Tema 3  O Modernismo e a identidade cultural brasileira

Anita Malfatti

Até aqui, você descobriu que o Brasil tem sido representado de maneiras diversas, por artistas de diferentes épocas, de modo que a própria ideia sobre o que é o Brasil tem se transformado. Essa tendência de representar temas brasileiros se intensificou a partir da primeira metade do século vinte, quando um grupo de artistas decidiu incorporar as inovações ocorridas na Europa e, dessa fórma, renovar a produção artística nacional. A obra reproduzida foi realizada nesse período.

Pintura. Obra retrata uma mulher de cabelo longo castanho em um penteado que circunda a cabeça. Ela veste uma blusa branca com detalhes em verde e segura um cesto com frutas — como abacaxi, mamão, bananas e laranjas. Ao fundo, folhagens típicas de palmeiras. Os tons esverdeados encontram-se em todos os elementos, desde a folhagem das plantas, passando pelas frutas, até a face da mulher, como se fossem sombras.
MALFATTI, Anita. Tropical. 1917. Óleo sobre tela, 77 por 102 centímetros. Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo (São Paulo).

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

  1. Que elementos foram representados na obra reproduzida aqui?
  2. Quais são as cores predominantes na obra? Por que a artista teria escolhido essas cores?
  3. Que relações você faz entre essa imagem e aquelas que observou no Tema anterior?
  4. Atribua um novo título para essa obra.
Respostas e comentários

Objetivos

  • Identificar como a ideia de identidade cultural brasileira foi importante para o Modernismo no Brasil.
  • Reconhecer as influências das vanguardas europeias na formação do ideário do Modernismo no Brasil.
  • Compreender de que maneira os artistas modernistas romperam com convenções acadêmicas.
  • Identificar a Semana de Arte Moderna como marco do Modernismo brasileiro.
  • Interpretar e valorizar obras de arte de diferentes períodos históricos.
  • Experienciar a criação de trabalhos artísticos individual e coletivamente.
  • Desenvolver a autocon­fiança e a autocrítica por meio da experimentação artística.

Habilidades favorecidas neste Tema

(ê éfe seis nove á érre zero um), (ê éfe seis nove á érre zero dois), (ê éfe seis nove á érre zero quatro), (ê éfe seis nove á érre zero cinco), (ê éfe seis nove á érre zero seis), (ê éfe seis nove á érre zero sete), (EF69AR31), (ê éfe seis nove á érre três dois) e (ê éfe seis nove á érre três três).

Contextualização

O Tema 3 parte da produção do Modernismo para revelar como a noção de Brasil e de identidade cultural brasileira foi repensada e disputada pelos artistas da época. Com atenção à produção de artistas mulheres, como Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, a noção de uma identidade nacional será tematizada, entendendo-se que nela confluem as tradições culturais brasileiras e a modernização das cidades e da arte.

Converse com os estudantes sobre o que pode significar “identidade cultural brasileira”. Como definir uma identidade cultural para um país com tanta diversidade?

Conte a eles que o termo “modernismo”, cunhado pelo crítico de arte e escritor Mário de Andrade, é usado para definir a arte moderna feita no Brasil. Trata-se da transformação cultural e da arte a partir dos processos de modernização das cidades, com a industrialização, com a migração de um alto percentual de populações rurais para territórios urbanos etcétera Mas, no caso brasileiro, esse termo designa o encontro entre, por um lado, a modernização e, por outro, a riqueza de tradições culturais locais.

Depois de situar o Modernismo, comente que Anita Malfatti nasceu em São Paulo em 1889. Entre 1910 e 1914, mudou-se para a Alemanha e frequentou, por um ano, a Academia Imperial de Belas Artes, em Berlim. Nesse país, ela estudou com importantes artistas, como o alemão Lovis Corinth (1858-1925), que trabalhava com cores vibrantes e com pinceladas semelhantes às dos expressionistas. Entre 1915 e 1916, Anita Malfatti estudou na Escola Independente de Arte, em Nova York, nos Estados Unidos, onde entrou em contato com artistas e diversas outras vanguardas, entre elas fauvistas, cubistas e realistas.

Assim, a artista trouxe de volta ao Brasil, em seu retorno em 1917, muitas novidades da cena artística internacional, divulgando essas tendências – marcadamente o Expressionismo – entre os artistas de São Paulo, onde se forjou o Modernismo.

Foco na linguagem

  1. Espera-se que os estudantes respondam que a obra representa uma mulher que carrega frutas tipicamente brasileiras, como cacau, banana e abacaxi. Há, ainda, a representação de folhagens verdes nos cantos direito e esquerdo da pintura.
  2. As cores predominantes são variações dos tons amarelo, alaranjado e verde. Estimule os estudantes a levantar hipóteses a respeito dessa escolha da artista. Caso nenhum deles mencione, comente que uma das possibilidades é que ela tenha optado por essas cores para reforçar o cenário “tropical”, tema que dá título à composição.
  3. Chame a atenção dos estudantes para as diferenças na escolha das cores, na composição das fórmas e nas sugestões de luz.
  4. Explique aos estudantes que, ao atribuir novo título para a obra, eles devem refletir sobre a personagem principal retratada, as frutas, as folhagens e as relações entre esses elementos.

Uma nova proposta artística

Anita Malfatti (1889-1964), autora da obra reproduzida anteriormente, iniciou muito cedo seus estudos artísticos. Entre 1910 e 1916, ela viveu na Alemanha e nos Estados Unidos, onde teve contato com as transformações pelas quais a arte passava no início do século vinte.

