TEMA 3  Novos rumos

Performance

A fotografia desta página mostra uma cena de uma performance realizada em Recife (Pernambuco), em 2014. A performance é uma ação artística que reúne elementos de diferentes linguagens. Os artistas participantes, em geral, se orientam por um roteiro previamente definido e utilizam o corpo, os gestos e as palavras para estabelecer uma relação entre a arte e o cotidiano. Observe atentamente a fotografia.

Fotografia. Performance ao ar livre, em um espaço público à frente de um prédio antigo. Pessoas com as roupas e os rostos pintados em tons de marrom, parecendo cobertos de barro, com vendas sobre os olhos. Todos estão usando roupas sociais e parecem trabalhadores de escritórios, pois carregam pastas e bolsas de trabalho.
Apresentação da performance Cegos, do grupo Desvio Coletivo, em Recife (Pernambuco), em 2014.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

  1. O que você vê nesta cena? Como as pessoas estão vestidas? Que objetos elas carregam?
  2. Considerando suas roupas, bolsas e pastas, que tipo de trabalho você imagina que essas pessoas têm?
  3. Essas pessoas parecem livres e felizes? Ou aprisionadas e infelizes? Como você vê isso? Justifique sua resposta.
  4. Além de propor uma intervenção poética na cidade, qual teria sido a intenção desses artistas?
  5. Que outro título você daria para essa performance?
Versão adaptada acessível

1. O que há nesta cena? Como as pessoas estão vestidas? Que objetos elas carregam?

3. Essas pessoas parecem livres e felizes? Ou aprisionadas e infelizes? Qual a sua percepção sobre isso? Justifique sua resposta.

Respostas e comentários

Objetivos

  • Entender os conceitos de performance e de happening.
  • Entender o citacionismo como uma característica marcante da arte contemporânea.
  • Estabelecer diálogos com a arte contemporânea brasileira e internacional.
  • Reconhecer o caráter multicultural e interdisciplinar da arte na atua­lidade.
  • Compreender a noção de readymade.
  • Fazer uma intervenção sobre imagens da história da arte.
  • Participar de trabalho de criação de uma apresentação performática.
  • Desenvolver a autoconfiança e a autocrítica por meio da experimentação artística.

Habilidades favorecidas neste Tema

(ê éfe seis nove á érre zero um), (ê éfe seis nove á érre zero dois), (ê éfe seis nove á érre zero cinco), (ê éfe seis nove á érre zero seis), (ê éfe seis nove á érre zero sete), (ê éfe seis nove á érre três um) e (ê éfe seis nove á érre três dois).

Foco na linguagem

  1. Auxilie os estudantes na leitura da imagem e peça que atentem para os detalhes. Crie um ambiente acolhedor para que todos se sintam à vontade em contribuir para a leitura da obra. Espera-se que mencionem que as pessoas estão vestidas com roupas sociais, carregam pastas e têm os olhos vendados.
  2. Provavelmente os estudantes comentarão que essas pessoas são executivos ou trabalham em funções que, em geral, exigem esse tipo de traje, como os bancários.
  3. Incentive os estudantes a falar de sua percepção. É possível que muitos deles mencionem que as pessoas parecem estar infelizes e aprisionadas pelo fato de estarem vendadas.
  4. Motive os estudantes a elaborar hipóteses e apresentá-las. Ao final, comente que os artistas que conceberam a performance Cegos possivelmente desejavam chamar a atenção das pessoas para questões como o excesso de trabalho, o consumismo exagerado e a “automatização” das ações humanas.
  5. Deixe os estudantes livres para propor um novo título à performance. Esse é o momento em que eles atribuirão novos sentidos à obra.

Por dentro da arte

Performances e happenings

Um dos pioneiros na realização de performances no Brasil foi Flávio de Carvalho (1899-1973). Em 1956, ele chamou a atenção do público ao sair pelas ruas de São Paulo (São Paulo) vestido com uma saia de pregas, blusa de mangas largas e sandálias de couro. Intitulada New look, essa ação artística causou polêmica e é considerada um marco da arte da performance no Brasil. Observe a fotografia reproduzida a seguir.

Fotografia em preto e branco. Performance em uma rua cheia de homens vestidos com terno. O artista, um homem mais velho que os demais, veste uma minissaia branca e uma blusa com listras verticais e é observado pelas pessoas ao redor, que demonstram curiosidade.
Flávio de Carvalho durante a apresentação da performance New look, em São Paulo (São Paulo), em 1956.

Ao apresentar a performance New look, Flávio de Carvalho chocou o público acostumado a ver homens vestidos com calças e camisas e promoveu uma reflexão a respeito de algumas convenções muitas vezes impostas pela socie­dade. Segundo ele, as vestimentas que compunham New look também eram mais adequadas ao clima tropical brasileiro, fazendo uma crítica à submissão brasileira à moda europeia e estadunidense.

