UNIDADE quatro  Região Norte

Fotografia. No centro da imagem há um barco amarelo com algumas crianças dentro. Em seu costado está escrito ‘Escolar’. O barco avança sobre um rio com exuberante vegetação ao fundo.
Crianças sendo transportadas de barco para a escola em Manaus, Amazonas (2019).

Você verá nesta Unidade:

Atividades econômicas na Região Norte

O processo de integração da Região Norte às demais regiões do país

Os grandes projetos públicos realizados na Região Norte

Aspectos humanos associados ao clima e à hidrografia

Indicadores socioeconômicos

Problemas sociais e ambientais ligados à exploração dos recursos naturais e o desenvolvimento sustentável

Povos indígenas e a situação de suas terras

Comunidades tradicionais e reservas extrativistas

Fotografia. Dois homens trabalham agachados em um terreno com folhas secas de palmeiras cobrindo o solo. Em primeiro plano está uma cesta, usada para coleta. Ao fundo, vegetação verde.
Ribeirinhos coletando sementes de palmeira murumuru no município de Abaetetuba, Pará (2019).
Fotografia. Vista panorâmica de Belém, com destaque para construções de prédios antigos, grandes, com paredes brancas e telhados avermelhados. No centro há uma igreja com duas torres nas laterais. À direita, uma praça com árvores. Ao fundo, diversas casas, prédios, ruas e um corpo de água margeia a concentração urbana.
Vista panorâmica da cidade de Belém, Pará (2019).

 

A Região Norte se diferencia bas­tan­te, em alguns aspectos, das demais regiões do país. A região possui a maior rede de vias fluviais navegáveis do Brasil. O transporte fluvial assume grande importância econômica e social, em detrimento do transporte rodoviário. A Floresta Amazônica, cujo ritmo de desmatamento é crescente, se relaciona diretamente com o modo de vida das populações. Ela continua sendo desmatada para o uso do solo com atividades agropecuárias, e os conflitos com as populações locais aumentam.

Como se dá esse processo? Quais são os povos da floresta e como é sua relação com a natureza?

CAPÍTULO 10  Território e sociedade

A Região Norte é formada pelos estados do Acre, do Amapá, do Amazonas, do Pará, de Rondônia, de Roraima e do Tocantins, ocupando uma superfície de 3.853.327 quilômetros quadrados.

A Amazônia, área de abrangência da Floresta Amazônica, ultrapassa os limites da Região Norte e avança por vários países da América do Sul. É conhecida como Amazônia Internacional ou Pan-Amazônia.

Já a área conhecida como Amazônia Legal foi criada pelo governo brasileiro para promover o desenvolvimento social e econômico da região correspondente à Amazônia brasileira, que inclui todos os estados da Região Norte, o Mato Grosso e parte do estado do Maranhão.

Analise essas áreas no mapa a seguir.

REGIÃO NORTE, FLORESTA AMAZÔNICA E AMAZÔNIA LEGAL (2020)

Mapa. Região Norte, Floresta Amazônica e Amazônia Legal (2020). O mapa evidencia o território brasileiro com destaque para os limites das fronteiras da região Norte, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Representa também os países fronteiriços à região Norte, a Amazônia Legal e a extensão da Floresta Amazônica. Amazônia Legal (delimitada por uma linha lilás): abrange os estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Amapá, Roraima e parte oeste do Maranhão. Região Norte (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, delimitada por uma linha rosa): abrange os estados do Acre, Rondônia, Tocantins, Pará, Amapá, Roraima e Amazonas. Floresta Amazônica (representada por meio de uma mancha verde): se distribui pelos estados do Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá; norte dos estados  do Maranhão, do Mato Grosso e de Rondônia; parte da Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 455 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: COELHO, Maria Célia Nunes. A ocupação da Amazônia e a presença militar. São Paulo: Atual, 1998; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Amazônia legal 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2020. Disponível em: https://oeds.link/gTsXCp. Acesso em: 24 fevereiro. 2022. A área da Amazônia Legal também abriga parte do Cerrado e do Pantanal.

Ler o mapa

Que países, além do Brasil, possuem áreas de Floresta Amazônica?

Ocupação e exploração da região

Diversos grupos indígenas habitavam as terras que hoje correspondem à Região Norte quando os colonizadores iniciaram a exploração econômica dessa área.

Os rios constituíram vias de circulação que possibilitaram a expansão exploratória. Até o ano de 1800, essa expansão teve como motivações a busca das chamadas drogas do sertão (cravo, canela, baunilha, pimenta e cacau, entre outras) e a captura de indígenas para evangelização e escravização.

Do final do século dezenove ao início do século vinte, o extrativismo na Região Norte atraiu muitos migrantes, principalmente nordestinos, o que aumentou o índice de ocupações. Nesse período, a borracha natural, produzida do látex extraído das seringueiras, e o café cultivado no Sudeste eram os produtos mais exportados pelo Brasil. A partir da década de 1920, o látex brasileiro perdeu mercado para o dos países asiáticos.

Políticas de integração

Na década de 1950, o governo brasileiro começou a tomar algumas medidas para integrar a Região Norte a outras regiões do país, visando, inicialmente, estimular a ocupação da Amazônia e impedir a invasão de estrangeiros, assegurando a integridade do território nacional. As estratégias para isso incluíam a construção de rodovias e a instituição de organismos de desenvolvimento regional.

As políticas de integração foram ampliadas nas décadas de 1960 e 1970 pelos governos militares, que abriram grandes estradas na região, como a Bê érre-163, que liga o Rio Grande do Sul ao Pará.

A abertura dessas vias impactou fortemente o meio ambiente ao longo das rodovias. Além disso, intensificou a exploração dos recursos naturais e os conflitos por terras entre os migrantes vindos de outras regiões do país e os habitantes locais.

As ações de ocupação da Amazônia atraíam aqueles que não tinham acesso à propriedade da terra, problema que se agravava pela manutenção dos grandes latifúndios, no Nordeste, e pela concentração de terras resultante da expansão das áreas de monocultura no Sul. Assim, contribuíram para diminuir algumas tensões que acirravam os conflitos no meio rural, principalmente nas regiões Nordeste e Sul.

Fotografia. Imagem de dois homens indígenas em uma rodovia, segurando, um em cada ponta, uma faixa branca com os dizeres: 'Em defesa da Amazônia. Sem ouvir os indígenas não terá concessão e ferrogrão. Não aceitamos!'. Ao fundo, uma multidão está em pé junto à carros e caminhões, obstruindo a passagem.
A abertura da Brasil-163 afetou o território de vários povos indígenas, favorecendo a expansão do agronegócio. Na fotografia, manifestação dos Kayapó em 2020.

Obras e projetos de desenvolvimento

Em 1953, para promover a ocupação da região, o governo federal criou a Superin-tendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (), substituída pela Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (sudã) em 1966.

Além da abertura de estradas e do asfaltamento das já existentes, outras obras de infraestrutura, como hidrelétricas e portos, foram realizadas com o intuito de incentivar e viabilizar a instalação de empresas agropecuárias e industriais.

