: primeiro, uma pessoa fala; a outra responde; depois, a primeira pessoa comenta a resposta e a conversa continua!
- Registre em seu diário de bordo suas impressões sobre a proposta de conversar com o corpo e a dança.
Por dentro da arte
Bastidores
Assim como a Companhia Fusion de Danças Urbanas, artistas de diferentes linguagens artísticas criam obras com as quais chamam a atenção do público para questões sociais. É o caso da artista visual Rosana Paulino, autora da obra apresentada a seguir.
Faça no diário de bordo.
Foco na linguagem
- Observando as imagens, o que mais chama a sua atenção?
- Em sua opinião, por que Rosana Paulino teria “costurado” a boca, os olhos e a garganta das mulheres retratadas na obra?
- Como essa obra se relaciona com o espetáculo Pai contra mãe, que você conheceu anteriormente?
- Para criar essa obra, Rosana Paulino utilizou bastidores. Você sabe o que são esses objetos e qual é a função deles? Caso saiba, conhece alguém que os usa?
- Você imagina por que a artista teria utilizado bastidores para produzir essa obra?
Versão adaptada acessível
1. O que mais chama sua atenção nas imagens descritas?
Entrevista com Rosana Paulino
A seguir você vai ler uma entrevista com a artista visual Rosana Paulino.
“Entrevistador: Rosana, por favor, fale um pouco sobre sua atuação nas artes visuais.
Rosana Paulino: Desenvolvo um trabalho de pesquisa na área de arte contemporânea na qual tenho procurado pensar nas questões relativas ao indivíduo negro na sociedade brasileira com um recorte muito focado, que é o da inserção da mulher negra na sociedade brasileira.
Entrevistador: Que tipo de arte visual você produz?
Rosana Paulino: Como artista, eu sempre falo que é a arte que me dá o direcionamento. É o trabalho que pede para ser feito, que aponta o suporte que eu vou usar. Algumas obras ficam muito bem no papel. Nesse caso, eu posso trabalhar com gravuras sobre papel ou desenhos sobre papel. Outras obras, às vezes, precisam crescer, precisam de espaço. Então, eu as produzo como instalações. Geralmente é o trabalho que determina o tipo de mídia que eu vou usar. Isso vai desde o papel, como eu falei, até o vídeo, até as instalações. Hoje em dia, a arte não tem um suporte; é muito raro você encontrar um artista contemporâneo que trabalhe com um único suporte.
Entrevistador: Por favor, fale sobre as questões sociais presentes em sua obra.
Rosana Paulino: Essa questão social no meu trabalho vem, eu creio, primeiramente da educação que eu recebi. Eu recebi uma educação muito crítica; sempre li muito. Minha mãe sempre nos incentivou a ter uma formação crítica. E, é lógico, quando cresce, você vai percebendo o seu entorno. Como uma mulher negra, eu fui percebendo que faltava essa pessoa, faltava essa personagem, por exemplo, na televisão. Quando uma personagem negra aparecia, era a empregada doméstica, aquilo que a gente já sabe. Na produção cultural visual, por exemplo, eu sentia falta de elementos que falassem dessa população que, afinal, é 51% da população brasileira. Então, eu não me encontrava. Quando eu ia a museus, por exemplo, não me encontrava naquelas peças, na produção que estava sendo exposta, principalmente na de arte contemporânea, que é extremamente eurocêntrica. Eu sempre pensava: ‘Onde está o Brasil nessa produção?’. O que havia era uma escola que vinha do norte (americana ou europeia), que não dava conta de discutir as questões do Brasil. Então, foi um caminho óbvio para mim tentar inserir essas questões em minha produção, olhar para o meu entorno, saber de onde eu vim, olhar para os elementos que constituem a obra de arte. Eu sentia falta dos elementos do tecido, da ‘manualidade’ na obra de arte. Então o tema social entrou em minha pesquisa por diversas fontes. Eu acho que o artista precisa sempre falar daquilo que o incomoda. Me incomodava profundamente não perceber, na produção cultural do Brasil, na área de artes visuais, uma presença maior dos indivíduos negros, das mulheres. Então eu quis trabalhar com aquilo que me chamava a atenção e me incomodava. Não teria sentido nenhum eu trabalhar com base em uma tradição que não dialoga comigo, que não é minha, que é essa tradição do norte, europeia ou americana, que não dá conta dos problemas que eu vejo no dia a dia, não só na minha vida, mas no entorno, e que acabam definindo o país.”
