Unidade 3 Teatro além das fronteiras
Nesta Unidade:
TEMA 1 Novos espaços
TEMA 2 A participação do espectador
TEMA 3 Processos de criação compartilhada
Respostas e comentários
Competências da Bê êne cê cê
As competências favorecidas nesta Unidade são:
Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8 e 10.
Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 4 e 5.
Competências específicas de Arte para o Ensino Fundamental: 1, 3, 4, 6, 7, 8 e 9.
Objetos de conhecimento e habilidades da Bê êne cê cê
As habilidades favorecidas nesta Unidade são:
Dança
Contextos e práticas
(ê éfe seis nove á érre zero nove)
Teatro
Contextos e práticas
(ê éfe seis nove á érre dois quatro)
(ê éfe seis nove á érre dois cinco)
Elementos da linguagem
(ê éfe seis nove á érre dois seis)
Processos de criação
(ê éfe seis nove á érre dois sete)
(ê éfe seis nove á érre dois oito)
(ê éfe seis nove á érre dois nove)
(ê éfe seis nove á érre três zero)
Artes integradas
Contextos e práticas
(ê éfe seis nove á érre três um)
Processos de criação
(ê éfe seis nove á érre três dois)
Matrizes estéticas e culturais
(ê éfe seis nove á érre três três)
Patrimônio cultural
(ê éfe seis nove á érre três quatro)
Arte e tecnologia
(ê éfe seis nove á érre três cinco)
Sobre esta Unidade
Ao longo da Unidade, os estudantes são introduzidos a diferentes reflexões sobre o teatro contemporâneo, como os espaços de produção e circulação de peças, o convite à participação dos públicos e a abertura de processos de criação de companhias teatrais. Por meio de referências do teatro nacional e de jogos teatrais, exercícios de improvisação e pesquisas, os estudantes ampliam a percepção sobre o teatro como uma maneira de se inserir na vida social e promover novas fórmas de relação humana. Como continuidade das Unidades anteriores, que apresentaram novas tecnologias e trouxeram a produção da cultura de massa para o centro da discussão, esta Unidade amplia o horizonte do estudo para a cidade e as fórmas de interação social que o teatro traduz e cria.
De olho na imagem
- Observe atentamente as fotografias da abertura da Unidade e as desta página. O que essas imagens têm em comum? Elas retratam a mesma situação?
- Onde você imagina que essa situação acontece?
- Se você visse essas imagens sem ter nenhuma referência delas, você diria que elas são imagens de uma peça teatral?
- Que elementos presentes nessas imagens dão pistas para percebermos que essas são situações encenadas?
- Qual é o “palco” em que esses atores representam?
- O que compõe a cenografia dessas cenas? E o que elas sugerem?
- Você já assistiu a alguma peça teatral que acontecia em espaços diferentes das salas de apresentação? Comente como foi a experiência.
Versão adaptada acessível
1. Com base nas fotografias da abertura da Unidade e as desta página, responda:
O que as imagens têm em comum? Elas retratam a mesma situação?
2. Onde você imagina que essa situação acontece?
3. Se você presenciasse essas cenas sem ter nenhuma referência delas, você diria que elas são cenas de uma peça teatral?
4. Que elementos presentes nessas imagens dão pistas para percebermos que essas são situações encenadas?
5. Qual é o “palco” em que esses atores representam?
6. O que compõe a cenografia dessas cenas? E o que elas sugerem?
7. Você já acompanhou, ou conhece, alguma peça teatral que acontecia em espaços diferentes das salas de apresentação? Comente com seus colegas e o professor sobre isso.
Respostas e comentários
De olho na imagem
Aproveite esta seção para realizar uma avaliação diagnóstica com os estudantes. Você pode escolher um foco de observação, como o repertório e as vivências deles com a linguagem teatral, a identificação de elementos cênicos por meio da leitura da imagem ou o uso de vocabulário específico da linguagem, que se espera que os estudantes tenham adquirido com as aulas de Arte. Se necessário, adapte as propostas consecutivas do livro para revisar pontos que considere importantes para o estudo da linguagem ou para melhor atender aos anseios dos estudantes e às especificidades do contexto cultural em que vivem.
- Espera-se que os estudantes percebam a presença de pequenas embarcações em todas as imagens. Destaque que, em todos os casos, há duas pessoas em cada embarcação e que suas roupas não parecem comuns. Ressalte que a figura feminina não parece utilizar uma vestimenta apropriada para navegação nesse tipo de embarcação e que as imagens parecem retratar uma situação tensa, de busca. No caso da imagem de abertura, é possível ainda verificar a presença de trabalhadores na construção à margem do rio.
- Espera-se que os estudantes identifiquem que as imagens retratam um rio, margeado por grandes construções. Na imagem da abertura, é possível reconhecer ao longe as luzes de uma cidade.
- É possível que os estudantes comentem a situação cotidiana dos trabalhadores à beira do rio em contraponto às figuras na embarcação, que parecem realizar uma ação estranha àquele espaço. Também é possível que os estudantes reconheçam o fato de que essas ações não são habituais em um período noturno.
- Além da identificação da legenda, é possível imaginar que ela corresponde a uma encenação observando as águas do rio iluminadas de maneira artificial, com um foco de luz direcionado para as embarcações. Em uma situação de navegação seria provável que o barco tivesse iluminação própria, mas, neste caso, há uma fonte de luz que ilumina frontalmente quem está na embarcação. Retome ainda a questão relativa à vestimenta das personagens na embarcação. A atitude das figuras retratadas também é um forte indício de uma manifestação cênica, já que há uma gestualidade bastante grande, que denota a intenção de ser vista. Esclareça que essa encenação acontecia às margens do rio e em pequenas embarcações que transitavam ao lado da balsa que levava o público.
