UNIDADE seis  Região Sul

Fotografia. Três crianças correndo e sorrindo em uma viela com casas térreas de cores diversas do lado esquerdo. Na viela há postes de luz e vários fios entre os postes e as casas. As crianças estão de bermuda, chinelos e camiseta. Atrás das crianças há alguns adultos e um carrinho que parece conter um saco plástico grande. Um homem está sentado numa cadeira em frente a uma das casas e olhando as crianças passarem. Um jovem está na porta de uma casa olhando também para as crianças. No final da viela há um muro e, atrás dele, árvores.
Apesar de pouco divulgados na mídia, há grupos remanescentes de quilombos na Região Sul do Brasil. O Estado tem a responsabilidade de regularizar as terras pertencentes a esses grupos e de garantir o respeito aos direitos deles. Na fotografia, comunidade quilombola Chácara das Rosas, no município de Canoas, Rio Grande do Sul (2022).
Fotografia. No primeiro plano, silhueta de quatro pessoas sentadas e duas delas seguram um chimarrão. Ao fundo, sol e pôr-do-sol refletido em uma grande porção de água.
Pessoas tomando chimarrão às margens do lago Guaíba, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (2020).

Na Região Sul do Brasil, devido à localização latitudinal, predominam o clima subtropical e a vegetação composta principalmente da Mata dos Pinhais e dos Campos, cuja ocorrência está vinculada a boa parte das atividades econômicas primárias.

A região é caracterizada por bons indicadores socioeconômicos em relação às médias brasileiras.

Sua ocupação espacial, por sua vez, foi fortemente marcada pela presença de imigrantes, que influenciaram a cultura, as tradições locais e as edificações.

O que você conhece sobre a cultura das populações que vivem na Região Sul do Brasil?

Você verá nesta Unidade:

A formação e a ocupação da Região Sul

Os principais grupos de imigrantes que se direcionaram para a região

Características do clima, do relevo, da vegetação e da hidrografia

Principais atividades econômicas

CAPíTULO 14  Organização do espaço, população e paisagem

A Região Sul é formada pelos estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

As cidades com maior população e densidade demográfica são Curitiba e Porto Alegre, respectivas capitais do Paraná e do Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, a cidade de Joinville tem população e Píbi maiores do que os da capital do estado, Florianópolis.

Assim como nas outras regiões do país, a população da Região Sul é predominantemente urbana.

Em 2021, a população estimada pelo í bê gê É para os estados do Rio Grande do Sul e do Paraná era de pouco mais de 11 milhões de habitantes em cada um. Já em Santa Catarina, a população estimada era de pouco mais de 7 milhões de habitantes.

REGIÃO SUL: DENSIDADE DEMOGRÁFICA (2010)

Mapa. Região Sul: densidade demográfica (2010). Mapa representando o território da região Sul do Brasil e a densidade demográfica em seus estados, em habitantes por quilômetro quadrado. De 1,0 a 10,0 habitantes por quilômetro quadrado, em amarelo: porções ao sul e nordeste do Rio Grande do Sul; pequena porção no sul de Santa Catarina; três pequenas porções no sul e norte do Paraná. De 10,1 a 25,0 habitantes por quilômetro quadrado, em laranja-claro: predominante no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. De 25,1 a 100,0 habitantes por quilômetro quadrado, em laranja: porção a noroeste e na costa leste do Rio Grande do Sul, porção a oeste e e perto da costa leste de Santa Catarina e porção ao norte e leste do Paraná. De 100,1 a 250,0 habitantes por quilômetro quadrado, em laranja-escuro: porção leste do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Mais de 250,0 habitantes por quilômetro quadrado, em marrom: ao redor das capitais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e pequena porção ao norte do Paraná. À esquerda, rosa dos ventos e escala de zero  a 115 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 127.

Ocupação da Região Sul

Dois grandes movimentos influenciaram a ocupação do território e deram origem à diversidade cultural da Região Sul: as missões jesuíticas e a imigração europeia.

No território originalmente ocupado por povos indígenas, as missões se espalharam e implantaram diversos núcleos de ocupação, que ainda preservam traços culturais dos colonizadores.

As missões jesuíticas

Até a metade do século dezoito, grande parte das terras que atualmente formam o Sul do Brasil pertencia oficialmente à Espanha. Os missionários jesuítas espanhóis ocuparam uma vasta área no sudoeste da região, concentrando-se no atual estado do Rio Grande do Sul, onde fundaram um conjunto de sete povoamentos que ficaram conhecidos como Sete Povos das Missões.

Nesse período, nas aldeias (ou missões), jesuítas e grupos indígenas catequizados praticavam a agricultura e a criação de bovinos e equinos, além do artesanato. Os trabalhos eram realizados de fórma coletiva, e os resultados, compartilhados entre a comunidade.

Com a assinatura do Tratado de Madri, em 1750, os espanhóis cederam a área dos Sete Povos aos portugueses em troca das terras da Colônia do Sacramento, que atualmente integram o território do Uruguai.

A assinatura desse acordo e a oposição dos jesuítas às Coroas portuguesa e espanhola deram origem a conflitos que resultaram na destruição de missões e no extermínio de muitos indígenas.

REGIÃO SUL: MISSÕES JESUÍTICAS (SÉCULOS dezesseisA dezoito)

Mapa. Região Sul: missões jesuíticas (séculos dezesseis a dezoito). Mapa representando a maior parte do território da região sul do Brasil, os limites territoriais das zonas de missões, os limites internacionais atuais do Brasil e a localização das missões. As zonas de missões estão identificadas por meio de uma mancha laranja no mapa, que abrange o noroeste do Uruguai, nordeste da Argentina, sul e sudeste do Paraguai e porção oeste da região Sul do Brasil, incluindo a maior parte do território do Rio Grande do Sul. Missões: na região oeste do Rio Grande do Sul: São Borja, São Lourenço, São Luís, São Nicolau, São Miguel, São João, São Ângelo. Missão no oeste do Uruguai: Paissandu. Missões na porção sudeste do Paraguai: Belém, São Estanislau e São Joaquim. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 140 quilômetros.
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Fundação de Assistência ao Estudante. Atlas histórico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: fei , 1991. página 56.

