UNIDADE um O Território Brasileiro
Você verá nesta Unidade:
A influência da localização geográfica nas paisagens brasileiras
A relação entre os elementos naturais e culturais na paisagem
Políticas energéticas brasileiras e ações sustentáveis
Formação territorial brasileira
Regionalização do espaço brasileiro
Ao observar a representação do território brasileiro na imagem de satélite, percebemos como o país é extenso, ocupando parte significativa do continente. Quando os portugueses chegaram a estas terras, em 1500, encontraram diversos povos que viviam nelas havia muitos anos e, com o tempo, impressionaram-se com a vastidão do território e a quantidade de recursos minerais.
Você sabe como o território brasileiro foi formado, estabelecendo o contorno de seus limites ao longo da história? Você conhece os fatores considerados na regionalização atual do território brasileiro? Como os avanços tecnológicos contribuíram para os conhecimentos relacionados ao território brasileiro?
CAPÍTULO 1 A localização e as paisagens do território brasileiro
O Brasil é o quinto maior país do mundo, com uma área de ..8515759 . Atente que no mapa a seguir que os únicos países com área superior à do Brasil são Rússia, Canadá, Estados Unidos e China. quilômetros quadrados
PLANISFÉRIO: PAÍSES MAIS EXTENSOS
O Brasil está localizado na América do Sul, região formada por uma grande porção territorial ao sul do continente americano.
Além de ter um litoral extenso banhado pelo oceano Atlântico, o Brasil tem quase 16 mil quilômetros de fronteira terrestre, limitando-se com a maioria dos países da América do Sul.
A localização geográfica e a vasta extensão territorial são fatores que ajudam a entender a grande diversidade de paisagens no país. No Brasil, são variadas as formações do relevo e os tipos de clima e são ricos os biomas e ecossistemas, compondo ambientes que são impactados pela atividade humana, mas que também influenciam o modo de vida de grupos sociais igualmente diversos.
Onde o Brasil se localiza no mundo?
A resposta para essa pergunta depende dos referenciais que podemos levar em consideração. Podemos verificar, por exemplo, a localização do território brasileiro em relação aos hemisférios, que dividem o globo terrestre em metades, ou em relação às zonas térmicas.
Os hemisférios
As representações a seguir mostram a divisão do mundo entre os hemisférios Norte e Sul e Leste e Oeste.
HEMISFÉRIOS NORTE E SUL
HEMISFÉRIOS LESTE E OESTE
Com base nas representações podemos identificar que a maior parte do território brasileiro está situada no Hemisfério Sul – ao sul da linha do Equador – e que todo o território do país encontra-se no Hemisfério Oeste – a oeste do meridiano de Greenwich.
Adiante, neste Capítulo, você estudará a influência da localização do território brasileiro nas atividades e no dia a dia da população.
As zonas térmicas
Analise o mapa a seguir, procurando identificar a localização do Brasil nas zonas térmicas do planeta.
POSIÇÃO DO BRASIL EM RELAÇÃO ÀS ZONAS TÉRMICAS
O mapa demonstra que o Brasil tem a maior parte de seu território situada na Zona Tropical, compreendida entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio. Essa localização influencia a ocorrência predominante de climas tropicais (com temperaturas mais elevadas) no Brasil. Uma porção mais ao sul do território, no entanto, encontra-se na Zona Temperada, onde as temperaturas médias são inferiores às dos territórios abrangidos pela Zona Tropical.
Essas características impactam diretamente a vida das pessoas. O inverno na Zona Temperada, por exemplo, tende a ser mais rigoroso que na Zona Tropical, exigindo que as pessoas fiquem mais agasalhadas, utilizando roupas apropriadas para baixas temperaturas, como casacos, toucas, luvas e cachecóis.
Extensão latitudinal e longitudinal
O território brasileiro apresenta grande extensão latitudinal (de norte a sul) e longitudinal (de leste a oeste).
Identifique no mapa os pontos extremos do território brasileiro e a distância entre eles. As fotografias reproduzidas na sequência mostram a paisagem em cada ponto extremo.
BRASIL: PONTOS EXTREMOS E EXTENSÕES
A latitude e as paisagens
A grande extensão do Brasil no sentido norte-sul influencia a diversidade de paisagens no país por abranger diferentes condições naturais e fórmas de ocupação do espaço geográfico pelos agrupamentos sociais e atividades econômicas. Entre os fatores naturais que mais influenciam as paisagens no Brasil estão os relacionados ao clima e à vegetação.
Assim, enquanto no sul do país encontramos paisagens compostas de formações vegetais adaptadas à ocorrência de invernos rigorosos, no restante do território brasileiro predominam formações vegetais adaptadas a climas com temperaturas médias anuais mais elevadas.
As condições também podem influenciar a composição das paisagens urbanas. Em grandes cidades localizadas em regiões de clima tropical, uma iniciativa ainda pouco comum propõe a junção entre edificações de concreto e vegetação como fórma de aliviar o calor. Trata-se do telhado verde.
A longitude e os horários
A grande extensão territorial do Brasil no sentido longitudinal faz com que o país seja abrangido por quatro fusos horários, o que leva a uma diferença que pode chegar a 3 horas entre diferentes pontos do território – como ocorre entre Fernando de Noronha (Pernambuco) e Acre, por exemplo.
Para evitar horários diferentes dentro de uma mesma unidade federativa, foi estabelecido um desvio nos limites teóricos dos fusos para adaptá-los ao limite de vários estados; são os chamados limites práticos.
As coordenadas geográficas são compostas de linhas imaginárias, chamadas latitudes (distâncias, medidas em graus, de determinados pontos da Terra em relação à linha do Equador) e longitudes (distâncias, medidas em graus, de determinados pontos da Terra em relação ao meridiano de Greenwich).
BRASIL: FUSOS HORÁRIOS
Ler o mapa
- Faça a leitura do mapa. Nele, você notará que há diferenças entre os limites teóricos dos fusos e os limites práticos. Na sua opinião, por que isso ocorre?
- Há diferença de horário entre o município onde você mora e a capital do país?
Em 2019, o Brasil deixou de adotar o horário de verão, que vigorou em diferentes momentos desde 1931, incluindo um período de três décadas entre os séculos vinte e vinte e um. Quando em vigor, o horário de verão exigia que os relógios fossem atrasados em uma hora em algumas unidades da federação, geralmente entre os meses de outubro e fevereiro. Nessa época do ano, o Sol nasce mais cedo e se põe mais tarde, propiciando melhor aproveitamento da luz natural e, assim, economia de energia. Com essa medida era possível reduzir o pico de consumo de energia elétrica em determinados horários, evitando sobrecargas no fornecimento.
Em prática
As zonas térmicas, o clima e o tempo atmosférico
Como vimos, a maior parte do Brasil está situada na Zona Tropical e uma porção do território se localiza na Zona Temperada do Sul.
Vamos, agora, analisar a influência da localização e da extensão latitudinal do país no tempo atmosférico e no clima.
Enquanto o tempo atmosférico pode ser definido pelo estado geral e momentâneo da atmosfera em determinado local, o clima se define pelas condições gerais médias da atmosfera verificadas em longos períodos. Por padrão, a constatação das condições climáticas que vigoram em uma região é feita por meio de medições meteorológicas ao longo de pelo menos 30 anos.
As medições das condições atmosféricas (pluviosidade e temperatura do ar) feitas ao longo de um ano ou das médias levantadas historicamente em determinado local podem ser representadas em um gráfico composto de barras e de linhas chamado climograma. Nesse gráfico, são apresentadas a precipitação média (colunas) e a temperatura média (linhas) da atmosfera mês a mês.
Analise os dois climogramas: um de uma localidade em uma Zona Tropical e o outro de uma localidade situada em Zona Temperada.
MANAUS: CLIMOGRAMA (1981-2010)
PORTO ALEGRE: CLIMOGRAMA (1981-2010)
- Após analisar cada um dos climogramas, identifique suas principais características.
- Em quais meses há mais e em quais meses há menos precipitação?
- Como é a variação da temperatura média em cada uma das localidades?
- No caderno, escreva uma pequena comparação entre o clima das duas localidades.
2. Analise as fotografias. Em seguida, aponte qual delas está relacionada a cada um dos climogramas (Manaus e Porto Alegre) apresentados anteriormente, justificando sua escolha.
- Agora, faça uma pequena pesquisa sobre o município onde você mora e responda.
- Em qual zona térmica o município se localiza?
- Em quais meses faz mais frio e mais calor? Em quais meses chove mais e menos?
- No município onde você mora existem paisagens parecidas com alguma das retratadas nas imagens da atividade anterior?
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
- Analise novamente as ilustrações e os mapas deste Capítulo para responder às questões a seguir.
- Quais são as principais linhas imaginárias que passam pelo Brasil?
- Identifique as zonas térmicas abrangidas pelo território brasileiro e os paralelos que as delimitam.
- Explique como a extensão do território brasileiro no sentido norte-sul (latitudinal) pode influenciar a grande diversidade das paisagens naturais e os distintos modos de vida.
- Cite uma característica decorrente da extensão leste-oeste do território brasileiro.
- Qual é a posição geográfica do Brasil em relação aos hemisférios da Terra?
- A respeito da posição do Brasil em relação às zonas térmicas, indique:
- a zona térmica da Terra em que se localiza a maior parte do território brasileiro.
- a outra zona térmica que compreende o território brasileiro.
- a principal diferença climática entre essas duas zonas.
- Em 2019, o governo brasileiro interrompeu o horário de verão que vigorava havia várias décadas no país, gerando discussões sobre os impactos da decisão, como é possível ler no texto a seguir.
Horário de verão: as vantagens e desvantagens da polêmica mudança do relógio
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, foi à televisão em 31 de agosto [de 2021] dizer aos brasileiros, em rede nacional, que a sêca que o Brasil tem enfrentado é a pior da história e que a condição hidroenergética do país se agravou.
