UNIDADE quatro Relevo e hidrografia
Você verá nesta Unidade:
O relevo terrestre
A formação e a transformação do relevo
Os agentes internos e os agentes externos do relevo
As principais fórmas de relevo do Brasil
As águas continentais
A disponibilidade de água e seu consumo
Os principais rios e regiões hidrográficas do Brasil
O relevo corresponde às fórmas que a superfície terrestre assume em cada localidade do planeta.
Já a hidrografia representa o conjunto formado por cursos de água, lagos, lençóis freáticos e aquíferos e águas oceânicas de uma região. O termo hidrografia também é usado para nomear o ramo da Geografia que estuda essas águas.
O relevo e a hidrografia se influenciam mutuamente de diversas maneiras. As fórmas do relevo podem determinar, por exemplo, o local onde se formam as nascentes dos rios e as características do curso que eles percorrem até desaguar em outro rio, em um lago ou no oceano. Os rios, por sua vez, ajudam a modelar as fórmas do relevo, que se transformam pouco a pouco, adquirindo novas feições com o passar do tempo.
As atividades realizadas pelo ser humano e a maneira como ele ocupa o espaço geográfico também são influenciadas pelas configurações do relevo e da hidrografia. Entre outros fatores, essa influência pode ser constatada pelos condicionantes ambientais que impactam o planejamento das edificações, o qual, entre outros aspectos, deve contemplar a proximidade de cursos de água e as condições do terreno. Portanto, o modo como as construções são realizadas deve considerar o regime de cheias do sistema hidrográfico e os níveis de declividade do relevo.
Você sabe dizer como o comportamento das águas dos rios pode impactar as edificações construídas em suas margens? Como é possível construir em terrenos com grande declividade sem comprometer a segurança das pessoas?
CAPÍTULO 9 O relevo terrestre
As fórmas do terreno que percebemos na paisagem constituem aquilo que chamamos de relevo. O conjunto de fórmas da superfície terrestre apresenta altitudes e feições variadas, que podem constituir terrenos planos em determinadas regiões e formações irregulares em outras, com a presença de encostas íngremes entre vales e topos arredondados, serrilhados ou aplainados.
O relevo terrestre influencia a ocupação humana do espaço geográfico e a realização das atividades econômicas. Por isso, o estudo do relevo é essencial para o desenvolvimento das sociedades. Com o aprimoramento dos conhecimentos relacionados à ocupação de terrenos com diferentes características, ao longo do tempo foi possível desenvolver técnicas cada vez mais sofisticadas para abrir vias de circulação e levantar edificações em áreas com o relevo acidentado ou com outras limitações.
Na sequência, você vai conhecer as principais fórmas do relevo continental: montanhas, planaltos, planícies e depressões.
PRINCIPAIS fórmas DE RELEVO
Montanhas
O termo montanha costuma ser utilizado para identificar genericamente formações de relevo que se destacam na paisagem pela grande altitude em relação ao entorno, topo mais estreito que a base e encostas íngremes. Considerando as altitudes mais elevadas encontradas no relevo terrestre, as montanhas são associadas a formações geologicamente recentes, como algumas superfícies de origem vulcânica e, principalmente, as cordilheiras.
As cordilheiras, frequentemente definidas como conjuntos de montanhas, são formações de relevo cujos topos podem alcançar vários quilômetros de altitude, onde as baixas temperaturas fornecem condições propícias à formação de neve, que se acumula em camadas na superfície do relevo. Na América do Sul, encontra-se a cordilheira dos Andes, umas das maiores do mundo. Por sua vez, o ponto mais elevado do planeta Terra corresponde ao topo do monte Everest, com 8 848 metros e situado na cordilheira do Himalaia, no continente asiático.
Cordilheira dos Andes
A cordilheira dos Andes é uma cadeia de montanhas na costa ocidental da América do Sul, com cêrca de 8 mil quilômetros de extensão e altitude média em torno de 4 mil metros. O pico mais alto dessa cordilheira está na montanha do Aconcágua com .6959 metros.
A diferença entre altitude e altura
A altura é a dimensão de um corpo, de sua base ao topo. Já a altitude é a medida que nos permite determinar uma elevação em relação ao nível médio do mar (altitude zero). Assim, a altitude de uma montanha é medida do nível do mar ao seu topo. Observe a ilustração.
ALTURA E ALTITUDE
Observe no mapa as principais cadeias de montanhas e alguns dos pontos mais altos da superfície terrestre.
PLANISFÉRIO: PRINCIPAIS CADEIAS DE MONTANHAS
Planaltos
Os planaltos são superfícies irregulares que podem apresentar formações variadas, como morros, serras e chapadas. Essas áreas sofrem mais a ação de agentes erosivos do que a ação de agentes de sedimentação.
As serras são formações que apresentam superfícies acidentadas com desníveis abruptos e altitudes medianas, as quais, em certos casos, podem chegar a .3000 metros.
As chapadas são formações com topo relativamente aplainado e escarpasglossário com grande declividade. Esse tipo de relevo muitas vezes é avizinhado por vales extensos, o que ressalta o aspecto de degrau que se projeta na paisagem.
Planícies
As áreas de planície geralmente apresentam superfícies pouco elevadas e sem grandes desníveis no terreno. Esse tipo de relevo está associado a processos de sedimentação, pois sua superfície é formada pela deposição de materiais provenientes da desagregação de rochas que constituem outras formações do relevo em patamares mais elevados.
Depressões
As depressões são formações de relevo com superfícies que apresentam altitudes inferiores às dos terrenos ao seu redor.
As áreas continentais com desníveis situados abaixo do nível do mar são classificadas como depressões absolutas. A mais conhecida delas é a depressão que compreende o mar Morto, no Oriente Médio. Sua superfície encontra-se cêrca de 400 metros abaixo do nível do mar. Outra área de depressão absoluta bastante conhecida está localizada nos Países Baixos.
Já as depressões relativas estão situadas em um patamar de altitude mais baixo que o dos terrenos circundantes, mas acima do nível do mar. Esse é o caso da depressão Sertaneja, no Nordeste brasileiro.