Ler o mapa

Identifique no mapa os povoamentos estabelecidos no atual território do Rio Grande do Sul.

Ícone. Sugestão de site
MUSEU das Missões. Brasília, Distrito Federal: íbrãn. Disponível em: https://oeds.link/ORdpZ7. Acesso em: 7 março. 2022. Sitedo Museu das Missões, em São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul. Nele, é possível conhecer a história de criação do museu e seu papel na preservação de remanescentes históricos e arquitetônicos dos Sete Povos das Missões.

A criação de gado e os tropeiros

O gado foi um elemento importante no processo de ocupação das terras do Sul. Além de fornecer carne, leite e couro para as populações locais e de outras áreas, o comércio do rebanho era fonte de renda para os tropeirosglossário .

A resistência de jesuítas e indígenas em abandonar as áreas ocupadas pelas missões levou a conflitos que ocasionaram a destruição das aldeias. Com isso, o gado nelas criado foi abandonado, e os rebanhos passaram a viver livremente pelos campos, o que atraiu para a região indivíduos de outras localidades em busca dos animais dispersos para abastecer de carne e couro a população. A pecuária que se desenvolveu no atual estado do Rio Grande do Sul é caracterizada pela presença de estânciasglossário e pelo uso das invernadasglossário .

O Caminho Real Viamão-Sorocaba, também conhecido como Caminho de Tropa, foi uma rota comercial que ajudou a consolidar a ocupação portuguesa dos territórios situados no sul do Brasil. O couro e o charqueglossário produzidos na região atraíam inúmeros tropeiros, cujos locais de pouso atualmente são importantes cidades, como Ponta Grossa (Paraná) e São Joaquim (Santa Catarina).

REGIÃO SUL: CAMINHO DAS TROPAS (SÉCULOS dezoito E dezenove)

Mapa. Região Sul: caminho das tropas (séculos dezoito e dezenove) Mapa representando o território da atual região Sul do Brasil e os caminhos das tropas, diferenciados por linhas coloridas. Caminho de Palmas ou das Missões, aberto no século 19: seta lilás sai de Sorocaba, no estado de São Paulo, passando por Itapetininga, Itapeva e Itararé no estado de São Paulo, Castro, Ponta Grossa, Palmeira, Guarapuava, União da Vitória e Palmas no Paraná,  Xanxerê e Chapecó no atual estado de Santa Catarina, e Palmeira das Missões, Cruz Alta e Santo Ângelo no atual estado do Rio Grande do Sul, seguindo em direção às missões jesuíticas. Em Castro, no Paraná, há uma ramificação do caminho que passa por Palmeira e União da Vitória até o reencontro com a linha original em Palmas. Em Santo Ângelo há uma ramificação para Cruz Alta, ambas no Rio Grande do Sul. Caminho de Vacaria dos Pinhais, rota clássica do tropeirismo: linha verde liga as cidades de Sorocaba, Itapetininga, Itapeva e Itararé no atual estado de São Paulo, Castro, Ponta Grossa, Palmeira, Lapa e Rio Negro no atual estado do Paraná, Mafra, Curitibanos e Lages no atual estado de Santa Catarina, e Vacaria, Passo Fundo, Carazinho e Cruz Alta no Rio Grande do Sul. Primeiro Caminho de Tropa, ou Caminho do Viamão, de 1728: linha rosa liga as cidades de Sorocaba, Itapetininga, Itapeva e Itararé no atual estado de São Paulo a Castro, Ponta Grossa, Palmeira, Lapa e Rio Negro no atual estado do Paraná, Mafra, Curitibanos e Lages no atual estado de Santa Catarina e Vacaria e Viamão no Rio Grande do Sul. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de zero a 115 quilômetros.
Fonte: ANTONELLI, Diego. Legado construído no lombo do cavalo. Gazeta do Povo, Paraná, 30 novembro. 2013. Seção Vida e Cidadania. Disponível em: https://oeds.link/Zh3Tpd. Acesso em: 7 março. 2022.

A imigração alemã

No século dezenove, grupos de imigrantes provenientes da Europa se fixaram na Região Sul. Nesse período, a primeira corrente imigratória foi constituída de alemães, que se estabeleceram em diversas localidades, entre elas São Leopoldo, no Rio Grande do Sul; Rio Negro, no Paraná; Mafra e São Pedro de Alcântara, em Santa Catarina. Entre 1850 e 1860, os imigrantes alemães fundaram várias cidades no estado de Santa Catarina, como Blumenau, Brusque e Pomerode.

A imigração italiana

Na segunda metade do século dezenove, o ritmo da imigração alemã no Brasil diminuía, e intensificava-se a chegada de imigrantes italianos.

Na Região Sul, os italianos ocuparam áreas das serras Gaúcha e Catarinense e do oeste paranaense.

O Rio Grande do Sul abrigou a maior parte desses imigrantes, que foram responsáveis pela fundação de cidades como Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi. Uma grande comunidade italiana se consolidou em pequenas propriedades que produziam uva e vinho, além de culturas de subsistência, como milho e trigo. A vitiviniculturaglossário se tornou uma especialidade da Serra Gaúcha, constituindo uma atividade importante para a economia, que conta com feiras e festas tradicionais.

Analise os núcleos de imigração alemã e italiana no mapa.