Assim como a performance, o happening é uma manifestação artística em que se utilizam elementos de diferentes linguagens, como o teatro e as artes visuais. O que diferencia a performance do happening, no entanto, é a participação do público. Na performance, o público pode ou não participar da apresentação; no happening, a participação do público é essencial. Outras características marcantes do happening são a improvisação daquele que conduz a cena, a participação de atores amadores e a indiferenciaçãoglossário entre espetáculo e público.

Respostas e comentários

Por dentro da arte

Evidencie para os estudantes o caráter multilinguístico da performance e do happening, pois nessas manifestações ocorre a inter-relação de diferentes linguagens artísticas, como o teatro, as artes visuais, a música e a dança. É importante, no entanto, que eles entendam que performance e happening têm suas especificidades. Leia este texto, que trata do assunto.

[Performance e happening]

“Apesar de sua característica anárquica e de, na sua própria razão de ser, procurar escapar de rótulos e definições, a performance é antes de tudo uma expressão cênica: um quadro sendo exibido para uma plateia não caracteriza uma performance; alguém pintando esse quadro, ao vivo, já poderia caracterizá-la.

A partir dessa primeira definição, podemos entender a performance como reticências algo que precisa estar acontecendo naquele instante, naquele local. reticências.

reticências

Por último, dentro dessa conceituação inicial da performance, é importante discutir-se a questão da hibridez desta linguagem: para muitos, a performance pertenceria muito mais à família das artes plásticas, caracterizando-se por ser a evolução dinâmico-espacial dessa arte estática.

Essa colocação é bastante plausível; na sua origem reticências a performance passa pela chamada body art, em que o artista é sujeito e objeto de sua arte (ao invés de pintar, de esculpir algo, ele mesmo se coloca enquanto escultura viva). reticências

Soma-se a isto o fato de que, tanto a nível de conceito quanto a nível de prática, a performance advém de artistas plásticos e não de artistas oriundos do teatro. reticências

Poderíamos dizer, numa classificação topológica, que a performance se colocaria no limite das artes plásticas e das artes cênicas, sendo uma linguagem híbrida que guarda características da primeira enquanto origem e da segunda enquanto finalidade.

reticências

O happening se associaria à ideia de um free theatre (teatro livre); liberdade essa que se dá tanto nos aspectos formais quanto ideológicos.

O happening se apoia no experimental, no anárquico, na busca de outras fórmas. reticências

No happening interessa mais o processo, o rito, a interação e menos o resultado estético final. reticências

COHEN, Renato. Performance como linguagem: criação de um tempo-espaço de experimentação. São Paulo: Perspectiva, 2002. página 28-30; 132.

Ainda em relação à performance, apresente aos estudantes as informações a respeito de Flávio de Carvalho contidas no texto “Flávio de Carvalho”, indicado nas Leituras complementares, nas páginas iniciais deste Manual.

A Artista está presente

A fotografia desta página mostra um registro da performance A artista está presente, de Marina Abramović. Nessa performance, realizada no Museu de Arte Moderna de Nova York (Môma), a artista permaneceu sentada em uma cadeira olhando fixamente para os visitantes do museu que se sentavam diante dela.

Marina Abramovíti se mantinha em silêncio e praticamente imóvel, apenas trocando olhares com o estranho que estava sentado diante dela. Ela realizou essa performance seis vezes por semana, durante sete horas e meia por dia, pelo período de três meses. Observe, a seguir, um registro de A artista está presente.

Fotografia. Performance na qual a artista, sentada em uma cadeira, troca olhares com uma mulher à sua frente. Há uma mesa que separa as duas, que estão de perfil. A artista tem longos cabelos escuros e usa um vestido vermelho que se estende no chão para além dos pés; a outra mulher veste roupas pretas. Ao fundo, um homem fotografa o momento.
Abramovíti, Marina. A artista está presente. 2010. Performance. Museu de Arte Moderna de Nova York (Môma), Estados Unidos.

Muitas pessoas que passavam pelo espaço no qual a performance acontecia se sentiam motivadas a se sentar diante de Marina Abramovíti. A visitante do museu retratada na fotografia permaneceu sentada diante da artista durante doze minutos. O sucesso de A artista está presente fez com que, ao longo de três meses, muitas pessoas fossem ao museu com o desejo de participar dessa performance.

As performances podem ser registradas, por exemplo, em textos, fotografias e vídeos. Observe que, na fotografia, ao fundo, aparece um fotógrafo que registra a performance. Além dos registros fotográficos, foram feitos vídeos dessa obra de Marina Abramovíti.

Nas propostas artísticas de Marina Abramovíti, o corpo deixa de ser o tema ou a referência artística, transformando-se na obra, ou seja, o corpo da artista torna-se o meio de expressão.

Respostas e comentários

Contextualização

Os estudantes devem compreender que a performance, diferentemente das linguagens tradicionais das artes visuais, como o desenho, a gravura e a escultura, envolve o corpo não como ferramenta para produzir a arte, mas como parte da obra.