Em 1917, logo após retornar ao Brasil, Anita Malfatti organizou, em São Paulo (São Paulo), a “Exposição de Pintura Moderna”. Entre as obras apresentadas pela artista nessa exposição estavam Tropical e O homem amarelo, reproduzida a seguir.

Pintura. Homem de cabelo curto castanho-escuro. Ele veste paletó marrom e gravata nas cores preta e amarela, e uma camisa branca. A pele de sua face foi pintada com a cor amarela, com detalhes alaranjados. Ele está olhando para a esquerda, com semblante sério. Ao fundo, tons amarelos, alaranjados e vermelho.
MALFATTI, Anita. O homem amarelo. 1915-1916. Óleo sobre tela, 61 por 51 centímetros. Coleção Mário de Andrade, Instituto de Estudos Brasileiros (í ê bê) da Universidade de São Paulo (úspi), São Paulo (São Paulo).

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

1. Observe a obra e responda:

  1. Descreva o retrato O homem amarelo.
  2. O que você pensa sobre a coloração da obra? Que sentidos ela pode ter?
Versão adaptada acessível

1. Com base na imagem, responda:

a) Com suas palavras, descreva o retrato O homem amarelo.

b) O que você pensa sobre a coloração da obra? Que sentidos ela pode ter?

Respostas e comentários

Contextualização

Ao fazer a leitura da obra com apoio da seção Foco na linguagem, destaque também a composição e as pinceladas da obra. Comente que Anita Malfatti utilizou pinceladas expressivas e não se preocupou em representar suavemente os pontos de luz e sombra nem a transição das cores.

Sugestão de atividade

Proponha aos estudantes uma comparação entre ambas as imagens. Elas representam cenas do Brasil? Que relações você faz entre elas? O que elas têm de semelhante e de diferente na composição, nas cores, na atmosfera da cena?

Estimule associações entre as imagens deste Tema e a ideia que os estudantes fazem sobre o que é ser brasileiro e o que é o Brasil.

Foco na linguagem

  1. Espera-se que os estudantes destaquem as pinceladas largas e marcadas, a coloração amarela e a atmosfera estranha e não naturalista da obra.
  2. Espera-se que os estudantes criem hipóteses sobre por que o homem está tão amarelado. Você pode discutir com eles se a iluminação do lugar poderia ter provocado essa coloração, ou também indagar se essa cor pode traduzir alguma emoção ou a própria personalidade da personagem.

Entre textos e imagens

Ode ao burguês

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,

o burguês-burguês!

A digestão bem-feita de São Paulo!

O homem-curva! o homem-nádegas!

O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,

é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!

Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!

que vivem dentro de muros sem pulos;

e gemem sangues de alguns mil-réis fracos

para dizerem que as filhas da senhora falam o francês

e tocam os Printemps com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!

O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!

Fora os que algarismam os amanhãs!

Olha a vida dos nossos setembros!

Fará Sol? Choverá? Arlequinal!

Mas à chuva dos rosais

o êxtase fará sempre Sol!

reticências

ANDRADE, Mário de. Ode ao burguês. In: ANDRADE, Mário de. Pauliceia desvairada. São Paulo: Principis, 2020. Poema declamado Mário de Andrade, Semana de Arte Moderna de 1922.

Fotografia em preto e branco. Homem calvo e de óculos, vestido com uma camisa com listas verticais. Ele sorri e segura no colo um cachorro preto de orelhas grandes.
Mário de Andrade, em Natal (Rio Grande do Norte), em 1929.

Faça no diário de bordo.

Questões

  1. Como você interpreta os versos “os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros! / que vivem dentro de muros sem pulos”?
  2. Que relações você faz entre o poema e o Modernismo brasileiro?
  3. Que relações você faria entre o poema e a época em que você vive?
Respostas e comentários

Entre textos e imagens

Leia com os estudantes o poema de Mário de Andrade, declamado na Semana de Arte Moderna de 1922. Durante a leitura, enfatize a compreensão leitora do gênero da poesia, abrindo espaço para que os estudantes compartilhem as suas percepções de um ponto de vista subjetivo e sensível na sequência. Eles precisam identificar que o poema propõe uma ruptura com a tradição e uma crítica às figuras de poder na sociedade da época.

Pergunte quais associações podem ser feitas com as informações sobre o Modernismo das páginas anteriores. Destaque que o Modernismo representava uma ruptura com as tradições da arte acadêmica, aproveitando, por um lado, as tradições culturais brasileiras, mas transformando radicalmente a estética da arte, nas cores, pinceladas, composição. Os estudantes devem também identificar que o poema é usado como uma plataforma de denúncia e crítica social.

Assim como fez a pintura, também a poesia se transformou em um campo de experimentação e de ruptura radical na primeira metade do século vinte, assumindo um papel de reflexão sobre a realidade social e um ideário novo de sociedade.

Caso queira buscar outras referências de poemas para fixar a compreensão sobre a ruptura com a academia na arte e na literatura, você pode pesquisar também poemas de Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Murilo Mendes, Carlos Drumôn de Andrade e Cassiano Ricardo.