Os programas de ocupação, que incluíam o assentamento de famílias de trabalhadores rurais, estimularam a produção agrícola e pecuária. A atividade industrial foi incentivada com a criação da Zona Franca de Manaus, em 1967. Apesar de ter se afirmado como um polo de desenvolvimento regional importante, enfrenta muitos desafios: é uma área praticamente isolada pela carência de vias terrestres, o que encarece o transporte de insumos e produtos (por via aérea ou portos).

Como pode ser observado no gráfico, na década de 2010 o faturamento da Zona Franca sofreu redução a partir de 2014, mas voltou a crescer em 2017, impulsionado sobretudo pelo setor de eletroeletrônicos. Em 2021, o faturamento das mais de quinhentas empresas locais crescia mais do que o nacional.

ZONA FRANCA DE MANAUS: FATURAMENTO (2013-2020)

Gráfico. Zona Franca de Manaus: faturamento (2013 a 2020). Gráfico de linha que indica o faturamento, em bilhões de reais, da Zona Franca de Manaus, no intervalo de 2013 a 2020. No eixo vertical estão indicados os valores, em bilhões de reais, de 60 a 120 bilhões. No eixo vertical, os anos, de 2013 a 2020. 2013: 83,2 bilhões de reais. 2014: 87,3 bilhões. 2015: 79,9 bilhões. 2016: 75,3 bilhões. 2017: 82,1 bilhões. 2018: 93,9 bilhões. 2019: 104,7 bilhões. 2020: 119, 9 bilhões.
Fonte: sufrâma. Indicadores de desempenho do Polo Industrial de Manaus 2016-2021. Disponível em: https://oeds.link/mr2PzT. Acesso em: 24 fevereiro. 2022.

A Zona Franca de Manaus

Grande parte das obras e dos projetos realizados na Amazônia contou com a participação de grupos estrangeiros, interessados em explorar os abundantes recursos da região. Dessa fórma, as iniciativas do governo brasileiro acabaram favorecendo sua internacionalização.

Para promover a instalação de indústrias, a Zona Franca foi definida como área isenta de impostos de importação. Assim, as empresas lá implantadas poderiam comprar peças e componentes do exterior, a custos baixos, a fim de montar eletrodomésticos e outros bens de consumo para serem vendidos no Centro-Sul do Brasil.

A meta de atração de empresas foi atingida. A capital do Amazonas, em uma década, tornou-se um polo industrial e comercial.

manhóli, Demétrio; arbéquisJúnior., José; OLIC, Nelson B. Região Norte. São Paulo: Moderna, 2000. página 28. (Coleção Conhecendo o Brasil).

Vegetação e extrativismo vegetal

Meio ambiente.

A Floresta Amazônica é uma floresta pluvial, típica de ambientes úmidos e com temperaturas elevadas, que abriga grande variedade de espécies. É uma área de alta biodiversidade e que influencia o clima. Nessa floresta existem matas de inundação e matas de terra firme.

Além da floresta, a Região Norte apresenta outras formações vegetais e áreas de transição entre um tipo de vegetação e outro. Destacam-se os Campos, que ocorrem em Roraima, e o Cerrado, que cobre determinadas áreas de Roraima, Rondônia, Pará, Amapá e grande parte do Tocantins. Nos estados do Amapá e do Pará, sobretudo na costa, as matas de igapó e as matas de várzea dão lugar aos mangues da Amazônia, áreas de grande biodiversidade.

Extrativismo

Na Amazônia, o extrativismo realizado pelas comunidades tradicionais influencia o modo de vida de grande parte da população, que obtém sua sobrevivência com a coleta de frutos, sementes e outros produtos da floresta, além da caça e da pesca.

Atualmente, o extrativismo predatório da madeira para uso comercial acarreta problemas ambientais, como o desmatamento. Também há a exploração comercial da castanha-do-pará (ou castanha-do-brasil). Além destes, há os produtos com propriedades medicinais utilizados como matéria-prima para a produção de remédios, atividade que tem sido alvo da biopiratariaglossário .

Fotografia. No centro da imagem, um homem está abraçando o tronco de uma palmeira, de modo a se pendurar para alcançar os frutos da árvore. A imagem evidencia que o trabalhador está longe do chão. Ao redor, exuberante vegetação
Trabalhador realiza coleta de açaí, Carauari, Amazonas (2021).
A exploração do látex

O extrativismo vegetal proporcionou o primeiro ciclo de desenvolvimento econômico da Amazônia, que ocorreu do final do século dezenove ao início do século vinte e foi movido pela exploração do látex, extraído das seringueiras, para a produção de borracha. Essa atividade econômica atraiu fluxos migratórios e estimulou o crescimento urbano na região.

A produção de borracha por meio do látex chegou a atrair investimentos da indústria automobilística dos Estados Unidos, até entrar em declínio em razão da concorrência com a produção asiática.

Ícone. Seção Integrar conhecimentos. Composto por uma mão segurando um globo formado de peças de quebra-cabeça.

Integrar conhecimentos

Geografia e Ciências

Potencialidades da biodiversidade amazônica

Meio ambiente.

A diversidade e a extensão da Floresta Amazônica levam muitas pessoas à conclusão de que os solos amazônicos são férteis, pois as árvores altas e de copas largas necessitam de muitos nutrientes para se desenvolver. Na verdade, os solos amazônicos são pobres em nutrientes. Como a floresta é muito densa, fórma-se sobre o solo uma camada de folhas, galhos e troncos que, ao se decompor, repõem os nutrientes necessários para a manutenção da floresta.

Existe uma grande diferença entre os solos das planícies de rios afluentes e o conjunto de solos da faixa aluvial Solimões-Amazonas. Na realidade, os mais ricos solos de toda a Amazônia, que se destacam em relação aos imensos setores de solos mais pobres, constituem uma grande exceção.

ABI SABER, Aziz. Aziz Abi Saber: problemas da Amazônia brasileira. [Entrevista cedida a] Dario Luis Borelli et al. Estudos Avançados, São Paulo, volume19,número 53, janeiro./abril. 2005. Disponível em: https://oeds.link/B84tUV. Acesso em: 23 fevereiro. 2022.

A região amazônica registra insolação intensa (por estar próxima ao Equador), umidade permanente (graças à ocorrência frequente de massas de ar úmidas) e baixa amplitude térmica, isto é, pouca diferença entre a temperatura mínima e a máxima. Essas condições climáticas garantem uma taxa de fotossíntese elevada, o que contribui para o desenvolvimento da floresta e a manutenção da sua diversidade.

Essas características permitem afirmar que a floresta tem importante papel nos processos naturais que ocorrem na região amazônica. Ela contém grande biodiversidade, oferece proteção aos solos e participa da regulação do clima.

A degradação dessa floresta resulta em graves consequências sociais e ambientais para toda a região, além de afetar significativamente a população que vive nessa área.

Fotografia. Imagem de uma densa vegetação verde, com árvores altas. No lado direito há um pequeno caminho de terra.
Área de floresta amazônica em Belterra, Pará (2019).

 

  1. Com base nas informações apresentadas no texto, é possível afirmar que, de modo geral, o solo amazônico é favorável à expansão agrária, principalmente à monocultura voltada à exportação?
  2. Como podemos explicar a aparente contradição entre natureza diversificada e solos pobres?

O relevo e o extrativismo mineral

Na Região Norte predomina um relevo de baixas altitudes, que corresponde às depressões amazônicas e às planícies ao longo dos grandes rios.

