Tema 3  Novas experiências

A possibilidade de gravar e reproduzir sons

O desenvolvimento tecnológico sempre acompanhou a história da música. Imagine, por exemplo, que antes da invenção do gravador sonoro só era possível registrar uma composição musical por meio do registro manuscrito das partituras, e a audição só poderia acontecer com a apresentação ao vivo de um instrumento musical ou de um cantor. Por essa razão, afirma-se que a possibilidade de gravar um som mudou a história da música. Mas você sabe quando foi inventado o primeiro gravador de som e quem foi o responsável por essa invenção?

Em 1877, tômas édiçon (1847-1931) criou o fonógrafo, o primeiro aparelho que possibilitou a gravação e a reprodução de sons.

Poucos anos depois da invenção do fonógrafo, em 1888, surgiu o gramofone, aparelho que possibilitava a gravação e a reprodução de sons em discos metálicos. O gramofone foi desenvolvido por Emil Berliner (1851-1929) e representou uma grande inovação, pois possibilitava a gravação de várias cópias de um disco com base em uma matriz. A invenção do gramofone abriu caminho para a música gravada da maneira como a conhecemos atualmente.

Fotografia em preto e branco. Homem calvo, vestindo camisa, gravata borboleta e paletó. Ele posa para foto com um fonógrafo sobre a mesa. Esse aparelho tem uma  saída de som parecida com uma tuba.
tômas édiçon fotografado ao lado de um fonógrafo, uma de suas principais invenções. Fotografia de 1908.
Fotografia em preto e branco. Homem grisalho e de óculos, vestido de terno, ao lado de um gramofone que se encontra em cima de um móvel de madeira. A saída de som do gramofone tem o formato de uma tuba, embora menor do que o fonógrafo.
Emil Berliner manuseia um gramofone. Fotografia de 1927.
Respostas e comentários

Objetivos

  • Relacionar o desenvolvimento tecnológico com a história da música.
  • Conhecer os primeiros aparelhos que possibilitaram a gravação e a reprodução sonora.
  • Compreender o papel desempenhado pelo disco de vi­nil e pela fita cassete para a indústria da música e caracterizar a era digital.
  • Conceituar indústria cultural e cultura de massa.
  • Analisar a música concreta e a música eletroacústica e caracterizar a música eletrônica.
  • Desenvolver a autoconfiança e a autocrítica por meio da experimentação artística.

Habilidades favorecidas neste Tema

(ê éfe seis nove á érre zero três), (ê éfe seis nove á érre um sete), (ê éfe seis nove á érre um oito), (ê éfe seis nove á érre dois um), (ê éfe seis nove á érre dois três), (ê éfe seis nove á érre três um), (ê éfe seis nove á érre três três) e (ê éfe seis nove á érre três cinco).

Contextualização

Se julgar oportuno, comente com os estudantes como funciona o fonógrafo. Explique a eles que o som se propaga por meio de ondas que, ao movimentarem as moléculas do ar, chegam a nossos ouvidos e são interpretadas pelo cérebro, que as transforma em informação.

O fonógrafo grava o som da seguinte maneira: ao falarmos em um grande cone, nossa voz, por meio de suas ondas sonoras, movimenta uma fina membrana localizada no fim desse cone; essa membrana se conecta a uma agulha que mecanicamente se movimenta, fazendo finos sulcos (riscos) em um cilindro que está horizontalmente posicionado e sendo girado por uma manivela.

Para a reprodução do som, realiza-se o mesmo movimento com a manivela, porém recolocando a agulha no início do cilindro. A agulha percorre esses sulcos, movimentando a membrana, que amplifica o som pelo cone.

Nesse momento, você po­de dizer aos estudantes que, no começo do século vinte, os estudos mais aprofundados da eletricidade e o domínio cada vez mais complexo de sua manipulação marcaram significativamente o avanço da tecnologia a serviço da música. Os compositores e instrumentistas passaram a utilizar diferentes equipamentos (microfones, alto-falantes, gravadores e reprodutores de som) e instrumentos musicais elétricos para a criação e a produção musical. Nesse período também ocorreu a popularização do rádio, que foi fundamental para a divulgação da produção musical em maior escala.

Música e indústria

O desenvolvimento do disco de vinil no final de 1940 marcou outro momento da história da música. Mais leves que os discos utilizados no gramofone, os discos de vinil possibilitaram a gravação de vários áudios organizados em faixas. Sua popularização contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da indústria da música, pois possibilitou a comercialização de discos em grande escala. Mesmo com o desenvolvimento de novas tecnologias, muitos artistas ainda lançam álbuns gravados em discos de vinil.

Fotografia. Capa e disco de vinil. A capa apresenta uma ilustração colorida de uma pessoa formada por elementos geométricos e o título 'Espiral de ilusão' Criolo. O disco de vinil é preto e tem a imagem da capa do disco impressa no papel que fica no centro dele.
O cantor e compositor Criolo, lançou, em 2017, o álbum Espiral de ilusão em vinil.

Outra invenção muito importante para a indústria e para a difusão da música em larga escala foi a gravação de áudio em fita magnética, tecnologia que se popularizou com a criação da fita cassete, em 1963. A fita cassete consiste em um rolo de fita magnética alojado em uma caixa de plástico. Os sons são gravados nessa fita.

Fotografia. Fita cassete antiga com rótulo branco e vermelho, feita de plástico transparente, de modo que é possível ver duas bobinas no centro.
Fita cassete.

No início da década de 1980, com o surgimento do compact disc , a música entrou na chamada era digital. A criação da tecnologia do cedê representou um grande avanço, pois com ele foi possível ampliar o tempo de gravação. Atualmente, em um cedê podem-se gravar até 80 minutos.

Fotografia. Caixa pequena de plástico transparente com um CD branco.
O cedê é produzido com acrílico.

Com o passar do tempo, os Cê dês foram sendo substituídos por diversos aparelhos que armazenam músicas. Embora pequenos, muitos desses aparelhos armazenam até milhares de músicas. E os avanços não pararam por aí. Na atualidade, a relação com o armazenamento e com o consumo de música mudou. Hoje, é possível ouvir qualquer música no momento que você desejar, desde que esteja conectado à internet.

Fotografia. Menino de cabelo cacheado longo castanho, vestindo camiseta branca, camisa xadrez azul e calça cinza, ouve música com fones de ouvido conectados a um notebook, que se encontra em seu colo.
O notebook é um dos aparelhos em que é possível armazenar e reproduzir músicas.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

1. Em grupo, realizem quatro a cinco entrevistas com pessoas da comunidade escolar ou de onde vocês vivem e registrem as respostas no diário de bordo para os seguintes questionamentos:

Ícone. Diário de bordo.

a) Que tecnologias os entrevistados mais utilizam para escutar música?

b) Por qual meio ou canal os entrevistados ouvem uma música pela primeira vez, quando elas são lançadas?

PARA VISITAR

Exposição virtual Sound and movement [Som e movimento], de Nakamura quíf rérin Collection.

Disponível em: https://oeds.link/11gbzQ. Acesso em: 15 maio 2022. Visite a exposição que mostra as parcerias do artista quíf rérin para a produção de capas de discos.

Respostas e comentários

Contextualização

Ao abordar a história da indústria fonográfica, destaque para os estudantes que a Casa Edson, na cidade do Rio de Janeiro, foi o primeiro estúdio de gravação no Brasil, fundado em 1900 pelo imigrante Tiéco Frederico (1866-1947). Também na mesma cidade e por iniciativa do mesmo empreendedor tcheco (de origem judaica), em 1913, foi inaugurada a primeira fábrica de discos no país, a Ôdeôn. Ela se encarregava de todo o processo industrial, desde a gravação da obra musical até a prensagem dos discos.

Na década de 1930, ocorreram várias mudanças nas tecnologias de gravação e de manipulação dos áudios, além do surgimento de gravações de novos gêneros musicais, entre eles notadamente o samba. Nessa época e até a década de 1960, havia também no Brasil as multinacionais Columbia e érre cê á-Victor, além da brasileira Ôdeôn e de mais outras indústrias fonográficas. De 1954 a 1984, no Recife – portanto, fóra do eixo Sul-Sudeste –, existiu uma importante fábrica de discos de capital totalmente nacional: a Rozenblit, fundada pelo comerciante José Rozenblit (1927-2016). Recifense, oriundo de uma família judia de origem romena, Rozenblit foi um admirador do frevo e de outros ritmos nordestinos.

