UNIDADE oito  Região Nordeste

Fotografia. Vista de uma área com alguns galpões retangulares, tanques circulares e estruturas metálicas e torres na cor cinza. À esquerda, algumas tubulações largas na cor verde e três estruturas circulares semelhantes a grandes ventiladores no teto de uma construção. No alto, um pátio com alguns veículos, galpões e mais torres, tanques e estruturas metálicas. No primeiro plano, via pavimentada com três carros passando, rede de tubulação e algumas árvores.
Vista de usina térmica instalada em Camaçari, Bahia (2021).

Você verá nesta Unidade:

Características de clima e de vegetação da Região Nordeste

A relação entre o clima, a vegetação e as atividades econômicas

A importância do rio São Francisco e sua transposição

O espaço nordestino durante o período colonial

Aspectos culturais do Nordeste

Atividades econômicas do Nordeste

Indicadores socioeconômicos do Nordeste

Sub-regionalização do Nordeste

Fotografia. Vista de uma praia com área verde-escura e verde-clara próxima à areia.  Na faixa de areia, há quiosques com cobertura de palha e muitos guarda-sóis enfileirados. Dentro da água, duas pontes dão acesso a duas plataformas feitas de madeira onde há cadeiras de praia e guarda-sóis brancos. Dentro da água, na parte rasa, também há uma fileira de redes penduradas e pessoas se banhando. Depois da areia da praia, há uma faixa de vegetação arbustiva seguida de vegetação de mata densa.
Vista de estrutura turística instalada em Jijoca de Jericoacoara, Ceará (2020).

O Nordeste, a segunda região mais populosa do país, alcançou nas primeiras décadas do século vinte e um maior dinamismo econômico e integração com o mercado nacional e internacional.

O turismo é uma atividade econômica de destaque, principalmente em áreas próximas à orla.

A Região Nordeste é historicamente conhecida pelos intensos fluxos populacionais, de emigração (no passado) e, mais recentemente, de imigração. Ela também é tema de constantes debates acerca das desigualdades regionais no Brasil.

O que você conhece sobre a população e sobre a economia da Região Nordeste?

CAPÍTULO 18  Elementos naturais e ocupação territorial

A Região Nordeste ocupa aproximadamente 18% do território nacional. É formada por nove estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Predomina no Nordeste o clima tropical, marcado por altas temperaturas e pela alternância de estações sêcas e chuvosas. Ocorre na região o clima tropical típico, em que a estação sêca se dá no inverno, entre os meses de maio e setembro. Há, ainda, duas variações do clima tropical presentes no espaço nordestino: o tropical litorâneo e o tropical semiárido.

No litoral oriental do Nordeste, área de clima tropical litorâneo, é a estação chuvosa que ocorre no inverno, e não a sêca, como no clima tropical típico. Quanto ao clima tropical semiárido, a principal diferença está na quantidade de chuva, que é escassa e irregular: chove pouco e de fórma concentrada em curtos períodos ao longo do ano.

A estação sêca no semiárido dura cêrca de seis meses, podendo se prolongar ainda mais em alguns anos.

NORDESTE: CLIMAS

Mapa. Nordeste: climas. Mapa da Região Nordeste com a divisão política e as áreas de abrangência dos tipos de clima. Equatorial úmido, na cor vermelha: pequena faixa no noroeste do Maranhão. Tropical, na cor laranja: predominante no Maranhão; em toda a porção oeste, central e norte do Piauí, nas porções oeste, noroeste, norte, nordeste, leste e sudeste do Ceará e nas porções oeste, sul e central da Bahia. Tropical litorâneo, em verde-claro: faixa na porção litorânea da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Tropical Semiárido, em amarelo: predominante nas porções noroeste, norte e centro-leste da Bahia, no centro e no sul do Ceará, nas porções sul e sudeste do Piauí, e no interior dos estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de zero a 165 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página 119.

A Caatinga

A Caatinga é uma formação vegetal cujas espécies são adaptadas à estiagemglossário por longos períodos. Trata-se de uma vegetação não florestal, pois as árvores não são as espécies vegetais predominantes. Ainda assim, algumas árvores são especialmente importantes no Nordeste sêco por se manterem com folhagem ao longo da estiagem, como ocorre com os juazeiros.

As espécies vegetais que predominam no ambiente da Caatinga são arbustivasglossário ou herbáceasglossário , como pode ser observado na ilustração. As arbustivas geralmente apresentam folhas pequenas, de espessura grossa e na fórma de espinhos.