Diante do baixo nível dos reservatórios hidrelétricos, o ministro pediu a colaboração da população para redução do consumo de energia, sugerindo entre as medidas a serem adotadas um maior aproveitamento da luz natural.
reticências Com o adiantamento dos relógios em uma hora, as regiões que adotam o horário especial ganham uma hora adicional de luminosidade no fim da tarde, adiando o acionamento de lâmpadas e de eletrodomésticos na volta para casa depois do trabalho. Historicamente, a economia era de cêrca de 4% a 5% da demanda no horário de pico.
O governo argumenta, porém, com base em dados do [Operador Nacional do Sistema Elétrico], que o pico de demanda no verão mudou ao longo dos anos do fim da tarde, para o meio dela, devido ao acionamento dos aparelhos de ar condicionado nas empresas.
Os especialistas do setor elétrico que defendem a volta do horário de verão, no entanto, argumentam que, diante da gravidade da crise atual, qualquer economia de energia, mesmo que menor do que a histórica, é bem-vinda.
HORÁRIO de verão: as vantagens e desvantagens da polêmica mudança do relógio. bê bê cê, 17 setembro. 2021. Disponível em: https://oeds.link/1o7bTr. Acesso em: 24 . 2022.
- No texto, o que os defensores da volta do horário de verão argumentam?
- Contrariando os defensores da volta do horário de verão, o que o governo sustenta?
- Analise as afirmações apresentadas e escreva, em seu caderno, a alternativa correta.
- Os horários em todo o Brasil seguem a hora da capital, Brasília, o chamado limite prático.
- O limite prático divide o Brasil em quatro zonas de fusos horários.
- O Brasil está localizado em apenas uma zona de fuso horário, sem a necessidade do chamado limite prático.
- O Brasil apresenta diferença de até duas horas entre fusos divididos por um limite prático.
CAPÍTULO 2 Características do território brasileiro
Neste Capítulo, você vai estudar os diferentes aspectos naturais que marcam o território brasileiro, como relevo, hidrografia, clima e tipos de vegetação, compreendendo como cada um deles influencia o modo de vida das pessoas e o desenvolvimento das atividades econômicas.
Localizado em uma área considerada tectonicamente estável, o relevo brasileiro é bastante antigo, tendo sido desgastado por processos erosivos durante milhões de anos. Ao longo do tempo geológico, o território sofreu efeitos de mudanças climáticas, alternando períodos de glaciação com períodos interglaciais. Como resultado dessa longa evolução, o relevo brasileiro apresenta altitudes médias inferiores a 1.000 metros.
BRASIL: FÍSICO
Ler o mapa
- Com o auxílio da rosa dos ventos, indique a porção do território brasileiro em que se encontram as maiores áreas com altitude abaixo de 100 metros.
- Considere um rio que percorra um trecho do relevo representado no mapa com a cor marrom e outro, com a cor verde. Em qual dos trechos o curso do rio está mais perto da nascente? Por quê?
As principais unidades de relevo
De acordo com a classificação proposta pelo geógrafo Jurandyr Ross, as principais fórmas de relevo existentes no Brasil são os planaltos, as depressões e as planícies. Observe no mapa que, de acordo com essa classificação, os planaltos abrangem a maior área do território nacional e somam onze unidades. No território brasileiro, foram identificadas também onze unidades de depressões e seis de planícies.
BRASIL: UNIDADES DE RELEVO
Ler o mapa
• O município onde você vive está localizado em qual unidade de relevo?
Planícies
As planícies são terrenos relativamente planos formados pela deposição de sedimentos de origem fluvial, marinha ou lacustre. A Planície do Rio Amazonas, por exemplo, é resultado do acúmulo de sedimentos transportados pelo rio.
Depressões
São terrenos rebaixados em relação ao entorno, que podem se formar pela atividade tectônica ou pela ação de processos erosivos.
As depressões brasileiras são todas relativas, isto é, apesar de estarem em nível mais baixo que o dos terrenos que as cercam, ficam acima do nível do mar.
Nas principais depressões brasileiras, como as amazônicas, a Sertaneja e do São Francisco e a Periférica Sul-Rio-Grandense, os terrenos não costumam ultrapassar os 200 metros de altitude. A Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná é a que alcança as maiores altitudes.
Planaltos
Os planaltos são terrenos com altitudes variáveis nos quais ocorrem fórmas variadas de relevo, como chapadas, morros, colinas e serras.
Os planaltos brasileiros sofreram muito desgaste em consequência da ação dos agentes externos, ou seja, das águas das chuvas e dos rios e também dos ventos. Os planaltos mais extensos são os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná, os Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba e os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste.
Os rios brasileiros
O Brasil possui a maior rede fluvial do mundo. Milhões de brasileiros dependem dos rios para sobreviver, utilizando suas águas para diversos fins, como irrigação agrícola, pesca, produção de energia elétrica, navegação e abastecimento residencial, comercial e industrial.
Em função das variações do relevo, alguns rios drenam todos os cursos de água de uma bacia hidrográfica, área que compreende o rio principal e todos os afluentes, ribeirões e córregos que o alimentam.
BRASIL: BACIAS E REGIÕES HIDROGRÁFICAS
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• Localize, no mapa, o município onde você vive e, em seguida, identifique a região hidrográfica à qual pertence.
Em 2008, entrou em vigor o Plano Nacional de Recursos Hídricos, produzido pelo Ministério do Meio Ambiente, que delimitou doze regiões hidrográficas. Vamos conhecer as características de algumas delas.
Os climas do Brasil
Os fenômenos climáticos, como a variação da temperatura atmosférica e as precipitações, estão associados aos processos de transformação e modelagem do relevo. O clima também exerce importante influência sobre as características da vegetação natural e da hidrografia, sobre a prática da agricultura e sobre o cotidiano das pessoas.
Há inúmeros fatores que interferem no clima. Entre os mais importantes, destacam-se a pressão atmosférica, a radiação solar, as massas de ar e a altitude, que se refletem, por exemplo, nas condições da temperatura ambiente, no deslocamento dos ventos, na umidade do ar e na ocorrência das chuvas.
No Brasil, país localizado na Zona Tropical, onde os raios solares incidem com pouca inclinação, predominam climas quentes e úmidos. Observe no mapa, a seguir, os seis principais tipos climáticos brasileiros.
BRASIL: CLIMAS
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• Que tipo ou tipos de clima ocorre ou ocorrem na unidade da federação onde você mora?
Clima equatorial
Clima que predomina em áreas próximas à linha do Equador. No Brasil, ocorre em quase toda a Região Norte e em parte da Região Centro-Oeste. É caracterizado pela incidência de radiação solar na superfície terrestre com pouca inclinação, o que faz com que as temperaturas sejam elevadas o ano todo, apresentando médias anuais superiores a 25 graus Célsius. Em função desse aquecimento, há maior evaporação, o que provoca abundância de chuvas e alta umidade.
Essas condições favorecem a existência de florestas densas e de grande biodiversidade, como a própria Floresta Amazônica, maior floresta equatorial do mundo. Por outro lado, o desmatamento da floresta por ações antrópicas, principalmente pela pecuária e pelas frentes de expansão para o cultivo de soja (destinada à exportação), resulta em solos pouco férteis.
Clima tropical
No Brasil, o clima tropical predomina no Centro-Oeste, no Sudeste e em parte do Nordeste, apresentando temperaturas médias anuais superiores a 18 graus Célsius.
Nas áreas centrais do país, esse clima sofre pouca ação das massas de ar úmidas do oceano e as chuvas são, em geral, mal distribuídas ao longo do ano, com verões chuvosos e invernos secos. As terras dessas áreas são bastante utilizadas para o cultivo de vegetais como o algodão, o milho e a soja.
Os raios no Brasil
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cêrca de 50 milhões de raios atingem o território brasileiro todos os anos. Isso se explica pelo fato de o Brasil ser o país com a maior extensão territorial na Zona Tropical do planeta, onde o clima é mais quente e, portanto, propício à formação de tempestades e de raios.
• Pesquise e responda em seu caderno: Que cuidados podemos tomar para nos proteger de raios em caso de tempestade?
Clima tropical semiárido
Ocorre na região conhecida como semiárido nordestino, onde os índices anuais de chuvas são baixos, e as temperaturas, altas.
O clima tropical semiárido apresenta períodos prolongados de sêca, e a falta de água dificulta a prática da agricultura e a criação de animais para subsistência.
Apesar das dificuldades relativas ao clima, que afetam principalmente os pequenos agricultores, cresceu nas últimas décadas a agricultura comercial irrigada, que transformou a região de Juazeiro ( Bahia) e Petrolina ( Pernambuco) em polo de produção de frutas e hortaliças de alta qualidade.
Clima tropical litorâneo
Clima marcado por altas temperaturas e pela influência das massas de ar úmidas do Atlântico. Ocorre nas áreas costeiras do território brasileiro.
Devido à maritimidade, esse tipo de clima apresenta baixa amplitude térmica (pouca diferença de temperatura entre o dia e a noite) e a influência de massas de ar oceânicas leva à ocorrência de elevados índices anuais de chuvas.
O clima tropical litorâneo favorece os cultivos adaptados à alta umidade, como o da banana, e a prática do turismo de verão.
Clima tropical de altitude
Clima característico de áreas situadas em regiões tropicais e com altitudes superiores a 800 metros. Ocorre em formações serranas do Sudeste, principalmente na Serra da Mantiqueira. Nessas áreas, as temperaturas médias anuais são relativamente baixas e é comum a prática da pecuária familiar e da piscicultura.
Clima subtropical
Ocorre em áreas situadas ao sul do trópico de Capricórnio, abrangendo a Região Sul e uma pequena porção do Sudeste e do Centro-Oeste. Nessas regiões, os verões são quentes e chuvosos e os invernos são os mais rigorosos do país. Há ocorrência de geadas e, em casos menos comuns, de neve.
Tipos de vegetação do Brasil
O Brasil apresenta extensas formações vegetais, que abrigam grande diversidade de espécies. Os principais tipos de vegetação no país podem ser observados no mapa.
BRASIL: VEGETAÇÃO ORIGINAL
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• Qual é a formação vegetal original do município onde você mora?