Nos anos 1970, as gravadoras multinacionais começaram a interferir na produção nacional, dificultando a competição no mercado das gravadoras nacionais. Basta lembrar que, na década de 1980, das seis gravadoras existentes no país, apenas uma era brasileira.

Nos anos seguintes, ocorreu a reorganização dessas indústrias, por meio da flexibilização e do controle das vias de produção. Além disso, o advento da internet acarretou a criação de outro espaço de produção e de divulgação musical, e surgiram mais possibilidades de os selos independentes ocuparem o mercado e o aumento do comércio informal, como a pirataria.

Foco na linguagem

  1. Solicite aos grupos que realizem uma pesquisa, dentro ou fóra do ambiente escolar, a fim de saber quais fontes tecnológicas as pessoas pesquisadas escutam ou se elas consomem algum tipo de produção musical. Os estudantes podem perguntar aos entrevistados:
  • Onde normalmente você escuta música?
  • Você vai a shows ou espaços culturais para escutar música ao vivo? Com que frequência?
  • Em que meio de comunicação você costuma conhecer ou escutar uma música pela primeira vez?

Arte e muito mais

Quando as obras artísticas se tornam bens de consumo

Em meados do século vinte, os filósofos alemães mács rôcáime (1895-1973) e Theodor Adorno  (1903-1969), ao observar e estudar os efeitos da industrialização e da produção em larga escala na arte e na cultura, criaram o conceito de indústria cultural.

Segundo os estudos desses filósofos, ao seguir a lógica capitalistaglossário , as produções artísticas transformaram-se em bens que podem ser adquiridos por um valor monetário, promovendo o lucro dos empresários que as fornecem. Esses bens são produzidos em série e em larga escala, visando atender um amplo público consumidor.

O desenvolvimento da indústria cultural ampliou o mercado de trabalho para os artistas e facilitou o acesso da população a suas obras. Para atingir o maior número de pessoas (consumidores), entretanto, as produções da indústria cultural são padronizadas, como qualquer outro produto industrializado.

Fotografia. Mulher de guarda-chuva na rua. Ela está de costas e veste camiseta branca com listras horizontais pretas e calça jeans. Está com uma blusa amarrada na cintura e segura um guarda-chuva. Ao fundo, há uma fila de pessoas.
Fila de pessoas aguardando para entrar em evento musical realizado em São Paulo São Paulo, em 2017.

Faça no diário de bordo.

Ícone. Tema contemporâneo transversal: Multiculturalismo.

Com a ajuda do professor, você e os colegas vão identificar filmes do repertório de vocês que pertençam aos gêneros cinematográficos: ação, romance, comédia e terror. Depois disso, o professor disponibilizará uma cartolina para cada gênero, de modo que vocês possam registrar semelhanças e diferenças entre os filmes listados para cada gênero a fim de que analisem padrões de recepção das produções cinematográficas da indústria cultural.

Respostas e comentários

Arte e muito mais

Antes de iniciar o trabalho com esse tópico, como aquecimento para a aprendizagem e também a fim de avaliar os conhecimentos prévios dos estudantes sobre os assuntos tratados, você pode fazer algumas perguntas a eles, por exemplo: Vocês sabem o que são meios de comunicação de massa?; Vocês acham que os meios de comunicação podem influenciar as pessoas e moldar gostos e opiniões?

Explique a eles que os meios de comunicação de mas­sa são os veículos de comunicação que alcançam um grande número de pessoas, tais como canais de televisão, emissoras de rádio, grandes jornais. Partindo das respostas deles e dos exemplos que apresentarem, diga-lhes que, muitas vezes, para atingir um público cada vez maior, os meios de comunicação criam produtos padronizados, ou seja, massificam o gosto das pessoas, sem levar em conta as particularidades delas.

Orientações para a pesquisa

A proposta de pesquisa da recepção de filmes da indústria cultural se relaciona com o Tema contemporâneo transversal Multiculturalismo, com ênfase no subtema Diversidade cultural. Os estudantes deverão conversar sobre os filmes de seu interesse, observando padrões nos gêneros cinematográficos. Essa proposta pode ser desenvolvida em parceria com o professor de História.

A proposta pode ser organizada em algumas etapas:

  1. Peça ajuda aos estudantes para fazer um levantamento de cinco a dez filmes dos gêneros: ação, romance, comédia e terror. Escreva os títulos dos filmes na lousa, organizando uma coluna para cada gênero. 
  2. Organize quatro ilhas na sala de aula, uma para cada gênero, e deixe uma cartolina em cada ilha. 
  3. Individualmente ou em grupo, os estudantes poderão circular livremente entre as ilhas que quiserem, para anotar na cartolina ou nas cartolinas semelhanças (padrões) entre os filmes de cada gênero ou características que os diferenciam, de acordo com a história de cada filme que compõe a lista do mesmo gênero. 
  4. É importante deixar a turma livre para transitar como preferir, já que, para expor seu gosto e seus interesses, nessa idade, é comum que eles se reúnam com os colegas com os quais têm mais afinidade, para se sentirem seguros. 
  5. Ao final da proposta, exponha as cartolinas para que os estudantes analisem as informações registradas. 
  6. Para concluir a conversa, peça a eles que reflitam e conversem sobre os padrões identificados, relacionando essa percepção com a discussão sobre a indústria cultural e a cultura de massa. Por exemplo: O que caracteriza os filmes de terror? Como são as personagens dos filmes de romance? 
  7. Peça-lhes que produzam um registro sobre a experiência no diário de bordo. Os estudantes podem ser avaliados pela criatividade, pela cooperação, pelo comprometimento com as orientações de cada etapa e pelas contribuições críticas à conversa.

A cultura de massa

A consolidação do ideal capitalista de produção artística ocorreu em meados do século vinte, com a popularização dos jornais, do cinema, do rádio e da televisão, meios fundamentais para a difusão dos produtos da indústria cultural. Esses meios de comunicação são considerados veículos de comunicação de massa, pois atingem um grande público e, assim, difundem produtos e ideias.

Ao servir de meio de divulgação dos produtos da indústria cultural, os veículos de comunicação colaboram para a difusão da cultura de massa, termo utilizado para designar a produção destinada ao grande público.

Muitas vezes, são divulgados produtos sem considerar a heterogeneidade do público. Em razão disso, os veículos de comunicação de massa colaboram com a homogeneização do gosto popular, contribuindo para a alienação da população. Na segunda metade do século vinte, diversos artistas visuais passaram a produzir obras nas quais criticavam o consumismo excessivo.

Charge. Ilustração de uma cena com dois homens observando três galinhas d'angola ciscando o chão. As galinhas são pretas com bolinhas brancas e duas delas piam 'tô fraca, tô fraca, tô fraca', mas uma delas pia 'tô em crise, tô em crise, tô em crise'. À direita, um homem de chapéu de palha, vestido com camiseta azul-claro e calça azul e outro homem calvo, de bigode, vestido com camiseta amarela e calça verde, que explica 'O problema dessa aí é que ela fica assistindo muito TV, lendo jornais e vendo notícias na internet!'
Charge de Dúqui sobre os meios de comunicação, publicada no jornal O Tempo, em 2010.
Tirinha em três cenas. Cena 1. Homem de cabelo curto castanho, vestido com uma blusa azul se apoia no encosto de uma poltrona, na qual há um gato laranja sentado, assistindo televisão. Ele pergunta: 'A que você está assistindo?', e o gato responde com um balão de pensamento: 'Sei lá!'. Cena 2. O homem pergunta 'Quem é o apresentador?', e o gato responde com um balão de pensamento: 'Sei lá!'. Cena 3. O homem pergunta: 'Qual é o enredo?', e o gato, com cara brava, responde em pensamento: 'Estou vendo televisão! Pare de me fazer pensar!'
Tirinha do personagem Garfield, de 2006.

Faça no diário de bordo.

FOCO NA LINGUAGEM

1. Reúna-se com um colega. Discutam o significado das palavras heterogeneidade, homogeneização e alienação presentes no texto desta página. Depois da discussão, registrem suas conclusões no diário de bordo e as apresentem aos demais colegas.

Ícone. Diário de bordo.

2. Como podemos relacionar a charge reproduzida nesta página com a atividade anterior?

3. Qual é sua opinião a respeito do tema abordado na charge?

4. Sobre a tirinha da personagem Garfield reproduzida nesta página, responda no diário de bordo.

a) Qual é a ideia central apresentada?

b) Qual é a sua opinião a respeito do tema abordado?