CAATINGA: ESPÉCIES VEGETAIS

Ilustração. Caatinga: espécies vegetais. Ilustração horizontal de um perfil de solo marrom dividido em duas partes. Na parte esquerda, denominada ‘arbustiva’, duas espécies vegetais: uma com várias folhas apontadas para cima e com forma pontiaguda, e outra planta com um caule principal, quatro caules ramificados na ponta do principal e com folhas nas pontas. Na parte direita do perfil, denominada ‘herbácea’, quatro plantas baixas e com muitas folhas.
Fotografia. Vista de uma paisagem natural com muita vegetação. No primeiro plano, vegetação arbustiva e diversos cactos altos e com muitos caules de cor verde-escura. No segundo plano, vegetação densa, com muita folhagem verde-clara.  Ao fundo, uma montanha com topo plano e aflorado e vegetação densa na cor verde-escura na encosta.
Depois das chuvas, a paisagem da Caatinga se caracteriza por um colorido que reflete a riqueza de sua biodiversidade. Fotografia de Floresta, Pernambuco (2022).
Fotografia. Vista de uma extensa área plana com muitos arbustos altos e pequenas árvores ramificadas com troncos finos e escuros e folhagem com aspecto seco, na cor verde-acinzentado. O solo é em tons de marrom claro com alguns trechos esverdeados e cor de areia.
Vegetação da Caatinga em período de sêca, em Caicó, Rio Grande do Norte (2020).

O Sertão nordestino

A área de ocorrência do clima tropical semiárido no território brasileiro abrange o norte do estado de Minas Gerais, na Região Sudeste, e principalmente a área conhecida como Nordeste sêco ou Sertão nordestino. Essa área é caracterizada por baixos volumes pluviométricos e altas temperaturas, associados a elevados índices de evaporação, e pela ocorrência da Caatinga.

Essa área abriga aproximadamente 23 milhões de pessoas e é considerada a região intertropical semiárida mais povoada do planeta. Para caracterizá-la, é necessário ir além dos aspectos naturais e conhecer também os aspectos sociais.

Ainda não há explicações exatas para a pequena quantidade de chuva e sua distribuição irregular, características do clima semiárido. Porém, há alguns fatores apontados como responsáveis por esse fenômeno. O principal deles é a circulação atmosférica. Massas de ar que se dirigem a essa região perdem umidade ao longo do trajeto e, quando chegam a ela, apresentam características de massas de ar sêco. Isso explica ainda a irregularidade das chuvas a cada ano, já que as condições climáticas encontradas pelas massas de ar em seus trajetos podem variar, provocando maior ou menor ocorrência de chuvas no Nordeste sêco.

Ícone. Sugestão de livro.
RAMOS, Graciliano. Vidas sêcas. Rio de Janeiro: Record, 2019. Clássico da literatura brasileira publicado originalmente em 1938, a obra acompanha o deslocamento de uma família de retirantes em busca de melhores condições de vida.

A hidrografia do Nordeste

A escassez de chuva no Nordeste sêco tem consequências na hidrografia da região. Ao longo do período de estiagem, os rios perdem volume, e muitos deles chegam a secar completamente. Nesse cenário, as pessoas afetadas pela falta de água precisam buscar alternativas para suprir suas necessidades, como buscar água em açudes distantes ou escavar o leito sêco dos rios para coletar a água do lençol freático.

Os rios que secam durante as longas estiagens são chamados de intermitentes (ou temporários). É o caso da maioria dos rios nordestinos. Uma das exceções é o São Francisco, um rio perene graças à localização de suas principais nascentes em uma região de elevados volumes pluviométricos, em Minas Gerais.

O rio São Francisco

As águas do “Velho Chico”, como é popularmente conhecido o rio São Francisco, são utilizadas pela população ribeirinha na pesca e na agricultura, e também por fazendas e empresas do setor de frutas, dependentes da irrigação. Trata-se do rio mais importante da Região Nordeste, por seu aproveitamento no abastecimento da população, na produção de energia elétrica (obtida pelas usinas hidrelétricas instaladas ao longo de seu curso), no transporte de cargas e em projetos de irrigação.

O uso intensivo do rio nessas atividades tem consequências negativas, como seu assoreamentoglossário , o desmatamento de suas margens e a poluição.

Um projeto que ganhou destaque nos últimos anos foi a transposição de suas águas.