Como seria realizar uma experiência como A artista está presente na escola? Há brincadeiras em que as crianças devem se olhar e segurar o riso ou devem conseguir ficar sem piscar. Mas em um espaço como um museu ou uma galeria, propostas como essa podem ser nomeadas como arte. Como seria realizar essa proposta com os estudantes? Que relações de semelhança e de diferença poderiam ser traçadas entre escola e os espaços tradicionais da arte?

O texto a seguir relata um episódio ocorrido durante a apresentação da performance A artista está presente, retratada nesta página.

Performance de artista acaba num emocionante reencontro

reticências

Nos anos [19]70, Marina viveu uma intensa história de amor com o também artista Úlai. Eles fizeram arte simbioticamente durante 12 anos nômades, entre 1976 e 1988. reticências

A união dos dois passou por muitos altos e baixos, como todo relacionamento intenso, até o dia em que o fim chegou. reticências

Foi então que eles encenaram a última performance juntos: decidiram percorrer a Grande Muralha da China; cada um começou a caminhar de um lado, para se encontrarem no meio, dar um último grande abraço um no outro, e nunca mais se ver.

Eis que, em maio de 2010, Marina fez uma performance ao vivo no Môma, em Nova Iorque, chamada ‘The Artist Is Present.

Durante 3 meses e por várias horas do dia, sentava-se silenciosa em uma cadeira, de frente para uma segunda cadeira que ficava vazia. Um a um, os visitantes do museu sentavam à sua frente e olhavam para ela por um longo período de tempo. O máximo que conseguissem.

Foi então que o Môma de Nova Iorque dedicou uma retrospectiva a sua obra. Nessa retrospectiva, Marina compartilhava um minuto de silêncio com cada estranho que sentasse a sua frente. Ulay chegou sem que ela soubesse reticências.

Num exemplo palpável de que um olhar diz mais do que qualquer palavra, eles não precisaram dizer nada, pois conversaram com o coração. Naquele minuto de silêncio, tudo o que precisava ser dito foi dito.

Muita gente diz que foi tudo armado para trazer mais popularidade para a artista, mas, de qualquer fórma, o objetivo da arte se cumpriu (tenha sido ensaiado ou não) – tocar as pessoas. reticências

BARBOSA, Jaque. Performance de artista acaba num emocionante reencontro. Hypeness, 27 fevereiro 2013. 2022.

Artista e obra

O trabalho de Berna Reale

Fotografia. Mulher de cabelo curto preto e óculos de armação preta, vestida com um vestido azul-escuro estampado com pequenos pontos amarelos, verdes e vermelhos. Ao fundo, tela com desenho em espiral, feito com pontos bem pequenos amarelos, verdes, azuis, rosa e laranja, sobre fundo preto, que dão ideia de movimento.
A artista Berna Reale em São Paulo (SP), em 2017.

A paraense Berna Reale é reconhecida no Brasil e no exterior como uma das mais importantes artistas brasileiras de performance. Além das performances, a produção artística de Berna inclui fotografias, vídeos e instalações. A artista trabalha em suas obras as questões contemporâneas e a violência em todas as suas fórmas: a cotidiana e aquela que ela chama de silenciosa, permeada por todos os tipos de assédio e de abuso sofridos pelas pessoas.

Compostas de séries de fotografias e de vídeos, as performances da artista em geral não contam com atores ou modelos, tendo a própria Berna Reale como protagonista. Nos últimos anos, nessas performances, a artista tem abordado a questão da violência, provocando no espectador a necessidade de reflexão sobre essa e outras questões.

Em um de seus trabalhos, Número repetido (2012), Berna usou em uma performance uma roupa listrada, que lembra uma veste chinesa, e uma máscara sufocante, em um cenário cinzento e opressivo, o que remete ao mundo do capital, que submete os chineses a péssimas condições de trabalho.

Fotografia. Performance na qual a artista veste um capacete de proteção preto, que cobre todo seu rosto, e um conjunto de camisa e calça branco com listras verticais azuis. Ao fundo, uma velha parede cinza com mofo na base e uma janela com uma tela escura e suja na parede.
REALE, Berna. Número repetido. 2012. Performance registrada com pigmento mineral sobre papel fotográfico, 50 por 70 centímetros.
Respostas e comentários

Artista e obra

Para refletir sobre a obra de Berna Reale, proponha algumas indagações aos estudantes:

  • O que os artistas buscam quando escolhem se retirar dos museus para criar nos espaços públicos, como a rua?
  • Que limitações o museu impõe a eles que a rua não impõe?
  • Com quem eles querem dialogar ao propor que suas obras aconteçam em espaços públicos?

Você pode fazer uma rodada de comentários e seguir com outras perguntas e problematizações:

  • Se vocês produzissem arte e quisessem expor, onde gostariam de expor e por quê?
  • Vocês já viram algum artista ou coletivo realizando uma performance ou algo parecido?
  • Como o encontro com um acontecimento como este alteraria o seu cotidiano?

Debata com os estudantes. É fundamental que compreendam o acontecimento da performance como uma ruptura com o cotidiano, que busca justamente extrapolar o campo seguro dos museus para encontrar no contato com as pessoas comuns, no dia a dia, a chance de alcançar respostas e reverberações imprevisíveis.