Em diferentes áreas da região encontram-se imensas jazidas minerais, que vêm sendo exploradas desde meados do século vinte, quando essa atividade ganhou destaque no quadro econômico. O subsolo é rico em minérios e conta com grandes reservas – a reserva de ferro da região é considerada a maior do mundo. Analise o mapa.

REGIÃO NORTE: RECURSOS MINERAIS

Mapa. Região Norte: recursos minerais. Mapa do território da Região Norte onde são evidenciados por meio de símbolos vermelhos a ocorrência dos tipos de minerais em seus estados. Bauxita (triângulo equilátero): Pará, Amapá e leste do Amazonas. Tório (retângulo vertical): Amazonas. Tungstênio (trapézio): Rondônia e Pará. Calcário (círculo): Rondônia, Pará e Tocantins. Níquel (duas barras paralelas na horizontal): Pará e Amapá. Ouro (estrela): Rondônia, Amazonas, Roraima, Pará, Tocantins e Amapá. Cobre (cruz): Rondônia, norte do Pará. Cromo (barra com semicírculo): Amapá, Pará. Diamante (losango achatado): Roraima, Tocantins e Rondônia. Chumbo (xís): Rondônia. Manganês (quadrado): Pará, Amapá. Ferro (trapézio invertido): Rondônia, Pará e Amapá. Nióbio (forma em U): Amazonas, Tocantins. Cassiterita (losango): Rondônia, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá e Tocantins. Petróleo e gás (triângulo isósceles): Amazonas. Prata (retângulo na diagonal): Pará, Rondônia. Zinco (forma em U invertido): Pará. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 325 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 117.

A diversidade e a importân­cia econômica dessas reservas minerais têm atraído investimentos do mundo todo. Nessa região, há exploração de minérios, como:

  • ferro – extraído principalmente na Serra dos Carajás, no Pará, é destinado predominantemente ao mercado internacional – o Brasil é um grande exportador desse minério;
  • manganês esgotado na Serra do Navio, mas encontrado na Serra dos Carajás;
  • bauxita concentra-se na Serra de Oriximiná, no Pará, e é utilizada para extração da alumina, matéria-prima com a qual se produz o alumínio;
  • cassiterita minério cujas principais jazidas estão localizadas em Rondônia, é utilizado na produção do estanho;
  • ouro encontrado em áreas de aluviãoglossário ou em rochas mineralizadas. A Serra Pelada, no Pará, já abrigou enormes jazidas desse minério e atraiu garimpeiros de todas as partes do país na década de 1980, o que causou grande devastação na região;
  • gás natural – concentra-se na reserva de Urucu, em Coari, no Amazonas; teve sua exploração iniciada após a década de 1990. Essa reserva pode ser usada para a produção de energia como alternativa às hidrelétricas.

Projeto Grande Carajás

Meio ambiente.

Em 1967, foram descobertas na Região Norte jazidas de minérios, como cobre, manganês, bauxita, níquel e, principalmente, ferro.

Em 1980, o governo federal criou o Projeto Grande Carajás. Além da exploração mineral na região, esse projeto incluía a construção de estradas e de uma ferrovia para escoar os minérios e a construção da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, para geração de energia.

Com o intuito de preservar a biodiversidade em uma área de mineração, em 1998 foi instituída uma Unidade de Conservação no sudeste do Pará, a Floresta Nacional de Carajás.

A exploração dos recursos em Carajás é gerenciada pela companhia Vale (antiga estatal Companhia Vale do Rio Doce, privatizada em 1997). Nos últimos anos, houve investimentos para a expansão do terminal marítimo de Ponta da Madeira e a ampliação da Estrada de Ferro Carajás.

Em 2016, a Vale inaugurou, em Carajás, o Complexo , com previsão de capacidade para processar 90 milhões de toneladas de ferro por ano.

REGIÃO NORTE: PROJETO GRANDE CARAJÁS (FINAL DO SÉCULO vinte)

Mapa. Região Norte: projeto Grande Carajás (final do século 20). Mapa com recorte de parte dos estados do Pará, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia, onde a área do projeto é representada. Além disso, as jazidas de minerais, fábricas, hidrovias, usina hidrelétrica, rodovias e ferrovias são evidenciadas por meio de elementos gráficos. Ferro (quadrado): Pará. Manganês (triângulo): Pará. Cobre (círculo): Pará. Níquel (formato em U invertido): Pará. Bauxita (retângulo vertical): Pará e Amapá. Fábrica (estrela): Pará e Maranhão. Exportação (seta verde): Belém e São Luís, em direção ao Oceano Atlântico. Hidrovia (seta azul): Rio Amazonas até o Rio Araguaia e São Luís. Usina hidrelétrica (losango amarelo): Pará. Área do Projeto Grande Carajás (mancha na cor laranja): norte e leste do Pará e região norte e oeste do Maranhão. Área das jazidas minerais (mancha na cor roxa): região central do Pará, próximo ao Rio Xingu. Rodovia pavimentada (linha contínua vermelha): Santárem e ao redor de Belém, São Luiz e Imperatriz. Rodovia sem pavimentação (linha tracejada vermelha): Rodovia Cuiabá-Santarém, na região central do Amazonas e Pará; Rodovia Transamazônica, no centro do Piauí e Maranhão. Ferrovia (linha tracejada preta): ferrovia de Carajás passa por Marabá e chega até Itaqui e São Luís. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 230 quilômetros.
Fonte: BECKER, Berta K. A Amazônia. São Paulo: Ática, 1990. página 66.

Garimpagem

A garimpagem se intensificou a partir da década de 1980, atraindo milhares de pessoas em busca de riqueza. Trata-se de uma atividade que ocasiona problemas de caráter social; é precária a qualidade de vida dos garimpeiros, que vivem em povoados sem nenhuma infraestrutura.

O garimpo também produz impactos ambientais decorrentes da utilização do mercúrio na extração dos minérios. Essa substância tóxica contamina os trabalhadores, os rios, os peixes, os animais silvestres e a população que faz uso das águas da região. Além disso, já ocorreram confrontos violentos em virtude da invasão de terras (inclusive indígenas) por garimpeiros, que chegam em grandes grupos quando descobrem ouro em determinado local.

Clima, hidrografia e ocupação humana

O clima equatorial úmido é predominante na Região Norte, com médias de temperatura elevadas que contribuem para a alta taxa de evaporação e os maiores índices pluviométricos do país. Esse é um dos fatores responsáveis pelo grande volume de águas da Bacia Amazônica. Nos estados de Tocantins e de Rondônia, há ocorrência de clima tropical, com invernos secos e verões chuvosos.

Na Bacia Amazônica circulam cêrca de 20% de toda a água doce do planeta. As margens de seus rios são ocupadas por Terras Indígenas, comunidades ribeirinhas, vilas e cidades de tamanhos diversos. Para as pessoas que habitam essas áreas, os rios, além de serem determinantes para a realização de diversas atividades do cotidiano, representam fonte de subsistência, pois é deles que obtêm água e alimentos.

Como a maioria dos grandes rios amazônicos atravessa áreas de planície, há mais de 20 mil quilômetros de vias fluviais navegáveis e, em muitos casos, as embarcações representam o principal, se não o único, meio de transporte de pessoas e mercadorias.