Fotografia. Vista de um rio largo, em tons de azul e verde com algumas rochas que se sobressaem em seu leito. Nas margens há vegetação de mata esparsa entremeada com algumas pequenas construções. Ao fundo, no horizonte, área urbana.
No rio São Francisco, a poluição e o assoreamento vêm prejudicando a atividade pesqueira das populações ribeirinhas. Trecho assoreado do rio em Petrolina, Pernambuco (2018).
A transposição das águas do São Francisco

O Projeto de Integração do rio São Francisco (pisfi) é o maior projeto de infraestrutura hídrica do país, dentro da Política Nacional de Recursos Hídricos. Com 477 quilômetros de extensão em dois eixos (Leste e Norte), o empreendimento tem como objetivo garantir a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, onde a estiagem é frequente.

A transposição das águas do rio São Francisco engloba 13 aquedutos, nove estações de bombeamento, 27 reservatórios, nove subestações de 230 quilouóts, 270 quilômetros de linhas de transmissão em alta-tensão e quatro túneis. Com 15 quilômetros de extensão, o túnel Cuncas um é o maior da América Latina para o transporte de água.

As obras do Projeto de Integração do rio São Francisco passam pelos seguintes municípios no Eixo Norte: Cabrobó, Salgueiro, Terra Nova e Verdejante (Pernambuco); Penaforte, Jati, Brejo Santo, Mauriti e Barro (Ceará); São José de Piranhas, Monte Horebe e Cajazeiras (Paraíba). Já no Eixo Leste, o empreendimento atravessa os municípios pernambucanos de Floresta, Custódia, Betânia e Sertânia; e Monteiro, na Paraíba.

RIO SÃO FRANCISCO: TRANSPOSIÇÃO (2016)

Mapa. Rio São Francisco: Transposição (2016). Mapa de parte da região Nordeste do Brasil, englobando os estados de Pernambuco e Paraíba, grande parte de Rio Grande do Norte, Ceará e Alagoas, norte da Bahia e sudeste do Piauí. O mapa representa os eixos de integração da transposição do rio São Francisco, as ligações complementares construídas e em andamento e as ligações complementares planejadas e em construção. São dois eixos de integração: no oeste de Pernambuco, o eixo norte parte do Rio São Francisco na direção norte, atravessa a Paraíba até o Rio Apodi, no Ceará. Em seu percurso, há diversas ramificações complementares construídas e em funcionamento próximas aos rios Pianco, Apodi, Salgado e Piranhas-Açu. O eixo norte também se ramifica e segue um pequeno trecho para a direção leste, com ligações complementares planejadas e em construção em direção ao Piauí. Eixo leste: parte do Rio São Francisco, na divisa entre Bahia e Pernambuco, e segue na direção nordeste rumo ao sul da Paraíba. Em seu entorno há ramificações complementares construídas e em funcionamento no leste de Pernambuco, centro, leste e oeste da Paraíba, e ligações complementares planejadas e em construção também no centro de Pernambuco. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de zero a 85 quilômetros.
Fonte: uestín, Ricardo. Senado do Império estudou transposição do rio São Francisco. Senado Notícias, 5 junho. 2017. Disponível em: https://oeds.link/rd95Rc. Acesso em: 7 março. 2022.
Ilustração. Eixo Norte. Perfil topográfico esquemático do eixo norte de integração do Rio São Francisco. O perfil está dividido em Pernambuco, Ceará, Paraíba e novamente Ceará. O perfil abrange, à esquerda, o Rio São Francisco, em Pernambuco, termina, no lado direito, no Rio Salgado, no Ceará. Do Rio São Francisco parte uma tubulação que transporta água, por meio de estações elevatórias, para altitudes mais elevadas. Chegando no topo do perfil, há centrais elétricas na área de divisa entre Pernambuco e Ceará e setas que indicam o percurso da água rumo à Paraíba e depois novamente ao Ceará, desembocando no Rio Salgado. No trecho entre as centrais elétricas e o Rio Salgado, a altitude diminui progressivamente. À esquerda da ilustração, o seguinte texto: O sistema de integração. O projeto, de custo bilionário, envolve 720 quilômetros de canais. Com o desvio, a água que iria para o mar vai para açudes da região do semiárido. O projeto prevê a transferência de cerca de 2% do volume do Rio São Francisco para outras bacias.

