UNIDADE três  Brasil: industrialização, urbanização e espaço rural

Fotografia. Vista de uma extensa área com dois grandes galpões em estrutura metálica e tanques de armazenamento circulares ao fundo. Do lado direito, há construções de alvenaria na cor verde e uma instalação metálica que parece ser para transmissão de eletricidade. Do lado esquerdo, um galpão grande de alvenaria verde, tanques circulares de armazenamento e uma chaminé que libera fumaça. No primeiro plano, ao centro, um terreno vazio com solo marrom exposto. A área é atravessada por algumas vias principais asfaltadas. Ao fundo, vasta planície com vegetação densa alternada com áreas desmatadas.
Vista de área de agroindústria no município de Porto Nacional, Tocantins (2021).
Fotografia. Várias pessoas estão de pé, lado a lado, embaixo de uma estrutura de concreto cinza que serve como cobertura. As pessoas estão paradas; algumas conversam entre si, outras olham na direção da rua e duas estão com fones de ouvido. Nessa plataforma, há uma placa com os números 213 e 233.
Pessoas aguardam ônibus em terminal da cidade de Londrina, Paraná (2019).

No ano de 2017, o í bê gê É divulgou uma nova proposta de classificação do Brasil, na qual o país passou a apresentar uma taxa de urbanização menor do que nos anos anteriores. Conforme essa classificação, naquele ano cêrca de 76% da população brasileira vivia no meio urbano.

Esse elevado grau de urbanização está diretamente relacionado ao processo de industrialização do Brasil, que atraiu para as cidades pessoas em busca de melhores oportunidades de vida, principalmente pela oferta de empregos nos setores industrial e de serviços. Entretanto, as políticas públicas não se organizaram para esse grande crescimento populacional, o que comprometeu a qualidade de vida em muitas cidades, especialmente nas metrópoles.

Você mora na zona rural ou urbana de seu município? Como você classifica a qualidade de vida nesse lugar? Há carência de serviços ou de infraestrutura?

Você verá nesta Unidade:

Processos de urbanização e industrialização no Brasil

Processos de concentração e desconcentração industrial

Rede urbana

Regiões metropolitanas brasileiras

Problemas urbanos

Organização do espaço rural

Movimentos sociais do campo

Fronteiras agrícolas e agronegócio

Terras Indígenas

Agricultura familiar

CAPÍTULO 8  Industrialização e urbanização brasileira

Até o século dezenove, a atividade industrial não era muito significativa no Brasil. No fim daquele século, o café era o principal produto da economia nacional.

De 1830 a 1929, a expansão da atividade cafeeira assumiu importância crescente no desenvolvimento industrial, especialmente das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Parte do lucro obtido com as exportações do café foi investida na importação de máquinas, na instalação das primeiras fábricas e na infraestrutura de transportes.

BRASIL: EXPANSÃO DO CAFÉ E FERROVIAS (1850-1900)

Mapa. Brasil: expansão do café e ferrovias (1850 a 1900). Mapa de porção do sudeste do Brasil, com destaque para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro e partes dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Paraná. O mapa representa por meio de cores a expansão do café, de linhas as ferrovias e com números as áreas de expansão. Primeiras ferrovias: Rede Ferroviária Federal S.A. E.F Central do Brasil (1855) (linha vermelha): ligava a cidade do Rio de Janeiro, no litoral, a Resende, Taubaté e São Paulo. E.F Santos-Jundiaí (1868) (linha verde-clara): ligava Santos e São Vicente, no litoral, a São Paulo e Jundiaí. Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.). Antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro (1872) (linha roxa): ligava Campinas à porção oeste e norte do estado de São Paulo. Antiga Companhia Mogiana de Estrada de Ferro (1875) (linha azul): ligava Campinas, São João da Boa Vista e no norte de São Paulo e ia até a porção oeste de Minas Gerais. Antiga E.F Sorocabana (1875) (linha verde escura): ligava São Paulo a Sorocaba e se ramificava para as direções oeste e sudoeste do estado de São Paulo. Expansão do café: Até 1850 (em marrom): área próxima ao litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo, abrangendo as cidades do Rio de Janeiro, Resende, Taubaté e São Sebastião. De 1850 a 1900 (em laranja): área se expande para o norte do Rio de Janeiro e sul do Espírito Santo, englobando as cidades de Vitória, Colatina, Muriaé e Juiz de Fora. Expande-se também na direção oeste e noroeste, em direção ao interior, englobando as cidades de São Paulo, Sorocaba, Campinas, Bragança Paulista, São João da Boa Vista, Ribeirão Preto em São Paulo e Pouso Alegre no sul de Minas Gerais. Vale do Paraíba fluminense e paulista, representada pelo número 1: região próxima a Resende. Zona da Mata mineira, representada pelo número 2: região próxima a Pouso Alegre. Região de Campinas, representada pelo número 3: região próxima a Campinas e São João da Boa Vista. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 110 quilômetros.
Fonte: mombeigui, piérri. Pioneiros e fazendeiros de São Paulo. São Paulo: Hucitec, 1984. A implantação das ferrovias se relacionava diretamente com a expansão da atividade cafeeira, pois os trens eram utilizados para o escoamento da produção de café até os portos. Além disso, as ferrovias tiveram papel fundamental no início da industrialização no Brasil.

No início do século vinte, a economia mundial enfrentou graves períodos de crise, que afetaram a produção de café no Brasil – a exportação do produto diminuiu bastante, causando prejuízos aos produtores. Aos poucos, essa atividade econômica foi se tornando cada vez menos lucrativa.

Industrialização no Brasil

Além dos lucros obtidos com a produção de café, as duas guerras mundiais ocorridas no século vinte (1914-1918 e 1939-1945) impulsionaram a industrialização no Brasil. Com a produção industrial dos países envolvidos nos conflitos voltada para as demandas geradas pela guerra, muitas mercadorias começaram a faltar nas prateleiras brasileiras, e a solução foi produzir internamente o que antes era importado. Essa situação contribuiu para o desenvolvimento da atividade industrial no país.

Outro período de grande crescimento industrial ocorreu durante o governo de Juscelino cubishéqui (1956-1960), que ofereceu vantagens para a instalação de indústrias no Brasil. As primeiras indústrias a se instalar foram as automobilísticas.

Fotografia em preto e branco. Vista de uma área aberta com chão de terra batida onde várias pessoas se concentram em frente a uma construção de alvenaria térrea e com quatro janelas amplas. Há pessoas esperando na rua e outras estão junto à parede principal da construção. No centro da imagem, uma mulher em pé segura uma criança no colo e ao seu redor há outras quatro crianças. À direita há um carro quatro por quatro ao lado de um homem que usa terno.
Fotografia registrada no dia da inauguração de empresa relacionada ao ramo de construção em Brasília, Distrito Federal (1957).

Características da industrialização brasileira

O desenvolvimento da produção industrial no Brasil apresenta três características principais:

  • industrialização tardia – ocorreu cêrca de 200 anos após o início da Revolução Industrial na Inglaterra, no século dezoito;
  • substituição de importações – produtos que eram importados começaram a ser fabricados internamente (e foram bem recebidos pelo mercado consumidor);
  • dependência de capital e de tecnologia estrangeiros – houve necessidade de importar máquinas e equipamentos para as indústrias nacionais; posteriormente, foram atraídos investimentos e tecnologia estrangeiros para incrementar as indústrias de bens de consumo já existentes e implantar outros tipos de indústrias, como as siderúrgicas e petroquímicas, consideradas indústrias de base. Embora o Brasil conte, atualmente, com um significativo parque industrial, a dependência tecnológica ainda marca a indústria do país.

Concentração e desconcentração industrial

Em seu início, a industrialização brasileira ocorreu com maior intensidade no estado de São Paulo, impulsionando o crescimento da capital paulista.