REGIÃO SUL: PRINCIPAIS NÚCLEOS IMIGRANTES (SÉCULO dezenove)

Mapa. Região Sul: principais núcleos imigrantes (século dezenove). Mapa representando o território da Região Sul do Brasil e a localização dos núcleos de imigração alemã e italiana em seus estados. Imigração alemã, representada por símbolo de estrela em preto: no Rio Grande do Sul: São Leopoldo e Novo Hamburgo; em Santa Catarina: Joinville, Mafra, Blumenau, Brusque e São Pedro de Alcântara; No Paraná: Rio Negro. Imigração Italiana, representada por símbolo de quadrado em preto: no Rio Grande do Sul: Bento Gonçalves, Garibaldi e Caxias do Sul; em Santa Catarina: Criciúma, Urussanga e Nova Trento. Todos os principais núcleos imigrantes localizavam-se nas porções leste dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No Paraná, o núcleo imigrante Rio Negro localizava-se na porção sudeste do estado. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 155 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 175-177.

Outros imigrantes

Em menor quantidade que italianos e alemães, imigrantes poloneses e ucranianos se estabeleceram no final do século dezenove e no início do século vinte, principalmente nas partes central e leste do estado do Paraná. Os japoneses marcaram presença no norte do Paraná, onde inicialmente se fixaram famílias vindas das fazendas de café do oeste do estado de São Paulo.

Além de imigrantes de outros países, a expansão do café para o norte do Paraná atraiu migrantes paulistas, mineiros e nordestinos.

Embora pouco mencionadas nos meios de comunicação, há mais de cem comunidades com população remanescente de quilombos no Sul do país.

Ícone. Seção Em prática. Composto por um mapa e um pino de localização sobre o mapa.

Em prática

Gaúchos migrantes

A participação da população da Região Sul do Brasil em relação ao número total de habitantes do país tem diminuído nas últimas décadas. Entre as razões, destaca-se a migração de um grande número de habitantes para outros estados.

Analise o mapa, que indica a população natural do Rio Grande do Sul que residia em outras unidades federativas em 2010.

BRASIL: POPULAÇÃO NATURAL DO RIO GRANDE DO SUL RESIDENTE EM OUTRAS UNIDADES FEDERATIVAS (2010)

Mapa. Brasil: população natural do Rio Grande do Sul residente em outras unidades federativas, 2010. Mapa do Brasil com a divisão política e o número de habitantes naturais do Rio Grande do Sul que habitam cada unidade federativa. De 5.444 a 15.000 habitantes naturais do Rio Grande do Sul, em: Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá, Pará, Maranhão, Tocantins, Piauí, Ceará, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. De 15.001 a 40.000 habitantes naturais do Rio Grande do Sul: Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal e Rio de Janeiro. De 40.001 a 80.000 habitantes naturais do Rio Grande do Sul: São Paulo e Mato Grosso. De 80.001 a 422.139 habitantes naturais do Rio Grande do Sul: Paraná e Santa Catarina. O Rio Grande do Sul está representado no mapa na cor branca. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 335 quilômetros.
Fonte: RIO GRANDE DO SUL (Estado). Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão. Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul. Rio Grande do Sul: , quinta edição. 2020. Disponível em: https://oeds.link/dnlQq3. Acesso em: 7 março. 2022.
  1. Quais unidades federativas apresentavam um elevado número de habitantes que nasceram no Rio Grande do Sul?
  2. Qual variável visual foi utilizada na elaboração do mapa para a representação dos dados?
  3. Na sua opinião, quais razões podem justificar a elevada presença de gaúchos em outros estados e nas regiões do Brasil?

Diversidade

Multiculturalismo

Atualmente, a Região Sul é a segunda região brasileira com o maior número de habitantes de outras nacionalidades e a primeira em número de estrangeiros naturalizados, ou seja, que obtiveram nacionalidade brasileira.

A população da Região Sul é composta de um número expressivo de descendentes de imigrantes europeus e um menor percentual de indígenas e afrodescendentes. Isso pode ser explicado pelas políticas ao longo do século dezenove na região, que incentivavam a exclusão desses grupos das atividades econômicas.

Na Região Sul, parte dos ex-escravizados não conseguiu participar das atividades oriundas dos novos mercados de trabalho assalariado, sendo relegada à economia informal. Os grupos indígenas foram sendo reduzidos ao longo do tempo, por conta de conflitos com colonizadores, trabalhos forçados e epidemias.

Reconhecer os grupos indígenas e afrodescendentes na Região Sul, sua contribuição histórica, política, cultural e econômica é fundamental para combater a ideia equivocada de que a participação desses grupos na população da região seja irrelevante. Esse reconhecimento também é importante para fazer valer os direitos desses grupos.

Fotografia. Vista de um terreno agrícola com terra marrom e arado em fileiras. Ao redor da terra, há árvores diversas, uma casa e três construções sustentadas por troncos finos de madeira. Duas delas parecem ter as paredes e o telhado feitos de plástico preto. Mais ao fundo, área com vegetação
Comunidade do povo indígena Guarani localizada na aldeia tecoá coenjú, em São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul (2017).

Multiculturalismo.
Ícone. Seção Lugar e cultura. Composto por um vaso colorido.

Lugar e cultura

Comunidades quilombolas no sul do Brasil

Apesar do predomínio dos grupos imigrantes europeus, o Sul do Brasil abriga cêrca de 4% da população afrodescendente do país. A maioria vive nas áreas urbanas, porém uma parcela significativa vive nas áreas rurais, em comunidades quilombolas que se formaram ao longo dos séculos dezessete e dezoito, durante o período de escravidão no Brasil.

No Rio Grande do Sul, havia 146 comunidades quilombolas identificadas até 2020, distribuídas por todo o estado.