- Os atores estão em um barco, que poderia, nessas circunstâncias, ser considerado o palco da representação. Há também os trabalhadores na margem do rio, que parecem fazer parte da encenação. Além disso, como veremos adiante, bê érre três é um espetáculo que circulava por um longo trecho do rio Tietê, portanto o rio pode ser considerado o “grande palco” do espetáculo.
- Retome com os estudantes os comentários das perguntas anteriores, destacando as informações de que o próprio rio e suas margens figuram como cenário para essa peça teatral.
- Incentive os estudantes a falar de suas experiências e percepções sobre os espaços em que as apresentações são realizadas.
Artista e obra
Teatro da Vertigem
Formado em 1991 como um grupo de pesquisa e experimentação cênica, o Teatro da Vertigem consolidou-se como uma companhia teatral a partir da estreia de seu primeiro espetáculo, O paraíso perdido, em 1992.
Ao longo de sua trajetória, o Teatro da Vertigem já realizou mais de 15 trabalhos teatrais. O grupo promove importantes renovações no teatro brasileiro e é uma das principais companhias teatrais da atualidade a investigar espaços alternativos para realizar seus trabalhos.
Além do Rio Tietê, que, como vimos nas páginas anteriores, foi o “palco” da peça bê érre três, há outros exemplos de espaços alternativos pesquisados e escolhidos pelos integrantes do Teatro da Vertigem para suas apresentações, como o interior de uma igreja, um hospital abandonado, um presídio desativado e a fachada de vidro de um prédio comercial. Observe a fotografia reproduzida a seguir.
As propostas inovadoras fizeram do Teatro da Vertigem uma referência nacional e internacional de teatro contemporâneo e levaram esse grupo a receber diversos prêmios por suas produções.
PARA ACESSAR
• Teatro da Vertigem. Disponível em: https://oeds.link/0jeTLb. Acesso em: 17 maio 2022.
No site do Teatro da Vertigem é possível conhecer um pouco mais sobre o histórico dessa companhia teatral e acessar fotografias dos espetáculos do grupo.
Respostas e comentários
Artista e obra
Comente com os estudantes que o Teatro da Vertigem já realizou mais de quinze trabalhos teatrais e é um dos responsáveis por algumas das mais importantes renovações da arte teatral na atualidade: além de ser um dos primeiros a investigar espaços alternativos para o desenvolvimento de seus espetáculos, o grupo criou novas fórmas de trabalho coletivo (o processo colaborativo).
Auxilie os estudantes na leitura da imagem do espetáculo Kastelo, reproduzida nesta página. Esse espetáculo acontecia no interior e na fachada envidraçada de um prédio comercial. Os atores, quando na área externa, encenavam em pequenas plataformas suspensas, chamadas “balancins”. Os atores atuavam seguros por cordas de segurança. O público assistia ao espetáculo de dentro do prédio, em cadeiras, visualizando as cenas externas através da fachada de vidro.
Destaque a importância da construção de imagens corporais que ajudam na compreensão da história, já que, com o vidro do prédio separando a cena dos espectadores, o texto nem sempre poderia ser um recurso. Caixas de som dentro do prédio reproduziam os textos ditos pelos atores do lado de fóra.
Sugestão de atividade
No site do grupo Teatro da Vertigem, disponível em: https://oeds.link/0jeTLb (acesso em: 28 fevereiro 2022), é possível encontrar mais informações sobre os espetáculos e ver fotografias, sinopses e fichas técnicas. Há um clipe do espetáculo bê érre três que apresenta algumas cenas da peça.
Caso seja possível o acesso a computadores com internet, proponha aos estudantes uma visita ao site do grupo. A turma pode ser dividida em dois grupos, e cada grupo pesquisa as informações de um dos espetáculos apresentados no livro e depois troca as informações entre eles.
Também é possível que você faça um levantamento prévio das seguintes informações dos espetáculos bê érre três e Kastelo: fotografias, sinopses e fichas técnicas, e leve para a sala de aula. As informações podem ser apresentadas aos estudantes de fórma “embaralhada”. Como atividade, a turma deverá separar e compor as informações corretas de cada um dos espetáculos. Você pode sugerir pistas: Que imagem ou texto apresenta imagens de rio ou barcos? Que imagem ou texto indica que os atores estão suspensos ou encenando através de vidros?
Tema 1 Novos espaços
O espaço teatral
Desde os tempos mais antigos, a realização de espetáculos teatrais está diretamente ligada aos espaços onde eles acontecem. Na Grécia antiga, por exemplo, o espaço teatral era uma área ampla na qual se realizavam apresentações que envolviam teatro, dança e música e que eram acompanhadas por um grande número de pessoas.
O Teatro de Epidauro
Os espaços teatrais dos gregos antigos eram construídos nas encostas de colinas e tinham formato semicircular – de semiarena. Observe, a seguir, uma fotografia do Teatro de Epidauro, construído no fim do século quatro antes de Cristo
O Teatro de Epidauro acomoda cerca de 12 mil pessoas em 55 fileiras de assentos esculpidos em pedra, que são dispostas em degraus. Na Antiguidade, 21 fileiras eram destinadas aos cidadãos e 34 aos sacerdotes e governantes.
Respostas e comentários
Objetivos
- Perceber as características dos diferentes espaços teatrais ao longo da história e reconhecer o palco italiano como o espaço cênico convencional no teatro ocidental.
- Conhecer propostas inovadoras de grupos teatrais brasileiros cujos espetáculos são apresentados em espaços não convencionais, como em barcos, ônibus, igrejas, cemitérios, nas ruas das cidades, entre outros.
- Identificar artistas de diferentes linguagens que produzem obras que ocupam espaços alternativos.
- Experienciar em dupla a criação de uma cena em espaços não convencionais, identificando a relação entre esses espaços e a temática da cena.