Entrevista concedida especialmente para esta Coleção, em outubro de 2014.
A trilha sonora
É comum imaginarmos que a música deve ditar os movimentos de uma dança. Acredita-se, de modo geral, que a dança seja criada com base em uma música, respeitando seu ritmo, tempo e temática (quando há letra). Nessa situação, a dança só existe em função da música. Porém, isso é diferente na dança contemporânea. Em muitos espetáculos, dança e música se relacionam, mas a dança não depende da música para acontecer. Elas “conversam”, criando juntas sentido, sensações e imagens. É o caso do espetáculo Pai contra mãe, da Companhia Fusion de Danças Urbanas, por exemplo.
Na trilha sonora criada para o espetáculo Pai contra mãe, a companhia trabalhou com sons coletados no centro da cidade de Belo Horizonte, onde está sediada. Esta paisagem sonora da cidade incluiu carros passando, buzinas, serras cortando metais, ruídos ambientes de pessoas conversando e vozes de vendedores ambulantes, que anunciavam produtos e serviços dizendo frases como “Cortar cabelo é dez, escova é cinco” e “Compro e vendo ouro, avaliação é grátis”. Em alguns momentos do espetáculo, estes anúncios são escutados junto com trechos do conto de Machado de Assis que falam de objetos usados para controlar e violentar pessoas escravizadas como as máscaras de folhas-de-flandresglossário de folhas-de-flandres e correntes. Estes e outros elementos sonoros foram utilizados pelo músico Matheus Rodrigues para compor a trilha sonora especialmente para a peça.
Além das criações originais de Mateus Rodrigues, a trilha também inclui a canção “Maria da Vila Matilde”, do cantor e compositor Douglas Germano, na versão interpretada pela cantora Elza Soares, no álbum A mulher do fim do mundo.
Gire o seu dispositivo para a posição vertical
Em um outro espetáculo da companhia, Quando efé, a cidade também está presente no tema do espetáculo e em sua trilha sonora, mas de outra fórma. O espetáculo propõe uma aproximação entre elementos culturais contemporâneos e tradicionais, que influenciam a companhia e estão presentes no contexto da cidade de Belo Horizonte. Em diálogo com esses elementos, a trilha sonora foi criada com base em referências musicais atuais como o rap e a música eletrônica, e de tradições afro-brasileiras regionais, como o Congado, que é uma manifestação cultural e religiosa afro-mineira que combina música, dança e encenação teatral.
Música, dança e criação
A trilha sonora de Quando efé foi criada pelos músicos Isadora Ribeiro e Mateus Ribeiro, e contou com a participação do Mestre Negoativo, músico e pesquisador das tradições culturais afro-mineiras e das comunidades quilombolasglossário .
Parte da trilha foi criada especialmente para esse espetáculo por Isadora e Mateus, com referência nas pesquisas de Negoativo. A seleção também foi composta com duas canções de outros artistas: “Luar do Sertão” (1913), de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, e “Black Sands” (2010), do DJ Bonobo. A música se integra ao espetáculo ora com reproduções em áudio, ora com performances ao vivo dos músicos no palco.
Nos espetáculos de dança contemporânea, as reproduções das canções em áudio, muitas vezes, são organizadas como uma colagem sonora, que faz junções de sons e canções, prevendo se haverá momentos de silêncio ou não; quando cada uma deve entrar; por quanto tempo serão reproduzidas etcétera Essas definições também fazem parte do trabalho realizado pelos profissionais que criam as trilhas sonoras, em diálogo com outros criadores das companhias.
Arte e muito mais
Carolina Maria de Jesus
“15 DE JULHO DE 1955 Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos generos alimenticios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.
Eu não tinha um tostão para comprar pão. Então eu lavei 3 litros e troquei com o Arnaldo. Ele ficou com os litros e deu-me pão. reticências
Passei o dia indisposta. Percebi que estava resfriada. A noite o peito doia-me. Comecei tussir. Resolvi não sair a noite para catar papel. Procurei meu filho João José. Ele estava na rua Felisberto de Carvalho, perto do mercadinho. reticências
Esperei até as 11 horas, um certo alguem. Ele não veio. reticências Quando despertei o astro rei deslisava no espaço. A minha filha Vera Eunice dizia: — Vai buscar agua mamãe!”