Questões

  1. Oriente os estudantes a relacionar o verso com todos os termos anteriores associados a tradições fixas e a figuras de poder. Os estudantes devem refletir sobre como essas figuras de poder, criticadas pelo poema, parecem viver protegidas por trás dos muros, sem contato com o mundo externo.
  2. Certifique-se de que os estudantes associam o poema ao Modernismo de modo mais amplo, com o desejo de representar a modernização e a ruptura com a arte e a literatura acadêmica, com sensibilidade para os temas próprios da cultura do Brasil e com uma crítica às tradições.
  3. Os estudantes devem identificar rupturas e transformações culturais que considerem possíveis e necessárias, tendo em vista o seu contexto de vida e o imaginário cultural.

Arte e muito mais

Arte e crítica social

Pagu, como é conhecida a jornalista Patrícia Galvão (1910-1962), foi uma figura fundamental para as rupturas da arte e da literatura do Brasil no século vinte. Ela era muito próxima dos artistas modernistas e foi casada com o poeta osváld de Andrade por muitos anos.

Pagu também foi uma mulher à frente de sua época. Além de fundar e editar o jornal O homem do povo com osváld de Andrade, ela teve uma forte atuação política, organizando protestos e greves de trabalhadores industriais, sendo a primeira mulher presa por razões políticas no Brasil.

Fotografia em tons de sépia. Mulher de cabelo longo e ondulado, maquiada com batom e rímel, vestida com um casaco grosso de pele de animal. Está com o rosto levemente voltado para a esquerda e expressão séria.
Retrato de Patrícia Rehder Galvão, Pagu, cêrca de 1930.

Em 1932, Pagu lançou o primeiro romance proletário (ou seja, focado na realidade dos trabalhadores) do Brasil, Parque industrial. Para publicá-lo, ela usou o pseudônimo de Mara Lobo.

Sua obra é frequentemente retomada para o estudo da produção artística e intelectual das mulheres nos dias de hoje. Além disso, Pagu influenciou a obra de muitos artistas, como Rita Li e Gilberto Gil. “Parque industrial” é também o nome de uma música composta por Tom Zé no final dos anos 1960, lançada no álbum Tropicalia ou Panis et circencis.

Faça no diário de bordo.

Ícone. Tema Contemporâneo Transversal. Cidadania e Civismo.
Ícone. Tema Contemporâneo Transversal. Economia.

Você conhece outros artistas que criaram obras de crítica social no Brasil? Com a orientação do professor, faça um levantamento bibliográfico de poetas que tematizaram o trabalho em suas obras, em diferentes momentos históricos.

Respostas e comentários

Arte e muito mais

A pesquisa proposta se relaciona com os Temas contemporâneos transversais Cidadania e civismo (Vida familiar e so­cial) e Economia (Trabalho).

Oriente os estudantes a fazer um levantamento bibliográfico de poetas que tenham tematizado a questão do trabalho e dos direitos na vida social. Eles podem fazer esse levantamento e, então, escolher um poema para transcrever no diário de bordo e fazer uma reflexão em texto.

O levantamento pode ser feito na biblioteca da escola ou na internet. Peça a eles que se organizem em grupos de até cinco integrantes para realizar o levantamento, e estabeleça alguns critérios para a atividade:

  • Pesquisar autores que produziram em diferentes épocas.
  • Buscar poemas que tratem o tema de maneiras diferentes.
  • Considerar no levantamento bibliográfico a presença de autoras mulheres e de autoras ou autores negros e indígenas.

No levantamento, é importante que anotem os seguintes dados dos livros e dos poemas que estão pesquisando: o nome do autor, o título, a editora, o local, o ano de publicação e o número das páginas onde os poemas estão localizados. Peça a eles também que anotem, no diário de bordo, trechos dos poemas que despertaram seu interesse, incluindo também os dados bibliográficos. Solicite a cada grupo que escolha um poema para apresentar à turma ao final do levantamento.

A Semana de Arte Moderna de 1922

Os artistas modernos, como Anita Malfatti, romperam com convenções acadêmicas – por exemplo, o domínio de técnicas clássicas, como a perspectiva e o claro-escuro –, criando novas relações entre a figura e o fundo e utilizando a luz de modo não convencional.

A “Exposição de Pintura Moderna”, realizada por Anita Malfatti em 1917, foi um dos primeiros acontecimentos modernistas no Brasil. O marco inaugural da arte moderna no país, no entanto, foi a Semana de Arte Moderna, evento realizado na cidade de São Paulo, em 1922, que reuniu representantes das artes visuais, da música e da literatura.

Entre os integrantes da Semana de 22 estavam os pintores Anita Malfatti, Di Cavalcanti (1897-1976) e Vicente do Rego Monteiro (1899-1970); o escultor Victor brêchêrê (1894-1955); os escritores Mário de Andrade (1893-1945), osváld de Andrade (1890-1954) e Menotti dél Picchia (1892-1988); e os músicos Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Guiomar Novaes (1894-1979).

Fotografia. Capa de livro. Na parte superior, o título: Semana de Arte Moderna, com as letras inicial e final S e A destacadas em vermelho. Abaixo, uma ilustração de uma árvore com raízes aparentes e frutos vermelhos. Na parte inferior, o texto: S.Paulo. 1922.
DI CAVALCANTI, Emiliano. Capa do programa da Semana de Arte Moderna de 1922. Impressão sobre papel.

PARA LER

MEIRA, Beá. Modernismo no Brasil: panorama das artes visuais. São Paulo: Ática, 2006.

O livro aborda o Modernismo no Brasil e apresenta informações sobre os protagonistas desse movimento e suas principais criações artísticas.