Transposição do rio São Francisco: argumentos contrários e favoráveis

Infográfico. Transposição do rio São Francisco: argumentos contrários e favoráveis. A base do infográfico é uma  imagem de satélite de grande parte da região nordeste do Brasil. Sobre essa imagem, linhas representam o traçado dos eixos norte e leste e um símbolo circular representa a localização de usinas hidrelétricas. Uma linha verde demarca a área do semiárido. Abaixo do título, há o seguinte texto: 'Importância. No Nordeste estão 28% da população brasileira e apenas 3% da disponibilidade de água do país. O rio São Francisco detém 70% de toda a oferta de água da região, historicamente submetida a ciclos de seca rigorosa [...].' Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Entenda os detalhes. Brasília, Distrito Federal, 18 de março de 2019. O perímetro da área de ocorrência do Semiárido abrange todo o interior dos estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba, o interior e a porção norte litorânea do Rio Grande do Norte, o Ceará, com exceção de seu litoral, todo o leste do Piauí e a porção norte da Bahia. Destaque para a localização das usinas hidrelétricas de Sobradinho, Luiz Gonzaga/Itaparica, Complexo Paulo Afonso e Xingó, no curso no Rio São Francisco. No centro da imagem, na divisa de Pernambuco com a Bahia, e sobre o Rio São Francisco, na altura do município de Cabrobó, parte uma linha laranja em direção ao norte, passando pela Paraíba e chegando a ICÓ, no estado do Ceará e a PAU DOS FERROS, no estado do Rio Grande do Norte. Ao lado da linha laranja há a informação: 'EIXO NORTE. Beneficiará o Sertão de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte'. À direita, uma linha vermelha sai de PETROLÂNDIA (na Bahia), segue em direção ao nordeste da região passando por Pernambuco e chega à cidade de MONTEIRO, no interior da Paraíba. Ao lado da linha vermelha há a informação: 'EIXO LESTE. Beneficiará parte do Sertão e Agreste de Pernambuco e da Paraíba’. Na parte superior direita do infográfico, há o seguinte texto: 'Em 2010, viviam no semiárido 22 milhões de pessoas, dos quais pouco mais da metade habitava áreas que seriam atendidas pela transposição, se as obras já estivessem prontas'. Abaixo do texto, uma linha e, embaixo dela, o desenho de 48 bonequinhos em tamanho bem pequeno. 14 bonequinhos estão na cor laranja, relacionada ao texto: EIXO NORTE: 7.144.559. 8 bonequinhos estão na cor vermelha, relacionada ao texto: EIXO LESTE: 4.537.998. 22 bonequinhos estão na cor branca. Há o texto: cada bonequinho equivale a 500 mil pessoas. Abaixo, rosa dos ventos e escala de zero a 55 quilômetros. Na parte inferior da imagem, duas colunas de textos. Na coluna da esquerda: ARGUMENTOS CONTRÁRIOS: A região será mais dependente da água. Apenas uma parte do semiárido será beneficiada. Pode causar prejuízos ambientais, como perda de terras férteis e ameaça à biodiversidade terrestre e aquática. Pode causar problemas no regime fluvial do rio. Na coluna da direita: ARGUMENTOS FAVORÁVEIS: Desenvolvimento socioeconômico do semiárido. Viabilização de programas como o do biodiesel, com plantações de dendezeiro, babaçu e mamona, gerando oportunidades de trabalho. Discussão da criação de Unidades de Conservação ao longo das margens do rio. Ler o infográfico. 1. Quais áreas serão beneficiadas com os canais de transposição? 2. Na sua opinião, qual argumento contrário ao empreendimento é mais preocupante?
Fonte: BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Projeto de integração do rio São Francisco. Disponível em: https://oeds.link/SRPxQo. Acesso em: 7 março. 2022.

Importância

No Nordeste estão 28% da população brasileira e apenas 3% da disponibilidade de água do país. O rio São Francisco detém 70% de toda a oferta de água da região, historicamente submetida a ciclos de sêca rigorosa reticências.

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Entenda os detalhes. Brasília, Distrito Federal, 18 mar. 2019. Disponível em: https://oeds.link/SRPxQo. Acesso em: 7 março. 2022.

Ler o infográfico

  1. Quais áreas serão beneficiadas com os canais de transposição?
  2. Na sua opinião, qual argumento contrário ao empreendimento é mais preocupante?

O espaço colonial do Nordeste

O passado colonial deixou marcas no espaço nordestino. Elas permanecem nas paisagens de cidades como São Luís, Recife e Salvador, de arquitetura colonial, assim como na existência de latifúndios, canaviais e usinas produtoras de açúcar.

Após a chegada dos europeus às terras americanas, no século dezesseis, a fundação de vilas e cidades se deu ao longo do litoral do atual território do Nordeste.

A construção dos primeiros núcleos urbanos no litoral nordestino resultou da preocupação dos colonizadores com a defesa do território. Esses núcleos constituíam portos naturais pelos quais eram enviados para a metrópole o pau-brasil e, posteriormente, a cana-de-açúcar e outros produtos. Era também por esses portos que chegavam os utensílios vindos da Europa para serem usados nos engenhos e nas casas dos senhores.