Floresta Amazônica
A Floresta Amazônica apresenta vegetação densa, composta de árvores de grande porte e extratos vegetais mais baixos. Na região amazônica, a vegetação compreende trechos com matas de inundação (mata de igapó, permanentemente alagada, e mata de várzea, periodicamente alagada), matas de terra firme, onde as cheias não alcançam, e áreas de campinas.
A enorme biodiversidade da Floresta Amazônica torna possível a oferta de alimentos com grande potencial econômico (como o açaí, o babaçu, o cupuaçu e a castanha), além de remédios e matérias-primas para a criação de produtos.
Muitas famílias e comunidades ribeirinhas, grupos indígenas e quilombolas dependem dos recursos da floresta, como alimentos e ervas medicinais, para sua sobrevivência.
Mata Atlântica
Vegetação densa e com grande diversidade de espécies endêmicasglossário , a Mata Atlântica é uma floresta tropical que, no passado, recobria extensa faixa do litoral brasileiro, estendendo-se do Nordeste ao Sul do país e avançando, em algumas faixas, centenas de quilômetros em direção ao interior.
Pelo fato de ocorrer em áreas litorâneas, que concentram cêrca de 70% da população, a Mata Atlântica foi quase totalmente devastada, dando lugar à agricultura e à expansão urbana.
Segundo a Fundação ésse ó ésse Mata Atlântica, somadas as áreas remanescentesglossário superiores a 100 hectares, hoje restam apenas cêrca de 12,4% da mata original. Dessa fração, a maior parte está restrita a áreas de proteção ambiental.
Mata dos Pinhais
Floresta subtropical localizada nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a Mata dos Pinhais foi bastante devastada ao longo do tempo, principalmente em virtude da exploração de madeira, restando apenas cêrca de 3% de sua área original. No Paraná, cêrca de metade do estado era recoberta originalmente por essa vegetação.
A Mata dos Pinhais é composta de uma variedade restrita de espécies vegetais, das quais a predominante é a araucária (pinheiro-do-paraná), motivo pelo qual também é conhecida como Mata de Araucárias.
Cerrado
Segunda maior formação vegetal do Brasil, o Cerrado ocupa mais de 20% do território nacional, predominando na Região Centro-Oeste. Daí se estende de fórma contínua para os estados das regiões Nordeste e Sudeste, atingindo uma pequena área da Região Sul e apresentando algumas manchas menores dispersas na Amazônia.
Há predomínio de vegetação de pequeno porte e árvores isoladas. A duração da estação sêca é de seis meses, período em que as plantas aproveitam a reserva hídrica existente no subsolo e, dependendo do seu sistema de raízes (superficiais ou profundas), secam ou se mantêm verdejantes.
Caatinga
Ocorre na Zona Semiárida mais populosa do planeta e ocupa parte da Região Nordeste. O nome “Caatinga”, que em tupi-guarani significa “floresta branca”, deve-se ao fato de, na maior parte do ano, esse tipo de vegetação apresentar aspecto esbranquiçado.
As plantas dessa vegetação são adaptadas à falta de chuvas, como os cactos e arbustos que perdem suas folhas durante longos períodos.
Campos
A vegetação dos Campos caracteriza-se pela predominância de gramíneas. No Brasil, é encontrada principalmente no estado do Rio Grande do Sul. Essa formação vegetal, que engloba mais de 150 mil quilômetros quadrados de pastagens naturais, é bastante utilizada para a alimentação do gado bovino na pecuária extensiva.
Complexo do Pantanal
Localizado na Região Centro-Oeste do Brasil, entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (estendendo-se também à Bolívia e ao Paraguai), esse tipo de vegetação apresenta formações diversas e, por isso, é chamado de complexo. O Pantanal apresenta áreas que ficam alagadas durante a época das cheias, quando os rios transbordam.
Vegetação litorânea
Os principais tipos de vegetação litorânea são a vegetação de Restinga e os Manguezais, cujas características você observa nas fotografias a seguir.
Tanto a vegetação de Restinga quanto os Manguezais sofrem com a ameaça da expansão urbana e a poluição dos rios e do oceano. Atualmente, as áreas remanescentes estão sendo degradadas em ritmo acelerado.
Lugar e cultura
A dinâmica da natureza e o tempo no Pantanal Mato-Grossense
No Pantanal, grande planície de inundação que abrange o sul do estado de Mato Grosso e o noroeste de Mato Grosso do Sul, as evidências históricas da relação do ser humano com a natureza são marcantes.
Para se adaptar ao meio ambiente, os habitantes desenvolveram modos de vida particulares. No século dezesseis, portugueses e espanhóis cruzaram as planícies pantaneiras, inicialmente ocupadas por indígenas, em busca de metais preciosos. Contudo, foi no século dezoito, com a expansão da colonização europeia para o interior, que a ocupação ocorreu de fórma mais intensa.
Para praticar a pecuária, os habitantes precisaram conhecer a sazonalidade do regime fluvial, que modifica significativamente a paisagem local. No Pantanal, as épocas chuvosas e sêcas condicionam a movimentação do gado pelas planícies. Para não colocar os animais em risco, o pantaneiro se tornou um profundo conhecedor da fauna e da flora locais, unindo a sabedoria herdada dos indígenas com a dos paraguaios e a dos sulistas.
Essas heranças se manifestam também na culinária, com grande variedade de pratos típicos, como o peixe na brasa, o caldo de piranha, o sarrabulho (feito com miúdos de bovinos), o tereré (chá de erva-mate gelado) e a carne de jacaré. A música e as festas, como a do Touro Candil, foram influenciadas por diferentes povos que habitaram o Pantanal. Ritmos como cururu, polca e rasqueado guardam traços dessa diversidade cultural.
As festas religiosas, como a de Nossa Senhora de Caacupé, receberam influência de países vizinhos, como Bolívia e Paraguai. O Pantanal é uma região de forte preservação das tradições.
- Quem foram os primeiros ocupantes do Pantanal?
- Por que é importante o conhecimento dos ritmos da natureza no Pantanal?
Brasil: vegetação original e área antropizada
O processo de colonização do território brasileiro teve início há mais de 500 anos e foi responsável por profundas alterações na vegetação original do país.
As diversas atividades que foram desenvolvidas de modo predatório, como algumas fórmas de agricultura e pecuária, além da mineração e da indústria, degradaram e reduziram a cobertura vegetal nativa.
Entre as ações de desmatamento, estão as atividades agropecuárias comerciais, praticadas em larga escala e com a remoção de grandes áreas de vegetação nativa. Também contribuem ainda hoje para a degradação das formações vegetais no Brasil a atividade industrial e a expansão das cidades.
O desmatamento impactou com diferentes níveis de intensidade as formações vegetais brasileiras. As áreas de Mata Atlântica, por exemplo, devastada no processo inicial de ocupação do território, correspondem atualmente a 12,4% da mata original. Os Campos e o Cerrado são, respectivamente, a segunda e a terceira formações vegetais mais devastadas do país, com apenas 18% e 34% dos remanescentes originais. A Caatinga e o Complexo do Pantanal são formações vegetais cujos índices de preservação estão acima dos 45%. Já a Floresta Amazônica, apesar da forte pressão exercida pela fronteira agropecuária, é a mais preservada, com 81,5% dos remanescentes originais.
BRASIL: RETRAÇÃO DA VEGETAÇÃO ORIGINAL (2016)
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• Considerando a ação antrópica, quais são as áreas brasileiras de maior retração da vegetação nativa?
Impactos ao meio ambiente
A retirada da cobertura vegetal original por meio de ações antrópicas gera diferentes impactos no meio ambiente. Entre os principais prejuízos ambientais, podemos destacar:
- Perda de abitá e redução da biodiversidade: O desmatamento elimina, muitas vezes de fórma irreversível, o abitá de muitas espécies de fauna e flora, provocando a extinção de formações vegetais e a perda de variabilidade genética, além de poder impactar atividades econômicas relacionadas ao setor de medicamentos e de cosméticos.
- Degradação dos solos e aumento da erosão: A cobertura vegetal tem a capacidade de proteger naturalmente os solos da ação dos agentes externos (por exemplo, a água das chuvas) e, consequentemente, dos processos erosivos. A vegetação preservada também favorece a infiltração da água nos poros do solo, abastecendo as reservas do lençol freático. Por outro lado, a intensificação da erosão após o desmatamento permite que os sedimentos sejam carregados em grande quantidade, promovendo a perda de camadas férteis, a abertura de crateras e outras fórmas de deterioração dos solos.
- Degradação de corpos dágua: A retirada da cobertura vegetal, em especial da mata ciliar, situada no entorno de rios, lagos e lagoas, torna esses corpos dágua mais suscetíveis ao assoreamento pelo acúmulo de sedimentos levados pela erosão.
- Alterações climáticas: A cobertura vegetal tem a capacidade de absorver energia solar e influenciar a umidade do ar, contribuindo para manter o equilíbrio atmosférico, podendo interferir no regime de chuvas e nas temperaturas médias de determinadas localidades.
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
- Pesquise o motivo por que, em comparação com a maioria dos países sul-americanos, o relevo brasileiro não apresenta grandes altitudes.
- Faça a leitura do mapa e, em seguida, responda ao que se pede.
AMÉRICA DO SUL: BRASIL
- Que países fazem fronteira com o Brasil?
- Na sua opinião, que vantagens o Brasil pode obter por fazer fronteira com diversos países?
- Qual é o tipo de vegetação que fórma áreas de pastagens naturais, sendo bastante explorado pela atividade pecuária? Em que estado brasileiro é mais comum esse tipo de vegetação?
- Com base na leitura do texto, indique a alternativa que melhor traduz as ideias apresentadas.
reticências A Região Nordeste caracteriza-se naturalmente como de alto potencial para evaporação da água em função da enorme disponibilidade de energia solar e altas temperaturas. Aumentos de temperatura associados à mudança de clima decorrente do aquecimento global, independente do que possa vir a ocorrer com as chuvas, já seriam suficientes para causar maior evaporação dos lagos, açudes e reservatórios e maior demanda evaporativa das plantas. Isto é, a menos que haja aumento de chuvas, a água se tornará um bem mais escasso, com sérias consequências para a sustentabilidade do desenvolvimento regional reticências.
