UNIDADE 8 Máquinas simples e máquinas térmicas

Uma sociedade de homens e máquinas?

Ao longo do tempo, os seres humanos foram desenvolvendo diferentes tipos de máquina para auxiliá-los nas tarefas cotidianas. As primeiras máquinas consistiam em algum tipo de instrumento capaz de realizar apenas um tipo de movimento, como cortar, levantar, empurrar ou girar.

Há quem diga que as máquinas vão substituir os humanos nos postos de trabalho. Mas a tecnologia atual já permite que pessoas e máquinas trabalhem juntas como se fossem uma entidade única, ou que pessoas com deficiência possam ter mais qualidade de vida, e até chutar uma bola, como mostrou o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis.

Ilustração. Manequim masculino em pé. Atrelado ao seu corpo, como se fosse uma armadura há uma estrutura metálica que está ligada desde a cabeça até as costas, braços, cinturas e pernas. Ele está em um campo de futebol e a sua frente há uma bola. Destaque para sua cabeça com o texto: 1. Touca com eletrodos capta sinais elétricos emitidos pelo cérebro. Destaque para o equipamento nas costas com o texto: 2. Sinais são transmitidos para um computador que fica nas costas do robô, em um tipo de mochila. Na cintura há o número 3 com o texto: Computador decodifica sinais cerebrais e envia as ordens de movimento ao exoesqueleto, que passa a se locomover. No pés háo número 4 com o texto: Quando o robô pisa no chão, uma "pele artificial" nos pés do paciente transmite sinais de tato e uma manga especial nos braços. Destaque para os braços com o texto: 5. Os sinais recebidos pela manga fornecem uma resposta sensorial, o que possibilita um maior controle sobre os movimentos.
Infográfico mostrando detalhes do exoesqueleto desenvolvido pelo Projeto Andar de Novo.

Fonte: LENHARO, Mariana. Jovem paralisado dará ‘pontapé inicial’ usando robô comandado pelo cérebro. gê um, 12 junho 2014. Disponível em: https://oeds.link/nvtC6i. Acesso em: 21 junho 2022.

Fotografia. Homem branco de cabelo curto e cavanhaque grisalho, veste camisa azul, calça preta e tênis preto. Sobre o seu corpo, como se fosse uma armadura, há uma estrutura robótica desde a coluna até braços e pernas. Ele está em pé segurando uma caixa grande de papelão
Um exoesqueleto ajudando uma pessoa a carregar, com segurança, um peso bem maior do que ela seria capaz.

Começando a Unidade

  1. De que maneira as máquinas são usadas no seu dia a dia? Cite exemplos dessas máquinas.
  2. Como você imagina que o trabalho realizado pelas máquinas que você citou na questão anterior era executado há cem anos? Na sua opinião, as máquinas ajudam os seres humanos a viver melhor? Por quê?
  3. Você já deve ter se deparado com expressões do tipo “é preciso fazer mais fôrça!”. Reflita sôbre o que expressões como essa querem dizer e, com base em suas experiências e seus conhecimentos, tente definir o conceito fôrça do ponto de vista científico.
  4. Para você, faz sentido classificar as máquinas como boas ou ruins? Ou seria mais apropriado avaliá-las em função de sua eficiência e adequação para realizar uma tarefa? Discuta com os colegas suas ideias, apresentando argumentos e contra-argumentos.

Por que estudar esta Unidade?

Embora seu uso pela humanidade seja muito antigo e até intuitivo, o funcionamento das máquinas simples e das máquinas térmicas envolve conceitos importantes, que são mais bem compreendidos com o seu estudo científico. O estudo de algumas máquinas simples permite entender a ação de uma fôrça para movimentar um corpo, por exemplo. Ao estudar as máquinas térmicas, você compreenderá conceitos como o da conservação de energia, que é fundamental na compreensão de fenômenos relacionados a diversas áreas, como a Engenharia, a Física e a Química. Compreender a Ciência e as suas aplicações é importante para o exercício da cidadania em uma sociedade tecnológica como a que vivemos atualmente.

TEMA 1 Máquinas

Uma máquina pode ser definida como um dispositivo que permite modificar a intensidade, a direção ou a distância em que uma fôrça atua de modo a nos auxiliar na realização de algumas tarefas.

Força

Em Física, fôrça é uma ação que modifica o estado de movimento de um corpo ou objeto. A aplicação de uma fôrça, indicada por

F vetorial

, pode alterar a velocidade de um corpo: por exemplo, colocando em movimento um corpo que esteja parado ou fazendo com que um corpo que esteja em movimento pare.

Para entender como uma fôrça afeta o movimento de um corpo ou objeto, é necessário saber sua intensidade, sua direção e seu sentido, características que podem ser representadas graficamente por uma seta denominada vetor.

No levantamento de pêso, os atletas erguem halteresglossário do chão até acima de sua cabeça. Durante a prática dêsse esporte, o halterofilista exerce uma fôrça sôbre a barra e os halteres para erguê-los.

A intensidade dessa fôrça é uma medida do esforço utilizado para erguer o conjunto (halteres e barra), e a direção é uma linha imaginária sôbre a qual o objeto se movimenta. No levantamento dos halteres visto na imagem a seguir, a direção é vertical, e o sentido indica para que lado sôbre a linha da direção o corpo se desloca. Logo, para levantar os halteres, o sentido da fôrça é de baixo para cima.

Fotografia. Mulher negra de cabelos curtos pretos presos com um tecido colorido, vestindo uma camiseta preta com detalhes amarelo e azul no peito. Ela ergue acima da sua cabeça com as duas mãos uma barra com pesos redondos nas extremidades. Das suas mãos, apontando para cima, saem duas setas indicando F.
Para levantar os halteres, a atleta precisa exercer uma fôrça vertical de baixo para cima. Na foto, a atleta equatoriana Neisi Dajomes compete no levantamento de pêso feminino durante as Olimpíadas de Tóquio 2020, em 1º de agosto de 2021.

fôrça de atrito

A fôrça de atrito é a fôrça que se opõe ao movimento entre duas superfícies que estão em contato. Ela tem a mesma direção, mas sentido contrário ao movimento, e sua intensidade depende das características das superfícies em contato, sendo geralmente maior entre superfícies irregulares do que entre superfícies mais lisas. Assim, quanto maior o atrito, maior deve ser a fôrça aplicada para mover um corpo ou objeto.

O atrito é importante para andarmos, mas pode causar dificuldades quando precisamos movimentar objetos pesados sobre algumas superfícies.

Vamos analisar a figura a seguir. Ao tocar o solo, o pé do corredor aplica uma fôrça que o impulsiona para a frente. A fôrça de atrito entre a sola do tênis e o chão, que possui sentido contrário ao da fôrça exercida pelo atleta, impede que o seu pé escorregue. Para conseguir correr, a intensidade da fôrça feita pelo atleta tem que ser maior que a da fôrça de atrito.

Forças agindo no pé do atleta

Ilustração. Menino branco com cabelos curtos lisos e castanhos, vestindo camiseta sem manga amarela, bermuda vermelha e tênis amarelo com detalhes vermelhos. Ele está correndo em uma pista de corrida e indo para a direita. No seu pé esquerdo há uma seta para a direita indicando força exercida pelo pé e uma seta para a esquerda indicando força de atrito.
Durante uma corrida, a fôrça de atrito tem mesma direção, mas sentido oposto ao da fôrça que o pé do atleta exerce sôbre o chão. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: Naite, R. D.Physics for Scientists and Engineers: a Strategic Approach with Modern Physics. Boston: Pearson, 2017.

Da mesma fórma, a intensidade da fôrça usada para mover um objeto deve ser maior do que as intensidades das fôrças que se opõem a seu movimento.

Máquinas simples e máquinas complexas

As máquinas podem ser usadas, por exemplo, para aumentar a intensidade de uma fôrça aplicada, aumentar a distância em que essa fôrça age ou para mudar a sua direção. Essas ações reduzem o tempo e o esforço necessários para executar uma tarefa.

Em geral, o uso das máquinas simples facilita a execução de apenas um tipo de movimento. São exemplos de máquina simples: alavanca, polia, cunha, parafuso e plano inclinado. As máquinas complexas são dispositivos formados por duas ou mais máquinas simples trabalhando juntas. Elas também podem conter partes de diversas origens tecnológicas, como componentes eletrônicos e analógicos. Uma bicicleta, apesar de em geral não ter um sistema eletrônico, é ­uma máquina complexa, pois combina diferentes máquinas simples, como os pedais e as engrenagens que formam o sistema de transmissão. Um guindaste é uma máquina complexa que combina máquinas simples e componentes eletrônicos.

Fotografia. A: Mão direita segura um alicate que está desencapando fios elétricos segurados pela mão esquerda
Fotografia. B: Mulher branca de cabelos grisalhos, vestindo casaco rosa e calça azul. Ela está em um jardim com vegetação verde ao fundo e folhas secas no chão. Está segurando um cabo longo que possui em uma das suas extremidades que toca o chão várias hastes para recolher as folhas secas.
Fotografia. C: Homem branco idoso de cabelo curto grisalho, veste camiseta vermelha e calça branca, está sentado em um equipamento de ginástica. Ele está com os braços esticados para cima segurando uma barra. Atrás dele há um homem negro de cabelos curtos pretos, vestindo camiseta preta e bermuda verde, auxiliando o idoso a manusear a barra.
(A) O alicate aumenta a intensidade da fôrça aplicada pelo usuário sôbre o objeto. (B) O movimento que a pessoa precisa fazer com os braços é mais curto do que a distância que o ancinhoglossário percorre para arrastar as folhas. (C) A polia altera a direção da fôrça que o praticante de atividade física precisa aplicar para levantar os pesos do equipamento.

Fazemos uma máquina simples funcionar quando aplicamos nela uma fôrça. Por exemplo, ao usar um martelo para retirar um prego, é preciso aplicar fôrça sôbre o cabo com determinada inten­sidade, direção e sentido. O martelo, além de aumentar a intensidade da fôrça aplicada sôbre o seu cabo, transfere a ação da fôrça aplicada para o ponto de contato com o prego.

fôrças no sistema martelo-prego

Ilustração. Destaque para uma mão usando um martelo para sacar um prego preso a uma tábua. Uma seta F1 parte da mão que segura o cabo do martelo. Outra seta F2 parte da região onde o prego está em contato com o martelo. A seta F2 possui comprimento maior do que a seta F1.
 

F vetorial 1

​ indica a força feita para mover o cabo do martelo, e

F vetorial 2

 é a força que o martelo exerce sobre o prego.

Fonte: SERUAY, R. A.College Physics. Boston: Cengage Learning, 2012.