Ao longo do século dezesseis, a organização do espaço nordestino esteve relacionada à economia canavieira, que proporcionou poder político e econômico à região no período colonial.

Fotografia. Destaque para uma igreja de estilo  colonial com duas torres laterais brancas e pontas triangulares em tons de dourado. No centro há portas verdes, janelas brancas, uma escultura dourada e uma cruz no topo. À frente da igreja há uma praça com o monumento de uma grande cruz branca. Na praça, diversas pessoas estão andando. À direita, construções de três andares em estilo colonial e em tons de azul e amarelo e uma mesa e cadeiras de plástico na praça com pessoas sentadas. À esquerda, construções coloniais em tons de branco.
A cidade de Salvador (Bahia), primeira capital brasileira, é conhecida por preservar construções antigas que revelam expressões culturais e o modo de vida colonial. Na fotografia (de 2022), Igreja de São Francisco, localizada no centro histórico da cidade. Essa igreja foi construída entre o final do século dezessete e o início do século dezoito.

A organização do espaço

Alguns aspectos socioeconômicos ligados à produção açucareira, no período colonial, marcaram a organização do espaço na região que corresponde ao atual território do Nordeste:

  • desenvolvimento de monocultura, isto é, cultivo de apenas um produto, nesse caso, a cana-de-açúcar;
  • formação de latifúndios, ou seja, concentração de grandes áreas de cultivo, destinadas à plantação da cana-de-açúcar;
  • trabalho com pessoas escravizadas trazidas da África.

Alguns fatores naturais também contribuíram para o desenvolvimento dos canaviais nessa região do país: o clima tropical; o solo fértil (massapê); a proximidade com o mar, via de transporte usada para levar o açúcar aos mercados europeus e receber os escravizados vindos da África.

A criação de gado foi outra atividade econômica desenvolvida no Nordeste, inicialmente relacionada à produção de açúcar. Os bois eram usados nos engenhos como animais de tração e de transporte da cana-de-açúcar, além de constituírem fonte de abastecimento de carnes e couro.

Posteriormente, esses animais passaram a ser criados em áreas descampadas e distantes do litoral, onde as condições do clima e do solo não eram favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar.

A decadência econômica do Nordeste

No final do século dezessete, a agricultura canavieira do Nordeste entrou em crise, principalmente pela concorrência da produção das Antilhas, que, com preços mais baixos, conquistou o mercado consumidor europeu.

No século dezenove, o cultivo de algodão sofreu com a concorrência dos Estados Unidos, constituindo mais um elemento da decadência econômica da região.

Enquanto as tradicionais atividades agrícolas do Nordeste entravam em declínio, a mineração de ouro e pedras preciosas passou a ser desenvolvida em áreas do Centro-Sul, transformando-as em polos de maior importância econômica e estimulando a migração populacional para essas áreas.

Gravura. No primeiro plano, dois bois magros em pé e um deitado no chão, um bode com pelagem branca e manchas pretas, uma carroça de madeira cheia de feno e ao redor dela há cinco pessoas. Duas pessoas negras descarregam o feno da carroça e outra pessoa em cima da carroça ajuda na tarefa. No segundo plano, uma pessoa está próxima a grande estrutura com duas rodas verticais e uma roda horizontal sustentadas por vigas de madeira. A máquina está embaixo de uma construção erguida sobre pilares de madeira e coberta com telha. Do lado direito, há uma casa onde um homem e uma mulher brancos observam a cena. Atrás da casa, algumas árvores e um morro.
rugêndasJohann-Moritz. Moinho de açúcar. 1835. Litogravura, 19,9 por 28,2 centímetros. Gravura representando um moinho utilizado na produção de açúcar.
Ícone. Seção Integrar conhecimentos. Composto por uma mão segurando um globo formado de peças de quebra-cabeça.

Integrar conhecimentos

Geografia e Língua Portuguesa

Multiculturalismo

Literatura de cordel

O cordel veio da Europa

no fim do século passado

no Nordeste do Brasil

ele foi bem implantado

e os poetas conseguiram

com ele bom resultado.

Como conta o poeta José Francisco Borges nos versos acima, o cordelglossário , esse gênero tão brasileiro e popular de poesia, não é uma invenção nossa.

Essa literatura, que tem o nome de cordel porque os folhetos ficavam pendurados em cordões nos locais de venda, veio de Portugal. Aqui, chegou junto com os colonos e encontrou um solo fértil. Tanto que até hoje é uma tradição forte e viva, principalmente no Nordeste do país.