Com o intuito de valorizar e dar mais visibilidade a essa cultura, o jornalista Eduardo Tavares e o historiador Gabriel díenstmãn criaram a exposição fotográfica Quilombos rurais e o gaúcho negro. Sobre o projeto, leia o trecho do texto a seguir.

reticências Para construir essa exposição, o jornalista e o historiador percorreram mais de 5 mil quilômetros pelo interior do Rio Grande do Sul, visitando 15 comunidades quilombolas. O objetivo do projeto é dar visibilidade aos quilombos rurais no Estado, valorizando a luta das comunidades negras por melhores condições de vida e contra o preconceito. reticências

Gabriel díenstmãn: “reticências O que nós percebemos nos quilombos que visitamos é que, apesar do processo de titulação estar travado, eles conseguiram conquistar muitos avanços através da mobilização quilombola. reticências

Mesmo não possuindo a titulação, quando eles se reconhecem como quilombolas e recebem o certificado de reconhecimento da Fundação Palmares, eles conseguem comprovar a posse da terra, o que já permite acessar uma série de políticas públicas e dar um salto de qualidade de vida muito grande. reticências

vaisraimer, Marco. Exposição resgata história dos quilombos rurais no Rio Grande do Sul. sul vinte e um, 29 outubro. 2016. Seção Cultura. Disponível em: https://oeds.link/wUDfuI. Acesso em: 7 março. 2022.

Fotografia. Vista aproximada de uma construção de paredes coloridas; na frente dela há um homem sentado em um banco falando com um grupo de crianças que estão sentadas no chão. O homem usa boné vermelho, camiseta preta, shorts amarelo e sandália branca. Ele está tocando um atabaque. Na sua frente, as crianças estão sentadas, algumas seguram livros abertos. Ao fundo, uma parede pintada e um escrito: QUILOMBO DOS MACHADO. Atrás das crianças, uma geladeira e e atrás do homem uma porta de vitrô com uma bandeira com faixas horizontais nas cores amarelo, vermelho e preto e um símbolo composto por dois machados cruzados e o número sete no meio.
Líder comunitário toca atabaque para crianças no Quilombo dos Machado, Porto Alegre, Rio Grande do Sul (2022).
  1. Qual é a importância da titulação das comunidades quilombolas?
  2. Na sua opinião, como projetos como o apresentado no texto contribuem para a valorização das comunidades remanescentes de quilombos?

Clima e relevo

Enquanto as demais regiões do país apresentam variações do clima tropical, no Sul predomina o clima subtropical. Nessa região, as chuvas são regulares e abundantes, com precipitações entre 1. 250 e 2. 000 milímetros anuais.

A variação sazonal de luminosidade constitui um dos principais aspectos das paisagens naturais sulistas. Além disso, durante o ano há expressiva diferença entre as temperaturas mais baixas e as mais elevadas (amplitude térmica). No inverno ocorrem geadas e, eventualmente, neve nas partes altas dos planaltos.

O relevo é caracterizado pela presença de serras e chapadões ondulados que compõem os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná. Na porção oriental da divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina se destacam os paredões verticais.

No período colonial, os planaltos da Região Sul foram vias de acesso utilizadas por jesuítas e bandeirantes, que, ao longo dos caminhos trilhados, fundaram aldeias e vilas, algumas das quais se transformaram em grandes cidades.

Alguns problemas ambientais afetam a Região Sul, como os deslizamentos de encostas em Santa Catarina, as inundações no vale do Itajaí e ao longo do rio Iguaçu, os vendavais frequentes em determinadas áreas, o risco de arenização na Campanha Gaúcha e os processos erosivos em trechos do noroeste do Paraná.

REGIÃO SUL: FÍSICO

Mapa. Região Sul: Físico. Mapa do território da Região Sul do Brasil representando altitudes em metros, picos, áreas de alagados e represas. Altitudes (em metros). 1.200 metros:  porção sudeste de Santa Catarina, onde está a Serra Geral e o pico Boa Vista, com 1.827 metros; porção norte de Santa Catarina, onde estão a Serra Chapecó e a Serra do Espigão; porção sul do Paraná, onde está a Serra da Fartura e o pico Capão Doce, com 1.340 metros; porção leste do Paraná, onde estão a Serra da Graciosa e o Pico Paraná, com 1.922 metros, e a Serra do Paranapiacaba. 800 metros: porção nordeste do Rio Grande do Sul, na Coxilha do Bom Jesus, e em trecho da Serra Geral; sudeste de Santa Catarina, Serra da Farofa, porção norte de Santa Catarina e em grande parte das porções leste, central e sul do Paraná, onde estão as Serras do Mar, Geral, da Fartura, do Juquiá, da Urtigueira, do Paranapiacaba, do Piquiri e do Apucarana. 400 metros: norte do Rio Grande do Sul, na Serra do Alto Uruguai, na Serra Geral e na Coxilha do Bom Jesus; nas franjas das serras do Paraná e de Santa Catarina e noroeste do Paraná, na Serra dos Dourados. 200 metros: predomina na porção leste dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no noroeste do Paraná e nas porções sul e oeste do Rio Grande do Sul, na Serra do Iguariaça, Serra São Xavier, Serra do Pinhal, Serra das Encantadas, Serra dos Tapes, Serra do Canguçu, Serra do Erval, Coxilha Pedras Altas, Coxilha de Santana, Coxilha Geral da Serra e Coxilha Negra. Zero metro: predomina nas faixas litorâneas dos estados e nas porções sudeste, central e oeste do Rio Grande do Sul, principalmente às margens dos rios Jacuí e Uruguai. Ocorrência de alagados: pequeno trecho no leste do Rio Grande do Sul, próximo ao Rio Uruguai e aos rios Ibirapuitã e Ibicuí, e no sul do Rio Grande do Sul, nas margens do Arroio Chuí. Represa: no norte do Paraná, represas Rosana, Taquaruçu e Capivara no Rio Paranapanema; a leste do Paraná, Represa de Itaipu no Rio Paraná, e Represas Salto Osório, Salto Santiago e Foz do Areias no Rio Iguaçu. No norte do Rio Grande do Sul, Represa de Passo Fundo; e, mais ao centro do Rio Grande do Sul, Represas Ernestina e Passo Real. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de zero a 95 quilômetros.
Fonte: CALDINI, Vera Lúcia de Moraes; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. quarta edição. São Paulo: Saraiva, 2013. página 85.