Respostas e comentários

Contextualização

Se achar oportuno, comente com os estudantes que a indústria cultural pode, por meio dos veículos de comunicação, controlar a opinião das pessoas e influenciar suas escolhas. Diga-lhes que, para evitar esse controle, é fundamental desenvolver o senso crítico, julgando tudo o que é visto na internet, na televisão, nos jornais. Sobretudo, é importante tentar descobrir os verdadeiros objetivos e significados daquilo que esses meios de comunicação apresentam. O componente História pode contribuir muito nesse momento de reflexão. Se possível, estabeleça uma parceria com o professor dessa área. Para ampliar a questão, leia o texto “Indústria cultural e cultura de massa”, nas Leituras complementares, nas páginas iniciais deste Manual.

Foco na linguagem

  1. De acordo com o texto, a palavra heterogeneidade refere-se às singularidades do público consumidor. A palavra homogeneização faz referência ao processo de igualar ou massificar o gosto popular, por meio da imposição de padrões e valores difundidos pelos veículos de comunicação de massa, não atentando para as características peculiares dos indivíduos ou grupos. Já o termo alienação refere-se à perda da capacidade de refletir sobre o que é veiculado e ao consumo de produtos, marcas e ideias com base nas imposições da mídia, e não em necessidades reais e valores pessoais.
  2. A terceira galinha apresenta um comportamento diferente do das demais, pois foi influ­enciada pelas informações veiculadas pela televisão, pelo jornal e pela internet.
  3. Peça aos estudantes que apresentem sua opinião aos colegas. Nesse momento, se julgar oportuno, promova um debate sobre a influência exercida pelos meios de comunicação.
    1. A ideia central da tirinha é de que, quando assistimos a programas de televisão, não pensamos, pois perdemos nossa capacidade de refletir sobre o que vemos e ouvimos, adotando um com­portamento alienado.

b. Espera-se que os estudantes se posicionem a respeito do assunto e consigam formular uma opinião sobre a linguagem televisiva. Lembre-os de que não precisamos deixar de assistir à televisão, mas que devemos desenvolver uma postura crítica sobre tudo aquilo que vemos e ouvimos.

A música concreta

A possibilidade de registrar sons promoveu uma série de inovações na música. Uma dessas inovações foi a música concreta, conceito que surgiu no final da década de 1940 e que se caracteriza pela criação de peças musicais com base na gravação e na manipulação de sons existentes, como o de rolhas saindo de garrafas e os produzidos por trens em movimento. Para isso, os músicos concretistas utilizavam a gravação em fitas magnéticas.

Os sons gravados eram utilizados de diversas fórmas. Os concretistas, por exemplo, conseguiam remover ou realocar trechos nas fitas, tocar trechos com velocidade mais rápida ou mais devagar, tornando os sons mais graves ou mais agudos e até mesmo tocar fitas ao contrário. Essas manipulações eram feitas em estúdios, como o retratado na fotografia a seguir.

Fotografia em preto e branco. Homem de cabelo curto e óculos de armação preta, vestido com uma camisa xadrez, está sentado em uma cadeira e opera aparelhos de som antigos em um estúdio. Em primeiro plano, é possível observar fitas de rolo, que eram usadas para gravar música antigamente.
O compositor francês piérr anrrí em estúdio musical. Fotografia da década de 1950.

Os pioneiros da música concreta foram piér chéfer (1910-1995) e piérr anrrí (1927-2017). Na década de 1950, e Enri lançaram “Sinfonia para um homem só”, uma das composições mais importantes da música concreta. Essa música consiste na gravação de sons emitidos por diversas pessoas.

Fotografia em preto e branco. Homem de cabelo curto, vestido de terno, sentado em uma cadeira, segura fitas longas emaranhadas, que vão da sua mão até o chão. Em cima da mesa, há duas pilhas de fitas de rolo.
O músico piér chéfer. Fotografia de 1961.
Fotografia. Homem de cabelo grisalho e barba longa, com óculos de armação arredondada, vestido com camisa marrom, sentado em frente a um painel com diversos botões.
piérr anrrí, em Paris, França, em 2008.
Respostas e comentários

Contextualização

Ao abordar esse tema, comente com os estudantes que o compositor piér chéfer (1910-1995) nasceu na França. Em 1936, ao iniciar seu trabalho no Office de Radiodiffusion Télévision Française, órgão nacional responsável pela transmissão da rádio e televisão pública, começou a utilizar os equipamentos para suas pesquisas de manipulação e gravação sonora. Em 1949, ele conheceu o compositor, também francês, piérr anrrí (1927-2017), fundando o grupo de pesquisa de música concreta.

Comente com a turma que a música concreta envolve todos os processos de composição de fragmentos sonoros produzidos por sons do ambiente, de ruídos e de instrumentos e, posteriormente, manipulados em um estúdio com equipamento de edição.

Hermeto Pascoal

No Brasil, um músico influenciado pela música concreta é Hermeto Pascoal. Observe, a seguir, uma fotografia desse músico e responda: Você reconhece o instrumento musical que ele está tocando? Comente com os colegas.

Fotografia. Homem de cabelo e barba longos e grisalhos, com chapéu de palha, vestido com uma camisa laranja, toca um instrumento de metal em formato de chaleira diante de um microfone.
Hermeto Pascoal durante apresentação em Nova York, Estados Unidos, em 2010.

Nascido em Lagoa da Canoa Hermeto é um dos mais reconhecidos músicos brasileiros. É multi-instrumentista (toca diversos instrumentos musicais) e arranjador, profissional que define como uma música será “distribuída” entre os diferentes instrumentos − como cada um deles participará na execução de uma música.

Além de tocar instrumentos convencionais, como acordeão, flauta e violão, Hermeto cria instrumentos utilizando materiais inusitados, como chaleiras e canos.

Para criar suas composições, Hermeto também capta sons do cotidiano e os transforma em música.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

1. Ouça o áudio “’Quando as aves se encontram nasce o som’, de Hermeto Pascoal”. Você identifica os sons que foram utilizados pelo artista nessa música? Qual é a relação desses sons com o título da música?

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Respostas e comentários

Contextualização

Auxilie os estudantes na lei­tura da imagem e incentive-os a elaborar hipóteses livremente.

Questione-os se Hermeto está tocando um instrumento convencional. Após ouvir as considerações, dê continuidade à leitura do texto.

Comente com os estudantes que Hermeto Pascoal, desde criança, explorou diferentes materiais para criar sons e aprendeu a tocar diversos instrumentos musicais, entre os quais acordeão e pandeiro.

Em 1950, Hermeto mudou-se para o Recife Pernambuco e passou a trabalhar na Rádio Jornal do Commercio. Em pouco tempo, atraído pelo mercado da música, mudou-se para o Rio de Janeiro Rio de Janeiro e depois para São Paulo São Paulo. Pouco depois, o trabalho de Hermeto Pascoal foi reconhecido nacional e internacionalmente.

Foco na linguagem

1. Espera-se que os estudantes mencionem o fato de o artista ter utilizado sons de pássaros na criação dessa música. Comente que, entre as aves cujo canto foi captado, estão uirapuru, sabiá, fogoapagou, galo, bacurau etcétera Eles devem relacionar a captação e a junção do som do canto das aves com o título “Quando as aves se encontram nasce o som”.

Indicação

Além de músicas, vídeos e de sua agenda de shows, o site do artista revela um lado pouco conhecido: ele também é desenhista! Conheça os desenhos no site, disponível em: https://oeds.link/LN1vx5. Acesso em: 15 maio 2022.

“Aproveitem bastante”

Em 2008, Hermeto Pascoal escreveu um bilhete autorizando qualquer músico no Brasil ou no mundo a gravar suas músicas. Esse bilhete ainda hoje está disponível no site oficial do músico. Observe, a seguir, uma reprodução dele.

Transcrição do bilhete de Hermeto Pascoal

“Eu Hermeto Pascoal declaro que a partir desta data libero, para os músicos do Brasil, e do mundo, as gravações em cedê de todas as minhas músicas que constam na discografia deste site. Aproveitem bastante.

Hermeto Pascoal

Curitiba, 17 do 11 de 2008

Testemunha: Aline Morena”

Ilustração. Bilhete colorido escrito com letra infantil, que diz 'Eu Hermeto Pascoal declaro que a partir desta data libero, para os músicos do Brasil e do mundo, as gravações em CD de todas as minhas músicas que constam na discografia deste site. Aproveitem bastante. 17 de 11 de 2008. Testemunha: Aline Morena'. Na base do recado, há um desenho abstrato junto à assinatura do artista que se assemelha a uma face de pessoa sorrindo.
Reprodução do bilhete do músico.