Durante os meses mais chuvosos, os rios amazônicos alagam as áreas de várzea, e alguns deles apresentam variações de nível de muitos metros. O regime de cheias e vazantes influencia aspectos da vida local, como o transporte e a agricultura, pois o alagamento das várzeas durante as cheias resulta em solos fertilizados, que podem ser explorados quando o nível das águas está baixo.

Fotografia. Imagem de casas de madeira coloridas construídas sobre as águas escuras de um rio. À esquerda, pequena embarcação. Ao fundo, vegetação verde e abundante.
Casa flutuante em área de várzea no período de cheia, Iranduba, Amazonas (2020).

Os rios e a vida na Amazônia

Na Amazônia, a vida e a economia acompanham os ciclos das águas.

O infográfico a seguir apresenta informações que contribuem para a análise da relação entre os rios e a população na Amazônia.

Infográfico. Os rios e a vida na Amazônia. No centro, ilustração de um rio em tons de ocre, representando o rio Solimões, com um barco grande e dois barcos pequenos com redes de pesca. Das águas do Rio Solimões sai um fio que se liga ao seguinte texto explicativo: O barrento rio Solimões é rico em minerais e microrganismos, o que favorece a reprodução e a variedade de peixes. Na parte inferior esquerda, às margens do Rio Solimões, há áreas de agricultura hidropônica e diversas construções sobre estacas, de onde sai um fio que se liga ao seguinte texto explicativo: Para as comunidades tradicionais, conhecer a dinâmica dos rios é fundamental para torná-los fonte de subsistência. O rio é também caminho, às vezes único, para se deslocar na floresta ou entre vilas e cidades. Ainda na parte inferior, à direita, há um braço do rio com uma embarcação rebocando duas balsas com mercadorias e uma estrada com caminhões e área de vegetação às margens. Acima, à direita, há outro rio em tom de azul, representando o rio Negro, com diversos barcos navegando e outros estacionados na beira, onde há galpões e prédios. Das águas do rio Negro sai um fio que se liga ao seguinte texto explicativo: A coloração escura do rio Negro se deve à decomposição de sedimentos orgânicos, que tornam sua água ácida, com menor variedade de peixes. À direita, as águas dos rios Negro e Solimões se encontram, de onde sai um fio que se liga ao seguinte texto explicativo: A diversa coloração das águas evidencia os tipos de sedimentos transportados pelos rios. O encontro das águas do rio Negro e do rio Solimões forma o rio Amazonas. À esquerda, na parte superior, entre as águas dos rios Negro e Solimões, há uma área de vegetação e algumas construções de madeira sobre estacas.
Imagem meramente ilustrativa

Gire o seu dispositivo para a posição vertical

A circulação de pessoas e de mercadorias na Amazônia

Pelos rios amazônicos são transportados passageiros, pequenas cargas e milhares de toneladas de produtos agrícolas e minerais para exportação.

Além de integrar cidades e regiões no território nacional, as vias fluviais fazem a integração do Brasil com outros países, através de corredores de circulação de mercadorias. Analise o mapa.

REGIÃO NORTE: NAVEGAÇÃO

Mapa. Região Norte: navegação. Mapa da Região Norte onde as instalações portuárias de carga e de passageiros são evidenciadas por meio de pontos coloridos. Além disso, as vias economicamente navegáveis são demonstradas por linha contínua verde. 
Instalações portuárias de carga (ponto amarelo) indicadas: ao longo dos rios Branco, Negro, Japurá, Juruá, Purus, Madeira, Solimões, Amazonas e outros. Também estão indicadas instalações portuárias de carga nos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Manaus e Tabatinga, no estado do Amazonas; Rio Branco, no estado do Acre; Macapá, no Amapá; Santarém e Vitória do Xingu, no Pará. 
Instalações portuárias de passageiros (ponto vermelho) indicadas: nos rios Solimões, Negro, Amazonas, Madeira, Guaporé e outros. Também estão indicadas instalações portuárias de passageiros nos municípios de 
Manaus e Tabatinga, no estado do Amazonas; Guajará-Mirim e Pimenteiras do Oeste, em Rondônia; Santarém e Vitória do Xingu, no Pará; Macapá, no Amapá. 
Vias economicamente navegáveis (linha verde) indicados: rio Guaporé, rio Madeira, rio Purus, rio Juruá, rio Japurá, rio Solimões, rio Negro, rio Branco, rio Amazonas, além de outros.
Abaixo e à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 380 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página 141; AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS (Brasil). Caracterização da oferta e da demanda do transporte fluvial de passageiros na Região Amazônica. Brasília, Distrito Federal: ântác, 2013. Disponível em: https://oeds.link/2FdGcR. Acesso em: 25 fevereiro. 2022.

Na Bacia Amazônica são feitas, anualmente, 14 milhões de viagens regulares através de 317 linhas hidroviárias de passageiros.

Além de serem vias de escoamento da produção destinada ao consumo regional e à exportação, os rios são utilizados para transportar produtos importados. Milhões de toneladas de fertilizantes, produtos químicos, materiais elétricos e automóveis, entre outros, são escoados pelos rios da Região Norte.

O minério de ferro extraído no Pará é o produto mais transportado pelos rios da Bacia Amazônica. Além disso, parte da produção de soja e milho do Centro-Oeste segue para exportação pelo rio Madeira.

Cada comboio de barcaças pode transportar até trínta e duas mil toneladas de carga, o equivalente à capacidade de carga de 850 caminhões.

Fotografia. Em primeiro plano, navio com grande número de contêineres está atracado em um porto. Atrás do navio, três grandes guindastes. Ao fundo, grande número de embarcações e algumas construções.
Navio cargueiro em terminal portuário do rio Negro, em Manaus, Amazonas (2020).

Indicadores socioeconômicos

Em decorrência das medidas tomadas pelos governos para a ocupação da Região Norte e do desenvolvimento da indústria e da agropecuária, a partir da segunda metade do século vinte houve na região uma grande expansão urbana.

Belém, no Pará, e Manaus, no Amazonas, são as cidades mais populosas da Região Norte. Além delas, destacam-se Macapá, Rio Branco, Porto Velho, Boa Vista e Palmas, respectivas capitais dos estados do Amapá, Acre, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Os maiores centros urbanos são pontos de convergência, que atraem habitantes de pequenos municípios ou da zona rural em busca de produtos e serviços.

A construção de rodovias integrou diferentes áreas da região, deu origem a novos centros urbanos e promoveu uma forte migração da população do campo para cidades maiores, principalmente para as capitais, que cresceram em ritmo acelerado e apresentam diferentes problemas urbanos.

De acordo com estimativas do í bê gê É, em 2019 aproximadamente 8,7% da população brasileira vivia nessa região, a maioria nas áreas urbanas. A expansão das cidades vem pressionando áreas de floresta, sobretudo nas periferias das regiões metropolitanas.

A taxa de analfabetismo da população (com 15 anos ou mais) dessa região era de 7,6%, superior à do Brasil, estimada em 6,6%.

A expectativa de vida da população da Região Norte ao nascer era menor que a do Brasil, sendo especialmente baixa em Rondônia (71,7 anos). A taxa de mortalidade infantil da região era de 16,6 mil mortes de crianças com até 1 ano de idade por mil nascidas vivas, enquanto a taxa do Brasil era de 11,9 por mil.