No início, os temas do cordel estavam ligados à divulgação de histórias muito antigas, que vinham encantando os povos há séculos, transmitidas oralmente de uma geração a outra.

reticências o cordel passou também a retratar os acontecimentos recentes. Quando não havia jornais, rádio ou televisão, a poesia popular ocupou esse espaço, por meio de cantorias e, mais tarde, também da fórma escrita – os folhetos impressos em tipografiasglossário rústicas e vendidos nas feiras. Virou um dos meios mais importantes de divulgação dos fatos que despertavam o interesse do povo. Podiam ser os feitos de Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros famosos, o registro de sêcas e enchentes, vaqueiros e vaquejadas, santos e milagres, crimes etcétera. reticências

caplãn, xeila. Cordel, a palavra encantada. Ciência Hoje das Crianças, Rio de Janeiro, 3 agosto. 2010.

Fotografia. Diversos livretos de cordel estão pregados em dois varais e expostos na frente de uma parede de tijolos marrons.
Folhetos de cordel expostos em Afrânio, Pernambuco (2019).
  1. Por que a literatura de cordel tem esse nome?
  2. Como eram as histórias de cordel inicialmente?
  3. Com o passar do tempo, que tipos de histórias o cordel começou a contar? Por quê?

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Quais são as principais características da Caatinga?

Descreva-as no seu caderno.

  1. Cite argumentos contrários e favoráveis à transposição das águas do rio São Francisco.
  2. Quais aspectos socioeconômicos ligados à produção açucareira marcaram a organização do espaço nordestino ao longo do século dezesseis?
  3. Explique como se deu a ocupação e a organização do espaço nordestino no período colonial.
  4. Analise o mapa e, depois, responda ao que se pede.
Mapa. Mapa da região Nordeste do Brasil representando a trajetória das expansões baiana e pernambucana. Expansão baiana, representada por seta vermelha. Seta sai de Salvador em direção a Tapiutapera e São Cristóvão ao norte. Outra seta sai de Salvador em direção ao Sertão de dentro, no interior. De São Cristóvão  sai uma seta na direção noroeste e se ramifica em direção ao nordeste, ao norte e a sudoeste, indo para o Sertão de Dentro, o Sertão de Fora, e as cidades de Oeiras e Pastos Bons. Expansão pernambucana, representada por seta roxa pontilhada. Seta sai de Olinda e de Recife rumo à direção norte, contornando todo o litoral até chegar na região onde hoje está a cidade de São Luís do Maranhão. Essa seta também possui ramificações para o interior. Outra seta parte de Recife em direção ao interior do estado, próximo à seta de expansão baiana em Sertão de Fora. Na parte inferior à direita, rosa dos ventos e escala de zero a 220 quilômetros.
Fonte: GANCHO, Cândida Vilares; TOLEDO, Vera Vilhena. Caminhos do boi: pecuária bovina no Brasil. São Paulo: Moderna, 1990. página 16.

O mapa apresenta a expansão de qual atividade econômica na Região Nordeste? Explique como chegou à resposta.

6. Faça a leitura do cordel a seguir.

Meu sertão quando tá sêco

É triste de fazer dó

séca água nos açudes

A pastagem vira pó

Morre o gado no curral

E o galo no quintal

Não canta, pois ficou só

reticências

Mas o nordestino é forte

Não se cansa de esperar

Mas um dia a sorte muda

É preciso confiar

Olha pro céu novamente

Sonha ver alegremente

A chuva logo chegar

GONDIM, Paulo. Meu sertão. Luso Poemas, 1 dezembro. 2012. Seção Poemas. Disponível em: https://oeds.link/rykoyl. Acesso em: 7 março. 2022.

  1. Qual é o problema retratado nesse texto?
  2. Com relação a essa realidade, quais são os períodos que marcam essa região?

7. Leia o trecho do artigo a seguir e responda às questões.

Embora o vocábulo português sertão tenha estado ligado desde os primórdios do povoamento a todas aquelas regiões ainda não povoadas ou ainda mal ocupadas do país, mesmo as que têm ostentado densas selvas tropicais pluviosas, a natureza hostil do interior do Nordeste, dificultando a fixação humana, gerando uma ocupação rarefeita de lento e penoso adensamento, moldando o isolamento das comunidades que só mesmo a era do caminhão veio romper, consagrou o nome do sertão para todo aquele imenso território coberto pelas caatingas.