Ao tomar essa atitude, Hermeto abre mão de parte dos direitos autorais sobre suas criações. Os direitos autorais são o conjunto de leis que garantem aos autores a posse de suas criações.

No Brasil, há leis de proteção ao autor desde o início do século dezenove. Os direitos autorais, regulamentados em 1998, são classificados atualmente como morais e patrimoniais. São exemplos de direitos morais: exigir a autoria da obra, ter o nome anunciado em sua utilização, modificar a obra a qualquer momento e mantê-la inédita. São exemplos de direitos patrimoniais: comercializar a obra, autorizar seu uso, tradução ou reprodução, de fórma integral ou parcial, e realizar ou autorizar qualquer modificação na obra.

Respostas e comentários

Contextualização

Se considerar oportuno, fale com os estudantes sobre o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, ou simplesmente ecád.

O Ecad é uma instituição privada, sem fins lucrativos, com séde na cidade do Rio de Janeiro. Fundado em 1976, tem como principal objetivo centralizar a arrecadação e distribuição dos direitos autorais de execução pública musical. Assim, o ecád arrecada os direitos autorais de cada música tocada publicamen­te no Brasil, como as que tocam no rádio, na tê vê, em shows, bares, academias, lojas, entre outros.

Ao abordar a questão dos direitos autorais, aproveite para conversar com os estudantes a respeito do plágio e da pirataria. Explique que quem apresenta uma obra produzida por outra pessoa como se fosse de sua própria autoria comete plágio, que é crime, uma vez que viola os direitos do autor.

Por sua vez, pirataria é o ato de copiar ou reproduzir obras sem autorização dos autores. A pirataria é uma atividade que atinge diversos setores. Brinquedos, materiais esportivos, roupas de estilistas famosos, Cê dês, Dê vê dês, utensílios domésticos, entre outros, são copiados e comercializados ilegalmente. A pirataria também ameaça a produção literária. Muitas pessoas fazem cópias ilegais de textos de livros, jornais, revistas ou mesmo da internet, prejudicando os verdadeiros autores, que não recebem direitos patrimoniais sobre sua produção.

Na área musical, no caso de uma canção, a legislação reconhece os direitos morais e patrimoniais dos autores da letra (autor) e da música (compositor). Cabe ao autor ou ao compositor autorizar a reprodução e até mesmo a criação de uma versão, isto é, uma nova criação derivada de sua obra original. Quem faz a versão de uma música é chamado autor-versionista. No Brasil, alguns músicos fazem versões de canções estrangeiras; por exemplo, o cantor e compositor Lulu Santos fez uma versão de Here comes the sun”, de jórdgi rérisson (1943-2001), gravada pela banda Os Beatles, que conhecemos no Tema 1. O título dessa versão é “Lá vem o sol”.

Fotografia. Homem de cabelo curto grisalho e barba curta, vestido com camiseta roxa, canta e toca guitarra em um show.
O cantor e compositor Lulu Santos em show na cidade de São Paulo São Paulo, em 2018.

No Brasil, Chiquinha Gonzaga destacou-se como pioneira na luta pelos direitos autorais. Em 1917, ela fundou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (ésse bê á tê), a primeira entidade criada para proteger os direitos autorais no Brasil. Nessa época, suas canções faziam sucesso, sobretudo no teatro musicado, e Chiquinha percebeu que seria justo receber, como autora, parte da arrecadação da bilheteria de um espetáculo em que suas músicas fossem executadas.

Fotografia em preto e branco. Mulher de cabelo longo preso com tecido, com o rosto apoiado sobre a mão esquerda. Ela olha para baixo, pensativa.
Chiquinha Gonzaga. Fotografia de 1877.
Respostas e comentários

Domínio público

A legislação brasileira prevê que os direitos de autoria sobre as produções durem por um tempo determinado. Assim, passados setenta anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao do falecimento do autor, as obras passam ao domínio público. O mesmo ocorre com as produções de autores falecidos sem herdeiros e as de autoria desconhecida. Para facilitar o acesso às obras que são de domínio público, ou que tiveram sua reprodução autorizada, o governo federal tem um portal na internet intitulado Domínio Público, uma biblioteca digital de acesso livre. Nesse portal, textos importantes da literatura brasileira, como Iracema, de José de Alencar (1829-1877), e O Abolicionismo, de Joaquim Nabuco (1849-1910), podem ser lidos gratuitamente. Além de textos, o site disponibiliza sons, imagens e vídeos para pesquisa.

Entre textos e imagens

A poesia concreta

A poesia concreta foi criada por alguns poetas que se opunham às fórmas utilizadas nos poemas tradicionais por considerá-las rígidas e ultrapassadas. Esses poetas romperam com os modelos tradicionais e passaram a utilizar em suas obras recursos como a organização não linear das palavras na página, espaços em branco e elementos visuais e sonoros.

No Brasil, os principais poetas a se dedicar à poesia concreta foram Décio pinhatari (1927-2012) e os irmãos Haroldo de Campos (1929-2003) e Augusto de Campos.

Na poesia concreta, para criar efeitos de sentidoglossário e comunicar ideias, combinam-se o uso das palavras e sua disposição na página. Observe essas características no poema “Ver navios”, de Haroldo de Campos, reproduzido a seguir. Nesse poema, as palavras formam uma seta, dando a impressão de movimento. Os verbos utilizados (“vem”, “vai”, “vir”) também sugerem a ideia de movimento.

Fotografia. Poema concreto com palavras dispostas geometricamente, formando um desenho que propicia movimento e significação ao texto poético: “vem navio. vai navio. vir navio. ver navio. ver não ver. vir não vir. vir não ver. ver não vir. ver navios”.

CAMPOS, Haroldo de. Ver navios. In: CAMPOS, Haroldo de. Xadrez de estrelas. São Paulo: Perspectiva, 1976.

Faça no diário de bordo.

Questão

1. Com a orientação do professor, reúna-se com um colega. Após lerem o poema “Ver navios”, de Haroldo de Campos, respondam: Qual seria o sentido da expressão “ver navios” no final do poema? Registrem suas conclusões no diário de bordo.

Ícone. Diário de bordo.
Ícone. Diário de bordo.
Respostas e comentários

Entre textos e imagens

Apresente aos estudantes informações a respeito da importância da poesia concreta para a literatura nacional e sobre a relação dos poetas concretos com artistas de outras linguagens, como os artistas visuais e os músicos.

O texto a seguir pode auxiliá-lo nessa ampliação.

[Poesia concreta]

“Na história das artes brasileiras, certos movimentos ocorridos ao longo das últimas sete ou oito décadas causaram forte impacto quando de sua aparição, mas ganharam importância redobrada pela permanência de seus efeitos em gerações posteriores. O caso mais evidente é o da Semana de Arte Moderna, que sacudiu São Paulo em 1922 e cujos efeitos se alastram até hoje, tendo, nesse meio­-tempo, gerado outros movimentos – espécie de ‘filhotes’ assumidos.

Naturalmente, outros movimentos tiveram impacto quando de sua eclosão, mas terminaram por ser apenas marcas em calendários do passado.

Não é, nem de longe, o caso da poesia concreta, que apareceu no bojo da Exposição Nacional de Arte Concreta realizada há pouco mais de meio século. Primeiro, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956, e no ano seguinte na séde do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, aquele evento foi um dos primeiros – senão o primeiro – realizado em todo o mundo, reunindo pintores, escultores e poetas que integravam um projeto comum de criação, a arte concreta. De passo, implantou um novo design em nosso país, rompendo assim, e de uma só vez, uma série de barreiras, dogmas e preconceitos que se impunham sobre vários campos das nossas artes. Sua influência sobre a música brasileira, por exemplo, não foi imediata – mas quando surgiu se fez definitiva.

