Tema 3  Dança e ruptura

O trabalho do baléStagium

No Tema anterior, você conheceu alguns dançarinos dos Estados Unidos e da Europa que criaram novas fórmas de pensar e fazer dança. Esses artistas promoveram uma ruptura com estilos, técnicas e modelos tradicionais, transformando definitivamente essa linguagem artística e influenciando dançarinos, coreógrafos e outros artistas da dança no mundo todo.

No Brasil não foi diferente. Uma das primeiras companhias que aderiram a esse movimento foi o balé Stagium. Fundado em 1971 pelos bailarinos e coreógrafos Márika Gidali e Décio Otero, o Stagium foi pioneiro ao romper com padrões estéticos dos repertórios do balé clássico e propor outras maneiras de se relacionar com a dança.

Fotografia. À esquerda, homem de cabelo preto curto, usa camiseta preta e colete vermelho. À direita, mulher idosa de cabelo grisalho e óculos. Ela usa camiseta preta com listras brancas e colar e observa o homem à esquerda. Ambos estão sorrindo. Ao fundo, painel com imagem de dançarinos.
Décio Otero e Márika Gidali, em São Paulo (São Paulo), em 2016.

É importante destacar que essas rupturas não foram apenas no que diz respeito à concepção coreográfica, mas também em relação às temáticas dos trabalhos. Conforme tratado nos Temas 1 e 2, acontecimentos históricos ou questões sociais da atualidade influenciam a visão de mundo e a criação artística dos dançarinos e coreógrafos que estudamos. Da mesma fórma, o balé Stagium produziu espetáculos integrados à realidade brasileira, abordando questões políticas e sociais. Em 1977, por exemplo, estreou o espetáculo Cuarúpi ou a questão do índio, e, em 1984, Missa dos quilombos, que aborda a presença africana no Brasil, além de muitos outros.

Respostas e comentários

Objetivos

  • Entender como as rupturas com os padrões tradicionais da dança afetaram suas práticas no Brasil.
  • Conhecer o balé Stagium, uma das primeiras companhias no país que romperam com estilos, técnicas e modelos tradicionais.
  • Valorizar o trabalho desse grupo, que denunciou a matança de povos indígenas no Brasil na época da ditatura militar.
  • Perceber a dança-teatro como manifestação que reú­ne elementos dessas duas linguagens artísticas e conhecer seus principais representantes.
  • Experienciar a criação de uma dança tendo como referência o processo criativo da coreógrafa Pina báuchi.
  • Desenvolver a autoconfiança e a autocrítica por meio da experimentação artística.

Habilidades favorecidas neste Tema

(ê éfe seis nove á érre zero nove), (ê éfe seis nove á érre um dois), (ê éfe seis nove á érre um três), (ê éfe seis nove á érre um quatro), (ê éfe seis nove á érre um cinco), (ê éfe seis nove á érre três um), (ê éfe seis nove á érre três quatro) e (ê éfe seis nove á érre três cinco).

Contextualização

Caso ache oportuno, reforce com os estudantes que o balé Stagium, em seus quase cinquenta anos de existência, buscou encontrar modos de composição cênica, incluindo coreografia, cenografia, trilha sonora e figurinos, que dialogassem com as questões sociais, culturais e políticas do Brasil.

Para mais informações sobre essa companhia fundada pelos bailarinos e coreógrafos Márika Gidali e Décio Otero, consulte o link: https://oeds.link/WTw7sN. Acesso em: 28 fevereiro 2022.

Comente com os estudantes que o Ballet Stagium é uma das mais longevas companhias de dança independente do Brasil. Críticos e pesquisadores consideram o grupo um “divisor de águas” na dança brasileira.

O balé Stagium e as trilhas musicais

O balé Stagium também foi um dos primeiros grupos de dança brasileiros que utilizaram canções da música popular brasileira (ême pê bê) em seus espetáculos. A trilha musical de Missa dos quilombos, por exemplo, contava com canções do cantor e compositor Milton Nascimento. Isso também foi uma ruptura radical e muito importante, uma vez que apenas músicas eruditas, tocadas por orquestras, eram consideradas adequadas para a dança, a exemplo do balé.

Fotografia em preto e branco. Bailarinos executam movimento de dança em um palco de chão e paredes escuros. Em primeiro plano, uma mulher de turbante, collant e calça brancos. Ela está de braços abertos e é erguida no ar por um homem. À frente deles, um homem está em movimento de dança. Ao fundo, três dançarinos.
Apresentação do espetáculo Missa dos quilombos, do balé Stagium, em 1984. Local desconhecido.

Além disso, os trabalhos da companhia tinham um viés social e pedagógico, adaptando as apresentações de dança para diferentes contextos e espaços, como pátios de escolas públicas, favelas, praças, hospitais, igrejas, presídios e estações de metrô. Com isso a dança saiu de dentro dos teatros e foi ao encontro do público. Muitas pessoas que não tinham condições e acesso à arte e à cultura assistiram pela primeira vez a um espetáculo de dança.