- Apresentar em sala de aula essa experimentação de criação cênica.
- Desenvolver a autoconfiança e a autocrítica por meio da experimentação artística.
Habilidades favorecidas neste Tema
(ê éfe seis nove á érre dois quatro), (ê éfe seis nove á érre dois cinco), (ê éfe seis nove á érre dois seis), (ê éfe seis nove á érre dois sete), (ê éfe seis nove á érre dois nove), (ê éfe seis nove á érre três zero), (ê éfe seis nove á érre três um), (ê éfe seis nove á érre três dois), (ê éfe seis nove á érre três três) e (ê éfe seis nove á érre três cinco).
Contextualização
Pergunte aos estudantes se eles já assistiram a espetáculos em espaços parecidos com um dos abordados nas páginas 98 a 101. É provável que eles falem sobre suas experiências em edifícios teatrais com o palco italiano e em espaços de arena ou semiarena. Explique que as construções e as escolhas dos espaços das apresentações estão diretamente ligadas a crenças e valores das diferentes épocas. Comente, por exemplo, que, na virada do século quinze para o século dezesseis, o espaço se alterou devido ao desenvolvimento das técnicas de pintura e perspectiva, decorrentes de uma mudança na visão de mundo da sociedade. Como nesse momento o ser humano era o centro do Universo, o espaço das apresentações precisaria corresponder a um lugar que colocasse a figura humana em evidência.
Orquestra
A arena circular no centro da construção é chamada orquestra. Era nesse espaço que os coros ficavam e que as danças eram apresentadas. O piso dessa área era de terra batida ou revestido de pedra. Vale lembrar que, na Grécia antiga, os espetáculos teatrais também envolviam dança e música.
Local da encenação
Nos espaços teatrais da Grécia antiga, as encenações ocorriam no proscênio, espaço elevado localizado atrás da orquestra. Nesse local, os atores podiam ser vistos e ouvidos por todos os espectadores. Atrás do proscênio ficava a ísquíni, local onde os atores trocavam de roupa. Observe o detalhe reproduzido na imagem.
Acústica
Embora o Teatro de Epidauro não seja coberto, a propagação do som no local é muito boa. Por essa razão, afirma-se que a acústicaglossário do local é perfeita. O modelo de construção do teatro torna possível ouvir perfeitamente os sons mesmo estando em uma fileira da arquibancada mais ao fundo. As máscaras também tinham um papel fundamental na acústica dos espetáculos gregos, uma vez que amplificavam e direcionavam o som da voz dos atores.
Faça no diário de bordo.
Experimentações
• Você realizará uma atividade a fim de entender o conceito de acústica.
Procedimentos
- Reúna-se com os colegas na sala de aula formando uma “plateia”. O professor vai escolher um dos estudantes para se posicionar à frente do grupo e ler um pequeno texto sem alterar a voz ou fazer qualquer esforço para falar. Depois, comentem: os estudantes da plateia conseguiram escutar bem a leitura do texto? O leitor acredita que todos o ouviram bem?
- Com as orientações do professor, dirijam-se para a quadra de esportes ou outra área da escola que seja ampla e descoberta. Repitam essa atividade. Depois, comentem: o resultado foi o mesmo? Em caso afirmativo, o que mudou?
- Caso haja um teatro na escola, façam essa mesma atividade no teatro.
Avaliação
Organizem-se em uma roda e comentem como foi a experiência de fazer essa atividade. Depois, escrevam suas impressões no diário de bordo.
- Em que espaços houve menor e maior dificuldade para a audição do texto? Justifique.
- Com base nessa experiência, como você definiria acústica?
Respostas e comentários
Acústica dos teatros gregos
Comente com os estudantes que os gregos se preocuparam com a acústica em seus teatros e desenvolveram estratégias para potencializar o som.
Explique que os teatros gregos eram construídos de modo que o vento passasse por trás do local da encenação, em direção à plateia. Além de amenizar a temperatura, o vento levava o som em direção à plateia. Chame a atenção para a imagem do Teatro de Epidauro, construído na beira de uma colina.
Os gregos perceberam que, conforme a distância entre a fonte sonora (atores e músicos) e o ouvinte crescia, o volume ficava consideravelmente mais baixo. Com base nessa constatação, eles começaram a diminuir a distância entre o proscênio e o público, dispondo as fileiras de assento em degraus. Os gregos também desenvolveram a máscara teatral, que, além de caracterizar as personagens, eram utilizadas como uma espécie de megafone, amplificando a voz pelo formato da boca.
Experimentações
Antes da atividade, sugira aos estudantes uma experimentação vocal que possa liberar as tensões e a habitual timidez de se expor diante dos colegas. Em uma roda, sugira que um voluntário produza um som que deverá ser repetido ao longo de toda a rodada. Quando ele estiver seguro do som que está produzindo, peça aos outros integrantes da roda, um a um, que acrescentem novos sons, complementando a proposta de quem iniciou. A ideia é que todos juntos formem uma orquestra de sons vocais.
Então, organize os estudantes em uma relação de palco e plateia e convide um novo voluntário para a leitura de um pequeno texto. Poemas curtos podem favorecer essa atividade.
Enfatize que o trabalho inicial promoveu uma descontração e aqueceu a voz do leitor, mas, ainda assim, o espaço da sala interfere de maneira significativa na propagação do som.
Conduza, então, os estudantes para um espaço amplo e aberto. O mesmo voluntário deverá novamente ler o poema diante de seus colegas, organizados em uma plateia frontal. Converse com eles sobre as diferenças entre a leitura realizada dentro da sala e a feita nesse novo espaço.
Se possível, realize a atividade no palco do teatro da escola (se houver). Nesse caso, todos os estudantes devem passar pela experiência de dizer o texto para a plateia.
