Unidade 4  A dança na atualidade

Fotografia. Artistas fazem performance em um calçadão. Um homem e três mulheres com roupas em tons de cinza realizam movimentos com a cabeça e com os braços. Ao fundo, vasos com árvores.
Da esquerda para a direita, os dançarinos Leonardo Augusto, Socorro Dias, Heloisa Rodrigues e Duna Dias em cena do espetáculo Na reta de 4 corpos, do Grupo Contemporâneo de Dança Livre, na Cidade do Panamá, Panamá, em 2017.

Nesta Unidade:

TEMA 1 Novos espaços para a dança

TEMA 2 Dança na rua ou dança de rua?

TEMA 3 Dança e tecnologia

De olho na imagem

Fotografia. Artistas fazem performance em um calçadão. Um homem e três mulheres com roupas em tons de cinza realizam movimentos com a cabeça e com os braços. Ao fundo, vasos com árvores.
Cena do espetáculo Na reta de 4 corpos, do Grupo Contemporâneo de Dança Livre, na Cidade do Panamá, Panamá, em 2017.

Faça no diário de bordo.

  1. Dedique um tempo para olhar a imagem desta página. O que nela chama sua atenção?
  2. Os dançarinos estão se apresentando em qual espaço? Você já viu ou já imaginou uma dança sendo realizada em um espaço como esse?
  3. Observando a fotografia, é possível imaginar o que essa dança quer expressar ao público? Converse com os colegas sobre essa questão.
  4. Lembre-se de alguma apresentação de dança a que você já tenha assistido (pela televisão, no teatro ou na rua, por exemplo). Há alguma semelhança com essa imagem? O que é semelhante e o que é diferente?
  5. O que você diria sobre os movimentos dos dançarinos? Você já realizou algum movimento parecido com os deles?
  6. Observe o figurino dos dançarinos. Você já viu ou usou algo parecido? O que você poderia dizer sobre a escolha desse figurino?
  7. Como é a iluminação das cenas apresentadas na fotografia?
  8. Há elementos cênicos ou um cenário? Em caso afirmativo, que elementos cênicos ou que cenário?
Versão adaptada acessível

1. Com base na imagem, responda:  o que nela chama a sua atenção?

2. Os dançarinos estão se apresentando em qual espaço? Você já imaginou uma dança sendo realizada em um espaço como esse?

3. Com base na fotografia, é possível imaginar o que essa dança quer expressar ao público? Converse com os colegas sobre essa questão.

4. Você já presenciou ou já participou de algum espetáculo de dança? Se sim, há algo nele que você pode associar com o que ouviu na descrição da imagem?

5. O que você diria sobre os movimentos dos dançarinos? Você já realizou algum movimento parecido com os deles?

6. Considerando o figurino dos dançarinos: você já usou algo parecido? O que você poderia dizer sobre a escolha desse figurino?

7. Como é a iluminação das cenas apresentadas na fotografia?

8. Há elementos cênicos ou um cenário? Em caso afirmativo, que elementos cênicos ou que cenário?

Artista e obra

Grupo Contemporâneo de Dança Livre

As fotografias das páginas anteriores mostram uma cena do espetáculo Na reta de 4 corpos, do Grupo Contemporâneo de Dança Livre. O grupo foi formado em 2004 por iniciativa da dançarina e coreógrafa Socorro Dias. Atualmente, além de Socorro Dias, fazem parte do grupo os dançarinos Duna Dias, Heloisa Rodrigues e Leonardo Augusto.

Fotografia. Da esquerda para a direita: mulher de cabelo preso loiro, vestida com camiseta preta; mulher de cabelo médio cacheado castanho, vestida com camiseta preta; mulher de cabelo ruivo, vestida com camiseta rosa e branca; homem de cabelo castanho, vestido com camiseta azul.
Dançarinos do Grupo Contemporâneo de Dança Livre. Cidade da Guatemala, Guatemala, 2018.

O Grupo Contemporâneo de Dança Livre trabalha com um processo colaborativo de pesquisa e criação, desenvolvendo propostas para apresentações no palco e na rua. Em seus trabalhos, o grupo promove discussões, compartilhamentos e observações coletivas, descentralizando ideias e favorecendo o intercâmbio de experiências.

Ao longo de sua trajetória, o grupo tem se apresentado em diversas cidades brasileiras e, também, no exterior. O espetáculo retratado na abertura desta Unidade, por exemplo, foi realizado no Panamá.