No caso específico da poe­sia, a partir de um grupo no qual se destacavam os nomes de Augusto de Campos, Décio pinhatari, Haroldo de Campos, Ferreira Gullar, , José Lino grínvald e Ronaldo Azeredo, os efeitos foram formidáveis. Tanto assim, que a poesia concreta brasileira obteve repercussão internacional, e sua influência notável se fez – e se faz – sentir na produção poética de vários países, ao longo de gerações.

reticências

Ao trabalhar de fórma integrada o som, a visualidade e o sentido das palavras, a poesia concreta propôs, desde meados dos anos 1950, novas maneiras de fazer poesia, visando a uma ‘arte geral da palavra’. Concebida por Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, acompanhados de Ronaldo Azeredo e José Lino grínvald, no calor do empreendimento mais geral de construção de um Brasil moderno, como um projeto em desenvolvimento – cujas bases teóricas foram resumidas no plano-piloto para poesia concreta –, esta poesia coloca em jogo fórmas renovadas de experiência que alargam os parâmetros de discussão do âmbito literário.

reticências

Os cinco poetas estabeleceram, desde o início, ligações entre a sua produção, a música contemporânea, as artes visuais e o design gráfico de linhagem construtivista, reprocessando elementos dessas artes em seus poemas. Mantiveram colaboração com artistas como Geraldo de Barros, Waldemar Cordeiro, Luiz Sacilotto, Hermelindo Fiaminghi, Volpi, Julio Plaza e Hélio Oiticica, entre outros. Paralelamente à valorização do estrato sonoro da poesia, estabeleceram contato também com compositores e intérpretes, seja na esfera da música erudita (entre eles Gilberto Mendes, Rogério Corrêa de Oliveira, Júlio Medaglia e Livio Tragtenberg), seja na da música popular (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Arrigo Barnabé e muitos outros).”

BANDEIRA, João; BARROS, Lenora de (organizador). Poesia concreta: o projeto verbivocovisual. São Paulo: Artemeios, 2008. página 5-9.

Questão

1. O poema “Ver Navios” é estruturado de fórma que se sugere o movimento de ir e vir de um navio. O último verso, “Ver navios”, remete à expressão popular ficar a ver navios, que significa ficar frustrado. Desta fórma, compreende-se que o autor busca expressar a frustração de ficar à espera de ver ou não o navio e o seu movimento.

Arnaldo Antunes e a poesia concreta

Um dos artistas brasileiros influenciados pelo Concretismo foi Arnaldo Antunes. Poeta, músico e artista visual, ele produz músicas, poemas e obras de arte que abordam a visualidade das palavras. Em suas obras, usa diferentes tipos e cores de letra e os dispõe de maneira inusitada para transmitir um conteúdo poético.

Leia, a seguir, o poema “Luz”, de Arnaldo Antunes.

Fotografia. Homem de cabelo curto, vestindo casaco preto, olha para o lado e sorri.
Arnaldo Antunes em São Paulo São Paulo. Fotografia de 2017.
Fotografia. Poema concreto, disposto graficamente para dar a sensação de movimento e proporcionar significado ao texto: 'luz / na luz / não é nada / só sombra / é nada / luz na luz / na luz / não é nada / só sombra /  é nada / luz na luz / na luz / não é nada / só sombra / é nada / luz na luz / na luz / não é nada / só sombra / é nada / na luz'. Algumas palavras no centro estão destacadas em negrito, de modo que se forma um jogo visual de luz e sombra.

ANTUNES, Arnaldo. Luz. In: ANTUNES, Arnaldo. Psia. quarta edição São Paulo: Iluminuras, 1998.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

  1. Além de “brincar” com a disposição das palavras, que recurso visual Arnaldo Antunes utilizou na composição do poema “Luz”?
  2. Crie seu próprio poema concreto. Realize a sua criação em um cartaz ou digitalmente para favorecer o recurso visual. Escolha o tema antes da criação e experimente diferentes fórmas para desenvolvê-lo. Apresente o resultado a seus colegas.
Respostas e comentários

Foco na linguagem

  1. Os recursos gráficos são ferramentas importantes para compor poemas concretos. No poema “Luz”, Arnaldo Antunes utilizou o negrito para simular o jogo entre luz e sombra, abordado no poema. No centro da composição, Antunes usou uma fonte maior para destacar o verso “luz na luz”, simulando um efeito de espelho.
  2. Organize um tempo adequado para a realização desta proposta. Reserve um tempo para buscar e mostrar diferentes referências de poemas concretos para ampliar o escopo referencial e incentivar os estudantes. Se considerar pertinente, a criação do poema pode ser feita em casa.

A música eletroacústica

Com o tempo, os procedimentos de geração e manipulação de sons gravados oriundos da música concreta levaram à criação da música eletroacústica.

As músicas eletroacústicas são compostas de sons gravados, sintetizados e, posteriormente, combinados e transformados por meio de equipamentos de áudio e programas de computador. Ouça o áudio “Trecho de música eletroacústica produzida pelo professor e compositor José Augusto Mannis”. Depois, tente identificar os diferentes sons que compõem essa música.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Fotografia. Homem de óculos com cabelo curto castanho, vestido com uma camisa com tons de cinza. Ele está sentado entre um teclado e telas de computadores, entre outros aparelhos eletrônicos.
José Augusto Mannis, em Campinas São Paulo. Fotografia de 2018.

A música eletroacústica é composta em estúdio e não utiliza partitura convencional. Em uma apresentação de música eletroacústica, não há músicos no palco. Nesses concertos, o teatro é cercado de caixas acústicas e, em cada uma delas, é possível ouvir um som diferente. O objetivo é levar os ouvintes a perceber os sons espalhados pelo teatro, estando imersos em um novo espaço sonoro e musical.

Fotografia. Vista do alto de um palco com alto-falantes em pedestais posicionados como se fosse uma orquestra. A plateia está vazia e, ao fundo, há cortinas vermelhas.
Orquestra de alto-falantes do Studio PANaroma de Música Eletroacústica da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” , 2014.
Respostas e comentários

Contextualização

Esse tópico sugere a escuta da obra do compositor paulistano José Augusto Mannis. Mannis iniciou seus estudos em engenharia elétrica em 1976. A partir de 1977, passou a estudar composição na Unesp. Em 1979, foi estudar no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris, cidade onde também realizou seu mestrado. De volta ao Brasil, tornou-se professor na unicâmpi, onde ensina composição, contraponto e acústica musical.

É importante destacar as diferenças existentes entre música concreta, música eletrônica e música eletroacústica. O texto a seguir poderá ajudá-lo a estabelecer essa distinção.

[Por que escrever sobre a música eletroacústica?]

“Na verdade, o termo ‘música eletrônica’ foi introduzido pela linguista vérner máier épler em 1949 para designar, na Alemanha, a prática de composição feita em estúdio e que se iniciava naquela época, encabeçada mormente pelo compositor Herbert Eimert e, um pouco mais tarde, pelos compositores e outros, e que se distinguia da recém-inventada música concreta, tal como esta estava sendo praticada na França desde 1948 através daquele que consideramos o ‘pai do gênero’: Pierre .

Ao utilizarem o termo ‘música eletrônica’ para a música do tipo dos DJs, pelo simples fato de que se faz uso constante de aparelhos eletrônicos – algo que, se tivesse qualquer razão de ser, poderia ter sido feito já bem antes pela própria música pop, como, por exemplo, pelo rock –, desconsidera-se por completo que o termo já existia como jargão mais que comum dentro da área da chamada música experimental – volto a frisar, ainda que com ressalvas quanto ao termo, pelo fato de ele mais afastar do que aproximar essa música de ouvintes leigos: pela música ‘erudita’.

O termo ‘música eletroacústica’ será então utilizado, a partir principalmente de 1958, para se referir tanto à música concreta (de origem francesa) quanto à música eletrônica (de origem alemã), uma vez que ambas as práticas tendiam a amalgamar-se no que tange à origem dos sons utilizados na obra musical: se a música concreta optava inicialmente pelo processamento ou tratamento sonoro de sons já existentes, ‘concretos’, a música eletrônica preferia gerar seus próprios sons através das técnicas de síntese sonora, extraindo dos aparelhos eletrônicos (originalmente projetados para o rádio) o que estes podiam fornecer como materiais sonoros. Síntese e tratamento constituíam – e até hoje constituem –, assim, os dois pilares fundamentais de toda e qualquer prática composicional realizada em estúdio eletrônico, e o termo ‘eletroacústico’ indicava, então, que os compositores começavam a optar não mais pelo exclusivismo quanto a apenas um desses procedimentos, mas antes pela utilização tanto de síntese quanto de tratamento sonoro em uma mesma composição reticências.”

Eloy. Música eletrônica: uma introdução ilustrada. Porto Alegre: Editora da u éfe érre gê ésse, 2008. página 17.

A música eletrônica

Anteriormente, nesta Unidade você conheceu a música concreta. Mas você sabe o que é música eletrônica?