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 1993. página 9. (Série Sinal Aberto).
Carolina Maria de Jesus nasceu na zona rural do município de Sacramento Minas Gerais e, ao longo da vida, trabalhou como empregada doméstica e catadora de materiais recicláveis. Ela estudou apenas até a segunda série do antigo Primário (correspondente ao terceiro ano do Ensino Fundamental), mas tinha muito talento para escrever.
Tinha um diário no qual anotava acontecimentos de seu dia a dia, as dificuldades pelas quais passava, seus sonhos, os cuidados com os filhos e a convivência com os vizinhos. Esse diário foi transformado em livro e publicado em 1960 com o título Quarto de despejo: diário de uma favelada. O livro ficou conhecido no mundo todo, além de ser adaptado para o teatro, para o cinema e para uma série de televisão. Uma das adaptações do livro para o cinema foi o curta-metragem Carolina, lançado em 2003.
No Museu Afro Brasil, em São Paulo ( São Paulo), há uma biblioteca com mais de 10 mil itens relacionados à cultura e à história africana e afro-brasileira. Essa biblioteca recebeu o nome de Carolina Maria de Jesus em homenagem à escritora.
Faça no diário de bordo.
• Em nosso dia a dia, frequentemente, decidimos o que guardar e o que descartar. Às vezes, guardamos alguns objetos porque passam a ter um valor sentimental. É assim que surgem as caixas ou gavetas de guardados. Descubra, entre seus familiares ou outras pessoas mais velhas de sua convivência, alguém que possua objetos, cartas, diários e outros documentos que têm importância sentimental. Peça a essa pessoa que escolha até três itens para apresentar-lhe. Registre no diário de bordo a história que esses objetos carregam.
O espetáculo Rainha
A fotografia reproduzida a seguir é de uma cena de Rainha, espetáculo de dança apresentado em 2007 pelo grupo Margaridas Dança. A condição das mulheres negras na atualidade, com destaque para questões como a marginalização social e o preconceito racial, é o tema abordado nesse espetáculo.
Em Rainha, duas dançarinas dançam e declamam textos de escritoras negras brasileiras e estrangeiras. Fazem parte do espetáculo, por exemplo, textos das brasileiras Carolina Maria de Jesus (1914-1977) e Negra Li e das estadunidenses Toni Morisson (1931-2019) e Alice uólquer.
O espetáculo, assim como a proposta da Companhia Fusion de Danças Urbanas, reúne elementos da dança e da literatura. A trilha musical também faz referência ao universo feminino negro. São utilizadas canções que se tornaram sucesso com a interpretação de cantoras como Clementina de Jesus (1981-1987) e Clara Nunes (1943-1983).
Artista e obra
Laura Virgínia
Leia trechos de uma entrevista com Laura Virgínia, diretora do espetáculo Rainha.
“Entrevistador: Qual é o tema central de Rainha e como essa proposta é desenvolvida?
Laura Virgínia: O tema central é a reflexão sobre a condição da mulher negra na contemporaneidade. São abordados diferentes olhares dessa realidade: a marginalização social, o preconceito racial, a ancestralidade negra. Para isso criamos um espaço cênico e figurinos com objetos do cotidiano e os valorizamos com as cores de ouro e diamante. Os gestos cotidianos, a faxina, a roupa, as atividades domésticas, o cabelo, a cor da pele, tudo o que parece tão insignificante ganha fôrça [e brilho] quando dançamos e falamos a voz da mulher negra.
Entrevistador: E como foi o processo de criação do espetáculo?
Laura Virgínia: Para o desenvolvimento do espetáculo Rainha, o elenco fez uma pesquisa literária durante seis meses e optou por usar poemas como base da criação. A maior dificuldade foi encontrar material de escritoras brasileiras, pela ausência de publicações de mulheres negras no país. Após reunir vários textos, alguns foram selecionados para entrar em cena. Os poemas foram usados tanto como inspiração para expressar o imaginário feminino negro como para compor a própria dança.
Entrevistador: Fale mais a respeito do fato de o espetáculo Rainha reunir dança e literatura.
