UNIDADE um  A Geografia e a compreensão do mundo

Fotografia. Vista aérea de uma cidade na beira de um rio. Ao centro está o rio de águas com tonalidade escura, ondulado por causa de uma pequena embarcação que deixou rastro ao se movimentar. Ao lado esquerdo do rio, há a presença de densa vegetação verde. Ao lado direito, grande concentração de construções baixas, sobretudo casas, além de área asfaltada e barcos ancorados na margem do rio.
Vista aérea de Barreirinhas, Maranhão (2019), mostrando aspectos urbanos e da natureza no município.

Você verá nesta Unidade:

A paisagem e seus elementos

A transformação e a preservação dos elementos das paisagens

O espaço geográfico

O lugar e a identidade

A divisão social e territorial do trabalho

A orientação pelo Sol e pela bússola

As coordenadas geográficas

A noção de escala

Fotografia. Vista de uma praça onde algumas pessoas estão sentadas em primeiro plano em um pequeno muro. Ao centro e em segundo plano, outras pessoas estão sentadas no chão. Elas assistem um homem que está em pé e apresenta a peça de teatro. O dia está ensolarado e a praça contém diversas árvores.
Pessoas assistem a apresentação teatral em praça da cidade de São Paulo, São Paulo (2021). Observe como o artista se apropriou do formato da praça para envolver o público. Note também que a maioria das pessoas está usando máscara em decorrência da pandemia de Covid-19.
Fotografia. Vista de uma concentração de prédios e casas. Na parte superior o céu está nublado. Ao centro há a presença de uma área arborizada.
Área urbana do município de Belo Horizonte, Minas Gerais (2021).

A Geografia nos ajuda a conhecer melhor o mundo em que vivemos, a entender como as sociedades se relacionam com a natureza, a compreender o lugar onde moramos...

Por meio do estudo da Geografia, aprendemos que as paisagens são produzidas e modificadas pelos seres humanos e pela natureza. O que vemos em cada paisagem é uma mistura de variados processos naturais e de intervenções humanas realizadas ao longo do tempo.

Observe a fotografia de Barreirinhas (Maranhão) identificando as características da paisagem e o modo como o espaço geográfico está sendo ocupado. Repita o procedimento com as imagens de São Paulo (São Paulo) e de Belo Horizonte (Minas Gerais). Quais elementos da paisagem mais chamam a sua atenção nas fotografias? Que atividades as pessoas podem realizar nos espaços retratados?

Agora pense no lugar onde você mora. Que paisagens você identifica nele? Como as pessoas utilizam os espaços coletivos?

CAPÍTULO 1  Paisagem, espaço e lugar

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Observação e comparação da paisagem sonora

[Locutora]: Uma paisagem é composta de elementos naturais ou culturais, que podem ser identificados em determinado local e em dado momento. Essa identificação pode ser visual, olfativa ou sonora.

A paisagem sonora se constitui de sons de diversas intensidades.

Agora vamos ouvir alguns registros de paisagens sonoras.

[Fundo sonoro de pássaros e de automóveis]

[Locutora]: Quais elementos podemos perceber e identificar no áudio que acabamos de ouvir?

Canto dos pássaros...

[Fundo sonoro de pássaros]

[Locutora]:

... e barulho gerado por automóveis.

[Fundo sonoro de automóveis]

[Locutora]:

Escutamos os sons de uma rua, como os gerados por carros, caminhões e motocicletas, próximo a um parque.

Na sequência, vamos escutar outra paisagem. Quais sons e elementos podemos identificar nela?

[Fundo sonoro de pássaros, de grilos e de cachorros]

[Locutora]:

Conseguimos escutar sons de pássaros – com cantos diversos –, de grilos e de cachorros...

Os sons que acabamos de ouvir nos remetem a uma paisagem com predomínio de elementos naturais.

[Fundo sonoro de uma área urbana. Veículos circulando e vozes]

Você consegue perceber a diferença entre os elementos naturais e os elementos culturais nas paisagens?

[Fundo sonoro de pessoas conversando]

[Locutora]:

As paisagens e seus elementos são diversos. Nesses diferentes registros, é possível escutar as pessoas conversando.

[Fundo sonoro de pessoas conversando]

É possível ainda diferenciar outros sons, tais como os de um sítio, os de uma granja...

[Fundo sonoro de um sítio e de uma granja]

[Locutora]:

Os de um rio, ou os de uma floresta...

[Fundo sonoro de um rio e de uma floresta]

[Locutora]:

Os barulhos de uma fazenda com animais pastando...

[Fundo sonoro de animais pastando]

[Locutora]:

Ou os de uma fábrica, em que se percebe claramente o ritmo intenso do funcionamento das máquinas.

[Fundo sonoro de uma fábrica e de máquinas em funcionamento]

[Locutora]:

Podemos distinguir muitos fenômenos do tempo atmosférico somente pelos sons: as chuvas e as trovoadas...

[Fundo sonoro de chuva e trovoada]

[Locutora]:

E uma ventania que agita as folhas das árvores!

[Fundo sonoro de ventania e da agitação das folhas das árvores]

[Locutora]:

Em um ambiente litorâneo, que elementos sonoros podemos reconhecer?

[Fundo sonoro de ondas do mar e de vozes]

[Locutora]:

Esses sons nos remetem a um dia agradável na praia, com crianças e adultos desfrutando de um dia de lazer.

Na exposição que fizemos, foi possível identificar sons de animais, de um rio, da chuva, do vento e de ondas do mar...

Ouvimos também sons que se originam de objetos construídos pelos seres humanos, como veículos e máquinas, além de sons que nós próprios emitimos, ao falar, caminhar, correr, cantar, tocar um instrumento musical...

[Fundo sonoro de um instrumento musical e de palmas]

No seu dia a dia, você convive com diferentes paisagens: a da sua casa, a da rua onde mora, a da escola em que estuda, entre outras. Você também pode observar paisagens de outros locais do Brasil e do mundo quando viaja, ou em imagens de jornais e revistas, na televisão, no computador, no celular e até mesmo neste livro.

Em geral, as pessoas chamam de paisagem o que consideram bonito, como uma cachoeira ou uma praia ensolarada. Para a Geografia, porém, paisagem não é apenas um belo panorama natural; é o conjunto dos elementos naturais e culturais que podem ser vistos e percebidos no espaço.

Os elementos naturais que compõem a paisagem são aqueles formados pela ação da natureza: fórmas de relevo (montanhas, serras, planaltos e planícies), hidrografia (rios, lagos, oceanos e mares), vegetação original etcétera.

Os elementos culturais ou humanizados são aqueles construídos pelos seres humanos, como casas, prédios, pontes, rodovias e plantações.

A paisagem pode ser percebida por outros sentidos além da visão, como a audição, por meio da qual é possível perceber os sons produzidos pelas pessoas, pelos automóveis ou pelos pássaros, e o olfato, por meio do qual as pessoas podem notar os cheiros das flores ou das comidas. 

Fotografia 1. Em primeiro plano há um pequeno córrego com árvores e arbustos de intensa cor verde, com flores em tons de roxo. Em segundo plano, um campo aberto sem vegetação, e morros ao fundo.
Fotografia 2. Vista aérea de uma zona urbana litorânea. A fotografia em primeiro plano evidencia o mar, a faixa de areia e a concentração de diversos prédios e casas que compõem a paisagem. Ao fundo, há um rio ao lado esquerdo que desemboca no mar, com uma vegetação densa e verde ao entorno, e as construções se tornam mais escassas. Na parte superior, nuvens se concentram no céu.
Na fotografia 1, elementos naturais, como morros e vegetação, na Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso de Goiás, Goiás (2021). Na fotografia 2, elementos culturais, como construções, e elementos naturais, como o mar, no Recife, Pernambuco (2021).
Titulo do carrossel
Imagem meramente ilustrativa

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Elementos da paisagem

Em algumas paisagens são observados poucos elementos culturais ou apenas elementos naturais. Ainda hoje há paisagens onde predominam elementos naturais, como trechos de florestas de difícil acesso, áreas desérticas, áreas montanhosas e algumas porções das regiões polares. Mas, mesmo nessas áreas que parecem intocadas, existe algum grau de interferência do ser humano.

Fotografia. O ângulo da imagem evidencia em primeiro plano a faixa de areia de uma praia onde há diversos galhos de árvore quebrados e a presença de lixo e resíduos plásticos entre eles. Ao fundo, à direita, está o mar e o céu. à esquerda, vegetação arbustiva e um morro.
Praia da Indonésia com lixo levado pelas correntes oceânicas (2019).

Em outras paisagens, é possível identificar o predomínio de elementos culturais. Essas paisagens são resultantes da transformação da natureza pelo trabalho humano.

A paisagem é muito importante para a compreensão do mundo e do lugar onde vivemos: além de apresentar aspectos da natureza, ela reúne registros da história, do modo de vida das pessoas e das atividades realizadas.

Fotografia. Em primeiro plano, vista de uma pequena escada constituída de largas e densas rochas cortadas em retângulos e quadrados. Alguns degraus estão destruídos, desgastados, ou com rochas faltantes. Ao fundo, há a presença de casas, árvores e prédios da cidade, além de um monumento em pilastra.
Cais do Valongo, descoberto em 2011 durante obras de requalificação do porto da cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Foi o principal local de desembarque de navios que traziam africanos escravizados ao Brasil nas primeiras décadas do século dezenove e, por isso, foi reconhecido como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (unêsco). Fotografia de 2021.

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Em prática’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por um pino de localização sobre um mapa dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo vermelho com a inscrição ‘Em prática’ grafada em letras brancas.

Em prática

Os planos das paisagens

As fotografias podem registrar aspectos visuais da paisagem que revelam características do espaço geográfico. Cada fotografia marca um momento determinado da interação da sociedade com o espaço, mostrando fatos de sua origem, evolução, permanência ou mudança.

Para analisar a paisagem, podemos decompor a fotografia em planos sucessivos. Esses planos podem ser identificados de acordo com a proximidade do observador.

Fotografia. A imagem das cataratas
Turista observa as cataratas no Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu, Paraná (2019).

Por exemplo, a fotografia do Parque Nacional do Iguaçu pode ser dividida em três planos. No primeiro plano (1), há uma pessoa em uma plataforma observando as cataratas. No segundo plano (2), estão as cataratas. No terceiro plano (3), vemos o céu.

Agora, vamos ler a fotografia.

Fotografias. Uma foto maior, ao centro, reproduz imagem das cataratas com os numerais um, dois e três, evidenciando os seus três planos. Abaixo, três fotos menores. Na foto à esquerda, reprodução da imagem das cataratas com o número um, onde o homem observando a cena está em destaque. Os outros planos estão desfocados. Na foto ao centro, reprodução da imagem das cataratas com o número dois, onde as quedas dágua estão em destaque. Os outros planos estão desfocados. Na foto à esquerda, reprodução da imagem das cataratas com o número três, onde o céu está em destaque. Os outros planos estão desfocados.
  1. Que elementos, naturais e culturais, podem ser observados em cada um dos três planos da fotografia?
  2. Que elementos predominam na paisagem?