Respostas e comentários

Contextualização

Retorne às pinturas de Anita Malfatti para discutir dois aspectos: luz e profundidade. Faça uma nova leitura de imagem, destacando como a artista utiliza outras cores, e não manchas pretas ou mais escuras, para produzir as sensações de sombra e luz. No caso do retrato do homem amarelo, por exemplo, ela utiliza o amarelo para iluminar algumas partes do rosto, assim como usa o vermelho para fazer as sombras do rosto. Do mesmo modo, o fundo não é construído com perspectiva, tal como a arte acadêmica fazia; pelo contrário, as manchas do fundo parecem saltar para o primeiro plano, coladas às figuras dos retratos.

Comente com os estudantes que as propostas apresentadas pelos integrantes do Modernismo representaram uma ruptura com o tradicionalismo cultural da época. O Modernismo caracterizou-se pela adoção de um novo estilo artístico não só nas artes visuais, mas também na música, na literatura e na arquitetura.

Informe-os de que, no período modernista, os artistas voltaram suas pesquisas para a busca de elementos da identidade nacional.

Se for possível, consulte o texto “Ideia de um movimento modernista” nas Leituras complementares, nas páginas iniciais deste Manual.

Sugestão

Em 2022, a Semana de Arte Moderna completou cem anos. Pesquise reportagens que retomam esse marco histórico para exibir em sala de aula. Ao fazê-lo, discuta com os estudantes quais diferenças eles destacam entre essa época – o Modernismo que já completa cem anos – e os dias de hoje.

As Mulheres e o movimento modernista brasileiro

Artistas e intelectuais mulheres participaram ativamente do movimento modernista brasileiro, algumas delas exercendo inclusive papéis de liderança.

Embora não tenha participado da Semana de 22, a pintora Tarsila do Amaral (1886-1973) é considerada um dos nomes mais importantes do Modernismo no Brasil. Durante a Semana de Arte Moderna, a artista estava em Paris, mas soube desse evento por meio de cartas enviadas por Anita Malfatti. Ao retornar ao Brasil, a artista se reuniu com Anita Malfatti, Mário de Andrade, osváld de Andrade e Menotti dél Picchia e, ao lado deles, liderou o movimento modernista brasileiro.

Fotografia em preto e branco. À frente, cinco mulheres vestidas elegantemente com chapéus pequenos, vestidos e casacos. Atrás, quatro homens de paletós e chapéus.
Patrícia Galvão, Anita Malfatti, benjamin perrê, Tarsila do Amaral, osváld de Andrade, Elsie Riustôn, Álvaro Moreyra, Eugenia Moreyra e Marimoon Gathier na estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, por ocasião da mostra de Tarsila no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1929.

Juntas, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, demonstram que as mulheres cumpriram um papel fundamental no Modernismo brasileiro. Elas contribuíram com grande parte das rupturas com as tradições acadêmicas, tanto nas artes visuais quanto na poesia e na literatura. Além delas, pode-se destacar outros nomes importantes para a arte na primeira metade do século vinte, como Noêmia Mourão (1912-1992), Maria Martins (1894-1973), Cecília Meireles (1901-1964), Lucy Citti Ferreira (1911-2008) e, notoriamente, Patrícia Galvão – a Pagu.

A presença das mulheres no Modernismo brasileiro também estava associada a desejos de transformação política e social. Como propõe osváld de Andrade ao final do Manifesto antropofágico, um dos textos principais das vanguardas modernas brasileiras, para transformar a realidade social do país e suas opressões, era preciso instituir o “matriarcado de Pindorama”, ou seja, destituir a sociedade patriarcal e machista vigente no país, que foi nomeado pelos colonizadores. Desse modo, a proposta era lutar contra o machismo e ressignificar artisticamente as matrizes culturais dos povos originários, que nomearam, antes dos colonizadores, a região onde está o Brasil de Pindorama.

Respostas e comentários

Contextualização

Converse com os estudantes sobre as demais artistas brasileiras citadas.

Maria Martins foi escultora, desenhista, gravadora e escritora. Nasceu em Campanha (Minas Gerais), em 1894. É principalmente conhecida por sua produção em escultura. Foi casada com um embaixador, e por esse motivo, residiu, estudou e trabalhou no exterior em grande parte de sua carreira. Estudou escultura na Bélgica com Óscar Jespers e em Nova York com Jáqui Lipichítis. Conheceu e conviveu com diversos artistas das vanguardas europeias e, em 1948, residiu em Paris, onde seu ateliê se tornou um lugar de encontro de artistas e intelectuais.

Cecília Meireles foi escritora, educadora e dramaturga. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) em 1901. Residiu e estudou no Brasil, formando-se no curso normal (magistério) do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, no mesmo período em que começou a escrever literatura infantojuvenil e poesia. Escreveu também diversas crônicas e textos sobre educação e participou do movimento Escola Nova no Brasil, com outros educadores como Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira.

Lucy Citti Ferreira foi pintora, desenhista, gravadora e professora. Nasceu na cidade de São Paulo (São Paulo) em 1911, mas viveu a infância e a adolescência com sua família na Itália e na França. Começou sua formação artística na França com Andre Chapuy e depois frequentou a École Nationale Supérieure des Beaux-Arts em Paris. No Brasil estudou com Lasár Sêgál, trabalhando também como modelo vivo.