Vegetação e hidrografia

As elevações planálticas da Região Sul também abrigam um tipo de vegetação bastante específico: a Mata dos Pinhais — ou Mata das Araucárias —, que, em geral, se desenvolve em áreas onde predomina o clima subtropical, com verões quentes e invernos mais rigorosos.

As araucárias tiveram sua área de abrangência bastante reduzida pela ação humana, restando de sua formação nativa apenas trechos pequenos e isolados.

A Mata Atlântica, que originalmente cobria boa parte da Região Sul, hoje se encontra quase totalmente devastada.

A expansão agrícola e a urbanização foram os fatores responsáveis pela devastação da cobertura vegetal no Sul. Se, por um lado, a ocupação da região em pequenas unidades fundiárias foi um fator positivo para a economia, por outro, acabou reduzindo drasticamente a vegetação nativa.

Os rios da região são aproveitados para navegação, irrigação de áreas agrícolas, abastecimento urbano e geração de energia. Destacam-se, entre eles, o Jacuí e o Uruguai, no Rio Grande do Sul; o Itajaí, em Santa Catarina; e o Paraná e o Iguaçu, no Paraná (analise o mapa “Região Sul: físico).

Utilizado como via de navegação desde o início da colonização da América, atualmente o rio Paraná tem um importante papel na integração dos países sul-americanos. Há uma expressiva movimentação comercial entre os estados da Região Sul e os países vizinhos — especialmente Argentina, Uruguai e Paraguai, fundadores do Mercosul com o Brasil —, que tende a aumentar com os investimentos em hidrovias e rodovias ligando portos e áreas de produção agropecuária.

Fotografia. Destaque em primeiro plano para diversos troncos de árvores cortados e empilhados sobre o solo. Em segundo plano, há mais troncos empilhados. Ao fundo, vegetação de mata fechada com a presença de algumas araucárias.
Em áreas de difícil acesso da Mata das Araucárias, a fiscalização ambiental torna-se uma tarefa bastante complexa. Na fotografia, área desmatada em Herval doeste, Santa Catarina (2017).

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Sobre as missões jesuíticas no Brasil, responda.
    1. Quais eram seus objetivos?
    2. Por que e como elas foram destruídas?
  2. Aponte três peculiaridades da Região Sul em relação às outras regiões do Brasil.
  3. Interprete o mapa “Região Sul: vegetação.
    1. Se você percorresse um trajeto do ponto A ao ponto B do mapa, quais tipos de vegetação encontraria?
    2. Indique as principais características dessas formações vegetais.

REGIÃO SUL: VEGETAÇÃO

Mapa. Região Sul: vegetação Mapa da região Sul do Brasil com a distribuição dos tipos de vegetação nos estados. No mapa é traçada uma reta entre um ponto A, localizado na porção central do Paraná, e um ponto B, localizado no sul do Rio Grande do Sul. Paraná: no norte, noroeste, oeste e leste predomina a Floresta Tropical/Mata Atlântica. Próximo a Curitiba há uma pequena área de Cerrado. No centro e no sul predomina a Mata dos Pinhais ou das Araucárias. Santa Catarina: a leste e a oeste , predomina a Floresta Tropical, Mata Atlântica. No centro, a Mata dos Pinhais ou das Araucárias. Rio Grande do Sul: no norte central, Mata dos Pinhais ou das Araucárias. Ao centro do estado, Floresta Tropical, Mata Atlântica. Na porção sul, os campos. Em toda a costa leste, predomina Floresta tropical, Mata Atlântica. A oeste e sudoeste do Rio Grande do Sul predominam os Campos. Em todos os estados, quase todas as áreas de Floresta tropical, Mata dos Pinhais e Cerrado sofreram devastação, com exceção dos campos. Na parte esquerda, no centro, rosa dos ventos e escala de zero a 180 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página 121.

4. Interprete o gráfico e responda às questões.

BRASIL: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR REGIÃO, SEGUNDO COR OU RAÇA (2019)

Gráfico. Brasil: distribuição da população por região, segundo cor ou raça (2019). Gráfico de colunas. No eixo vertical, a porcentagem da população, de 0 a 80, em intervalos de 10. No eixo horizontal, as regiões do Brasil, com quatro colunas por região. Região Norte: Branca: 19,1%. Preta: 7,3%. Parda: 72,2%. Outras: indígenas e orientais: 1,4%. Região Nordeste: Branca: 24,7%. Preta: 11,9%. Parda: 62,5%. Outras: indígenas e orientais: 0,9%. Região Sudeste: Branca: 50%. Preta: 9,9%. Parda: 39%. Outras: indígenas e orientais: 1,1%. Região Sul: Branca: 73,2%. Preta: 4,6%. Parda: 21,3%. Outras: indígenas e orientais: 0,9%. Região Centro-Oeste: Branca: 36,2%. Preta: 9,2%. Parda: 53,4%. Outras: indígenas e orientais: 1,2%.
* Outras: indígenas e orientais. População residente, por cor ou raça, de acordo com o í bê gê É. Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional por amostra de domicílios anual. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2019. Disponível em: https://oeds.link/C4V1fq. Acesso em: 7 março. 2022.
  1. De acordo com o gráfico, como é composta a população da Região Sul do Brasil?
  2. Quais são os grupos de população minoritária? Quais problemas sociais, em geral, são enfrentados por alguns desses grupos?

CAPíTULO 15  Aspectos econômicos

Em 2019, o Píbi da Região Sul representava aproximadamente 17% do Píbi brasileiro, caracterizando-a como a segunda região mais rica do Brasil. Observe os percentuais no gráfico Brasil: percentual do Píbi* por região (2019).

No estado do Paraná, há cidades de economia bastante dinâmica, como Curitiba, Maringá, Londrina, Ponta Grossa, Cascavel, São José dos Pinhais e Fós do Iguaçu. O município de Paranaguá destaca-se por seu porto, um dos mais importantes do Brasil.