Fotografia em preto e branco. Dançarinos se apresentam em palco de madeira ao ar livre. À frente, um homem está deitado de costas no tablado e suspende o corpo de uma  mulher com as mãos e as pernas. A mulher tem cabelo claro longo e usa uma roupa clara justa. Seus braços estão projetados para a frente. À esquerda, pessoas observam a cena. À direita, ao lado do palco, um grupo de homens acompanha a apresentação. Há um microfone. Ao fundo, céu, árvores, construções e parte de um morro.
Apresentação do balé Stagium às margens do Rio São Francisco, em 1974.
Respostas e comentários

Contextualização

Aproveite esse momento para perguntar aos estudantes se eles já assistiram a espetáculos de dança. Se algum estudante já tiver assistido, pergunte a ele como foi a experiência, peça que conte como era o espaço da apresentação (palco, rua, outros), como era a trilha sonora (ao vivo, música erudita, música popular etcétera), como era o figurino, se havia temática etcétera Estimule-os a refletir sobre os elementos que constituem a obra coreográfica, para que eles os identifiquem e desenvolvam uma visão crítica. Auxilie-os a perceber em que marco histórico da dança esses elementos se localizam: antes ou após as rupturas que estudamos nesta Unidade.

Missa dos quilombos

Este trecho de uma matéria escrita pela crítica da dança Helena Kátis para o jornal Folha de São Paulo à época da estreia do espetáculo dá uma dimensão 0da importância dele no período:

reticências A ‘Missa dos Quilombos’ tem sido muito bem recebida mesmo – conta Márika Gidali, diretora artística do espetáculo. Parece que estamos conseguindo mexer numa questão que não é apenas social, mas também pessoal, que é o racismo.

A coreografia é de Décio Otero, que divide a direção do Stagium com Márika. reticências Quem me dera poder dançar apenas as coisas mais lindas – comenta Márika. Por enquanto, e infelizmente, nosso mundo ainda não é cor de rosa.

Uma das funções da dança do Stagium tem sido a de abrir espaço para uma compreensão mais humanizada do próprio ser humano. Daí o tratamento formal e estético que cada um dos temas vem recebendo nas hábeis mãos desse coreógrafo talentoso que é Décio Otero. reticências

Kátis, Helena. O racismo no quilombo do Stagium. Folha de São Paulo, 15 agosto 1984. Disponível em: https://oeds.link/RpNrFn. Acesso em: 13 maio 2022.

Artista e obra

Milton Nascimento e as trilhas para espetáculos de dança

Fotografia em preto e branco. Homem de perfil, de cabelo preto curto, com camisa branca, paletó e gravata borboleta pretos. Ele toca violão e canta com um microfone.
Milton Nascimento durante apresentação no Festival Internacional da Canção, realizado no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1967.

Milton Nascimento é um dos mais reconhecidos músicos brasileiros. Compositor, letrista e cantor, ele se tornou nacionalmente conhecido em 1967, quando a canção “Travessia”, composta por ele em parceria com Fernando brânti (1946­-2015), conquistou o segundo lugar no Festival Internacional da Canção.

Milton Nascimento já gravou mais de 30 álbuns e teve canções de sua autoria gravadas por grandes nomes da música brasileira, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Elis Regina (1945-1982).

Ao longo de sua carreira, assim como em Missa dos quilombos, suas canções fizeram parte de trilhas de espetáculos de dança. Em 1976, por exemplo, Milton Nascimento compôs com Fernando brânti a canção “Maria, Maria”, que fez parte da trilha do espetáculo de mesmo nome montado pelo Grupo Corpo, companhia fundada em 1975, na cidade de Belo Horizonte (Minas Gerais). Em 2006, canções de sua autoria fizeram parte do espetáculo Aroeira com quantos nós se faz uma árvore, do Viladança, companhia de Salvador (Bahia).

Fotografia. Homem sentado em um banquinho toca violão em um palco. Ele tem cabelo escuro médio trançado e usa óculos escuros, camisa estampada marrom com detalhes em branco e calça clara. À esquerda, uma mesinha de apoio e um holofote que projeta luz do chão. À direita, outro holofote.
Milton Nascimento em apresentação na cidade de São Paulo (São Paulo), em 2018.
Respostas e comentários

Artista e obra

Se julgar pertinente, ao trabalhar essa seção, comente com os estudantes que o músico Milton Nascimento é um importante compositor de trilhas sonoras para a dança no Brasil.