Uma proposta contemporânea

A performance é uma das produções características da arte contemporânea – o conjunto de estilos e movimentos artísticos que emergiram a partir da segunda metade do século vinte.

As produções contemporâneas, muitas vezes, podem causar perturbação, surpresa ou gerar dúvidas no espectador. Isso ocorre porque, muitas vezes, o significado dessas obras nem sempre é reconhecível, pois, em geral, não seguem uma narrativa.

As obras de arte são passíveis de vários entendimentos e interpretações. Nas produções contemporâneas, pode ser muito interessante conhecer as motivações dos artistas criadores.

A convivência de várias linguagens e a citação de obras de diferentes períodos históricos são características da arte contemporânea. Em Desvio para o vermelho – que conhecemos no Tema 1 −, por exemplo, o artista Cildo Meireles teve como uma de suas referências a obra O ateliê vermelho, de Enrri Matís, também apresentada no Tema 1.

De acordo com os idealizadores da performance Cegos, a referência para o título dela foi a obra Parábola dos cegos, de brúguel, o Velho (cêrca de 1525-1569), artista que nasceu na Antuérpia − atual Bélgica − e destacou-se ao produzir obras de profundo caráter narrativo.

Pintura. A obra retrata seis homens enfileirados, alguns com deficiência visual, pois se guiam com bengalas e apoiando a mão sobre o ombro da pessoa que está na frente. À frente da fila, há um homem caído no chão e o próximo está tropeçando em suas pernas. Eles vestem toucas na cabeça e uma capa que encobre suas roupas. Ao fundo, casas, cabanas e árvores.
brúguel, (o Velho). Parábola dos cegos. 1568. Têmpera sobre tela, 86 por 154 centímetros. Museu de Capodimonte, Nápoles, Itália.
Respostas e comentários

Contextualização

A performance que abre o Tema 3 foi inspirada na pintura do século dezesseis retratada nesta página. Promova uma leitura de imagem e uma comparação entre as duas imagens, de tal modo que os estudantes passem as páginas para olhar e criar relações entre ambas. Pergunte a eles:

  • Que relações vocês fazem entre as duas imagens?
  • Quanto tempo separa uma obra da outra?
  • Quais diferenças vocês podem destacar entre os trabalhos? São feitos com a mesma linguagem?
  • Como vocês reagiriam diante de cada uma das obras?

Depois de conversar e ouvir as respostas pessoais e as hipóteses, comente com os estudantes que, muitas vezes, os artistas contemporâneos fazem citações de obras do passado. Isto é, eles buscam inspiração em imagens do passado que, quando transpostas para os dias atuais, ganham novos sentidos e podem ser reinventadas com novos suportes e técnicas. É assim que uma pintura como essa é transposta para a performance, ou seja, para um arranjo de corpos atuando no espaço público. A grande diferença é que a narrativa sai do quadro e ganha o corpo e a rua como materiais.

O Atlas de Vik Muniz

O artista visual Vik Muniz frequentemente elabora obras em que faz referências a criações de artistas de diferentes períodos e estilos. Para produzir Atlas (Carlão), por exemplo, Vik Muniz utilizou diversos objetos encontrados em um depósito de lixo, hoje desativado, localizado em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Nessa obra, o artista faz menção à pintura Atlas, do artista italiano Giovanni Francesco Barbieri, conhecido como Guercino (1591-1666). Observe a seguir a obra de Vik Muniz e a pintura na qual ele se baseou.

Fotografia. Obra de arte que representa um catador de lixo, em tons de marrom. Ele é jovem, tem cavanhaque e usa roupas surradas. Olha de maneira direta para o espectador. Carrega em seus ombros uma quantidade enorme de lixo com formato de uma grande bola.
MUNIZ, Vik. Atlas (Carlão). 2008. Técnica mista composta de imagens de lixo e cópia cromogênica digital, 229,9 por 180,3 centímetros. Coleção particular.
Pintura. Representação de um homem de barba e cabelo castanhos, de aspecto cabisbaixo, com o dorso nu e um dos braços envolto com uma manta vermelha. Ele carrega uma grande esfera azul-escura nas costas, onde se vê o desenho de uma balança e um escorpião.
GUERCINO. Atlas. 1645-1646. Óleo sobre tela, 127 por 101 centímetros. Museu Mozzi Bardini, Florença, Itália.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

1. Observe as obras Atlas (Carlão), de Vik Muniz, e Atlas, de Guercino. Em sua opinião, que diferenças é possível perceber na postura e no olhar da personagem representada? Registre no diário de bordo suas impressões e compartilhe com os colegas.

Ícone. Diário de bordo.

2. Em sua opinião, de que maneira a alegoria representada nas obras reproduzidas nesta página poderia se relacionar com problemas cotidianos enfrentados na atualidade?

Versão adaptada acessível

1. Com base nas imagens das obras Atlas (Carlão), de Vik Muniz, e Atlas, de Guercino, identifique as diferenças na postura e no olhar da personagem representada? Registre no diário de bordo suas impressões e compartilhe com os colegas.