Na década de 1970, São Paulo era responsável por 58,42% da produção industrial do país, e a região metropolitana concentrava 77,52% do total do estado. Em 2021, levantamentos da Confederação Nacional da Indústria () demonstravam que a participação do estado de São Paulo na economia industrial do Brasil era de 29,8% e que continuava perdendo espaço para unidades da federação de outras regiões brasileiras.

Essa queda verificada na participação do estado de São Paulo no total da produção industrial brasileira mostra a relativa desconcentração industrial que vem ocorrendo no país nos últimos anos. Isso decorre, entre outros fatores, do elevado custo da produção industrial na Região Sudeste, principalmente em São Paulo, onde os gastos com mão de obra, aquisição e manutenção de imóveis, transportes e impostos são, em geral, mais elevados que no restante do país.

Como fórma de incentivar a instalação de indústrias, governos de estados e municípios fóra da Região Sudeste têm oferecido vantagens como isenção de impostos e doação de terrenos. Assim, novos polos industriais vêm se formando, especialmente no Sul e no Nordeste.

Ainda assim, o Sudeste apresenta a maior quantidade de indústrias do país e continua abrigando uma importante parcela dos centros de comando das empresas instaladas em outras regiões.

BRASIL: ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS (2020)

Mapa. Brasil: estabelecimentos industriais (2020). Mapa de parte da América do Sul com a divisão política do Brasil e a representação da quantidade de estabelecimentos industriais por unidade da federação. Acima de 120 mil estabelecimentos industriais, em verde escuro: São Paulo. Entre 40 e 60 mil estabelecimentos industriais, em verde: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. Entre 10 e 22 mil estabelecimentos industriais, em verde mais claro: Goiás, Bahia, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Ceará e Pernambuco. Entre 5 e 9,5 mil estabelecimentos industriais, em verde-claro: Rio Grande do Norte, Paraíba, Pará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Menos de 5 mil estabelecimentos industriais, em branco esverdeado: Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá, Maranhão, Tocantins, Piauí, Alagoas, Sergipe e Distrito Federal. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 395 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: Ranking dos estados. Portal da Indústria. Disponível em: https://oeds.link/lLZ9Hz. Acesso em: 23 fevereiro. 2022.

Ler o mapa

  1. Indique as duas regiões que concentram o maior número de indústrias.
  2. Quais são as duas regiões nas quais há menor número de indústrias?

Transporte e comunicação

As redes de transporte e de comunicação são fundamentais para o funcionamento do mundo moderno, no qual prevalece a lógica da globalização e da internacionalização da economia. No Brasil, essas infraestruturas foram ampliadas de modo mais intenso a partir da década de 1960, o que permitiu, por exemplo, interligar o Norte e o Centro-Oeste ao restante do país. Nesse processo, destacou-se o papel do Estado como grande articulador, captador de recursos e investidor.

Redes de transporte

As redes de transporte se caracterizam pelos seus diferentes tipos, como ferroviário, marítimo, rodoviário, aéreo, dutoviário (estruturas tubulares), entre outros.

Analise a configuração dessas redes no Brasil.

BRASIL: REDES DE TRANSPORTE (2017)

Mapa. Brasil: redes de transporte (2017). Mapa de parte da América do Sul com a representação da rede hidrográfica, portos, aeroportos, hidrovias, rodovias e ferrovias no território brasileiro. Portos (representados por símbolo de navio): concentração no litoral do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Há portos no restante do litoral da Região Nordeste e nos rios Paraná, Iguaçu, Paraguai, Amazonas, Negro, Tapajós, Solimões, Tocantins e Araguaia. Aeroportos (representados por símbolo de um avião): há aeroportos em todas as unidades da federação brasileiras. Há maior concentração no estado de São Paulo e sul de Minas Gerais. Em seguida, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, estados da região Nordeste, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Hidrovias (representadas por linha azul). As principais são: Rio Uruguai no Rio Grande do Sul, Rio Iguaçu em Santa Catarina e no Paraná, Rios Paraguai e  Taguari no Mato Grosso do Sul, Rio Paraná no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, Rio Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo, Rio São Francisco em Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Alagoas, rio Parnaíba no Maranhão e no Piauí, Rio Mearim no Maranhão, Rio Tocantins no Tocantins, rio Araguaia em Mato Grosso e Pará, Rios Xingu, Iriri, Teles Pires, Tapajós e Amazonas no Pará, Rios Amazonas, Madeira, Solimões, Purus, Juruá e Negro no Amazonas. Rodovias, representadas por linha vermelha: elevada concentração nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Concentração média: em Goiás, Distrito Federal, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará. Nos demais estados, as rodovias são mais espaçadas. Ferrovias (representadas por uma linha preta tracejada): maior concentração em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, paraná e Santa Catarina. Nos demais estados, ferrovias esparsas. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 295 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página. 141.

Redes de comunicação

As redes de comunicação são formadas pelas linhas de transmissão de rádio, televisão, cabeamento de fibra ótica, internet, antenas de telefonia móvel etcétera.

Analise no mapa a distribuição da rede de internet no Brasil, de acordo com dados do í bê gê É.

BRASIL: REDE DE INTERNET (2016)

Mapa. Brasil: rede de internet (2016). Mapa de parte da América do Sul com a divisão política do Brasil e a quantidade de domicílios, em porcentagem, com acesso à internet em cada estado. 47,61 por cento de domicílios com acesso à internet (rosa muito claro): Maranhão. De 52,73 a 60,00 por cento de domicílios com acesso à internet (rosa claro): Bahia, Piauí, Ceará, Pernambuco, Alagoas e Acre. De 60,01 a 70,00 por cento de domicílios com acesso à internet (rosa): Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Rondônia, Amazonas, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Sergipe. De 70,01 a 81,00 por cento de domicílios com acesso à internet (lilás): Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Roraima e Amapá. 89,45 por cento de domicílios com acesso à internet (roxo): Distrito Federal. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 395 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página. 142.

Ler o mapa

Compare este mapa com o mapa “Brasil: redes de transporte (2017)” e responda: Podemos observar uma distribuição homogênea das infraestruturas de trans­porte e comunicação em todo o território brasileiro? Justifique.

Ícone. Sugestão de vídeo.
CIDADES: da aldeia à megalópole. Direção: naci lebrun. Brasil, 1994. Duração: 50 minutos. Documentário que apresenta o movimento da humanidade em direção às cidades, desde a Mesopotâmia até as megalópoles do fim do século vinte. Traça um panorama da história, das vantagens e dos problemas da urbanização.

Urbanização consolidada

O Brasil é considerado um país urbano, o que significa que a população residente nas cidades é superior à população rural.

A urbanização é um fenômeno observado em todo o mundo atual. Envolve um modo de vida próprio nas cidades, a instalação de infraestrutura e o surgimento de áreas urbanas.

No entanto, nem todos os países populosos são predominantemente urbanos. Na Índia, por exemplo, a maioria das pessoas vive em áreas rurais, apesar de ser um país com grandes cidades muito povoadas.

Urbanização recente

No Brasil, a urbanização é um fenômeno relativamente recente, que ocorreu com muita rapidez. Até a década de 1960, a maior parte da população brasileira se concentrava no campo. Na década seguinte, a população urbana já havia superado a rural e, de 1970 para 2016, saltou de aproximadamente 53 milhões para 174 milhões (de acordo com estimativas do í bê gê É). Ao mesmo tempo, a população rural, que era de cêrca de 41 milhões em 1970, reduziu-se a menos de 29 milhões em 2016.

Imagem de satélite. Imagem de porção do continente e, no canto inferior direito, mar. Ao centro da imagem, na porção continental, há uma mancha quase circular em tom de bege acinzentado  com a indicação 'São Paulo'. Acima dessa mancha, na direção noroeste, há uma faixa em tom bege acinzentado. Em toda a faixa litorânea, o terreno está na cor verde-escura. Mais para o interior, fica verde-claro com alguns pontos em bege. No mar há alguns pontos de terra emersa.
A cidade de São Paulo é considerada a mais dinâmica do país; o raio urbano expande-se para as cidades vizinhas, como se pode observar na composição feita por imagem de satélite de 2022.