MARENGO, José A. Possíveis impactos da mudança de clima no Nordeste. ComCiência, Campinas, 10 março. 2007. Disponível em: https://oeds.link/kVfkon. Acesso em: 22 fevereiro 2022.
- Caso não ocorra aumento na precipitação, elevações de temperatura associadas ao aquecimento global podem tornar o clima da Região Nordeste mais árido.
- Caso ocorra elevação na temperatura e na quantidade de chuvas, o clima da Região Nordeste tende a ficar mais árido em determinadas regiões.
- O clima da Região Nordeste não deve sofrer consequências em caso de uma elevação na temperatura, causada pelo aquecimento global.
- Caso ocorra aumento da precipitação na Região Nordeste, em função do aquecimento global, o clima deverá se tornar mais árido.
- Uma elevação na temperatura provocada pelo aquecimento global deve tornar o clima do Nordeste mais úmido, porque a evaporação tende a aumentar.
5. A Região Nordeste é muito procurada por turistas brasileiros e estrangeiros. As praias estão entre os principais destinos desses turistas, mas existem outros atrativos turísticos na região. Junte-se a um colega e façam uma pesquisa sobre esse tema. Depois, compartilhem as descobertas com os colegas.
CAPÍTULO 3 Meio ambiente, sustentabilidade e fontes de energia
Um dos principais desafios da atualidade é garantir o desenvolvimento sustentável, ou seja, um modelo de desenvolvimento global capaz de satisfazer as necessidades da população sem comprometer as necessidades das gerações futuras.
Para assegurar a sustentabilidade, é preciso combater a pobreza e reduzir drasticamente as desigualdades sociais, garantindo oportunidades iguais a todos, frear o crescimento do ritmo médio de consumo e buscar meios de reduzir os impactos do sistema produtivo.
Boa parte da população mundial atual consome muito mais do que necessita para sua sobrevivência, causando a redução dos recursos naturais do planeta. Ao mesmo tempo, a pobreza impede que parte significativa da população tenha acesso a bens e serviços básicos, como água tratada e alimentos.
Na Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em 1992, foi estabelecido que os países que mais emitiram gases de efeito estufaglossário ao longo da história devem reduzir essa emissão de fórma mais relevante do que os demais, colocando o conceito de sustentabilidade em destaque nos debates mundiais.
Megadiversidade
Os países que abrigam grande diversidade de espécies em seu território são denominados megadiversos. O Brasil é o primeiro colocado entre os 17 países mais ricos em biodiversidade do planeta. Observe quais são esses países no mapa a seguir.
PLANISFÉRIO: PAÍSES MEGADIVERSOS
A biodiversidade envolve toda a variedade de espécies de flora, fauna e microrganismos e a relação entre os organismos vivos.
Países localizados em áreas de climas quentes e úmidos, com vastas florestas e variedade de espécies, concentram a maior parcela dessa megadiversidade, embora enfrentem dificuldades para explorá-la de fórma sustentável. Isso ocorre, em parte, porque a maioria desses países, em desenvolvimento, possui menos recursos financeiros e tecnológicos do que os países mais ricos, além de apresentar grandes desigualdades sociais.
Para muitos países em desenvolvimento, um dos principais desafios é explorar comercialmente suas grandes áreas florestais de fórma sustentável.
Na contramão da sustentabilidade, há a biopirataria, uma atividade ilegal comum no Brasil e em outros países megadiversos. Trata-se da apropriação indevida de recursos biológicos e de conhecimentos tradicionais por grupos econômicos internacionais que desejam a rápida obtenção de lucro. São exemplos dessas atividades a exploração de plantas medicinais e aromáticas e o tráfico de animais silvestres.
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• Em que zona climática se localiza a maior parte dos países megadiversos? Por que isso ocorre?
A política e a legislação ambiental no Brasil
Em 1985 foi criado o Ministério do Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente, que, na década seguinte, deu origem ao atual Ministério do Meio Ambiente ( ême ême á).
Em 1989, foi criado o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ( ibâma), que tem a responsabilidade de executar ações das políticas nacionais de meio ambiente, conceder licenças ambientais e promover a fiscalização ambiental, entre outras competências. Em 2012, foi aprovado o Novo Código Florestal brasileiro, com o objetivo de aperfeiçoar os métodos de fiscalização das áreas de preservação permanente e de recursos legais.
As Unidades de Conservação
No Brasil, o governo criou as Unidades de Conservação:
“espaços territoriais, incluindo seus recursos ambientais, com características naturais relevantes, que têm a função de assegurar a representatividade de amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, abitás e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente”.
Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Unidades de Conservação. Disponível em: https://oeds.link/WTYE5T. Acesso em: 23 fevereiro 2022.
Unidades de Proteção Integral
Nas Unidades de Proteção Integral, o principal objetivo é manter a área praticamente intacta. Apresentam normas mais restritivas, não permitindo o consumo, a coleta ou qualquer tipo de intervenção nos recursos naturais. Dividem-se em:
- Estação Ecológica – área de preservação, com realização de pesquisas científicas e visitação com objetivo educacional.
- Reserva Biológica – área de preservação e recuperação dos ecossistemas alterados, permitindo apenas visitas com objetivo educacional.
- Parque Nacional – área de preservação e de beleza cênica, com realização de pesquisas científicas, atividades recreativas e educativas.
- Monumento Natural – área de preservação de lugares raros e de grande beleza cênica, com atividades de visitação.
- Refúgio da Vida Silvestre – área de preservação para a existência e a reprodução de espécies, com atividades de visitação.
Unidades de Uso Sustentável
Nas Unidades de Uso Sustentável, a conservação da natureza é conciliada com o uso sustentável dos recursos naturais, sendo permitidas algumas atividades e fórmas de ocupação. As categorias são:
- Área de Proteção Ambiental – área pública ou particular com proteção da biodiversidade e organização da ocupação humana.
- Área de Relevante Interesse Ecológico – área pública ou particular com preservação de ecossistemas e baixa ocupação humana.
- Floresta Nacional – área com floresta nativa que permite a permanência de população tradicional e a realização de visitas e pesquisas.
- Reserva Extrativista – área com população extrativista tradicional que permite visitação pública e realização de pesquisa científica.
- Reserva de Fauna – área natural que abriga animais nativos.
- Reserva de Desenvolvimento Sustentável – área natural com população tradicional que permite visitação pública e realização de pesquisa científica.
- Reserva Particular do Patrimônio Natural – área particular de conservação da biodiversidade na qual são permitidas atividades diversas.
BRASIL: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (2018)
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- Indique em quais formações vegetais há mais áreas protegidas.
- Com base no mapa, pesquise na internet sobre uma Unidade de Conservação existente no município onde você vive ou próximo a ele.
Mundo em escalas
Impactos ambientais da produção de carne bovina
Devido à sua elevada produção, o Brasil se destaca no mercado internacional de carne bovina. De acordo com os dados levantados em 2021, o país exportou naquele ano 2,57 milhões de toneladas, ocupando a primeira posição do ranking de exportação. Esse montante corresponde a cêrca de 20% da produção mundial.
2020 |
2021 |
|
---|---|---|
Brasil |
2,53 |
2,57 |
Austrália |
1,47 |
1,29 |
Índia |
1,28 |
1,55 |
Estados Unidos |
1,33 |
1,54 |
Argentina |
0,81 |
0,72 |
Outros |
3,10 |
3,37 |
Total |
11,23 |
11,72 |
Fonte: MAIORES exportadores mundiais de carne bovina de 2017 a 2022. Farmnews, 13 outubro. 2021. Seção Mercado.Disponível em: https://oeds.link/ziBtda. Acesso em: 23 fevereiro 2022.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde ( ó ême ésse), estima-se que o consumo excessivo de carne bovina pode aumentar o risco de contrair determinadas doenças. A ingestão diária desse tipo de alimento não só afeta a saúde, como prejudica a natureza: a produção local pode acarretar uma série de impactos ambientais de abrangência global. Leia o texto.
Existem quatro variáveis ambientais que limitam a produção de carne em escala global: a superfície ocupada pelas pastagens; a água consumida, tanto por parte dos animais como no processo de produção; os gases do efeito estufa provocados pela flatulência do gado – atualmente 14,5% do que é lançado na atmosfera, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura () –; e a energia necessária durante o processo. fáo reticências Será que o mundo come carne para além de suas possibilidades? reticências
lêon, Pablo. O mundo come carne além de suas possibilidades. El País, 29 outubro. 2015. Seção Ciência. Disponível em: https://oeds.link/sH7dd7. Acesso em: 23 fevereiro 2022.
- Por que a pecuária de córte estabelecida no Brasil provoca impactos ambientais em escala global? Como podemos contribuir para minimizá-los?
- Como a redução no consumo de carne bovina pode impactar nossa saúde?
Recursos estratégicos
O contrôle dos recursos naturais, especialmente os energéticos, é uma questão territorial estratégica. Cabe ao governo, por exemplo, regular a participação de empresas nacionais e estrangeiras na exploração desses recursos e estabelecer políticas que garantam o fornecimento de energia para a população e para o setor produtivo.
No decorrer do processo histórico de formação do território brasileiro, as obras de infraestrutura voltadas para a produção e a transmissão de energia foram fundamentais para integrar as áreas menos povoadas no interior do país às áreas de maior densidade demográfica e ocupação mais antiga, localizadas sobretudo na faixa próxima ao litoral.
Vamos conhecer como é feita a exploração dos recursos naturais brasileiros destinados à geração de energia.
Hidreletricidade
A geração de energia hidrelétrica está condicionada, principalmente, à quantidade disponível de água em um rio em determinado período e aos desníveis do relevo (os planaltos, por exemplo, são áreas mais favoráveis à construção de hidrelétricas do que as planícies). Esses fatores determinam o potencial hidráulico do rio, indicando a viabilidade da construção de uma usina hidrelétrica.