Fotografia. Em primeiro plano, vista de floresta composta por árvores altas e vegetação densa. À esquerda e ao fundo, muitas construções e céu parcialmente encoberto.
A área urbana de muitas cidades da Região Norte vem crescendo e avançando sobre áreas da Floresta Amazônica. Manaus, Amazonas (2018).

Ícone. Seção Lugar e cultura. Composto por um vaso colorido.

Lugar e cultura

O Festival Folclórico de Parintins

Multiculturalismo

A cidade de Parintins, situada a cêrca de 400 quilômetros de Manaus, em uma ilha do rio Amazonas, é séde do festival que ocorre todos os anos no último final de semana de junho. Migrantes vindos do Nordeste para trabalhar nos seringais da Floresta Amazônica, durante a fase áurea de extração da borracha, foram os responsáveis pela introdução da festa na Região Norte.

A festa do boi-bumbá se origina de uma lenda sobre a morte do boi, que um homem escravizado teria matado a pedido de sua mulher. Ao descobrir o feito, o dono do boi ordenou ao homem que o trouxesse de volta. Com medo de ser castigado, ele recorreu a curandeiros, que conseguiram ressuscitar o animal.

Em Parintins, a lenda sofreu alterações, sob influência da cultura indígena: o curandeiro que ressuscita o boi é representado pelo pajé (figura religiosa máxima em uma aldeia indígena); o ritmo musical que comanda a festa, conhecido por toada, tem marcação fortemente influenciada por ritmos indígenas; as lendas amazônicas e as figuras regionais estão sempre presentes; e as danças e os ritos de diversos povos indígenas são exaltados nas grandiosas apresentações.

A festa atrai para a cidade mais de 100 mil turistas todos os anos, tendo sido cancelada em 2020 por causa da pandemia de Covid-19. Ela acontece no “bumbódromo”, uma arena a céu aberto com capacidade para quase 20 mil pessoas. O festival representa uma disputa entre as agremiações Caprichoso e Garantido, identificadas, respectivamente, pela cor azul e pela cor vermelha. Essa festa é uma fórma de preservar as tradições culturais da região.

Fotografia. Um homem usando fantasia branca e vermelha, com penas, está do lado de uma mulher usando vestido branco com tecidos dourados na saia e um enfeite com penas brancas sobre a cabeça. Ao centro, há uma pessoa vestindo fantasia de boi branco que tem uma mancha vermelha na cabeça. À esquerda, um grupo de músicos composto de pessoas usando fantasias vermelhas segurando instrumentos musicais diversos. Ao fundo, bonecos gigantes. Ao centro e no fundo há um boneco de cabelo e barba preta usando roupa vermelha; à esquerda, uma boneca gigante de vestido lilás, verde, laranja e azul, com chapéu vermelho e um boneco com  camisa branca, chapéu de cangaceiro na cabeça e segurando uma sanfona; à direita, uma boneca gigante de vestido vermelho, lilás, verde e laranja, com chapéu vermelho na cabeça.
Apresentação do Boi Garantido no Festival Folclórico de Parintins, Amazonas (2019).
  1. Qual é a origem da festa do boi-bumbá? Que particularidades ela apresenta em Parintins?
  2. Cite duas razões para a importância desse festival nos dias atuais.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Qual é a diferença entre as áreas de abrangência da Floresta Amazônica e da Amazônia Legal?
  2. Analise os quadros referentes à área e à população da Região Norte e responda às questões.
Região Norte: área dos estados (2010)

Estado

Área (km2)

Rondônia

237.576

Acre

164.165

Amazonas

1.559.161

Roraima

224.298

Pará

1.247.689

Amapá

142.814

Tocantins

277.620

Total

3.853.323

Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar: Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2010. p. 67.

Região Norte: população urbana e rural (Censo de 2010)

Estado

População total

População urbana

População rural

Rondônia

1.562.409

1.149.180

413.229

Acre

733.559

532.279

201.280

Amazonas

3.483.985

2.755.490

728.495

Roraima

450.479

344.859

105.620

Pará

7.581.051

5.191.559

2.389.492

Amapá

669.526

601.036

68.490

Tocantins

1.383.445

1.090.106

293.339

Total

15.864.454

11.664.509

4.199.945

Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sinopse do Censo demográfico 2010. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2010. Disponível em: https://oeds.link/Ovw6m2. Acesso em: 24 fev. 2022.

  1. De acordo com o Censo de 2010, que estados eram o mais e o menos populoso da Região Norte?
  2. Sabendo que, para obter a densidade demográfica de um estado, é necessário dividir o número de habitantes pela área territorial, responda: que estados da Região Norte apresentam a maior e a menor densidade demográfica?
  1. Com base no mapa “Região Norte: recursos minerais”, responda às questões.
    1. Quais são os recursos minerais explorados em todos os estados da Região Norte, exceto no Acre?
    2. Em qual estado se encontram mais jazidas de ferro?
    3. Em quais estados a bauxita é explorada?
    4. Em quais estados o manganês é explorado?
  2. Faça a leitura do gráfico e responda: o que ele apresenta em relação à Região Norte?

BRASIL: CRIANÇAS E ADOLESCENTES ENTRE 10 E 13 ANOS EM SITUAÇÃO DE TRABALHO INFANTIL (2005-2015)

Gráfico. Brasil: crianças e adolescentes entre 10 e 13 anos em situação de trabalho infantil (2005 a 2015). Gráfico de linhas coloridas que evidenciam a porcentagem de pessoas em situação de trabalho infantil no Brasil e em cada região do país ao longo dos anos de 2005 a 2015. No eixo vertical está a porcentagem de pessoas, de zero a 20,0%. No eixo vertical estão os anos, de 2005 a 2015. Brasil: 2005: 9,8 por cento. 2006: 9por cento. 2007: 8 por cento. 2008: 6 por cento. 2009: 5,5 por cento. 2011: 4,8 por cento. 2012: 4 por cento. 2013: 4 por cento. 2014: 4,5 por cento. 2015: 4 por cento. Norte: 2005: 13 por cento. 2006: 13 por cento. 2007: 10,5por cento. 2008: 8 por cento. 2009: 7,5 por cento. 2011: 8por cento. 2012: 7 por cento. 2013: 6,8 por cento. 2014: 7,5 por cento. 2015: 4,5 por cento. Nordeste: 2005: 15 por cento. 2006: 13 por cento. 2007: 12 por cento. 2008: 10 por cento. 2009: 8,5 por cento. 2011: 7 por cento. 2012: 5 por cento. 2013: 5 por cento. 2014: 5,5 por cento 2015: 4 por cento. Sudeste: 2005: 4,7 por cento. 2006: 4,5 por cento. 2007: 4 por cento. 2008: 3,5 por cento. 2009: 3,6 por cento. 2011: 3 por cento. 2012: 2,9 por cento. 2013: 2,9 por cento. 2014: 2,9 por cento. 2015: 2,9 por cento. Sul: 2005: 10 por cento. 2006: 9 por cento. 2007: 9 por cento. 2008: 6 por cento. 2009: 5,1 por cento. 2011: 4,8 por cento. 2012: 4,8 por cento. 2013: 4,8 por cento. 2014: 4,8 por cento. 2015: 3,5 por cento Centro-Oeste. 2005: 5,5 por cento. 2006: 5 por cento. 2007: 5 por cento. 2008 : 4,5 por cento. 2009: 5 por cento. 2011: 3 por cento. 2012: 3 por cento. 2013: 3 por cento. 2014: 4 por cento. 2015: 3 por cento.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira – 2016. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2016.