DEPRESSÃO SERTANEJA
Em prática
Perfis topográficos
Os perfis topográficos são representações gráficas traçadas com base em um córte vertical do relevo, que fornece um modelo da silhueta formada pela variação altimétrica. Além da altitude, esse tipo de representação é utilizado para identificar as fórmas de relevo, o grau de declividade em trechos do terreno e a extensão da rede de drenagem. Observe, na representação 1, a variação de altitude ao longo da linha entre os pontos A e B.
PERFIL TOPOGRÁFICO
Antes de traçar um perfil topográfico é necessário analisar o mapa topográfico do trecho em estudo, que apresenta as curvas de nível da superfície, isto é, as linhas que representam a altimetria do relevo. No mapa topográfico, cada linha representa determinado patamar de altitude.
O segundo passo é traçar uma linha reta sobre as curvas de nível que desejamos transpor. Assim como um gráfico, o perfil do relevo terá um eixo horizontal e outro vertical. A linha que traçamos será representada pelo eixo horizontal do gráfico e as diferentes altitudes serão transpostas no eixo vertical, conforme mostra a representação 2.
CURVAS DE NÍVEL TRANSPOSTAS PARA O PERFIL
Fonte dos gráficos: ALMEIDA, Nadjacleia. Representação do relevo em carta topográfica. Universidade Federal da Paraíba. página12. Disponível em: https://oeds.link/6xeBO4. Acesso em: 16 fevereiro 2022.
Dessa fórma, é possível construir a visão frontal do relevo e reconhecer por meio dela as características de um terreno ou superfície. Essa representação pode auxiliar em diferentes atividades, como a construção de moradias, ruas, avenidas, túneis e viadutos.
- Descreva as principais características do relevo que podemos ver no perfil.
- Que dificuldades podem ser encontradas para a ocupação humana nesse tipo de relevo?
Transformação do relevo – agentes internos
As forças que atuam do interior para o exterior da Terra, modificando a superfície do planeta, são exercidas pelos agentes internos ou endógenos. Os principais agentes endógenos são os movimentos das placas tectônicas, que provocam fenômenos como o dobramento de camadas rochosas, as erupções vulcânicas e os terremotos. Esses fenômenos podem contribuir para alterar fórmas de relevo já existentes e dar origem a novas montanhas, escarpas e alguns tipos de vales e depressões.
No Capítulo 5 deste livro, estudamos os efeitos dos movimentos das placas tectônicas na configuração atual dos continentes, na expansão dos oceanos, nas erupções vulcânicas e na ocorrência de terremotos.
O choque entre duas placas tectônicas faz com que uma delas mergulhe sob a outra, provocando o dobramento de camadas rochosas na borda dessa placa, originando as cordilheiras, como a do Himalaia (na Ásia), a dos Andes e as Montanhas Rochosas (na América).
As depressões de origem tectônica resultam de falhamentos em camadas de rochas que constituem a superfície terrestre criados por forças de compressão e distensão geradas pela movimentação das placas tectônicas. Esse processo natural pode provocar o rebaixamento ou o soerguimentoglossário de blocos rochosos que se desprendem entre as linhas de falhamento, podendo formar, assim, depressões geralmente alongadas.
As erupções vulcânicas expelem a lava, que se solidifica e se transforma em rocha. O acúmulo de rochas em determinada localidade pode formar novas montanhas. Quando as montanhas vulcânicas crescem a partir do fundo oceânico e o topo delas ultrapassa a linha d’água, surgem novas ilhas.
Os terremotos podem contribuir para a transformação do relevo quando associados a eventos tectônicos de grande intensidade, que abrem fendas ou provocam o afundamento de trechos da superfície terrestre ou ainda o desprendimento de rochas em formações escarpadas do relevo.
FORMAÇÃO DO HIMALAIA
O ciclo das rochas
A crosta terrestre é constituída essencialmente de rochas. reticências De acordo com sua origem, distinguem-se três grandes grupos, tais como: rochas magmáticas ou ígneas, rochas sedimentares e rochas metamórficas.
Rochas magmáticas ou ígneas – provêm da consolidação do magma e são, por isso, de origem primária. Delas se derivam por processos vários as rochas sedimentares e metamórficas. reticências
Rochas sedimentares – as rochas sedimentares no senso estrito são aquelas formadas a partir do material originado da destruição erosiva de qualquer tipo de rocha, material este que deverá ser transportado e posteriormente depositado ou precipitado em um dos muitos ambientes de sedimentação da superfície do globo terrestre. reticências
Rochas metamórficas – tanto as rochas magmáticas como as sedimentares podem ser levadas por processos geológicos a condições diferentes daquelas nas quais se formou a rocha. reticências Estas rochas sofrem então transformações sob ação destas novas condições de temperatura, pressão reticências.
leins, Viktor; AMARAL, Sérgio Estanislau do. Geologia geral. décima quarta edição revista São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003. página 40-49.
CICLO DAS ROCHAS
Transformação do relevo – agentes externos
Os fenômenos químicos, físicos e biológicos que ocorrem na crosta terrestre influenciam os processos de transformação das rochas que a constituem, interagindo com os agentes internos e remodelando as fórmas de relevo. Os fenômenos que atuam na parte externa da crosta terrestre são gerados pelos chamados agentes externos ou exógenos, que incluem a fórça dos ventos e das águas, a ação de seres vivos, as reações químicas e a variação da temperatura ambiente. O processo de alteração das rochas e do solo pela ação dos vários agentes externos denomina-se intemperismo.
Os agentes externos do relevo também são responsáveis pela erosão, processo que promove a retirada e o transporte dos sedimentos formados pela decomposição das rochas que sofrem intemperismo. A erosão atua no deslocamento de materiais de uma área para outra, contribuindo para alterar o relevo tanto das formações que perdem sedimentos como daquelas onde eles se acumulam gerando a sedimentação.
O clima é um dos fatores que mais influenciam a ação dos agentes externos do relevo. Em regiões de clima desértico, por exemplo, a variação da temperatura e os ventos são mais atuantes que a água. Em regiões quentes e úmidas, a ação da água em estado líquido, as reações químicas e os processos biológicos exercem grande impacto sobre o intemperismo. Já em regiões frias, com a ocorrência de neve, a ação do gelo sobressai.
A formação do solo é produto da ação dos agentes externos, que desencadeiam processos físicos, químicos e biológicos atuantes na decomposição das rochas. Envolve, ainda, a adição de matéria orgânica nos sedimentos de origem mineral desprendidos das rochas e a interação contínua com diferentes espécies de seres vivos.