De ôlho no tema

  1. Os equipamentos representados nas imagens A, B e C anteriores são máquinas simples ou complexas? Justifique.
  2. Um abridor de garrafas é uma máquina simples. Ele atua aumentando a intensidade da fôrça aplicada, alterando a distância em que a fôrça age ou mudando sua direção?

TEMA 2 Alavancas

As alavancas são máquinas simples amplamente usadas no nosso cotidiano para alterar a intensidade da fôrça aplicada.

Como funcionam as alavancas

Uma alavanca é, em geral, um objeto rígido – uma barra, por exemplo – dotado de um ponto fixo adequado, também chamado ponto de apôio, que é usado para aumentar a fôrça aplicada a outro objeto. O princípio de funcionamento das alavancas foi formalizado na Antiguidade pelo matemático grego Arquimedes (cêrca de 287 antes de Cristo-212 antes de Cristo).

Na figura a seguir, uma pessoa usa uma alavanca para erguer uma pedra. Uma das extremidades da barra que compõe a alavanca está sob a pedra. Quando uma fôrça para baixo é aplicada na outra extremidade da barra, a pedra é empurrada para cima. O local da alavanca em que a fôrça é aplicada é chamado ponto de ação, e a fôrça aplicada é chamada fôrça potente. O local em que é aplicada a fôrça que ergue a pedra é o ponto de resistência, e a fôrça aplicada é chamada fôrça resistente. A alavanca possibilita o aumento da fôrça aplicada e transfere a fôrça do ponto de aplicação para o ponto de resistência; assim, a tarefa de erguer a pedra fica mais fácil.

Os elementos importantes para o funcionamento da alavanca são as distâncias entre os pontos em que agem a fôrça potente, a fôrça resistente e o ponto de apôio. Para funcionar, a fôrça que a alavanca exerce sôbre o corpo deve ser maior que a fôrça resistente.

Elementos de uma alavanca

Ilustração. Menino branco de cabelos curto castanhos, vestindo camisa verde, calça preta e tênis amarelo. Com a mão direita ele empurra para baixo a extremidade de uma tábua. Na outra extremidade há uma pedra. Entre as extremidades há um ponto de apoio que está localizado mais próximo da pedra. Da mão do menino sai uma seta que aponta para baixo indicando força potente. Da pedra saem duas setas, uma que aponta para baixo e indica força resistente e outra que aponta para cima e indica força exercida pela alavanca sobre a pedra. A seta que sai da pedra e aponta para cima possui comprimento maior do que as setas que apontam para baixo. A seta que sai da menino é a que possui menor comprimento. entre todas.
Representação esquemática de uma alavanca utilizada para levantar uma pedra. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: Rrêuit, P. G. Física conceitual. Porto Alegre: Bookman, 2015.

Tipos de alavanca

As alavancas são classificadas em três tipos, de acôrdo com as posições do ponto de apôio e dos pontos de ação das fôrças potente e resistente.

Alavanca interfixa

Na alavanca interfixa, o ponto de apôio está entre os pontos de ação das fôrças potente e resistente.

Forças em alavancas interfixas

Ilustração A: Menina negra de cabelos cacheados castanhos presos por uma faixa verde e azul, vestindo camiseta amarela, bermuda azul e tênis vermelho. Com as duas mãos ela empurra para baixo a extremidade de uma tábua que possui no seu centro um ponto de apoio. Na outra extremidade há um peso. Do peso saem duas setas uma apontando para cima indicando força exercida pela alavanca sobre o corpo e outra apontando para baixo que indica força resistente. A que aponta para baixo tem comprimento menor do que a seta que aponta para cima. Das mãos da menina há uma seta que aponta para baixo indicando força potente. Essa seta possui comprimento igual a seta que sai do peso e aponta para baixo. Ilustração B. Menino branco de cabelos cacheados ruivos, vestindo camisa laranja, bermuda verde e tênis azul. Ele está sentado em uma gangorra. À direita, sentada na outra extremidade da gangorra está uma menina negra de cabelos cacheados castanhos presos com um elástico amarelo, vestindo camiseta azul, bermuda amarela e tênis roxo. O menino está sendo levantado pela menina. No centro da gangorra há indicação de um ponto de apoio. Da menina sai uma seta para baixo que indica força potente. Do menino saem duas setas, uma que aponta para cima indicando força exercida pela alavanca sobre o corpo e uma seta que aponta para baixo indicando força resistente. A seta que sai do menino e aponta para cima possui comprimento maior do que as setas que apontam para baixo. A seta que sai da menina é a que possui menor comprimento. entre todas.
Representação esquemática de (A) alavanca interfixa. (B) A gangorra é um exemplo de alavanca interfixa. (Imagens sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: Rrêuit, P. G. Física conceitual. Porto Alegre: Bookman, 2015.

É possível controlar a intensidade da fôrça potente mudando a posição do ponto de apôio de uma alavanca. Quanto mais próximo ao ponto de apôio estiver o corpo que se deseja levantar, menor será a intensidade da fôrça potente. Se o ponto de apôio estiver perto do ponto de ação da fôrça potente, a intensidade da fôrça potente será maior que na situação anterior. A direção dafôrça que a alavanca faz sôbre um objeto é a mesma da fôrça potente, porém com sentido contrário.

Alavanca inter-resistente

Na alavanca inter-resistente, o ponto de aplicação da fôrça resistente fica entre os pontos de apôio e de ação da fôrça potente.

Uma alavanca inter-resistente permite que o objeto seja levantado a uma altura menor em relação ao ponto em que a fôrça potente é aplicada.

O esfôrço feito para erguer um objeto com uma alavanca inter-resistente será menor se esse objeto estiver perto do ponto fixo. Essas alavancas, diferentemente das interfixas, não mudam a direção nem o sentido da fôrça aplicada.

Forças em alavancas inter-resistentes

Ilustração A: Menino asiático de cabelos pretos lisos e curtos, vestindo camiseta branca, bermuda vermelha e tênis também vermelhos Está segurando uma das extremidades de uma tábua que possui no seu centro um peso e a outra extremidade apoiada sobre um ponto de apoio em cima de uma base triangular. No centro, do peso saem duas setas: uma que aponta para cima e indica força exercida pela alavanca sobre o corpo e outra que aponta para baixo e indica força resistente. Das mãos do menino, apontando para cima, parte uma seta indicando força potente. Essa seta possui comprimento menor do que as outras. Ilustração B: Carrinho de mão com tijolos sobre a sua caçamba. A roda toca o chão a parte com o apoio das mãos está levantada deixando o carrinho inclinado. No apoio de mãos há uma seta que aponta para cima e indica força potente. No centro da roda há a indicação de ponto de apoio. Da caçamba com tijolos saem duas setas: uma que aponta para cima que indica força exercida pela alavanca sobre o corpo e outra que aponta para baixo e indica força resistente. A seta que sai do ponto de apoio possui comprimento menor do que as outras.
Representação esquemática de (A) alavanca inter-resistente. (B) No carrinho de mão, a roda é o ponto de apôio da alavanca inter-resistente. (Imagens sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: ZITZEVITZ, P. W. e outros Physics: principles and problems. Ohio: Glencoe/McGraw-Hill, 2009.

Alavanca interpotente

Uma alavanca é interpotente quando a fôrça potente é aplicada entre o ponto de resistência e o ponto de apôio. A distância entre o ponto de resistência e o ponto de apôio é maior que a distância entre o ponto de ação da fôrça potente e o ponto de apôio. Uma vantagem dessas alavancas é que elas são capazes de erguer um objeto a uma altura maior que a altura do ponto no qual a fôrça é aplicada.

Nessas alavancas, quanto mais próximo o ponto de ação estiver do ponto de resistência, menor será o esforço. Assim como nas alavancas inter-resistentes, a direção e o sentido da fôrça que a alavanca interpotente exerce sôbre o corpo são os mesmos da fôrça potente.

Forças em alavancas interpotentes

Ilustração A. Tábua de madeira comprida com uma das extremidades sobre um ponto de apoio acima de uma base triangular, à esquerda. No centro, há um menino branco de cabelos castanhos curtos, óculos vermelhos, camiseta verde e amarela, bermuda azul e tênis também azuis, segurando a tábua com as duas mãos exercendo força para cima. Acima das suas mãos há uma seta para cima indicando força potente. Na extremidade direita está um peso. Na parte inferior do peso há uma seta com a indicação força resistente. Na parte superior do peso há uma seta apontando para cima com a indicação força exercida pela alavanca sobre o corpo. A seta que sai das mãos do menino possui comprimento menor do que as outras. 
 
Ilustração B. Menina negra de cabelos compridos lisos castanhos e presos, vestindo uma camiseta amarela com detalhes brancos, bermuda azul com detalhes amarelos e tênis azul, está segurando uma vara de pescar à beira de um rio. Na base, onde ela segura a vara com as duas mãos, a sua mão direita que está atrás da esquerda indica o ponto de apoio e na sua mão esquerda há uma seta na direção do seu braço para cima que indica força potente. Na ponta da vara na direção da linha de pesca que possui um peixe na sua extremidade há duas setas: uma aponta para baixo e indica força resistente e outra para cima que indica força exercida pela alavanca sobre o corpo. A seta que sai da mão da menina possui comprimento menor do que as outras.
Representação esquemática de (A) alavanca interpotente. (B) Uma vara de pescar é uma alavanca interpotente. (Imagens sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: ZITZEVITZ, P. W. e outrosPhysics: principles and problems. Ohio: Glencoe/McGraw-Hill, 2009.

De ôlho no tema

  1. Nossos músculos, ossos e articulações funcionam como alavancas. Que tipo de alavanca o movimento de suspender o corpo na ponta dos pés representa?
  2. Qual deve ser a posição do ponto de apôio de uma alavanca interfixa para levantar um objeto o mais alto possível?

Vamos fazer

REGISTRE EM SEU CADERNO

Quais são os princípios de funcionamento de uma alavanca?

Material

  • Fita adesiva
  • Cola
  • Etiqueta
  • Uma régua de 30 centímetros de comprimento
  • Dois copos de plástico descartáveis
  • 20 moedas de 5 ou 10 centavos
  • Um prendedor de papel grande sem os braços móveis

Procedimento

  1. Escreva “fôrça potente” em uma etiqueta e “fôrça resistente” em outra.
  2. Fixe uma etiqueta em cada um dos copos descartáveis.
  3. Use a fita adesiva para fixar um copo sôbre cada uma das extremidades da régua.
  4. Use a fita adesiva para fixar o prendedor de papel na mesa, pois este será o nosso ponto de apôio, como mostra a figura.
Ilustração. Um prendedor de papel triangular preso à mesa com fita adesiva.
Ponto de apôio feito com prendedor de papel. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)
  1. Coloque a régua com os copos sôbre o prendedor de papel. O prendedor de papel deve ficar no meio da régua.
  2. Ponha 5 moedas dentro do copo rotulado como “fôrça resistente”. A figura a seguir mostra como ficará a montagem da experiência.
Ilustração. Dois potes redondos transparentes sobre uma gangorra feita de régua e prendedor de papel. À esquerda, indicando força resistente está um pote com itens no interior. À direita, força potente com pote vazio
A régua funciona como uma alavanca. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)
  1. Reflita sôbre quantas moedas será necessário adicionar ao copo identificado como “fôrça potente” para erguer o copo identificado como “fôrça resistente”. Teste a hipótese elaborada.
  2. No caderno, registre qual é a posição das fôrças potente e resistente e do ponto de apôio e quantas moedas foram usadas para erguer o copo “fôrça resistente”.
  3. Mova a régua de maneira que o prendedor de papel fique próximo do copo “fôrça potente” e repita os passos 7 e 8.
  4. Mova a régua de maneira que o prendedor de papel fique mais próximo do copo “fôrça resistente” e repita os passos 7 e 8.