Respostas e comentários

Contextualização

O artista Vik Muniz utiliza lixo para criar grandes composições, as quais fografa depois. No documentário Lixo extraordinário, esse processo e a colaboração com trabalhadores de aterros sanitários são apresentados em detalhes. Faça uma relação com a discussão realizada previamente sobre as conexões entre arte contemporânea e a questão ambiental.

Foco na linguagem

  1. Espera-se que os estudantes comentem que, na obra de Guercino, Atlas é representado como um velho de aspecto cabisbaixo. A personagem tem um corpo forte, mas uma expressão preocupada. Já na obra de Vik Muniz, Carlão é representado como um jovem, e sua força não está explícita no corpo, mas implícita no olhar. Diga-lhes que, na mitologia grega, Atlas foi um titã que desafiou Zeus, o deus supremo. Zeus, então, condenou-o a carregar a esfera celeste nos ombros para sempre.
  2. Peça aos estudantes que apresentem suas hipóteses. Eles podem relacionar a alegoria de Atlas, por exemplo, com a sensação de “carregar o mundo nas costas”, que acomete muitas pessoas na atua­lidade.

Destaque que Vik Muniz utilizou vários materiais considerados “não artísticos” para produzir essa obra. Se for possível, apresente aos estudantes um trecho do documentário Lixo extraordinário, dirigido por Lucy uólquer (Brasil, Reino Unido, 2009, 99 minutos), que aborda o trabalho desenvolvido por Vik Muniz em um depósito de lixo localizado em Duque de Caxias (Rio de Janeiro). Comente com a turma que, no projeto desenvolvido por Vik Muniz no Jardim Gramacho, sete catadores foram transformados em modelos para suas obras. Informe aos estudantes que o uso de materiais inusitados é uma tendência da arte contemporânea e, se julgar oportuno, apresente-lhes outras obras de Vik Muniz, disponíveis em: https://oeds.link/fYnSzE. Acesso em: 28 fevereiro 2022. É possível que essas obras causem estranhamento nos estudantes. É provável que eles perguntem se realmente se trata de obras de arte. Deixe que emitam suas opiniões e conheça o referencial de arte que predomina na sala. Pergunte-lhes o que seria, na opinião deles, uma “obra de arte” e de que elementos, técnicas e suportes ela deveria ser composta. Comente, então, que a liberdade na escolha dos materiais e do tema marcou a produção artística das últimas décadas, quando houve uma mudança no conceito de arte.

Por dentro da arte

Mona Lisa e a “citação” na arte contemporânea

Mona Lisa, de Leonardo da vinti (1452-1519), é uma das imagens mais conhecidas em todo o mundo. Criada no início do século dezesseis, ao longo da história da arte, essa pintura tem sido referenciada em criações de artistas de diferentes estilos. Observe, a seguir, a obra original e uma citação dela.

Pintura. Obra de arte que representa uma mulher de cabelos longos que se encontra sentada e com as mãos sobre a barriga. Ela usa um vestido escuro e sorri misteriosamente. Ao fundo, paisagem com rio, vegetação e um castelo.
DA vinti, Leonardo. Mona Lisa (retrato de Lisa , esposa de Francesco del Giocondo, conhecido como La Joconde ou Monna Lisa). 1503-1519. Pintura a óleo sobre madeira (álamo), 79,4 centímetros por 53,4 centímetros. Museu do Lúvri, Paris, França.
Pintura. Representação de uma mulher de cabelos vermelhos e vestido preto, uma referência ao quadro de Da Vinci. Ela sorri com malícia e os traços do artista são agressivos, com rabiscos cobrindo um dos braços e o próprio rosto da mulher. No topo da imagem, há palavras em inglês, como o título 'Federal Reserve Note' e o número 1 nos cantos superiores, fazendo alusão à nota de um dólar.
, Jan-michél. Mona Lisa. 1983. Acrílica e óleo sobre tela, 169,5 por 154,5 centímetros. Coleção particular.

Na produção de Mona Lisa, utilizou elementos da linguagem do grafite, atribuindo novo sentido à produção de Da vinti. A composição de também é inspirada na cédula de 1 dólar, a moeda dos Estados Unidos (observe a seguir a reprodução da cédula). Ele substituiu a representação do presidente estadunidense djêordji uóshinton (1732-1799) pela figura da Mona Lisa e inseriu textos e números que remetem à cédula.

Foto. Nota de um dólar dos Estados Unidos. No centro, imagem de um homem com estilo de penteado e roupas do século XIX. Acima, as informações "Federal Reserve Note" e o número 1 nos quatro cantos da nota.
Nota de 1 dólar estadunidense.

Faça no diário de bordo.

Foco na linguagem

1. Em sua opinião, qual seria a intenção de ao reunir elementos da Mona Lisa, de Leonardo da vinti, e da nota de 1 dólar na obra que conhecemos nesta página?