DECOMPOSIÇÃO DA ROCHA E FORMAÇÃO DO SOLO
A erosão
Existem diversos tipos de erosão, causados por diferentes agentes externos.
As águas correntes dos rios causam a chamada erosão fluvial. Por esse processo, as águas desgastam e modelam as rochas e transportam esse material particulado rio abaixo, depositando-o ao longo do curso, onde ocorrem os processos de sedimentação.
A erosão pluvial é realizada pelas águas das chuvas, que atuam na desagregação da rocha e no transporte e deposição dos sedimentos.
A erosão glacial ocorre em regiões de clima frio e temperado, onde o gelo acumulado pode deslizar pela declividade do relevo carregando detritos de rocha, que promovem o desgaste da superfície com a fôrça de fricção.
A transformação das rochas pela ação do vento é chamada de erosão eólica. O vento em si tem baixa capacidade de alterar o relevo, mas o atrito gerado pelo impacto das partículas de areia e de outros sedimentos que carrega promove importante desgaste em superfícies rochosas com o passar do tempo. O vento também modifica o relevo ao formar e movimentar dunas em áreas de deposição de areia.
A erosão marinha é causada pela fôrça da água dos mares, que modifica o relevo litorâneo, desgastando paredes rochosas e formando sedimentos. As correntes marinhas movimentam e depositam os sedimentos na zona costeira, formando as praias.
O movimento das correntes marinhas paralelas à costa pode dar origem às restingas, que são depósitos alongados de areia.
A erosão antrópica é causada pelos seres humanos. Para construir edificações e para produzir alimentos e mercadorias em geral, a ação direta ou indireta dos seres humanos promove o deslocamento de sedimentos e a consequente modificação da superfície terrestre.
TIPOS DE EROSÃO
O relevo e as ações antrópicas
As atividades humanas podem acentuar a intensidade dos processos erosivos, acelerando a alteração dos solos e da modelagem do relevo.
Uma das atividades humanas que amplificam os efeitos da erosão é a retirada da cobertura de vegetação natural para a prática agrícola ou a construção de casas. Esse tipo de intervenção é ainda mais grave em superfícies com declividade acentuada. O desmatamento aumenta a instabilidade do solo, favorecendo a degradação de terras agrícolas e o desmoronamento de encostas. Por isso, a construção de moradias em declividades desmatadas sem procedimentos técnicos rigorosos pode submeter a população a grandes riscos de deslizamentos de terra durante os períodos chuvosos, eventos com grande histórico de tragédias no Brasil.
Por sua vez, a remoção das matas ciliares, que ocupam a margem de rios, córregos e lagos, pode provocar acúmulo excessivo de sedimentos nos corpos d’águaglossário , fenômeno conhecido por assoreamento. Os impactos do assoreamento podem alterar o curso dos rios ou até mesmo bloquear sua vazão, prejudicando o ecossistema aquático.
As margens de um curso d’água compõem as várzeas ou planícies de inundação. São áreas que permanecem alagadas naturalmente durante o período das cheias. A construção de moradias, ruas e avenidas em planícies de inundação é uma fórma de ocupação indevida do meio natural. Soma-se ao problema a impermeabilização do solo com asfalto e concreto, restringindo a infiltração da água das chuvas, que escorre rapidamente para os cursos d’água, cuja saturação provoca transbordamentos em direção às áreas urbanizadas e, assim, muitos transtornos à população em virtude da ocorrência de enchentes e alagamentos.
Lugar e cultura
As falésias e as garrafas de areia do Ceará
As falésias, fórmas de relevo em escarpa típicas do litoral, são esculpidas pela ação erosiva do mar. Com o tempo, as ondas vão desgastando as encostas, transportando parte da areia para o leito oceânico e depositando outra parte na faixa de praia, entre as falésias e o mar.
Foi utilizando a areia recolhida das falésias que teve início em Aracati ( Ceará) uma importante atividade que se espalhou por todo o Nordeste do país: a ciclogravura – artesanato feito com areia colorida em garrafas de vidro. Estima-se que essa atividade tenha começado na década de 1940.
No início, os desenhos reproduziam fórmas geométricas simples, e os artesãos utilizavam palitos de coqueiro e funis de folha de mamona como ferramentas. Com o passar do tempo, as técnicas foram aprimoradas com a utilização de espátulas e a aplicação de mais cores na areia. Os desenhos ganharam múltiplas fórmas, como paisagens típicas da região e temas religiosos.
Atualmente, essa atividade é importante para o desenvolvimento econômico da região e garante o sustento de dezenas de artesãos. Embora as garrafinhas de areia sejam exportadas para diversos países, os artesãos ainda lutam pela valorização de seu trabalho no território nacional.
Por se tratar de uma atividade extrativa, há o risco de degradação ambiental, uma vez que a retirada da areia das falésias pode acelerar os processos erosivos, aumentando o risco de desmoronamentos. Algumas cooperativas do Ceará deixaram de usar as areias coloridas das falésias e passaram a tingir areia branca convencional para ampliar o artesanato local e preservar o relevo.
- Qual é a importância da areia das falésias para o artesanato do Ceará?
- Caso o artesanato continue utilizando a areia das falésias, o que poderá ocorrer à estrutura do relevo? Explique como isso afetaria o trabalho dos artesãos e sugira medidas que podem ser tomadas para dar continuidade ao artesanato da região.
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
- Indique a fórma de relevo à qual cada definição a seguir se refere. Para isso, consulte a ilustração “Principais fórmas de relevo”, reproduzida anteriormente.
- Superfícies em que os agentes de erosão predominam em relação à sedimentação.
- Apresentam superfície mais baixa que a dos terrenos ao seu redor.
- São as fórmas de relevo de maior altitude.
- São áreas de deposição de sedimentos.
- Cite algumas das principais características dos planaltos.
- Explique o que são planícies e o que são depressões.
- Observe as duas imagens e descreva o tipo de erosão predominante em cada uma das paisagens.
- Faça uma pesquisa em livros, revistas ou na internet e responda:
- Qual é a altitude média do lugar onde você mora?
- Qual é a fórma de relevo que mais se destaca nesse lugar?