BERNARDES, Nilo. As caatingas. Estudos Avançados, São Paulo, volume 13, norte. 36, maio/agosto. 1999. Disponível em: https://oeds.link/IXZrjf. Acesso em: 26 março. 2022.

Por que o autor afirma que há dificuldade de fixação nessas áreas?

CAPíTULO 19  Organização do espaço econômico e sub-regionalização

Nas décadas de 2000 e 2010, a economia nordestina apresentou crescimento em todos os setores, acompanhando o desenvolvimento da economia brasileira. Os investimentos em infraestrutura realizados no período incrementaram o desenvolvimento da região.

Favorecido pelo processo de desconcentração industrial da Região Sudeste, o crescimento do Nordeste levou à integração da região com mercados de outras regiões brasileiras e com o mercado externo.

A industrialização se concentra nas áreas próximas às capitais, que se tornaram mais atrativas, o que refletiu também no aumento da população nas áreas urbanas. Analise no mapa a densidade demográfica da região.

REGIÃO NORDESTE: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO (2017)

Mapa. Região Nordeste: distribuição da população (2017) Mapa da região Nordeste com a divisão política e a localização, por meio de pontos em vermelho, de áreas com 10 mil habitantes. Elevada concentração de pontos vermelhos: nas proximidades das capitais Salvador, Aracaju, Maceió, Recife, João Pessoa, Natal, Fortaleza, Teresina e São Luís. Média concentração de pontos com 10.000 habitantes: tendo como base as capitais, em áreas um pouco mais para o interior dos estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Além disso, na porção sul do Ceará. Pontos vermelhos mais esparsos:  centro e oeste da Bahia, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte e centro sul de Ceará, Piauí e Maranhão. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 160 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava ediçãoRio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 111.

Ler o mapa

Onde se concentra a população da Região Nordeste? Na sua opinião, por que isso ocorre?

Indicadores socioeconômicos

Historicamente, o Brasil registra grandes desigualdades, e o Norte e o Nordeste são as regiões com os indicadores socioeconômicos menos satisfatórios do país. Essa realidade passou por algumas transformações nas décadas de 2000 e 2010, em consequência de políticas de redistribuição de renda, que visavam reduzir a pobreza e a desigualdade social no território brasileiro.

De modo geral, no século vinte e um, antes da pandemia de Covid-19, os indicadores socioeconômicos apresentaram melhoras em todo o país, principalmente nas regiões mais pobres. Em 2001, por exemplo, a taxa de mortalidade infantil no Nordeste era de trinta e seis virgula sete por mil (a cada mil nascidos vivos); em 2019, havia diminuído para quinze virgula dois por mil. A média nacional de redução nesse período foi proporcionalmente inferior: em 2001, a taxa de mortalidade infantil no Brasil era de vinte e seis vírgula um por mil e, em 2019, caiu para treze vírgula três por mil. A Região Nordeste também teve variações acima da média nacional em outros indicadores socioeconômicos.

A violência nos estados da Região Nordeste é um ponto que chama atenção ao observarmos os indicadores e compará-los com os de outras regiões. De acordo com o í bê gê É, no ano de 2019, estados como Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Pernambuco, por exemplo, apresentaram as taxas mais elevadas de homicídio por armas de fogo.

Em relação ao trabalho infantil, a região apresentou neste século uma queda considerável, conforme pode ser visualizado no gráfico.

BRASIL E REGIÃO NORDESTE: CRIANÇAS E ADOLESCENTES ENTRE 10 E 13 ANOS EM SITUAÇÃO DE TRABALHO INFANTIL (2005-2015)

Gráfico. Brasil e região Nordeste: crianças e adolescentes entre 10 e 13 anos em situação de trabalho infantil (2005 a 2015). Gráfico de linhas. No eixo vertical, valores de porcentagem de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil; no eixo horizontal, os anos de 2005 a 2015. Brasil, representado por linha vermelha: 2005: 9,1 por cento de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. 2006: 8,5 por cento. 2007: 7,5 por cento. 2008: 6 por cento. 2009: 5,8 por cento. 2011: 4,5 por cento. 2012: 3,5 por cento. 2013: 3,2 por cento. 2014: 3,7 por cento. 2015: 2,9 por cento. Nordeste, representado por linha verde: 2005: 15,00 por cento. 2006: 13 por cento. 2007: 12 por cento. 2008: 10 por cento. 2009: 9 por cento. 2011: 7 por cento. 2012: 5 por cento. 2013: 5 por cento. 2014: 5,8 por cento. 2015: 3,8 por cento. Entre 2009 e 2011: intervalo sem dados.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira – 2016. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2016.