Noêmia Mourão foi pintora, cenógrafa e desenhista. Nasceu em Bragança Paulista (São Paulo), em 1912. Residiu e estudou em Paris entre 1935 e 1940, onde colaborou como ilustradora nos jornais Le Monde e Paris Soir. No Brasil estudou com Di Cavalcanti, com quem foi casada entre 1933 e 1947, e posteriormente estudou escultura com Victor brêchêrê.

Se possível, oriente uma pesquisa na internet ou faça uma seleção de alguns dos trabalhos produzidos por essas artistas e apresente-os aos estudantes.

A estética da modernização e a influência cubista na arte

Os artistas modernos brasileiros tiveram contato com os movimentos de vanguarda que ocorriam na Europa. Dentre eles, destaca-se o Cubismo e o Expressionismo, que influenciaram a produção de artistas do Modernismo como Ismael Nery (1900-1934), Cândido Portinari (1903-1962), Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Lasar Segall (1889-1957), Oswaldo Guêldi (1865-1961), Iberê Camargo (1914-1994), entre outros.

O Cubismo começou na França no início do século vinte com base em pesquisas realizadas por Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (1882-1963). As principais características da arte cubista são a decomposição das imagens e dos planos, a representação de várias vistas do objeto em um mesmo plano bidimensional e a integração entre figura e fundo. Um dos mestres cubistas foi Fernand Léger (1881-1955), autor da obra reproduzida a seguir.

Pintura. Quadro com cores vivas e utilização de elementos geométricos. Retrata uma mulher de cabelos negros longos, usando um vestido azul. Ela está sentada em uma cadeira com detalhes de losangos vermelhos. Ao lado, uma criança com vestes em tons de bege e marrom. À esquerda, um móvel branco com detalhes em rosa e amarelo. Sobre ele, um vaso de planta. Atrás, uma prateleira com retângulos amarelos. Do lado direito, uma parede com retângulos vermelhos. Ao fundo, imagens abstratas de objetos e plantas.
LÉGER, Fernand. A mulher e a criança. 1922. Óleo sobre tela, 171,2 por 240,9 cm. Museu de Arte da Basileia, Basileia, Suíça.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

1. Observe a imagem e responda:

  1. Descreva o que você vê na imagem.
  2. Observe as cores da imagem. Que relações elas têm com a ideia de modernização?
  3. Você percebe o uso da geometria na obra? Se sim, como?
  4. Como é a relação entre as figuras e o fundo na obra? A imagem dá a sensação plena de profundidade?
Versão adaptada acessível

1. Com base na imagem descrita, responda:

a) O que você percebe da imagem?

b) Pensando nas cores da pintura, que relações elas têm com a ideia de modernização?

c) Você percebe o uso da geometria na obra? Se sim, como?

d) Como é a relação entre as figuras e o fundo na obra? A imagem dá a sensação plena de profundidade?

Respostas e comentários

Contextualização

No Brasil, internacionalismo e nacionalismo foram simultaneamente as características básicas do movimento modernista ocorrido nas letras e artes a partir de meados da segunda década do século passado. Mas a redescoberta do país, como escreveu Lourival Gomes Machado, “viaja o duplo roteiro dos navios que levam ao Havre e dos trens que conduzem a Ouro Preto”, em evidente alusão às viagens à Europa, e mais precisamente à França, pelos modernistas, e ao reconhecimento de uma “cultura” brasileira, a seu retorno do exterior, como no caso da já famosa viagem a Minas em 1924 em companhia de Blaise Cendrars.

reticências Assim, atualizar as ideias estéticas a partir de modelos europeus recentes, sobretudo na área de artes plásticas, surgiu como uma possibilidade de renovação para a arte brasileira. Cubismo, Expressionismo, ideias futuristas, Dadaísmo, Construtivismo, Surrealismo e o “clima” parisiense onde imperava, nos anos 20, o art déco resultaram em inspirações que, direta ou indiretamente, alimentaram os artistas modernistas brasileiros nos anos 20 e 30. Paris, em particular, forneceria o ambiente propício para essas inspirações de ruptura. A Alemanha e a Suíça de língua francesa seriam os outros dois polos igualmente procurados como centros de formação. reticências

AMARAL, Aracy. O modernismo brasileiro e o contexto cultural dos anos 20. Dossiê Semana de Arte Moderna. Revista úspi, São Paulo, número 94, página 11. Disponível em: https://oeds.link/n6QRzW. Acesso em: 10 maio 2022.

Foco na linguagem

1.

  1. Os estudantes provavelmente destacarão que há duas figuras humanas na imagem, uma no primeiro plano e outra atrás dela, um pouco menor, como se fosse uma criança. Além disso, há uma coluna, uma escada, um móvel com um vaso de planta. Ao fundo, montanhas amarronzadas e esverdeadas, com uma tonalidade levemente metálica.
  2. As cores parecem ter uma tonalidade metalizada, como se a obra tivesse sido pintada com uma tinta industrial especial. Apesar de ter elementos naturais, a paisagem parece feita de materiais e cores industriais. Até mesmo a cor das figuras humanas parece um pouco mecânica, como se fossem robôs ou corpos feitos de peças e maquinaria.
  3. Os corpos são feitos com a somatória de partes separadas, como elipses. Parecem ter sido construídos, como uma máquina.
  4. Sim, parece haver profundidade. As montanhas estão ao fundo, e as personagens parecem estar dentro de uma casa ou varanda, à frente. No entanto, há um sombreamento pouco natural nos corpos e nas montanhas ao fundo, o que gera um estranhamento na percepção da profundidade, já que cada parte parece ser independente e, ao mesmo tempo, integrar o todo.