- Qual é a fórma de relevo brasileiro que a fotografia a seguir retrata? Escreva no caderno uma pequena descrição dessa fórma de relevo.
7. Leia o texto e resolva as questões a seguir.
O intemperismo e a erosão
Intemperismo
Dá-se o nome de intemperismo (também chamado de meteorização) ao conjunto de alterações físicas (desagregação) e químicas (decomposição) que as rochas sofrem quando ficam expostas na superfície da Terra. É um processo importante porque é o início de um processo maior que continua com a erosão e a deposição do material por ele formado, com a posterior diagênese, que leva à formação das rochas sedimentares.
reticências
Erosão
Erosão é o conjunto de processos que promovem a retirada e transporte do material produzido pelo intemperismo, ocasionando o desgaste do relevo. Seus principais agentes são a água, o vento e o gelo.
O material transportado recebe o nome de sedimento e vai dar origem aos depósitos sedimentares que, através da diagênese, transformam-se em rochas sedimentares. Chama-se de diagênese um conjunto de transformações que, em resumo, consistem em compactação e cimentação dos sedimentos, dando-lhes a consistência de uma rocha.
BRANCO, Pércio. O Intemperismo e a Erosão. Serviço Geológico do Brasil, 18 agosto 2014. Disponível em: https://oeds.link/vRLX5z. Acesso em: 16 fevereiro 2022.
- Explique o conceito de intemperismo e esclareça por que ele integra um “processo maior”, segundo o texto.
- Por que o processo de erosão complementa o de intemperismo?
- Como as rochas sedimentares são formadas por meio do fenômeno conhecido por diagênese?
8. As praias são locais de intensa erosão e modificação do relevo. Leia o trecho de notícia e observe a fotografia.
Erosão assusta e atrai curiosos na Praia do Riacho, em Guarapari
À medida que a erosão avança na Praia do Riacho, tanto na direção do mar quanto na extensão da orla, mais pessoas visitam o local. Muitos parecem não acreditar no que veem. abre colchete reticências fecha colchete“O mar está levando tudo. É a natureza tentando se recuperar de tantas intervenções, da ação do homem. Não sei se um muro irá resolver”, destacou Rodrigo Manso, autônomo.
A erosão já foi muito além da região próxima ao edifício Seaport, onde a rua não existe mais, destruindo parte do calçamento e trechos da ciclovia.
BRASIL, Carolina. Erosão assusta e atrai curiosos na Praia do Riacho, em Guarapari. Folha Vitória, Vitória, 18 abril 2018. Disponível em: https://oeds.link/xA9JP3. Acesso em: 16 fevereiro 2022.
- Como a erosão está relacionada ao processo de sedimentação?
- Como ocorre a erosão marinha? Como ela contribui para a formação das praias?
- De acordo com o fragmento de notícia, qual é o problema provocado pela erosão marinha na Praia do Riacho?
- Em sua opinião, o que pode ser feito para evitar que os estragos retratados na fotografia continuem se agravando?
9. Observe a imagem e descreva o problema enfrentado pela população que vive no local retratado. Em seguida, converse com os colegas sobre medidas que poderiam reduzir a ocorrência desse tipo problema.
CAPÍTULO 10 A água e a hidrografia
Neste Capítulo, você vai estudar os recursos hidrográficos que se encontram nos continentes, entre eles os rios, as águas subterrâneas, os lagos e as geleiras. Você também terá a oportunidade de aprender sobre a disponibilidade e as fórmas de aproveitamento da água doce no mundo.
A água está constantemente passando de um estado físico para outro: sólido, líquido e gasoso. Ao conjunto de fenômenos que geram a constante transformação e circulação da água damos o nome de ciclo da água ou ciclo hidrológico.
O CICLO DA ÁGUA
Os rios
Os rios são cursos naturais de água doce que cortam a superfície de continentes e ilhas. Eles são muito importantes para as sociedades, pois fornecem água e alimento, além de possibilitar, dependendo de suas características, a geração de energia elétrica, a navegação, a irrigação de áreas agrícolas e as práticas recreativas.
Em geral, as águas de um rio se originam das chuvas e do derretimento de geleiras. Durante as chuvas, parte da água cai diretamente nos rios ou escorre superficialmente até eles, outra parte se infiltra no solo e se acumula em reservatórios subterrâneos, de onde a água continua fluindo para os rios por meio de nascentes mesmo quando para de chover.
Após longos períodos sem chuvas, no entanto, os reservatórios subterrâneos perdem volume ou chegam a se esgotar, como ocorre em regiões áridas e semiáridas, provocando o declínio ou secamento temporário dos rios. O contrário acontece na estação chuvosa, quando os reservatórios voltam a se encher e alimentar os rios.
A variação do volume das águas de um rio no período de um ano é chamada de regime fluvial.
No território brasileiro, onde não há geleiras, a maior parte dos rios se origina das fontes subterrâneas. A exceção é o rio Amazonas, que nasce do derretimento do gelo dos Andes peruanos.
O curso dos rios
A nascente dos rios sempre fica em um ponto de maior altitude em relação à foz, no qual ele desemboca em outro rio, em um lago ou no mar, pois a fôrça da gravidade conduz a água pela declividade do relevo.
No curso em direção à foz, os rios podem se encontrar. Nesse caso, um rio principal recebe as águas de outros rios, chamados afluentes. Os rios formam uma rede fluvial, e a área drenada por um rio principal e seus afluentes é chamada de bacia hidrográfica.
REDE FLUVIAL E BACIA HIDROGRÁFICA
Rios de planalto e rios de planície
Como os rios descem pela declividade do relevo, as características do curso que eles perfazem são influenciadas pela modelagem do terreno em cada trecho da nascente à foz.
Os trechos de rios que percorrem áreas de planalto podem apresentar forte correnteza quando passam por superfícies com grande declividade, e quedas-d’água ao passar por desníveis. Os cursos de água com essas características são classificados como rios de planalto, muitos dos quais oferecem condições propícias à construção de usinas hidrelétricas.
Já os cursos de rios situados em áreas de planície apresentam águas que tendem a fluir mais lentamente, sem corredeiras ou quedas-d’água, como resultado da influência do relevo com baixa declividade e poucos desníveis. Os cursos de água com trechos inseridos nesse tipo de relevo são denominados rios de planície.