As transformações da paisagem

As paisagens são dinâmicas, estão em constante transformação pela ação da natureza e do ser humano.

A ação da natureza na modificação das paisagens pode ser lenta, como o desgaste de uma rocha pela ação das águas ou do vento, ou rápida, como uma erupção vulcânica.

Fotografia. Uma rocha triangular grande e desgastada em vários pontos se equilibra em pé por meio da sua parte mais estreita. Ao fundo, uma área árida, marrom e sem vegetação se estende até uma região montanhosa. Na parte superior, o céu está azul e sem nuvens.
Resquício de rocha desgastada pela ação do vento, na região de Sur Lípez, Bolívia (2019). Essa transformação na paisagem ocorre ao longo de milhares de anos.

Os seres humanos também transformam as paisagens ao criar um campo de cultivo, abrir ou asfaltar uma rua, construir ou derrubar casas e edifícios.

As transformações pela ação humana estão relacionadas ao desenvolvimento tecnológico das sociedades e ocorrem em diferentes graus de intensidade. Nas paisagens ficam registrados a história e o modo de vida das sociedades que vivem ou viveram em determinados locais. As construções que observamos nos centros históricos de algumas cidades, erguidas em diferentes épocas, comprovam que os elementos do passado e do presente podem coexistir na mesma paisagem.

Fotografia 1. Fotografia em preto e antiga de uma zona urbanizada, capturada de um ângulo panorâmico. Uma avenida principal e larga corta a paisagem ao centro, e de ambos os lados há construções, em sua maioria casas, que não ultrapassam dois andares. No canto inferior, à direita, está escrito Santos Avenida Ana Costa F.B.
Fotografia 2. Vista panorâmica do mesmo local representado na fotografia 1, mas com mudanças na paisagem. A avenida aparece ao centro, cercada de ambos os lados por diversas construções, sobretudo prédios de diferentes tamanhos, inclusive alguns muito altos. Ao fundo está o mar, com algumas embarcações.
Visão panorâmica da Avenida Ana Costa (direção centro-praia), em Santos, São Paulo. A fotografia 1 é de 1940 e a fotografia 2 é de 2021.

Impactos das intervenções humanas

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Meio ambiente’, composto de uma tarja retangular de fundo marrom claro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Meio ambiente’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Além de modificar a paisagem, as intervenções humanas podem gerar impactos ambientais e sociais.

O desmatamento, por exemplo, faz com que os animais que vivem na região impactada tenham de buscar alimento em outras áreas, nem sempre o encontrando. Assim, há o risco de espécies animais e vegetais desaparecerem antes mesmo de serem conhecidas ou estudadas.

Com a retirada da vegetação, o solo também fica mais exposto à ação das águas e do vento. As enxurradasglossário , por exemplo, além de retirar nutrientes do solo, carregam detritos (fragmentos de rochas, solo) que preenchem o leito dos rios (assoreamento), causando o transbordamento de suas águas – as inundações.

Fotografia. Vista aérea de uma área desmatada. A área está dividida: há vegetação verde restante concentrada na parte inferior da fotografia, enquanto as partes desmatadas, evidenciadas pelo tom marrom claro e árido, ocupam de forma ampla a parte superior da imagem.
Vista de área desmatada em Nova ubiratã, Mato Grosso (2021).

Para realizar atividades agrícolas, os seres humanos exploram o solo de extensas áreas do planeta; a vegetação original é derrubada para uma lavoura ser plantada em seu lugar. Outro problema é a degradação dos solos, que podem perder a fertilidade ou ser contaminados pelo uso excessivo de produtos químicos (fertilizantes e agrotóxicosglossário ). Esses produtos também podem se infiltrar no solo, contaminar a água subterrânea e chegar aos rios, afetando a água usada para abastecer populações humanas ou os locais de reprodução de peixes.

Outras atividades de exploração do solo que causam grandes impactos ambientais e sociais são a criação extensiva de gado e a extração de recursos minerais.

O represamento de rios para gerar energia elétrica ou irrigar plantações e a mudança dos cursos de água para favorecer a ocupação humana também são exemplos de intervenção antrópicaglossário nas paisagens. Além disso, resíduos lançados por indústrias e empresas mineradoras, assim como esgoto e lixo domésticos, podem poluir as águas da superfície e do subsolo terrestre.

A preservação de paisagens naturais

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Meio ambiente’, composto de uma tarja retangular de fundo marrom claro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Meio ambiente’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Paisagens predominantemente naturais ou que sofreram poucas intervenções humanas precisam ser preservadas. Isso é importante porque:

  • apresentam espécies vegetais e animais em risco de extinção;
  • são fontes de pesquisas científicas;
  • reúnem espécies vegetais que podem ser empregadas pela medicina para a cura de doenças;
  • abrigam comunidades tradicionais, cujos modos de vida são intimamente ligados à natureza e contribuem para sua conservação.

Essas paisagens podem estar em áreas particulares, cujos uso e proteção são responsabilidade do proprietário, ou em terras do Estado, que deve assegurar a conservação e a preservação desses locais, restringindo sua utilização.

Para que as paisagens sejam preservadas, cabe ao Estado garantir leis de proteção ambiental, bem como estabelecer mecanismos de fiscalização e de contrôle das áreas naturais protegidas.

As áreas naturais protegidas são superfícies de terra ou mar dedicadas à proteção e à manutenção da diversidade da flora e da fauna, assim como da população e da cultura locais. São as chamadas Unidades de Conservação. Elas podem ser divididas em dois grupos:

  • unidades de uso sustentável, cujo objetivo principal é combinar a conservação da natureza e o uso sustentávelglossário de parte de seus recursos;
  • unidades de proteção integral, cujo objetivo principal é preservar a natureza, sendo proibida a exploração de seus recursos.
Fotografia. Um mico-leão-da-cara-preta está se apoiando entre troncos de uma árvore. Ele foi fotografado bem de perto, e olha diretamente para a câmera. Ele tem uma pelagem composta por uma faixa escura ao redor da face, e uma pelagem marrom-castanho no restante do corpo.
Mico-leão-da-cara-preta, espécie em risco de extinção. Fotografia realizada no Parque Nacional de superágui, Paraná (2019).
Fotografia. Vista aérea de uma vegetação densa, fechada e verde. Ao fundo, o relevo apresenta declives e morros. Na parte superior, o céu está com algumas nuvens.
Vista de área de floresta no Parque Nacional da Serra do Divisor, em Mâncio Lima, Acre (2021). Administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, é uma Unidade de Conservação de proteção integral.

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Mundo em escalas’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por dois pinos de localização conectados por setas, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo verde claro com a inscrição ‘Mundo em escalas’ grafada em letras brancas.

Mundo em escalas

Poluição dos rios e mares por mercúrio

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Meio ambiente’, composto de uma tarja retangular de fundo marrom claro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Meio ambiente’ grafada em letras maiúsculas brancas.

A contaminação das águas dos rios por metais pesados provenientes da mineração pode afetar as águas dos oceanos e, consequentemente, atingir outras áreas do planeta.

Qual o quadro do garimpo ilegal no rio Madeira e na Amazônia

O garimpo traz prejuízos ambientais, sociais e de saúde pública para a Amazônia. Do ponto de vista ambiental, por exemplo, a atividade causa desmatamento, tira alimentos de peixes nos rios, provoca assoreamento (acúmulo de terra ou lixo no fundo de um rio) e contamina a água com metais pesados, como o mercúrio.

VICK, Mariana. Qual o quadro do garimpo ilegal no rio Madeira e na Amazônia. néquisso, 27 novembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/dmF2dG. Acesso em: 9 abril 2022.

Fotografia. Vista aérea de um rio. As águas apresentam uma tonalidade marrom escuro e estão turvas. No centro do rio, diversas jangadas se agrupam bem próximas umas das outras, formando fileiras. No canto direito e ao fundo, há uma vegetação verde, sem construções ou habitações.
Jangadas de drenagem realizam garimpo ilegal para exploração de ouro no rio Madeira, Autazes, Amazonas (2021).

Contaminação por mercúrio dobra nos mares em cem anos, diz estudo

Em cem anos, ao longo do século 20, a poluição na superfície dos mares pelo metal mais do que dobrou, apontam as pesquisas reticências.

A poluição por mercúrio é resultado de ações como mineração, queima de carvão e outros processos industriais reticências.

reticências As pesquisas sugerem que o mercúrio lançado no ar acaba se depositando na água dos oceanos e em regiões costeiras, contaminando animais marinhos.

CONTAMINAÇÃO por mercúrio dobra nos mares em cem anos. G1, 5 dezembro 2012. Seção Natureza. Disponível em: https://oeds.link/a4SbD7. Acesso em: 9 abril 2022.

  1. Qual atividade ilegal tem sido praticada nos rios da Amazônia? Essa atividade pode produzir impactos em áreas mais distantes?
  2. Faça uma pesquisa em livros, revistas, jornais e na internet e responda:

Como o mercúrio pode intoxicar os animais? Que problemas a ingestão de mercúrio pode causar aos seres humanos?

O espaço geográfico

A palavra espaço tem vários significados, entre eles o de espaço sideral, que se refere ao conjunto de estrelas, planetas, satélites, cometas etcétera

O espaço geográfico é o conjunto integrado de paisagens resultantes de fenômenos naturais e da ação humana ao longo do tempo.

Cada espaço pode ter diferentes fórmas ou funções, conforme a atividade principal que nele se desenvolve: lazer, comércio, habitação etcétera

Os espaços também podem mudar de fórmas e funções. Por exemplo, um bairro que tem função predominantemente industrial pode, anos depois, ser majoritariamente residencial.

A Geografia estuda os espaços ocupados e transformados pelos seres humanos, ou seja, o espaço geográfico que é construído e reconstruído constantemente pelo trabalho humano e pela natureza.

Fotografia 1. A imagem apresenta a vista a partir de um ângulo superior de uma multidão de pessoas usando agasalhos e máscaras em uma área comercial. Mercadorias são expostas em balcões, e ao fundo há barracas com diversos produtos à mostra.
Fotografia 2. A imagem é ampla e apresenta grande extensão de vários campos de plantio, delimitados por marcações no terreno. Ao fundo há algumas construções baixas e relevo formado por morros.
O ser humano, ao se apropriar do espaço geográfico, atribui a ele diferentes fórmas e funções. Na fotografia 1, rua comercial em Hong Kong, China (2021). Na fotografia 2, área rural em Ímola, Itália (2020).

O lugar

Pode-se dizer que lugar é uma porção ou parte do espaço onde estabelecemos vínculos no dia a dia, em uma interação em que nós influenciamos e transformamos a paisagem.

Nossa casa, nossa escola, a casa de um amigo, o bairro são exemplos de lugares com os quais criamos uma identidade, ou seja, que têm importância e significado para nós.

Ao mudarmos de casa, de escola ou de bairro, nos adaptamos a outros espaços e estabelecemos vínculos com a nova localização e com as pessoas que dela fazem parte.