Pergunte se algum deles conhece alguma canção gravada por Milton, que também é cantor e compositor muito conhecido no âmbito da música popular brasileira. Caso alguém se manifeste, peça-lhe que cante um trecho da música para os colegas. Enfatize para a turma que Milton Nascimento tem relevância na cultura nacional em virtude da sensibilidade e inventividade de sua obra musical, além de ser reconhecido por seu modo expressivo de cantar. Se nenhum estudante se manifestar, escolha uma canção de Milton Nascimento e a reproduza para a turma. Se possível, priorize as canções do álbum Missa dos quilombos, como a “A de Ó (Estamos Chegando)”.

Reforce para os estudantes que a canção “Maria Maria”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, fez parte da trilha sonora do espetáculo homônimo do Grupo Corpo. Logo em sua primeira montagem, esse espetáculo alcançou reconhecimento nacional e internacional, permanecendo em cartaz durante seis anos, e foi apresentado em quatorze países. O Grupo Corpo foi fundado por Paulo Pederneiras, diretor-geral e artístico da companhia, que também assina a iluminação dos espetáculos e a cenografia.

Apresente aos estudantes mais informações sobre a companhia baiana Viladança. Criado em 1998 pela coreógrafa Cristina Castro, o grupo tem como proposta pesquisar o diálogo entre a cultura local e a global por meio da dança contemporânea e sua relação com diversas linguagens artísticas. Sem perder de vista as tradições populares, o trabalho da companhia se destaca pela constante pesquisa de linguagem e pela formação dos dançarinos, composta de técnicas diversas, que vão do balé clássico a capoeira, danças regionais, canto, atletismo, teatro, perna de pau, percussão, rapel.

kuarup ou a questão do índio

Em 1977, o balé Stagium lançou Cuarúpi ou a questão do índio, um dos espetáculos mais importantes do seu repertório. Esse espetáculo ocupa papel de destaque na história da dança no Brasil, pois com ele o grupo reafirmou sua ruptura com o modo de criar do balé clássico e levou para o palco uma proposta de dança que tinha como referência o cotidiano de uma comunidade indígena.

A realização desse espetáculo também foi considerada um marco por conseguir driblar a censura e, em plena ditadura militar, denunciar o genocídio dos povos indígenas que estava ocorrendo no Brasil.

Fotografia em preto e branco. Mulheres e homens interpretam com figurinos que remetem a vestimentas indígenas. Os homens estão de tanga, colar, cocar e carregam um bastão com penas na ponta superior. As mulheres estão de top e usam uma espécie de saia curta, cocar e colar. Duas carregam cestos de palha e uma segura um instrumento musical indígena. Atrás deles, há pessoas deitadas no chão. A sombra das pessoas em pé está projetada na parede escura ao fundo.
Estreia do espetáculo Cuarúpi, em São Paulo (São Paulo), em 1977.

As coreografias foram criadas por Décio Otero, com direção de Márika Gidali. A trilha musical reunia músicas de povos indígenas que vivem no Parque Indígena do Xingu e óperas do músico alemão Christoph Willibald Gluck (1714-1787). Os figurinos do espetáculo foram desenvolvidos pelo estilista Clodovil Hernandes (1937-2009).

Nas últimas décadas, a representação de indígenas em obras artísticas criadas e protagonizadas por pessoas que não são indígenas tem sido questionada pelos povos indígenas de diversas etnias. Um dos problemas que eles apontam nessas representações é a tendência a generalizações, que contribuem para a construção de estereótiposglossário e transmitem uma ideia falsa de que as culturas indígenas no Brasil estão presas no passado e não podem mudar. O espetáculo Cuarúpi, entretanto, não tinha como foco a representação desses povos, mas a denúncia contra o genocídioglossário que acontecia.

Fotografia. Projeção luminosa na lateral de um prédio, na qual se veem quatro pessoas indígenas e árvores. A fotografia foi tirada à noite. Há um espelho-d'água à frente que reflete a projeção.
Manifestação A floresta é nossa casa, em 2020, organizada pela Hutukara Associação Yanomami.
Respostas e comentários

Contextualização

Converse com os estudantes reforçando o papel das obras artísticas, pois, muitas vezes, elas constituem importantes veículos para reflexão e discussão sobre acontecimentos sociais e políticos no Brasil e no mundo.

Você pode dizer a eles que, durante a ditadura militar no país, período em que foi criado o espetáculo Cuarúpi (1977), o governo tinha o objetivo de expandir suas fronteiras agrícolas. A ideia era extrair matéria-prima das terras indígenas e construir rodovias na região amazônica.

Esse desenvolvimento econômico e industrial foi realizado, no entanto, sem nenhum planejamento ambiental. As matas foram devastadas para dar lugar às hidrelétricas, às rodovias e à agropecuária. Assim, inúmeros povos indígenas foram deslocados, expulsos e exterminados de suas comunidades para a entrada de colonos que chegavam das mais diferentes regiões do país.