Analisar

  1. Qual é o tipo de alavanca usado na experiência?
  2. Em qual das três posições do ponto de apôio foram usadas menos moedas para erguer o copo “fôrça resistente”? Era o que você esperava?
  3. O que se pode concluir sôbre o funcionamento da alavanca?

TEMA 3  Plano inclinado

O plano inclinado pode ser usado para levar um objeto a um local mais alto com menos esforço.

Um dos modelos de máquina simples mais básicos é o plano inclinado. Ele existe na natureza e já era usado antes mesmo que se estudasse e compreendesse seu funcionamento. Registros feitos há mais de 4.600 anos mostram o uso do plano inclinado na construção das pirâmides no Egito. Esse objeto passou a ser considerado uma máquina simples e a ter seus princípios científicos estudados sistematicamente pelo italiano Galileu Galilei (1564-1642).

Fotografia. Vista aérea de rodovia ondulada, com curvas fechadas ao redor de uma montanha íngreme.
Essas estradas são planos inclinados que cortam as encostas das montanhas, reduzindo a fórça que deve ser aplicada para atingir o seu topo. (Montanha Tianmen, China.)

O plano inclinado mais simples possível é formado por uma única peça e não apresenta nenhuma parte móvel. Trata-se de uma superfície plana, rígida e elevada em uma de suas extremidades.

O plano inclinado pode ser usado para levar um objeto de um lugar mais baixo para um lugar mais alto, e vice-versa. Ao utilizá-lo, a fôrça aplicada para mover um corpo é menor. Porém, é necessário aplicá-la por uma distância maior. A fôrça que uma pessoa faz para mover um objeto sôbre um plano inclinado é dividida entre essa pessoa e o próprio plano inclinado. Quanto menor for a sua inclinação, maior será o comprimento do plano e menor será a intensidade da fôrça necessária para mover um objeto para um lugar mais elevado.

Comparação de forças aplicadas para erguer uma caixa

Ilustração A. Homem branco com cabelos pretos, vestindo camiseta azul, colete cinza, calça azul e sapatos marrons. Está em pé com as costas curvadas erguendo uma caixa de madeira do chão. As suas mãos estão na parte inferior da caixa de onde sai uma seta para cima. Nas suas costas há pequenos traços vermelhos que indicam dor na coluna. Ilustração B. Homem branco com cabelos pretos, vestindo camiseta azul, colete cinza, calça azul e sapatos marrons. Ele empurra pelas laterais, uma caixa de madeira que está sobre uma rampa inclinada. A parte inferior da rampa está apoiada no chão e a outra parte está mais acima, apoiada na abertura da caçamba de um caminhão. Seta sai das mãos do homem e indica o sentido da força paralela à superfície da rampa.
(A) Se uma pessoa não usar a rampa, toda a fôrça que ela vai aplicar para levantar a caixa até a altura desejada será na direção vertical e com sentido de baixo para cima. (B) Ao usar a rampa para levar a mesma caixa, a intensidade, a direção e o sentido da fôrça aplicada mudam, sendo a intensidade menor que no primeiro caso. (Imagens sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: ZITZEVITZ, P. W. e outros Physics: principles and problems. Ohio: Glencoe/McGraw-Hill, 2009.

Cunha

A cunha é formada por dois planos inclinados, tem fórma triangular e extremidade afiada. Quando empurrada em uma direção, ela transmite fôrças perpendiculares às superfícies inclinadas. A cunha costuma ser usada para cortar ou separar objetos.

A intensidade da fôrça a ser aplicada para cortar um objeto, como um pedaço de madeira, depende da extremidade da cunha. Se o ângulo entre as duas superfícies inclinadas for grande, a fôrça aplicada para cortar será maior do que usando uma cunha com ângulo menor. Ou seja, quanto mais fina for a extremidade da cunha, menor o esforço necessário para cortar algo.

A talhadeira e o machado são exemplos de máquinas complexas compostas de duas máquinas simples: uma cunha (lâmina) e uma alavanca (cabo).

Fotografia. Mão direita com luva vermelha e preta segurando um martelo que bate sobre uma das extremidades de um objeto metálico comprido que está sendo segurado pela mão esquerda, também com luva. A outra extremidade do objeto mais pontuda que a outra está entre um azulejo e a parede na qual esse azulejo está colado.
A lâmina de uma talhadeira atua como uma cunha, alterando a direção da fôrça aplicada ao cabo e tirando lascas do objeto.

fôrças no sistema cunha-madeira

Ilustração. Objeto de formato triangular, com uma parte pontuda. A parte pontuda adentra o centro de um tronco cortado. Acima da cunha, seta indica força aplicada pra baixo. Em ambos os lados da cunha, no interior da madeira, há setas em sentidos para a direita e esquerda indicando F.
A cunha converte a fôrça aplicada em fôrças perpendiculares às superfícies inclinadas. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: ZITZEVITZ, P. W. e outros Physics: principles and problems. Ohio: Glencoe/McGraw-Hill, 2009.

Parafuso

Assim como o plano inclinado, o parafuso muda a direção da fôrça aplicada sôbre ele. Por exemplo, para prender algum objeto usando um parafuso, a fôrça aplicada pela chave de fenda é transformada em uma fôrça perpendicular à rosca. Por isso o parafuso se encaixa no local desejado sem que seja necessário aplicar muita fôrça sôbre ele. Os objetos se movem na direção da cabeça do parafuso como se estivessem subindo um plano inclinado.

Relação entre o parafuso e o plano inclinado

Ilustração. Cilindro comprido metálico na vertical. Ao redor dele uma fita triangular amarela está sendo enrolada, formando uma espiral. Seta para outro cilindro, com uma tira de metal sendo enrolada nele formando espiral. Seta para outro cilindro com a espiral completa. Seta para um cilindro com a parte superior achatada e o seu corpo com várias voltas de uma espiral (parafuso).
Representação esquemática de um plano inclinado enrolado em um cilindro. Esse mecanismo fórma o parafuso, uma máquina simples. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: ZITZEVITZ, P. W. e outros Physics: principles and problems. Ohio: Glencoe/McGraw-Hill, 2009.

Além dos modelos tradicionais de parafusos, usados para fixar peças, os soquetes de alguns modelos de lâmpadas e o gargalo de alguns potes e garrafas também são exemplos de parafuso.

Fotografia. A: Fotografia de uma lâmpada. Na parte inferior, mais fina feita de metal e com ranhuras em espiral que é conectada à energia elétrica sai um fio para a palavra soquete.
Fotografia. B: Pote de vidro aberto. Da parte superior, onde há uma espiral onde a tampa se prende há um fio para a palavra gargalo.
(A) Os soquetes de lâmpadas e (B) o gargalo de alguns potes de conserva são parafusos adaptados.

De ôlho no tema

Quais são as utilidades do plano inclinado?

Ícone composto pela ilustração de caderno com anotações e caneta.

Atividades

TEMAS 1 E 3

REGISTRE EM SEU CADERNO

ORGANIZAR

  1. Identifique qual é a máquina simples descrita em cada uma das seguintes situações:
    1. Usada para levantar ou mover um objeto pesado. É classificada de acôrdo com a posição de seu ponto de apôio e das fôrças envolvidas.
    2. Comumente usada para fixar objetos. Pode ser descrita como um plano inclinado enrolado em um cilindro.
    3. Diminui o esforço para levantar um objeto pesado, mas aumenta a distância a que ele deve ser carregado.
  2. Leia as frases a seguir e identifique se as situações descritas apresentam o uso correto das máquinas simples. Caso não apresentem, indique o erro e como ele pode ser corrigido.
    1. Com o objetivo de colocar um guarda-roupas dentro de um caminhão, João resolveu utilizar uma alavanca.
    2. Para que a abertura das portas em sua casa exigisse menor aplicação de fôrça, Paulo resolveu colocar um sistema que permite que a maçaneta fique localizada no meio da porta.
  3. A imagem mostra uma pessoa instalando um lustre. Identifique cada uma das máquinas simples que aparecem na imagem.
Ilustração. Mulher branca de cabelo longo ruivo, vestindo camiseta verde e calça roxa. Está sobre uma escada de madeira segurando um lustre dourado. Ela está apertando parafusos usando uma chave de fenda para fixar a base do lustre no teto.
Moça instalando um lustre no teto. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

ANALISAR

4. Cada uma das imagens a seguir mostra objetos usados no nosso cotidiano que são exemplos de alavancas. Classifique cada objeto como alavanca interfixa, alavanca interpotente ou alavanca inter-resistente. Justifique suas respostas.

Fotografia. A: Homem branco de cabelo curto preto, uma haste metálica comprida com uma ponta curva. A ponta curva está embaixo de uma placa de madeira presa a uma estrutura também de madeira.
Fotografia. B: Homem branco de cabelo curto loiro preso com um adereço vermelho ao redor, vestindo camiseta roxa e bermuda branca. Ele está jogando tênis com uma raquete azul na mão direita que bate em uma bolinha de tênis.
Fotografia. C: Objeto de metal com duas pontas arrendondadas e cabo preto (alicate).
Fotografia. D: Objeto com uma haste levantada para cima fixada em uma base retangular (grampeador).
Fotografia. E: Uma mão segurando um pegador de metal em formato de pinça sobre um prato com macarrão.
Fotografia. F: Duas pessoas em uma lagoa sobre uma canoa e usando dois objetos cilíndricos e compridos que encostam na água (remos).
Fotografia. G: Objeto metálico com formato de quadrado com um furo quadrado no meio. Por esse furo passa uma tampa metálica de uma garrafa de vidro com líquido. A tampa está apoiada no objeto.
Fotografia. H: Mão passando por dentro de uma maçaneta de porta de veículo. A mão está puxando a maçaneta.