As águas subterrâneas
cêrca de um quarto da água doce existente nos continentes encontra-se no subsolo, onde podem ser formados reservatórios pela infiltração da água das chuvas. Quando a água proveniente dos reservatórios subterrâneos chega à superfície, formam-se as nascentes dos rios e dos lagos.
Existem dois níveis do subsolo nos quais a água subterrânea é encontrada: o lençol freático e o lençol artesiano.
- O lençol freático é um reservatório de água encontrado na camada do solo mais próxima da superfície. A água ali armazenada é a mais fácil de ser alcançada e retirada.
- O lençol artesiano é um reservatório de água formado em grandes profundidades, em meio a camadas de rochas situadas sob o solo. Para captar a água no lençol artesiano, são necessárias máquinas capazes de realizar perfurações que atravessem todo o solo e camadas duras de rochas.
LENÇOIS SUBTERRÂNEOS
Os lagos
Os lagos são formados pelo acúmulo de água em depressões no relevo que a mantêm represada. Essa água pode provir de rios, de fontes subterrâneas alimentadas pelas chuvas e ou ou do derretimento de geleiras.
A fórma, a profundidade e a extensão dos lagos variam muito. A maioria dos lagos apresenta uma saída de água, que fórmaum rio. Nesse caso, predomina a água doce, já que o excesso de sais diluídos na água é levado pelos rios até o mar.
Existem, porém, lagos fechados, que não apresentam uma passagem por onde a água possa escoar. As águas dos lagos fechados ficam com muitos sais minerais acumulados e, por isso, tornam-se salgadas.
Há também os lagos artificiais, feitos para atividades como a criação de peixes, a irrigação da agricultura ou a geração de hidreletricidade. Os açudes, por exemplo, são um tipo de represa de porte variável, importantes para captar água nas estações chuvosas e abastecer pessoas e animais durante as secas.
As geleiras
As geleiras são massas de gelo formadas em regiões onde a queda de neve é superior ao degelo. Elas são encontradas nas regiões de altitude elevada, como os picos de montanhas, ou nas zonas polares. Nessas áreas, quando a temperatura se eleva nos meses de verão ou quando camadas de neve ou gelo se deslocam para áreas menos frias, ocorrem processos de degelo que alimentam lagos e rios.
Disponibilidade de água doce
Nove países concentram 60% da água doce disponível no mundo: Brasil, Rússia, Canadá, Estados Unidos, China, Indonésia, Índia, Colômbia e Peru. No entanto, diversos fatores podem causar escassez de água potável inclusive nesses países.
Um dos fatores que levam à redução na disponibilidade de água potável é a localização irregular dos recursos hídricos no território. Outros fatores relevantes são a poluição das águas, os baixos índices anuais de chuvas em regiões áridas e semiáridas e o consumo excessivo.
A quantidade elevada de sais dissolvidos nos oceanos e em alguns lagos e lençóis freáticos mantém a água salgada e, portanto, imprópria para o consumo direto pelo ser humano. Em algumas partes do mundo são realizados investimentos na dessalinização, que consiste no processo de retirada de sais da água, tornando-a potável. Esse tratamento, porém, tem custo muito elevado, tornando-se inviável em países mais pobres.
PLANISFÉRIO: DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA DOCE
Ler o mapa
• Segundo o mapa, qual é a situação do Brasil quanto à disponibilidade de água?
O consumo dos recursos hídricos
A água é necessária para a realização de diversas atividades e para a sobrevivência dos seres humanos. Por isso, a carência de água é um dos maiores problemas da humanidade.
A Organização das Nações Unidas ( ônu) reconhece que “todos os povos, quaisquer que sejam seus estágios de desenvolvimento e suas condições sociais e econômicas, têm direito ao acesso à água potável em quantidade e qualidade à altura de suas necessidades básicas” e que o saneamento básicoglossário é essencial.
Assim como a ônu, outras organizações lutam pela melhor distribuição da água no mundo. No entanto, órgãos públicos responsáveis por essa distribuição cobram dos consumidores preços elevados para fornecer água tratada.
Outro problema é a realização de atividades agrícolas, industriais e domésticas que podem causar a contaminação das águas superficiais e subterrâneas.
O consumo excessivo de água também gera preocupação, pois impacta os custos de captação e de tratamento de água e esgoto, encarecendo os serviços de saneamento básico para a população. Em determinados casos, quando a água é retirada de reservatórios subterrâneos, o consumo sem contrôle pode provocar o afundamento do solo e até a abertura de crateras.
A água de uso doméstico
cêrca de 12% da água doce disponível para a humanidade é utilizada, segundo a ônu, em higiene pessoal, na lavagem de roupas, na preparação de alimentos e na limpeza das moradias. Os vazamentos em canos de distribuição ou em torneiras são muitas vezes responsáveis pelo desperdício de água para uso doméstico.
Os países mais desenvolvidos investem mais em infraestrutura e alcançam, assim, elevado nível de eficiência na distribuição da água potável. Isso não é comum nos países em desenvolvimento, principalmente nos mais pobres, onde a distribuição de água não atende a toda a população e, muitas vezes, ocorrem escassez e racionamento.
A água na agropecuária
A irrigação agrícola sem o devido contrôle técnico pode provocar a contaminação das águas superficiais e subterrâneas com a adição de agrotóxicos e fertilizantes carregados pela água que lava as plantações. Além disso, a irrigação em excesso ou realizada com equipamentos inadequados causa desperdício, impactando os reservatórios de água disponíveis.
A água na indústria
Segundo a ONU, a indústria consome cêrca de 19% da água doce e, apesar dos avanços tecnológicos no processo de produção, a contaminação das águas por resíduos industriais ainda é muito elevada.
No Brasil, as políticas públicas que impulsionaram o crescimento urbano-industrial não criaram medidas suficientes para evitar a poluição dos rios. Na cidade de São Paulo, por exemplo, os rios Tietê e Pinheiros estão impregnados de resíduos provenientes do esgoto industrial e residencial, deixando a água com baixíssimo índice de oxigênio. Por isso, na capital paulista, esses rios são considerados “mortos”.
Recursos hídricos nos espaços rural e urbano
Em grandes centros urbanos, as transformações sucessivas no espaço geográfico, muitas vezes, levam à desconfiguração das características originais da rede hidrográfica.