No século dezenove, as principais atividades econômicas desenvolvidas no Brasil eram a mineração, o cultivo da cana-de-açúcar e as plantações de café. Nesse contexto, a maior parcela da população vivia na área rural.

Ao longo do século vinte, o perfil da economia brasileira foi se modificando: a crescente industrialização, associada à modernização no campo e à concentração de terras, impulsionou a saída de habitantes do campo para as cidades, fenômeno conhecido como êxodo rural. Os centros urbanos, de modo geral, passaram a atrair pessoas em busca de trabalho e melhores condições de vida, como acesso a educação, saúde e saneamento básico, entre outros serviços.

Industrialização e urbanização

Com o crescimento da industrialização, a atividade passa progressivamente a comandar a economia de uma sociedade, tornando outras atividades (comércio, transportes, operações financeiras, produção de matéria-prima na agricultura, pecuária, extrativismo etcétera.) subordinadas a ela.

Assim, o processo de industrialização acaba gerando a necessidade de ampliar a oferta de serviços e equipamentos urbanos, resultando em transformações socioeconômicas no território. Os equipamentos urbanos, tais como estabelecimentos comerciais, bancos, avenidas e transportes, constituem a estrutura necessária à industrialização. Sua instalação provoca transformações e ao mesmo tempo atrai cada vez mais pessoas para o espaço urbano em busca de oportunidades de trabalho. Atualmente, o setor de serviços também comanda a transformação do espaço urbano em algumas cidades.

A rede urbana

Quanto maiores as cidades, maior a concentração de atividades industriais e ou ou comerciais e a diversificação de serviços oferecidos. Os grandes centros também contam com melhor infraestrutura urbana, além de sediarem grande parte dos órgãos públicos. Por esses motivos, algumas cidades exercem influência econômica, política ou cultural sobre outras, e essa relação de atração e influência fórma a rede urbana, que se articula, basicamente, por meio dos sistemas de transporte e comunicação.

É comum que os moradores de cidades menores se desloquem (de fórma regular ou esporádica) para as maiores em busca daquilo que sua cidade não oferece: mercadorias, lazer etcétera. Além disso, muitas pessoas se deslocam diariamente para trabalhar ou estudar. Esse fenômeno é conhecido como migração pendular, conforme você estudou na Unidade dois.

Fotografia. Vista de ambiente fechado. Uma grande quantidade de pessoas está de pé, de costas, na direção de um trem com cor metálica e com as portas fechadas. Acima, lâmpadas incandescentes.
Devido à ineficiência e à insuficiência dos transportes públicos na maioria das grandes cidades brasileiras, muitas pessoas gastam mais de três horas por dia se deslocando de sua moradia para trabalhar, estudar ou realizar outras atividades. Na fotografia, estação de metrô, lotada de passageiros, em São Paulo, São Paulo (2019).

Regiões metropolitanas brasileiras

À medida que aumenta o número de habitantes, a área urbana dos municípios tende a se expandir, ocupando áreas localizadas no entorno da cidade. Esse crescimento é denominado “expansão da mancha urbana”.

A expansão da urbanização em determinada região pode dar origem a um fenômeno conhecido como conurbação, que ocorre quando a área urbana de dois ou mais municípios se encontram, formando apenas uma mancha urbana.

Em algumas áreas conurbadas constituem-se, por meio de legislação específica, regiões metropolitanas, formadas por municípios que, embora independentes administrativamente, compartilham infraestruturas e possuem interesses comuns. Em geral, as regiões metropolitanas são influenciadas economicamente por um centro urbano principal. A constituição de regiões metropolitanas permite que problemas comuns às cidades conurbadas, como o transporte, sejam enfrentados em conjunto com o poder público estadual.

Em 1974, um ano após terem sido definidas pela legislação brasileira, havia em todo o país nove regiões metropolitanas: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Nas décadas seguintes, esse número aumentou significativamente, e outras organizações foram criadas, conforme podemos observar no mapa.

BRASIL: REGIÕES METROPOLITANAS (2017)

Mapa. Brasil: regiões metropolitanas (2017). Mapa de parte da América do Sul com a divisão política do Brasil e a representação de informações sobre as regiões metropolitanas do país. Região metropolitana (em rosa-claro): Porto Alegre e Serra Gaúcha no Rio Grande do Sul; Curitiba, Apucarana, Campo Mourão, Toledo, Umuarama, Cascavel, Maringá e Londrina no Paraná; Sorocaba, São Paulo, Baixada Santista, Jundiaí, Vale do Paraíba e Campinas em São Paulo; Belo Horizonte e Vale do Aço em Minas Gerais; Rio de Janeiro no Rio de Janeiro;  Grande Vitória no Espírito Santo; Goiânia em Goiás; Vale do Rio Cuiabá em Mato Grosso; Salvador e Feira de Santana na Bahia; Maceió em Alagoas;  Recife em Pernambuco; João Pessoa na Paraíba; Natal no Rio Grande do Norte; Cariri, Fortaleza e Sobral no Ceará;  Grande São Luís e Sudoeste Maranhense no Maranhão; Santarém e Belém no Pará;  Macapá no Amapá; Capital, Central e sul do estado em Roraima; Manaus no Amazonas; Porto Velho em Rondônia; Palmas e Gurupi no Tocantins. O estado de Santa Catarina é dividido em várias regiões metropolitanas. Colar metropolitano, entorno metropolitano e área de expansão (em vermelho): diversos em Santa Catarina, sobretudo em sua porção leste; Vale do Aço e Belo Horizonte em Minas Gerais;  Vale do Rio Cuiabá em Mato Grosso; Feira de Santana na Bahia. Região Integrada de Desenvolvimento (em lilás): Distrito Federal; Juazeiro na Bahia e Petrolina em Pernambuco; Grande Teresina no Piauí. Aglomeração urbana (em salmão): Litoral Norte e Litoral Sul no Rio Grande do Sul; Piracicaba em São Paulo. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 475 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 145. As Regiões Integradas de Desenvolvimento (ráides) são redes compostas de municípios de mais de um estado que visam organizar administrativamente cada espaço, harmonizando recursos das esferas federal, estadual e municipal. Sua ação é mais ampla que a das regiões metropolitanas.

Ler o mapa

  1. De acordo com o mapa, em 2017 todos os estados brasileiros possuíam regiões metropolitanas?
  2. Você reside em um município que pertence a alguma região metropolitana? Converse com seus colegas sobre como é a infraestrutura da região onde vocês vivem.

A ampliação dos mecanismos de integração entre municípios vizinhos é resultado do crescimento das cidades médias, que tem ocorrido em ritmo mais acelerado. Esse fato está relacionado aos fluxos migratórios que vêm ocorrendo entre os municípios de um mesmo estado ou entre estados de uma mesma região.

Problemas sociais urbanos

Nas regiões metropolitanas, parte da população de baixa renda reside nos chamados aglomerados subnormais (assentamentos irregulares com residências precárias, popularmente conhecidos como favelas, comunidades, grotões, mocambos, entre outros). Entretanto, pobreza urbana e moradias precárias, com carência de infraestrutura, têm sido fenômenos cada vez mais observados também em muitas cidades médias e pequenas.

Atualmente, os problemas mais comuns nos centros urbanos são:

  • insuficiência ou precariedade de hospitais, escolas, creches, centros de lazer e cultura;
  • déficit habitacional e precariedade na oferta de serviços essenciais, como fornecimento de água tratada e encanada, coleta e tratamento de esgoto, coleta de lixo, iluminação e pavimentação;
  • deficiência e precariedade do sistema de transporte coletivo (como ônibus, metrôs e trens suburbanos), além dos frequentes congestionamentos nas principais vias de circulação;
  • elevados índices de violência urbana (furtos, roubos, sequestros, tráfico de drogas e assassinatos), que atingem principalmente os jovens nas cidades grandes e médias;
  • conflitos e disputas territoriais nas ruas e em áreas abandonadas, associadas ao tráfico e à comercialização de drogas.
Fotografia. Em um espaço fechado, no primeiro plano, pessoas sentadas em cadeiras pretas e de costas para a câmera. À frente delas, há pessoas em pé em uma fila e, no fundo da sala, à esquerda, outras pessoas sentadas em cadeiras e, à direita, duas portas abertas dão acesso a outro ambiente.
Pessoas aguardam atendimento em hospital público de Londrina, Paraná (2022). Durante a pandemia de Covid-19, ficou ainda mais evidente a importância dos investimentos para melhorar a qualidade dos serviços públicos de saúde no Brasil.