CAPÍTULO 11  Questões socioambientais e desenvolvimento sustentável

Meio ambiente.

A extração de madeira, a expansão de áreas destinadas à agropecuária, a urbanização e a construção de rodovias e estradas são as principais causas da devastação da Floresta Amazônica. Nos últimos 50 anos, a floresta perdeu cêrca de 20% de sua área original, o que corresponde a uma área três vezes maior que a do estado de São Paulo.

A Floresta Amazônica destaca-se pelo número de espécies de seres vivos que abriga. No entanto, essa imensa reserva de biodiversidade se encontra ameaçada pela exploração predatória, que, além de reduzir a vegetação e destruir o abitá de diversas espécies animais, acarreta uma série de problemas sociais que atingem populações quilombolas e indígenas que sobrevivem dos recursos da floresta.

Fotografia. Vista aérea de uma vasta área de solo exposto, de tom amarronzado, com diversos troncos caídos e duas árvores restantes. Há uma estrada que faz margem à essa área à esquerda. No entorno e ao fundo, vasta vegetação verde e exuberante com focos de fumaça.
Vista aérea de uma área devastada da Floresta Amazônica, em Porto Velho, Rondônia (2019).

O desmatamento

Historicamente, o desmatamento da Amazônia é considerado elevado. Embora tenha sido mais intenso em décadas passadas, nos últimos anos a velocidade do desmatamento voltou a aumentar.

AMAZÔNIA LEGAL: DESMATAMENTO (1988-2016)

Gráfico. Amazônia legal: desmatamento (1988 a 2016). Gráfico de barras que especifica, em quilômetros quadrados, a área desmatada ao longo dos anos de 1988 a 2016 na Amazônia Legal. No eixo vertical, a quantidade de área desmatada. No eixo horizontal, os anos. 1988: 21.000 quilômetros quadrados; 1989: 17.000 quilômetros quadrados; 1990: 14.000 quilômetros quadrados; 1991: 11.000 quilômetros quadrados; 1992: 14.000 quilômetros quadrados; 1993: 15.000 quilômetros quadrados; 1994: 15.000 quilômetros quadrados; 1995: 29.000 quilômetros quadrados; 1996: 17.000 quilômetros quadrados; 1997: 13.000 quilômetros quadrados; 1998: 12.000 quilômetros quadrados; 1999: 12.000 quilômetros quadrados; 2000: 13.000 quilômetros quadrados; 2001: 13.000 quilômetros quadrados; 2002: 21.000 quilômetros quadrados; 2003: 25.000 quilômetros quadrados; 2004: 27.000 quilômetros quadrados; 2005: 19.000 quilômetros quadrados; 2006: 14.000 quilômetros quadrados; 2007: 11.000 quilômetros quadrados; 2008: 13.000 quilômetros quadrados; 2009: 7.000 quilômetros quadrados; 2010: 6.500 quilômetros quadrados; 2011: 6.000 quilômetros quadrados; 2012: 4.900 quilômetros quadrados; 2013: 5.100 quilômetros quadrados; 2014: 5.000 quilômetros quadrados; 2015: 5.100 quilômetros quadrados; 2016: 8.000 quilômetros quadrados.
Fonte: BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Informações. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Pródes estima 7.989 quilômetros quadrados de desmatamento por córte raso na Amazônia em 2016. Brasília, Distrito Federal: ême cê tê Í: ínpi, 29 novembro. 2017. Seção Notícias. Disponível em: https://oeds.link/pcff6r. Acesso em: 23 fevereiro. 2022.

Arco do desmatamento

Os maiores índices de desmatamento da Amazônia concentram-se nas margens sul e leste da Amazônia Legal, do Maranhão ao Acre, no chamado arco do des­matamento.

A agropecuária tem avançado em direção ao norte do estado do Amazonas, onde se encontram grandes áreas intactas de floresta.

AMAZÔNIA: ARCO DO DESMATAMENTO (2016)

Mapa. Amazônia: arco do desmatamento (2016). Mapa do território da Amazônia representando as áreas especificas da floresta amazônica e do arco do desmatamento, evidenciadas por meio de cores. Floresta Amazônica (mancha verde): abrange os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará; parte norte e trecho do oeste de Mato Grosso; trecho oeste do norte do Tocantins e do  Maranhão. Arco do desmatamento (mancha marrom hachurada): abrange áreas do sul do Amazonas; extremo norte de Rondônia;  sul do Pará; norte de Mato Grosso; pequeno trecho central de Roraima e do Maranhão. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 375 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Pródes estima 7.989 quilômetros quadrados de desmatamento por córte raso na Amazônia em 2016. Sala de Imprensa. São José dos Campos. 29 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/pcff6r. Acesso em: 23 fevereiro. 2022.

Ler o mapa

Quais são os estados da Região Norte abrangidos pelo arco do desmatamento?

Diversas medidas públicas já foram tomadas para evitar o avanço da extração ilegal de madeira ou a abertura de novos campos de pecuária ou de cultivo: leis mais rigorosas de preservação florestal, aumento da fiscalização e monitoramento da floresta por satélite. No entanto, essas medidas têm sido enfraquecidas nos últimos anos e não tiveram a eficácia necessária para conter as ações humanas que devastam a mata nativa.

Extração de madeira

Para explorar madeira da floresta, as madeireiras precisam de licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (ibâma). Contudo, muitas delas atuam sem licença ou qualquer outro tipo de permissão legal. Devido ao alto valor das espécies consideradas nobres nos mercados brasileiro e internacional (como o mogno e o cedro, usados na produção de móveis), o lucro obtido com a venda da madeira derrubada ilegalmente é alto.

Até a década de 1980, a exploração de madeira se concentrava em áreas próximas às rodovias e aos rios, que permitem rápido escoamento da madeira extraída. No entanto, essa atividade passou a ocorrer em áreas cada vez mais interiores da floresta, alcançadas por estradas abertas pelos madeireiros.

Expansão agropecuária

Parte da Floresta Amazônica foi devastada para abrir espaço para as atividades agropecuárias, principalmente para o cultivo de soja e a criação extensiva de gado.

Os rebanhos bovinos na Amazônia Legal se concentram predominantemente na mesma faixa do arco do desmatamento. Isso ocorre porque o solo amazônico não é fértil para a atividade agrícola e essa prática depende muitas vezes do apoio da biotecnologia e de técnicas agrícolas avançadas para trazer resultados interessantes ao agronegócio.

Fotografia. Destaque para um solo seco e bege com plantas de folhas acinzentadas. Na frente há uma vegetação baixa em tons de verde-claro. Ao fundo, uma vegetação alta com árvores. Acima, o céu com nuvens.
A soja é um dos principais produtos agrícolas que avançam sobre a Floresta Amazônica, como pode ser observado na fotografia em Itapuã do Oeste, Rondônia (2019).
Queimadas

A queimada consiste na prática rudimentar de queima da cobertura do solo, a fim de facilitar a limpeza da área para abrir um campo de cultivo ou de pastagem. É comum em áreas já desmatadas, com o objetivo de limpar campos destinados a replantio ou pastos, e até hoje é praticada em larga escala, provocando extensos danos ambientais.