Em meados do século vinte, o compositor que se destacou na época foi o alemão cárl ráins chitóc ráuzen (1928-2007); sua preocupação era criar música eletrônica “pura”, que partisse diretamente de recursos eletrônicos, com sons gerados eletronicamente.

Fotografia. Homem de cabelo grisalho, vestido com camisa branca com um casaco amarelo.
cárl ráins chitóc ráuzen em fotografia de 2002.

Por volta da década de 1960, a música eletrônica passou a receber críticas, pois seus sons eram considerados artificiais e incapazes de reproduzir as sutilezas expressivas dos instrumentos acústicos. Começaram a surgir, então, nesse momento, composições musicais mistas, que combinavam sons eletrônicos e sons acústicos. Até mesmo o músico cárl ráins chitóc ráuzen compôs várias peças desse tipo, entre elas a famosa (Canto dos adolescentes), criada entre 1955 e 1956, na qual o compositor usou a gravação da voz de um menino e materiais gerados eletronicamente.

Passado o entusiasmo inicial pela música gravada, alguns compositores começaram a se interessar por um novo tipo de música eletrônica, na qual os equipamentos musicais eletrônicos eram apresentados em performances ao vivo, muitas vezes acompanhados por instrumentos acústicos convencionais. O compositor estadunidense Djón Kêidge (1912-1992) foi um dos principais nomes desse tipo de composição.

Genericamente, todas essas vertentes podem ser consideradas “música eletrônica”, pois envolvem o uso de recursos eletrônicos em sua produção e em sua audição. Entretanto, a expressão música eletrônica é empregada mais frequentemente para as músicas cujos sons são produzidos (e não apenas manipulados) eletronicamente.

Fotografia em preto e branco. Homem de perfil, vestido com uma camisa branca, mexe em uma mesa de controle de som.
Djón Kêidge em Saint-Paul-de-Vence, França, em 1966.
Respostas e comentários

Contextualização

Peça aos estudantes que comentem livremente o que sabem da música eletrônica. Depois, esclareça que − de acordo com o Dicionário Grove de Música − a música eletrônica é toda “música produzida ou modificada por meios eletrônicos, de tal fórma que seja necessário equipamento eletrônico para poder ser ouvida” (, istânlei (edição). Dicionário Grove de Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. página 634).

Comente que a música eletrônica erudita, por seu caráter experimental, costuma causar estranhamento nos estudantes, que, muitas vezes, se mostram refratários a conhecer algo muito distante de suas referências musicais cotidianas.

Um caminho interessante de aproximação com esse tipo de música são as apresentações performáticas, que incluem elementos não apenas sonoros, mas também visuais. Nesse sentido, caso ache interessante aprofundar um pouco esse tópico fornecendo oportunidades de apreciação musical, uma sugestão é procurar na internet vídeos de apresentações de peças do artista Djón Kêidge. Em uma de suas composições mais famosas, intitulada quatro minutos e trinta e três segundos (quatro minutos e trinta e três segundos), os músicos entram e ficam sem tocar nenhum som durante esse intervalo de tempo, após o qual a música termina.

Uma intenção possível do compositor Djón Kêidge, ao colocar os músicos em silêncio, seria chamar a atenção para os sons do ambiente, os ruídos presentes nas salas de espetáculo e a impossibilidade da existência do silêncio absoluto.

Essa peça pode ser tanto para qualquer instrumento solista quanto para qualquer tipo de orquestra ou outra formação instrumental.

Além dessa composição, há muitas outras desse compositor que podem ser pesquisadas e gerar interesse na turma.

A música pop eletrônica

A música eletrônica possibilitou, também, trocas de experiências e diversas parcerias entre artistas da música erudita e da música popular. Recursos eletrônicos foram incorporados, por exemplo, ao rock e ao jazz nos anos 1960 e 1970 e, nas décadas seguintes, surgiram gêneros específicos de música pop eletrônica. Visando principalmente ao público das danceterias, essa música se caracterizava pela presença de uma batida bem marcante e repetitiva e, ainda hoje, é bastante difundida em alguns locais.

Outras vertentes da música pop eletrônica podem ser encontradas, por exemplo, nas músicas feitas para jogos eletrônicos e nas músicas compostas por DJs cujas criações baseiam-se em músicas já gravadas por outros músicos como matéria-prima para suas montagens e mixagens.

Fotografia. Homem de barba e cabelo castanhos, mexe em um notebook em uma mesa de som em um show a céu aberto. Ele está usando fones de ouvido grandes. À direita, algumas pessoas em pé apreciam o espetáculo.
O DJ Caio Moura durante apresentação em São José dos Campos São Paulo, em 2017.

É importante lembrar ainda que, tanto na música erudita quanto na música popular, na atualidade os recursos eletrônicos se converteram em recursos digitais.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

1. Com a orientação do professor, pesquise na internet alguma música pop eletrônica (música techno, música de jogos, de DJs Traga para a sala de aula o resultado da sua pesquisa na data agendada pelo professor e compartilhe-o com os colegas. Ouça também o que os colegas têm a dizer sobre a pesquisa deles.

Respostas e comentários

Contextualização

Se julgar oportuno, retome aqui os conhecimentos desenvolvidos nesta Unidade sobre os instrumentos eletrônicos no rock e na música brasileira.

Foco na linguagem

1. Oriente os estudantes quanto à pesquisa (indicando alguns links que sejam confiáveis), que pode ser realizada em casa ou na sala de informática (caso a escola tenha uma). Na data agendada, organize em sala de aula o compartilhamento de informações que eles trouxerem.

Indicação

MARKE, Eric. : a história da música eletrônica brasileira. São Paulo: litera rua, 2017.

Nesta obra, o DJ e jornalista Eric Marke apresenta a história da música eletrônica no Brasil, mostrando técnicas, personalidades, instrumentos e apresentações, partindo da década de 1930, passando pelos anos 1980 e 1990 e chegando à atualidade.

Artista e obra

DJ Caio Moura

A seguir, você vai ler uma entrevista com o DJ Caio Moura.

Entrevistador: Caio, como surgiu seu interesse em ser DJ?

Caio Moura: Eu toco violão desde os 12 anos de idade, tive uma banda nessa época também. Meu pai já deu aulas de música no passado e me ajudou muito nessa fase inicial de musicalização. Sempre me atraiu a ideia de expressar ideias através de sons e, a partir dos 18 anos, comecei a me envolver com a música eletrônica e com o mundo do Psytrance. Desde então, venho pesquisando a fundo técnicas de mixagem digital

Entrevistador: Como o DJ prepara as músicas que vai tocar?

Caio Moura: Cada DJtem sua própria metodologia. Existem DJs que tocam qualquer tipo de música, assim como existem aqueles que levam uma tracklistpronta com o gênero que ele escolheu, num conceito bem fechado e definido. Isso vai de acordo com o objetivo do DJ em sua apresentação. Na configuração tradicional, sempre existem três elementos essenciais que o DJ vai utilizar: 2 CDJs ou 2 picapes de vinil (interfaces onde as músicas tocam), 1 mixer ou 1 mesa de som com no mínimo 2 canais (interface onde o DJ vai mesclar as duas músicas que estão tocando em 2 ou mais canais de áudio) e 1 fone de ouvido (para ouvir isoladamente cada canal, sem que o público ouça o trabalho de sincronização das faixas).

Entrevistador: O que é um set de música eletrônica?

Caio Moura: Um set é a compilação da seleção de músicas que o DJ vai apresentar, na sequência que ele determinou. O DJ set tradicional de música eletrônica é o resultado da capacidade do DJ de fazer as transições de uma música para outra sem perder a narrativa sonora à qual ele se propôs. Obviamente isso é muito subjetivo, e a maioria das pessoas não percebe a transição, mas quando oDJ erra o compasso ou entrada (ou ‘samba’, como é o jargão) fica perceptível para todos.

Entrevistador: Que sugestões você daria para alguém que quer se tornar DJ?

Caio Moura: Estudar teoria musical, mais especificamente ‘harmonia e rítmica’. Leitura de partitura não é necessária, mas é um diferencial para produzir e para mesclar faixas com a mesma tonalidade. Brincar com os programas de computador específicos para testar as habilidades, buscar tutoriais na internet. E mais importante de tudo: ouvir. Ouvir uma música e identificar padrões, maneiras de expressão, início de uma frase nova, emoções diferentes numa mesma canção. Treinar o ouvido desde cedo é essencial, porque o público é bem exigente e identifica quando o DJ não está fazendo seu trabalho direito. E acredite se quiser, ouvir duas músicas ao mesmo tempo e sincronizá-las não é uma tarefa tão fácil quanto parece.”