Problemas ambientais urbanos

Os problemas ambientais urbanos, embora não estejam restritos às grandes cidades, são agravados pela intensa concentração de pessoas e da produção econômica. Soma-se a isso o fato de o Estado não propiciar infraestrutura e serviços de maneira igualitária à população. Nesse contexto, os bairros mais pobres e periféricos são comumente negligenciados pelo poder público, que não supre adequadamente as necessidades da população.

Entre os problemas ambientais urbanos mais comuns estão a poluição atmosférica, provocada por indústrias e veículos que liberam poluentes prejudiciais à saúde da população; a produção de grande volume de lixo; a poluição visual, causada pelo excesso de outdoors e painéis luminosos; a poluição sonora, produzida por veículos terrestres e aéreos, pelas indústrias e por outras atividades urbanas, como a construção civil; a poluição das águas, gerada pelo despejo de dejetos residenciais e industriais nos rios, sem tratamento prévio; além dos problemas relacionados às enchentes e às ocupações em áreas de risco.

Ícone. Seção Em prática. Composto por um mapa e um pino de localização sobre o mapa.

Em prática

Mapas dinâmicos: fluxos

Os movimentos no espaço geográfico podem ser representados por meio de setas, que geram mapas dinâmicos.

A base da seta indica o ponto de partida do fluxo e a ponta indica o ponto de chegada. Esse tipo de mapa pode representar fluxos de turistas e de investimentos financeiros, movimentações de correntes oceânicas e de massas de ar, entre outras informações.

Analise o mapa. Nele estão representados os principais fluxos migratórios pendulares entre as regiões metropolitanas no estado de São Paulo. Na sequência, responda às questões.

SÃO PAULO: PRINCIPAIS FLUXOS PENDULARES ENTRE AS REGIÕES METROPOLITANAS OFICIAIS (2010)

Mapa. SÃO PAULO: PRINCIPAIS FLUXOS PENDULARES ENTRE AS REGIÕES METROPOLITANAS OFICIAIS (2010). Mapa da porção leste do estado de São Paulo com sua divisão municipal. A leste, o estado faz divisa com o Rio de Janeiro, ao norte com Minas Gerais e a sudeste está o Oceano Atlântico. Região metropolitana de São Paulo, na cor rosa, engloba municípios no centro da porção leste. Região metropolitana de Campinas, na cor verde-claro, engloba alguns municípios a noroeste da região metropolitana de São Paulo. Região Metropolitana da Baixada Santista: ao sul da região metropolitana de São Paulo, no litoral. Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, na cor amarelo: engloba todos os municípios a leste da Região Metropolitana de São Paulo. Fluxos estaduais Da região metropolitana de São Paulo em direção à região metropolitana de Campinas, fluxo pendular de mais de 10 mil pessoas. Da região metropolitana de São Paulo em direção à região metropolitana da Baixada Santista, fluxo pendular entre 5 mil e 10 mil. Da região metropolitana de São Paulo em direção à região metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, fluxo pendular entre 5 mil e 10 mil. Da região metropolitana de Campinas em direção à região metropolitana de São Paulo, fluxo pendular de mais de 10 mil pessoas. Da Região Metropolitana da Baixada Santista para a Região Metropolitana de São Paulo, fluxo pendular entre 5 mil e 10 mil pessoas. Da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte em direção à região metropolitana de São Paulo, mais de 10 mil. Da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte em direção à região metropolitana de Campinas, entre 1 e 5 mil. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 28 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: iorransem, Igor. O fenômeno da mobilidade pendular na macrometrópole do estado de São Paulo: uma visão a partir das quatro regiões metropolitanas oficiais. Demografia unicâmpi blog dos estudantes, Campinas, 14 março. 2013. Disponível em: https://oeds.link/0pSiXO. Acesso em: 23 fevereiro. 2022.
  1. Os mapas de fluxos, como o que foi apresentado, são usados com que finalidade?
  2. Em seu caderno, escreva um texto que caracterize a integração entre as regiões metropolitanas de São Paulo. Cite as influências que uma região exerce sobre a outra.
  3. Ocorre migração pendular no lugar onde você vive? Se ocorrer, cite o principal motivo.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Como a produção cafeeira contribuiu para o início da industrialização no Brasil?
  2. Com base no que você estudou, responda:
    1. Que mudanças no campo brasileiro contribuíram para a redução da população rural?
    2. Que fatores atraíram grande quantidade de pessoas do campo para as cidades?
    3. Que nome se dá ao processo de migração do campo para as cidades?
  3. Considere o gráfico para responder às questões propostas.

BRASIL: PARTICIPAÇÃO DAS UNIDADES FEDERATIVAS NO Píbi INDUSTRIAL (2019)

Gráfico. Brasil: participação das unidades federativas no Produto Interno Bruto industrial (2019). Gráfico de setores para representar a porcentagem de cada estado no Produto Interno Bruto industrial. São Paulo: 29 por cento; Rio de Janeiro: 12 por cento; Minas Gerais: 11 por cento; Paraná: 7,5 por cento; Rio Grande do Sul: 7 por cento; Santa Catarina: 5 por cento; Bahia e Pará: 4 por cento; Goiás: 3 por cento; Outros: 17,5 por cento.
Fonte: PERFIL da indústria nos estados. Portal da Indústria. Disponível em: https://oeds.link/pdqaMy. Acesso em: 23 fevereiro. 2022.
  1. Que estados brasileiros apresentam a maior participação na produção industrial do país?
  2. Como os governos municipais e estaduais têm agido para evitar a concentração espacial que caracteriza a industrialização brasileira?
  3. Que outros fatores contribuem para a recente tendência de desconcentração industrial no país?
  1. Qual foi a contribuição da indústria para a urbanização do Brasil?
  2. Que importância tem a desconcentração industrial para a economia do país?
  3. Leia o texto, que trata da expansão das cidades médias entre as últimas décadas do século vinte e o começo do vinte e um.

Desde a década de 1970, as cidades médias têm desempenhado um papel relevante na dinâmica econômica e espacial do país. Não há consenso sobre um conceito de cidades médias. reticências Entretanto, o tamanho demográfico tem sido o critério mais aplicado para identificar as cidades médias, que podem ser consideradas aquelas cidades com tamanho populacional entre 100 mil até 500 mil habitantes.

A importância das cidades médias reside no fato de que elas possuem uma dinâmica econômica e demográfica própria reticências.

Do ponto de vista populacional, as cidades com mais de 500 mil habitantes estão crescendo a taxas percentuais abaixo das cidades médias (entre 100 mil e 500 mil habitantes). reticências

Como as cidades médias foram aquelas que apresentaram maior taxa de urbanização, então é esperado que tal grupo de cidades apresente crescimento mais elevado das atividades “urbanas” (setores secundário e terciário) em detrimento do desenvolvimento de atividades tradicionalmente agropecuárias.

MOTTA, Diana; DA MATA, Daniel. A importância da cidade média. Desafios do desenvolvimento, Brasília, Distrito Federal: ipéa, número 47, 19 fevereiro. 2009. Disponível em: https://oeds.link/mhbPg9. Acesso em: 23 fevereiro. 2022.