Além do risco de se transformar em vastos incêndios florestais, a queimada causa poluição atmosférica e degrada o solo, matando organismos responsáveis pela fertilização e expondo-o a processos erosivos. Ela também contribui para o aumento do gás carbônico na atmosfera.

Os impactos das hidrelétricas

Com o objetivo de ampliar a produção de energia no país e promover o desenvolvimento da Região Norte, nas últimas décadas foram construídas hidrelétricas nos rios da Bacia do Amazonas. Entretanto, essas obras foram alvos de críticas devido aos impactos socioambientais decorrentes de sua implantação.

O relevo da Amazônia é formado predominantemente por terrenos de baixas altitudes, geralmente planos, o que indica baixo potencial para a construção de hidrelétricas. Diante dessas características, para abastecê-las, é necessário o alagamento de extensas áreas, em muitas das quais vivem comunidades ribeirinhas e grupos indígenas. As populações residentes nesses lugares são removidas e realocadas, desrespeitando sua ligação com o espaço onde vivem, seu modo de vida e suas atividades de sustento.

Fotografia. Um homem indígena com o corpo pintado com grafismos pretos pretos, usando um cocar, está apontando para um mapa pendurado. Ao lado, uma mulher de cabelo curto, usando blusa branca,  está com os braços cruzados e olha para o mapa
No ano de 2016, Victória táuli córpus, então relatora da ônu, visitou as lideranças indígenas na região de Altamira (Pará), que mostraram a ela problemas ambientais e sociais relacionados à área de alagamento e construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.

Sustentabilidade e populações tradicionais

O chamado desenvolvimento sustentável representa uma alternativa para o modelo econômico vigente nos dias atuais. Busca reduzir os impactos socioambientais ao explorar recursos de modo controlado, não interferindo na reprodução das espécies nem afetando a biodiversidade. Além disso, também objetiva respeitar as comunidades tradicionais e aproveitar seus conhecimentos.

Projetos de desenvolvimento sustentável

Atualmente, muitas empresas, institutos e organizações não governamentais estão implantando projetos de desenvolvimento sustentável que envolvem o reflorestamento e a agricultura de espécies nativas, como o açaí.

Um exemplo desse tipo de iniciativa é o projeto Reca (Reflo-restamento Econômico Consor-ciado e Adensado), implantado no distrito de Nova Califórnia, a 360 quilômetros de Porto Velho, a capital de Rondônia. Idealizado por pequenos agricultores, o projeto consiste em reflorestar áreas devastadas por meio do plantio de diversas espécies vegetais nativas, recriando florestas para exploração sustentável de seus recursos.

Mais de 40 espécies frutíferas estão sendo exploradas economicamente nessas áreas reflorestadas. A qualidade é prioridade para os agricultores que vivem da comercialização das frutas.

Fotografia. Em área aberta, de chão de terra de aspecto cinzento, há diversas mudas pequenas cercadas por uma tábua de madeira n centro da imagem. Ao lado e de pé, uma mulher as observa. Ao fundo, algumas árvores.
Viveiro com mudas de pau-rainha – árvore típica da Floresta Amazônica – para projeto de reflorestamento. Comunidade indígena em Amajari, Roraima (2019).

Demarcação e preservação das Terras Indígenas

Entre as regiões brasileiras, a Região Norte é a que possui a maior população indígena. Na Amazônia Legal, estão localizados 98,5% das Terras Indígenas do país, distribuídas em quatrocentas e vinte e duas reservas, que, juntas, ocupam ..111401207 hectares – área que corresponde a aproximadamente 22% de toda a Amazônia Legal.

Muitas terras ainda não foram demarcadas devido a interesses econômicos de fazendeiros, madeireiros e mineradores, que querem explorá-las comercialmente. Calcula-se que, em mais de 100 Terras Indígenas não demarcadas, existam reservas de ouro e outros minérios com alto valor comercial; daí a pressão das mineradoras para a não demarcação desses territórios.

Os povos indígenas, que preservam modos de vida tradicionais, dependem da floresta e dos rios para sobreviver. Um dos objetivos do desenvolvimento sustentável é garantir que essa população tenha seus direitos respeitados, o que nem sempre ocorre. A relação entre indígenas e não indígenas tem sido conflituosa, pois ainda são constantes as invasões, até mesmo nas terras demarcadas. A saúde da população indígena também é um desafio para as políticas indigenistas brasileiras. Vulnerável a enfermidades levadas para as aldeias por pessoas não indígenas, essa população apresenta altas taxas de mortalidade infantil.

BRASIL: TERRAS INDÍGENAS (2020)

Mapa. Brasil: terras indígenas (2020). Mapa do território brasileiro com as áreas indígenas identificadas por meio de cores, de acordo com a situação de demarcação. Terra regularizada (mancha laranja): no estado do Amazonas: porção oeste e norte. Em Rondônia: porção central e leste. No estado do Mato Grosso: porção oeste e norte. No Pará: porção sul, central e norte. No estado do Maranhão: porção norte. Em Roraima: porções norte e sul. Terra declarada ou em estudo (hachura rosa): pequenas porções espalhadas em áreas dos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão. Terra homologada (mancha verde): pequenas porções no sul do Pará e do Acre; porção oeste de Rondônia. Terra delimitada (mancha roxa): pequena porção no norte dos estados do Pará, Mato Grosso e Amazonas. Abaixo e à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 360 quilômetros.
Fonte: BRASIL. Ministério da Justiça. Fundação Nacional do Índio. Terras Indígenas. Brasília, Distrito Federal: : Funai, 2021. Disponível em: https://oeds.link/ij3282 Acesso em: 24 fevereiro. 2022.
Ícone. Sugestão de site
BRASIL. Ministério da Justiça. Fundação Nacional do Índio. Terras Indígenas. Sistema Indigenista de Informações. Brasília, Distrito Federal. Disponível em: https://oeds.link/826kF2. Acesso em: 20 abril. 2022. O site apresenta informações sobre a situação de diferentes grupos indígenas e das terras onde vivem.

As reservas extrativistas

Para preservar os recursos da Floresta Amazônica foram criadas reservas extrativistas – áreas pertencentes à União, nas quais é permitida a exploração comercial por um número restrito de famílias.

As primeiras reservas extrativistas datam de 1990, quando o governo federal delimitou terras da Região Norte para serem utilizadas por castanheiros e seringueiros para sustento próprio e de suas famílias. Nessas reservas são proibidas a transferência de posse e a prática do extrativismo predatório.

A criação das reservas extrativistas ajudou a demonstrar que atividades como a extração do látex e a coleta do açaí e da castanha podem ser praticadas de modo sustentável. Ela foi resultado de lutas empreendidas pelas comunidades tradicionais da floresta. No Acre, Chico Mendes se destacou por seu intenso trabalho em defesa da mata e dos seringueiros, tornando-se uma figura conhecida mundialmente. Suas ideias, porém, se contrapunham aos proprietários e demais interessados em terras da região, dando origem a muitos conflitos. Em 1988, Chico foi assassinado pelo filho de um seringalistaglossário .