O Brasil apresenta extensas áreas planálticas cortadas por rios volumosos, fato que favorece a construção de hidrelétricas. A maior parte da oferta interna de energia elétrica no país é oriunda desse tipo de infraestrutura.
BRASIL: PERCENTUAL DE OFERTA INTERNA DE ENERGIA ELÉTRICA (2020-2021)
No final da primeira década do século vinte e um, o Brasil já havia se tornado o terceiro maior produtor mundial de energia hidrelétrica. Esse tipo de energia é considerado renovável, contribuindo para seu elevado índice de oferta. Apesar disso, a construção de hidrelétricas pode trazer prejuízos ao meio ambiente e à população que vive próximo aos rios represados.
Na década de 1970, Brasil e Paraguai assinaram o Tratado de Itaipu para o aproveitamento do potencial hidráulico do rio Paraná. No ano seguinte, os dois países iniciaram a construção da usina Itaipu Binacional, que foi inaugurada em 1982.
A energia produzida em Itaipu representa cêrca de 17% do consumo brasileiro e 75% do consumo paraguaio. No entanto, o Paraguai, cuja população é inferior à do município de São Paulo, utiliza menos de 10% da energia de Itaipu, vendendo o restante para o Brasil.
Impactos socioambientais das hidrelétricas
A produção de energia em usinas hidrelétricas não polui a atmosfera e traz benefícios à sociedade ao garantir o abastecimento para populações numerosas. Porém, a construção de hidrelétricas pode exigir a inundação de grandes áreas para a criação dos reservatórios de água, provocando diversos impactos socioambientais. Além de afetar a flora e a fauna locais, o alagamento das áreas represadas pode implicar o deslocamento da população que vive nas proximidades. Dessa fórma, cidades, vilarejos e áreas destinadas à produção agropecuária podem ficar submersas.
As obras de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte encontraram forte oposição de ambientalistas e comunidades indígenas desde o início de seu projeto, pois essa usina provoca impactos diretos nas populações indígenas que vivem próximo ao rio Xingu, no Pará.
• Os povos indígenas têm forte ligação com o meio em que vivem. De que maneira a construção de uma usina hidrelétrica pode afetar a vida desses povos?
Combustíveis fósseis
Os combustíveis fósseis (gás natural, carvão mineral e petróleo) são as fontes de energia mais utilizadas no mundo e estão entre os principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa.
Gás natural
A produção de gás natural tem crescido consideravelmente no Brasil. A previsão é de que, até o ano de 2024, o consumo desse recurso se expandirá em até 47%.
Observe a produção brasileira de gás no gráfico.
BRASIL: PRODUÇÃO DE GÁS NATURAL (2017-2021)
Além de ser menos agressivo ao meio ambiente quando comparado ao petróleo, o gás natural é bastante versátil, pois pode ser utilizado em residências, na indústria, no transporte e na produção de energia elétrica, por exemplo.
A importação de gás natural da Bolívia aumentou significativamente a oferta desse recurso energético no Brasil. Em 1999, entrou em operação o Gasoduto Bolívia-Brasil ( gásból), que abastece o Sudeste e o Sul do Brasil. Nos últimos anos, outros de menor extensão, porém de grande importância local e regional, têm sido inaugurados, como o Gasoduto Belo Jardim-Caruaru (em 2016), que abastece o agreste pernambucano, e o Gasoduto Ponta Grossa-Castro (em 2017), no Paraná.
Carvão mineral
O carvão mineral é a fonte de energia mais empregada na geração de eletricidade no mundo e um dos principais poluentes da atmosfera. Esse recurso também é utilizado em atividades industriais, como a produção de aço nas siderúrgicas.
O Brasil possui poucas reservas de carvão mineral, cêrca de apenas 0,1% do total mundial, e são de baixa qualidade. Nas proximidades das maiores jazidas carboníferas brasileiras, localizadas no sul do país, foram instaladas termelétricas a partir da década de 1960.
Petróleo
O petróleo é a principal fonte primária de energia no Brasil e no mundo. O querosene de aviação, a gasolina e o óleo diesel são combustíveis produzidos pelo refinamento do petróleo. No Brasil, o alto consumo interno decorre, principalmente, do predomínio do transporte rodoviário.
As opiniões sobre a exploração do petróleo no Brasil são divergentes: enquanto alguns afirmam que o país vai na contramão do desenvolvimento sustentável, outros defendem que essa exploração traz avanços para o setor industrial e cria postos de trabalho, alavancando o desenvolvimento econômico.
A exploração de petróleo pode ser feita em terra (onshore) ou no mar (offshore). No Brasil, as maiores reservas se encontram no mar, na área da plataforma continental. Atualmente, a maior exploração em território nacional é feita na Bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro.
Na Bacia de Santos, em 2008, foi anunciada a descoberta de grandes reservas de petróleo no pré-salglossário . Hoje, a produção de petróleo nessa área já supera a da região do pós-sal. Em 2020 o Brasil ocupava a 9ª posição no ranking mundial dos maiores produtores de petróleo.
Energia nuclear
A energia nuclear é produzida em usinas termonucleares pela fissãoglossário do átomo de urânio, elemento químico radioativo extraído de algumas rochas.
As usinas termonucleares podem atingir alta produção de energia sem a emissão de gases poluentes. Entretanto, apresentam uma série de desvantagens: sua implantação é cara, há geração de lixo nuclear (elementos radioativos descartados) e risco de acidentes nucleares.
Atualmente, encontram-se em operação no Brasil as usinas de Angra um e Angra dois (responsáveis pela produção de cêrcade 3% do total da energia nuclear do país). O início do funcionamento de Angra três está previsto para 2026. Todas essas usinas estão localizadas em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro.
Fontes alternativas
A crescente preocupação em relação aos impactos provocados pelo uso excessivo dos combustíveis fósseis, sobretudo petróleo e carvão mineral, tem impulsionado os investimentos em fontes alternativas de energia (como a energia eólica, a solar e a biomassa). No entanto, o uso dessas fontes ainda é restrito devido aos altos custos de produção, que as tornam menos competitivas do ponto de vista comercial.
Energia eólica
O Brasil possui condições naturais favoráveis à produção de energia eólica, pois no território brasileiro a velocidade dos ventos é duas vezes superior à média mundial. Entretanto, a energia produzida por uma central eólica custa entre 60% e 70% a mais do que a mesma quantidade gerada por uma usina hidrelétrica, o que reduz os investimentos em parques eólicos, embora eles apresentem as vantagens de utilizar uma fôrça inesgotável (a dos ventos) e de causar baixo impacto ambiental. No Brasil, a limitação na disponibilidade de fontes hídricas no Nordeste é responsável por alavancar essa modalidade de geração de energia.
Energia solar
Além de ser usada para aquecimento da água do chuveiro, a energia solar tem sido explorada para a produção de eletricidade. O Brasil apresenta condições favoráveis à captação da radiação solar, e o Nordeste é a região mais beneficiada nesse aspecto.
A energia solar é uma alternativa para levar eletricidade a milhões de domicílios localizados em áreas isoladas do território brasileiro, não contempladas pela rede de distribuição de energia elétrica.
Biomassa
A biomassa é um recurso renovável proveniente de matéria orgânica – de origem animal ou vegetal –, utilizado para a produção de energia elétrica e de combustíveis (os biocombustíveis).
Apesar de o recurso ser renovável, o uso indiscriminado de biomassa florestal para obtenção de madeira e carvão vegetal promove o desmatamento e compromete a biodiversidade.
Com a modernização do parque industrial, o Brasil reduziu o uso da lenha. No entanto, ainda há perdas consideráveis de vegetação nativa em regiões onde as carvoarias utilizam lenha como matéria-prima.
A cultura da cana-de-açúcar é muito importante para o aproveitamento da biomassa como combustível. A partir de 1975, com a implantação do Programa Nacional do Álcool ( proálcol), a cana passou a ser também destinada à produção de etanol (álcool combustível). A iniciativa do governo brasileiro de produzir uma alternativa à gasolina foi, em grande parte, influenciada por crises mundiais do petróleo ocorridas na década de 1970.
Espécies vegetais, como o milho, a beterraba açucareira e o trigo, também podem servir de matéria-prima para a produção de biocombustíveis. O chamado biôdízel, alternativa ao óleo dieselderivado do petróleo, é produzido com plantas como a mamona, o dendê, o milho, a soja e o girassol, entre outras.
BRASIL: PRODUÇÃO DE biôdízel POR REGIÃO (2020)
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
- Por que a biopirataria deve ser combatida pelo governo brasileiro?
- De que maneira o desmatamento de extensas áreas de vegetação nativa representa ameaça ao patrimônio ambiental brasileiro?
- Que aspectos do quadro físico e territorial são comuns ao grupo de países megadiversos?
- Imagine que gostaríamos de preservar determinada área florestal para a manutenção e a reprodução de espécies silvestres, permitindo acesso a ela apenas para fins de pesquisa. Em qual grupo de Unidade de Conservação essa área deveria ser incluída?
- Analise a charge e responda à questão.
• De que problema ambiental a charge trata e quais são suas causas?
6. Leia o texto.
reticências Podemos resumir assim de fórma sintética as causas genéricas que levaram à aceleração da degradação ambiental a partir dos anos de 1960 no Brasil:
• As teorias econômicas dos anos 1950 que preconizavam a maximização do benefício monetário, sem preocupação com a renovação dos recursos.
• O predomínio do interesse privado de curto prazo sobre o interesse público de longo prazo.
• A planificação e a gestão fragmentária e setorial dos recursos naturais sem levar em conta suas interações com todos os níveis: ecológico, social e econômico.
• A não inclusão do homem no ecossistema reticências.
CONTI, José B.; FURLAN, Sueli A. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: Rós Jurandir L. Sanches ( Organização.). Geografia do Brasil. quinta edição. São Paulo: êduspi, 2005. página. 200.
- Com base no texto e no conteúdo apresentado, copie a alternativa correta em seu caderno.
- As interações entre os níveis ecológico, social e econômico no Brasil não foram levadas em conta no planejamento e na gestão dos recursos naturais do território.