Em Santa Catarina, o nordeste do estado e o vale do rio Itajaí concentram as principais indústrias e as cidades mais populosas, como Joinville, Blumenau, Itajaí e Jaraguá do Sul. No oeste estão localizadas outras cidades importantes, como Chapecó, que abriga sédes de grandes grupos frigoríficos.

No Rio Grande do Sul, a maioria da população se concentra no nordeste do estado, próximo à capital. A região metropolitana de Porto Alegre é a maior do sul do Brasil. Outras cidades importantes do estado são Caxias do Sul, Pelotas, Canoas e Santa Maria.

BRASIL: PERCENTUAL DO Píbi* POR REGIÃO (2019)

Gráfico. Brasil: Percentual do PIB por região (2019). Valores arredondados para fins didáticos. Gráfico de setores representando a participação de cada região no PIB brasileiro, em porcentagem. Sudeste, em vermelho: 52%. Sul, em azul: 17%. Nordeste, em verde-claro: 15%. Centro-Oeste, em amarelo: 10%. Norte, em verde-escuro: 6%.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sistema í bê gê É de Recuperação Automática, Rio de Janeiro: í bê gê É, 2019. Disponível em: https://oeds.link/za5y4G. Acesso em: 7 março. 2022. * Valores arredondados para fins didáticos.

Extrativismo e silvicultura

A Região Sul é a principal produtora de carvão mineral do Brasil e concentra a maior parte de sua produção em Santa Catarina, principalmente nos municípios de Criciúma, Lauro Müller, Siderópolis e Urussanga, no vale do rio Tubarão.

O carvão produzido em Santa Catarina é o mais usado nos altos-fornos das siderúrgicas pelo fato de deixar pouco resíduo na queima. O Rio Grande do Sul, embora abrigue as maiores reservas de carvão mineral do país, tem menor produção em razão da menor qualidade do produto.

Outro produto obtido pela prática extrativista na região é a erva-mate, arbusto cujas folhas são utilizadas para a produção de chá e a preparação do chimarrão, bebida muito consumida no Sul.

A produção de erva-mate no Brasil é realizada tanto por atividades extrativistas quanto pela agricultura. Quando é obtida por meio da poda de ervais nativos, está associada ao extrativismo. Quando é realizado o cultivo da erva-mate para colheita, a produção está associada à agricultura.

Parte da extração de madeira ocorre sob rigorosa fiscalização, com o objetivo de preservar a vegetação remanescente da Mata dos Pinhais, bastante devastada. Atualmente, a madeira obtida é proveniente de grandes áreas de silvicultura, atividade que consiste no cultivo de espécies florestais por meio da ação humana.

Fotografia. Vista aproximada de muitos troncos de árvores ressecados e com a cor cinza em um solo marrom com galhos secos. Destaque, no primeiro plano, para um tronco descascado e com um saco plástico transparente  amarrado a meia altura. Outras árvores possuem esses sacos. Eles estão cheios de um líquido amarelado.
Extração de resina de pinus em Santa Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul (2020).

Agropecuária

Com a modernização das atividades agrícolas, a partir da década de 1960, a Região Sul passou por um intenso processo de mecanização da produção do campo.

A integração dos setores agropecuário e industrial, que deu origem às agroindústrias, alterou a base do trabalho nas pequenas e médias lavouras, aumentando a produção com o uso de maquinários, insumos agrícolas e beneficiamento de produtos primários.

Atualmente, a Região Sul destaca-se no setor agropecuário brasileiro pela grande produtividade por unidade agrícola. A maior parte da produção destina-se ao abastecimento das agroindústrias da própria região.

Fotografia. No interior de um galpão triangular, ao lado esquerdo, três pessoas usando boné, camiseta e calça jeans estão em pé e com as mãos na cintura. Na frente deles há diversos tratores e máquinas agrícolas. No primeiro plano, à direita, um trator cinza e amarelo e atrás dele uma máquina colheitadeira verde e amarela.
Feira de comercialização de produtos ligados à agropecuária em Esteio, Rio Grande do Sul (2017).

Produção agrícola

A produção agrícola da Região Sul é uma das mais diversificadas do país, devido ao grande número de pequenas e médias propriedades rurais de base familiar, que, em geral, praticam a policultura. As cooperativas, que mantêm relações com o agronegócio e a agroindústria, também exercem um importante papel na agricultura da região.

O clima subtropical favorece culturas como milho, aveia, cevada, centeio, uva, maçã e trigo. Em 2020, a região era responsável por 85% da produção nacional de trigo em função, principalmente, das condições climáticas.

A produção de soja também ocupa posição de destaque no Sul, ficando atrás somente da do Centro-Oeste, o maior produtor do Brasil.

BRASIL: PRODUÇÃO DE SOJA (2020)

Gráfico. Brasil: produção de soja (2020). Gráfico de colunas. No eixo vertical, dados de produção de soja em mil toneladas. No eixo horizontal, as Regiões do Brasil. Centro-Oeste: 59.136.700 toneladas. Sul: 34.414.500 toneladas. Nordeste: 11.588.200 toneladas. Sudeste: 10.108.800 toneladas. Norte: 6.549.500 toneladas.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sistema í bê gê É de Recuperação Automática, Rio de Janeiro: í bê gê É, 2020. Disponível em: https://oeds.link/AfsZpV. Acesso em: 7 março. 2022.

Pecuária

A pecuária, historicamente, contribuiu para dinamizar a economia da Região Sul. É, ainda hoje, uma atividade importante, intimamente relacionada com a indústria. O Sul é responsável por quase metade da produção nacional de suínos e aves.

O Rio Grande do Sul concentra o maior rebanho bovino da região. A existência de extensas áreas de campos é um dos principais fatores que favorecem a formação de pastagens para a pecuária no estado.

As grandes cadeias agroindustriais e frigoríficas, especialmente em Santa Catarina, abastecem o mercado interno brasileiro e exportam parte de sua produção.