Avaliação
Reúna os estudantes em roda e converse sobre as dificuldades e os desafios impostos ao ator pelos diferentes espaços de apresentação. Destaque que, em um edifício teatral, há uma arquitetura pensada para facilitar a audição; já em espaços externos, os atuantes devem preparar sua voz para que seja projetada para a plateia.
Evidencie, nas etapas da atividade, como em cada espaço o conceito da acústica estava sendo observado.
As praças como palco
Na Idade Média, a Igreja católica influenciava profundamente o modo de pensar e de agir das pessoas. De acordo com as crenças da Igreja, atividades como a dança, o teatro e a música – que antes integravam os rituais sagrados dos gregos e dos romanos – estavam vinculadas ao pecado, e muitas vezes eram proibidas nas igrejas e nas cerimônias religiosas.
Apesar dessas restrições, o teatro não deixou de existir, e os espetáculos passaram a ser realizados em praças e em outros espaços públicos. Nesses lugares, sempre havia uma espécie de palco em torno do qual se reunia a plateia. Essa situação é retratada na pintura reproduzida a seguir.
Com o tempo, a Igreja católica passou a utilizar o teatro para difundir os valores cristãos. Assim, surgiram, por exemplo, os autos teatrais, peças que traziam a representação de episódios da Bíblia e da vida dos santos. Os autos eram encenados como em uma procissão e eram criadas plataformas que funcionavam como estações pelas quais o público passava para acompanhar a história.
Respostas e comentários
Contextualização
Auxilie os estudantes na leitura da pintura reproduzida nesta página. Chame a atenção para o fato de que a representação teatral que acontece na praça divide as atenções com o cotidiano do espaço: os encontros entre os transeuntes, o comércio e as carruagens. Foi com base nas necessidades geradas por apresentações em espaços públicos e amplos como esse que muitas manifestações cênicas da Idade Média desenvolveram fórmas específicas de representação. O uso de acrobacias durante os espetáculos e uma construção gestual ampliada são algumas das características do teatro medieval.
Indicação
Se possível, exiba para os estudantes o filme A viagem do Capitão Tornado, de Ettore Scola. O filme conta a história de uma trupe teatral mamembe de commedia dell’arte, no final do século dezoito na França. A cenografia e os figurinos do filme retratam diversos aspectos do teatro realizado em praças e espaços públicos, como o figurado na imagem.
O palco italiano
Durante o Renascimento, instituiu-se a ideia de um edifício teatral propriamente dito. Nessa época, houve o desenvolvimento de técnicas de pintura que possibilitavam a representação dos espaços, conferindo-lhes a ilusão de profundidade. Foi essa nova concepção de pintura que motivou uma mudança nafórma de organização das plateias e do espaço determinado para as apresentações. Assim, criou-se um espaço capaz de levar ao espectador as noções de profundidade e de perspectiva. Esse novo modelo de espaço teatral chama-se palco italiano.
Esse modelo de espaço teatral se caracteriza pela disposição frontal de palco e plateia, entre os quais se cria uma “quarta parede” imaginária que, com a parede do fundo e as duas laterais, fórma uma espécie de caixa cênica, dentro da qual o espetáculo é encenado.
Texto do Infografico
Gire o seu dispositivo para a posição vertical
O palco italiano é ainda o mais adotado no teatro ocidental e, possivelmente, o primeiro que vem à nossa mente ao pensarmos em espaço teatral. Na atualidade, no entanto, os grupos de teatro contemporâneo têm buscado estabelecer novas relações com o espaço, construindo possibilidades que vão além das convenções do palco italiano.
Esses grupos rompem, por exemplo, com essa disposição frontal tradicional e promovem a aproximação entre os atores e o público. Essa é a proposta, por exemplo, do Teatro da Vertigem no espetáculo retratado na abertura desta Unidade.
Respostas e comentários
Contextualização
Comente com os estudantes que o primeiro teatro inaugurado segundo os novos moldes impostos pela pintura renascentista surgiu em Veneza, em torno de 1630.
Você pode retomar as imagens anteriores e fazer uma nova leitura de imagens, comparando-as. Considere fazer as seguintes questões:
- Quais são as diferenças entre os dois tipos de teatro?
- Quais são as semelhanças?
- Agora que conhecem a noção de acústica, como consideram que ela acontece em ambos os espaços?
- Consideram que a elevação da plateia em ambos os teatros contribui igualmente para a propagação do som?
Existem também outros tipos de teatro. Você pode propor uma consulta rápida na internet para conhecer outros exemplos.
Espaços não convencionais
Ao analisar a fotografia de abertura desta Unidade, você pôde observar que o Teatro da Vertigem realizou uma de suas peças em um rio de grande extensão, e essa não foi uma escolha fácil. Para contar a história nesse lugar, o grupo enfrentou uma série de dificuldades, como o deslocamento dos atores e, principalmente, o deslocamento do público para esse lugar. Para poder assistir ao espetáculo bê érre três, os espectadores tiveram de entrar em uma embarcação para assistir às cenas que aconteciam nas margens do rio e em barcos menores que acompanhavam o público.
Essas dificuldades levaram o grupo a criar novas fórmas de representar as personagens, de escrever os textos, criar os cenários, indo além das fronteiras conhecidas do teatro. Essa é uma das características mais marcantes do Teatro da Vertigem, que, desde sua criação, optou por encenar seus espetáculos em espaços não convencionais.
A fotografia desta página mostra cenas do espetáculo O paraíso perdido, encenado no interior de uma igreja.
Faça no diário de bordo.
Foco na linguagem
1. Nesta página e nas anteriores, você estudou quatro diferentes espaços teatrais: teatro de Epidauro, praças como palco, palco italiano e espaços não convencionais. Com a orientação do professor, responda em seu diário de bordo às seguintes questões:
- Escolha um dos espaços estudados. Nele, como você dimensionaria a distância entre o lugar de representação e o lugar da plateia? São próximos, distantes ou muito distantes? Em sua opinião, como essa distância influencia o tipo de peça e a percepção dos espectadores?