  1. Segundo o texto, qual é o critério mais utilizado para definir as cidades médias?
  2. Que atrativos as cidades médias oferecem para os habitantes e empreendedores?
  3. O crescimento das cidades médias é simultâneo a qual processo que está transformando a configuração industrial do Brasil?
  1. Forme dupla com um colega e analisem novamente o mapa “Brasil: rede de internet (2016)”. Depois, respondam: como os dados desse mapa nos ajudam a entender a ampliação do acesso à informação no Brasil? Comentem as impressões com os colegas.
  2. As fotografias a seguir mostram a ocupação de áreas de mananciais, ou seja, áreas onde se localizam nascentes de águas. No caso apresentado, a represa é um reservatório de água que serve para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo.
Fotografia A. Vista de uma grande porção natural de água, com margens curvilíneas e com uma pequena faixa coberta por vegetação. O restante dos terrenos emersos apresenta densa ocupação urbana.
Ocupação urbana às margens da represa Bilins, na cidade de São Paulo, São Paulo (2019).
Fotografia B. Vista de uma porção natural de água com coloração esverdeada. À esquerda, aparece a margem recoberta por uma substância esverdeada. Há um pouco de lixo depositado. Ao fundo, há grama alta e diversas casas construídas em um morro.
Água contaminada em área de manancial às margens da represa Bilins, São Paulo, São Paulo (2020).
  1. Cite um problema social e um problema ambiental retratados nessas imagens.
  2. A ausência de que serviço público resulta na situação retratada na imagem B?
  3. Na sua opinião, o que leva à ocupação de áreas de mananciais?

9. A produção de lixo é um dos grandes problemas ambientais urbanos. Leia o texto e, depois, responda às questões propostas.

Foi iniciada [em 25 de março de 2014] a operação para remover 140 toneladas de resíduos perigosos do Porto de Santos para um aterro industrial em Tremembé, interior paulista. O trabalho está sendo feito em conjunto pelo Ministério Público Federal (ême pê éfe), a Receita Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (ibâma). reticências. A ação atende a um Termo de Ajustamento de Conduta (tác) para que a União dê destinação adequada aos resíduos importados ilegalmente.

reticências

O material foi importado pela Reno Distribuidora de Produtos Químicos limitada., e seria usado, segundo o ême pê éfe, na fabricação de fertilizantes. De acordo com a investigação do órgão, a importadora é uma empresa de fachada usada para acobertar operações ilícitas. Por conter alto teor de substâncias tóxicas, como chumbo, cádmio e arsênico, o ême pê éfe recomendou que a mercadoria fosse embargada.

Após o fracasso de tentativas diplomáticas para que o lixo industrial fosse recebido pelos países de origem, o ême pê éfe ingressou com ação para que o governo brasileiro providenciasse destinação adequada aos dejetos.

MELLO, Daniel. Lixo “importado” deixa o Porto de Santos e vai para aterro industrial. Agência Brasil, 26 março. 2014. Seção Geral. Disponível em: https://oeds.link/edqIZO. Acesso em: 23 fevereiro. 2022.

  1. De que assunto trata o texto?
  2. Por que o material que seria utilizado na fabricação de fertilizantes passou a ser considerado lixo industrial?
  3. Qual é a importância do destino adequado de lixo industrial?

CAPÍTULO 9  Espaço rural

O espaço rural é ocupado majoritariamente pelas atividades econômicas do setor primário (agricultura, pecuária, extrativismo), além do turismo.

No Brasil, a agricultura é bastante diversificada: o café, a laranja, o feijão, a soja e o milho são apenas alguns dos muitos produtos agrícolas do país. Destaca-se também a produção pecuária, visto que o Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo, principalmente bovina, e se tornou um grande produtor mundial de suínos e aves.

O espaço rural brasileiro é marcado pela concentração fundiária. A produção nos latifúndios (propriedades agrícolas de grande extensão, pertencentes a uma única pessoa, família ou empresa) é, em muitos casos, voltada para a exportação.

Os minifúndios são propriedades de pequeno e médio porte encontradas, principalmente, nas regiões Nordeste e Sul. No Nordeste, a produção se destina majoritariamente ao mercado interno. No Sul, essas propriedades se organizam em cooperativas e produzem também para o mercado externo.

Na atualidade, o agronegócio tem papel fundamental na concentração de terras e na produção comercial em grande escala.

Concentração de terras no Brasil

Infográfico. Concentração de terras no Brasil. Na parte superior, há o texto: O crescimento de grandes propriedades no país. Incluindo áreas públicas do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e propriedade privada. Abaixo, representação gráfica das informações: 2003. Imóveis: 112,4 mil. Milhões de hectares: 214,8. Área média por imóvel: 1,9 mil hectares. 2010 Imóveis: 130,5 mil. Milhões de hectares: 318,9. Área média por imóvel: 2,4 mil hectares. 2014 Imóveis: 135,7 mil. Milhões de hectares: 404. Área média por imóvel: 2,9 mil hectares. À direita, o texto: Áreas improdutivas em 2010. Dado inclui propriedades privadas e públicas. Abaixo do texto, há um gráfico circular com os dados: 143 milhões de hectares produtivos. 175,9 milhões de hectares improdutivos. Total: 318,9 milhões de hectares, em 130,5 mil imóveis.
Fonte: FARAH, Tatiana. Concentração de terras cresce no país. O Globo, Rio de Janeiro, ano XC, n. 29.740, 9 jan. 2015. País, p. 3.

Agricultura familiar

No Brasil, a agricultura familiar é a principal responsável pelo abastecimento do mercado interno e apresenta alta produtividade.

Essa fórma de produção agrícola emprega a maioria dos trabalhadores do campo e corresponde ao maior número de estabelecimentos rurais existentes no país, o equivalente a 77% do total, segundo o Censo Agropecuário de 2017 realizado pelo í bê gê É. A eficiência produtiva e econômica da agricultura familiar é considerada superior à do agronegócio. Além disso, oferece a vantagem de degradar menos o meio ambiente.

Muitos agricultores familiares, no entanto, sofrem dificuldades para manter a produção, como falta de acesso a financiamentos e baixa remuneração pela venda dos produtos.

BRASIL: AGRICULTURAS FAMILIAR E NÃO FAMILIAR (2006-2017)

Gráfico. Brasil: agriculturas familiar e não familiar (2006 a 2017). Gráfico de colunas. No eixo vertical, os valores das variações entre 2006 e 2017 em porcentagem. No eixo horizontal, a agricultura familiar e não familiar. Agricultura familiar Estabelecimentos (coluna azul): menos 9,5% Pessoal ocupado (coluna rosa): menos 17,6%. Área (coluna verde): menos 0,5% Agricultura não familiar Estabelecimentos (coluna azul): 35% Pessoal ocupado (coluna rosa): 16,4%. Área (coluna verde): 7,1%
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Agropecuário 2017. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2017. Disponível em: https://oeds.link/htJwC8. Acesso em: 23 fevereiro. 2022.

Ler o gráfico

Entre 2006 e 2017, o que aconteceu com a agricultura familiar em relação ao número de estabelecimentos, pessoal ocupado e área?

Agronegócio

O agronegócio apresenta elevada produtividade pelo fato de empregar alta tecnologia nas diversas etapas da produção. Embora, em geral, seja praticado nos latifúndios em sistema de monocultura, voltado à exportação, muitas médias e algumas pequenas propriedades participam do agronegócio, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste, por meio de cooperativas agrícolas.

O agronegócio engloba atividades de processamento, industrialização, distribuição e comercialização de produtos da agropecuária, articulando os diferentes setores da economia. A agroindústria está inserida nesse sistema integrado de produção.

No Brasil, a produção de soja e a pecuária intensiva são símbolos do agronegócio, cuja participação na balança comercial é muito significativa, visto que grande parte dessa produção é destinada à comercialização com outros países.

ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DO AGRONEGÓCIO

Esquema. Esquema de funcionamento do agronegócio. No centro há um retângulo com o texto: Agropecuária e extrativismo vegetal. Dele saem duas setas, uma para cada lado. Lado direito, retângulo com o texto: Processamento e distribuição. Deste retângulo saem 3 setas, cada uma para um retângulo com os textos: Agroindústria; Indústria; Distribuição e serviços. Lado esquerdo: retângulo com o texto: Fornecedores. Deste retângulo saem duas setas para dois retângulos. Cada retângulo tem o texto: Insumos; Máquinas e implementos.
Fonte: MENDONÇA, Cláudio. Agronegócio: atividade alavanca exportações do Brasil. uól, 30 julho. 2005. Seção Pesquisa Escolar – Geografia. Disponível em: https://oeds.link/HfOQsM. Acesso em: 22 fevereiro. 2022.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

O uso de drones na agricultura brasileira

[Música instrumental de fundo]

[Marcelo]: [tom de voz animado] Olá, ouvintes. Meu nome é Marcelo, e neste podcast vamos falar sobre a utilização de drones e outras tecnologias na agricultura. Não é mesmo, Aline?

[Aline]: [tom de voz animado] É isso mesmo, Marcelo. Esse assunto é muito interessante. As novas tecnologias têm contribuído em diversos aspectos para otimizar a produção agrícola e pecuária. Elas são conhecidas pelo termo agricultura de precisão, pois são instrumentos que auxiliam o agricultor a não desperdiçar recursos e aumentar a produtividade.

[Marcelo]: [tom de voz explicativo] Uma dessas tecnologias é o drone, uma tecnologia bastante difundida nas cidades, mas que possui muitos benefícios se usado na lavoura.

[Fundo sonoro de um drone]

[Música instrumental de fundo]

[Marcelo]: [tom de voz explicativo] O drone é uma aeronave não tripulada e remotamente pilotada. Também chamado de VANT – Veículo Aéreo Não Tripulado.

[Aline]: [tom de voz explicativo] E, como todo veículo aéreo, necessita de cadastro na Agência Nacional de Aviação Civil, a ANAC, que criou regras específicas para operações de aeronaves não tripuladas.

[Marcelo]: [tom de voz explicativo] Em setembro de 2021, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, regulamentou o uso de drones em atividades agropecuárias. Dessa forma, essa tecnologia pode ser utilizada de forma segura, sem interferir na operação de outras aeronaves.

 [Aline]: [tom de voz de curiosidade] Você sabe de onde vem o termo drone, Marcelo?

[Marcelo]: [tom de voz pensativo] Essa é uma palavra cada vez mais usada por nós, mas que não era muito comum há alguns anos. De onde vem esse termo?

[Aline]: [tom de voz alegre e explicativo] Vem de zangão, um inseto, que em inglês é chamado de drone. Isso se deve ao ruído que o aparelho emite ao voar, que se parece com o som do bater das asas desse inseto.

[Fundo sonoro do bater das asas de um zangão]

[Música instrumental de fundo]

[Marcelo]: [tom de voz explicativo] Na agricultura, os drones são usados para monitorar o desenvolvimento das plantações. A partir das imagens obtidas pelo equipamento, é possível observar o ataque de pragas, como lagartas e larvas, por exemplo. Sem o drone, é mais difícil fazer o mapeamento em tempo real de toda a plantação.

[Aline]: [tom de voz explicativo] É possível, também, realizar a contagem das plantas e detectar eventuais falhas no plantio. Com essas informações, o produtor saberá onde é necessário fazer o replantio e, além disso, estimar a quantidade de mudas necessárias. Sem o drone, o produtor muitas vezes não conseguia identificar falhas na plantação, o que gerava uma menor produção.

[Marcelo]: [tom de voz explicativo] Quando os drones não existiam, os aviões eram usados para mapear a propriedade rural e planejar as áreas de plantio. No entanto, essa é uma tecnologia mais cara e que levava mais tempo de execução. Os drones são mais fáceis e rápidos de operar, além de serem mais baratos. 

[Aline]: [tom de voz explicativo] Recentemente os drones passaram a substituir os aviões também na pulverização de alguns agroquímicos que ajudam a plantação a se desenvolver.

[Marcelo]: [tom de voz explicativo] Uma das vantagens dessa utilização é que os trabalhadores não ficam em contato com os produtos químicos, que podem ser tóxicos se inalados ou em contato com a pele.

[Marcelo]: [tom de voz explicativo] Na pecuária, o uso de drones tem possibilitado identificar áreas de pastagens que necessitam de manutenção. Também são muito úteis para contar os animais e até mesmo para encontrar animais perdidos. Sem os drones, esse trabalho é muito mais demorado, pois as pessoas precisam percorrer grandes distâncias para executar as mesmas tarefas que o drone faz pelo alto, com alcance que pode chegar a dezenas de quilômetros.

[Aline]: [tom de voz explicativo] Os drones são muito usados para identificar focos de incêndios e monitorar áreas de desmatamento.

[Fundo sonoro de um drone]

[Música instrumental de fundo]

[Marcelo]: [tom de voz explicativo] Para desempenhar tantas funções, os drones precisam utilizar um sistema de localização, pois só assim é possível utilizar essa tecnologia para a análise espacial.

[Aline]: [tom de voz explicativo] Para se localizarem no espaço e até mesmo para facilitar a pilotagem, os drones possuem um sistema chamado de GPS, uma sigla em inglês que significa Sistema de Posicionamento Global.

[Marcelo]: [tom de voz explicativo] O GPS é um sistema de navegação que utiliza os dados gerados por satélites. Os drones recebem esses sinais de diversos satélites e, assim, conseguem se localizar.

[Aline]: [tom de voz explicativo] Atualmente, diversas tecnologias utilizam o GPS. Nossos aparelhos de celular possuem esse mesmo sistema, que nos ajuda, por exemplo, a encontrar as melhores rotas no trânsito das cidades.

[Marcelo]: [tom de voz explicativo] No campo, o GPS também é utilizado para guiar máquinas agrícolas que realizam o plantio e a colheita de forma automática. Algumas dessas máquinas são controladas remotamente, assim como os drones que conhecemos neste podcast.

 [Aline]: [tom de voz explicativo] Além dos satélites que auxiliam na navegação dos drones e de outras máquinas agrícolas, existem os satélites cuja função é capturar imagens da atmosfera terrestre e, com isso, auxiliar na previsão do tempo.

[Fundo sonoro de chuva e trovoada]

[Música instrumental de fundo]

[Marcelo]: [tom de voz explicativo] Esse é um outro exemplo de como as tecnologias estão presentes no campo. A previsão do tempo é essencial para o agricultor planejar os momentos mais propícios de plantio e colheita.

[Marcelo]: [tom de voz animado] Os drones, os satélites e o GPS são algumas das tecnologias mais importantes na modernização do campo. Espero que você tenha gostado de conhecê-las neste podcast.

[Aline]: [tom de voz animado] Tchau!

[Marcelo]: [tom de voz animado] Bons estudos.

Ícone. Seção Mundo em escalas. Composto por dois pinos de localização conectados por setas.

Mundo em escalas

Agronegócio: estreita relação entre Brasil e China

Há algumas décadas, os fluxos econômicos vinculados ao agronegócio constituem o principal indutor do desenvolvimento em alguns estados do país, como nos da Região Centro-Oeste, alterando profundamente a dinâmica socioeconômica e territorial. Nos últimos anos, a China se consolidou como o principal destino das exportações brasileiras de produtos agropecuários.

China lidera compras do agronegócio brasileiro em setembro

A China se mantém como a maior compradora do agronegócio brasileiro. Em setembro [2021], o país asiático foi responsável por 32,4% do total dos embarques de produtos do setor, que somaram dez vírgula um bilhões de dólares, alta de 21% em relação a agosto de 2020. A soja em grãos e a carne bovina in natura puxaram as exportações agrícolas no mês passado.

Segundo análise da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (cê êne á, com base nos dados do Ministério da Economia, o superávit mensal (quando as exportações superam as importações) da balança comercial totalizou oito vírgula oito bilhões de dólares. No acumulado de janeiro a setembro de 2021, as vendas externas do setor já somam noventa e três vírgula seis bilhões de dólares, crescimento de 20,6% frente a igual período do ano passado.