Fotografia. Vista aérea de uma área rural com vários galpões retangulares e caminhões estacionados com plantação ao redor. Os galpões estão agrupados; há um conjunto de galpões branco e azuis e outro conjunto de galpões brancos e amarelos. Ao fundo, algumas áreas com vegetação e outras com plantação na cor marrom-clara.
Complexo agroindustrial em Palotina, Paraná (2017).

Indústria

A Região Sul é a segunda mais industrializada do Brasil, atrás apenas do Sudeste.

O desenvolvimento de pequenas unidades agrícolas familiares deu origem a pequenas e médias indústrias. Inicialmente ligadas ao setor de transformação e beneficiamento de produtos primários, elas passaram a se associar às indústrias metalúrgicas e de máquinas agrícolas.

Além de um parque industrial diversificado, o Sul conta com boas condições de infraestrutura — como rodovias e ferrovias — e fontes de energia, que favorecem seu desenvolvimento. Destacam-se os setores metalúrgico, alimentício, calçadista, têxtil e de bebidas.

Também contribui para o desenvolvimento industrial da Região Sul a proximidade com o grande mercado consumidor do Sudeste, o que gera integração entre as duas regiões.

Áreas de concentração industrial

As áreas de maior concentração industrial do Sul são a região metropolitana de Porto Alegre e a região metropolitana de Curitiba, que apresentam grande mercado consumidor, mão de obra qualificada e polos industriais bastante diversificados.

No Rio Grande do Sul, os municípios de Caxias do Sul e Rio Grande se destacam pelo forte crescimento industrial com base na produção de óleos vegetais, no refino do petróleo e na fabricação de fertilizantes.

No Paraná, os municípios de Londrina, Maringá, Cianorte, Ponta Grossa e Fós do Iguaçu são outros importantes centros industriais da Região Sul.

No estado de Santa Catarina, as atividades industriais se concentram nas cidades de Joinville, Blumenau, Jaraguá do Sul, Gaspar e Brusque.

Comércio e serviços

Assim como nas demais regiões do Brasil, no Sul o setor terciário é o que mais contribui no Píbi.

O turismo se destaca entre as atividades de prestação de serviços, devido aos muitos atrativos que a região oferece. No Paraná, os turistas encontram paisagens de grande beleza natural, como as cataratas do Iguaçu, e imponentes obras de engenharia, como a usina de Itaipu, relevante fonte de geração de energia para o Brasil e que se tornou também um atrativo para visitação turística. Em Santa Catarina, há belas praias, como as de Florianópolis, e festas regionais, como a óquitorberfest, em Blumenau. No Rio Grande do Sul, ocorrem importantes festas regionais, como a Festa do Vinho de Caxias do Sul. A região conhecida como Serra Gaúcha está entre os pontos turísticos mais visitados, especialmente no inverno, quando são registradas baixas temperaturas e a ocorrência ocasional de geadas e neve.

Fotografia. Vista de uma cachoeira comprida horizontalmente. No alto, à esquerda, um platô rochoso com água e espuma em tons de branco caindo. Abaixo, um rio com rochas sobressalentes da água. Ao fundo e à direita, mais platôs com quedas de água. Acima, o céu em tons de azul.
Vista parcial das cataratas do Iguaçu, em fós do Iguaçu, Paraná (2021).

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Interprete o gráfico a seguir e responda às questões.

REGIÃO SUL: CABEÇAS DE GADO (2017)

Gráfico. Região Sul: cabeças de gado (2017). Gráfico de colunas. No eixo vertical, dados de cabeças de gado (em milhões). No eixo horizontal, os estados da região Sul. Rio Grande do Sul: 11.456.896 milhões de cabeças de gado. Paraná: 8.397.219 milhões de cabeças de gado. Santa Catarina: 3.726.238 milhões de cabeças de gado.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sistema í bê gê É de Recuperação Automática, Rio de Janeiro: í bê gê É, 2017. Disponível em: https://oeds.link/xLQ8oX. Acesso em: 7 março. 2022.
  1. Qual estado apresentava o maior número de cabeças de gado bovino em 2017?
  2. Por que a pecuária é favorecida nesse estado?

2. Interprete o mapa a seguir e responda às questões.

REGIÃO SUL: TIPOLOGIA DOS MUNICÍPIOS TURÍSTICOS (2017)

Mapa. Região Sul: tipologia dos municípios turísticos (2017). Mapa da região Sul do Brasil com a representação das áreas de atividade turística de acordo com seu tipo. Funções diversificadas: ao redor de Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis. Praias (marítimas, lacustres e fluviais): áreas na porção litorânea de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Serranas: área na porção nordeste do Rio Grande do Sul e área no sudeste de Santa Catarina. Estâncias hidrominerais: área no sul do Paraná, sudoeste e leste de Santa Catarina. Histórico-culturais: áreas nas porções central, oeste e sudeste do Rio Grande do Sul; leste de Santa Catarina; e norte e leste do Paraná. Rurais-ecoturismo: áreas na porção central do Paraná, no sul de Santa Catarina; oeste, nordeste, sudeste e sul do Rio Grande do Sul. Abaixo, rosa dos ventos e escala de zero a 180 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 137.
  1. Onde se localizam os principais núcleos turísticos da Região Sul e quais são suas principais funções?
  2. Na sua opinião, como a atividade turística pode contribuir para a economia de um município?
  1. Como o clima subtropical favorece a produção de determinados tipos de cultivos agrícolas na Região Sul?
  2. Dê exemplos de alguns produtos que apresentam grande produtividade nos estados da Região Sul.
  3. Leia a notícia e em seguida responda à questão.

Um dos pontos turísticos mais encantadores do sul do Brasil agora tem um roteiro especial para unir a beleza natural dos Parques Nacionais Aparados da Serra e Serra Geral às delícias gastronômicas produzidas na comunidade local: é a Rota Sabores dos Canyons.

reticências

No roteiro estão 12 famílias que têm na agricultura familiar e na agroecologia sua maior renda. A Rota Sabores dos Canyons oferece vivências nas propriedades cadastradas no projeto com diversas atividades como degustação de produtos agroecológicos, interação e experiências envolvendo a sabedoria popular, interação com a comunidade quilombola São Roque, gastronomia típica rural, artesanato que valoriza a flora e fauna da região e muitas outras opções tendo os canyons como paisagem principal.