- Você conhece algum espaço na sua cidade ou região que se assemelhe com algum desses espaços? Em caso afirmativo, descreva-o.
- Você já assistiu a uma peça de teatro em algum espaço semelhante a esses apresentados? Em caso afirmativo, descreva sua experiência.
- O teatro de Epidauro tem capacidade para 12 mil pessoas. Você conhece algum espaço, na atualidade, que pode receber essa quantidade de público? Exemplifique e compartilhe suas respostas com os colegas.
Respostas e comentários
Contextualização
Comente com os estudantes que essa inovação na escolha de espaços se deve, em grande parte, aos anseios dos artistas contemporâneos de romper as fronteiras estabelecidas do edifício teatral e dialogar com os espaços públicos. Além disso, muitos desses espaços são escolhidos em função dos significados que carregam consigo, ou seja, os espaços não são meros suportes para a apresentação teatral, mas a natureza desses espaços, suas histórias e arquiteturas constituem elementos fundamentais para a compreensão dos acontecimentos cênicos.
Convide os estudantes, então, a observar uma imagem de um outro espetáculo do Teatro da Vertigem, O paraíso perdido, retratado nesta página. Explique que, nesse espetáculo que compõe uma trilogia de peças, o principal tema são as tensões entre o sagrado e o profano, com histórias que falam sobre os confrontos do ser humano com Deus. Assim, a escolha do lugar para as apresentações tem a ver com as sensações que o grupo quis causar ao contar a sua história. Em O paraíso perdido, a encenação se passa em uma igreja, lugar de reencontro com o sagrado, e conta a história do anjo caído. Para montar essa peça, o Teatro da Vertigem pesquisou textos bíblicos, evangelhos apócrifos (considerados ilegítimos) e o poema homônimo do inglês Djón Milton (1608-1674).
Na imagem é possível observar como o interior da igreja pode gerar sensações no espectador em função de sua luminosidade, das dimensões e da arquitetura do espaço e, inclusive, da própria maneira como o som ecoa dentro de um ambiente como esse.
Foco na linguagem
Auxilie os estudantes nas respostas das questões. Destaque como cada espaço propõe uma relação diferente entre o palco e plateia, influenciando o estilo da peça teatral e a recepção do público. Espera-se que os estudantes compreendam como o espaço teatral pode ser diverso e como o conteúdo apresentado anteriormente pode ser compreendido com base em experiências que os estudantes tenham vivenciado ou visto, em espaços semelhantes em suas cidades e regiões.
Por dentro da arte
Gaia Mother Tree
Em 2018, o artista brasileiro Ernesto Neto ocupou uma grande área de uma estação de metrô de Zurique, na Suíça, com a instalação Gaia Mother Tree. Essa obra, que tem quase 20 metros de altura, remete a uma grande árvore e se estende do chão ao teto da estação. O trabalho artístico de Ernesto recebeu grande influência do povo Runí Cuím, desde que, em 2013, Ernesto esteve no Acre e conheceu essa comunidade indígena que vive na fronteira entre o Brasil e o Peru. Gaia Mother Tree foi inteiramente feita a mão, por crocheteiras, com tiras de algodão coloridas.
Observe a fotografia reproduzida a seguir.
Na base da obra há um espaço onde as mais de 500 mil pessoas que passam pela estação diariamente podem circular e descansar. Há, também, elementos em formato de gota recheados com especiarias aromáticas e folhas secas.
Faça no diário de bordo.
Foco na linguagem
1. Como a obra Gaia Mother Tree se relaciona com as obras visuais que conhecemos na Unidade 2?
Respostas e comentários
Por dentro da arte
Se julgar oportuno, retome o conceito de instalação apresentado na Unidade 2.
Comente com os estudantes que artistas de diferentes linguagens produzem obras que ocupam espaços não convencionais. Explique que, ao pensar em obras visuais, como pinturas e esculturas, logo imaginamos exposições realizadas em museus, o espaço onde tradicionalmente o público pode apreciar esse tipo de obra. As criações visuais, no entanto, cada vez mais têm ocupado espaços alternativos.
Considerando a influência dos indígenas Runí Cuím no trabalho artístico de Ernesto, você pode pedir aos estudantes que façam uma pesquisa sobre a arte dessa comunidade indígena.
Foco na linguagem
Incentive os estudantes a falar de suas impressões. Se julgar necessário, retome rapidamente as obras visuais apresentadas na Unidade 2. Ao final, espera-se que eles mencionem que a obra de Ernesto Neto é uma instalação, manifestação das artes visuais apresentada na Unidade 2. Os estudantes também devem mencionar o fato de Gaia Mother Tree ser uma obra interativa.
Além dos cravos
Outro espetáculo que revela a potência dos espaços não convencionais ao contar sua história é a peça Além dos cravos, do EmFoco Grupo de Teatro. Observe a seguir, algumas imagens desse espetáculo e descubra em que lugar o grupo decidiu encená-lo.
Em Além dos cravos, a companhia baseou-se nas referências históricas e culturais de um cemitério em Fortaleza, no Ceará, para criar sua própria história. A vida e a morte presentes naquele espaço constituem a narrativa da peça, que acontece além das fronteiras do teatro, transformando o espaço real de um cemitério em palco para uma peça teatral delicada e poética. O espetáculo Além dos cravos foi encenado em cemitérios de diversas cidades do Brasil.