De acordo com a cê êne á, o principal produto da pauta exportadora do agronegócio brasileiro em setembro foi a soja em grãos, com participação de 24,3% no total dos embarques e valor de dois vírgula cinco bilhões de dólares, aumento de 57,6% em relação ao mesmo período de 2020.

“A carne bovina in natura vem em seguida, com receita de um vírgula um bilhão de dólares em setembro/2021, elevação de 85,7% frente a setembro de 2020. Açúcar de cana em bruto, carne de frango in natura e farelo de soja completam o ranking dos cinco produtos mais exportados em setembro”, informa em nota a cê êne á.

reticências

“Em relação aos mercados, 68,2% das exportações brasileiras do agronegócio foram destinadas a dez países em setembro. O principal destino foi a China, seguida da União Europeia. As compras europeias representaram 15% do total exportado pelo Brasil em setembro”, pontua a cê êne á.

Completam a lista dos 10 maiores importadores do agro brasileiro os Estados Unidos (7% de participação), Japão (2,9%); Coreia do Sul (2,0%); Emirados Árabes Unidos (1,9%); Irã (1,9%); Vietnã (1,8%); Tailândia (1,7%) e Hong Kong (1,6%).

reticências

CHINA lidera compras do agronegócio brasileiro em setembro. AGROemDIA, 25 outubro. 2021. Disponível em: https://oeds.link/qKd9c7. Acesso em: 23 fevereiro. 2022.

  1. O texto afirma que o Brasil apresentou superávit no comércio de produtos agropecuários com a China no período considerado. O que isso significa?
  2. Comparando a China com os outros nove maiores importadores de produtos agropecuários brasileiros, o que se pode afirmar?

Expansão da fronteira agrícola

A expansão da fronteira agrícola refere-se ao avanço das áreas de produção agropecuária sobre a vegetação nativa. Atualmente, o Brasil vive o avanço da fronteira agrícola principalmente para a produção da soja e para a pecuária, que ocorre do Centro-Oeste em direção ao Norte do país, onde criadores de gado têm investido na compra de terras.

Esse processo de expansão das atividades agropecuárias, que causou o desmatamento de grande parte do Cerrado, na Região Centro-Oeste e na porção oeste do Nordeste, segue agora em direção à Floresta Amazônica. Mesmo com o monitoramento e a fiscalização dos órgãos oficiais, muitos hectares de floresta são derrubados todos os dias. Entre as décadas de 2010 e 2020, o ritmo de desmatamento, que vinha caindo, voltou a aumentar.

Analise as áreas antropizadas nessas áreas de vegetação no mapa “Região Norte: avanço antrópico (1980-2016). Note que, além do avanço das fronteiras agrícolas, a degradação também pode ser observada nas áreas de fronteira com outros países, como o Peru, a Bolívia e a Guiana.

REGIÃO NORTE: AVANÇO ANTRÓPICO (1980-2016)

Mapa. Região Norte: Avanço antrópico, 1980 a 2016. Mapa de parte da porção norte da América do Sul com a região Norte do Brasil, seus tipos de vegetação e as áreas antropizadas. Floresta: predominante no Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Acre e Roraima. Savana/Cerrado: manchas no norte de Roraima, no centro de Rondônia, no sul do Amazonas, e predominante no Tocantins. Savana estépica: mancha no norte de Roraima. Campinarana (Campinas do Vale do Rio Negro): manchas na porção norte do Amazonas e no sul de Roraima. Áreas pioneiras: faixa estreita no litoral do  Amapá e do Pará. Área antropizada: predominante em toda a porção oeste e sudoeste do Tocantins, no leste e centro do Pará, norte e sudeste de Roraima, nas margens do rio Amazonas, faixa no sul do estado do Amazonas, porções norte e leste do Acre e em quase todo o estado de Rondônia. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 320 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página102.

Terras Indígenas

A exclusão dos indígenas na distribuição de terras no Brasil tem sido uma realidade. Muitas comunidades, em especial no Centro-Oeste, disputam com grandes empresários rurais terras que são suas por direito. Essa questão envolve conflitos armados, que ocasionam a morte de muitos indígenas devido à resistência de latifundiários à demarcação das Terras Indígenas. De um lado, há grupos indígenas acuados pela expansão dos latifúndios e do agronegócio; de outro, latifundiários que não admitem perder parte das terras que ocuparam.

A Fundação Nacional do Índio (Funái) considera como Terras Indígenas as porções de território que são ocupadas por povos indígenas e utilizadas por eles para o desenvolvenvimento das suas atividades produtivas e culturais. Essas terras passam por processos de demarcação, se tornam propriedade da União e são fundamentais para a preservação dos recursos ambientais e a manutenção do modo de vida dos povos indígenas.

Movimentos sociais do campo

A concentração fundiária agrava problemas relacionados ao desemprego, à miséria e à violência no espaço rural. Essa situação motivou a organização de movimentos sociais que reivindicam o acesso à terra. Entre eles, um dos mais conhecidos é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (ême ésse tê), que reivindica a reforma agrária, ou seja, a redistribuição de terras e da renda agrícola como fórma de reduzir a concentração fundiária e garantir melhores condições de vida aos trabalhadores do campo.

Ao longo do processo de ocupação territorial desde a chegada dos colonizadores europeus, a instalação de latifúndios também foi responsável pela remoção de muitos grupos indígenas de suas terras. Lutando contra essas injustiças históricas, surgiram movimentos que reivindicam a delimitação das Terras Indígenas e o respeito à cultura dos povos indígenas. Muitos desses movimentos, que no passado contavam com lideranças de grupos e ônguis não indígenas em sua maioria, hoje contam com importantes líderes indígenas.

Agropecuária e meio ambiente

Meio ambiente.

Dependendo de como são colocadas em prática, as atividades agropecuárias podem gerar graves danos ao meio ambiente. O uso excessivo de agrotóxicos, por exemplo, pode causar a contaminação dos solos, das águas subterrâneas e dos rios, prejudicar a saúde dos trabalhadores e dos animais e comprometer a qualidade dos alimentos. Outros problemas ambientais comuns resultantes de práticas agropecuárias inadequadas são o desmatamento e a degradação dos solos.

Práticas sustentáveis

Reduzir o desmatamento e o uso de insumos químicos nas plantações, utilizar a água de fórma responsável e valorizar a agricultura familiar e orgânica são medidas que respeitam os recursos naturais e tornam possível a prática da agricultura sustentável.

A agricultura orgânica, que não utiliza agrotóxicos, insumos industrializados e sementes modificadas geneticamente, tem crescido no Brasil e no mundo. Porém, os alimentos orgânicos ainda não são acessíveis à maioria da população devido aos preços, em geral mais elevados se comparados aos não orgânicos.

Fotografia. Vista de cima de uma plantação em fileiras e com faixas com tons variados de marrom e verde. Ao redor, há áreas com árvores altas e áreas com gramado. No canto inferior direito há o teto de uma construção.
Vista aérea de canteiros com hortaliças orgânicas e outros prontos para plantio, em Ibiúna, São Paulo (2018).

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Identifique a alternativa que lista corretamente características do agronegócio no Brasil.
    1. Emprega alta tecnologia, a maior parte da produção é destinada ao mercado interno e é praticado principalmente em grandes propriedades.
    2. Emprega alta tecnologia, a maior parte da produção é destinada ao mercado externo e é praticado principalmente em grandes propriedades.
    3. Emprega alta tecnologia, a maior parte da produção é destinada ao mercado interno e é praticado principalmente em pequenas propriedades.
    4. Emprega baixa tecnologia, a maior parte da produção é destinada ao mercado externo e é praticado principalmente em grandes propriedades.
    5. Emprega baixa tecnologia, a maior parte da produção é destinada ao mercado interno e é praticado principalmente em pequenas propriedades.
  2. Que razões motivaram a organização de movimentos sociais no campo?
  3. Analise o mapa. Depois, escreva em seu caderno um breve texto identificando as principais regiões do país onde a soja é cultivada e os locais onde as indústrias de fabricação de óleos vegetais estão situadas.