Uma produção modernista

Abdias Nascimento (1914-2011) foi um artista múltiplo (escritor, dramaturgo, ator, diretor de teatro, poeta), ativista político e professor brasileiro, com uma vasta obra. O artista e intelectual nasceu na cidade de Franca, localizada no estado de São Paulo, e faleceu no Rio de Janeiro em 2011. No teatro, foi um dos fundadores do Teatro Experimental do Negro (Tên), uma companhia teatral criada em 1944, que propunha a valorização social dos negros, a partir da criação artística e de outras ações culturais e educativas. Nas artes visuais, produziu principalmente pinturas com símbolos e representações das tradições religiosas afro-brasileiras, utilizando também referências artísticas do abstracionismo.

Pintura. A obra retrata a bandeira do Brasil, na vertical, com algumas modificações: há apenas quatro estrelas brancas, e uma delas encontra-se na parte verde. No centro da imagem, sobre o círculo azul, o texto: okê okê okê okê. Um arco azul-escuro e uma flecha vermelha foram incorporados à bandeira.
NASCIMENTO, Abdias. Okê Oxóssi. 1970. Acrílica sobre tela, 90 por 60 centímetros. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo (São Paulo).

Uma das pinturas do artista que se tornou icônica foi a Okê Oxóssi (1970), integrando a exposição Histórias afro-atlânticas, realizada no maspi e Instituto tômi ôtáque, em 2018. A pintura mescla a imagem da bandeira brasileira com a saudação ao orixá Oxóssiglossário , propondo uma reflexão sobre o significado de ser cidadão brasileiro.

Respostas e comentários

Contextualização

A importância de Abdias Nascimento para as artes, a política e a construção identitária antirracista no Brasil é vasta, apesar dos apagamentos históricos sobre sua figura.

Um texto, escrito por ele para o folheto de abertura da peça Sortilégio (1957), pode dar uma dimensão dessa importância. Nele, Nascimento fala sobre as histórias de vida das pessoas negras de sua geração e de gerações anteriores, marcadas por violências e sofrimentos. E lembra que, como artista e intelectual negro, a dramaturgia da peça se integra a sua própria luta pessoal e coletiva contra o racismo. Essa peça e outras escritas por ele para o Teatro Experimental do Negro (Tên) chamam a atenção para a importância da autorrepresentação dos negros no teatro ou, como definiu o próprio autor, transformam a condição das pessoas negras de objetos de estudos e representação em sujeitos de suas próprias histórias e representações.

Para ampliar os conhecimentos dos estudantes sobre o Tên, que foi um dos principais projetos artísticos e culturais em que Nascimento esteve envolvido, visite a exposição virtual Léa Garcia – atriz e ativista social negra, do Gueledés Instituto da Mulher Negra, disponível em: https://oeds.link/0kHpaJ, acesso em: 31 maio 2022. A exposição aborda a trajetória da atriz e diretora no Tên e em outros projetos, incluindo registros fotográficos de apresentações das peças teatrais Rapsódia Negra (1952) e Sortilégio – Mistério Negro (1957), de Abdias Nascimento.

Faça no diário de bordo.

Experimentações


 Agora, é sua vez de usar a arte para pensar o que é a identidade cultural brasileira para você. Para isso, você vai fazer uma composição com colagem, experimentando a estética cubista, isto é, criando uma composição com várias partes, com atenção à geometrização e à estilização. A ideia é, por meio da colagem, compor uma imagem agregando diferentes elementos para representar o que a nossa identidade cultural significa para você.

Material

  • Papéis coloridos
  • Giz de cera
  • Tesoura de pontas arredondadas
  • Cola
  • Cartolina

Procedimentos

  1. Organizem-se em grupos de quatro estudantes. Cortem a cartolina em quatro partes. Cada integrante deverá ficar com uma parte.
  2. Depois, tentem identificar elementos do dia a dia, da cultura e das paisagens da região onde vocês moram que compõem a ideia sobre o que é ser brasileiro para você.
  3. Desenhe esses vários elementos sobre os papéis coloridos. Recorte cada um deles. Depois, use o giz de cera para produzir volume e sombra.
  4. Por fim, cole os elementos sobre o seu pedaço de cartolina, fazendo uma composição de inspiração cubista.
  5. Ao final, mostre a sua colagem para os colegas e aproveite para conversar sobre o trabalho que vocês fizeram.
Pintura. Arte em preto e branco de figuras humanas e um animal, representados com linhas geométricas. Eles estão em um recinto, com quadros,  janelas e porta. À esquerda, um homem está trabalhando em uma grande tela. Ao centro, mulheres e crianças; à direita, duas pessoas e um cachorro; ao fundo, parede repleta de quadros e uma porta aberta, com uma pessoa parada, que permite um facho de luz iluminar o ambiente.
PICASSO, Pablo. Las meninas nº 1. 1957. Óleo sobre tela, 194por 260 centímetros. Museu Picasso, Barcelona, Espanha.
Respostas e comentários

Experimentações

Nesta seção você proporá uma reinterpretação das ideias discutidas na Unidade.

Você pode retomar a ideia de que o modernismo fundia tradições culturais e o cenário brasileiro a uma nova estética artística, orientada para a modernização e com forte ruptura com os modos tradicionais e acadêmicos de fazer arte.