Respostas e comentários

Foco na linguagem

1. Leia a pergunta para os estudantes e problematize as respostas.

Ao substituir a representação de djêordji uóshinton, no centro da nota de 1 dólar, pela reprodução da Mona Lisa, o artista propôs uma reflexão sobre a relação entre arte e mercado, obra e produto. Na obra original de Leonardo da vinti, a Mona Lisa é registrada de fórma realista e aparece como elemento central. Toda a composição da tela é feita para que o observador se concentre na figura feminina e nos olhos dela, o que não ocorre na releitura de Basquiat. Ao caracterizar a imagem como uma nota, o artista questiona tanto o valor simbólico da cédula de papel como o valor atribuído à arte. Sugira aos estudantes questionamentos como:

  • Quem determina o que é arte?
  • Como é determinado o valor artístico de uma obra?
  • Quem detém o valor financeiro de uma obra de arte?
  • A obra de arte pode ser reproduzida?

O ready-made

Quem também produziu obras com citações à pintura Mona Lisa foi Marcel diuchomp (1887-1968). Uma dessas obras é , reproduzida a seguir.

Pintura. Obra de arte que representa uma mulher de cabelos longos castanhos, com bigode e  cavanhaque, que se encontra sentada, com as mãos sobre a barriga. Ela usa um vestido escuro e dá um leve sorriso. Ao fundo, uma paisagem de corredeiras em um terreno acidentado. A obra faz alusão ao famoso quadro de Da Vinci. Embaixo da imagem, leem-se as letras L.H.O.O.Q.
diuchomp, Marcel. éle agá ó ó quê 1919. Ready-made, 19,7 por 12,4 centímetros. Coleção particular.

A obra é um ready-made, como são chamadas as obras produzidas com objetos preexistentes e industrializados. No caso da obra desta página, Marcel diuchomp fez sua criação com um cartão-postal no qual estava impressa a imagem da Mona Lisa. Nos ready-mades, fóra de seu contexto original e por meio da intervenção do artista, os objetos perdem sua função original e ganham significado estético.

Marcel diuchomp integrava o Dadaísmo, movimento cujos componentes defendiam a liberdade na arte e na vida. Além de atribuir importância a objetos que normalmente eram desprezados, os dadaístas pretendiam retirar a arte dos museus, levando-a para o cotidiano das pessoas. Eles propunham uma arte provocativa, transformadora e não meramente contemplativa. A arte deveria incomodar, em vez de agradar ao público e à sociedade.

Respostas e comentários

Contextualização

Comente com os estudantes que, ao fazer uma interferência – desenhar um bigode e uma barba – em um cartão-postal com a reprodução da imagem da Mona Lisa, de Leonardo da vinti, Marcel diuchomp despertou questionamentos sobre o conceito de obra de arte. Os textos a seguir tratam desse assunto.

[L.H.O.O.Q.]

reticências quando diuchomp põe bigodes na Gioconda [Mona Lisa] de Leonardo, ele não pretende desfigurar uma obra-prima, e sim contestar a veneração que lhe tributa passivamente a opinião comum. E também, provavelmente, ferir o orgulho de um público que, agora, já não sabe distinguir entre original e reprodução, visto que a reprodução não possui carisma, é um fato industrial, podendo ser impunemente manipulada.”

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. Tradução de Denise Bottmann e Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. página 356.

[O ready-made de diuchomp]

reticências. O que caracteriza o ready-made é o fato de ele não se tratar de uma obra confeccionada pelo artista, e sim de um objeto retirado do mundo circundante e inserido diretamente no mundo da arte. reticências

reticências O ready-made não é este objeto em si, mas o fruto da relação que se dá entre ele e um plano cujos contornos são os que delimitam uma esfera da arte agora colocada em perspectiva por uma visão extremamente crítica. Percebe-se o desdobramento de um olhar crítico já presente na colagem, um olhar que testava as fronteiras entre os diversos elementos apropriados: o ready-made leva esse questionamento de fronteiras às últimas consequências, ao situar-se ele mesmo no limite entre arte e não arte.

reticências O ready-made não é, portanto, um objeto qualquer tomado do mundo, e nem mesmo um elemento cujo aspecto entra em confronto com os padrões predominantes no universo artístico. Seu potencial encontra-se justamente no fato de que ele ocupa uma posição limite: o seu caráter poético não se deixa ser seguramente nem confirmado nem refutado por um juízo de gosto. A interrogação que o ready-made parece lançar apenas sobre si mesmo possui, contudo, dimensões bem mais amplas, e acaba por levar à pergunta acerca do que é a própria arte. reticências

reticências Uma vez ‘colado’ no universo da arte, o ready-made passa a fazer parte dele, e modifica o próprio plano sobre o qual deve se estabelecer qualquer ação que se queira similar à que o gerou. reticências

AZEVEDO, Danrlei de Freitas. O readymade de diuchomp e a dimensão crítica da arte. O Percevejo online. Periódico do programa de pós-graduação em Artes Cênicas pê pê gê á cê/unirrio. verdadeiro. 5. número 1. 2013. Disponível em: https://oeds.link/SjLrX9. Acesso em: 28 março 2022.