- No Brasil, as teorias dos anos 1950 se preocuparam mais com a questão ambiental do que com os ganhos econômicos.
- Os governos não desenvolveram nenhuma ação concreta para evitar perdas ambientais no Brasil.
- Houve participação intensa da população nos debates sobre as questões ambientais no Brasil.
7. Faça a leitura do gráfico e da notícia.
DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA: MEDIÇÃO ANUAL (1988-2019)
O desmatamento na Amazônia atingiu em abril [de 2021] o pior índice para o mês já registrado na série histórica desde 2015, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais ( ínpi). Os alertas abrangeram uma área de 580,55 quilômetros quadrados, equivalente a 58 mil campos de futebol, conforme medições do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real ( detér).
NIKLAS, Jan; GRANDELLE, Renato. Desmatamento recorde na Amazônia: 2021 teve pior abril da série histórica, mostra ínpi. O Globo, Rio de Janeiro, 7 maio 2021. Disponível em: https://oeds.link/Rr6EIt. Acesso em: 23 fevereiro 2022.
- Ao comparar as informações, é correto dizer que apresentam dados positivos em relação ao meio ambiente? Justifique.
- Quais medidas podem ser tomadas para combater o problema?
8. Leia o trecho da reportagem e, depois, responda ao que se pede.
Segundo um estudo divulgado pela dáblio dáblio éfe Brasil em novembro de 2016, Brasília é uma das cidades com maior potencial no país para produção de energia solar. Enquanto o Brasil já apresenta uma irradiação mínima maior do que a de países que investem pesado na tecnologia (Japão, Inglaterra e Alemanha, por exemplo), o Distrito Federal desponta acima da média nacional em poder de captação. De acordo com a pesquisa, se apenas 0,41% da área da cidade fosse coberta com módulos fotovoltaicos, a energia produzida seria suficiente para alimentar a cidade inteira.
CONTAIFER, Juliana. Embaixada da Suíça instala 700 metros quadrados de placas de energia solar no Distrito Federal. Metrópoles, Brasília, Distrito Federal, 5 agosto. 2017. Seção Vida e Estilo. Disponível em: https://oeds.link/LVlCTv. Acesso em: 23 fevereiro 2022.
- A reportagem faz referência a qual tipo de produção de energia?
- Com base em seus conhecimentos, cite dois pontos favoráveis à instalação desse tipo de infraestrutura na cidade citada.
9. Forme grupo com cinco colegas e façam uma pesquisa sobre as Unidades de Conservação existentes no município ou na unidade federativa onde vocês vivem. Depois, respondam: qual é a importância delas? Compartilhem as descobertas com os outros grupos.
Ser no mundo
Valorização do lugar por meio dos saberes dos habitantes
Leia os trechos das reportagens a seguir. Elas demonstram a importância da cultura, das práticas e dos saberes das comunidades quilombolas e indígenas. Esse tipo de informação contribui para o reconhecimento das territorialidades desses povos e para a compreensão de tais manifestações como patrimônio histórico-cultural do Brasil.
A interação histórica entre os negros e indígenas no Brasil deu origem a modos singulares de ver o mundo, enriquecidos com elementos das duas culturas. Isso pode ser visto em uma antiga comunidade rural do município de Carnaubeira da Penha, no sertão de Pernambuco, intitulada Tiririca dos Crioulos. Um pouco da diversidade cultural dessa localidade pode ser visto na exposição Tiririca dos Crioulos: pessoas fortes na luta reticências.
reticências Durante três anos, foi realizado um levantamento dos bens patrimoniais da comunidade quilombo-indígena e os moradores passaram a registrar as memórias de suas vivências neste lugar. A isso, foram adicionados e levados para a mostra objetos e registros de lugares marcantes para eles, como a primeira casa de alvenaria do quilombo, além da primeira máquina de costura, desenhos feitos pelas crianças, vídeos, antigos ferros de passar roupa a carvão e peças de vestuário, como saias de caroá usadas nos rituais do toré e da gira.
A coleta desses objetos também dá aos habitantes de Tiririca dos Crioulos uma sensação de pertencimento e orgulho da própria identidade, mesmo com variadas ameaças à existência desse lugar. reticências
MUSEU da Abolição recebe mostra sobre comunidade quilombo-indígena do Sertão. Diário de Pernambuco, Recife, 5 . 2017. Seção Viver. Disponível em: agosto https://oeds.link/zKI18h. Acesso em: 23 fevereiro 2022.
A tradição dos mutirões está retomando lentamente seu lugar na vida das comunidades do Vale do Ribeira. Depois do mutirão da colheita de arroz no quilombo Morro sêco, em maio de 2015, o pessoal de Pedro Cubas decidiu organizar um, este ano, para a colheita do arroz e convidar amigos e vizinhos. reticências
Atividades de trabalho coletivo como os mutirões ou puxirões, como são conhecidos regionalmente, desempenham papel fundamental para a vitalidade da agricultura quilombola, promovendo a transmissão do conhecimento, a celebração da colheita e mantendo as práticas do Sistema Agrícola Quilombola. reticências
Suzana Maria Pereira, do quilombo Morro sêco, em Iguape, destaca o lado companheiro e fraterno do mutirão. “Esse resgate é uma experiência incrível, além de você ter uma fôrça maior, onde todos juntos rapidamente conseguem executar um trabalho que uma pessoa sozinha executaria em uma semana, quinze dias ou mais. Isso é de uma importância muito grande, porque a gente vê o lado fraternal que o povo quilombola tem um com o outro”.
NASCIMENTO, Juliano Silva do. 40 anos depois, o quilombo de Pedro Cubas resgata o tradicional mutirão. Instituto Socioambiental, São Paulo, 5 . 2017. Disponível em: junho https://oeds.link/HyiCqK. Acesso em: 23 fevereiro 2022.
- Faça uma pesquisa (na internet, em bibliotecas ou com familiares e moradores) e descubra algumas das referências culturais históricas do lugar onde você vive. Se possível, troque informações com os demais colegas sobre o que eles encontraram.
- Qual é a importância dos mutirões para as comunidades quilombolas?
- Qual é a importância da valorização das referências culturais dessas comunidades?
- Quais são os principais obstáculos enfrentados por comunidades quilombolas e indígenas para conseguirem o reconhecimento de suas territorialidades?
CAPÍTULO 4 Formação e regionalização do território brasileiro
A formação do extenso território brasileiro é consequência de um longo processo de expansão, resultante do contato entre povos locais e colonizadores europeus.
Ao estudar esse processo, devemos lembrar que os colonizadores portugueses foram se apropriando das terras que hoje constituem o Brasil e conquistando a área onde viviam cêrca de 4 milhões de pessoas distribuídas entre mais de mil povos diferentes: os indígenas.
Observe, no mapa, a distribuição dos povos indígenas no período de chegada dos europeus.
BRASIL: PRINCIPAIS POVOS INDÍGENAS (1500)
Formação do território
Em fins do século quinze, portugueses e espanhóis, entre outros povos europeus, lançavam-se em busca de novas terras para colonização. Chegaram às terras atualmente chamadas de América, onde estabeleceram tratados para dividir o território. Mais tarde, as terras ocupadas pelos portugueses formariam o Brasil.
Como os portugueses não conheciam o território que colonizariam, as fronteiras ainda não estavam muito bem definidas. Para garantir o poder sobre as terras ocupadas, explorá-las e protegê-las da invasão de outros povos, como franceses, holandeses e espanhóis, em 1534 a Coroa portuguesa dividiu o território em capitanias hereditárias, lotes de terras entregues pelo rei de Portugal à administração de nobres ou funcionários de sua confiança.
Expansão territorial
O território inicialmente dominado pelos portugueses expandiu-se significativamente, ultrapassando a linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, que tinha delimitado as terras que cabiam aos espanhóis (a oeste) e aos portugueses (a leste). Muitos fatores contribuíram para a ocupação e a expansão do território desde então, entre os quais as bandeiras, incursões dos bandeirantes ao interior da colônia para aprisionar indígenas (que seriam escravizados) e buscar metais preciosos (ouro e prata), nos séculos dezesseis e dezessete.
BRASIL: FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO (SÉCULOS dezesseis A vinte)
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• De modo geral, a partir de onde se deu a ocupação territorial do Brasil?
Exploração econômica do território
A exploração econômica do território teve grande importância para a ocupação realizada pelos colonizadores.
Nas primeiras décadas de colonização das terras sul-americanas, os colonos portugueses não encontraram metais preciosos; assim, começaram a explorar o pau-brasil ao longo do litoral para comercializá-lo na Europa.
No século dezesseis, além da exploração do pau-brasil, a produção de cana-de-açúcar, principalmente no nordeste do território, começou a ganhar importância. Nesse período, a ocupação colonial se concentrava no litoral.
A partir do século dezessete, a expansão da colônia acompanhou o crescimento das principais atividades econômicas: a produção de cana-de-açúcar em algumas áreas do sudeste; a pecuária, em direção ao interior; e a busca pelas drogas do sertão – guaraná, urucum, cravo, canela, salsa, entre outras – na Amazônia.
A expansão da pecuária pelo território e a exploração de ouro e diamantes foram as principais atividades que favoreceram o domínio das terras a oeste, já no século dezoito. No ano de 1750, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, delimitando fronteiras bastante semelhantes às atuais. Esse tratado levou em conta o princípio da posse de terras, de modo que as terras ocupadas por Portugal passaram a lhe pertencer.
No século dezenove, desenvolvia-se no território um conjunto de atividades econômicas importantes, como a produção de café no sudeste, de cacau e de algodão no nordeste e de borracha na Amazônia. Com a formação da nação após a independência, essas atividades ampliaram o território do Brasil.
Ao longo do século dezenove e início do vinte, os limites do território brasileiro consolidaram-se.
BRASIL: EXPLORAÇÃO ECONÔMICA (SÉCULO dezenove)
Regionalização
Cada uma das partes de um território tem necessidades distintas quanto a sua gestão, pois as atividades exercidas em cada uma delas dependem de infraestruturas e investimentos diferentes. O mesmo ocorre com a população que habita esses lugares – ela também depende de uma atuação atenta dos gestores para ter suas distintas necessidades atendidas.