Laura Virgínia: O espetáculo Rainha apresenta duas linguagens em diálogo: literatura e dança. A característica primordial do Margaridas Dança é que as nossas performances de dança são leituras em movimento; dançamos falando e mesmo falamos dançando. Falamos o quê? Poemas, partes dos textos literários que deram origem ao trabalho. No caso de Rainha foram poemas e textos de escritoras negras brasileiras e estrangeiras. Desde o início do grupo, criamos uma linguagem particular de interpretar as coreografias usando a fala e o gesto simultaneamente. A essa linguagem demos o nome de Ações da Fala.
Entrevistador: Por que podemos afirmar que Rainha é um espetáculo de dança contemporânea?
Laura Virgínia: Primeiramente, porque é uma obra que possui as características da arte contemporânea. É imprevisível, sem uma narrativa linear; dialogamos com duas linguagens – a literatura e a dança –, e a principal é a expressão autoral de artistas negras que, livremente, expressam sua inconformidade com sua condição na realidade contemporânea, mas ao mesmo tempo expressam tudo isso por meio da beleza e do lirismo.”
Entrevista concedida especialmente para esta Coleção, em janeiro de 2015.
Faça no diário de bordo.
Experimentações
• Neste Tema, você conheceu espetáculos que reúnem dança e literatura. Por meio desse encontro entre as duas linguagens, Pai contra Mãe e Rainha mobilizam reflexões sobre problemas sociais, políticos e culturais presentes em nosso país. Agora, você viverá a experiência de criar, em grupo, uma cena de dança autoral, com base em um texto.
Momento 1 – Movimentar os temas
- Com a orientação do professor, forme um grupo com cinco colegas.
- Em grupo, relembrem os textos que vocês conheceram anteriormente. Há algum trecho que chamou a atenção de vocês? Por quê? Depois de conversar um pouco sobre essas impressões, busquem os trechos desses textos no livro e os releiam, em conjunto.
- Após a leitura dos trechos, escolham apenas um deles para iniciar a criação da cena de dança.
- Destaquem as ideias do trecho escolhido e identifiquem quais temas são tratados nele, usando poucas palavras. Essas palavras--temas serão o ponto de partida para os movimentos de dança que serão criados.
- Depois, defina com os colegas uma palavra-tema para cada um trabalhar, primeiramente de modo individual. Se vocês não tiverem cinco palavras-temas, mais de uma pessoa pode trabalhar com a mesma palavra.
- Pensando na sua palavra-tema, comece a imaginar e a improvisar alguns movimentos individualmente, refletindo sobre o que esse tema representa para você e como poderia expressá-lo com o corpo. Procure criar movimentos que mostrem quais sentimentos e lembranças a palavra-tema desperta em você. Depois de experimentar os movimentos por alguns minutos, selecione até três movimentos para praticar algumas vezes.
Momento 2 – Manifestar palavras-temas
- Mostre para os colegas do seu grupo os movimentos que você criou e assista aos movimentos criados por eles. Após assistirem aos movimentos uns dos outros, escolham em conjunto quais serão usados para compor a cena.
- Definam qual será o primeiro movimento e, depois, coloquem os outros movimentos em sequência, como se fossem palavras formando uma frase. A sequência pode ser estabelecida como uma conversa corporal, que representa cenas com um roteiro definido.
- Pratiquem a cena de dança algumas vezes, em grupo.
- Usem o diário de bordo para registrar essa cena. Anotem todos os detalhes do processo de criação: o número da página onde está o trecho textual escolhido, as palavras--temas que vocês retiraram do texto e as descrições ou desenhos que ajudam a lembrar os movimentos da cena de dança que criaram.
Momento 3 – Partilha e avaliação
- Com a orientação do professor, reúna-se com a turma para contar como foi o processo de criação do grupo, as escolhas que vocês fizeram, as palavras-temas definidas e o que mais considerarem importante partilhar.
- Conversem também sobre como foi criar essa cena de dança (quais foram as facilidades e as dificuldades) e o que experimentaram e compreenderam trabalhando e criando em grupo.
Glossário
- Máscaras de folhas-de-flandres
- : era um instrumento colocado na boca das pessoas escravizadas para as impedir de beber líquidos, ingerir alimentos e dificultar a fala. Era usada como forma de controle e sujeição moral.
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- Quilombolas
- : são populações que vivem em comunidades tradicionais fundadas por afrodescendentes no período da escravidão no Brasil.
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