Nessa experimentação, os estudantes tentarão representar temas brasileiros com a estética cubista.

Você pode adaptar a proposta aos materiais que tiver à disposição e incorporar elementos da paisagem e das tradições culturais da sua região, para que os estudantes se sintam reconhecidos e encontrem conexão entre o conteúdo trabalhado e a sua realidade cultural.

Comece promovendo um debate sobre quais elementos compõem o nosso imaginário sobre o que é ser brasileiro. Evite, se possível, símbolos já legitimados e consensualizados, como a bandeira nacional, para que os estudantes abram a imaginação para novos modos de pensar e representar o Brasil; para que identifiquem elementos da paisagem e dos hábitos do seu cotidiano que possam agregar uma novidade a essa reflexão.

Agora, retome a discussão sobre a estética cubista. Os estudantes devem conseguir representar esses elementos por meio de uma organização geometrizada das figuras, que misturem figura e fundo. Essa é a razão para a escolha da técnica da colagem.

Organize os estudantes em grupos e distribua os materiais. Busque organizá-los de fórma que as diferentes competências que eles demonstram se misturem, a fim de que eles ajudem a equacionar as diferenças e que se auxiliem mutuamente.

Enquanto eles produzem, caminhe entre as carteiras, ajudando-os a compor as colagens, a criar os volumes e as sombras com o giz e a interpretar outros elementos que sejam representativos da sua ideia sobre o que é ser brasileiro.

Finalize pedindo que mostrem os trabalhos que fizeram e destacando pontos em comum e diferenças.

Avaliação

Os estudantes podem ser avaliados pelo resgate das ideias discutidas ao longo do Tema 3, pela criatividade na identificação e na articulação entre elementos representativos da cultura brasileira e da cultura local, pela colaboração e pela interação com os colegas ao compartilhar o espaço de trabalho, e pelas interpretações e reflexões no compartilhamento final dos resultados.

Faça no diário de bordo.

Pensar e fazer arte

 Ao longo da Unidade, você aprendeu diversos temas: a intervenção em uma escala local, como o projeto do artista jota érre no Morro da Providência, no Rio de Janeiro; as diferentes visões sobre o que é pensar as paisagens e as histórias do Brasil na arte, contemplando desde um olhar estrangeiro até as matrizes culturais constitutivas dos vários povos que formaram o Brasil; a ideia de identidade cultural trabalhada no Modernismo. Você e os colegas também experimentaram a linguagem do lambe-lambe, fizeram o desenho de uma paisagem e uma colagem de inspiração cubista para pensar a identidade cultural brasileira em relação à ideia de modernização. Agora é hora de criar um Festival da cultura brasileira. Vocês poderão pensar em uma proposta que contemple apenas a sua turma ou também outros anos.

Procedimentos

Com a ajuda do professor, vocês deverão definir:

  1. Quais serão as expressões culturais contempladas? Podem ser dança, teatro, música, artes visuais e muitas outras, como a gastronomia e o vestuário, por exemplo.
  2. Onde acontecerá o festival? Essa escolha deve considerar quais serão as expressões culturais contempladas.
  3. Quais serão as cidades, os estados ou as regiões contempladas no projeto? Como dar conta de uma cultura tão diversa como a do Brasil?
  4. Quem irá ao festival? Lembrem-se de que as expressões culturais escolhidas deverão ser apresentadas. Isso poderá acontecer por meio de imagens, vídeos ou apresentações em grupo.
  5. Organizem-se em grupos, definam a região que será representada e façam uma pesquisa sobre as expressões culturais da região escolhida.
  6. No dia do festival, lembrem-se de documentá-lo em fotografia ou vídeo. Vocês também podem registrar todo o processo de elaboração do festival no diário de bordo.
    Ilustração: ícone do diário de bordo.
Fotografia 1: Dois garotos vestindo camisetas estão atrás de uma mesa de madeira. Eles mostram para o observador dois pratos com tapiocas. Há outras tapiocas dispostas sobre a mesa.
1. Estudantes oferecem tapioca.
Fotografia. 2: Dois jovens se observam em um espelho. À esquerda, menina de cabelo longo castanho, usando vestido vermelho e branco. Ao lado, menino de cabelo médio cacheado, vestindo camiseta branca, colete preto, faixa vermelha e calça preta. Eles estão sorrindo.
2. Estudantes trajando roupas das tradições gaúchas.
Fotografia. 3: Três meninas de camisetas curtas, vestem saias longas floridas. Elas estão segurando as saias com as duas mãos, movimentando-as como se dançassem.
3. Estudantes trajando saias floridas para dançar carimbó.
Fotografia. 4: Dois jovens segurando um cartaz. À esquerda, menino de cabelo curto descolorido vestido com uma camiseta azul. Ao lado, menina de cabelo longo castanho, vestida com camiseta verde. Eles estão segurando um cartaz com a fotografia de um monumento arquitetônico de linhas modernas, que lembra a coroa de um abacaxi.
4. Estudantes apresentam trabalho sobre arquitetura moderna. Estudantes em atividade de mostra cultural brasileira. São Paulo (São Paulo). Fotografias de 2022.
Respostas e comentários

Pensar e fazer arte

Ao longo da Unidade, o Brasil foi trabalhado de diferentes maneiras: em primeiro lugar, por meio da intervenção urbana no Morro da Providência; depois com base em uma ampla reflexão sobre as diferenças entre o olhar estrangeiro e as tradições locais e populares no país; por fim, pelas reflexões do Modernismo sobre a noção de identidade nacional.