Para aperfeiçoar a gestão do território, é possível regionalizá-lo de acordo com determinado ou determinados critério ou critérios , isto é, delimitar áreas que reúnem características semelhantes em relação ao critério adotado. Cada uma dessas áreas é denominada região.
Os critérios que definem a regionalização podem ser escolhidos de acordo com os objetivos ou os interesses de quem a propõe. Podem ser naturais, históricos, culturais, políticos, sociais, econômicos ou, ainda, uma composição de vários desses aspectos.
Proposta de regionalização brasileira
Historicamente, os governos recorrem a divisões territoriais para administrar o território de modo mais eficiente. No caso brasileiro, há pesquisadores que desenvolvem regionalizações, contribuindo para aprofundar os conhecimentos sobre o território e sua administração. Os geógrafos Milton Santos e María Laura Silveira, por exemplo, com base em vários anos de pesquisa, sugeriram uma divisão do país em “quatro Brasis”.
A divisão proposta por esses geógrafos considerou o desenvolvimento técnico de uma região em relação às outras, levando em conta a urbanização, o emprego da ciência na agricultura e na indústria, a presença de centros de pesquisa, a quantidade de ferrovias e rodovias para escoar a produção de bens, a intensidade da ação humana sobre a natureza etcétera. Por exemplo, na Região Concentrada, o investimento em desenvolvimento científico e tecnológico, aplicado em agricultura, indústria e serviços, é maior que nas demais regiões.
BRASIL: REGIONALIZAÇÃO SEGUNDO MILTON SANTOS E MARÍA LAURA SILVEIRA (2002)
Regionalização brasileira oficial
A regionalização é usada para descentralizar a administração e, dessa fórma, planejar melhor as ações governamentais, e ainda para coletar dados e realizar estudos sobre determinado território.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( í bê gê É) já realizou algumas regionalizações do território brasileiro (a mais recente é de 1990).
A regionalização oficial do Brasil divide o território em cinco grandes regiões, também chamadas macrorregiões.
É importante lembrar que as regiões se relacionam entre si e não devem ser consideradas unidades isoladas.
BRASIL: MACRORREGIÕES
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• A unidade da federação onde você mora pertence a qual das macrorregiões?
Para essa divisão, o í bê gê É agrupou os estados segundo uma combinação de aspectos naturais, sociais e econômicos.
Note que os limites das regiões coincidem com os limites dos estados. Isso visa facilitar os estudos estatísticos e a destinação de verbas governamentais para o desenvolvimento de projetos regionais específicos.
As regionalizações do í bê gê É
A primeira regionalização oficial do Brasil, elaborada pelo í bê gê É e estabelecida em 1942, delimitava as regiões de acordo com a localização e com suas características naturais. Ela foi modificada em anos posteriores por causa de alterações na configuração territorial do país, pois foram criados e extintos territórios federais.
Em 1970, tomando-se como base a localização e critérios naturais e econômicos, foi divulgada uma nova divisão oficial, com regiões que se assemelham às que conhecemos hoje. Depois, algumas regiões sofreram modificações por causa de alterações na divisão política do país: união dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro (1974), formando o atual estado do Rio de Janeiro; criação dos estados de Mato Grosso do Sul (1977) e do Tocantins (1988); elevação dos territórios federais de Rondônia (1981), Amapá e Roraima (1988) à categoria de estado; anexação do território de Fernando de Noronha ao estado de Pernambuco (1988).
Os complexos regionais
Além da regionalização oficial do í bê gê É, outra bastante conhecida é a que divide o território brasileiro em complexos regionais ou regiões geoeconômicas: o Nordeste, a Amazônia e o Centro-Sul.
Essa regionalização do Brasil considera as características históricas e econômicas diferenciadas entre as regiões, sem se ater às delimitações das fronteiras políticas interestaduais. Observe o mapa.
BRASIL: COMPLEXOS REGIONAIS
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• Identifique em qual ou em quais complexos regionais a unidade da federação em que você vive está situada.
O Nordeste
Desde o início da colonização do território brasileiro, no século dezesseis, até meados do século dezoito, o Nordeste foi a região mais rica do país. A partir desse período, houve uma redução do pêso político e econômico da região no país.
O maior símbolo desse processo foi a transferência da capital da colônia, em 1763, de Salvador para o Rio de Janeiro. Economicamente, a produção de açúcar entrou em declínio, o que fez com que o Nordeste perdesse sua principal fonte de produção de riqueza. Como consequência, muitas pessoas passaram a migrar para outras regiões em busca de melhores condições de vida. Associados a isso, observamos, ao longo dos séculos, investimentos pouco diversificados e baixa disponibilidade hídrica, agravando mais esse cenário.
Apesar de apresentar indicadores sociais ainda insatisfatórios, é necessário desmistificar imagens historicamente construídas, principalmente pela mídia, do Nordeste como um espaço sêco, pobre e de repulsão populacional.
O Nordeste é um complexo regional cujo crescimento se destaca no atual cenário econômico, especialmente no que se refere ao desenvolvimento industrial e ao setor turístico, impulsionado por investidores brasileiros e estrangeiros que constroem rressórts e redes hoteleiras em áreas litorâneas.
A Amazônia
Considerando o povoamento do território desde a colonização europeia, a Amazônia teve uma ocupação bastante tardia em comparação às demais regiões.
A partir da década de 1960, os governos implantaram diversos projetos na região – por exemplo, a instalação de empresas agropecuárias e de mineração, incentivando a ocupação e a integração da Amazônia à economia nacional. Também foi criada a Zona Franca de Manaus, na capital do estado do Amazonas, onde se desenvolveu um polo industrial produtor de bens de consumo duráveisglossário , principalmente eletroeletrônicos.
Grande parte do aproveitamento econômico da Amazônia e da expansão de sua ocupação provocou a devastação de grandes extensões de floresta, ignorando ou degradando o modo de vida dos povos indígenas, ribeirinhosglossário e seringueiros, os chamados povos da floresta.
O Centro-Sul
O Centro-Sul é um complexo regional de grande pêso político e econômico no Brasil. Nele estão situadas a capital federal (Brasília) e as duas maiores metrópoles do país: São Paulo e Rio de Janeiro.
Esse complexo regional também reúne a maior parte da população e da produção industrial e agropecuária, além dos principais portos e aeroportos, bem como as sédes de importantes empresas e variado setor de serviços.
Apesar do desenvolvimento, há muitos problemas urbanos, como a violência e condições precárias de moradia, que atingem parte significativa da população.
Políticas regionais no Brasil
Com o objetivo de diminuir as desigualdades socioeconômicas entre as regiões brasileiras e estimular o desenvolvimento regional, foram criadas instituições governamentais, chamadas de agências de desenvolvimento regional.
Entre essas agências, destacam-se a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste ( sudêne), a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia ( sudã), a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba ( codevasfi), o Departamento Nacional de Obras contra as sêcas ( dênóquis) e a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste ( sudéco).
BRASIL: PRINCIPAIS AGÊNCIAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
- Sobre a formação do território brasileiro, responda:
- Quais povos já habitavam as terras que hoje são o Brasil antes da chegada dos colonizadores portugueses?
- Como o governo português dividiu o território para organizar sua exploração?
- Com base nos mapas deste Capítulo, identifique as principais atividades econômicas desenvolvidas no território brasileiro e suas respectivas áreas de ocorrência:
- no século dezesseis.
- no século dezessete.
- no século dezoito.
- no século dezenove.
- Leia o texto e, depois, responda à questão proposta.
A história do povoamento indígena no Brasil é, antes de tudo, uma história de despovoamento reticências eis o primeiro grande traço da história indígena no Brasil, como de resto ocorreu nas Américas em proporções gigantescas. reticências
VAINFAS, Ronaldo. História indígena: 500 anos de despovoamento. In: : INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: , 2007. í bê gê É37. página
• Por que o trecho afirma que a história do povoamento indígena no Brasil é uma história de despovoamento? Você concorda com essa afirmação?
- Responda:
- O que significa regionalizar?
- O que é região?
- Qual é a finalidade de regionalizar o território?
- Com base na regionalização brasileira proposta por Milton Santos e María Laura Silveira, indique qual é a região descrita em cada item:
- É caracterizada pela concentração da ciência, da técnica e da informação. Trata-se da área mais desenvolvida economicamente do território nacional.
- É uma área de ocupação periférica recente, que se destaca pela agricultura moderna, mecanizada e com intensa utilização de insumos agrícolas (fertilizantes, adubos químicos, agrotóxicos etcétera.).
- É caracterizada pelo povoamento antigo, com precária circulação de pessoas, produtos e informações. Trata-se da região com mais problemas sociais no Brasil.
- O processo de ocupação é recente, e o desmatamento da extensa cobertura vegetal é caracterizado como um dos principais problemas dessa região.
- Leia o texto e responda à questão proposta.
Povoar ou perder
Franceses e espanhóis enchiam suas embarcações de pau-brasil, jacarandá e outras madeiras de lei, além de pimentas-de-cheiro, animais de boa pele, papagaios, araras, macacos e, até mesmo, de índios!
Estava na hora de o reino de Portugal tomar uma atitude: povoar ou perder as terras do Brasil.
Só havia uma maneira de garantir a fixação das pessoas à terra: plantar.
RODRIGUES, Rosicler Martins. Cidades brasileiras: o passado e o presente. São Paulo: Moderna, 1992. página 18.
• Quais foram as medidas políticas e econômicas implementadas por Portugal para garantir a posse das terras ocupadas na América?
- É possível utilizar diversos critérios para elaborar uma regionalização ou há apenas um critério válido? Justifique sua resposta e dê exemplos.
- Sobre as macrorregiões brasileiras, responda:
- Na atualidade, o Brasil está dividido em quantas macrorregiões? Quais são elas?
- Em qual macrorregião você mora? Que características específicas dessa região estão relacionadas ao seu modo de vida?