Observe as imagens. Os locais apresentados podem ser identificados como lugares, pois seus habitantes estão em interação com o espaço. Para eles, há uma relação de identidade entre sua vivência e o espaço que habitam ou frequentam.

Fotografia. Pessoas reunidas em uma praça. Elas estão sentadas ao entorno de duas mesas, e duas pessoas estão em pé observando o restante do grupo. Ao fundo há árvores e uma grande construção branca.
Grupo de pessoas reunidas em praça de Barbacena, Minas Gerais (2021).
Fotografia. Duas crianças indígenas brincam de peteca em um pátio, enquanto outra aparece mais ao fundo. O chão é de terra batida. Em segundo plano, há construções entre árvores com paredes de pau a pique.
Crianças indígenas da etnia Pataxó brincam de peteca. Reserva da Jaqueira, Terra Indígena Pataxó, Porto Seguro, Bahia (2018).

Lugar, identidade e cultura

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

O lugar engloba o espaço construído pelos indivíduos e grupos humanos e faz parte do seu cotidiano. Por exemplo, o lugar em que vive uma comunidade ribeirinha na Floresta Amazônica abrange o centro onde se encontram as moradias e seu entorno, que são as áreas onde o grupo realiza suas atividades cotidianas (de lazer, subsistência etcétera).

É possível dizer que os lugares fazem parte das referências culturais dos grupos que se apropriam deles e que contribuem para a construção da identidade desses grupos. Ao mesmo tempo, os lugares refletem a identidade desses grupos.

As referências culturais refletem o modo como determinado grupo se organiza e modifica o lugar em que vive; consequentemente, é possível analisar a relação de cada sociedade com a natureza (como as características e a organização das moradias, o respeito pelo meio ambiente e a dependência em atividades como a pesca).

Fotografia. Vista aérea da margem de um rio. Na parte inferior está o rio de água escura e marrom, com algumas embarcações pequenas ancoradas. Logo acima, em um terreno um pouco mais elevado, estão seis construções baixas de madeira e formato retangular. Algumas delas estão erguidas do chão por meio de estacas e pilares. Ao fundo, vegetação verde e densa composta por árvores altas.
Vista aérea da Comunidade de Santa Maria, na margem do rio aripuánã. Novo aripuánã, Amazonas (2020).

Além disso, as paisagens refletem a cultura compartilhada pelos indivíduos, ou parte deles, que vivem em determinado lugar. As fórmas de construir, os monumentos e as obras de arte, por exemplo, costumam revelar a identidade cultural das sociedades que habitam cada lugar.

Fotografia. Vista de um caminho largo e coberto por neve ao centro, onde uma pessoa agasalhada caminha. As casas à beira desse caminho são coloridas, revestidas de madeira, e possuem o telhado íngreme. Acima, o céu está azul e sem nuvens.
Pessoa caminha em região polar na Groenlândia (2020). Note que os telhados das construções são inclinados, para evitar o acúmulo de neve.
Fotografia. Ao fundo, grande construção nas cores branco e vermelho, com telhado íngreme. Em primeiro plano, há duas fileiras de postes com lustres esféricos e um corredor por onde pessoas transitam.
Templo religioso construído no século doze, atualmente em meio a arranha-céus, na cidade de Tóquio, Japão (2020).

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Lugar e cultura’. O ícone corresponde a uma ilustração composta por um vaso colorido dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo rosa escuro com a inscrição ‘Lugar e cultura’ grafada em letras brancas.

Lugar e cultura

A arte e o trabalho nas margens do rio São Francisco

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Nas cidades de Juazeiro (Bahia) e Petrolina (Pernambuco), separadas pelo rio São Francisco, peças artesanais conhecidas como carrancas expressam a história e a identidade de parte da população.

As carrancas são esculturas talhadas em madeira e têm como principal característica a fisionomia que mistura traços humanos e animais. As primeiras carrancas, surgidas no final do século dezenove, adornavam a proa (parte dianteira) das embarcações que percorriam o rio São Francisco.

Há pelo menos duas versões para explicar a origem dessas cabeças esculpidas. A primeira sugere que eram utilizadas como elementos decorativos para chamar a atenção da população para os barcos que se aproximavam levando mercadorias. A segunda versão afirma que sua função era proteger as embarcações dos perigos e dos maus espíritos dos rios, que supostamente tombavam canoas e navios.

Hoje, as carrancas permanecem na cultura popular em fórma de objetos artísticos de decoração. O artesanato é uma das fontes de renda da população da região e um modo de preservar sua identidade.

Fotografia 1. Fotografia em preto e branco de uma embarcação de madeira no rio. Em sua proa, ou seja, na parte frontal, está uma carranca esculpida em madeira. Sua face é branca, possui dentes pontiagudos, nariz pequeno e olhos grandes e pretos.
Fotografia 2. Um homem de cabelos grisalhos, usando óculos, camisa azul e shorts, esculpe um tronco de madeira com um martelo e um cinzel, instrumento de metal utilizado especificamente para entalhar.
As primeiras carrancas adornavam a proa das embarcações e eram diferentes das atuais. Na fotografia 1, carranca de proa em um barco no rio São Francisco, Bahia (1946). Na fotografia 2, artesão esculpe carranca de madeira em Petrolina, Pernambuco (2019).
  1. Que elementos naturais e culturais contribuíram para a origem das carrancas?
  2. Atualmente, qual é a importância das carrancas para as comunidades que as produzem?
  3. Tente se lembrar de algum tipo de artesanato que você já tenha visto. Indique o lugar de origem dessa peça artesanal e reflita sobre possíveis aspectos culturais envolvidos no seu processo de produção.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Para a Geografia, o que é paisagem?
  2. Imagine uma paisagem com elementos transformados por atividades humanas: um bairro, uma plantação, uma casa no campo etcétera
    • Faça um desenho da paisagem que você imaginou.
    • Em seguida, imagine como era a paisagem antes de ser transformada por atividades humanas.
    • Faça um novo desenho da paisagem, agora representando os elementos naturais existentes antes das transformações decorrentes das atividades humanas.
    • Por fim, compare os seus desenhos com os dos colegas e converse com eles sobre as semelhanças e as diferenças que vocês encontraram entre os desenhos.
Versão adaptada acessível

2. Imagine uma paisagem com elementos transformados por atividades humanas: um bairro, uma plantação, uma casa no campo etc.

  • Faça uma representação da paisagem que você imaginou.
  • Em seguida, imagine como era a paisagem antes de ser transformada por atividades humanas.
  • Faça uma nova representação da paisagem, agora representando os elementos naturais existentes antes das transformações decorrentes das atividades humanas.
  • Por fim, compare as suas representações com os dos colegas e converse com eles sobre as semelhanças e as diferenças que vocês encontraram entre as representações.

3. Observe as imagens a seguir. Depois, responda às questões no caderno.

Fotografia 1. Fotografia antiga em tons de sépia de uma igreja católica. A construção possui dois andares, janelas com vitrais e seu formato é retangular, além de possuir  uma torre mais alta em destaque, com uma cruz no topo. Ao redor, ruas e casas, sem a presença de construções altas ou prédios.
Igreja Nossa Senhora da Penha de França, São Paulo, São Paulo (1925).
Fotografia 2. Imagem de uma igreja. As paredes são verdes com listras amarelas, e há uma estrutura retangular com a torre e janelas com vitrais. Faróis de trânsito, postes de luz, casas e prédios estão presentes ao seu redor.
Igreja Nossa Senhora da Penha de França, São Paulo, São Paulo (2020).
  1. Há predominância de elementos naturais ou culturais nas imagens?
  2. Que elementos podem ser observados em cada uma das paisagens retratadas?
  3. Identifique as transformações ocorridas na paisagem e os principais elementos que permaneceram.
  4. Pelas características observadas nas paisagens das fotografias, pode-se dizer que houve uma mudança na vida das pessoas que vivem no bairro?
Versão adaptada acessível

3. A partir da descrição das imagens a seguir, responda às questões no caderno.

Fotografia 1. Fotografia antiga em tons de sépia de uma igreja católica centralizada na paisagem. A construção possui dois andares, janelas com vitrais e seu formato é retangular, além de possuir uma torre mais alta em destaque, com uma cruz no topo. Ao redor, ruas não pavimentadas, casas térreas e com dois andares e algumas árvores ao fundo, na parte direita da imagem. Não há presença de construções altas ou prédios.
Igreja Nossa Senhora da Penha de França, São Paulo, São Paulo (1925).
Fotografia 2. Imagem de uma igreja. As paredes são verdes com listras amarelas, e há uma estrutura retangular com uma torre e janelas com vitrais. Faróis de trânsito, vias asfaltadas, postes de luz com fiação elétrica, casas e prédios estão presentes ao redor da igreja.
Igreja Nossa Senhora da Penha de França, São Paulo, São Paulo (2020).

a. Há predominância de elementos naturais ou culturais nas imagens?

b. De acordo com a análise das fotografias, quais elementos estão representados em cada uma das paisagens?

c. Identifique as transformações ocorridas na paisagem e os principais elementos que permaneceram.

d. Com base nas características audiodescritas das imagens, pode-se dizer que houve uma mudança na vida das pessoas que vivem no bairro?

  1. Converse com seus familiares e com pessoas de sua comunidade sobre as transformações ocorridas na paisagem do lugar onde você mora ou estuda. De acordo com as pessoas com quem você conversou, responda às questões.
    1. O que mudou nessa paisagem ao longo dos anos?
    2. Quais elementos da paisagem existiam antes e agora não existem mais? Quais elementos passaram a existir?
    3. Algum lugar teve sua função alterada? Por exemplo, uma construção residencial no passado se transformou em um comércio hoje?
    4. As transformações alteraram a rotina das pessoas?
    5. Se possível, pesquise uma fotografia da sua comunidade no passado e uma na atualidade. Compare as duas e, depois, escreva no caderno as transformações observadas na paisagem. Se não for possível encontrar uma imagem antiga, faça um desenho com base nas respostas que você obteve para representar a paisagem do passado da sua comunidade. Depois, faça um desenho da paisagem atual e compare-as.
Versão adaptada acessível
  1. Converse com seus familiares e com pessoas de sua comunidade sobre as transformações ocorridas na paisagem do lugar onde você mora ou estuda. De acordo com as pessoas com quem você conversou, responda às questões.
    1. O que mudou nessa paisagem ao longo dos anos?
    2. Quais elementos da paisagem existiam antes e agora não existem mais? Quais elementos passaram a existir?
    3. Algum lugar teve sua função alterada? Por exemplo, uma construção residencial no passado se transformou em um comércio hoje?
    4. As transformações alteraram a rotina das pessoas?
    5. Se possível, pesquise uma fotografia da sua comunidade no passado e uma na atualidade. Compare as duas e, depois, escreva no caderno as transformações observadas na paisagem. Se não for possível encontrar uma imagem antiga, faça uma representação com base nas respostas que você obteve sobre a paisagem do passado da sua comunidade. Depois, faça uma representação da paisagem atual e compare-as. Para fazer representações táteis, podem ser utilizados materiais com diferentes formas, tamanhos e texturas.
  1. Os espaços têm diferentes fórmas ou funções de acordo com as atividades que neles se desenvolvem. Por exemplo, a casa pode ser espaço de moradia, ter a fórma de um sobrado e a função de oferecer abrigo e conforto. Com base nessa ideia, responda:
    1. Quais são as funções das fábricas, dos hospitais e das praças? Em geral, qual é afórma de cada um desses espaços?
    2. Cite outro espaço que você frequenta. Na sua opinião, para que ele foi criado?
  2. Cite três motivos que justifiquem a preservação de áreas naturais.
  3. Observe a fotografia e responda às questões.
Fotografia. Vista aérea de construções indígenas, cobertas com folhas e palha. A coloração do telhado é marrom claro, e as construções estão localizadas no centro da paisagem. Ao entorno, densa vegetação verde, com grande variedade de tipos de árvores.
Vista aérea da Aldeia apiútcha, Marechal Thaumaturgo, Acre (2021).
  1. Que elementos naturais e culturais é possível identificar na paisagem retratada?
  2. De que fórma podemos observar a interação do ser humano com a natureza?