BRASIL: PRODUÇÃO DE ÓLEOS VEGETAIS (2016)

Mapa. Brasil: produção de óleos vegetais (2016). Mapa de parte da América do Sul com a divisão política do Brasil e a representação da intensidade da concentração da produção de soja e a localização das indústrias de fabricação de óleos vegetais. Concentração da produção de soja. Concentração baixa (cor amarela): áreas no Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, pequena faixa na Bahia, e áreas no Piauí, Maranhão e Pará. Concentração média (laranja): poucas áreas no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Pará. Faixas em Goiás, Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso. Concentração alta (marrom): no sul do Mato Grosso do Sul, porções oeste, central e sul de Mato Grosso, sul e leste e oeste da Bahia. Indústrias de fabricação de óleos vegetais: maior concentração no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Goiás. Presença de indústrias em: Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Rondônia. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 365 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 136.

4. Considere o que você estudou ao longo desta Unidade e responda: qual é a importância da agricultura familiar para a economia brasileira?

Ícone. Seção Para refletir. Composto por silhueta de uma cabeça com engrenagens em seu interior.

Para refletir

A indústria brasileira pode se manter competitiva em inovação tecnológica?

Ciência e Tecnologia.

Ainda que insuficiente e de modo irregular ao longo dos anos, o Brasil passou a investir mais em inovação tecnológica no século vinte e um. Podemos observar algumas transformações socioeconômicas no território brasileiro com a implantação de parques tecnológicos, que promovem pesquisa e inovação por meio do trabalho conjunto entre instituições de pesquisa, universidades, empresas e indústrias de diversos ramos.

Analise o mapa dos parques tecnológicos brasileiros e, depois, leia o texto apresentado na sequência.

BRASIL: PARQUES TECNOLÓGICOS (2018)

Mapa. Brasil: parques tecnológicos (2018). Mapa de parte da América do Sul com a divisão política do Brasil e a indicação do número de parques tecnológicos nas unidades da federação. Rio Grande do Sul: 3 parques tecnológicos em fase de projeto, 6 em fase de implantação e 8 em fase de operação. Santa Catarina: 2 parques tecnológicos em fase de projeto, 3 em fase de implantação e 4 em fase de operação. Paraná: 3 parques tecnológicos em fase de projeto, 1 em fase de implantação e 7 em fase de operação. São Paulo: 7 parques tecnológicos em fase de projeto, 6 em fase de implantação  e 11 em fase de operação. Minas Gerais: 2 parques tecnológicos em fase de projeto, 2 em fase de implantação e 4 fase de operação. Rio de Janeiro: 4 parques tecnológicos em fase de projeto e 3 em fase de operação. Espírito Santo: 2 parques tecnológicos em fase de projeto. Bahia: 1 parque tecnológico em fase de projeto e 1 em fase de operação. Sergipe: 1 parque tecnológico em fase de operação. Alagoas: 1 parque tecnológico em fase de operação. Pernambuco: 1 parque tecnológico em fase de implantação e 1 em fase de operação. Paraíba: 1 parque tecnológico em fase de operação. Rio Grande do Norte: 1 parque tecnológico em fase de projeto. Ceará: 1 parque tecnológico em fase de projeto. Distrito Federal: 1 parque tecnológico em  fase de projeto, 1 em fase de implantação e 1 em fase de operação. Goiás: 2 parques tecnológicos em fase de projeto e 1 em fase de implantação. Mato Grosso: 2 parques tecnológicos em fase de projeto e 1 em fase de implantação. Mato Grosso do Sul: 1 parque tecnológico em fase de projeto. Pará: 2 parques tecnológicos em fase de projeto e 1 em fase de operação. Amazonas: 2 parques tecnológicos em fase de projeto. Rondônia: 1 parque tecnológico em fase de projeto. Estados sem parques tecnológicos: Piauí, Maranhão, Amapá, Tocantins, Roraima e Acre. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 420 quilômetros.
Fonte: BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Estudo de projetos de alta complexidade: indicadores de parques tecnológicos. Brasília, Distrito Federal: ême cê tê Í cê, 2019. Disponível em: https://oeds.link/z8YvTD. Acesso em: 24 fevereiro. 2022.

Os Vales do Silício brasileiros

É difícil comparar o Vale do Silício, nos Estados Unidos da América, com qualquer outro lugar. Afinal, a região reúne as maiores empresas de tecnologia de ponta do mundo, como Google, Apple, Facebook, eBay, Yahoo!, entre tantas. Mas o Brasil também abriga os seus vales. São parques tecnológicos e polos de inovação que crescem em todo o país, entre os quais se destacam cinco: o maior deles, o Porto Digital, no Recife; o Parque Tecnológico da ú éfe érre jota, Rio; sân Pedro válêi, Belo Horizonte; Parque Científico e Tecnológico da púqui/Rio Grande do Sul (téquinopúc), Porto Alegre; e o Parque Tecnológico de São José dos Campos (São Paulo). reticências

reticências Existem, hoje, no país, mais de 90 projetos e cêrca de 20 em operação, sendo que alguns em estágio mais avançado – além destes cinco, há outros menores em vários estados.

OS VALES do Silício brasileiros. O Globo, Rio de Janeiro, 13 agosto. 2014. Seção Economia. Disponível em: https://oeds.link/vVTmEb. Acesso em: 24 fevereiro. 2022.

Leia o texto a seguir e observe o ranking dos países mais inovadores.

Brasil fica estagnado no Índice Global de Inovação

O Brasil não melhorou seu desempenho em inovação e manteve a 69ª colocação no Índice Global de Inovação reticências. O ranking examinou dezenas de critérios para avaliar a performance de 127 países. Mesmo sendo a maior economia da América Latina e do Caribe, o Brasil ocupa apenas a 7ª posição no ranking regional (dentre 18 países), sendo o Chile a nação mais inovadora da região.

Pelo sétimo ano seguido, a Suíça ocupa o topo da lista. Suécia, Países Baixos, Estados Unidos e o Reino Unido completam os cinco primeiros lugares do ranking. Países emergentes como Índia, Quênia e Vietnã apresentaram resultados superiores a economias com níveis semelhantes de desenvolvimento. A cada ano, o Índice Global de Inovação estuda diversos indicadores, desde registros de patentes, despesas em educação, instrumentos de financiamento, entre outros, para construir o ranking. reticências

PAÍSES MAIS INOVADORES

Suíça

Suécia

Países Baixos

Estados Unidos

Reino Unido

Dinamarca

Singapura

Finlândia

Alemanha

10º

Irlanda

69º

Brasil

BRASIL fica estagnado no Índice Global de Inovação. Portal da Indústria, 19 jun. 2017. Seção Notícias. Disponível em: https://oeds.link/3VIBhf. Acesso em: 24 fev. 2022.

Agora, responda:

  1. Quais transformações socioeconômicas no território brasileiro ocorreram com os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento?
  2. No que se refere à inovação tecnológica, os investimentos realizados nos últimos anos permitiram que o Brasil fosse considerado um país competitivo no cenário internacional?

Questões para autoavaliação

Nesta terceira Unidade, as questões sugeridas para autoavaliação – e que podem ser utilizadas, a seu critério, para o diagnóstico do grau de aprendizagem dos estudantes – são as seguintes:

  1. Como se deu o processo de industrialização no Brasil?
  2. Qual é a relação entre a industrialização e a urbanização brasileira?
  3. Como se caracteriza a rede urbana brasileira de transporte?
  4. Como se distribuem as regiões metropolitanas brasileiras?
  5. Quais são as causas dos principais problemas urbanos e como minimizá-los ou resolvê-los?
  6. Como se organiza o espaço rural?
  7. Quais são as reivindicações dos movimentos sociais do campo?
  8. Qual é a relação entre a expansão das fronteiras agrícolas e o agronegócio?
  9. Quais são os problemas relacionados às Terras Indígenas?
  10. Quais são as características da agricultura familiar e que problemas ela enfrenta?