5. A cavadeira articulada, também chamada de cavadeira de duas folhas, é uma ferramenta usada para abrir buracos na terra. As chapas de metal na sua extremidade têm dupla função: além de cavar, retiram a terra do buraco. Essa ferramenta é uma máquina complexa, isto é, formada pela combinação de mais de uma máquina simples. Identifique quais são essas máquinas simples e explique como elas são usadas na ferramenta.

Fotografia. Homem branco de chapéu verde, vestindo jaqueta jeans, calça jeans e tênis brancos. Está em um campo de terra olhando para baixo e segurando duas hastes compridas de madeira que se ligam por um parte metálica parecida com uma tesoura na parte inferior. Essa parte inferior metálica está enfincada no chão.
Cavadeira de duas folhas.

Ícone composto pela ilustração de telescópio e vidraria de laboratório.

Explore

Criando uma máquina maluca

Até aqui você pode perceber que as máquinas são utilizadas para fazer com que tarefas complexas se tornem simples e demandem menor esforço. Mas essa não era a proposta do engenheiro e cartunista estadunidense Rube Goldberg (1883-1970), criador de máquinas divertidas que, ao contrário do que se espera, realizavam tarefas fáceis de fórma extremamente complexa. Com muitas articulações, botões, alavancas, roldanas, bolas, correntes e fios, ele montava engenhocas para realizar tarefas simples como desligar um despertador ou espremer uma laranja. Acompanhe um exemplo a seguir.

A engenhoca da imagem propõe o seguinte funcionamento: Ao levar uma colhér de sopa (A) à boca, ela puxa um barbante (B) sacudindo uma concha (C), que joga um biscoito (D) em direção a um papagaio (E). O papagaio pula atrás do biscoito e o poleiro (F) se inclina, derrubando as sementes (G) em um balde (H). O pêso extra no balde puxa uma corda (I), que abre e acende um isqueiro automático (J), acionando um foguete (K) que faz com que uma foice (L) córte o fio (M), provocando um pêndulo com um guardanapo preso a um relógio que, balançando para a frente e para trás, limpa o queixo.

Ilustração. Homem de bigode e cabelos lisos curtos. Na cabeça há um suporte que se parece um capacete com várias hastes que estão conectadas há vários elementos. Ao lado de cada elemento há uma letra. A: uma colher de sopa. B: um barbante amarrado sobre a estrutura. C: uma concha. D: biscoito. E: Um papagaio. F: um poleiro. G: sementes em um pote. H: um blade. I: uma corda. J: um isqueiro. K: um foguete pequeno. L: Uma foice. M: um fio.
Self-operating napkin (traduzido do inglês como “guardanapo automático”), Cartum de Rube Goldberg, 1931.

ATIVIDADES

REGISTRE EM SEU CADERNO

Planejar

  1. Em grupo, pensem em uma situação cotidiana simples, como abrir um livro, usar o creme dental, pegar algo em uma gaveta. Usem a imaginação!
  2. Elaborem o planejamento para a construção de uma engenhoca que execute essa tarefa. Incluam nela algumas máquinas simples. Façam um esboço e identifiquem os materiais necessários.
  3. Descrevam o funcionamento de cada etapa da máquina, tomando como exemplo o texto sôbre a tirinha.

Executar

  1. Iniciem a montagem da máquina de acôrdo com o planejamento, avaliando cada etapa e fazendo ajustes no projeto, caso seja necessário.
  2. Testem o funcionamento da máquina.
  3. Apresentem-na para os demais colegas da turma.

Analisar

  1. Considerando o produto final, quais foram as máquinas simples utilizadas?
  2. Quais são as funções dessas máquinas na engenhoca?

TEMA 4 Rodas, polias e engrenagens

Ao lado das polias e engrenagens, as rodas são instrumentos indispensáveis para a nossa vida.

Rodas

A intensidade da fôrça necessária para mover um objeto pesado é menor se ele estiver sôbre rodas do que se ele for arrastado.

Apesar de não se saber quem a inventou, a roda é considerada uma das invenções mais importantes feitas pela humanidade. É provável que ela tenha sido desenvolvida utilizando-se troncos de árvores. Esses troncos eram colocados embaixo de objetos pesados, como blocos de pedra, para facilitar o seu transporte. Inicialmente, as rodas eram feitas de um bloco de madeira com uma abertura no seu centro, que servia para fixá-las em um eixo.

Depois, criou-se a roda com raios (barras que unem o ponto central da roda ao aro). Essa inovação deixou a roda mais fácil de manobrar, além de tornar as carruagens e carroças mais velozes. O pneu feito de borracha e ar comprimido foi inventado no século dezenove e é usado até hoje em automóveis e bicicletas.

Fotografia. Estrutura de madeira com uma caçamba e duas rodas também de madeira. Acima da caçamba há um corrimão em cada lado e na parte da frente dois pedaços de madeira cilíndricos, finos e compridos que encostam no chão.
Antigas carroças eram fabricadas com rodas na fórma de blocos de madeira com uma abertura no centro para encaixe do eixo.
Fotografia. Vista da parte inferior de um carro mostrando um eixo que se conecta duas rodas que possuem pneus. É possível ver um outro pneu na ligado direto à estrutura inferior do carro (estepe).
Em carros, ônibus e caminhões, a fôrça aplicada pelo motor gira os eixos, que transmitem o movimento para as rodas, fazendo o veículo se locomover.

Não são apenas os veículos de locomoção que usam o sistema de roda e eixo. Alguns exemplos do nosso cotidiano que utilizam esse sistema incluem a maçaneta de portas, o carrinho de mão e a roda-gigante. A fôrça aplicada sôbre uma maçaneta para abrir uma porta, por exemplo, faz com que ela gire e transmita o movimento para o eixo.

Fotografia. Grande construção metálica em forma de círculo com aros que apontam para o centro. Há uma base triangular que suporta a construção. À frente várias árvores e tendas de um parque de diversões.
O eixo da roda-gigante fica no centro do equipamento. (Áustria, 2018.)

Polias

A polia, ou roldana, é uma roda com um sulco por onde passa um cabo, corda ou corrente. Quando esse cabo é puxado, a polia gira em torno de seu eixo. Se uma das pontas do cabo for presa a um objeto, a polia poderá ser usada para levantá-lo ou baixá-lo. Para que isso aconteça, é necessário aplicar uma fôrça na outra extremidade do cabo.

É possível classificar as polias em dois grupos: fixas, se estiverem presas a algum suporte ou a uma superfície (como o teto, por exemplo); e móveis, se estiverem presas ao objeto que será movimentado.

Fotografia. Objeto branco de metal com uma roda também de metal no seu interior. Pela roda passa uma corda grossa. Na parte inferior do objeto também há uma corda, mais fina, que aparenta suportar o objeto.
Polia, ou roldana, com corda em uma embarcação.

Polia fixa

Nesse tipo de máquina simples, a polia fica presa a um suporte ou superfície localizada acima ou ao lado do objeto que será movido. A roda da polia gira quando a corda é puxada, mas a polia em si não sai do lugar. As polias fixas são usadas para içarglossário a vela de um navio, um balde de água de um poço ou uma bandeira em um mastro, por exemplo.

Exemplo de utilização de polia fixa

Ilustração. Menino negro de cabelos curtos pretos, vestindo camiseta amarela com mangas verdes. Está puxando com as duas mãos uma corda longa que passa sobre uma roda presa há um pedestal de madeira. Na outra ponta da corda há um balde sobre um poço. Seguindo a direção e sentido no qual o menino puxa a corda, sai uma seta com indicação de força aplicada.
Representação esquemática de içamento de balde em poço usando uma polia. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: SERUAY, R. A.College Physics. Boston: Cengage Learning, 2012.

Para mover um corpo usando uma polia fixa, o comprimento de corda a ser puxado é igual à altura para a qual se deseja erguê-lo. Por exemplo, para levantar uma caixa a um metro de altura do chão, é necessário puxar um metro de corda.

Como pode ser verificado na figura anterior, o balde está preso apenas à corda. A polia fixa não muda a intensidade da fôrça usada para levantar ou abaixar um objeto. Isto é, a fôrça com a qual uma pessoa puxa o cabo é igual à que ela precisaria usar para levantar o objeto com as próprias mãos. Se o cabo estiver sendo puxado para baixo, a pessoa pode usar o pêso do seu corpo para ajudar a puxá-lo. Assim, diminui o esforço necessário para erguer o objeto e torna a tarefa mais fácil.

Polia móvel

Na polia móvel, ao menos uma das extremidades do cabo é fixada em um suporte. O corpo que se deseja mover é preso ao eixo da polia, como mostra a figura. Para mover o objeto, é necessário puxar ou soltar a ponta livre do cabo.

A intensidade da fôrça necessária para movimentar um objeto utilizando uma polia móvel é a metade da intensidade da fôrça necessária caso fôssemos movê-lo utilizando apenas as mãos.

Diferentemente do que acontece com uma polia fixa, a direção e o sentido da fôrça aplicada na polia móvel são os mesmos do movimento do objeto. Outra diferença diz respeito ao tamanho do cabo que deve ser usado para mover um corpo. Seu comprimento deve ser o dobro da distância para o qual se deseja mover o corpo. Portanto, para levantar um objeto a uma altura de um metro, é preciso puxar dois metros de cabo.

A polia móvel permite que a intensidade da fôrça aplicada para mover um objeto seja menor em comparação com a fôrça aplicada usando uma polia fixa.

Funcionamento de polia móvel

Ilustração. A extremidade de uma corda está fixa em uma superfície, parecida com um teto. A corda passa pela superfície de uma roda metálica (polia). Do centro da roda sai uma corda que segura um objeto em formato de cubo. A extremidade livre da corda que passa pela roda vai para cima e é segurada por uma mão. Acima dessa extremidade há uma seta que aponta para cima com o texto Força aplicada.
Representação esquemática de objeto se movimentando usando uma polia móvel. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: Rrêuit, P. G. Física conceitual. Porto Alegre: búkman, 2015.

Engrenagens

Engrenagens são formadas por pelo menos duas rodas com dentes cortados em suas bordas. Essas rodas são acopladasglossário umas às outras. Os dentes garantem que a fôrça aplicada a uma engrenagem faça com que as engrenagens vizinhas girem também, sem escorregar. Se as engrenagens forem de mesmo tamanho, a velocidade dos giros será a mesma. Engrenagens são usadas para transmitir fôrça e movimento dentro de um sistema.

Funcionamento de engrenagens

Ilustração. Duas rodas lado a lado com protuberâncias retangulares na sua superfície. As rodas se ligam por essas protuberâncias. Na roda da esquerda há uma seta que aponta sentido de giro para a direita e há o texto A: engrenagem gira em sentido horário. Na roda da direita há uma seta que aponta sentido de giro para a esquerda e há o texto B: engrenagem gira em sentido anti-horário.
Representação esquemática de duas engrenagens. (A) Quando uma engrenagem gira em um sentido, (B) a outra engrenagem gira no sentido contrário. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: ZITZEVITZ, P. W. e outros Physics: principles and problems. Ohio: Glencoe/McGraw-Hill, 2009.