Entrevista concedida especialmente para esta Coleção, em agosto de 2018.

Respostas e comentários

Sugestão de atividade

Você pode propor uma atividade de inferência e interpretação em parceria com o professor de Língua Portuguesa.

Leia a entrevista com os estudantes, pedindo que, durante a leitura, eles destaquem termos específicos da linguagem musical. Exemplos:

  • musicalização;
  • música eletrônica;
  • psytrance;
  • Dj;
  • Cê dês e vinil;
  • mesa de som;
  • harmonia e rítmica;
  • partitura;
  • tonalidade.

Enquanto leem, peça a eles que comentem os termos, tentando defini-los. Quando houver dificuldade, oriente-os a utilizar o celular como recurso de pesquisa. O objetivo é designar conceitos e terminologias próprias desse campo de conhecimento.

Música e pesquisa

Na atualidade, muitos artistas têm pesquisado o potencial sonoro de diferentes materiais e, com eles, criam instrumentos musicais, esculturas e instalações sonoras. É o caso de Fernando Sardo, músico, artista visual e professor, retratado na fotografia.

Observe que os instrumentos retratados nessa fotografia foram construídos com materiais descartados, como cabaças e pedaços de madeira, plástico e metal. O artista Fernando Sardo também desenvolve instrumentos nos quais reúne elementos de diferentes culturas, como a indígena, a africana e a indiana. Na fotografia, Fernando toca uma citarola, instrumento criado por ele por meio da fusão entre um sitar (instrumento de cordas de origem indiana) e uma viola caipira.

Outro instrumento criado por Fernando Sardo é a flautasorante, na qual utilizou tubos de pê vê cê e embalagens de desodorante em spray.

Fotografia. Homem calvo, vestindo camiseta amarela e calça branca, sentado em um banco. Ao seu redor, há diversos instrumentos musicais diferentes, como instrumentos de sopro feitos com tubos de PVC.
O artista Fernando Sardo e alguns dos instrumentos que ele criou com base em suas pesquisas. Santo André 2015.
Fotografia. Quatro flautas feitas com tubos brancos de PVC. Na ponta de cada uma delas, embalagens plásticas, também na cor branca, foram coladas com fita verde.
Flautasorantes produzidas pelo artista Fernando Sardo.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

1. Em sua opinião, é possível relacionar os trabalhos dos artistas Fernando Sardo e Hermeto Pascoal? Comente com os colegas.

Respostas e comentários

Contextualização

Comente com os estudantes que a flautasorante é um instrumento de sopro − uma flauta − criado pelo músico e luthier Fernando Sardo. No entanto, esse é um instrumento diferente das flautas convencionais. A flautasorante é construída usando-se um tubo de pê vê cê e não tem furos − como as flautas tradicionais − para mudarmos as notas musicais e tem apenas o bisel (apito). Desse modo, cada uma dessas flautas produz uma única nota musical. Para obter várias notas musicais, é preciso ter vários desses instrumentos (várias flautasorantes).

Cada flautasorante tem um tamanho diferente, desse modo, é afinada em uma escala musical de acordo com o tamanho do tubo de pê vê cê: quanto menor o tubo, maior será a frequência da onda sonora; quanto maior o tamanho do tubo, menor será a frequência da onda sonora.

No entanto, a principal característica da flautasorante é que, no local em que o músico toca soprando com a boca, está encaixado um tubo de desodorante vazio; ao apertar com a mão o tubo de desodorante “vazio”, o ar que está dentro do tubo escapa pela flauta, produzindo, então, o som.

Foco na linguagem

1. Incentive os estudantes a responder à questão e a conversar com os colegas. Espera-se que eles percebam que Fernando Sardo, assim como Hermeto Pascoal, transforma objetos do cotidiano em instrumentos musicais.

Entre textos e imagens

Trilhas: o som e a música no cinema

“O conceito de trilha sonora é amplo e, quase sempre, usado equivocadamente em nosso cotidiano. Normalmente as pessoas usam o termo trilha sonora para se referir à música de um filme, ou de uma novela, por exemplo. Tecnicamente falando, trilha sonora é todo o conjunto de sons de uma peça audiovisual, seja ela um filme, um programa de televisão ou um jogo eletrônico. Ou seja, a trilha sonora não se limita à música, mas compreende também todos os outros sons presentes nessa peça audiovisual. Em termos de organização interna, uma trilha sonora se divide em três conjuntos sonoros: os diálogos, ou seja, a fala; os efeitos sonoros, que no passado eram chamados de ruídos no jargão técnico e compreendem os sons de ambiente, de objetos, de pessoas e, por fim, a música. Assim, aquilo que em nosso dia a dia chamamos de trilha sonora é o que chamamos, na terminologia da área, trilha musical.

reticências A totalidade de um filme compreende a sua trilha musical e o resultado desse filme enquanto obra artística é único. Com outra música, seria outro filme, pois sua trilha musical é parte de sua articulação poética. A música deixa de ser vista, portanto, como um adereço e passa a ser entendida como parte de sua composição, articulando-se com todos os outros elementos que o compõe, sonoros e visuais, em uma peça unitária.

Hoje, portanto, a peça audiovisual é entendida como uma composição complexa, percebida pelo espectador como uma unidade em que sons e imagens não se apresentam como dois conjuntos dissociados, mas como uma mensagem única.

CARRASCO, Ney. Trilhas: o som e a música no cinema. ComCiência, Campinas São Paulo, número116, 2010. Disponível em: https://oeds.link/an1ou7. Acesso em: 28 fevereiro 2022.

Fotografia. Sala de cinema vazia. Em primeiro plano, poltronas da plateia. Ao fundo, no centro, a tela de projeção. Nas laterais da sala, há caixas de som.
Sala de cinema.

Faça no diário de bordo.

Questões

  1. Segundo o texto, qual é a diferença entre trilha sonora e trilha musical?
  2. Em sua opinião, qual é a importância da trilha sonora em uma produção musical?
  3. Junte-se a quatro colegas da turma e escolham um trailer de um filme para substituir a trilha sonora na sua totalidade, isto é, trocar as falas, os sons do ambiente e as músicas com o objetivo de mudar a narrativa do filme. Organizem as gravações, os objetos sonoros e o texto narrativo que forem utilizar. Ensaiem juntos a sincronia e, seguindo as orientações do professor, apresentem a sua produção na data pré-agendada.
Respostas e comentários

Questões

  1. A trilha sonora é o conjunto de todos os sons da produção audiovisual: sons do ambiente, falas das personagens e a música. Já a trilha musical se refere somente às músicas da obra.
  2. Ela auxilia na condução narrativa, auxiliando na compreensão da história e na relação entre imagem e tempo.
  3. Leia os trechos do artigo com os estudantes e ressalte os elementos da trilha sonora: falas, sons dos ambientes e música. Caso seja possível, aproveite para ver trailers de filmes, substitua o áudio por outra música e abra um debate sobre como os sons influenciam a experiência do telespectador.

Ressalte que um dos maiores nomes do segmento de composição de trilhas é o estadunidense , responsável pelos filmes: Star Wars (1977), Harry Potter (2001), Tubarão (1975), Indiana Jones (1981), entre outros. No filme Tubarão, por exemplo, mesmo sem ver o animal, o telespectador é conduzido para um clima de suspense e medo, pois foi criado um tema musical que sempre anuncia a presença do animal, auxiliando na condução narrativa e na ambientalização do filme.

Caso não seja possível realizar a atividade por motivos tecnológicos, toda a proposta pode ser feita com objetos sonoros dentro da sala de aula. Substitua o filme pela criação de uma pequena dramatização e solicite aos estudantes que elaborem a narrativa, as falas, a sonorização do ambiente e as músicas.

Auxilie na organização dos grupos para que haja afinidade entre os estudantes e suas competências individuais sejam valorizadas. Avalie a integração do grupo e a participação individual de cada membro. Observe também se existem relações entre os sons e as imagens, buscando certa coerência. Agende uma data para a apresentação da criação e, caso seja possível, grave as produções.

Faça no diário de bordo.

Experimentações


Com a orientação do professor, reúna-se com cinco colegas. Façam um passeio pela escola ouvindo os diferentes sons que compõem a paisagem sonora local. Depois, utilizando um gravador, captem os sons de que mais gostaram e discutam como eles podem se transformar em uma música, criando, por exemplo, uma narrativa para a sequência sonora gravada. A seguir, editem os sons escolhidos e os transformem em música. Deem um título à composição de vocês e, na data agendada pelo professor, apresentem o resultado aos demais colegas da classe.