Respostas e comentários
Contextualização
Auxilie os estudantes na leitura das imagens. Espera-se que eles identifiquem, por meio da arquitetura e das construções do espaço, que se trata de um cemitério. Converse de fórma cuidadosa e atenta sobre o tema com os estudantes. Observe se estão confortáveis. Propicie a oportunidade de eles formularem questões acerca dessa proposta; se julgar necessário, dê alguns exemplos, como: Será que se trata de uma peça de terror?; Quais emoções e sensações um espaço como esse pode despertar? Incentive-os a refletir sobre o assunto abordado na peça e como o teatro pode refletir e ressignificar vivências e espaços, por meio da imaginação e da criatividade. Coordene a formulação coletiva de hipóteses sobre as histórias possíveis em um cemitério. Comente que o EmFoco Grupo de Teatro partiu da ideia de trazer para a cena as memórias despertadas por um espaço em que a vida e a morte convivem intensamente. Explique que o grupo optou por tratar da morte sem levar em conta sua perspectiva trágica, mas como um acontecimento indispensável e inerente à vida.
Artista e obra
EmFoco Grupo de Teatro
O EmFoco Grupo de Teatro foi criado em 2009, em Fortaleza (Ceará), por iniciativa de estudantes do curso de Teatro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (í éfe cê ê). O grupo enfatiza em seus trabalhos a utilização do espaço não convencional, a interação com o público e as interseções com a performance, manifestação artística que você conheceu na Unidade 2.
O primeiro espetáculo realizado pelo EmFoco Grupo de Teatro foi a peça Preciso dizer que te amo, que propõe o diálogo entre a linguagem teatral e os elementos da dança, da música e da poesia.
Em 2014, o grupo estreou o espetáculo Price World ou Sociedade a preço de banana. Essa peça tem como principal objetivo promover a reflexão a respeito do consumo desenfreado característico do mundo atual. A encenação desse espetáculo é realizada no interior de um ônibus e nas ruas. Observe as fotografias desse espetáculo reproduzidas a seguir.
Respostas e comentários
Artista e obra
Ao analisar a trajetória do grupo EmFoco e seus outros trabalhos, observe as imagens reproduzidas nesta seção e convide os estudantes a refletir sobre o interesse do grupo pela ocupação de espaços não convencionais. As duas imagens retratam cenas do espetáculo Price World ou Sociedade a preço de banana. Na primeira, a cena se desenrola dentro de um ônibus; na segunda, vemos as atrizes em um ponto de ônibus. Se julgar oportuno, converse com a turma sobre essa perspectiva itinerante oferecida pelo espetáculo. Ele tanto ocupa espaços da cidade como circula por eles em um ônibus. Com esse espetáculo, o grupo viajou por diversas cidades do país, levando sua ácida crítica social a diversas regiões.
A cidade como palco
O palco dos espetáculos do Teatro da Vertigem e do EmFoco Grupo de Teatro não são apenas espaços alternativos, mas também as ruas das cidades. No entanto, na perspectiva desses e de outros grupos de artistas contemporâneos, a rua não é apenas um espaço em que o público sereúne espontaneamente em torno de um tablado ou da arena ali instalada para que a peça seja apresentada. A rua é, também, palco e cenário do espetáculo, ajudando a contar a história da peça.
Esse também é o caso do espetáculo Todas as ruas têm nome de homem, da companhia capixaba Confraria de Teatro. Nessa peça, o elenco de quatro mulheres se apresenta em espaços públicos e privados da cidade, convidando os espectadores a caminhar pelas ruas, a olhar o entorno e a conhecer a vida e a história de outras mulheres que viveram em diferentes épocas entre 1930 e 2016.
São três histórias conduzidas por uma narradora. A narradora esqueceu o próprio nome, mas luta para que os nomes de outras mulheres não sejam esquecidos. O público deve decidir qual caminho percorrer e, com isso, qual história vai conhecer. Juntas, as narrativas de cada personagem problematizam a presença da mulher na cidade, tendo as ruas não apenas como cenário, mas também como o espaço real, no qual diariamente a violência contra ela persiste.
Respostas e comentários
Contextualização
Reflita com os estudantes sobre os espetáculos observados até aqui. Nos casos dos dois grupos, cujos espetáculos serviram como exemplo, a cidade ganha uma dimensão muito maior do que simplesmente abrigar a apresentação e passa a fazer parte das narrativas cênicas construídas. Esse interesse em extrapolar as fronteiras das salas de espetáculo e avançar para as cidades reflete um desejo artístico de aproximar ficção e realidade, na busca por interferir concretamente na percepção do espectador. Dessa fórma, o espectador modifica sua leitura da obra e seu olhar para o espaço urbano. Há nessa escolha uma perspectiva política, de redimensionamento das relações da cidade e de seus cidadãos, de reaproximação com o espaço público.
Arte e muito mais
Artistas de rua: estátua viva
É cada vez mais comum encontrarmos artistas representando estátuas nas ruas das cidades. Essa atividade é um tipo de ação cênica em que o artista, chamado estátua viva, utiliza expressões corporais e faciais e elementos cenográficos, como figurinos e maquiagem. Você já assistiu a alguma apresentação de estátua viva? Em caso afirmativo, comente essa experiência com seus colegas.
Nessas apresentações, os artistas permanecem parados por um longo período com posturas expressivas. Em geral, eles criam posições “congeladas”. Em alguns momentos, no entanto, realizam movimentos sutis com a intenção de causar surpresa nos espectadores.
Observe, nas fotografias desta página, o ator Azerutan se caracterizando para atuar como estátua viva e interpretando a personagem Fernando Pessoa.
Faça no diário de bordo.
• Quais são os tipos de artistas de rua da sua região? Como é a relação deles com o público? Como é a recepção das pessoas a esse tipo de arte quando caminham pelas ruas da cidade? Com a orientação do professor, elabore um estudo de recepção das pessoas a essa linguagem.
Faça no diário de bordo.
Experimentações
• Com a orientação do professor, você vai experienciar ser estátua viva por um dia.