Esses conflitos continuam acontecendo até os dias de hoje.

Com base na fotografia da manifestação A floresta é a nossa casa, comente com os estudantes que a manifestação teve como objetivo denunciar o avanço do garimpo nas terras yanomamis em 2020 e, com o garimpo, o aumento do risco de contaminação de indígenas vulneráveis por côvid dezenóve.

Se considerar oportuno, comente também que a Hutukara Associação Yanomami é presidida pelo pensador e líder yanomami, Davi Copênaua, e que Terras Indígenas Yanomami estão localizadas entre os estados do Amazonas e de Roraima. Lá vivem sete etnias indígenas, além dos Yanomamis, sendo seis delas isoladas. As etnias isoladas são aquelas que nunca tiveram contato com não indígenas ou que têm contato raramente.

Arte e muito mais

O Cuarúpi no Alto Xingu

Cuarúpi, palavra que dá título ao espetáculo criado pelo balé Stagium, é uma celebração anual em homenagem aos mortos, praticada pelas comunidades indígenas que convivem no Alto Xingu. Entre os praticantes do Cuarúpi estão os Kamayurá, cuícuru, Merrínaco, Kalapalo, Matipu, uaurá, Kaiabi, Auêtí, Iquipengui, Kawaiwete, kissêdi, narrucuá, Naruvotu, Tapayuna, Trumái, Iaualapití e iudjá. O ritual é um meio para o povo xinguano lembrar os mortos e se despedir.

Fotografia. Homens indígenas lado a lado carregam um tronco em um espaço ao ar livre de terra batida. Eles têm o corpo pintado e estão com adornos coloridos na cintura e nas pernas. Eles carregam um tronco na horizontal, na altura do peito, sobre o qual se apoia outro tronco maior.
Indígenas da etnia uaurá carregando o tronco Cuarúpi, que simboliza pessoas que morreram e serão homenageadas. Gaúcha do Norte (Mato Grosso). Fotografia de 2019.

A cerimônia, entretanto, não é realizada para todos os mortos, apenas para chefes ou seus parentes, e é praticada com algumas diferenças, dependendo da comunidade que a realiza. Com frequência, os indígenas utilizam troncos de madeira pintados e ornamentados, que representam os mortos homenageados, e em torno deles as famílias passam a noite acordadas se despedindo.

O Cuarúpi dura vários dias e inclui diversas atividades. Uma delas é a luta esportiva chamada rúca rúca, praticada por guerreiros que representam suas comunidades e se preparam física e espiritualmente para lutar. Ganha a luta quem consegue tocar a coxa do adversário ou derrubá-lo segurando suas pernas.

Ao final da celebração, os troncos pintados e ornamentados, chamados de Cuarúpi, que representam os entes falecidos, são atirados no rio.

Ícone. Tema Contemporâneo Transversal. Ciência e Tecnologia.

Faça no diário de bordo.

Você conhece ou já ouviu falar de algum influenciador digital indígena? Atualmente, muitos indígenas, de diversas etnias, idades e regiões do país utilizam as redes sociais para praticar o ativismo político e social e divulgar suas culturas. Reúna-se em grupo com dois colegas e, com a orientação do professor, pesquise e escolha dois influenciadores digitais indígenas, para fazer um levantamento de dados quantitativos e qualitativos sobre a presença e a atuação deles nas redes.

Respostas e comentários

Arte e muito mais

É importante aprofundar as referências indígenas com base nas suas especificidades e não de maneira genérica, para atuar na desconstrução dos estereótipos sobre os povos indígenas. Além das informações que constam nessa seção, você pode mencionar que os indígenas do Alto Xingu vivem na Terra Indígena chamada Parque Indígena do Xingu. Nessa terra, convivem povos indígenas de 16 etnias diferentes, que falam línguas próprias. No Brasil, há 234 povos indígenas, que falam ao todo 180 línguas. Isso indica como são ricas e diversas as culturas indígenas no Xingu e no país, por isso não é possível definir uma maneira única de ser e viver para todas essas culturas.

Para ampliar a conversa sobre os povos xinguanos, você pode também propor um trabalho interdisciplinar com o professor de Geografia, abordando, por exemplo, as modificações de paisagens por diferentes tipos de sociedade, com ênfase nos povos indígenas.

Proposta de análise métrica de influenciadores indígenas

Essa proposta está relacionada ao Tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia.

Para que os grupos possam desenvolver a proposta de levantamento de dados sobre os influenciadores indígenas, considere alguns critérios quantitativos e qualitativos:

Levantamento quantitativo: utilizar dados disponíveis nas plataformas, como número de seguidores, número de visualizações e comentários nos conteúdos postados, compartilhamentos, quantidade de conteúdo produzido pelo influenciador etcétera

Levantamento qualitativo: verificar a qual etnia o influenciador pertence, se possui alguma atuação profissional, além da ocupação de influenciador, quais temas ele aborda com mais frequência, como é a interação textual de seus seguidores e outras referências consideradas relevantes.