Faça no diário de bordo.

Experimentações

A exemplo do trabalho do artista , você fará uma intervenção com pintura sobre uma obra artística histórica. O objetivo da proposta, como fez o artista de referência, não é ridicularizar a figura da imagem, mas inserir um componente crítico com a intervenção. Você pode revisitar as reflexões realizadas nas aulas até aqui para escolher um tema ou um problema a ser investigado por meio dessa intervenção sobre a imagem.

Procedimentos

  1. Junte-se a quatro colegas para compor um grupo.
  2. Realizem uma pesquisa sobre retratos da história da arte, na internet ou nos livros de arte da biblioteca da escola.
  3. Selecionem uma mesma obra para o trabalho do grupo. Se for uma imagem da internet, imprimam. Se for imagem de um livro da biblioteca, façam fotocópias. Cada membro do grupo precisará ter a sua própria cópia.
  4. Utilizem o material para pintura que tiverem à mão. Pode ser material molhado (tinta guache, acrílica ou de tecido) ou seco (giz de cera, caneta posca ou lápis de cor).
  5. Cada integrante do grupo vai escolher as intervenções que fará sobre a imagem.
  6. Ao final, mostre o seu trabalho para os colegas e observe o que eles produziram. Enquanto compartilham os trabalhos, comentem os temas e a abordagem crítica que cada um decidiu introduzir na imagem. Lembre-se de tomar notas da proposta realizada em seu diário de bordo.
    Ícone. Diário de bordo.

Pensar e fazer arte

Ao longo da Unidade, vários suportes da arte contemporânea foram apresentados e trabalhados: instalação; arte pública; videoarte. Além disso, você e os colegas refletiram sobre novas tendências e percepções sobre o papel da arte, como a noção de participação, a citação de imagens do passado, as relações entre arte e política e as reflexões críticas sobre a memória e os monumentos artísticos. Agora, você e seus colegas vão elaborar uma performance para realizar na sua escola. Para isso, poderão pensar a proposta individualmente, em dupla ou em grupo.

Procedimentos

  1. Para elaborar a proposta, considere as seguintes perguntas:
    • Uma performance é um acontecimento. Que performance você ou vocês de realizar na escola?
    • Em que lugar a performance aconteceria?
    • Que recursos você ou vocês para realizar a proposta?
    • Que sentidos você ou vocês a essa proposta e como que ela reverberaria no público?
  2. Agora, planeje ou planejem a proposta, descrevendo-a em seu diário de bordo.
    Ícone. Diário de bordo.
  3. Organize-se ou Organizem-se, com orientação do professor, para realizar a proposta. Lembre(m)-se de que, além de integrar uma proposta, você ou vocês à performance dos colegas.
  4. Depois que as performances forem realizadas, em uma roda, converse ou conversem sobre o que experimentou ou experimentaram, destacando as dificuldades, as soluções criadas e as reflexões que teve (tiveram) ao longo da realização.
Respostas e comentários

Experimentações

A proposta dessa seção reinterpreta a ideia de “citação” na obra de Basquiat.

Retome a discussão das páginas anteriores, comentando que nós podemos revisar crítica e criativamente as imagens da história da arte.

Distribua os materiais e organize os estudantes em grupos, de modo que eles encontrem interlocução ao fazer a proposta.

Os estudantes podem ser avaliados pela cooperação com o grupo, pela qualidade das reflexões realizadas e pelas conexões feitas com os conteúdos trabalhados previamente na Unidade.

Pensar e fazer arte

Para essa proposta, os estudantes poderão escolher se querem trabalhar individualmente ou em grupo. Considere que muitos poderão sentir timidez para realizar a proposta. Por isso, para introduzi-la, você pode buscar referências de perfórmances na internet ou dar alguns exemplos de perfórmance:

  • Um grupo de estudantes tricota a mesma peça, em conjunto. A peça é circular. Eles estão sentados em roda no meio do pátio, enquanto cantam uma canção.
  • Envelopes contendo orientações para o público sobre como caminhar de uma ponta à outra da escola são distribuídos na entrada da escola. As pessoas que recebem o envelope decidem se querem ou não seguir a orientação.
  • Um grupo de estudantes ocupa o espaço de um ônibus imaginário no corredor, parados como estátuas, durante 15 minutos.
  • Um estudante escreve um diário imaginado com lápis grafite na parede da sala de aula “ao vivo”.
  • Um grupo de estudantes bloqueia uma passagem da escola com as carteiras temporariamente.
  • Um grupo de estudantes brinca, em silêncio e com concentração, de “unha na mula” durante todo o intervalo das aulas.

Durante a elaboração e a realização da performance, certifique-se de que as propostas respeitam física e simbolicamente os colegas, sem quaisquer espaços para manifestação de preconceitos relativos a corpo e marcador étnico-racial, de gênero, orientação sexual e religião.

Lembre-se de produzir registro das propostas, em fotografia ou vídeo, para que os próprios estudantes possam depois se ver durante a realização das performances.

Ao final da proposta, você pode realizar uma roda de conversa com os estudantes.