Rota Sabores dos Canyons é apresentada em Porto Alegre. Sabores do Sul, 16 agosto. 2017. Seção Notícias. Disponível em: https://oeds.link/nnoS1X. Acesso em: 7 março. 2022.

De acordo com o texto e com os seus conhecimentos, explique a importância da inserção das comunidades quilombolas no roteiro turístico.

Ícone. Seção Para refletir. Composto por silhueta de uma cabeça com engrenagens em seu interior.

Para refletir

Por que as religiões afro-brasileiras sofrem mais discriminação?

Multiculturalismo

Os rituais religiosos trazidos pelos povos africanos eram praticados no Brasil de fórma secreta nos períodos colonial e imperial. Ao longo dos 300 anos de escravidão, esses rituais foram se consolidando de fórmas diferentes, à medida que eram influenciados pela cultura e pela religiosidade dos colonizadores europeus. Esse sincretismo deu origem ao que atualmente chamamos de religiões de matriz africana ou afro-brasileiras, como candomblé, umbanda, catimbó, cabula, entre outras, que fazem parte da rica diversidade religiosa do Brasil.

Observe a distribuição das religiões praticadas pela população brasileira de acordo com o Censo Demográfico realizado em 2010 pelo í bê gê É.

Brasil: número de pessoas em cada religião – Censo Demográfico (2010)

Religião

População

Católica apostólica romana

123.280.172

Evangélicas

42.275.440

Espírita

3.848.876

Umbanda, candomblé e religiões afro-brasileiras

588.797

Outras religiões

5.185.065

Sem religião

15.335.510

Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Censo Demográfico de 2010. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2010. Disponível em: https://oeds.link/V4gaeS. Acesso em: 7 mar. 2022.

As pessoas que praticam religiões de matriz africana sofrem intolerância religiosa desde o período colonial. Leia o texto a seguir.

Embora exista intolerância a outras religiões no Brasil, as religiões de matriz africana acabam por receber outras dimensões justamente por serem oriundas da África. Desde sua chegada ao Brasil, os praticantes de religiões de matrizes africanas foram alvo de perseguições por manifestarem a sua fé.

No continente de origem, o culto à ancestralidade é realizado em espaço público. No Brasil, os seus aspectos foram modificados como fórma de proteção para evitar perseguições, por isso o motivo do sincretismo da Umbanda, por exemplo, com a religião cristã.

Mesmo modificando os ritos, os praticantes não conseguiram evitar perseguição e violência. Dados levantados pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos apontam 697 casos de intolerância religiosa entre 2011 e 2015, sendo 71% contra praticantes de religiões de matrizes africanas. Muitas das agressões são verbais, incluindo postagens na internet. Mas também são registradas agressões mais graves, como incêndios nos terreiros, agressões físicas e quebra de símbolos sagrados.

RAÍZES – A mulher nas religiões de matriz africana. Anú – Laboratório de Jornalismo Social, Porto Alegre, 28 maio 2018. Disponível em: https://oeds.link/WV8bcy Acesso em: 4 agosto. 2022.

O Rio Grande do Sul é um dos estados com o maior número de praticantes de religiões de matrizes africanas no Brasil.

Os dados sobre religião do Censo 2010, divulgados reticências pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (í bê gê É), consagram o Rio Grande do Sul como o estado dos extremos religiosos. Estão em território gaúcho o município mais católico, o mais evangélico, o mais umbandista, o mais islâmico e o mais mórmon do país.

reticências

A principal explicação para a diversidade está na formação histórica do Estado. Imigrantes europeus de forte religiosidade, especialmente italianos, fundaram pelo interior comunidades que hoje são os municípios brasileiros com maior proporção de católicos. A imigração europeia também explica a liderança gaúcha no ranking dos municípios mais evangélicos. São cidades fundadas por luteranos vindos da Alemanha, que mantêm a tradição do credo de seus ancestrais.

Mas surpreendente é a fôrça das religiões afro-brasileiras. Apesar de ser o segundo estado mais branco do país, o Rio Grande do Sul tem a maior proporção nacional de adeptos da umbanda e do candomblé – 1,47%, quase cinco vezes o percentual da Bahia. Estão em terra gaúcha as 14 cidades com mais seguidores dessas religiões, a começar por Cidreira.

MELO, Itamar. Dados do í bê gê É colocam municípios do Estado como campeões em credos. gê zê agá, Porto Alegre, 30 junho. 2012.

Fotografia em preto e branco.  Sobre a areia de uma praia, destaque para duas mulheres usando vestidos longos, rodados e brancos. Elas estão andando em círculo sobre a areia. Do lado direito, há três pessoas e uma criança sentadas em cadeiras de praia e batendo palmas. Ao fundo, o mar e, acima, céu com nuvens
Festa de Iemanjá é realizada no município de Cidreira, Rio Grande do Sul (2019).
  1. Como surgiram as religiões afro-brasileiras?
  2. De acordo com o texto, por que as religiões afro-brasileiras sofrem discriminação? Quais são as fórmas mais comuns de intolerância religiosa?
  3. Na sua opinião, o que pode ser feito para combater a intolerância religiosa no Brasil?

Glossário

Charque
Carne bovina salgada e sêca ao Sol.
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Estância
Grande propriedade rural, típica da Região Sul, geralmente associada à criação extensiva de gado bovino.
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Invernada
Pasto destinado à engorda do gado nos períodos de inverno.
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Tropeiro
Responsável pelo transporte e pela comercialização de mercadorias em diversas regiões da colônia.
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Vitivinicultura
Relacionada à produção de uvas e do vinho.
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