Procedimentos
- Crie uma personagem, definindo suas características físicas e psicológicas. Caracterize-a com figurino e maquiagem.
- Improvise diferentes posições com o corpo e escolha três posturas que melhor expressem a sua personagem.
- Conforme agendado pelo professor, de acordo com as orientações dele, apresente sua estátua viva.
- Se possível, organize com a turma, fórmas de registro fotográfico e/ou videográfico das apresentações.
- Escreva um relato sobre essa experiência em seu diário de bordo.
Respostas e comentários
Arte e muito mais
Comente com os estudantes que o nome artístico Azerutan é formado pela palavra natureza lida de trás para a frente.
Fale sobre o poeta Fernando Pessoa (1888-1935), nascido em Lisboa e considerado um dos maiores escritores de língua portuguesa. Além de escrever poemas assinando seu nome, ele utilizou alguns heterônimos (como Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis).
Proposta de pesquisa
A proposta de estudos de recepção está relacionada ao Tema contemporâneo transversal Multiculturalismo, com ênfase no subtema Diversidade cultural. A proposta envolve dois dados fundamentais a serem coletados e analisados:
- Quais são os tipos de artista de rua da sua região? Como é a relação deles com o público?
- Como é a recepção das pessoas a esse tipo de arte quando caminham pelas ruas da cidade?
Converse inicialmente sobre as percepções dos estudantes em relação aos artistas de rua, pedindo a eles que compartilhem as suas referências.
Em uma data específica, eles poderão fazer essa pesquisa nos corredores da escola, com colegas, professores e funcionários.
Depois, oriente-os a transcrever as mais interessantes para realizar uma roda de conversa e compartilhamento.
Eles poderão ser avaliados pela qualidade das perguntas elaboradas, pelas contribuições para as reflexões, pelo empenho na realização da pesquisa na escola e pela colaboração com os colegas.
Experimentações
Antes de iniciar a atividade, prepare os estudantes para esse momento criativo a fim de que não fiquem inibidos. Peça-lhes que caminhem pelo espaço variando a velocidade de 0 a 10: na velocidade 0, eles devem ficar “congelados”; na velocidade 1, devem andar muito lentamente; e assim por diante. Quando você disser “zero”, eles devem ficar parados como se fossem estátuas. Essa atividade deve ser feita em um local sem cadeiras.
Então, auxilie os estudantes na caracterização de suas personagens e na escolha das posições delas. A apresentação das estátuas vivas pode ser no pátio, na hora do intervalo, para os demais estudantes da escola. Se possível, registre a atividade em fotografias e depois organize uma exposição das imagens.
Como elementos de avaliação, observe como cada estudante propôs sua personagem (criatividade, detalhes da caracterização, movimentos corporais) e como se desenvolveu durante a apresentação. Indica-se que a avaliação observe todo o processo criativo, e não apenas o desempenho no dia da apresentação.
Entre textos e imagens
“Artista de rua não é camelô”, dizem profissionais de estátua viva
“reticências
Sem constrangimento, o calçadão lotado vira camarim e palco. Azerutan troca de roupa e empasta seu rosto com uma mistura de tintas que aproximam sua pele da textura do concreto. Ele começa a dar vida ao poeta Fernando Pessoa. Ou melhor: a uma estátua representando o escritor.
Todos os dias, eles vão para a rua, seu local de trabalho, e se preparam para um expediente que pode até parecer curto – cerca de três horas – para quem trabalha sentado e com intervalos para o café. Nem tanto para quem trabalha imóvel. reticências Idas ao banheiro ou parada para o lanche só acontecem antes ou depois das sessões.
reticências
No ramo há 17 anos, Azerutan se diz realizado com a evolução das obras. Antes de se encontrar na profissão, fez faculdade de artes plásticas e deu aula de desenho em escolas. Mas queria usar o próprio corpo para expressar o que entende como arte.
Passou a observar, via internet, o trabalho feito por estatuístas internacionais. Segundo ele, na Europa, o movimento é reconhecido e regulamentado. A qualidade dos figurinos gringos também impressiona.
Por aqui, de tanto analisar o pouco que era feito pelos artistas nas ruas, resolveu dar a cara a tapa – literalmente. Já apanhou, foi derrubado, xingado e maltratado. Por vezes, ainda tem que mudar de lugar quando a polícia acha que seu trabalho atrapalha a circulação, mas acredita que, com seus personagens, consegue promover cultura.
‘Nossa cultura é Carnaval e futebol. Às vezes temos que explicar que artista de rua não é camelô. Mas não discutimos com a polícia. Pegamos nosso material e mudamos de lugar. Digo que estou mostrando, para quem quiser parar um minuto pra me ver, a figura de Fernando Pessoa. Já fui muito marginalizado, mas agora, na maioria das vezes, sou aplaudido.’
reticências.”
MACHADO, Lívia. “Artista de rua não é camelô”, dizem profissionais de estátua viva. gê um, São Paulo, 6 dezembro 2011. Disponível em: https://oeds.link/EKovtA Acesso em: 28 fevereiro 2022.
Faça no diário de bordo.
Questões
- De acordo com o texto, por que o artista Azerutan passou a se dedicar à atividade de estátua viva?
- Em sua opinião, por que o trabalho de muitos artistas de rua não é reconhecido como arte?
- Escreva um texto curto sobre a sua opinião a respeito da valorização do trabalho de artistas de rua.
Respostas e comentários
Questões
- O artista desejava expressar com o corpo dele o que entende por arte.
- Espera-se que os estudantes comentem que muitas pessoas não reconhecem como artístico o trabalho de artistas de rua por não se tratar de uma manifestação artística consagrada. Aproveite essa questão para comentar a importância das diferentes expressões da arte, em seus vários campos e linguagens, e valorize aquelas que utilizam a rua e os espaços não convencionais para promover o encontro e a sensibilização do público.