Os estudantes poderão ser avaliados pelas relações estabelecidas entre conceitos e reflexões desenvolvidas ao longo da Unidade e pela criatividade nas propostas realizadas.

Faça no diário de bordo.

Autoavaliação

Ao estudar esta Unidade, você conheceu o trabalho de diferentes artistas visuais contemporâneos, cujas obras propõem uma relação mais direta com o público. Você estabeleceu contato com os artistas Cildo Meireles e Marepe, que criam instalações que provocam relações interativas com o espaço; e Leo Santana, que produzem obras em espaços públicos; e artistas que realizam intervenções em espaços públicos e performances de caráter efêmero, como Eduardo isrur e Marina Abramovíti.

Os três Temas desta Unidade também possibilitaram que você entrasse em contato com propostas de artistas que trabalham com arte e tecnologia revelando como os artistas da atualidade podem lançar mão de recursos tecnológicos em seus processos de criação.

Todo esse repertório provavelmente tenha gerado certo estranhamento, pois o campo da arte se ampliou muito, as linguagens se mesclaram, os materiais para criar trabalhos artísticos são diversos, e até mesmo o corpo pode ser um “material” para fazer arte. E como você pôde notar, alguns artistas utilizam outras obras de arte como referência.

Na atualidade, a arte atinge dimensão política ao questionar nossa percepção de que esses artistas, ao aproximar o público da arte e ao relacionar arte e cotidiano, têm em comum a intenção de nos atingir como espectadores de suas obras e provocar reflexões sobre o mundo contemporâneo.

Agora que você chegou ao final desta Unidade, é muito importante fazer uma reflexão sobre o que aprendeu e sobre o caminho que percorreu até este momento.

Para isso, responda no diário de bordo às questões a seguir.

Ícone. Diário de bordo.
  1. Mencione um ou mais dos conteúdos apresentados nesta Unidade que o ajudaram a compreender a linguagem das artes visuais. Justifique suas escolhas.
  2. Cite uma das atividades das seções Experimentações ou Pensar e fazer arte que mais o ajudou a compreender a linguagem das artes visuais. Justifique.
  3. Como foi sua vivência durante a realização de leituras, análises de textos e compartilhamento de informações com os colegas de turma? Justifique.
  4. O estudo desta Unidade mudou o modo como você aprecia as artes visuais? Dê um ou mais exemplos.
  5. O que poderia ajudá-lo a aprofundar seus conhecimentos de artes visuais?
  6. A produção artística e cultural apresentada nesta Unidade modificou a sua concepção sobre o que é arte? Se sim, como?
  7. Quais suportes e materiais apresentados na Unidade mais o interessaram e por quê?
  8. Como foi estabelecer parcerias com os colegas para as práticas desta Unidade?
  9. Em relação às propostas de pesquisa, como foi desenvolvê-las? Você considera que aprofundou o seu conhecimento sobre como se faz uma pesquisa?
  10. A Unidade contribuiu para o modo como você lê o mundo à sua volta? Se sim, justifique.
Respostas e comentários

Autoavaliação

Proponha aos estudantes que revisitem a Unidade, assim como as atividades realizadas ao longo dela. Essa é mais uma oportunidade de refletir sobre o processo de aprendizagem da linguagem visual. Oriente-os a retomar as anotações que fizeram no diário de bordo a fim de responder às questões propostas.

Você pode direcionar algumas percepções sobre a Unidade, cuja ênfase foi apresentar novas linguagens e debates em torno da arte contemporânea.

Ao aplicar a Autoavaliação, enfatize as reflexões realizadas ao longo das seções e dos Temas. Eles devem compreender que todo o escopo da arte contemporânea sintetizado na Unidade corresponde também a uma mudança de percepção sobre a arte. Essa percepção dura muito mais do que um bimestre, e é por isso que a experiência reflexiva e a experimentação são complementos fundamentais para essa Unidade.

Considere as observações sobre as questões:

  • Deixe que os estudantes compartilhem abertamente suas reflexões. A tarefa do professor não é formar o gosto para a arte contemporânea, mas sim ampliar o repertório e oferecer referências para os estudantes refletirem criticamente e criarem.
  • Se possível, problematize o uso de novas linguagens e releve a centralidade da imagem e da visualidade para a arte contemporânea. Provoque os estudantes a refletir sobre a saída da sala de aula para ocupar também outros espaços da escola.
  • Compartilhe com os estudantes a sua percepção sobre a atuação deles nas experimentações artísticas e nos debates em sala de aula, com atenção à cooperação e à relação entre eles.

Aproveite essa reflexão autoavaliativa para observar também as suas escolhas pedagógicas e reconduzir a sua prática com base na percepção do que os estudantes compartilharam sobre as aulas. A autoavaliação é uma ótima oportunidade para mapear a recepção das suas propostas entre os estudantes, tanto do ponto de vista socioemocional como da apreensão de conteúdos e do desenvolvimento das habilidades e das competências.

Glossário

Indiferenciação
: ato de não diferenciar.
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