Para a realização da pesquisa, os estudantes podem recorrer a fotografias, vídeos, podcasts, textos publicados e difundidos nas redes sociais, portais de transmissão de vídeos ou áudios etcétera

Para apresentar os dados coletados, sugira que produzam cartões com papéis, canetas coloridas e outros materiais disponíveis, informando os nomes e endereços digitais dos influenciadores, dados numéricos, nuvens de palavras, frases que representem os temas principais ou reivindicações etcétera Os cartões de apresentação podem ter como referência visual para sua criação as tipografias, cores e imagens utilizadas nas páginas.

Entre textos e imagens

balé Stagium leva Kuarup de volta ao Teatro Municipal quarenta anos depois da estreia

“[Nos] dias 2, 3 e 4 de julho de 1977, Cuarúpi estreava no mesmo Teatro Municipal de São Paulo reticências. Na época, o balé Stagium, fundado e dirigido por Márika Gidali e Décio Otero, fez um programa na fórma de um jornal, em papel cráfiti, tendo na capa os cinco primeiros parágrafos do Manifesto Antropófago, de osváld de Andrade, de 1928, e um pequeno texto de Décio Otero, dedicando Cuarúpi: ‘Para você, que nasceu aqui, que mora aqui, que gosta daqui’. reticências Tudo começou quando Décio ouviu a música do Xingu, três anos antes, e espantou-se com a sua complexidade. Deixou maturar por um tempo, e daí surgiu Cuarúpi, a sua 23ª obra.

reticências

Fotografia. Dançarinos executam uma performance em um salão. Há cinco pares de pessoas espalhadas pelo espaço, de costas uma para a outra, com o corpo arqueado para trás e unidas pelo topo da cabeça. Uma pessoa da dupla usa um macacão amarelo, enquanto a outra usa um macacão verde. O teto do ambiente é de madeira, com algumas luzes. À esquerda, espelhos horizontais dispostos na parede. Ao fundo, várias janelas.
Integrantes do balé Stagium em ensaio do espetáculo Cuarúpi 40 anos, em São Paulo (São Paulo), em 2017.

Sobre a remontagem, Márika destaca a experiência de trabalhar com bailarinos muito jovens. ‘É bem diferente ensaiar gente com 17 anos, que tem outros valores e vem do mundo dos festivais. Partimos da fórma, levamos cada um a se jogar para dentro de si para construir o contexto, para depois, em cena, devolver o que brotou.’ E Décio complementa: ‘É impressionante como atualmente os bailarinos pegam a coreografia tão facilmente, mas, para chegar à proposta do coreógrafo, ahreticênciasisso gasta um tempo bem maior. No caso de Cuarúpi, foi um caminho trabalhoso para perceberem porque se trata de uma obra clássica, digamos assim, da dança brasileira’.

reticências

Kátis, Helena. balé Stagium leva Cuarúpi de volta ao Teatro Municipal 40 anos depois da estreia. O Estado de São Paulo, São Paulo, 17 setembro 2017. Disponível em: https://oeds.link/lkPnau. Acesso em: 20 abr. 2023.

Faça no diário de bordo.

Questões

  1. Em sua opinião, como podemos relacionar Cuarúpi ou a questão do índio com os espetáculos apresentados no Tema 1 (Pai contra mãe, da Companhia Fusion de Danças Urbanas, e Rainha, do grupo Margaridas Dança)?
  2. Se você fosse criar um espetáculo de dança, qual ou quais questões sociais escolheria para trabalhar? Por quê?
  3. Você conhece ou já ouviu falar de algum artista indígena?
Respostas e comentários

Entre textos e imagens

Ao abordar com os estudantes o assunto da reapresentação do espetáculo Cuarúpi, depois de quarenta anos de sua concepção, comente que sua importância está não apenas na experiência de rememorar a história, mas também no fato de que, ainda hoje, são muitos os desafios enfrentados pelos povos indígenas.

Questões

Comece orientando a dinâmica de leitura do texto. Primeiro, peça aos estudantes que leiam individualmente o texto jornalístico. Depois, busque três voluntários para fazer as “vozes” que estão no texto: da crítica da dança Helena Katz, que é quem escreve a matéria, e das citações de Décio Otero, no primeiro parágrafo, e de Márika Gidali, no segundo parágrafo. Esta segunda leitura deve ser feita em voz alta.