O grupo também já se apresentou em outros países, como Colômbia, México, França, Bélgica e Portugal.

O que você imagina que muda nos espetáculos da companhia de dança em cada lugar que são apresentados?

Fotografia. Duas dançarinas em um espetáculo. A da frente está de joelhos, veste top vermelho e calça preta e faz um movimento com as mãos e com a cabeça. A de trás, está de pé, com os braços abertos.
As dançarinas Duna Dias e Heloisa Rodrigues, em cena do espetáculo Orbis Finis, do Grupo Contemporâneo de Dança Livre, em Belo Horizonte (Minas Gerais), em 2017.

TEMA 1 Novos espaços para a dança

O espaço da dança

A pesquisa de novos espaços para a criação artística é uma característica da arte contemporânea e uma marca do trabalho de artistas de diferentes linguagens. Nas Unidades anteriores, por exemplo, você conheceu criações visuais e criações teatrais que extrapolam os espaços convencionais − o museu e o palco italiano, por exemplo − para ocupar espaços alternativos, como ruas, praças, estações de trem e hospitais.

Na dança, durante muito tempo, o palco italiano – aquele em que os artistas e o público ficam dispostos um de frente para o outro – era o espaço reservado para as apresentações. No balé clássico, por exemplo, ainda hoje é comum que os espetáculos sejam realizados em espaços desse tipo. Observe a fotografia reproduzida a seguir.

Fotografia. Palco de madeira com duas  bailarinas se apresentando para uma plateia lotada. Elas estão vestidas com collants, tutu, sapatilhas e faixa e fazem movimentos nas pontas dos pés.
As bailarinas Paloma guei uud e rárdi se apresentam em Joanesburgo, na África do Sul, em 2015.

Com o desenvolvimento da dança contemporânea, no entanto, a busca por novos espaços se consolidou, e os grupos e os dançarinos passaram a pesquisar novas possibilidades espaciais para suas criações. Um exemplo dessa mudança é o espetáculo Na reta de 4 corpos, que conhecemos nas páginas anteriores.

As ruas como palco

Criado pelo Grupo Contemporâneo de Dança Livre, o espetáculo Na reta de 4 corpos tem as ruas como palco e surgiu do desejo do grupo de desenvolver propostas para dançar no espaço urbano.

Na reta de 4 corpos é um tipo de intervenção em fórma de cortejo, no qual os dançarinos se deslocam em apenas uma direção, interagindo e modificando o cotidiano da cidade escolhida para a apresentação. Observe essa interação na fotografia reproduzida a seguir; perceba que muitas pessoas que passam pelo local mudam sua rotina e param para acompanhar a apresentação.

Fotografia. Quatro artistas se apresentam em uma via pública. Eles estão em cima de uma faixa de pedestres, perfilados. Todos usam roupas com tons de cinza. Há pessoas nas calçadas observando a cena.
Fotografia. Quatro artistas se apresentam em um calçadão. Eles usam roupas em tons de cinza e estão em movimento, duas artistas como se estivessem correndo e a outra faz movimentos com os braços, um artista está parado. Ao fundo, pessoas observam a cena.
Da esquerda para a direita, os dançarinos Duna Dias, Heloisa Rodrigues, Leonardo Augusto e Socorro Dias em cena do espetáculo Na reta de 4 corpos, do Grupo Contemporâneo de Dança Livre. A primeira fotografia mostra uma apresentação na Cidade da Guatemala, Guatemala, em 2018; a segunda, uma apresentação em Bogotá, Colômbia, em 2017.

Em geral, as propostas de dança contemporânea em ruas e praças são desenvolvidas no local e são compartilhadas com o público em tempo real, como no espetáculo Na reta de 4 corpos.

Falta de ar

Ao longo de sua trajetória, o Grupo Contemporâneo de Dança Livre realizou diversos espetáculos de dança que tinham as ruas e as praças como espaço cênico. Um exemplo é o espetáculo Falta de ar, criado pelo grupo em 2016. Esse projeto teve como criadores e intérpretes os dançarinos Duna Dias e Leonardo Augusto e discute com o público fatos e notícias que, na atualidade, nos levam a “perder o ar”, a sufocar.

Com esse espetáculo, o Grupo Contemporâneo de Dança Livre problematiza questões como a violência, o abismo social e as ilusões. Observe, a seguir, alguns registros desse espetáculo.