CAPÍTULO 2  O trabalho e a transformação do espaço geográfico

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

É por meio do trabalho que as pessoas modificam a natureza e constroem o espaço geográfico.

Podemos afirmar que, com o trabalho humano, o espaço geográfico está em contínua transformação. Isso fica claro quando observamos a paisagem do lugar onde moramos e percebemos as transformações ao longo do tempo: casas ou edifícios sendo construídos ou reformados, novos estabelecimentos comerciais, derrubada da vegetação e criação de novos cultivos, por exemplo.

Fotografia 1. Fotografia de uma obra escavada diretamente em uma rocha muito grande. Essa rocha compõe uma parede de um penhasco e possui coloração avermelhada. O monumento é a fachada de um palácio, composta pelo térreo e mais um andar acima. No térreo está a porta de entrada principal, onde colunas altas e ornamentadas sustentam a marquise do andar. Já neste andar, estão três torres decoradas com esculturas. Na frente do palácio, turistas tiram fotos e transitam pelo local. O tamanho das pessoas retratadas na fotografia é muito pequeno em relação ao tamanho do monumento, evidenciando a sua grandiosidade.
Fotografia 2. Em primeiro plano está um campo de plantio repartido com marcações no terreno e com a coloração amarronzada. Há alguns agricultores à cavalo trabalhando no local. Em segundo plano está uma concentração de construções baixas e quadriculares ao pé de um área mais elevada.
Nas fotografias desta página, o resultado do trabalho humano pode ser observado nas paisagens: tanto as lavouras quanto os monumentos esculpidos na rocha compõem paisagens. Na fotografia 1, construção esculpida em rocha, em Petra, Jordânia (2021). Na fotografia 2, agricultores arando a terra no vale de Todra, no Marrocos (2019).

Os seres humanos e as alterações na paisagem ao longo do tempo

Os cientistas estimam que os primeiros humanos modernos surgiram durante o Período Paleolítico ou Idade da Pedra, há cêrca de 200 mil anos. Se pensarmos na escala de tempo geológico, perceberemos que a história da humanidade é recente. No entanto, desde os primórdios, os seres humanos participam do processo de modificação das paisagens ao estabelecer relações com a natureza.

Mapa. Recorte da região do Oriente Médio, Europa e norte da África. O mapa destaca a Mesopotâmia por meio de um retângulo vermelho, e evidencia a passagem nessa região dos rios Eufrates e Tigre.

Vamos conhecer algumas informações sobre a transformação da paisagem da Mesopotâmia, uma região localizada entre os rios Tigre e Eufrates, onde atualmente estão situados Iraque, cuáit e partes da Síria, da Turquia e do Irã.


pré-história

Paleolítico (até c. 10000 a.c.)

Durante o Paleolítico, os seres humanos eram predominantemente nômades e migravam periodicamente de um lugar para outro em busca de água e alimentos. Eles utilizavam elementos naturais para a confeccção de ferramentas e instrumentos de pedra, osso e madeira, viviam da coleta de plantas silvestres, da pesca e da caça de animais. Desse período remontam muitas pinturas e gravuras feitas em rochas para registrar cenas da vida cotidiana e diferentes representações, chamadas de arte rupestre.

Ilustração. Representação de um grupo humano pré-histórico. Estão abrigados à margem de um rio e cada um exerce uma atividade diferente. Um deles desenha na parede da entrada de uma caverna. Outro empunha uma lança para pescar no rio e uma dupla retorna por um caminho carregando um animal abatido.
Os grupos humanos do Paleolítico dependiam dos elementos da natureza para sobreviver e provocavam poucas modificações nas paisagens.

NEOLÍTICO (de c. 10000 a.C. a c. 4000 a.C.)

As primeiras grandes modificações nas paisagens ocorreram durante o Período Neolítico (Idade da Pedra Polida). Os grupos humanos começaram a domesticar algumas espécies de plantas e a estabelecer os primeiros cultivos agrícolas. Já fixados em aldeias, passaram a utilizar outros recursos da natureza e, com os materiais extraídos, faziam objetos de cerâmica, tecidos e cestos. O sedentarismo também possibilitou a domesticação de animais e a abertura de áreas destinadas à pastagem.

Ilustração. Grupo de humanos usam roupas de tecido verde em uma pequena aldeia. Em primeiro plano, alguns cultivam a terra usando ferramentas, como foice e enxada. Ao fundo, um deles confecciona vasos de cerâmica. Porcos e cavalos estão em frente a uma construção feita de madeira.
No Neolítico, o sedentarismo e a domesticação de animais e plantas provocaram as primeiras grandes modificações nas paisagens.

antiguidade

AntigUIDADE (de c. 4000 a.C. a 476)

Acredita-se que um dos assentamentos humanos mais antigos se localizava na Mesopotâmia, onde a presença dos rios Tigre e Eufrates foi fundamental para o estabelecimento dos grupos humanos. A paisagem da Mesopotâmia passou por grandes modificações com o crescimento de pequenas vilas e cidades, e o desenvolvimento da agricultura, da navegação, da metalurgia, do comércio e de outras atividades econômicas. Por exemplo, a cidade da Babilônia se tornou um grande império por volta de 1900 a.C.

Ilustração. Vista de uma cidade na antiguidade. As construções apresentam formas regulares, muito similares entre si e geométricas, com muros e paredes beges e marrons.
A Antiguidade é caracterizada pelo crescimento de pequenas vilas e cidades e pelas diversas atividades econômicas, que provocaram transformações mais perceptíveis nas paisagens.

Idade Média

Idade Média (de 476 a 1453)

Após um longo período de efervescência econômica, política e cultural, a região da Mesopotâmia foi invadida por diversos povos, como os persas e os árabes, que promoveram novas transformações na paisagem. As grandes cidades da Antiguidade foram destruídas e, com o passar do tempo, os vestígios foram abandonados e acabaram cobertos pela areia do deserto.

Ilustração. Ruínas de uma cidade da antiguidade, onde blocos que compunham paredes e muralhas estão erodidos e despedaçados. A paisagem é árida e desértica, sem a presença de vegetação ou de grupos humanos.
Nesse período, houve a ascensão e o declínio de diversos povos. Algumas cidades da região da Mesopotâmia foram abandonadas e expostas às intempéries.

Idade Moderna

Idade Moderna (de 1453 a 1789)

Durante a Idade Moderna, a região se tornou parte do Império Turco-Otomano e um local de disputa comercial entre as principais potências mundiais daquele período. A paisagem continuou se modificando. Novas cidades se desenvolveram à medida que o comércio se intensificava.

Ilustração. Área comercial de uma cidade. Homens com vestes longas e brancas, usando tecidos de diferentes cores e formatos em suas cabeças, trafegam pela rua. Outros comercializam produtos, como tapetes e alimentos, e conversam entre si. Ao fundo, construções com paredes claras compõem a paisagem.
O desenvolvimento das cidades e do comércio também modificou as paisagens na Idade Moderna.

Idade Contemporânea

Idade Contemporânea (de 1789 aos dias atuais)

Com o desenvolvimento da industrialização iniciada na Europa, a região passou a receber investimentos em infraestrutura para escoar a produção, como ferrovias e portos. A descoberta de jazidas de petróleo levou à construção de estruturas para sua exploração, e a região se tornou uma das principais produtoras dessa matéria-prima no mundo.

Ilustração. Vista de uma cidade com grande concentração de construções retangulares em tons marrons. Em primeiro plano, um palácio com torres e teto circular. A ilustração mostra uma paisagem ensolarada, com céu azul na parte superior.
Ilustração. Vista de uma área altamente urbanizada em escombros. A paisagem é cinza, o céu está nublado, e a concentração de prédios e casas apresentam paredes caídas, derrubadas.
A industrialização e o crescimento da urbanização na Idade Contemporânea transformam intensamente a natureza e estabelecem paisagens bastante modificadas.

Ler o infográfico

  1. Quais foram as mudanças na paisagem ocorridas a partir do processo de sedentarização dos seres humanos, durante o Período Neolítico?
  2. De que maneira a industrialização intensificou as modificações na paisagem?

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Integrar conhecimentos’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por uma mão segurando um globo formado de peças de quebra-cabeça, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo laranja com a inscrição ‘Integrar conhecimentos’ grafada em letras brancas.

Integrar conhecimentos

Geografia e História

Os primeiros povos que habitaram o litoral de Santa Catarina

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Leia o texto a seguir, a respeito dos sambaquis e dos povos que os habitavam – os sambaquieiros.

O município de Laguna, no estado de Santa Catarina, foi habitado por diversos povos. Alguns compartilharam o mesmo ambiente, outros não. Os primeiros povos que ocuparam o território litorâneo do município foram os sambaquieiros, que ali permaneceram pelo menos .4000 anos.

Os sambaquis são [foram] construídos pelos sambaquieiros, também conhecidos como pescadores-coletores, que viveram há muito tempo, principalmente no litoral sul brasileiro. Nesta região, há sambaquis que foram construídos há mais de .6500 anos. É muito tempo, não é mesmo? São os sítios arqueológicosglossário mais antigos do litoral sul de Santa Catarina.

Sua principal característica são as muitas conchas que os compõem, por isso sua denominação originada do tupi-guarani: Tamba = conchas e Ki = amontoado.

Normalmente, estes sítios possuem fórma arredondada e são de vários tamanhos – alguns chegam a ter mais de 30 metros de altura, como o sambaqui da Carniça, no bairro de Campos Verdes, Laguna. Os sambaquis, geralmente, eram construídos ao redor da lagoa, pois os povos que os habitaram eram pescadores-coletores e viviam dos recursos alimentares oferecidos por este ambiente.

Os povos sambaquieiros viviam em sociedade e produziam seus artefatos a partir de ossos de animais, como anzóis, espátulas, agulhas etcétera Um artefato que se destaca nesta cultura é o zoólitoglossário , valorizado por sua beleza e raridade.

Uma das funções do sambaqui era servir para o desenvolvimento de cerimônias, pois lá sepultavam seus mortos. Também serviam para marcar território.