Fotografia. Rodas metálicas acopladas em polias. Na superfície das rodas metálicas há ranhuras formando dentes. As rodas se conectam por esses dentes.
Sistema de engrenagens de um redutor de velocidade Aplicar fôrça em apenas uma das engrenagens faz com que todas as demais girem em torno de seus eixos.

Além de transmitirem o movimento, as engrenagens podem ser usadas para aumentar ou diminuir a velocidade de movimento de diferentes máquinas, mudar a direção e o sentido do movimento ou transmitir uma fôrça aplicada de uma parte a outra em uma máquina complexa. Em uma bicicleta, são as engrenagens que transmitem a fôrça aplicada nos pedais até a roda traseira.

As engrenagens são usadas em muitas máquinas complexas, como o sistema de marchas de uma bicicleta. Também são usadas para controlar a fôrça gerada no motor de um veículo ou para fazer com que os ponteiros da hora e dos minutos em um relógio girem a velocidades diferentes.

Inicialmente, os dentes das engrenagens eram feitos com pedaços de madeira colocados em rodas de mesmo material. Depois da Revolução Industrial do século dezoito, as máquinas começaram a precisar de engrenagens mais resistentes, que passaram a ser feitas de metal. Atualmente, elas podem também ser de plástico, como as usadas em alguns relógios de parede.

Saiba mais!

ENGRENAGENS NA NATUREZA

Estruturas em fórma de engrenagem foram identificadas na parte interna das articulações das pernas de um inseto do gênero Issus. O mecanismo é semelhante àquele das engrenagens encontradas nas bicicletas ou nas embreagens de carro e garantem ao animal movimentos rápidos e precisos de salto.

Fotografia. Inseto marrom sobre folha. Na articulação de uma das pernas há destaque para pequenas estruturas que se assemelham a dentes de engrenagens. No canto inferior esquerdo, pequena ilustração do animal indicando 4 milímetros de comprimento.
Inseto Issus coleoptratus sôbre uma folha (foto melhorada digitalmente). No detalhe, micrografia eletrônica de varredura de estrutura em fórma de engrenagens na perna do inseto.

De ôlho no tema

  1. Qual é a vantagem de acoplar a roda a um eixo?
  2. Qual é o critério usado para classificar as polias?
  3. Um sistema é montado com três engrenagens. A engrenagem A está acoplada à engrenagem B, que, por sua vez, está acoplada à engrenagem C. Se a engrenagem A se mover em sentido anti-horário por causa da ação de uma fôrça, qual será o sentido de rotação da engrenagem C?

TEMA 5 Máquinas térmicas

As máquinas também podem ser dispositivos que transformam um tipo de energia em outro, como as máquinas térmicas.

A transformação de energia nas máquinas térmicas

Para movimentarmos um corpo, é necessário fornecer a ele determinada quantidade de energia.

De acôrdo com o princípio de conservação de energia, a energia não pode ser criada nem destruída. Porém, ela pode ser transformada e/ou transmitida de um corpo a outro. É possível transformar energia mecânicaglossário em energia térmica. O contrário também pode ocorrer, como a transformação de energia térmica em energia mecânica, gerando movimento. Quando a água ferve no interior de uma panela de pressão, o vapor de água, ao sair pela válvula, a faz girar. Nesse caso, parte da energia térmica das partículas de água é transformada em energia mecânica na válvula.

As máquinas térmicas são dispositivos capazes de transformar a energia térmica em energia mecânica. Isso acontece quando parte da energia térmica de uma fonte de temperatura elevada é transferida para uma fonte de temperatura mais baixa do que ela. A fonte quente pode ser um líquido, ou gás, aquecido geralmente por meio da queima de um combustível. Já a fonte fria pode ser o ar ou uma grande quantidade de água fria a que essa máquina tenha acesso.

Fotografia. Panela cilíndrica metálica em cima da chama de um fogão. Do corpo da panela sai um cabo preto de plástico. A tampa possui um cabo vermelho que se prende ao cabo preto por uma alça metálica. Na tampa há um pino vermelho e na sua parte central, no topo, há um objeto cilíndrico de cor preta e vermelha da qual sai vapor.
Panela de pressão em funcionamento. A névoa que se vê na imagem é resultado da condensação de gotículas de água; o vapor de água é invisível.
Ilustração em preto e branco. Máquina gigante formada por grandes braços e escadas que levam a diferentes níveis e canos. Ao redor há homens e mulheres passando pela estrutura com roupas antigas.
Máquina térmica inventada pelo estadunidense Djorge Corliss (1817-1888), conforme exposta no salão de máquinas da exposição do centenário da Independência dos Estados Unidos, na Filadélfia. (Gravura em madeira, 1876.)

Máquina a vapor

Como no estado gasoso a água ocupa um volume maior do que no estado líquido, se a água for fervida dentro de um recipiente fechado, o vapor exercerá uma fôrça nas paredes dêsse recipiente. A fôrça exercida pelo vapor de água pode ser usada para fazer um objeto se mover.

O físico francês naturalizado britânico Denis Papin (1647-1712), além de ter inventado a panela de pressão, foi o primeiro cientista a propor a construção de uma máquina a vapor constituída de um cilindro e um pistão.

Saiba mais!

A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DO COMBUSTÍVEL DOS TRENS

Em 1804, o engenheiro britânico richard trvitic (1771-1833) construiu o primeiro trem a vapor, acoplando o motor a uma caldeira. A caldeira é uma máquina a vapor em que o vapor de água é mantido sob pressão. A criação de Trevitick desenvolveu-se com base no trabalho de cientistas como Papin e outros inventores de máquinas a vapor.

Até que pudesse ser usado em larga escala, o trem a vapor ainda passou por vários aperfeiçoamentos. Desde então, máquinas térmicas são usadas para o transporte de passageiros e cargas.

O primeiro trem a vapor no Brasil começou a funcionar em 1854. A Baronesa, como era chamado esse trem, foi fabricada na Inglaterra e usada na ferrovia construída por Irineu Evangelista de Sousa (1813-1889), o Barão de Mauá.

No final do século dezenove, o engenheiro mecânico alemão Rudolf Disel (1858-1913) inventou o motor movido a óleo diesel, utilizado por trens a partir da década de 1930. A sua utilização como combustível agrava a poluição do ar, prejudicando a saúde das pessoas e intensificando a emissão dos gases do efeito estufa.

Aos poucos, os combustíveis renováveis, que causam menores impactos ambientais, estão substituindo o óleo diesel nos trens de carga e de transporte.

O Trem Verde, usado para o transporte de minério na Estrada de Ferro Vitória-Minas, é movido a gás natural. A tecnologia que transforma o gás em líquido foi desenvolvida no Brasil.

O Coradia iLint, desenvolvido por equipes da Alemanha e da França, é o primeiro trem de passageiros movido a células de combustível. Nessas células, a eletricidade usada para mover o trem é obtida pela combinação dos gases oxigênio e hidrogênio. Como não há queima de combustível, o trem não emite poluentes no ar.

Fotografia. Trem com detalhes em cinza, verde e amarelo com muitos vagões sobre trilhos.
Trem Verde carregado de minério de ferro na Estrada de Ferro Vitória-Minas. (Ipatinga, Minas Gerais, 2018.)

A figura a seguir mostra como o vapor de água pode ser usado para movimentar uma roda em uma máquina.

Funcionamento da máquina a vapor

Ilustração. Dentro um reservatório retangular pontos pretos (combustível) parecidos com carvão queimam gerando fogo. Na parte superior à esquerda há um cano pelo qual sai fumaça. Fixado na parte superior do reservatório, há outro reservatório com o formato de metade de uma esfera. Na sua parte inferior há água fervendo. Da parte superior parte um cano que se liga a um compartimento cilíndrico oco dentro do qual há um cilindro maciço (pistão) ligado por meio de uma haste a uma roda, que gira.
Representação esquemática do funcionamento de uma máquina a vapor. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: TOLMASQUIM, M. T. Energia termelétrica: gás natural, biomassa, carvão, nuclear. Rio de Janeiro: e pê e, 2016.

A água contida em um recipiente fechado, chamado caldeira, recebe a energia térmica proveniente da queima do combustível. Com isso, ela sofre um aumento de temperatura e passa para o estado de vapor.

O vapor de água passa por uma tubulação bastante fina, que aumenta a sua pressão, e chega até um cilindro. O pistão, peça móvel que fica dentro do cilindro, é empurrado, enquanto a quantidade de vapor de água aumenta. O cilindro tem uma válvula que, ao ser aberta, deixa o vapor de água sair e, assim, o pistão volta a sua posição inicial. O pistão pode estar conectado às rodas de uma locomotiva, por exemplo, então o seu movimento fará com que o trem se mova.

Nas usinas termoelétricas, o calor gerado pela queima de carvão mineral, óleo ou gás natural é usado para aquecer grandes quantidades de água. O esquema a seguir mostra como a eletricidade é obtida nessas usinas.

Entrando na rede

Na página Física térmica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, disponível em: https://oeds.link/0cZ1uo, há vídeos mostrando diferentes máquinas térmicas em funcionamento. Cada vídeo é seguido de links que direcionam o leitor para páginas que discutem o funcionamento da máquina. Para acessar os vídeos, selecione a aba Máquinas Térmicas no topo da página e clique na opção Vídeos. Acesso em: 21 junho 2022.

Funcionamento de uma usina termoelétrica

Esquema. Construção cilíndrica (caldeira) vista em corte lateral. No seu interior há água até a metade. A água está fervendo. Na parte inferior da caldeira há uma base da qual sai fogo (fornalha). Número 1 ao lado da caldeira. Um cano sai da parte superior da caldeira e vai para uma cavidade. O cano jorra vapor dentro dessa cavidade que incide sobre pás de uma hélice (turbina) que por sua vez estão conectadas em um aparelho (gerador). Ao lado da cavidade há o número 2 e ao lado do gerador há o número 3. Do gerador saem dois fios que vão para uma torre de transmissão de energia elétrica. Ao lado da torre há o número 4 e em cima da torre há o texto Rede elétrica. Da parte debaixo da cavidade sai um cano que vai para uma construção cilíndrica (condensador), com a base maior que o topo. Na base há água e no interior o cano jorra água. Há o número 5 ao lado do condensador. Do condensador sai um cano que se liga à parte inferior da caldeira. Ao lado da ilustração há os textos: 1. A fornalha aquece a água que está na caldeira. O vapor de água é formado durante a ebulição. 2. O vapor de água é conduzido até a turbina, de forma a movimentá-la. 3. O movimento de rotação da turbina faz o gerador produzir a eletricidade. 4. A eletricidade é transmitida para a rede elétrica. 5. Depois de transferir parte de sua energia para a turbina, o vapor de água vai para o condensador, onde é esfriado, e se liquefaz. 6. A água volta para a caldeira onde é novamente aquecida, formando vapor, que volta a percorrer o ciclo.
Representação esquemática das etapas para a obtenção de energia elétrica em uma usina termoelétrica. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: TOLMASQUIM, M. T. Energia termelétrica: gás natural, biomassa, carvão, nuclear. Rio de Janeiro: e pê e, 2016.