Fotografia. Duas pessoas fazem uma performance no centro de uma praça. Eles estão dentro de um círculo formado por bacias de água e outros objetos, como garrafas, bota de plástico, galões de plástico e panos. No centro, uma mulher de cabelo preso castanho, vestida com camiseta branca e calça preta, faz um movimento com os braços acima dos ombros. Ao lado, um homem de camiseta branca está ajoelhado em frente a um balde.
Os dançarinos Duna Dias e Leonardo Augusto em cena do espetáculo Falta de ar, do Grupo Contemporâneo de Dança Livre, em Curitiba (Paraná), em 2017.
Fotografia. Artista faz performance na rua. Ela está de camiseta branca e calça preta e está em frente a uma bacia com água, apoiada com as mãos no chão. Seu rosto e camiseta estão molhados.
A dançarina Duna Dias em cena do espetáculo Falta de ar, do Grupo Contemporâneo de Dança Livre, em Curitiba (Paraná), em 2017.

Solos de rua

Outro grupo que se dedica à criação de espetáculos de dança na rua é o AVOA! Núcleo Artístico. O AVOA! pesquisa a relação existente entre a dança e os contextos e faz uso de lugares que vão além do palco convencional. Um dos projetos desenvolvidos por esse grupo é o espetáculo Solos de rua, retratado na fotografia reproduzida nesta página.

Fotografia. Pessoas fazem performance na rua vestidas de laranja. Elas levam diversos sacos plásticos nas cores cinza e preto nas mãos. Há um músico tocando tambor atrás do grupo.
Dançarinos do grupo AVOA! Núcleo Artístico em cena do espetáculo Solos de rua, em São Paulo (São Paulo), em 2018.

Faça no diário de bordo.

Experimentações

A partir das pesquisas poéticas com a dança nos espaços públicos que conheceu até aqui, você vai fazer uma pesquisa sobre outros modos de ocupação e movimentação nesses espaços, com referência nos cortejos populares. Para isso, você entrevistará algumas pessoas de fóra da escola para saber se já participaram de cortejos. A entrevista pode ser feita com seus pais, com avós, com vizinhos ou outras pessoas com quem você tenha contato fóra da escola. O objetivo da entrevista é descobrir se as pessoas já participaram de algum cortejo, qual era a ocasião, onde foi feito o trajeto e que movimentos corporais realizaram. Por exemplo, se a pessoa caminhou, qual era a velocidade, a intensidade dos passos, por quanto tempo; se ela dançou, como era a dança, quais foram os passos mais marcantes, com que intensidade etcétera

Procedimentos

  1. Reúna-se com dois ou três colegas e elaborem um roteiro de entrevista com três a cinco questões. Usem o diário de bordo para anotar as perguntas. Incluam alguns exemplos de cortejo nas perguntas; isso vai ajudar as pessoas entrevistadas a se lembrar de suas experiências.
  2. Usem o diário de bordo para anotar as respostas das entrevistas, registrando apenas as frases que considerarem mais importantes. Façam uso de palavras-chave para lembrar de coisas que vocês descobriram com as entrevistas. Não se esqueçam das informações principais: que cortejo era, como foi feito o trajeto, que movimentos corporais foram feitos e como foram feitos. Além disso, é possível que as pessoas contem alguma história com base nas perguntas; caso isso aconteça, registre a história!
    Ícone. Diário de bordo.
  3. Na data agendada pelo professor, compartilhem com os colegas como foram as entrevista e as descobertas. Comparem as diferentes respostas obtidas.

Artista e obra

Luciana Bortoletto

A seguir, você vai ler uma entrevista de Luciana Bortoletto, coreó­grafa, professora, dançarina e diretora do espetáculo Solos de rua.

Entrevistador: Luciana, como você se interessou pela dança e como foi o início de sua carreira?

Luciana Bortoletto: [Eu] Me interessei pela dança ainda criança. Comecei a fazer minha formação artística graças a um sistema de permutas: eu trocava trabalhos administrativos e de auxiliar de produção por aulas com professores artistas maravilhosos, em uma importante escola de dança contemporânea de São Paulo (São Paulo) reticências. Lá, eu construí toda a base de minha formação e também fui professora, após anos de total imersão na linguagem de dança e das artes do corpo e da cena. Também estudei mímica e teatro físico, poesia, consciência corporal, anatomia. Atuei como fotógrafa de cena, aprendi a olhar dança e a fotografar corpos em movimento. [Eu] Observava atentamente o modo como meus professores davam aula. Aprendi a dar aulas fazendo [assistindo às] aulas. Tive grandes mestres que respeito e admiro com muita gratidão. Sempre li muito e amo música. Aprendi a tocar acordeão e isso me ajuda a coreografar, pois provoca um entendimento maior sobre a musicalidade do movimento, os pulsos, os ritmos. Enfim, minha trajetória como artista da dança não se restringe apenas à linguagem da dança. Para ser bailarina, coreógrafa e professora, pesquisadora e educadora do movimento tive que aprender a observar, aprender a ver, a ouvir.