CLAUDINO, Daniela da Costa; FARIAS, Deisi S. Eloy de. Arqueologia e preservação: sambaqui do Morro do Peralta. Florianópolis: Samec, 2009. página 11.

Fotografia. Em primeiro plano está um pequeno morro de coloração esbranquiçada, com vegetação rala e rasteira em seu topo. Ao fundo, vegetação rasteira e algumas árvores e construções.
Sambaqui localizado no sítio arqueológico Elefante Branco, em Jaguaruna, Santa Catarina (2021).
  1. De acordo com o texto, há quantos anos os povos sambaquieiros habitaram a região Sul do Brasil?
  2. O que são os sambaquis? Quais características dos sambaquis descritas no texto podemos observar na fotografia de Jaguaruna?
  3. Quais eram as funções dos sambaquis?

O trabalho, as atividades econômicas e as paisagens

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Os seres humanos trabalham para garantir a satisfação de suas necessidades básicas (alimentação, moradia, vestuário e transporte), produzindo grande quantidade e variedade de produtos, assim como para procurar ampliar seu acesso a bens materiais e culturais.

Você já parou para pensar na quantidade de pessoas que trabalharam na construção da sua escola? Ou em quantas pessoas trabalharam no plantio, na colheita, no transporte e na comercialização das frutas que você consome?

Os produtos que consumimos e os lugares que frequentamos no nosso dia a dia são o resultado do trabalho de muitas pessoas em diferentes atividades.

Fotografia. Grupo de homens operários utilizam equipamentos de proteção, como luvas, máscaras e capacetes. Alguns misturam e assentam a argamassa cinza com enxadas para compor o chão, enquanto outros estão em pé observando. Ao fundo, há materiais de ferro, madeira, estacas, e a área está cercada por tapumes e por uma tela laranja.
Operários trabalham em construção de edifício, São Paulo, São Paulo (2021).
Fotografia. Três homens estão curvados e trabalhando em uma pequena plantação verde, em fileiras. Em segundo plano, pequenas casas se localizam entre numerosas árvores. Ao fundo, morro com vegetação densa e verde.
Agricultores trabalham na colheita de alho-poró em Mogi das Cruzes, São Paulo (2021).

O trabalho se caracteriza, entre outros elementos, pela diversidade de atividades e de profissionais: em uma mesma sociedade, encontramos dentistas, secretários, padeiros, agricultores, motoristas, pedreiros, advogados, professores etcétera Chamamos essa divisão dos trabalhadores em diferentes funções de divisão social do trabalho.

Há também uma divisão territorial do trabalho. Podemos afirmar, por exemplo, que em algumas regiões do Brasil predomina a agricultura e, em outras, a indústria. Ou seja, ocorre uma organização espacial das atividades econômicas.

As atividades econômicas

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

As principais atividades econômicas da sociedade são o extrativismo, a agropecuária, a indústria, o comércio e a prestação de serviços. Muitas paisagens se diferenciam de acordo com a presença ou a fórma de realização dessas atividades.

Há paisagens onde as atividades extrativistas são predominantes e outras em que áreas rurais podem ser marcadas pela presença de máquinas e pessoas trabalhando na lavoura ou no trato de animais. Há paisagens de áreas urbanas que se caracterizam pela concentração de atividades comerciais e de pessoas circulando nas ruas e outras em que predominam as indústrias.

Fotografia. Vista aérea de uma indústria composta por galpões brancos e laranjas, além de chaminés e tubulações. Ao centro há um maquinário com as principais chaminés. Ao fundo, uma paisagem árida em campo, de tonalidade marrom.
Algumas paisagens têm predominância de atividades agrícolas, mas a atividade industrial também está presente no campo. Usina produtora de açúcar e álcool em Planalto, São Paulo (2021).

Além de o espaço geográfico ser constantemente transformado pelo trabalho humano, as paisagens podem se diferenciar conforme o poder aquisitivoglossário das pessoas, quando os rendimentos são muito discrepantes.

Fotografia 1. Fotografia de uma viela, sem calçada para pedestres e com alguns buracos. Um homem de camisa listrada anda de bicicleta, enquanto uma mulher mais ao fundo trafega pelo lugar. As casas são pequenas, com fachadas deterioradas, além de estarem muito próximas uma das outras. Diversos fios de energia elétrica aparecem e se ligam entre os postes.
Fotografia 2. Vista aérea de um bairro composto por casas amplas, térreas ou com dois andares, e ruas asfaltadas, largas e arborizadas.
As desigualdades sociais de uma sociedade podem ser percebidas na paisagem. Na fotografia 1, moradias precárias na Comunidade Gardênia Azul, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (2020). Na fotografia 2, condomínio residencial de alto padrão no município de Foz do Iguaçu, Paraná (2020).

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Em grupo, façam uma pesquisa seguindo o roteiro.
    1. Comecem elaborando uma lista com dez profissões comuns no lugar onde vocês vivem e busquem informações sobre elas.
    2. Agrupem-nas de acordo com as principais atividades econômicas de extrativismo, agropecuária, indústria, comércio e prestação de serviços.
    3. Respondam:
    • De que grupo de atividades econômicas faz parte a maioria das profissões que vocês listaram?
    • Como essa atividade ou essas atividades transforma(m) a paisagem do lugar onde vocês vivem?
    • Qual é a importância dos profissionais que realizam essa atividade ou essas atividades?
  2. No poema “Canto à minha cidade”, Adélia Prado descreve as transformações que ocorreram em Divinópolis, sua cidade natal. Leia o poema e observe a fotografia da cidade de Divinópolis (Minas Gerais) nos dias atuais. Depois, responda às questões.

. .Canto à minha cidade

Minha cidade hoje é grande,

mas começou pequenina.

Não tinha prédios, nem fábricas,

não possuía oficinas.

O seu nome é Divinópolis,

seu apelido é princesa,

seu povo é trabalhador,

o trabalho é a sua riqueza.

As nossas siderurgias

furam o céu de chaminés

e esta é a melhor paisagem

da terra de Candidé reticências.

PRADO, Adélia. Canto à minha cidade. In: MARQUES, Y. L. (organizador). Centenário de Divinópolis 1912-2012: 100 anos + 20. Belo Horizonte: Roma Editora, 2012. página5.

Fotografia. Vista de uma zona urbana com diversos prédios. Ao centro, duas avenidas largas se cruzam e cortam a paisagem. Acima, o céu está azul e sem nuvens.
Vista da cidade de Divinópolis, Minas Gerais (2020).
  1. Segundo o poema, quais foram as transformações ocorridas na cidade de Divinópolis?
  2. Qual é a atividade econômica citada no poema? Aponte o verso que justifica sua resposta.
  3. Em sua opinião, como a transformação da paisagem retratada no poema interferiu na relação das pessoas com a natureza em Divinópolis?

3. Observe a fotografia do Porto de Suape, inaugurado em 1983 no litoral do estado de Pernambuco.

Fotografia. Vista aérea de uma zona portuária onde, em primeiro plano, dois grandes navios estão ancorados próximos à construção em forma de barreira, chamada de quebra-mar. O quebra-mar é composto por paredes de rochas que impedem que a área do porto seja afetada por ondas. As águas do mar são verdes e transparentes. Ao fundo, no canto direito, há uma pequena mancha verde indicando a vegetação do local.
Vista aérea do Porto de Suape, Pernambuco (2019).
  1. Identifique os elementos naturais percebidos na paisagem.
  2. Quais são as principais transformações da paisagem provocadas pelo trabalho humano?

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Ser no mundo’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por um globo terrestre com uma linha laranja ao seu redor, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo azul claro com a inscrição ‘Ser no mundo’ grafada em letras brancas.

Ser no mundo

Usinas hidrelétricas e as transformações na paisagem

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Meio ambiente’, composto de uma tarja retangular de fundo marrom claro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Meio ambiente’ grafada em letras maiúsculas brancas.

A construção de uma hidrelétrica muitas vezes afeta não somente as condições naturais da região, como também o modo de vida dos povos que a habitam. A seguir, conheça o exemplo da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

Construída no rio Xingu, no estado do Pará, a usina hidrelétrica de Belo Monte estava, em 2021, entre as maiores do mundo. Quando a vazão do rio está alta e a usina opera em sua capacidade máxima, ela pode gerar energia para 60 milhões de pessoas. Apesar de sua importância energética, sua construção foi bastante controversa. Observe as fotografias.

Fotografia. Vista aérea de região plana, com densa vegetação fechada e preservada, onde ao centro há um extenso rio.
Volta Grande do Xingu antes da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, Pará (2012).
Fotografia. Vista aérea de uma grande área desmatada e alagada, com solo exposto e áreas conectadas por caminhos de terra. Há alguns pontos com vegetação preservada, sobretudo ao fundo, à esquerda, onde a formação vegetal está mais adensada.
Volta Grande do Xingu durante a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, Pará (2014).
Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Meio ambiente’, composto de uma tarja retangular de fundo marrom claro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Meio ambiente’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Agora, leia os trechos da reportagem.

A vistoria realizada na Volta Grande do Xingu pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Pará, dez anos depois do licenciamento ambiental que autorizou a construção da hidrelétrica de Belo Monte, “permite observar uma contínua precarização dos modos de vida na região”, diz Sadi Machado, procurador da República em Altamira. reticências

De acordo com o procurador, a análise conjunta de documentos, audiências públicas, ações judiciais e a própria vistoria da região do Xingu dez anos depois permitem afirmar que existem “impactos evidentes sobre o meio ambiente e as condições de vida, muitas situações de penúria e carência material”. reticências

Entre as consequências sociais identificadas pela vistoria, Machado também menciona o quadro de insegurança alimentar. “A primeira consequência social, que salta aos olhos, é a insegurança alimentar, seja pela redução do volume de peixes, seja pelas dificuldades de navegação e locomoção, que afetam o escoamento de produtos da região, como o cacau e a farinha. Também há impactos na geração de renda, decorrentes da alteração dos modos tradicionais de produção. Comunidades cujas práticas anteriores estavam associadas à pesca e à colheita tradicional, hoje apresentam hábitos alimentares fundamentalmente baseados em produtos industrializados. À insegurança alimentar se soma a dificuldade de acesso à água potável”.

reticências

í agá ú On-Line – O Relatório também aponta um esvaziamento populacional na Volta Grande do Xingu. Como compreende esse processo? É possível e desejável reverter esse quadro?

Sadi Machado – Pudemos observar que a precarização das condições de vida tem levado algumas comunidades da Volta Grande do Xingu a deixar para trás sua história, suas relações familiares e de vizinhança, e com isso suas tradições, seus vínculos de afeto e de referência, como um mecanismo de sobrevivência. Algumas comunidades vivem um estrangulamento econômico e, sobretudo, no caso dos indígenas, dependem hoje fundamentalmente de subsídios externos, tendo perdido grande parte de sua autonomia. Os planos de mitigação de impactos previam o fomento de atividades produtivas para as comunidades indígenas na região da Volta Grande, mas o que se observa é a precariedade de sua execução, objeto inclusive de ação judicial do ême pê éfe. Além disso, diversas comunidades sequer foram consideradas impactadas e não receberam qualquer tratamento.