Motor a combustão

A energia térmica pode ser obtida por meio da queima de um material combustível. Se essa combustão for acoplada a um motor, a energia liberada pode ser aproveitada para fazer as rodas de um veículo girarem, mas a queima de combustível pode liberar gases que poluem o ar.

Dependendo de onde ocorre a queima do combustível, é possível classificar os motores a combustão em duas categorias. No motor a combustão externa, a queima ocorre fóra do motor. A energia térmica é obtida pela queima de combustível e transmitida ao motor através das paredes de uma caldeira. O combustível usado nesses motores é sólido, como o carvão e a madeira. O trem a vapor usa esse tipo de motor.

Nos motores a combustão interna, a queima do combustível ocorre dentro do motor. Esses motores são utilizados, por exemplo, em automóveis e geradores elétricos. Os combustíveis para motores a combustão interna podem ser líquidos ou gases. Entre os combustíveis líquidos, são usados os derivados de petróleo, como a gasolina e o óleo diesel, ou os biocombustíveis, que são obtidos de produtos agrícolas, como o álcool de cana-de-açúcar, de milho ou de beterraba.

Nos motores a combustão interna, a energia liberada pela queima do combustível é transferida para os pistões, cujo movimento de sobe e desce é convertido em movimento circular nas rodas, por exemplo. A figura a seguir mostra a estrutura de um cilindro de motor a combustão interna.

Cilindro de um motor a combustão interna

Ilustração. Equipamento visto em corte lateral. No interior há uma haste (manivela) que se liga a um objeto cilíndrico (pistão) que desliza por dentro de uma cavidade cilíndrica (cilindro). A parte superior, acima do cilindro está vazia (câmara de combustão). No topo à esquerda, um objeto com formato de tampa que fecha um orifício que dá acesso à câmara de combustão (válvula de admissão). No topo à direita também há um  objeto com formato de tampa que fecha um orifício que dá acesso à câmara de combustão (válvula de exaustão). No topo na parte central, um objeto cilíndrico que fica parte para fora e parte no interior da câmara de combustão (vela de ignição).
Representação esquemática dos componentes de um motor a combustão interna. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: Rrêuit, P. G. Física conceitual. Porto Alegre: Bookman, 2015.

Nesse equipamento, uma mistura de combustível e ar entra pela válvula de admissão. Quando está dentro da câmara de combustão, a vela de ignição solta uma faísca, provocando a sua explosão. Essa explosão empurra o pistão para baixo, movimentando a manivela que está ligada a um eixo, o qual transfere o movimento para as rodas do veículo. A válvula de exaustão abre para a saída dos gases e o pistão sobe. Em seguida, entra mais combustível e o processo se repete.

Hoje, já se questiona o uso do motor a combustão interna devido à emissão de gases poluentes. Os veículos movidos a eletricidade, obtida de fontes renováveis como a energia solar, são vistos como os possíveis substitutos para as tecnologias nas quais existe a emissão de poluentes.

De ôlho no tema

  1. Como as máquinas térmicas produzem movimento?
  2. Quais são as diferenças entre os motores a combustão externa e interna?

TEMA 6 O uso das máquinas ao longo do tempo

As máquinas diminuíram o esforço para mover objetos pesados, cultivar a terra ou se locomover, influenciando os avanços tecnológicos da humanidade.

Máquinas na agricultura

Registros arqueológicos indicam que as máquinas simples são usadas há cêrca de 2 milhões de anos. Os seres humanos em certo período pré-histórico usavam pedras lascadas (que funcionam como cunha) para caçar e cortar alimentos.

O desenvolvimento da agricultura ocorreu de maneira independente em épocas e regiões diferentes do planeta. Os primeiros sistemas de cultivo e de criação apareceram há menos de 10 mil anos. A agricultura trouxe novos desafios, entre os quais é possível destacar o preparo do solo, o plantio das sementes, a irrigação, a colheita e o transporte de alimentos.

Os equipamentos desenvolvidos ao longo do tempo para ajudar no trabalho no campo utilizam máquinas simples e suas diversas combinações. A cunha faz parte dos componentes da foice e do machado, por exemplo. As carroças contam com o sistema de roda e eixo. Já o arado, usado para preparar a terra para receber as sementes, emprega o princípio da alavanca.

Com o aumento na quantidade de vilas e cidades, surgiram novas necessidades e soluções. Trabalhadores especializados, como ferreiros, pedreiros e carpinteiros, usam máquinas simples e complexas para construir casas, templos, pontes e estradas, por exemplo. Entre os equipamentos usados, pode-se citar o martelo, que é uma alavanca, e a chave de fenda, que é uma cunha e um sistema roda-eixo.

A energia necessária para fazer as primeiras máquinas agrícolas funcionarem vinha da fôrça física dos trabalhadores e de animais como o cavalo e o boi.

Ilustração. Quadro com homem e mulher egípcios com vestimentas brancas. Homem segura um arado antigo puxado por bois bois em um campo de plantação. Mulher atrás do homem segura um cesto enquanto joga sementes.
O arado era utilizado na agricultura de diferentes civilizações antigas, como a egípcia, a suméria e a chinesa. Na imagem, pintura na parede, Túmulo de Sennedjem. (Vale dos Reis, Luxor, Tebas, Egito.)

O uso de máquinas térmicas

Em antigas civilizações, como a egípcia, a romana e a chinesa, a fôrça humana era a mais utilizada para fazer as máquinas funcionarem, seguida pela fôrça dos animais e de recursos naturais como o vento e a água. Durante a Idade Média, moinho s usavam a energia do vento ou da água corrente para moer grãos.

Na virada do século dezenove para o século vinte, esse quadro começou a se alterar. A partir de então, teve início o domínio das máquinas a vapor e, na década de 1950, das máquinas a combustão interna.

O aumento da população mundial ao longo do tempo gerou a necessidade de intensificação da produção de alimentos. Nesse contexto, cada vez mais as máquinas desempenham um papel fundamental. Em campos de cultivo amplos, máquinas com motores a combustão interna, como tratores e colheitadeiras, são essenciais para garantir a produtividade das áreas agrícolas.

Distribuição dos tipos de energia utilizados desde a Antiguidade

Gráfico de barras empilhadas. No eixo horizontal, data e local. No eixo vertical, porcentagem aproximada de fonte de energia utilizada. Para cada data e local há barras empilhadas com os valores a seguir. 2.000 a.C. Egito. Porcentagem. Força Humana: 95%. Força Animal: 5%. 200 a.C. Império Romano. Força Humana: 85%. Força Animal: 10%. Rodas de água e cata-vento: 5%. 500 China. Força Humana: 85%. Força Animal: 15%. Rodas de água e cata-vento: 2%. Europa. 1.200. Força Humana: 80%. Força Animal: 15%. Rodas de água e cata-vento: 3%. Moinho de ventos: 2%. 1.800. Força Humana: 70%. Força Animal: 20%. Rodas de água e cata-vento: 4%. Moinho de ventos: 4%. Máquinas a valor: 2%. 1.900. Força Humana: 20%. Força Animal: 18%. Rodas de água e cata-vento: 3%. Moinho de ventos: 2%. Máquinas a valor: 55%. Turbinas a vapor: 1%. Motores a combustão interna: 1%. 1.950. Força Humana: 10%. Força Animal: 2%. Rodas de água e cata-vento: 3%. Moinho de ventos: 1%. Máquinas a valor: 4%. Turbinas a vapor: 21%. Motores a combustão interna: 59%.

Fonte: SMIL, V. Energy and civilization: a history. Cambridge: The MIT Press, 2017.

Fotografia A: Vista de lado de um trator marrom arrastando um equipamento na traseira em formato de arado passando em cima de um trecho de terra.
Fotografia B: Veículo grande e vermelho, com rodas de tratores e uma cabine branca. Na parte da frente há um equipamento largo com engrenagens que passa por uma plantação. Em cima há um braço mecânico.
Na agricultura mecanizada, são usadas máquinas movidas a motores a combustão interna. (A) Trator sulcando a terra para o plantio de arroz. (B) Colheitadeira em arrozal.

Impactos ambientais e sociais relacionados ao desenvolvimento tecnológico

A intensificação do uso de combustíveis fósseis, como o carvão mineral e os derivados de petróleo, propiciou o aumento da produtividade no campo e na indústria, causando a expansão das cidades e o aumento da poluição atmosférica.

Desde que as máquinas a vapor começaram a ser usadas, gases poluentes liberados na queima de combustível vêm sendo lançados no ar.

Além disso, o carvão mineral e os derivados de petróleo são exemplos de combustíveis não renováveis. Ou seja, se continuarem a ser utilizados, um dia eles acabarão. Esses são alguns dos motivos que incentivam a pesquisa e o desenvolvimento de combustíveis obtidos de fontes renováveis e menos poluentes, como os biocombustíveis.

Parte dos gases produzidos pela queima de biocombustíveis é absorvida pelas plantas ao crescerem. Por isso, considera-se que eles contribuam pouco para o aumento do efeito estufa. Eles também não contêm impurezas que podem ocasionar o aumento da acidez das chuvas.

O desenvolvimento da tecnologia tornou as máquinas cada vez mais complexas. E essas máquinas, por sua vez, modificaram profundamente a vida das pessoas. No entanto, é difícil avaliar com exatidão suas consequências, pois elas continuam acontecendo.

Por exemplo, considere uma pessoa que deseje entrar em contato com um familiar distante. Em 1870, ela teria de escrever uma carta de próprio punho ou usando uma máquina de datilografar e enviá-la pelo correio. A carta chegaria a seu destino depois de dias, semanas ou mesmo meses, dependendo do local. Um século depois, bastaria tirar o telefone do gancho, discar o número desejado e então conversar com seus familiares e amigos. Hoje, com os dispositivos conectados à internet, podemos conversar por meio de ferramentas que permitem o envio e o recebimento de voz, de imagens e de textos. É possível até mesmo nos comunicarmos com vários destinatários ao mesmo tempo em diferentes lugares do mundo. Como estaremos nos comunicando daqui a cem anos?