- Essa questão se relaciona com o Tema contemporâneo transversal Economia, com ênfase no subtema Trabalho. Sugira aos estudantes que busquem extrair ideias do texto para fundamentar a sua escrita.
Faça no diário de bordo.
Experimentações
• Neste Tema, você conheceu a trajetória de alguns grupos teatrais e sua concepção de trabalho em espaços não convencionais. Agora, é sua vez de viver essa experiência.
Procedimentos
- Você vai formar dupla com um colega de turma. Vocês vão seguir as orientações do professor para realizar uma caminhada pela escola. Nessa caminhada, você estará de olhos fechados e será guiado pelo colega enquanto caminha. Quando o colega apertar sua mão, abra e feche os olhos, como se você fosse uma máquina fotográfica fazendo uma fotografia. Você deve memorizar esse lugar para descrevê-lo depois.
- Em seguida, você e o colega vão trocar os papéis. É importante que você o conduza por lugares que ainda não foram visitados por vocês.
- Vocês vão selecionar um dos espaços visitados pela dupla e fazer uma lista de suas características, por exemplo: são escadas, paredes, colunas? Qual é a intensidade de luz que há nesses locais?
- Agora, improvisem uma cena utilizando o espaço escolhido como se ele fosse “outro espaço”. A proposta é evitar a criação de uma história em que o refeitório seja utilizado para fazer uma refeição, por exemplo. Assim, o foco dessa história deve estar na atribuição de novos significados para o espaço e na abordagem das possibilidades que ele oferece como arquitetura e como topografia. Uma sugestão para facilitar a construção da cena de vocês é definir as personagens que cada um de vocês vai representar nesse local.
- Na data agendada pelo professor, vocês vão apresentar a cena que improvisaram. Vocês podem utilizar outros elementos para compor o espaço, como pequenos objetos, tecidos, figurinos e músicas. Mas é importante que vocês não se esqueçam de definir de onde os espectadores devem assistir à cena – não é necessário que se estabeleça uma relação frontal entre palco e plateia. Vocês podem, por exemplo, solicitar ao público que assista à cena a distância, de cima, de lado, por exemplo.
- Ao longo de toda a atividade, façam registros do processo de investigação e criação. O registro do processo pode ser feito por meio de relatos, descrição das etapas e desenhos. Usem o diário de bordo como suporte para guardar os registros. Também, no dia de apresentação, combine com o professor e os colegas um modo de registrar as apresentações, por meio de vídeos ou fotografias.
Avaliação
Depois de realizadas as apresentações de toda a turma, sigam as orientações do professor e formem uma roda para conversar sobre os desafios e as descobertas dessa atividade. Para isso respondam às questões a seguir.
- Como foi a experiência de “fotografar” e memorizar os lugares que vocês visitaram? Vocês tiverem alguma dificuldade? Comente com os colegas.
- Como foi a experiência de improvisar uma cena dando novo significado ao lugar que escolheram?
- Comente com o professor e os colegas a experiência de apresentar a cena improvisada e de assistir às cenas improvisadas pelos colegas de turma.
Respostas e comentários
Aquecimento
Em uma aula anterior ao desenvolvimento desta proposta, se possível, faça a atividade a seguir como fórma de aquecer os estudantes nas relações com o espaço.
Solicite a eles que caminhem por um espaço amplo e sem carteiras. Durante a caminhada, oriente-os a ocupar o espaço de modo equilibrado, distribuindo-se por toda a área determinada. Dê o comando para que interrompam repentinamente algumas vezes, a fim de que observem a distribuição dos corpos no espaço e possam aprimorar a ocupação espacial. Em seguida, dê instruções como: “Agora caminhem apenas pelas laterais do espaço”; “Caminhem apenas ocupando o centro”; “Caminhem em zigue-zague”. Depois de realizada essa etapa, solicite que caminhem novamente de maneira bem distribuída e que agora procurem ocupar os diferentes níveis do espaço (alto, médio e baixo), deslocando-se com o corpo todo e criando diferentes posturas durante a caminhada.
Experimentações
- Auxilie os estudantes na formação das duplas e reforce o enunciado do jogo. Determine o tempo de caminhada em torno de três a cinco minutos. Trata-se de um jogo de “guiar o colega”, por isso é importante destacar a necessidade do cuidado com o corpo dos colegas e da extrema atenção que deve ser dispensada a fim de gerar confiança. Peça que evitem conversar durante esse trajeto e que prestem atenção aos sons do espaço e à topografia (diferenças de níveis) do caminho.
- Reforce que a responsabilidade sobre a organização do tempo será deles, já que estarão espalhados pelo espaço da escola; por isso, é importante que sejam rigorosos no cumprimento do tempo.
- A elaboração dessa lista será importante para criar a cena, pois oferecerá uma ideia de quais recursos arquitetônicos e topográficos podem ser utilizados pelos estudantes na composição de uma cena.
- Reforce a importância de que eles não se atenham apenas às características literais dos espaços.
- Pode ser importante reservar algum tempo para que cada dupla ensaie em seu espaço. Reforce a importância da escolha do melhor ponto de vista para os espectadores de sua cena, bem como a posição desses espectadores (em pé, sentados etcétera).
- Incentive os estudantes a criar registros do processo criativo. Eles podem escrever relatos, desenhar e criar colagens sobre as práticas vivenciadas ao longo da atividade. No dia da apresentação, procure fórmas de registrar por meio de vídeo ou fotografia.
Avaliação
Nessa roda de avaliação, é importante destacar as apresentações em aula como exercícios, e não espetáculos acabados; Procure verificar se os estudantes identificam a relação entre os espaços não convencionais e as temáticas das cenas criadas por eles.
Glossário
- Acústica
- : qualidade de um local do ponto de vista da propagação do som.
- Voltar para o texto