  1. Os estudantes podem mencionar que as propostas abordam questões sociais do Brasil. No caso daqueles espetáculos, uma reflexão a respeito da situação dos negros – principalmente das mulheres – na atualidade. Mas aponte uma diferença: enquanto nos espetáculos Rainha e Pai contra mãe dançarinos negros, em Cuarúpi nenhum representante desses povos participa do espetáculo.
  2. Estimule os estudantes a refletir sobre as questões da sociedade que mais os tocam e instigue-os a falar sobre elas e a discuti-las com os colegas. É possível também que algumas dessas questões já tenham aparecido no trabalho com as palavras-tema, ao final do Tema 1.
  3. A partir dessa pergunta, retome a conversa sobre as representações das culturas, histórias e lutas políticas dos indígenas no Brasil. Nos últimos anos, artistas com origem indígena têm chamado a atenção para a importância de considerar e escutar seus pontos de vistas, respeitando sua diversidade e seu direito à autorrepresentação. Se for possível, oriente uma pesquisa na internet sobre o assunto. Nela, considere artistas ou coletivos que produzem por meio de diversas linguagens. Ressalte que eles fiquem atentos às etnias às quais os artistas pertencem e se perguntem quais as possíveis relações entre aquilo que produzem artisticamente e suas referências culturais. No Tema 4, a questão poderá ser retomada por meio do trabalho da cineasta Olinda Iauár, que é descendente dos povos Tupinambá e Pataxó Hãe, e da cantora diuêna Tikuna, do povo Tikuna, uma das intérpretes da canção “Demarcação Já”.

A dança-teatro

Vimos que a liberdade expressiva observada no trabalho do balé Stagium e de outras companhias de dança contemporânea resulta de uma série de propostas desenvolvidas por dançarinos e coreógrafos que, a partir do século vinte, passaram a questionar, entre outros, os rígidos padrões estéticos do balé clássico.

Uma dessas propostas foi a dança-teatro, que teve início na Alemanha no final da década de 1920 com o nome de Tanztheater. Originária das pesquisas realizadas por rúdolf Laban (que conhecemos no Tema anterior) e por seus alunos e colaboradores Kurt iôs (1901-1979) e Méri Wigman (também mencionada no Tema anterior), a dança-teatro, como o nome indica, reúne elementos da dança e do teatro.

Na dança-teatro não há somente a preocupação com as fórmas e com a visualidade dos movimentos, mas com a narrativa, mesmo que ela não seja linear. A dança-teatro ganhou notoriedade com o trabalho da dançarina e coreógrafa alemã Pina báuchi (1940-2009). Relacionadas com o cotidiano e com as emoções humanas, as produções de báuchi propiciam que a plateia se identifique e até se reconheça nas cenas. Isso porque, em suas criações, a coreógrafa buscava trabalhar a universalidade das relações e emoções humanas.

Elementos do cotidiano e da natureza eram bastante presentes em suas obras. Na fotografia a seguir, por exemplo, vemos uma cena de Vollmond, espetáculo de Pina báuchi que tem a água como principal elemento cênico.

Fotografia. Imagem impactante de mulher dançando com água. Ela tem cabelo comprido escuro e usa um vestido longo laranja. Sua perna direita está levantada, respingando água, o tronco virado para a direita, com o braço direito atrás da cabeça e o esquerdo dobrado à frente do corpo. O chão tem uma poça de água grande e o fundo é escuro.
Cena do espetáculo Vollmond, de Pina báuchi, apresentado pelo grupo Tanztheater Wuppertal, em Londres, Reino Unido, em 2013.
Respostas e comentários

Contextualização

Comente com os estudantes que a dança-teatro surgiu como um modo de acrescentar à dança mais possibilidades dramatúrgicas. Assim, as composições poderiam revelar emoções humanas sem que tivessem de se ater a um conjunto de códigos estabelecidos previamente, como acontecia nas composições do balé clássico.

No início do século vinte, na Alemanha, o coreógrafo rúdolf Laban criou os princípios da dança-teatro. Mais tarde, esses princípios foram ampliados por seus discípulos Kurt iôs (1901-1979) e Méri Wigman, mas foi com Pina báuchi que a dança-teatro ganhou notoriedade mundial e passou a ser reconhecida como uma fórma de arte que traz a teatralidade para a dança.

Se julgar oportuno, explique aos estudantes que as rupturas com os padrões do balé não se deram apenas na questão estética. Os modos de criação em dança também foram modificados. Antes, o coreógrafo ou diretor detinha todo o poder de escolha e concepção da obra. Os dançarinos eram como ferramentas que executavam as ideias do coreógrafo.

Com as mudanças de paradigmas, os dançarinos passaram a exercer uma função chamada intérprete-criador, pois cocriam a obra ao também serem convocados a criar e dar sua contribuição para o processo artístico.