No Brasil, a canalização e o tamponamento são comuns no processo de urbanização de grandes cidades. A canalização consiste na modificação do traçado de rios e córregos por meio da construção de canais artificiais, geralmente de concreto, e o tamponamento, além da canalização, envolve a construção de vias de circulação e de edificações sobre trechos cortados pelos cursos d’água, que passam a ser drenados por canais subterrâneos. Outra intervenção comum na hidrografia das cidades é a remoção da vegetação das margens (mata ciliar) de rios e córregos. Essas alterações possibilitam ampliar as áreas disponíveis para a construção de novas avenidas, moradias e edifícios comerciais e, consequentemente, a valorização imobiliária do espaço urbano. Mas a contrapartida são os problemas ambientais.
As transformações no curso dos rios e córregos e a ocupação indevida de suas margens podem prejudicar a infiltração das águas pluviais no solo e o escoamento subterrâneo, deixando a população vulnerável a inundações, aumentando a incidência de assoreamento nos rios, além de empobrecer os ecossistemas fluviais.
Ler o texto
Ações em rios dividem gestores e ambientalistas
A intervenção no Jaguaribe segue a mesma linha de canalização de três afluentes que abastecem seu leito: os rios Mangabeira, Passa Vaca e Trobogy. reticências
O principal argumento dos poderes públicos é de que a canalização dos rios tem por objetivo conter os alagamentos ao longo do curso dos corpos hídricos, que, historicamente, tiveram suas margens ocupadas desordenadamente reticências.
Por outro lado, movimentos ambientalistas reticências defendem a preservação dos ecossistemas hídricos, alegam prejuízos ambientais irreparáveis e clamam por saneamento para evitar poluição das águas.
“Os projetos vão na contramão das cidades sustentáveis”, avalia Virgílio Machado, membro do ésse ó ésse Vale Encantado. “Há um ecossistema bem delineado nessa região, com mar, rios, mata atlântica e mangue, que será alterado”, acrescenta.
ADAILTON, Franco. Ações em rios dividem gestores e ambientalistas. A Tarde, 24 abril 2017. Disponível em: https://oeds.link/ANG1hc. Acesso em: 16 fevereiro 2022.
• Na sua opinião, é possível resolver os problemas gerados pelo crescimento das cidades preservando a água dos rios, lagos e córregos?
Os rios e as regiões hidrográficas do Brasil
O Brasil possui muitos rios, que formam várias bacias hidrográficas. As principais bacias abrangidas pelo território brasileiro são a Amazônica, a do Paraná, a do Tocantins-Araguaia, a do Paraguai e a do São Francisco.
Em 2008, entrou em vigor o Plano Nacional de Recursos Hídricos, que agrupou as bacias dos rios principais e dos rios menores próximos em 12 regiões hidrográficas. Observe o mapa.
BRASIL: BACIAS E REGIÕES HIDROGRÁFICAS
Características das regiões hidrográficas
A região hidrográfica Amazônica abrange cêrca de 45% do território brasileiro, além de áreas do território de vários outros países da América do Sul; são eles a Guiana Francesa, o Suriname, a Guiana, a Venezuela, a Colômbia, o Peru, o Equador e a Bolívia. Entre outras finalidades, os rios dessa região são utilizados para pesca, navegação e para geração de energia elétrica.
A região hidrográfica do Paraná é formada principalmente pelo rio Paraná e seus afluentes, como os rios Tietê, Paranapanema, Peixe e Iguaçu.
Vários rios dessa região hidrográfica apresentam grande potencial para a produção energética; neles foram construídas dezenas de usinas hidrelétricas que abastecem principalmente o Centro-Sul do Brasil, sendo a principal delas a usina de Itaipu.
A região hidrográfica do Tocantins-Araguaia é a maior bacia hidrográfica totalmente localizada no território brasileiro e a terceira em potencial hidrelétrico do país. Nela, encontra-se a usina hidrelétrica de Tucuruí, no estado do Pará, uma das maiores do país.
O rio Uruguai pertence à região hidrográfica do Uruguai e marca a divisa entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, entre o Brasil e a Argentina e entre o Uruguai e a Argentina.
O São Francisco é o principal rio da região hidrográfica de mesmo nome, onde o predomínio de planaltos favorece a geração de energia elétrica. É também o maior rio perene (permanente) que cruza a região mais seca do Brasil, o Semiárido, na qual muitos produtores rurais aproveitam suas águas para a irrigação de plantações. O rio também é muito importante para a navegação.
As regiões hidrográficas do Atlântico Sul, Atlântico Sudeste, Atlântico Leste, Atlântico Nordeste Oriental e Atlântico Nordeste Ocidental abrangem a maior parte das bacias próximas ao oceano Atlântico.
O rio Parnaíba, o principal da região hidrográfica do Parnaíba, compõe uma divisa natural entre os estados do Maranhão e do Piauí.
O principal rio da região hidrográfica do Paraguai, de mesmo nome, é navegável, corta o Pantanal do Mato Grosso e deságua no rio Paraná.
O aproveitamento dos rios no Brasil
No Brasil, muitos rios são aproveitados como fonte de água para a população, abastecendo residências e estabelecimentos como escolas, hospitais, lojas, restaurantes e locais de lazer. A água proveniente dos rios também pode ser utilizada na fabricação de bebidas, alimentos, remédios e diversos outros produtos.
Com parte significativa das regiões hidrográficas situada em áreas de planalto, também são muitos os rios que tiveram trechos represados para a instalação de usinas hidrelétricas, formando grandes lagos artificiais.
Nas usinas hidrelétricas, a água represada fornece a pressão necessária para movimentar as turbinas que colocam em funcionamento os geradores de eletricidade. A barragem de muitas usinas hidrelétricas conta com comportasglossário , que podem ser abertas nos períodos chuvosos, quando a capacidade de armazenamento se aproxima do nível máximo, liberando o excesso de água para o curso do rio. Observe a fotografia 1.
Dependendo das características, os rios ainda podem ser utilizados como vias de circulação de pessoas e cargas por meio de embarcações. A navegação fluvial é muito desenvolvida nas regiões que abrangem rios volumosos, com leito profundo, e que percorrem longos trechos de planície, sem desníveis abruptos.