A tecnologia também pode ser muito útil para melhorar a educação, pois facilita o acesso a conteúdo produzido por vários especialistas e a pesquisa de informações e dados sôbre qualquer assunto. Mas exige-se bastante cuidado para usar informações apenas de fontes confiáveis.

Do ponto de vista econômico, a tecnologia pode ser usada para aprimorar a produção de bens e serviços. Porém, ela exige que o trabalhador tenha formação técnica mais específica. Além disso, o desenvolvimento e a popularização das máquinas exigiram a intensificação da mineração de ferro e de outros metais, provocando a remoção da vegetação nas áreas de mineração e a poluição do solo, do ar, de rios e de lagos por causa dos resíduos tóxicos.

Pintura. Grande fábrica com várias chaminés lançando fumaça preta no ar. Ao redor há cavalos e carroças.
No período inicial da Revolução Industrial, o uso intensivo de combustíveis sem nenhuma regulamentação provocou impactos ambientais profundos em diversas localidades. Obra Borsig’s machine making establishment in Berlin, de Eduard Bierma, 1847. Óleo sôbre tela, 110 centímetros por 161,5 centímetros.
Fotografia. Homem branco de cabelo curto e capacete verde, vestindo jaleco azul. Está em pé em frente a uma mesa com vários botões, monitor, teclado, mouse e cinco monitores mostrando várias informações.
Sala de contrôle de uma usina siderúrgica. Dessa sala, um trabalhador monitora toda a linha de produção que foi automatizada. (Marabá-Pará, 2019.)

De ôlho no tema

  1. Como o uso dos diversos tipos de energia se modificou ao longo do tempo?
  2. Por que, mesmo com a redução da população rural, a produção de alimentos não é afetada pela falta de mão de obra?
Ícone composto pela ilustração de caderno com anotações e caneta.

Atividades

TEMAS 4 A 6

REGISTRE EM SEU CADERNO

ORGANIZAR

  1. Responda às questões.
    1. Identifique as semelhanças entre a polia e a engrenagem.
    2. Que característica faz com que elas sejam usadas com objetivos diferentes?
  2. Responda às perguntas.
    1. Para levantar um objeto usando uma roldana fixa, uma das extremidades do cabo tem que ser presa a esse objeto. O princípio de funcionamento da roldana fixa pode ser comparado com qual tipo de alavanca?
    2. Em uma polia móvel, o objeto que se deseja erguer fica preso ao eixo da polia. O princípio de funcionamento da polia móvel se parece com qual tipo de alavanca?
  3. Quais são as semelhanças e as diferenças entre as máquinas a vapor e os motores a combustão interna?

ANALISAR

4. A correia da bicicleta transmite o movimento da engrenagem que está conectada ao pedal para a engrenagem que está conectada à roda traseira, fazendo com que a bicicleta se mova a cada pedalada.

  1. Por que as bicicletas usam engrenagens em vez de polias?
  2. Algumas bicicletas apresentam um sistema de mudança de marcha que é usado para mudar o tamanho das duas engrenagens que são conectadas pela corrente. Para subir uma ladeira, o ciclista precisa pedalar com mais fôrça. Qual deve ser a relação de tamanho entre as engrenagens conectadas pela corrente para que a fôrça aplicada à engrenagem do pedal seja aumentada pela engrenagem da roda traseira?
Fotografia. Destaque de engrenagens de bicicleta, com uma correia que liga essas engrenagens à coroa fixa aos pedais.
Engrenagens da bicicleta.

5. Na imagem, mostra-se como duas polias, uma fixa e uma móvel, podem ser usadas em conjunto para levantar um objeto pesado. Com base nessa imagem, responda às perguntas.

Ilustração. Sistema com duas polias, uma corda e um peso. Uma extremidade da corda está presa ao teto. Seguindo em direção à outra extremidade, a corda passa por uma polia presa ao peso, depois passa por outra polia, presa ao teto. Uma mão segura a extremidade livre da corda.
Sistema de polias. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)
  1. Qual deve ser a intensidade da fôrça aplicada para puxar o cabo e levantar o pêso?
  2. Qual é a quantidade de cabo que tem que ser puxada para levantar o corpo a uma altura de dois metros?
  1. O que aconteceria em um motor a combustão interna se a vela de ignição não produzisse faísca?
  2. O desenvolvimento tecnológico gerou grandes mudanças no mercado de trabalho com o surgimento das primeiras máquinas, o que trouxe impactos positivos e negativos. Em dupla, produzam um argumento científico (com dados, justificativa e conclusão) para discutir esses impactos com as demais duplas da turma. A ideia é construir coletivamente um melhor entendimento sôbre o assunto.

COMPARTILHAR

8. Os podcasts são uma fórma de compartilhamento de conteúdo em áudio. Eles podem ser no formato de painel, em que várias pessoas debatem um assunto de entrevista; ou jornalístico, em que o apresentador discorre sôbre acontecimentos relevantes do período. Em grupo, pesquisem a história de Bertha Benz e sua relação com a indústria automobilística. Atentem-se em selecionar fontes confiáveis na pesquisa. Em seguida, preparem um podcast sôbre o espaço permitido às mulheres no desenvolvimento tecnológico, usando a história dela como um exemplo. Após a análise do professor, divulguem nas redes sociais da escola conforme sua orientação.

Ícone composto pela ilustração de cabeça com engrenagens.

Pensar Ciência

Ciência Básica, Ciência Aplicada, Tecnologia

Entende-se por ciência “básica” ou “pura” aquele tipo de pesquisa cujo objetivo é a ampliação do conhecimento na respectiva área (matemática, astronomia, psicologia etcétera), sem um propósito de aplicação de tais conhecimentos. dêsse modo, a tentativa de demonstrar um teoremaglossário matemático, a indagação relativa à formação dos “buracos negros” no universo, ou a investigação do mecanismo da memória, podem ser empreendimentos científicos em que não haja, ao menos inicialmente, noção da possível utilidade prática das informações que venham a ser obtidas.

[…]

A demonstração daquele teorema pode servir, suponhamos, para resolver problemas de engenharia; os dados sôbre os buracos negros podem ser de proveito nas missões espaciais; e a compreensão do funcionamento da memória pode ajudar a aprimorar a aprendizagem. No entanto, ainda que tais aplicações não venham a ocorrer (e talvez nem sejam cogitadas), considera-se que o esforço científico já está justificado pelo aumento do saber (considerado […] como algo em si valioso).

[…] a ciência “aplicada” consiste na pesquisa que visa, desde o início, a obtenção de um saber útil. Propor-se identificar as causas de uma doença, com o intuito de curá-la e até erradicá-la; investigar o surgimento e a evolução dos furacões para poder antecipá-los e proteger as populações, ou pesquisar um episódio histórico para fundamentar uma ação política, são casos de pesquisa aplicada.

Notem que a aplicação mencionada pode não consistir em produtos ou eventos que consideremos “bons”, desejáveis, necessários etcétera (como a saúde ou a segurança). Buscar conhecimentos que aperfeiçoem armas de guerra, ou que permitam manipular a opinião pública, é também dedicar-se à “ciência aplicada”.

Pura ou aplicada, a ciência é busca de saber, ou por ele mesmo, ou pela sua utilidade. Já quando o propósito não consiste na busca de saber, mas no alcance de um objetivo prático com o auxílio do saber científico, fala-se em “tecnologia”.

A fabricação de um remédio, o aperfeiçoamento de uma máquina, a organização e administração de uma escola, a correção da dislexia (a dificuldade para a leitura) etcétera são ações tecnológicas porque, para obter resultados práticos (novos objetos, ou objetos melhorados, melhores processos ou fórmas de trabalho, eliminação de perturbações no comportamento etcétera), apelamos, conforme os casos, a informações procedentes da química, física, sociologia, psicologia, linguística, fisiologia etcétera

[…] essa distinção tradicional […] se trata, como em tantas outras distinções didáticas, de uma diferenciação teórica que não implica que, na realidade, essas três atividades (ciência pura, ciência aplicada, tecnologia) existam forçosamente separadas, ou que as suas fronteiras sejam sempre nítidas. […] A ciência aplicada e a tecnologia não excluem a possibilidade de que, ao serem praticadas, gerem também, de maneira não prevista, conhecimentos “puros” (isto é, cuja utilidade não é óbvia). […]

CIÊNCIA Básica, Ciência Aplicada, Tecnologia. Centro de Educação Superior a Distância, Universidade Federal de Sergipe. Disponível em: https://oeds.link/pzU1fD. Acesso em: 21 junho 2022.

Página de rosto da primeira versão em inglês de Sir Henry Billingsley dos Elementos de Euclides, 1570.
Tela de celular mostrando um aplicativo de mensagens. No aplicativo aparece o nome Camila e abaixo o texto: As mensagens que você enviar para esta conversa são protegidas por criptografia.

Desde por volta de 300 antes de Cristo os números primos mostram-se como objeto de estudo, com provas e teoremas na obra Elementos, (A) atribuída ao matemático grego Euclides de Alexandria. Os números primos trouxeram também benefícios práticos para a sociedade atual, sendo elemento estruturante do mecanismo de segurança criptografado adotado em transações de comércio eletrônico e (B) acesso a aplicativos de mensagens.

ATIVIDADES

REGISTRE EM SEU CADERNO

  1. Imaginem a seguinte situação: um governante tem o poder de destinar verbas para as pesquisas científicas. Para tomar sua decisão de onde empregar o dinheiro, ele se reúne com um grupo a favor de destinar as verbas apenas para a pesquisa pura ou básica e outro grupo que acredita ser mais importante o investimento na pesquisa aplicada. Com base no texto lido e nas suas considerações sôbre o tema, reflitam sôbre as questões e debatam com os colegas.
    • Quais seriam seus argumentos para defender a aplicação de recursos na pesquisa pura?
    • Quais seriam seus argumentos para defender a aplicação de recursos na pesquisa aplicada?
    • Qual é a sua posição sôbre esse tema? O que você defenderia?
  2. Elabore um texto que aborde os pontos mencionados a seguir e leia-o para a turma.
    • Como a ciência e as novas tecnologias afetam a qualidade de vida? Como fazer com que seus efeitos sejam os melhores possíveis?
    • Quais são as condições sociais que limitam ou impulsionam a pesquisa científica?
    • Como o progresso científico e tecnológico contribui para reduzir ou ampliar as desigualdades socioeconômicas?
    • Como ampliar o acesso da população aos benefícios gerados pelo conhecimento científico e tecnológico?

Ícone composto pela ilustração de um aperto de mãos. Uma das mãos é de uma pessoa negra e a outra é de uma pessoa branca.