Artista e obra

O trabalho de Pina báuchi

O trabalho de Pina báuchi foi marcado pela fórma como ela dirigia o processo criativo de suas coreografias. Baseando-se em um tema, báuchi fazia solicitações ou perguntas, que deviam ser respondidas em fórma de danças pelos dançarinos. Ela pedia a um deles, por exemplo: “Faça uma coisa que o deixa envergonhado”. Podia também perguntar: “Como você se comporta quando perde algo?”. Para responder a essas perguntas, os dançarinos precisavam refletir sobre suas experiências, seus sonhos e seus medos e transformá-los em movimento. Com base nas respostas corporais e verbais apresentadas, Pina báuchi criava suas coreografias.

É muito importante destacar que essa criação compartilhada é também decorrente do movimento de ruptura na dança. No balé clássico, os bailarinos apenas executavam as coreografias e ideias do coreógrafo ou diretor. Na proposta de báuchi, a criação é conjunta. A diretora faz perguntas e provocações, e os dançarinos improvisam e criam suas coreografias com base nessas propostas.

A função da coreógrafa e diretora é organizar esse material cênico elaborado pelos dançarinos em um processo de criação que será mais tarde chamado de processo colaborativo.

Fotografia. Retrato de uma mulher idosa de cabelo grisalho preso. Ela sorri.
Pina báuchi em Frankfurt, Alemanha, em 2008.

Observe, um registro do espetáculo Cravos, criado por Pina báuchi.

Fotografia. Seis mulheres usam vestido em tons de azul e verde e estão sentadas em mesas de madeira dispostas lado a lado sobre um palco florido. O chão está coberto de flores cor-de-rosa.
Cena do espetáculo Cravos, de Pina báuchi, apresentado pelo grupo Tanztheater Wuppertal em Hamburgo, Alemanha, em 2000.
Respostas e comentários

Artista e obra

Pode ser interessante comentar com os estudantes que Pina báuchi fundou a companhia Tanztheater Wuppertal em 1973, na qual permaneceu como coreógrafa até seu falecimento, em 2009. Suas danças eram criadas com base em uma profunda observação e compreensão das subjetividades humanas e do modo como as pessoas se relacionam consigo, com o entorno e com o mundo. As composições de dança criadas por Pina báuchi tinham como referência as experiências pessoais dos dançarinos, fazendo com que eles participassem ativamente das criações.

Em 2011, foi lançado o documentário Pina, filmado em tecnologia 3 dê e dirigido pelo cineasta alemão Wim Wenders (106 minutos). O documentário é uma homenagem ao trabalho e ao pensamento da coreógrafa Pina báuchi, que usava elementos da natureza (rochas, água etcétera) para compor os movimentos corporais dos dançarinos.

Sugestão de atividade

Você pode provocar os estudantes com essa indagação: o que você diz com os movimentos?

Essa prática é inspirada no processo coreográfico de Pina báuchi. Nos seus trabalhos, ela começava fazendo perguntas aos intérpretes-dançarinos, que respondiam com movimentos de dança.

Para experimentar essa prática, peça aos estudantes que se organizem em duplas.

A criação vai partir de uma pergunta pessoal. Aqui estão algumas possibilidades de perguntas:

Do que você tem medo?

Do que sente saudades?

Quais sabores lembram sua infância?

Oriente-os a escolher uma dessas perguntas para trabalhar ou elaborar uma nova.

A partir da pergunta, eles devem começar a se movimentar ao mesmo tempo, motivados pelas vivências ou memórias que a pergunta escolhida tenha disparado neles. Enquanto fazem as movimentações, eles devem perceber também os movimentos do colega.

Oriente-os a fazer os movimentos pensando nas sensações corporais que associam com a pergunta, evitando fazer mímicas. Os movimentos podem ser abstratos, sem a preocupação de responder diretamente à pergunta. Ela é um ponto de partida para investigar sentimentos e sensações com os movimentos dançados.

Depois do exercício de criação, peça às duplas que conversem sobre o processo e relatem quais vivências ou memórias inspiraram os movimentos.

Faça no diário de bordo.

Experimentações


Neste Tema, você estudou a dança-teatro de Pina báuchi e conheceu um pouco de seu processo de criação. Agora, vai experimentar criar uma cena de dança, tendo como referência o processo criativo dessa coreógrafa. Para trabalhar essa cena, em grupo, retomem o trabalho com as palavras--temas, atividade realizada no Tema 1, ou criem uma nova cena de dança. Caso decidam retomar o trabalho feito no Tema 1, será necessário se reunir com o mesmo grupo.