Em alguns rios de planalto no Brasil e em outros países, mesmo em trechos onde foram instaladas usinas hidrelétricas, a navegação se torna possível com a construção de eclusas, que funcionam como “elevadores” de embarcações. Observe a fotografia 2.
Em prática
Maquetes de argila
Nesta Unidade, estudamos a hidrografia e o relevo característicos de diversas regiões. Agora, você vai construir uma maquete com o objetivo de demonstrar a relação entre as fórmas do relevo e a rede fluvial.
Para representar os elementos de uma bacia hidrográfica, é necessário o seguinte material:
- um tampo de madeira ou uma folha de isopor ou papelão, que será a base da maquete;
- argila;
- palito de madeira;
- pincel;
- tinta guache de cores variadas.
Em grupo, retomem o que aprenderam sobre as bacias hidrográficas, relembrando os conceitos de nascente, foz, rio principal e rio afluente.
Com a argila, construam as fórmas de relevo simulando a superfície de planaltos, planícies, depressões e ou oumontanhas sobre a base da maquete.
Com um palito de madeira, façam sulcos na argila para desenhar os rios da bacia hidrográfica. Lembrem-se de que os rios percorrem o relevo das porções mais elevadas em direção às mais baixas.
Depois que a argila secar, usem a tinta guache para pintar as fórmas de relevo e os rios da bacia hidrográfica representados na maquete. Utilizem a cor azul para representar a água.
Posteriormente, usem a criatividade para representar outros elementos da paisagem, como cobertura vegetal, pequenos povoados, propriedades agrícolas e estradas.
Finalizadas as maquetes, com a orientação do professor, organizem uma exposição na sala de aula, junto com os demais grupos.
Por fim, retomem o conteúdo sobre blocos-diagramas desenvolvido no Capítulo 5 e, em uma folha à parte, elaborem um bloco-diagrama para representar a maquete produzida pelo grupo.
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
- Dê exemplos para demonstrar como o relevo e a hidrografia se influenciam mutuamente.
- Indique situações que ilustram a importância dos rios para a realização de atividades:
- na sua casa;
- na agricultura;
- na indústria.
- As usinas hidrelétricas são apontadas como uma fonte de energia limpa. Isso significa que o funcionamento de uma usina hidrelétrica não produz poluentes atmosféricos, algo importante para minimizar o aquecimento global. Porém, a alternativa não está isenta de problemas ambientais. Leia o texto.
Enquanto os países mais desenvolvidos têm diminuído nas últimas décadas a construção de grandes hidrelétricas, nações em desenvolvimento começaram a construir no mesmo período barragens ainda maiores. É o caso do Brasil.
Impactos ambientais – como o desmatamento e a perda da biodiversidade – e sociais – como o deslocamento de milhares de pessoas e os prejuízos econômicos causados a elas – não têm sido levados em conta e incluídos no custo total desses projetos. Além disso, esses empreendimentos têm ignorado os cenários de mudanças climáticas, que preveem a diminuição da oferta de água e, consequentemente, da geração de energia hidroelétrica.
ALISSON, Elton. Custos sociais e ambientais de usinas hidrelétricas são subestimados, aponta estudo. Agência Fapesp. 7 novembro 2018. Disponível em: https://oeds.link/W7DKue. Acesso em: 16 fevereiro 2022.
- Quais são os pontos negativos da construção de uma usina hidrelétrica?
- Na sua opinião, a construção de uma usina hidrelétrica pode trazer mais benefícios ou mais problemas? Justifique.
4. Analise as figuras e leia as legendas explicativas que demonstram o funcionamento de uma eclusa. Depois, esclareça qual é a utilidade de uma eclusa.
FUNCIONAMENTO DE UMA ECLUSA
5. Desde a década de 2010, o Brasil vem passando por períodos de grande declínio na disponibilidade de água para o consumo da população. Entre 2014 e 2015, por exemplo, a população do estado de São Paulo enfrentou racionamento hídrico em decorrência da drástica diminuição do nível dos reservatórios de água potável que abastecem a cidade. Leia o fragmento de entrevista para compreender melhor o problema.
O senhor afirma que não é possível falar em fim da água. Mesmo se considerarmos apenas as reservas de água doce, não estamos em uma situação preocupante?
A água não é um recurso finito – pelo contrário, trata-se do recurso mais abundante do planeta, lembra Luis Antonio Bittar Venturi, do Departamento de Geografia. reticências Enquanto a terra girar, o sol brilhar e a lei da gravidade estiver “vigorando”, as recargas de água nos continentes estarão asseguradas. Não há como interromper o ciclo hidrológico. E o que existe de água doce disponível na superfície e nos subsolos é muito mais do que a capacidade humana de utilizá-la.
Na sua visão, então, o que provocou a crise?
Ocorreram dois problemas, ambos de caráter gerencial: poluiu-se os recursos hídricos disponíveis e não se desenvolveu capacidade técnica para despoluir numa velocidade suficiente para atender à demanda.
VENTURI, L. A. B. Geógrafo da éfe éfe éle cê agá alerta sobre noção equivocada de “falta de água”. [Entrevista cedida a] Universidade de São Paulo, São Paulo, 24 agosto 2015. Disponível em: https://oeds.link/SZCPUb. Acesso em: 12 abril 2022.
- Por que o geógrafo afirma que a água não é um recurso finito?
- De acordo com o geógrafo, o que levou à escassez de água na cidade de São Paulo?
- Com base na experiência verificada na cidade de São Paulo, a qual conclusão é possível chegar em relação à disponibilidade e à qualidade da água?
6. Analise o gráfico e indique as atividades econômicas que mais captam água doce no mundo.
MUNDO: TOTAL DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DOCE (2016)
7. Em determinados países, como o Brasil, a água é um dos principais agentes externos do relevo cuja atuação contribui para alterar profundamente as característica de vastos trechos da superfície terrestre. Com base nos termos apresentados, elabore um texto de pelo menos oito linhas explicando a relação entre a rede hidrográfica e a superfície terrestre.
8. O gráfico a seguir demonstra a quantidade de pessoas sem acesso a fontes de água potável em diversas regiões do mundo ao longo das últimas décadas.
Interprete os dados do gráfico e indique a afirmação verdadeira. Em seguida, reescreva as afirmações incorretas, corrigindo os erros encontrados.
a) Ao analisar os dados globais, o número de pessoas sem acesso a fontes de água potável aumentou entre 1990 e 2015.