Atitudes para a vida

REGISTRE EM SEU CADERNO

A queima de combustíveis polui o ar que respiramos

adrinho contada em 12 quadros. História sem diálogos. Quadro 1: Industria soltando fumaça por meio quatro chaminés, há poluição sobre todo o céu. Quadro 2: Homem idoso de chapéu, vestindo paletó. com a mão no peito e boca aberta, caminhando sobre a rua com poluição intensa. Quadro 3: Homem idoso toca uma campainha de um consultório médico. Quadro 4: Um médico calvo com jaleco e instrumento ouve o pulmão do homem. Acima, em destaque, há um pulmão escuro dentro de um balão de pensamento do médico. Quadro 5: Medico prescreve um remédio. Quadro 6:  Homem idoso caminha até uma farmácia. Quadro 7: Homem apresenta a receita para o farmacêutico calvo e de bigode. Quadro 8: Farmacêutico entrega o remédio para homem idoso. Quadro 9: homem idoso volta a caminhar pela rua poluída. Quadro 10: Volta a imagem da indústria do primeiro quadro. Quadro 11: Destaque para janela da indústria. Quadro 12: Mulher de cabelo curto e chapéu, vestindo jaleco, ela está produzindo o remédio que o homem idoso comprou.

reticências Apesar dos efeitos da poluição terem sido descritos desde a antiguidade, somente com o advento da revolução industrial a poluição passou a atingir a população em grandes proporções. A rápida urbanização verificada em todo o planeta trouxe um grande aumento no consumo de energia e também de emissões de poluentes provenientes da queima de combustíveis fósseis por fontes fixas, como as indústrias, e por fontes móveis, como os veículos automotores. Atualmente, aproximadamente 50% da população do planeta vivem em cidades e aglomerados urbanos e estão expostas a níveis progressivamente maiores de poluentes do ar. A outra metade, principalmente nos países em desenvolvimento, utiliza combustíveis sólidos derivados de biomassa (madeira, carvão vegetal, esterco animal seco e resíduos agrícolas) e combustíveis líquidos, em menor proporção, como fonte de energia para cocção, aquecimento e iluminação.

Devido à grande área de contato entre a superfície do sistema respiratório e o meio ambiente, a qualidade do ar interfere diretamente na saúde respiratória.

reticências

Fonte: ARBEX, M. A., e outros A poluição do ar e o sistema respiratório. Jornal Brasileiro de Pneumologia, volume 38, número 5, 2012. Disponível em: https://oeds.link/CwMogC. Acesso em: 12 julho 2022.

TROCAR IDEIAS sôbre O TEMA

Em grupo, analisem os quadrinhos e o texto e discutam as seguintes questões:

  1. Quais são as consequências da queima de combustíveis abordada nos quadrinhos?
  2. As consequências da má qualidade do ar afetam todas as pessoas do mesmo modo?
  3. Como está a qualidade do ar do município em que vocês moram?
  4. Existem ações governamentais para a redução da emissão de poluentes pelas empresas na sua cidade? Se sim, quais são elas?
  5. O que impede que providências mais efetivas sejam tomadas tanto pelos governantes quanto pelos empresários?

COMPARTILHAR

6. Em grupo, elaborem materiais com o objetivo de informar sôbre a situação da qualidade do ar no município onde moram e seus impactos na vida das pessoas. Incluam as ações governamentais que já foram tomadas e exemplos de empresas que implementaram programas de redução de emissão de poluentes, quando houver. Sugiram também atitudes a serem tomadas pela população no sentido de pressionar governantes e empresários a se comprometerem com a resolução dêsse problema. Busquem as informações necessárias sôbre o assunto em sites, revistas, jornais, livros ou conversando com professores e outros profissionais. Vocês podem produzir textos, imagens ou vídeos. Após a análise do professor, compartilhem com os amigos, a família e os empresários locais.

Ilustração. Menino branco de cabelo curto castanho, vestindo uma blusa azul de capuz vermelho, calça verde e tênis brancos com detalhes verdes. Ele usa capacete, cotoveleira e joelheira, todos na cor amarela. Está andando de bicicleta sobre uma ciclofaixa vermelha ao lado de uma montanha com vegetação.

COMO EU ME SAÍ?

  • Expressei-me de fórma clara na execução das atividades?
  • Busquei utilizar as palavras mais precisas em cada etapa?
  • Elaborei perguntas que me ajudaram na compreensão?
  • Procurei respostas às perguntas em mais de uma fonte?
  • Cuidei com atenção dos detalhes da tarefa para que a mensagem que queria passar fosse clara?
  • Se eu fosse explicar por que é importante comunicar-me com clareza, eu diria...

Ícone composto pela ilustração de uma lupa sobre anotações em uma folha de papel.

Compreender um texto

As tecnologias da informação podem revolucionar o cuidado com a saúde?

Novas tecnologias têm potencial para reduzir custos, ampliar acesso e melhorar serviços de saúde, mas requerem atuação ágil e eficiente dos governos em termos de regulação e infraestrutura

Muito provavelmente, os benefícios mais visíveis do avanço do conhecimento científico estejam na saúde. Uma pessoa nascida no final do século dezoito muito provavelmente morreria antes de completar 40 anos de idade. Alguém nascido hoje em um país desenvolvido deverá viver mais de 80 anos e, embora a desigualdade seja muita, mesmo nos países mais pobres da África subsaariana, a expectativa de vida, atualmente, é de mais de 50 anos.

A ciência e a tecnologia são os fatores-chave para explicar a redução da mortalidade por várias doenças, como as infecciosas, e o consequente aumento da longevidade dos seres humanos. reticências Nos anos 1900, as doenças infecciosas matavam entre setecentas e oitocentas a cada 100 mil pessoas, todos os anos. Foi a descoberta da penicilina a principal responsável pela queda na mortalidade por esse tipo de doença, que, atualmente, mata menos de cinquenta em cada 100 mil habitantes.

Fotografia mostrando os braços de uma pessoa branca que repousam sobre uma mesa de madeira. Em cima da mesa e a frente do braço esquerdo há um notebook cinza com teclas pretas. No braço esquerdo há um relógio de pulso que indica a frequência cardíaca. A mão direita segura um celular que mostra informações sobre a saúde do usuário.
As pessoas podem consultar algumas medidas relacionadas à sua saúde em aplicativos em seus dispositivos eletrônicos.

reticências

Atualmente, o aumento da longevidade tem trazido outros problemas, tais como condições de saúde crônicas e mais complexas. Na medida em que a população envelhece e a demanda por melhores condições de vida continua a aumentar, os custos com a saúde crescem substancialmente. Entre 2000 e 2015, os gastos mundiais em saúde passaram de 8,6 para quase 10% do produto interno bruto (PIB) mundial. Nos países desenvolvidos, esse valor é ainda maior: nos Estados Unidos, por exemplo, chega a 17% do Píbi. reticências

As tecnologias da informação representam uma alternativa promissora para a redução dos custos, para a ampliação do acesso e para a melhoria dos serviços de saúde. reticências

O uso de aplicativos de celulares e aparelhos para monitorar condições crônicas de saúde, como diabetes, e alertar os pacientes da necessidade de providências antes que a situação se torne emergencial são alguns dos exemplos mais simples de como essas tecnologias podem ser impactantes. reticências

Muito mais promissoras, contudo, são as tecnologias que podem ser desenvolvidas a partir da enorme e crescente disponibilidade de informações sôbre doenças e pacientes. O uso e o compartilhamento dos registros médicos dos pacientes são peças-chave para isso. reticências

Em um prazo mais longo, o uso dos registros de saúde de milhões de pessoas para fins de pesquisa pode revolucionar nossa compreensão sôbre as doenças e a fórma como diagnosticamos uma série de problemas de saúde. reticências

Um exemplo de como a grande quantidade de dados disponíveis está sendo utilizada para o diagnóstico de doenças é uma reticências startup que está analisando uma grande quantidade de dados médicos a fim de desenvolver uma maneira de diagnosticar o câncer a partir de exames de sangue. reticências

Os potenciais e as promessas dessas novas tecnologias são gigantescos e podem ser extremamente benéficos para toda a sociedade. Dado isso, como os países poderiam estimular o surgimento e acelerar a difusão dessas tecnologias? Como fazer isso salvaguardando a privacidade dos pacientes e impedindo a concentração de informação e de conhecimento nas mãos de poucas empresas? reticências

Um desafio adicional, especialmente no caso dos países em desenvolvimento, é a infraestrutura para a coleta e o armazenamento de informações. O Sistema Único de Saúde (sús), por exemplo, é o maior sistema público de saúde do mundo, e, por isso, uma fonte gigantesca de informações sôbre saúde. No entanto, a implementação de prontuários eletrônicos esbarra em coisas simples, como a disponibilidade de infraestrutura básica na ponta: computadores, sistemas e acesso à banda larga.

reticências

Fonte: NEGRI, F. D. As tecnologias da informação podem revolucionar o cuidado com a saúde? Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 23 dezembro 2020. Disponível em: https://oeds.link/9uu3m1. Acesso em: 21 junho 2022.

ATIVIDADES

REGISTRE EM SEU CADERNO

OBTER INFORMAÇÕES

1. Você conhece alguém que utilize aplicativos que monitorem aspectos relacionados ao funcionamento do organismo, como medidor de frequência cardíaca, contador de passos ou contrôle do sono?

INTERPRETAR

  1. O autor considera o desenvolvimento dessa tecnologia positivo ou negativo? Justifique com base nas informações dadas pelo texto. Você concorda com o autor? Comente.
  2. Nos dois primeiros parágrafos o autor elabora um argumento científico. Identifique:
    • quais são os dados dêsse argumento;
    • qual é a justificativa dêsse argumento;
    • qual é a conclusão dêsse argumento. Em dupla, elaborem também um argumento científico (com dados, justificativa e conclusão) para responder à questão dada no título do texto.

REFLETIR

  1. Segundo o autor, quais são os problemas gerados pelo aumento na expectativa de vida das pessoas? Você consegue pensar em outros problemas não indicados por ele?
  2. Como as tecnologias da informação podem auxiliar na redução de custos causados pelo envelhecimento da população?
  3. Em 2018, foi sancionada no Brasil a Lei Geral de Proteção de Dados. Nesse contexto, você acredita que as preocupações levantadas pelo autor sôbre o acesso e a segurança dos dados dos pacientes ainda são válidas? O que o leva a pensar assim?
  4. O autor faz um elogio e uma crítica ao sistema público de saúde brasileiro. Quais são eles?

Glossário

Halteres
: pesos fixos nas extremidades de uma barra.
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Ancinho
: ferramenta agrícola constituída por uma travessa dentada presa a um cabo, própria para arrastar palha, feno, folhas etcétera
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Içar
: levantar, erguer, fazer subir.
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Acoplado
: que se juntou fisicamente, formando uma unidade.
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Energia mecânica
: soma da energia associada ao movimento de um objeto mais a energia associada à posição dele.
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Teorema
: afirmação que pode ser provada como verdadeira por meio de outras afirmações já demonstradas.
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