Fotografia. Em preto e branco. Um homem de cabelo preto penteado para trás e de bigode grosso, usando camiseta branca, está segurando um bebê e sorrindo. À esquerda, uma mulher de cabelo longo, sobrancelhas finas, usando blusa regata, está apoiada na janela e sorrindo. Ambos estão atrás do perfil de uma janela.
Chico Mendes lutou pela preservação da floresta e pelos direitos dos seringueiros. Na fotografia, Chico ao lado de sua esposa, com um dos filhos do casal, na janela de sua casa, na cidade de Xapuri, Acre (1988).
Ícone. Sugestão de livro.
FIGUEIREDO, Aldrin Moura de. No tempo dos seringais. São Paulo: Atual, 2005. O livro retrata a era de luxo e fortuna na Região Norte, promovida pela extração do látex das árvores da Floresta Amazônica. Revela não só como se dava o processo de produção e comercialização da borracha, mas também como era a vida nas cidades, particularmente em Belém, durante esse período áureo.
Ícone. Sugestão de vídeo.
CHICO Mendes: um depoimento. Direção: Bernardo Fernandes. Brasil, 1988. Duração: 60 minutos. Nessa entrevista, concedida em junho de 1988 à Associação dos Geógrafos Brasileiros, Chico Mendes relata a história dos seringueiros desde o início do século vinte, sua luta e as várias ameaças de morte que recebeu.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Quais são os principais impactos socioambientais relacionados à construção de usinas hidrelétricas na Região Norte?
  2. Como os rios interferem no dia a dia da população da Amazônia?
  3. Quais medidas têm sido tomadas para frear a exploração da madeira na região Amazônica?
  4. Analise o mapa e, depois, responda às questões propostas.

AMAZÔNIA LEGAL: DESMATAMENTO

Mapa. Amazônia Legal: desmatamento Mapa da Amazônia representando áreas desmatadas, de floresta e não floresta nos estados. Além disso, o limite da Amazônia Legal e do bioma Amazônia são evidenciados por meio de  linhas coloridas. Desmatamento até 2015 (manchas na cor rosa): predominante em Rondônia; porção sul, norte e leste do Pará; porção leste do Acre; porção central de Roraima. Floresta (cor verde): predominante no estado do Amazonas e Acre, na porção central e oeste do Pará e do Amapá; áreas do este e sul de Roraima; pequenos trechos no norte e oeste de Rondônia; trechos no norte de Mato Grosso e alguns pontos do Maranhão. Não floresta (cor amarelo): predominante no estado de Roraima, Amapá e norte do Pará; pontos espalhados pelo Amazonas, sul do Pará, Rondônia, Acre, norte de Mato Grosso e pequenas áreas pontuais no oeste do Maranhão. Limite da Amazônia Legal (linha vermelho escuro): acompanha os limites entre territórios de países sul-americanos e os estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, além  de grande parte do Maranhão, quase todo o estado de Tocantins e todo o território de Mato Grosso, Limite do bioma Amazônia (linha verde): acompanha os limites entre territórios de países sul-americanos e os estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, além de trecho oeste do Maranhão e porção norte e oeste de Mato Grosso. Abaixo, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 305 quilômetros.
Fonte: DESMATAMENTO da Amazônia dispara novamente. Organics News Brasil, 27 novembro. 2015. Seção Meio Ambiente. Disponível em: https://oeds.link/5ldLWz. Acesso em: 24 fevereiro. 2022.
  1. Caracterize o desmatamento da Amazônia Legal. A que corresponde a área de maior devastação?
  2. Quais são os estados da Região Norte mais afetados pelo desmatamento? Por que isso ocorre?

5. A certificação florestal é um processo ao qual algumas empresas se submetem voluntariamente para atestar que suas mercadorias são produzidas segundo padrões de qualidade e sustentabilidade. Isso significa certificar que a madeira utilizada em determinado produto é de origem legal, respeita os ciclos naturais da floresta para permitir sua renovação, garante os direitos dos trabalhadores envolvidos no processo de extração e é economicamente viável. Os produtos certificados são acompanhados de um selo verde, que alerta o comprador para uma prática consciente. Em seu caderno, escreva um breve texto relacionando a importância da exploração de madeira em reservas extrativistas e do uso do selo verde para a conservação da floresta.

6. Leia os fragmentos do poema “Amazônia”, de Manoel de Andrade. Depois, realize as atividades a seguir.

Amazônia

reticências

Canto teu verde planetário

e no teu imenso respirar,

canto o nosso pão de oxigênio…

Canto a ti… Amazônia

bosque inquietante da esperança…

e eis por que denuncio esse machado cruel

sobre teu peito…

essa fruta milenar, dia a dia devorada.

reticências

Hoje canto os povos da floresta

e o desencanto dessa memória esquecida.

Falo de sobreviventes

de tribos desgarradas

de aldeias tristes

de sonhos desmatados

de segredos e tradições pirateadas

das águas lavadas na bateiaglossário do mercúrio.

reticências

Amazônia… Amazônia…

Quantos ainda cairão para que sobrevivas?

Com que vozes cantaremos a esperança

enlutados pela ausência dos que ousaram

manter suas denúncias?

reticências

Falo da destruição diária e sorrateira

de pastagens criminosas

e de uma ingrata agricultura.

Falo da natureza usada e abandonada

de uma terra arrasada

e de um deserto verde que cresce… dia a dia.

reticências

Quem sabe, o refluxo imperdoável do teu

próprio martírio…

uma malária cruel…

algo que empesteglossário essa ganância…

antes… bem antes

que essa segunda geração de abutres

choque também os seus filhotes.

ANDRADE, Manoel de. Cantares. São Paulo: Escrituras, 2007.

Fotografia. Destaque para um homem usando chapéu redondo marrom claro, camisa e calça azul, que, agachado na beira de um corpo de água, segura uma bateia redonda dentro da água. Ao fundo há areia e vegetação de porte médio.
Amajari, Roraima (2021).
  1. Copie no caderno o trecho do poema que trata de: povos da floresta, práticas predatórias e perseguição aos defensores da floresta.
  2. O autor é otimista ou pessimista em relação à situação atual da Amazônia e de seu possível futuro? Justifique.
  3. Qual é a atividade econômica retratada no poema e na fotografia?
  4. O poema pode ser considerado uma denúncia do que acontece na Amazônia? Justifique.

7. Em grupo, discutam a seguinte questão: Por que é importante preservar a Floresta Amazônica? . Escrevam as suas conclusões no caderno e, depois, apresentem as suas opiniões aos demais colegas da turma. Ouçam com atenção as conclusões dos colegas dos outros grupos.

Glossário

Biopirataria
Compreende a apropriação de conhecimentos e atividades de exploração, manipulação e comercialização de recursos biológicos de comunidades de agricultores e indígenas por indivíduos ou instituições com o objetivo de obter contrôle exclusivo desses recursos e saberes.
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Aluvião
Depósito de sedimentos no leito ou nas margens de um rio.
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Seringalista
Dono de seringal; aquele que emprega seringueiros ou aluga parte de sua propriedade a eles.
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Bateia
Recipiente de madeira ou metal, de fundo cônico, utilizado na busca de metais preciosos.
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Empestar
Infectar.
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