Fotografia. Mulher em um palco, vestida com roupas brancas, carrega acordeão e realiza movimento de dança, com uma das pernas suspensa e um braço levantado.
Luciana Bortoletto em cena do espetáculo Andar_ilha, em São Paulo (São Paulo), em 2018.

Entrevistador: Luciana, para um jovem que se interesse por trabalhar com dança, o que você lhe sugere para iniciar sua trajetória nessa linguagem?

Luciana Bortoletto: A pessoa precisa ter muita perseverança e curiosidade. Ler, estudar, conhecer a história da dança, ir a espetáculos de dança de diferentes estilos e em diferentes ambientes. Ver teatro, ir ao cinema. Gostar de movimento e de expressão. Saber quem são as pessoas que fazem a história da dança no Brasil e em sua cidade; reconhecer-se dentro da história e ser protagonista da própria história! Fazer aulas práticas de dança e de consciência corporal. Defender a dança como profissão, já que, em nosso país, as pessoas consideram a arte e a cultura coisas supérfluas, [apenas] como ‘lazer’. Dança é profissão regulamentada e deve ser valorizada. Há pouco reconhecimento da sociedade em relação a essa profissão do artista da dança. O jovem interessado em ser artista da dança precisa ter em mente que a arte não é somente a técnica, mas sim um modo de ser e de estar no mundo. Por isso, é tão importante estudar. Há universidades públicas e particulares, e boas escolas livres. Bons grupos [de dança] para assistir, conhecer, se aproximar. O artista da dança é sempre curioso e atento.

Entrevistador: Pode falar um pouco sobre a dança em espaços não convencionais, na perspectiva da dança contemporânea?

Luciana Bortoletto: A dança contemporânea não é exatamente um ‘estilo’ de dança, mas sim um modo de pensar o corpo, o movimento, a criação. Assim, o artista da dança contemporânea está sempre indagando o momento histórico no qual está inserido, e há um desejo de dialogar, questionar e provocar outros modos de se relacionar com o seu lugar de atuação, com a cidade [onde vive], com as pessoas que podem ser potencialmente o público. Dançar na rua não é simplesmente usar a rua como cenário. A dança é criada em contexto com o lugar, ou seja, o público não é apenas observador passivo, e a dança é um modo de praticar a cidade, habitá-la, questionar sobre normas impostas sobre os corpos que habitam a cidade e sobre o modo como nos relacionamos com ela.

Entrevistador: Como surgiu a proposta do espetáculo Solos de rua? Como foi a concepção artística desse espetáculo?

Luciana Bortoletto: Eu era moradora do Centro de São Paulo e me intrigava ver pessoas jogadas no chão feito ‘coisas’. Misturadas aos detritos, em meio a esses detritos e ignoradas [pelos transeuntes e pelo poder público]. O fato de naturalizarmos a miséria e descartarmos o lixo ‘dentro’ das ruas. Ao mesmo tempo, encontrei um manifesto denominado ‘As embalagens’, do encenador polonês Tadêus Cántor (1915-1990), no qual ele faz uma relação muito interessante entre a embalagem e o ser humano, sobre o que, em um momento, é útil e, no outro, é descartável. Assim, comecei a ‘embalar’ meu própio corpo e a investigar, com outros bailarinos, maneiras de explorar o corpo misturado a grandes lonas plásticas que se mesclam à paisagem urbana. Ora parecemos coisas, detritos. Ora nos apresentamos como pessoas. Indagamos sobre como viver na cidade e utilizamos esse manifesto, um texto teatral, para nos basear na criação da dramaturgia.

Atuamos no centro histórico de São Paulo e escolhemos uma rua para criar a partir dela, com suas singularidades. [Em Solos de rua] São nove pessoas em cena, entre músicos e dançarinos, e quase vinte profissionais envolvidos, entre figurinistas, artistas convidados, produção reticências.”

Entrevista concedida especialmente para esta Coleção, em agosto de 2018.