MACHADO, S. [Entrevista cedida a] João Vitor Santos e Patrícia faquin. Belo Monte dez anos depois e a contínua precarização dos modos de vida. Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, 29 julho 2019. Seção Entrevistas. Disponível em: https://oeds.link/O0Un0v. Acesso em: 10 abril 2022.

  1. Observando as fotografias da Volta Grande do Xingu, responda: a construção da barragem causou que tipo de transformação na paisagem?
  2. Além da transformação da paisagem, que impactos sociais estão relacionados à construção da barragem? Utilize as informações fornecidas no texto e faça uma pesquisa para complementar sua resposta.
  3. Podemos dizer que algumas transformações na paisagem podem impactar a identidade de grupos que vivem em um lugar?

CAPÍTULO 3  Orientação e localização no espaço geográfico

Desde o início de sua história, os seres humanos criam mecanismos de orientação no espaço geográfico para se deslocarem de um local para outro.

Quando queremos nos orientar em relação às pessoas e aos objetos, é comum que no dia a dia usemos noções como “à frente”, “atrás”, “à direita”, “à esquerda”, “para cima”, “para baixo”, entre outras. Também utilizamos elementos das paisagens como pontos de referência: “atrás da igreja”, “na frente do supermercado”, “vire à direita depois da ponte”, “à esquerda depois da praça”.

Mas como nos orientar em áreas maiores, como em alto-mar, em um deserto ou em uma floresta densa, quando não existem pontos de referência? Há muito tempo, observando os astrosglossário , os seres humanos perceberam que é possível se orientar em áreas onde não existem pontos de referência conhecidos. Atualmente, além da observação dos astros pelos navegadores, as grandes embarcações contam com equipamentos tecnológicos de orientação, como gê pê ésse.

Fotografia. Dois navios compridos flutuam nas águas de um mar. Acima, o céu está cinza e nublado.
Para o deslocamento em áreas onde não há muitos pontos de referência, é necessária a utilização de instrumentos de orientação específicos. Na fotografia, navios cargueiros na Baía de Todos os Santos, Salvador, Bahia (2020).

A orientação pelo Sol

Observando o Sol, o ser humano percebeu que esse astro aparece (ao amanhecer) e desaparece (ao anoitecer) aproximadamente nas mesmas direções todos os dias. Com base nessa observação, foi determinado um conjunto de pontos de orientação, chamados pontos cardeais: leste (éle), oeste (óh), norte (êne) e sul (ésse).

A direção do Sol ao nascer ficou determinada como leste ou oriente (que significa nascente). A direção oposta, em que o Sol desaparece, ficou determinada como oeste ou ocidente (que significa poente).

Foram também estabelecidos o norte, ou setentrional ou boreal, e o sul, ou meridional ou austral. Observe a seguir.

Ilustração. Uma mulher está em pé, com os braços abertos, e posicionada ao centro de uma cruz vermelha desenhada no chão com setas em suas extremidades. À sua frente, a seta aponta para a palavra Norte. Em suas costas, a seta aponta para a palavra Sul. À sua esquerda, a seta aponta para a palavra Oeste, e à direita, a seta aponta para a palavra Oeste. Também ao seu lado direito está a ilustração de uma esfera amarela e brilhante, com a palavra Sol. Uma linha forma uma abóbada sobre a personagem, ligando o sol, à leste, até a outra extremidade, à oeste, indicando o caminho diário percorrido no céu pelo Sol.
Estendendo o braço direito para a direção onde o Sol nasce, encontraremos o leste (éle). O braço esquerdo indicará o oeste (óh). À frente teremos o norte (êne) e atrás, o sul (ésse). Representação para fins didáticos, sem escala.

A construção de moradias

A construção de um imóvel requer muita atenção. Por exemplo: nas áreas do Brasil em que predominam temperaturas mais elevadas, é conveniente que os quartos e as salas sejam voltados para leste, onde o Sol aparece; assim, eles são menos aquecidos por receberem apenas a irradiação da manhã.

Na maior parte do território brasileiro, as janelas das casas voltadas para o sul não recebem luz direta; portanto, recebem menos calor. Já as janelas das casas voltadas para o norte recebem maior incidência de Sol durante o ano todo, especialmente no inverno.

A rosa dos ventos

Com base nos pontos cardeais, foram determinadas direções intermediárias, conhecidas como pontos colaterais: nordeste (êne ê), noroeste (êne ô), sudeste (ésse ê) e sudoeste (ésse ô).

Existem ainda os pontos subcolaterais, localizados entre os cardeais e os colaterais: norte-nordeste (êne êne ê), norte-noroeste (êne êne ó), sul-sudeste (ésse ésse ê), sul-sudoeste (ésse ésse ó), leste-nordeste (éle êne ê), leste-sudeste (éle ésse ê), oeste-noroeste (ó êne ó) e oeste-sudoeste (ó ésse ó).

Os pontos de orientação (cardeais, colaterais e subcolaterais) compõem uma figura denominada rosa dos ventos.

Ilustração. Representação de uma rosa dos ventos indicando as direções cardeais, colaterais e subcolaterais. Direções cardeais: norte, sul, leste, oeste. Direções colaterais: nordeste, noroeste, sudeste, sudoeste. Direções subcolaterais: norte-nordeste, norte-noroeste, sul-sudeste, sul-sudoeste, leste-nordeste, leste-sudeste, oeste-noroeste, oeste-sudoeste.
A rosa dos ventos funciona como um conjunto de referências a partir do ponto onde o observador se encontra.

Instrumentos de orientação

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Ciência e Tecnologia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde claro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Ciência e Tecnologia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

A orientação pela bússola

A bússola é um instrumento de orientação que se parece com um relógio. Inventada pelos chineses há muito tempo, ela possui uma agulha imantadaglossário , que gira sobre um eixo, e um mostrador, no qual está desenhada a rosa dos ventos.

A agulha imantada aponta sempre para o norte, atraída pelo polo magnético da Terra, que atua como um grande ímã. Esse polo magnético, porém, não corresponde exatamente ao polo norte geográfico, apresentando uma diferença de cêrca de .1400 quilômetros em relação a ele.

Para não se desviar da direção norte geográfica, aviões e embarcações que empregam a bússola como instrumento de orientação usam também mapas especiais, chamados cartas de navegação. Essas cartas corrigem a diferença entre os polos magnético e geográfico, permitindo que os deslocamentos a longas distâncias ocorram de maneira mais precisa, com erros mínimos.

Fotografia. Bússola de cor preta com duas pontas no centro. Ao fundo estão as direções cardeais, colaterais e subcolaterais, indicadas em inglês. Na diagonal superior direita: W para representar o Oeste. Na diagonal inferior esquerda: E para representar o Leste. Na diagonal superior esquerda: S para representar o Sul. Na diagonal inferior direita: N para representar o Norte. Ao redor há um círculo com números e linhas pequenas.
Bússola (ilustrativa, sem data). A maior parte das bússolas apresenta as direções cardeais e colaterais com base nos termos em inglês, como ê (East) para representar o leste e dáblio (West) para representar o oeste.

NORTE GEOGRÁFICO E POLO MAGNÉTICO

Mapa. Norte geográfico e polo magnético. Mapa com destaque para a América do Norte, América Central, Polo Norte, além de parte dos territórios da Rússia, Finlândia, Suécia, Noruega e Islândia. Uma pequena bússola está posicionada sobre o território de Cuba. Dessa bússola saem duas linhas. A primeira linha é preta, e ela liga a bússola ao polo norte geográfico, situado na extremidade do globo. Já a linha vermelha liga a bússola ao polo magnético do norte, localizado entre o polo norte e a área do Canadá. A bússola aponta a sigla N para o polo magnético do norte. Abaixo, escala de 0 para 1.480 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: MARRERO, Levi. La Tierra y sus recursos. Caracas: Cultural Venezolana, 1975.

A orientação pelo gê pê ésse

Hoje é cada vez mais comum a utilização de instrumentos, como radares, rádios e o sistema gê pê ésse, para uma orientação mais precisa no espaço geográfico.

A sigla gê pê ésse vem da expressão em inglês Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global). Esse sistema permite a localização de pontos sobre a superfície da Terra. Os receptores gê pê ésse recebem os sinais dos satélites artificiais na órbita da Terra e calculam a própria posição.

O uso do gê pê ésse tem sido cada vez mais comum em celulares e automóveis, para auxiliar pedestres e motoristas em seus deslocamentos, e é muito frequente nas navegações marítima e aérea.

Fotografia. Uma pessoa dirige um maquinário agrícola. Para se orientar, utiliza um aparelho GPS. Uma de duas mãos está sobre o volante, e a outra sobre a tela do aparelho.
Produtor rural utiliza gê pê ésseem Cruzília, Minas Gerais (2021).

Localização no espaço geográfico

Os pontos de orientação são muito importantes para indicar as direções e localizações a partir de um ponto de referência. Por exemplo, quando queremos indicar a alguém a localização da nossa casa, podemos usar um ponto de referência, como uma avenida. Porém, se queremos localizar na superfície do planeta uma cidade ou um navio em alto-mar, precisamos de orientações mais precisas.

Para localizar lugares ou objetos com exatidão na superfície terrestre, usa-se um conjunto de linhas imaginárias traçadas sobre os mapas e globos. Essas linhas são denominadas paralelos e meridianos.

Os paralelos são linhas imaginárias horizontais que circundam o planeta. O principal é a linha do Equador, que divide a Terra em duas partes iguais chamadas hemisférios: o Hemisfério Norte e o Hemisfério Sul.

Os paralelos são indicados por graus e determinados a partir da linha do Equador (0grau), podendo atingir o valor máximo de 90graus a norte ou a sul. Os principais paralelos recebem denominações específicas: Círculo Polar Ártico e Trópico de Câncer, no Hemisfério Norte; Círculo Polar Antártico e Trópico de Capricórnio, no Hemisfério Sul.

Os meridianos são linhas imaginárias verticais traçadas do Polo Norte ao Polo Sul e também são medidos em graus. Têm o valor máximo de 180graus nos hemisférios Leste e Oeste.

Todos os meridianos são medidos a partir do meridiano de Greenwich, que corresponde a 0grau e divide a Terra em dois hemisférios: o Hemisfério Leste e o Hemisfério Oeste.

PRINCIPAIS PARALELOS

Mapa. Principais paralelos. O globo terrestre está dividido em Hemisfério Norte, pela cor laranja, e Hemisfério Sul, pela cor amarela. Na extremidade de cima está escrito Polo Norte, e na extremidade de baixo, Polo Sul. Os paralelos de cima para baixo são representados na ordem com seus respectivos graus: Círculo Polar Ártico com 66 graus e 33 minutos norte, Trópico de Câncer, com 23 graus e 27 minutos norte, Equador, com 0 graus, Trópico de Capricórnio, com 23 graus e 27 minutos sul, e Círculo Polar Antártico, com 66 graus e 33 minutos sul. Abaixo, escala de 0 a 2.070 quilômetros, e rosa dos ventos.