- A Europa e a Ásia Central são regiões que apresentaram aumento no número de pessoas sem acesso a fontes de água potável.
- Embora o número de pessoas sem acesso a fontes de água potável venha diminuindo no Leste Asiático e no Pacífico, em 2015 a quantidade ainda era bastante elevada.
MUNDO: NÚMERO DE PESSOAS SEM ACESSO A FONTES DE ÁGUA POTÁVEL (1990-2015)
9. A bacia hidrográfica do São Francisco é uma das maiores do Brasil. O rio principal, conhecido popularmente pelo nome de Velho Chico, atravessa os estados de Minas Gerais, Bahia e Pernambuco e demarca a divisa entre Alagoas e Sergipe.
Resolva as questões.
- De acordo com o mapa, quais são as principais fórmas de utilização da bacia hidrográfica do São Francisco?
- Cite o nome três afluentes do rio São Francisco.
- Você já observou a fórma como os rios e córregos próximos ao local em que você vive são utilizados? Conte para os colegas.
BACIA HIDROGRÁFICA DO SÃO FRANCISCO
Ser no mundo
O uso dos recursos hídricos e as populações afetadas por barragens
Como estudamos anteriormente, uma parcela importante dos rios no Brasil é utilizada para a produção de energia por meio de usinas hidrelétricas instaladas no seu curso. Essa fonte de energia é uma das mais exploradas no país, o que resulta em sérios problemas ambientais e sociais que atingem diversas comunidades de norte a sul do país. Os grupos populacionais mais afetados pelos efeitos negativos da construção de usinas hidrelétricas são os que vivem nas proximidades dos rios represados.
Leia as reportagens que exemplificam esses dados e analise o mapa “Brasil: deslocamento de população motivado pela construção de barragens (2000-2017)”.
Texto 1
O lado obscuro do modelo de desenvolvimento brasileiro
Uma das principais causas da migração forçada no Brasil são as barragens, especialmente aquelas destinadas à construção de usinas hidrelétricas ( ú agá ês). O Instituto Igarapé analisou os custos socioeconômicos de cêrca de 80 barragens construídas no Brasil desde os anos 2000. Após avaliar os dados, o Instituto estima que entre 150 e 240 mil brasileiros foram forçados a deixar suas casas em função da instalação dessas barragens. E é possível que cêrca de 75 mil outras pessoas sejam forçadas a abandonar seus lares por conta de 11 novas usinas e centrais hidrelétricas que podem ser construídas nos próximos anos.
É indiscutível que usinas hidrelétricas desempenham um papel central no modelo de desenvolvimento econômico brasileiro. Desde meados da década de 1970, mais de 60% da oferta interna de energia é sustentada pela energia hidráulica. Embora, por um lado, o investimento estatal na construção de grandes centrais hidrelétricas tenha reduzido drasticamente a dependência externa de energia, por outro, teve custos econômicos, sociais e ambientais muito elevados.
Tome-se, como exemplo, o caso de Itá, uma das maiores hidrelétricas brasileiras. Estabelecida no ano 2000 no rio Uruguai, a usina gera 1 450 Megawatts ( ême dáblio) de energia por ano. O reservatório de 140 quilômetros quadrados teve impacto sobre 11 municípios de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Estima-se que a usina provocou o deslocamento de 11 a 17 mil pessoas. A mobilização e os protestos contrários à construção da ú agá ê Itá levaram, inclusive, à consolidação do Mábi (Movimento dos Atingidos por Barragens), que atua em defesa de pessoas afetadas por esses empreendimentos.
reticências
A marca de uma sociedade avançada está na fórma como trata suas populações mais vulneráveis. Embora o Brasil tenha se tornado um país urbanizado, são normalmente as populações rurais e comunidades indígenas – que dependem da terra para sobreviver – as
que acabam forçadas a se deslocar em nome de um pretenso progresso sobre o qual não foram consultadas.
, M. Múga érre fóli O lado obscuro do modelo de desenvolvimento brasileiro. Nexo, 16 setembro 2017. Disponível em: https://oeds.link/k976wZ. Acesso em: 16 fevereiro. 2022.
Texto 2
reticências No caso de Belo Monte, mais de .8000 famílias – cêrca de .40000 pessoas – foram arrancadas – ou ainda serão – do lugar onde vivem, trabalham, têm laços de parentesco e vizinhança, memória e cotidiano. reticências
Aqueles que foram “realocados” ou “reassentados” estão distantes de seu modo de vida, de seu trabalho, de seus laços de afeto e de solidariedade, da única vida que conheciam. Muitos deles são reticências pescadores sem rio e sem peixe, arrancados de suas ilhas e jogados num conjunto habitacional distante de tudo e no qual não se reconhecem. reticências
BRUM, Eliane. Belo Monte, empreiteiras e espelhinhos. El País, 7 julho 2015. Seção Opinião. Disponível em: https://oeds.link/eJvz6q. Acesso em: 22 janeiro 2022.
BRASIL: DESLOCAMENTO DE POPULAÇÃO MOTIVADO PELA CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS (2000-2017)
Após a leitura dos textos e a observação do mapa, responda às questões.
- De acordo com o texto 1, qual é a atuação do Movimento dos Atingidos por Barragens ( Mábi)? Em sua opinião, movimentos como esse são importantes? Por quê?
- Quais transformações ocorreram no modo de vida dos povos da região com a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, de acordo como texto 2?
- Segundo as informações do mapa, quais estados registravam a maior parcela de população deslocada pela construção de barragens concluídas até 2017?
- Na unidade da federação em que você mora houve saída de moradores por causa da construção de barragens?
Glossário
- Escarpa
- Desnível muito acentuado no relevo terrestre, lembrando um degrau.
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- Soerguimento
- Fenômeno que provoca o deslocamento de blocos rochosos para cima.
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- Corpo d’água
- Elemento hidrográfico formado por volumes significativos de água parada ou corrente, tais como mares, oceanos, lagos, rios ou córregos.
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- Saneamento básico
- Conjunto de medidas de preservação da saúde pública, incluindo tratamento de água e esgoto, despoluição e coleta de lixo.
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- Comporta
- Porta móvel que regula o escoamento de água de uma represa.
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