Momento 1 – Memórias do corpo

  1. Com a orientação do professor, reúna-se com quatro colegas, formando um grupo de cinco pessoas.
  2. Em seguida, retomem as palavras-temas definidas na atividade do Tema 1 ou escolham novos temas que interessem a todo o grupo.
  3. Com base nesses temas, compartilhem memórias e vivências pessoais que eles suscitam.
  4. A seguir, experimentem movimentos que expressam como vocês sentem no corpo essas vivências e memórias pessoais e quais movimentos de dança elas inspiram a fazer. Evitem fazer mímicas.
  5. Trabalhem essas movimentações pessoais em grupo; aos poucos elas deixarão de ser movimentos individuais e poderão ser movimentos do grupo, mas cada um vai dançá-los da sua maneira.
  6. Usando o diário de bordo, façam um registro rápido dos movimentos que surgiram na improvisação para não esquecer. Nesse registro, vocês podem usar desenhos ou palavras-chave.
    Ilustração. Ícone do diário de bordo.

Momento 2 – Narrar a memória

  1. Agora vocês vão organizar esses movimentos e criar uma nova cena de dança. Para criá-la, vão exercer o papel de coreógrafos ou de intérpretes-dançarinos.
  2. Dividam o grupo em dois subgrupos e definam qual subgrupo vai fazer o papel de coreógrafos e qual exercerá o papel de intérpretes-dançarinos.
  3. Em seguida, os intérpretes-dançarinos vão dançar novamente os movimentos criados em conjunto no primeiro momento. Se for necessário, os coreógrafos podem relembrar alguns desses movimentos junto com os dançarinos, com base no que se lembram e nos registros feitos no diário de bordo.
    Ilustração. Ícone do diário de bordo.
  4. No momento que os intérpretes-dançarinos praticam os movimentos, os coreógrafos observam e começam a definir qual será a ordem deles, pensando como esses movimentos podem criar um conjunto, uma sequência de dança. Os coreógrafos fazem essa proposta para os intérpretes-dançarinos, que poderão praticar a sequência e, percebendo como seria dançá-la, podem propor alterações na ordenação sugerida pelos coreógrafos.
  5. Considerando as percepções de todo o grupo, conversem para decidir como ficará a sequência final.

Momento 3 – Partilha e registro

Ilustração. Ícone do diário de bordo.
  1. Depois de criarem a cena juntos, se ela tiver algum título, anotem no diário de bordo. Se não tiver, vocês podem registrar com números ou letras, como Cena A ou B.
  2. Em seguida, converse com o grupo sobre como foi a experiência de criar uma cena de dança dessa maneira.
  3. Para terminar a proposta, façam, individualmente ou em grupo, registros da cena criada. Vocês podem usar desenhos, como aprenderam na atividade do Tema 2, ou palavras-chave. Nesse registro, façam também uma lista de sentimentos e sensações que vocês experimentaram enquanto realizavam a proposta.
Respostas e comentários

Experimentações

Essa atividade pode ser uma continuidade das propostas dos Temas 1 e 2 ou um novo momento de prática e criação com os estudantes, sem relação com as proposições anteriores.

Nos dois casos, para a realização dessa atividade, escolha um espaço adequado para o trabalho dos grupos com movimentos de dança e em que seja possível colocar algumas músicas para tocar. As músicas podem ajudar na ativação das memórias e vivências pessoais dos estudantes por meio do corpo. Por isso, escolha algumas canções ou músicas instrumentais considerando esse estímulo.

Essa proposta pode disparar memórias ou vivências sensíveis para alguns estudantes, e questões que talvez eles ainda não tenham recursos emocionais para lidar. Fique atento aos grupos; se perceber alguma situação como essa, converse individualmente com o estudante e decida com ele qual é a melhor ação a tomar no momento, atentando-se para não expor questões pessoais dele ao restante do grupo.

Momento 1: esse é o momento em que os estudantes vão ativar a me­mória do corpo. Por isso, é interessante que as músicas já estejam tocando. Incentive-os a fazer improvisações de movimentos livremente, evitando mímicas, primeiro com um foco individual e, depois, com foco coletivo.

Momento 2: circule entre os grupos com atenção a três objeti­vos: (1) auxiliá-los no processo, tirando dúvidas se necessário; (2) facilitar os processos de colaboração dos grupos, pois, como nesta proposta eles assumirão papéis diferentes, é possível que haja alguma incompreensão sobre os processos de decisão e escolha para a criação das cenas. Por isso, pode ser importante relembrá-los de que o trabalho continua horizontal no processo de criação. Se perceber que os grupos estão com alguma dificuldade de compreender a questão, sugira que todos experimentem em algum momento ambos os papéis – de coreógrafos e intérpretes-dançarinos; (3) observe e avalie como os estudantes estão trabalhando em colaboração.

Momento 3: proporcione um momento para a partilha da experiência.

Glossário

Estereótipo
: ideia ou imagem preconcebida que generaliza alguém ou algo. Quando dirigidos a grupos, os estereótipos com frequência reforçam fórmas de preconceitos e racismos.
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Genocídio
: prática ou qualquer tentativa de exterminar um grupo de pessoas por causa de sua etnia, raça, religião ou nacionalidade.
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