Agora, é hora de realizar uma proposta final, por meio da qual os estudantes poderão pesquisar com maior profundidade a diversidade cultural brasileira.

Aula 1

Introduza a ideia de um festival cultural, apresentando alguns exemplos da cultura de cada região do país, trazendo referências da culinária, da música, da arte etcétera

Estimule os estudantes a compartilhar os conhecimentos prévios, apresentando as tradições culturais de sua família e de sua região e identificando elementos culturais de seus familiares provenientes de possíveis migrações.

Os estudantes deverão ser organizados em grupos de até cinco integrantes para definir o que vão apresentar.

Aula 2

Os estudantes deverão pesquisar os elementos constitutivos da cultura regional escolhida. Deverão buscar exemplos de imagens, referências de artistas e de práticas culturais que servirão de exemplo.

Aula 3

Os estudantes deverão organizar o festival. Para isso, deverão levar em consideração as seguintes perguntas:

  • Onde o festival vai acontecer?
  • Quem vai ao festival?
  • Quanto tempo ele vai durar?

Aula 4

Chegou o dia do festival.

Produza registros em fotografia e vídeo, que poderão ser retomados posteriormente para a avaliação da atividade.

Aula 5

Os estudantes poderão refletir em conjunto sobre a experiência do festival e avaliar o resultado da proposta.

Retome algumas das discussões realizadas ao longo da Unidade, como a ideia de identidade cultural. Eles devem fazer relações entre o local e o nacional, identificando as diversidades que os tornam parte de uma cultura ampla e complexa como a brasileira.

Avaliação

Os estudantes podem ser avaliados pelo empenho no trabalho conjunto, pela qualidade da pesquisa realizada, pelo esforço na apresentação dos resultados obtidos e pela qualidade das reflexões e relações com o conteúdo da Unidade durante a reflexão final.

Autoavaliação

Faça no diário de bordo.

Ao longo do estudo desta Unidade, você conheceu os trabalhos de diferentes artistas brasileiros e de artistas estrangeiros. O contato com essas obras pôde revelar distintos olhares sobre o Brasil.

Você também teve acesso a diversas linguagens artísticas, como o lambe-lambe, o desenho e a pintura. Além disso, produziu um lambe-lambe e experienciou as linguagens do desenho e da fotografia.

Nesse trajeto de aprendizado, você conheceu ainda alguns movimentos artísticos e enfrentou o desafio de pensar e produzir arte, individualmente ou em grupo, refletindo sobre esse processo.

Agora, chegamos ao final do estudo desta Unidade. Neste momento, é muito importante que você reflita sobre suas aprendizagens nesses Temas e no percurso que fez até aqui.

Para realizar essa reflexão, responda no diário de bordo às questões a seguir.

Ilustração: ícone do diário de bordo.
  1. Cite um ou mais dos conteúdos apresentados nesta Unidade que o auxiliaram a compreender a linguagem das artes visuais. Justifique as suas escolhas.
  2. Mencione a atividade da seção Experimentações que mais o ajudou a compreender a linguagem das artes visuais. Explique por quê.
  3. Como você se sentiu ao realizar as leituras, as análises de textos e o compartilhamento de informações com os colegas?
  4. Como foi sua experiência de realizar as pesquisas e os debates sugeridos pela Unidade?
  5. O estudo desta Unidade mudou o modo como você aprende sobre as artes visuais?
  6. O que poderia ajudá-lo a aprofundar seus conhecimentos em artes visuais?
  7. O estudo desta Unidade contribuiu para a sua percepção sobre o que é a cultura brasileira?
  8. Você conseguiu identificar elementos culturais da sua cidade ou região que contribuam para pensar sobre a cultura brasileira?
  9. Você aprendeu coisas novas sobre as manifestações culturais de outras regiões e povos do Brasil?
  10. Se você pudesse destacar o trabalho de um ou uma artista desta Unidade, qual seria e por quê?
  11. Como foram as experiências de traballho coletivo nesta Unidade? Você considera que tem conseguido trabalhar colaborativamente com os colegas?
Respostas e comentários

Autoavaliação

Proponha aos estudantes que revisitem esta Unidade e as atividades realizadas. Peça a eles que reflitam sobre o processo de aprendizagem da linguagem artística. Incentive-os a retomar as anotações que fizeram para responder às questões propostas.

Para avaliar os processos de aprendizagem trabalhados com os estudantes ao longo da Unidade, releia a apresentação da Unidade, os objetivos de cada Tema e as habilidades indicadas, verificando se foram desenvolvidas e refletindo sobre os modos como esse desenvolvimento ocorreu.

Aproveite o momento também para avaliar seu planejamento e sua mediação como professor no processo, considerando a aprendizagem dos estudantes e suas abordagens didáticas. Reflita sobre a diversidade de referências artísticas e culturais brasileiras presentes na Unidade, e o modo como sua mediação e as referências artísticas ou de outras fontes apresentadas por você aos estudantes tornaram possível a eles ampliá-las.

Glossário

Oxóssi
: nas religiões de matriz africana brasileiras, Oxóssi com frequência é representado com um arco e flecha, e está associado à figura de um guerreiro conhecedor das matas e da terra, assim como da caça e da cura pelas ervas.
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