Pensar e fazer arte

Com a orientação do professor, reúna-se com sete colegas para a realização de uma atividade dividida em duas etapas.

Momento 1 – Entrevista e organização dos dados

a) Realizem uma pesquisa com os membros da comunidade escolar para conhecer a opinião deles sobre:

  • Que situações do bairro onde a escola está localizada os incomoda, como falta de espaço de lazer, opções culturais etcétera
  • Sugestões para melhoria das situações apontadas.
  • Qual é a música predileta dos entrevistados.
  1. Organizem-se para entrevistar o maior número possível de pessoas.
  2. Após a realização das entrevistas, verifiquem quais são as principais situações apontadas pelos entrevistados e comparem com os dados coletados pelos outros grupos.
  3. Seguindo as orientações do professor, discutam e selecionem qual situação será o tema tratado nas próximas etapas desta atividade.
  4. Organizem uma lista com as músicas mais citadas.

Momento 2 – Realização de evento

a) Com base na escolha do tema, organizem um evento para a realização de uma mesa de debate com a comunidade escolar sobre a principal situação apontada nas entrevistas. Para a realização do evento estejam atentos a alguns detalhes, como:

  • Quais convidados participarão efetivamente da mesa de debate nos seguintes papéis: mediar o debate; discutir a situação-problema levantada; discutir soluções.
  • Quais serão as músicas selecionadas para abertura e encerramento do evento e se haverá alguma apresentação ao vivo de algum membro da comunidade escolar.
  • Distribuição de funções entre os grupos: organização de data e infraestrutura (som, gravação, cadeiras, mesa de debate escolha de convidados e convites; divulgação; preparação da playlist.
  • Organização de programação do evento, identificando cada etapa e duração de cada momento.
Respostas e comentários

Experimentações

Nessa atividade, os estudantes vão se deslocar pela escola e fazer a gravação de alguns sons. Leia o enunciado e organize previamente quanto tempo dará aos estudantes para a realização dessa vivência e se a escola permite o uso de aparelhos celulares, por exemplo, para realizar as gravações.

Oriente os estudantes a fazer esse passeio em silêncio, prestando bastante atenção na paisagem sonora do ambiente, a não ter pressa para gravar os sons. Após a gravação, sugira a eles que criem uma narrativa como suporte para a música a ser editada a partir dos sons captados. Isso possibilitará que eles vejam mais sentido na criação proposta.

Pensar e fazer arte

Momento 1: auxilie na organização dos grupos para que todos tenham protagonismo, buscando meios de estudantes de diferentes interesses se integrarem. No primeiro momento (entrevistas), divida os grupos para que falem com diferentes membros da comunidade escolar e reserve, posteriormente, um tempo para que os dados sejam categorizados.

Sugestão de perguntas para os entrevistados:

1. Qual das seguintes situações você considera uma necessidade de melhoria para o bairro onde está situada a nossa escola? Espaços de lazer; segurança pública; transporte; saúde; educação e cultura; outros. A situação mais apontada pelos entrevistados será o tema do evento a ser organizado.

2. Você tem alguma sugestão ou consegue imaginar quem são os responsáveis pela melhoria dessa condição?

3. Qual é a sua música predileta?

Momento 2: para a organização do evento (mesa de debates), verifique previamente a disponibilidade da escola e a estrutura necessária. Divida as principais responsabilidades entre os grupos: divulgação, organização do espaço, estrutura da mesa de debate (convidar as pessoas que mediarão e, caso seja possível, convidar um profissional da área debatida) e os meios de gravação.

Destaca-se que, caso existam grupos musicais de estudantes ou da comunidade escolar, é interessante convidá-los a se apresentar no dia do evento. Espera-se que as mesas de debate fomentem as discussões sociais na escola, dando protagonismo e voz aos estudantes. Nas escolas que têm grêmios ou representações estudantis, essas organizações podem ser convidadas para auxiliar na construção deste evento e, ocasionalmente, torná-lo rotina no calendário escolar.

Caso não seja possível a realização física deste evento, ele pode ocorrer de fórma remota, via lives nas plataformas digitais. A avaliação se dará após o dia do evento, observando a participação, integração e qualidade da estrutura, bem como condução e organização da mesa e do momento de apreciação musical.

Faça no diário de bordo.

Autoavaliação

Ao longo do estudo desta Unidade, você conheceu o trabalho de diferentes artistas da música, como Pitty, Rita Li, Cazuza e Hermeto Pascoal.

Além disso, você estudou o rock, suas origens e sua influência na música brasileira. Conheceu, ainda, os instrumentos característicos desse estilo musical. Também teve contato com alguns grupos musicais brasileiros e internacionais, como Barão Vermelho, Titãs, Os Beatles, Os Paralamas do Sucesso e Legião Urbana.

Você estudou, ainda, o movimento da Jovem Guarda, o Tropicalismo e suas principais características. Aprendeu também sobre os festivais da canção e o caráter de resistência da música brasileira nos anos da ditadura militar e de censura.

Conheceu, também, os impactos da possibilidade de reproduzir e gravar sons na história da música e sua relação com a indústria musical. Também teve contato com a música concreta e seus pioneiros e a música eletroacústica, além de outros modos de exploração do som.

Agora que chegamos ao final desta Unidade, é importante que você reflita sobre o que aprendeu e sobre o caminho percorrido até este momento.

Para realizar essa reflexão, responda no diário de bordo às questões a seguir.

Ícone. Diário de bordo.
  1. Mencione um ou mais dos conteúdos apresentados nesta Unidade que o ajudaram a compreender a linguagem da música. Justifique a sua escolha.
  2. Cite a atividade da seção Experimentações que mais o ajudou a compreender a linguagem da música. Justifique a sua escolha.
  3. Como foi para você a experiência de fazer leituras, análises de textos e compartilhamento de informações com seus colegas?
  4. Como foi a vivência de realizar as atividades da seção Pensar e fazer arte desta Unidade?
  5. Este estudo mudou o modo como você aprecia a música? Dê exemplos.
  6. O que poderia ajudá-lo a aprofundar seus conhecimentos de música? Comente com os colegas.
  7. Reflita sobre as experiências de pesquisa da Unidade. O que você aprendeu com elas?
  8. Agora reflita sobre os modos de pesquisar que experimentou na seção Arte e muito mais – estudo de recepção. O que achou deles?
  9. Os conteúdos trabalhados têm relação com o seu gosto musical? São muito diferentes?
  10. Reflita e converse com os colegas sobre outros estilos musicais que você gostaria de estudar na escola.
Respostas e comentários

Autoavaliação

Proponha aos estudantes que revisitem a Unidade, assim como as atividades avaliativas realizadas ao longo dela. Essa é mais uma oportunidade para refletir sobre o processo de aprendizagem da linguagem musical. Oriente-os a retomar as anotações que fizeram para responder às questões propostas.

Leia com os estudantes as questões, parando para relembrar pontos trabalhados e, ocasionalmente, pedindo a eles que retomem e compartilhem registros e reflexões documentadas nos diários de bordo.

Esta Unidade tem a característica mais evidente de trabalhar com um conteúdo que possivelmente é mais próximo do imaginário cultural dos estudantes, devido à relação com a cultura visual e também com a cultura de massa. Mas não se deve perder de vista que conteúdos como esse possibilitam uma análise metacognitiva da aprendizagem. Por isso, deve-se indagar os estudantes não apenas sobre o que eles aprenderam, mas também sobre como eles aprenderam. Assim, enfatize as questões que os provocam a pensar sobre os modos de pesquisar trabalhados na Unidade.

Eles devem, inicialmente, conversar sobre as questões. Depois, devem produzir uma breve reflexão sobre os pontos que mais lhes interessaram nessa autoavaliação.

Aproveite esta oportunidade para mapear também, com base na escuta dos estudantes, pontos que você poderia mudar e melhorar em sua prática pedagógica. A autoavaliação é também um momento de autopercepção e revisão crítica para o professor.

Glossário

Capitalismo
: sistema econômico no qual os meios de produção são de propriedade privada e tem como objetivo fundamental a obtenção de lucro.
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Efeito de sentido
: consequência ou resultado do uso proposital de recursos linguísticos e visuais com o objetivo de construir um ou mais significados.
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