MERIDIANOS

Mapa. Meridianos. O globo está dividido em Hemisfério Oeste, com a área em verde, e em Hemisfério Leste, com a área em rosa. Ao centro está o Meridiano de Greenwich. A representação dos graus de cada meridiano é feita do grau 0 partindo do meridiano de Greenwich até o grau 90 à oeste e a leste. à Oeste: 90 graus oeste, 80 graus oeste, 60 graus oeste, 40 graus oeste, 20 graus oeste. À Leste: 90 graus leste, 80 graus leste, 60 graus leste, 40 graus leste, 20 graus leste. Abaixo, escala de 0 a 2.910 quilômetros, e rosa dos ventos.

Elaborados com base em dados obtidos em: NATIONAL GEOGRAPHIC SOCIETY. Atlas National Geographic: a Terra, o Universo. Portugal, 2005.

A latitude e a longitude

Quando observamos os paralelos e os meridianos em um mapa ou globo, temos a impressão de que a Terra está envolta em uma rede. Essa rede permite localizar com precisão qualquer lugar ou objeto na superfície terrestre por meio da indicação da latitude e da longitude.

A latitude é a distância em graus de qualquer ponto na superfície terrestre em relação à linha do Equador. Todos os pontos que estão sobre o mesmo paralelo têm a mesma latitude. As latitudes variam entre 0grau, na linha do Equador, e 90graus, ao norte ou ao sul desse paralelo.

A longitude é a distância em graus de qualquer ponto na superfície terrestre em relação ao meridiano de Greenwich. Todos os pontos situados sobre o mesmo meridiano têm a mesma longitude. As longitudes variam entre 0grau, no meridiano de Greenwich, e 180graus, para leste ou oeste dele.

As coordenadas geográficas

Quando estamos em uma cidade, podemos localizar alguns lugares tendo como referência, por exemplo, o cruzamento de duas ruas ou avenidas.

Podemos fazer o mesmo com os paralelos (latitudes) e os meridianos (longitudes). O cruzamento ou encontro dessas linhas determina uma coordenada geográfica que nos permite localizar com exatidão um ponto na superfície terrestre.

PLANISFÉRIO: COORDENADAS GEOGRÁFICAS

Mapa. Planisfério: coordenadas geográficas. O mapa contém os pontos A, B, C, D, E, F e G. O ponto A está a 60 graus de latitude norte e a 30 graus de longitude leste. O ponto B está a 20 graus de latitude norte e a 30 graus de longitude leste. O ponto C está a 40 graus de latitude norte e a 60 graus de longitude leste. O ponto D está a 60 graus de latitude sul e a 150 de longitude leste. O ponto E está a 40 graus de latitude norte e a 90 graus de longitude oeste. O ponto F está a 20 graus de latitude sul e a 120 de longitude oeste. O ponto G está a 40 graus de latitude sul e a 90 graus de longitude leste. Abaixo, escala de 0 a 2.900 quilômetros, e rosa dos ventos.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (Brasil). Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 34.

Ler o mapa

  1. O ponto A está a 60graus de latitude norte e a 30graus de longitude leste. Indique as coordenadas geográficas dos pontos B, C, D, E, F e G.
  2. Quais pontos têm latitudes repetidas? E longitudes?

Representações do espaço geográfico

Croqui. Desenho esquemático ou esboço, à mão livre, dos principais elementos de uma paisagem. Em geral, o esboço é chamado de croqui cartográfico quando representa o espaço visto de cima, em visão vertical.

CROQUI

Croqui cartográfico. O croqui representa uma vista de cima das ruas, que são representadas por linhas brancas, evidenciando os quarteirões de uma cidade. Ao centro, uma área verde e extensa que representa um parque. Há também perto do parque a representação de uma área residencial, um estádio de futebol, uma quadra esportiva e uma piscina.
Croqui de parte da cidade de Curitiba, Paraná (2017). Representação sem escala.

Planta. Representação plana e detalhada de um objeto, de um imóvel ou de parte da superfície terrestre – por exemplo, um bairro.

PLANTA DE IMÓVEL

Planta de um imóvel. Representação de um imóvel com visão de cima. A planta apresenta um espaço dividido em diferentes cômodos. Há dois quartos, um maior que o outro, dois banheiros, cozinha integrada à sala de estar e uma varanda.
Planta do interior de um imóvel em escala 1para140.

Carta. Representação do espaço geográfico visto de cima. Trata-se de uma representação plana de uma porção pouco extensa da superfície terrestre, com detalhamento mediano dos elementos presentes nessa área.

CARTA

Carta. Os elementos que compõem a carta são representados graficamente da seguinte forma: Rios, por meio de linhas azuis. Rio Tietê, Rio Verde e Córrego do Juá. Picos, sinalizado por um pequeno triângulo preto: Pico do Jaraguá, ao centro da carta. Parques, por meio de uma mancha verde: Parque Estadual do Jaraguá, ao centro da carta, Parque Estadual da Cantareira, na extremidade leste da carta, e Parque Anhanguera, na extremidade norte da carta. Estradas, por meio de linhas contínuas vermelhas: Rodovia Presidente Castelo Branco, Rodovia Anhanguera, Rodovia dos Bandeirantes. Rodoanel, sinalizado por meio de duas linhas paralelas vermelhas: Rodoanel Mario Covas. Túneis, evidenciados por colchetes nos trechos do Rodoanel Mário Covas, à oeste da carta. Ferrovia, representada por um traço preto, paralela à Rodovia dos Bandeirantes. O limite entre os municípios de Osasco, Santana de Parnaíba, São Paulo e Mairiporã está sinalizado por meio de uma linha preta tracejada. Abaixo, escala de 0 a 1.270 quilômetros, e rosa dos ventos.
Exemplo de carta da região do Parque Estadual do Jaraguá, em São Paulo, São Paulo (2017).

Mapa. Representação do espaço geográfico visto de cima. Trata-se de uma representação plana e reduzida de toda a superfície terrestre (chamada de planisfério ou mapa-múndi) ou de uma superfície definida por uma unidade político-administrativa (país, estado etcétera) ou por uma divisão temática (bacias hidrográficas, áreas de proteção ambiental etcétera).

ACRE: POLÍTICO

Mapa. Acre: Político. O estado do Acre está divido em municípios. Cada região municipal apresenta uma cor diferente. As sedes dos municípios são representadas pelo elemento gráfico de um ponto preto. São elas: Acrelândia, Plácido de Castro, Capixaba, Xapuri, Epitaciolândia, Brasileia, Assis Brasil, Senador Guiomard, Bujari, Porto Acre, Sena Madureira, Manuel Urbano, Santa Rosa do Purus, Feijó, Tarauacá, Jordão, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Mâncio Lima. Já o elemento gráfico de um ponto circulado representa a capital de estado: Rio Branco. A escala é de 0 a 85 quilômetros, com a rosa dos ventos.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (Brasil). Mapa político do estado do Acre. Mapas. Disponível em: https://oeds.link/M5tvYm. Acesso em: 10 abril 2022.

Bloco-diagrama. Representação em três dimensões (comprimento, largura e altura) de parte da superfície da Terra.

Ilustração. Bloco-diagrama mostrando as áreas superficial e subterrânea de um local. Na parte superficial, há um rio ao cetro, margeado dos dois lados por construções baixas, poucas árvores e vegetação rasteira, além de uma área montanhosa, ao fundo. A parte subterrânea é formada por camadas. A primeira é uma camada argilosa, representada pela cor marrom. A segunda, uma fina camada azul representando o lençol freático. e a última, camada rochosa impermeável de aspecto rochoso, representada em tom marrom escuro.
Fonte: STRAZZACAPPA, Cristina; MONTANARI, Valdir. Pelos caminhos da água. segunda edição São Paulo: Moderna, 2003. página 19. Exemplo de bloco-diagrama: lençóis subterrâneos. Representação para fins didáticos.

Maquete. Modelo em miniatura de uma construção civil ou de parte restrita da superfície da Terra.

Maquete. A imagem mostra uma maquete, construída com peças de montar, que representa a orla da praia da cidade do Rio de Janeiro, ou seja, com presença de mar, praia e prédios. Ao fundo, morros com construções na encosta.
Maquete do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, feita para comemorar a realização dos Jogos Olímpicos na cidade, em 2016.

Ler as imagens

  1. Observe as representações do espaço geográfico apresentadas anteriormente. Qual delas permite ver mais detalhes da área representada?
  2. Duas das representações mostradas não são planas, isto é, representam o espaço em três dimensões. Quais são elas?

Escala

Para representar o espaço geográfico de fórma proporcional à realidade, é preciso usar uma relação matemática chamada escala.

A escala é a relação entre a medida de um elemento em uma representação e a medida desse mesmo elemento em seu tamanho real. Assim, a escala expressa o número de vezes que a realidade foi reduzida para caber na representação. Ela pode ser expressa nas fórmasgráfica ou numérica.

Representação de escala gráfica. Quadros que mostram os três tipos de representação possíveis de escala gráfica. No primeiro, há uma barra e, sobre ela, há o valor 100 centímetros. No segundo, uma barra um pouco menor e, sobre ela, o valor varia de 0 a 100 centímetros. No terceiro, há uma barra formada por duas linhas e com gradação nas cores preto e branco e, sobre ela, os valores variam de 0 para 100, de 100 para 200 e de 200 para 300 centímetros.

A escala gráfica é representada na fórma de uma linha graduada, na qual são apresentadas as proporções de redução das medidas reais em relação à representação. No exemplo anterior, a medida real é cem vezes maior que a medida representada, isto é, cada 1 centímetro da representação equivale a 100 centímetros na realidade.

Representação de escala numérica. Quadro que mostra a representação de uma escala numérica. Está escrito um, dois pontos e 100. Essa sequência expressa-se oralmente da seguinte forma: um para 100.

A escala numérica é expressa por uma proporção que relaciona a medida representada (1 centímetro) com a medida real (100 centímetros).

Quanto maior for a escala de um mapa, maior será o nível de detalhamento dos elementos e menor será a área representada. Por sua vez, quanto menor for a escala de um mapa, menor será o nível de detalhamento e maior será sua área de abrangência.

Observe as duas fotografias. Os dois trens estão em tamanhos reduzidos, mas o da fotografia 1 leva pessoas, enquanto o da fotografia 2 carrega morangos. Portanto, se comparados a um trem em escala real, o trem que leva pessoas apresenta uma escala maior do que o que leva morangos.

Fotografia 1. Diversos adultos e crianças agasalhados com casacos estão sentados sobre um trem pequeno de brinquedo, com as cores em tons de vermelho e azul. Eles estão sorrindo e com os braços levantados. Ao fundo há pessoas em pé e sentadas, árvores e pequenas construções.
Fotografia 2. Um trem cinza em miniatura está sobre os trilhos e carrega uma carga de três morangos grandes.
Na fotografia 1, trem em miniatura em Barcelona, Espanha (2021), e, na fotografia 2, trem carregando morangos para comparação de tamanho (2009).