Para refletir
Os meios de comunicação veiculam imagens estereotipadas do semiárido nordestino?
Leia com atenção os trechos de reportagens reproduzidos nesta seção e observe as fotografias.
Texto 1
A gente almoça no meio da tarde para comer uma vez só
– Quando crescer quero ser doutor – diz o franzino Marcos Antônio, que cursa a quarta série do Ensino Fundamental.
O menino está ao lado do primo Tiago Paiva Chaves de Souza, de 11 anos, que trabalha para os pais, donos das cabeças de gado. Os dois acordam todos os dias às cinco horas para pastorear. Por enquanto, trabalho não falta, mas é possível que no futuro eles sejam obrigados a buscá-lo em outro lugar. O próprio Tiago tem oito irmãos que migraram para cidades como Rio [de Janeiro] e São Paulo.
reticências Apesar da existência de açudes na região, como o de Araras, o clima semiárido limita o trabalho nas áreas rurais à pecuária e à agricultura de subsistência (basicamente milho, feijão e mandioca).
O GLOBO. 90 anos: noventa reportagens. Rio de Janeiro: Infoglobo, 2015. Livro digital.
1. Como é retratado o semiárido nordestino no texto 1 e na fotografia apresentada? Como essa característica influencia a população que vive na região?
Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.
Transcrição do áudio
A disseminação de estereótipos sobre as regiões brasileiras
[Locutora]:
[Tom de apresentação]
Os estereótipos são impressões alimentadas por conceitos preconcebidos sobre algo, mas que não representam a própria realidade do que se define.
[Locutora]: Quando se trata de um lugar, os estereótipos distorcem a compreensão sobre a sua paisagem e sobre as pessoas que vivem ali.
[Locutora]: O Brasil apresenta grande diversidade de paisagens e populações, mas muitos meios de comunicação reforçam imagens limitadas ou equivocadas sobre as regiões brasileiras.
[Locutora]: Para falar mais sobre o assunto, entrevistamos Pablo Ortellado, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo.
[Locutora]: [Tom de convite] Vamos ouvi-lo?
[Entrevistado]: [Tom de explicação] Os estereótipos e os preconceitos normalmente são uma ou duas coisas. Ou elas são reduções, da qual se pega uma pequena característica e se generaliza para uma realidade mais complexa. Ou uma distorção. Ou uma combinação de redução com distorção.
[Entrevistado]: Então, quando a gente vê os estereótipos que são utilizados para descrever regiões brasileiras, às vezes a gente vê reduções e às vezes a gente vê distorções.
[Entrevistado]: Por exemplo, a gente olha para o Nordeste e a gente caracteriza ou representa o Nordeste por meio do Sertão. O Sertão é um [Tom enfático] pedaço do Nordeste, um pedaço que recebe muita atenção, porque tem seca, porque tem muita pobreza.
[Entrevistado]: Às vezes, a gente combina essa redução com uma distorção, na qual, por exemplo, a gente diz que a pobreza é causada por falta de trabalho, porque as pessoas são preguiçosas, porque as pessoas não se empenham.
[Entrevistado]: [Tom de explicação] Isso é uma distorção, porque o fenômeno da pobreza está muito ligado à falta de recursos educacionais, à falta de acesso à empregos qualificados, que são muito mal distribuídos pelo país.
[Entrevistado]: Então, muitas vezes, esse fenômeno dos estereótipos é uma combinação de redução, na qual eu pego uma determinada característica, que é pequena, e transponho para o conjunto da região. A Região Nordeste não é o Sertão.
[Entrevistado]: [Tom enfático] A gente termina reduzindo aquela diversidade, que é sertão, que é praia, que é região metropolitana, a uma só delas e, às vezes, combina isso com uma distorção.
[Pequena pausa]
[Entrevistado]: Os estereótipos estão disseminados por toda a sociedade. As pessoas usam dessas reduções e dessas distorções para simplificar o nosso entendimento do mundo.
[Entrevistado]: Mas esses estereótipos passam a ter grandes efeitos quando eles são veiculados pelos meios de comunicação de massa, quando eles aparecem na televisão, em um filme, nos jornais, porque daí eles terminam informando as pessoas, fazendo com que as pessoas assimilem esse processo de redução de uma característica, pequena, tomando essa parte pelo todo.
[Entrevistado]: Isso acontece por exemplo quando as novelas caracterizam uma região por um aspecto que nem sempre é o mais relevante.
[Entrevistado]: [Tom de exemplificação] Então, a gente vai tratar, por exemplo, a Região Norte, que tem uma região de floresta [Tom enfático] muito grande, que de fato é muito importante, e passa a representar a Região Norte como a Amazônia.
[Entrevistado]: Quanto à Região Norte, embora ela tenha também a Amazônia, ela tem uma das regiões industriais mais importantes do país, que é Manaus, que é uma região muito urbana. Um dos grandes centros urbanos do país.
[Entrevistado]: E, quando a gente olha para esse estereótipo, e pensa a Região Norte como floresta, a gente esquece da região metropolitana. Às vezes esses estereótipos também são utilizados porque facilitam. Eles são um ponto de apoio para construção de narrativas dramáticas.
[Entrevistado]: Então, as novelas usam os estereótipos para facilitar o entendimento, e elas exploram esses estereótipos.
[Entrevistado]: Então, a gente vai ver muitas novelas sobre o sertão do Nordeste. Muitas novelas caracterizando Minas pelo interior.
[Entrevistado]: E elas terminam consolidando e reforçando esse processo de formação de estereótipos, esse processo de redução, e muitas vezes de redução associada com distorção.
[Entrevistado]: Quando a gente não só reduz uma diversidade para uma só característica, mas a gente ainda interpreta essa característica como que tenha sido autoinfligida, então, que a pobreza é fruto da falta de trabalho, ou, então, uma cultura rural muito forte é falta de desenvolvimento econômico e coisas assim.
[Pequena pausa]
[Entrevistado]: Sempre que a gente escuta uma representação de uma determinada região, a gente tem que pensar que é um retrato, que alguém construiu esse retrato. E normalmente ele pegou um pedaço, até porque construir um retrato completo é muito complexo.
[Entrevistado]: Então, eu acho que a principal atitude que um estudante pode ter quando ele recebe a representação de uma região que ele não conhece, que ele não conhece a sua diversidade, é estar alerta de que quem está representando está apresentando só um pedacinho e que não deve tomar esse pedacinho pelo todo.
[Entrevistado]: Às vezes, essas representações são econômicas, dizem respeito à pobreza. Às vezes essas representações dizem respeito a características culturais.
[Entrevistado]: [Tom de exemplificação] Então, a gente pega uma região como a região de Goiás, que é muito apresentada por uma cultura sertaneja, com grandes cantores sertanejos que vem de lá, mas ela também tem uma cultura urbana muito forte. Ela tem companhias de dança contemporânea muito fortes, um circuito de rock muito forte.
[Entrevistado]: Então, quando a gente vê a representação daquela região como uma região rural, voltada para o agronegócio, com uma cultura sertaneja muito forte, a gente tem que entender que às vezes aquilo pode até ser verdade, mas há outras coisas que não estão presentes nessa representação.
[Entrevistado]: [Tom de exemplificação] Da mesma maneira, como a realidade na qual o próprio estudante vive. Às vezes, ele vive em uma cidade que aparece no noticiário, ou aparece na novela, representada só uma partezinha.
[Entrevistado]: Do mesmo jeito que ele sabe que essa realidade é mais complexa, porque ele vive nessa realidade, ele deve imaginar que a representação de outras regiões que ele não conhece também passaram por esse processo aí de redução.
Agora leia a reportagem a seguir.
Texto 2
Potencialidades da vegetação da Caatinga
reticências É possível que o pouco conhecimento que temos de nossa flora deva ser decorrente do “preconceito” histórico de que ambientes não florestais não sejam ricos em biodiversidade e apresentam pouco potencial econômico. Felizmente, tal pensamento vem mudando nas últimas décadas, pois estão sendo realizados mais estudos reticências, os quais mostram diversas utilidades de maneira sustentável para a vegetação da Caatinga.
Exemplos dessas utilidades seriam as plantas medicinais; as forrageiras, que são utilizadas para alimentação animal; frutíferas, as quais fornecem frutos com sabores apreciados por muitos e que são transformados nos mais diversos alimentos; fontes de óleo, cera e fibra reticências.
LEMOS, Viviane O. T.; OLIVEIRA, Nádia O.; CHAVES, Bruno E. Potencialidades da vegetação da Caatinga. O Estado, Fortaleza, 29 dezembro. 2015. Caderno O Estado Verde. Disponível em: https://oeds.link/siCKTU. Acesso em: 23 fevereiro 2022.
2. Quando comparada ao primeiro texto, o texto 2 apresenta uma visão diferente do semiárido nordestino? Isso pode indicar que os meios de comunicação, eventualmente, acabam por divulgar, mesmo que de fórma não deliberada, uma imagem estereotipada da região? Justifique.
Glossário
- Endêmico
- Que se desenvolve exclusivamente em determinada região.
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- Remanescente
- Restante.
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- Efeito estufa
- Retenção de parte do calor irradiado pela superfície terrestre nas camadas inferiores da atmosfera por causa da presença de dióxido de carbono, vapor de água e outros gases. O efeito estufa é um fenômeno natural que mantém a temperatura do ar em condições adequadas à manutenção da vida no planeta.
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- Pré-sal
- Camada situada abaixo da camada de sal, podendo chegar a 7 mil metros de profundidade desde a superfície do mar. Essas reservas se estendem do litoral de Santa Catarina ao do Espírito Santo.
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- Fissão
- Quebra do núcleo do átomo que resulta na liberação de grande quantidade de energia.
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- Bem de consumo durável
- Produto com vida útil relativamente duradoura, podendo ser utilizado por alguns anos, como automóveis, televisores, geladeiras e roupas.
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- Ribeirinho
- Pessoa que vive às margens de rios, onde desenvolve atividades econômicas e sociais e estabelece contato com outros grupos.
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