Carcaça

Observe a fotografia reproduzida nesta página. Ela mostra uma cena de Carcaça, espetáculo de dança do Grupo istrôndum, de Uberlândia (Minas Gerais). A principal proposta desse grupo é levar espetáculos de dança para espaços não convencionais, como prédios abandonados, construções, ruas e praças.

Assim como as propostas de espetáculos que conhecemos nas páginas anteriores, o espetáculo Carcaça acontece em um espaço aberto. Note que os dançarinos se apresentam ao redor e sobre uma carcaça de automóvel. Em sua opinião, por que o grupo teria escolhido um automóvel como elemento cênico para esse espetáculo?

Fotografia. Carcaça de um carro no centro de um pátio. Há cinco pessoas com roupas cinzas e óculos de armações pretas,  posicionadas em cima e ao redor do carro. Atrás deles, há uma cortina de fumaça lilás. Ao fundo, uma pequena arquibancada com pessoas observando o espetáculo.
Apresentação de Carcaça, do grupo istrôndum, em Campinas (São Paulo), em 2015.

Em Carcaça, o Grupo Strondum propõe uma reflexão a respeito do consumo exagerado que marca o mundo contemporâneo. A escolha do automóvel como principal elemento cênico reafirma esse objetivo, pois o automóvel constitui um dos símbolos do capitalismo.

No espetáculo Carcaça, a dança é coreografada em pequenos segmentos, sem estabelecer cenicamente a ligação cronológica entre um segmento e outro. O grupo chama esses segmentos de “células coreográficas”, pois apresentam aparentes características isoladas, que, juntas, constituem um “tecido cênico”: o espetáculo.

Faça no diário de bordo.

Experimentações

Ao longo deste Tema, você conheceu diversos grupos que desenvolvem propostas de dança em espaços não convencionais, como ruas e praças. Agora, a partir dessas referências artísticas e da entrevista sobre cortejo que realizou em grupo, você vai criar com os colegas uma cartografia pela escola que possibilite a todos perceber o ambiente do ponto de vista de cada um.

Momento 1 – Cartografar

  1. Organizem-se em grupos com quatro integrantes.
  2. Conversem sobre os espaços da escola de que mais gostam. Façam uma lista desses espaços no diário de bordo.
    Ícone. Diário de bordo.
  3. Agora, vocês vão se organizar para que cada um vá a um espaço; se houver menos espaços escolhidos do que o número de integrantes do grupo, dois ou mais integrantes podem ir para o mesmo local.
  4. Observem atentamente o espaço em que estão e como as pessoas o percorrem. Usando poucas palavras, façam anotações no diário de bordo sobre o que vocês observaram e conversem sobre o que perceberam.
    Ícone. Diário de bordo.
  5. Experimentem diferentes maneiras de percorrer esses espaços. Evitem trajetos únicos que sejam retas com começo, meio e fim. Procurem criar deslocamentos que vão e voltam pelos espaços, param no meio do caminho, fazem círculos ou outras possibilidades que o grupo quiser experimentar.
  6. Registrem os deslocamentos incomuns que vocês fizeram pelos locais, usando apenas linhas. Após terminar o mapa dos percursos, passem a caneta ou o lápis em algumas linhas, reforçando os modos de percorrer os espaços que vocês consideraram mais interessantes.

Momento 2 – Relevos

a. Voltem para os espaços destacados no mapa, pensando em novas maneiras de se movimentar entre eles. Vocês podem consultar o diário de bordo e experimentar alguns movimentos dos cortejos descritos pelos entrevistados na atividade da página 136. Façam os movimentos entre os espaços durante um tempo e, aos poucos, comecem a transformá-los em novas movimentações e ações.

Ícone. Diário de bordo.
  1. A partir desses movimentos, escolham uma ação para cada lugar. Por exemplo: na quadra, deitem-se no chão e observem o céu; no corredor da escola, andem “colados” à parede etcétera
  2. Anotem a trajetória com as indicações de ação no mapa e escolham quem será o cartógrafo (podem ser cartógrafos também).

Momento 3 – Cartógrafos

  1. Seguindo as orientações do professor, cada grupo vai conduzir a turma para experienciar a trajetória que criou, observando as ações corporais definidas para cada espaço.
  2. Retornem à sala de aula e compartilhem a experiência, tanto de criar as cartografias e conduzir esse trajeto sensível-poético quanto de assistir, como público participante, aos trajetos dos colegas.
  3. Ao final, procurem responder às seguintes questões: essa atividade mudou o modo como percebemos e nos relacionamos com o espaço? Que experiências as trajetórias dos outros grupos possibilitaram?