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Integrar conhecimentos’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por uma mão segurando um globo formado de peças de quebra-cabeça, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo laranja com a inscrição ‘Integrar conhecimentos’ grafada em letras brancas.

Integrar conhecimentos

Geografia e Matemática

Escala

Criado em 1981, o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense tem 95% de seus .1350 quilômetros² em áreas alagáveis. Encravado no chamado Complexo do Pantanal, o parque abriga paisagens diversificadas, como campos e florestas.

Observe a representação desse parque nos mapas A e B. Note que o mapa A apresenta detalhes da região do parque que não estão visíveis no mapa B. Isso se explica pelas diferentes escalas dos dois mapas.

Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense (Mato Grosso)

Mapa A. Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense (MT). O mapa compreende a região sul do estado do Mato Grosso, evidenciada em laranja. O limite do Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense está representado pelo elemento gráfico de uma linha vermelha, e toma grande parte do sul do estado, coincidindo com o rio Paraguai. As áreas inundáveis são representadas por hachura azul, e ocupam a maior parte representada dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A escala é de 0 a 10 quilômetros, e acima está a rosa dos ventos.
Fonte: GUIA Fílipis: parques nacionais. São Paulo: Horizonte Geográfico, 2002. página 209. (Série Guias Philips de Turismo Ecológico do Brasil).

parques nacionais na Região Centro-Oeste

Mapa B. Parques Nacionais na Região Centro-Oeste. Nos três estados estão representados os parques por meio de um elemento gráfico de uma árvore verde. No Mato Grosso estão os parques Chapada dos Guimarães, ao centro do estado, e o parque Pantanal Mato-Grossense ao sul. No Mato Grosso do Sul está o Parque da Bodoquena. Em Goiás está o parque Chapada dos Veadeiros e Emas. A escala é de 0 a 250 quilômetros. A distância em centímetros no mapa entre as capitais Campo Grande, do estado do Mato Grosso do Sul, e Cuiabá, do Mato Grosso, é de 2,20. Já a distância no mapa em centímetros entre Brasília e o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense é de 4 centímetros.
Fonte: GUIA Fílipis: parques nacionais. São Paulo: Horizonte Geográfico, 2002.página 168-169. (Série Guias Philips de Turismo Ecológico do Brasil).

Como calcular as distâncias usando a escala do mapa

Para saber a distância real, em linha reta, entre dois locais, você precisa medir a distância entre eles no mapa, em centímetros. Utilize uma régua. Depois, observe na indicação da escala a correspondência, no terreno, de cada centímetro do mapa.

Por exemplo, meça no mapa B a distância entre o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense e o Parque Nacional das Emas, em Goiás. Você obterá 2 centímetros, aproximadamente.

A escala do mapa é 1para.25000.000, ou seja, 1 centímetro no mapa é igual a ..25000000 centímetros no terreno, ou 250 quilômetros. Logo, a distância entre os parques é de ..50000000 centímetros(..25000000 por 2), que corresponde a 500 quilômetros.

  1. Qual dos mapas desta seção tem a maior escala? E qual tem a menor escala? Explique sua resposta.
  2. Cite dois detalhes que você consegue perceber no mapa de escala maior.
  3. Com base no mapa B, calcule a distância aproximada em linha reta entre:
    1. as capitais Campo Grande (Mato Grosso do Sul) e Cuiabá (Mato Grosso);
    2. Brasília e o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Qual ponto cardeal é determinado pelo nascer do Sol? Descreva como podemos identificar os pontos cardeais com base na observação do Sol.
  2. Observe o mapa e responda.
    1. Por que os paralelos e os meridianos são chamados de linhas imaginárias? Como é feita a distribuição dessas linhas pelo globo?
    2. Por que o meridiano de Greenwich é considerado uma referência geográfica?

PLANISFÉRIO: Hemisférios Norte e Sul

Mapa. Planisfério: Hemisférios Norte e Sul. A legenda evidencia os elementos gráficos dos paralelos e meridianos, além de dividir o mapa em Hemisfério Norte, em verde, e Hemisfério Sul, em laranja. O Círculo Polar Ártico, Trópico de Câncer, Equador, Trópico de Capricórnio e Círculo Polar Antártico cortam horizontalmente o Planisfério. Já ao centro está o Meridiano de Greenwich, dividindo o globo verticalmente. Abaixo está a escala de 0 a 3.105 quilômetros e a rosa dos ventos.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (Brasil). Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 34.

3. Observe a fotografia.

Maquete. Representação de uma maquete de prédios com janelas e telhados. No centro há um prédio com a inscrição ESCOLA em uma placa. Ao redor, ruas com faixas de pedestre, carros e árvores nas calçadas.
  1. Indique o tipo de representação retratada e suas principais características.
  2. Como estão representados os elementos da paisagem?
  3. Siga o exemplo e construa uma representação do lugar em que você mora.
  1. Para interpretar um mapa, é preciso estar atento aos elementos da representação cartográfica. Sobre a escala, indique no caderno a alternativa correta.
    1. Indica as direções cardeais.
    2. Mostra quanto a superfície foi deformada no plano.
    3. Identifica os hemisférios Leste e Oeste.
    4. Expressa uma relação entre dimensões.
    5. Localiza um fenômeno na superfície terrestre.
  2. Observe novamente o mapa Acre: político deste capítulo e responda.
    1. Compare-o ao planisfério apresentado na atividade 2. Qual deles tem a menor escala? Justifique.
    2. Qual é a distância aproximada, em linha reta, entre a séde do município de Porto Walter e a de Feijó?

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Para refletir’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por silhueta de uma cabeça com engrenagens em seu interior, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo verde escuro com a inscrição ‘Para refletir’ grafada em letras brancas.

Para refletir

Quais são os aspectos positivos e negativos das ações humanas na transformação das paisagens, em diferentes tempos?

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Meio ambiente’, composto de uma tarja retangular de fundo marrom claro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Meio ambiente’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Estudamos, ao longo dos capítulos anteriores, que as paisagens estão em constante transformação, tanto pela ação da natureza quanto pela ação do ser humano. O resultado dessa interação entre natureza e sociedade constitui o espaço geográfico, que pode ser registrado e representado de diferentes fórmas.

As reconstituições da paisagem (na sequência de imagens) e o texto desta seção permitem reconhecer algumas das transformações ocorridas no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro (érre jóta) ao longo dos anos.

Ilustração 1. Vista panorâmica de uma região litorânea com faixa de areia branca. Há declives acentuados ao fundo. A vegetação está preservada, e não há habitações ou outras construções urbanas.
Ilustração 2. Mesma vista panorâmica da região litorânea representada na ilustração um. Algumas construções, como casas e uma avenida na orla, perto da faixa de areia, surgem na paisagem. Há apenas uma grande construção, com vários andares, além de outras construções menores, e o tráfego de carros na avenida não é intenso. Há algumas áreas com a vegetação preservada.
Ilustração 3. Mesma vista panorâmica da região litorânea representada nas ilustrações um e dois. A orla apresenta muitos prédios, encobrindo grande parte da paisagem do segundo plano. A faixa de areia contém diversos banhistas e há apenas uma avenida, na qual transitam alguns carros
Ilustração 4. Vista panorâmica da região litorânea com ângulo semelhante ao representado nas ilustrações um, dois e três. A faixa de areia é grande e ocupa uma extensa área, antes de chegar a um calçadão no qual transitam pessoas. Há duas faixas na avenida, nas quais alguns carros trafegam em sentidos opostos. Ao lado da avenida, grande quantidade de prédios, que ocupam a maior parte do lado direito da imagem.
Nas reconstituições 1 a 4, vemos transformações na paisagem da praia de Copacabana, no município do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, ao longo de 114 anos (1893 a 2007).

Copacabana faz 120 anos e ganha de presente declarações de amor

Nos últimos 120 anos, o areal inóspito que ficava entre o mar e a montanha deu lugar a centenas de prédios ocupados por 161 mil habitantes que Copacabana possui hoje em dia.

reticências

Natural da cidade do Porto, em Portugal, Fernando Polónia chegou ao Rio de Janeiro em 1953, uma semana antes do carnaval. Aos 23 anos e com inúmeros sonhos, Fernando se apaixonou por Copacabana à primeira vista. “A beleza da sua praia e seu contorno geográfico eram um desenho tão perfeito que só podiam ser traçados pelas mãos de Deus”, afirma Polónia, lembrando que o ritmo do carnaval de rua foi o princípio do seu encantamento por Copa.

Naquela época, Fernando lembra que a Avenida Atlântica só tinha o Copacabana Palace e algumas casas, e os namorados costumavam passear de mãos dadas pela orla. “Conheci minha mulher em Copacabana. A maior diversão na época era passear no calçadão e ir aos famosos cinemas do bairro. Um dos mais frequentados era o Metro, não só por quem ia assistir aos filmes, mas também para as pessoas que queriam se refrescar. Naquele tempo, poucas casas tinham ar-condicionado e o do Metro era um dos melhores”, diz Fernando. Em função disso, a porta dos cinemas acabava virando ponto de encontro de jovens, segundo ele.

CARVALHO, Janaína. Copacabana faz 120 anos e ganha de presente declarações de amor. G1, 6 julho 2012. Seção Rio de Janeiro. Disponível em: https://oeds.link/WIdWFz. Acesso em: 10 abril 2022.

  1. Quais elementos naturais desapareceram na paisagem entre a imagem número 1 e a número 4?
  2. Quais elementos culturais foram construídos na paisagem entre as imagens 1 e 4?
  3. Qual das imagens melhor representa a praia de Copacabana retratada na declaração de Fernando Polónia?
  4. Com base nas imagens do bairro de Copacabana e no relato, é possível perceber que o bairro de Copacabana sofreu grandes transformações. Em sua opinião, quais são os aspectos positivos e negativos dessas transformações?
  5. Existem semelhanças entre o bairro de Copacabana e o lugar onde você mora? Você tem conhecimento de relatos de outras pessoas sobre transformações na paisagem do lugar onde vive? Se sim, quais?

Glossário

Agrotóxico
 Produto usado na agricultura para combater e controlar insetos, ácaros, fungos, bactérias, ervas daninhas e doenças; é também chamado de defensivo agrícola e pesticida.
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Antrópico
 Relativo às alterações promovidas pela ação humana.
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Enxurrada
 Evento associado a chuvas fortes, que intensificam o escoamento de água na superfície.
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Uso sustentável
 Exploração dos recursos naturais que respeita as condições de conservação da natureza e considera o tempo de renovação dos recursos aproveitados pelos seres humanos, com o intuito de resguardá-los para as futuras gerações.
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Sítio arqueológico
 Local onde foram encontrados vestígios de seres humanos.
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Zoólito
 Escultura em fórma de animal feita de pedra.
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Poder aquisitivo 
Poder de compra; capacidade de comprar ou adquirir bens e serviços.
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Astro
Nome dado a todos os corpos celestes: planetas, estrelas, cometas etcétera
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Imantado
Que tem as características de um ímã; que pode atrair o ferro.
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