Pandemia de Covid-19

No final de 2019, a Organização Mundial da Saúde (ó ême ésse) foi alertada a respeito do surgimento de uma variação do coronavírus na cidade de urran, na China.

A doença causada por essa variação ficou conhecida como Covid-19 e, em pouco tempo, se espalhou pelo planeta. Assim, em março de 2020, a ó ême ésse reconheceu que se tratava de uma pandemia.

Ao longo dos anos de 2020 e 2021, surgiram variantes da Covid-19 que só puderam ser enfrentadas com o desenvolvimento de vacinas e com medidas de combate à circulação do vírus, como a higienização das mãos, o distanciamento social e o uso de máscara.

Atividades econômicas

O desenvolvimento econômico depende, entre outros fatores, da implantação de estradas, portos e aeroportos.

Nas primeiras décadas do século vinte e um, o Nordeste recebeu muitos investimentos em obras de infraestrutura, enquanto seu parque industrial se modernizou e se diversificou com a instalação de fábricas de automóveis e motocicletas, refinarias, estaleiros e siderúrgicas.

A agricultura também se modernizou; a região desenvolveu importantes áreas de produção agrícola irrigada, principalmente na porção interior, voltadas, em sua maioria, para o mercado de exportação de frutas tropicais.Analise, na fotografia, um dos canais de transposição do rio São Francisco, obra que permitiu o avanço da irrigação para a agricultura.

De acordo com dados do í bê gê É, a participação do Nordeste no Píbi nacional aumentou de 12%, em 2004, para 15%, em 2019. Nesse período, os estados nordestinos tiveram crescimento econômico acima da média nacional, e o número de trabalhadores formais na indústria cresceu consideravelmente.

Fotografia. Vista de uma extensa área com uma grande porção de água entremeada por muitas partes de terra emersa. A área é  plana com alguns morros baixos. No primeiro plano da imagem observa-se um canal fluvial  com margens desmatadas. A montante do canal, uma grande área alagada com pequenas ilhas internas. No entorno, vegetação densa na cor verde-escura e vias de circulação de terra.
A construção de canais, aquedutos e barragens tem o objetivo de garantir água para o abastecimento da população e para as atividades econômicas. Na fotografia, canal de transposição do rio São Francisco em Salgueiro, Pernambuco (2020).

Indústria

Mesmo com a instalação de novas empresas automobilísticas, petroquímicas e do setor siderúrgico, a Região Nordeste foi muito afetada pela crise econômica que impactou o Brasil desde 2014, com perda significativa no número de empregos formais.

O mercado consumidor, que era considerado expansivo, tem passado por uma crise com a diminuição da renda da população relacionada ao desemprego e aos problemas acarretados pela pandemia de Covid-19. As empresas passaram a reduzir os investimentos, aguardando sinais de recuperação econômica nacional e mundial. Além disso, a renda média do trabalhador dessa região é menor do que em outras regiões do país, como no Sul e no Sudeste.

REGIÃO NORDESTE: PRINCIPAIS SETORES INDUSTRIAIS (2016)

Mapa. Região Nordeste. Principais setores industriais (2016) Mapa da região Nordeste com a divisão política e a localização dos principais setores industriais em 2016. Através de ícones quadrados e coloridos, indica-se a localização de municípios com mais de 10 indústrias instaladas. Metalúrgicas: porção oeste, sul e leste da Bahia; porção sul de Sergipe; porção leste de Alagoas;  central e leste de Pernambuco; porção central da Paraíba; leste e sul do Rio Grande do Norte; sul do Ceará, noroeste do Piauí; norte do Maranhão. De fabricação de produtos químicos: porção leste de Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte; norte do Ceará, Piauí e Maranhão. De fabricação de máquinas e equipamentos: porção leste de Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e porção norte de Ceará e Maranhão. De fabricação de produtos de minerais não metálicos: em diversas áreas no leste, oeste, sul e norte da Bahia, Sergipe, Pernambuco e Paraíba, nas porções central, leste e oeste de Alagoas, no leste, sul e norte do Rio Grande do Norte, no leste, sul e norte do Ceará, no centro e no norte do Piauí e nas porções sul, oeste, central, leste e norte do Maranhão. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de zero a 175 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 135.

Comércio e serviços

As regiões metropolitanas de São Luís (Maranhão), Fortaleza (Ceará), Natal (Rio Grande do Norte), Recife (Pernambuco), Maceió (Alagoas) e Salvador (Bahia) concentram atividades de serviços e de comércio. Entretanto, cresce cada vez mais a importância de municípios localizados fóra delas. Feira de Santana, no interior da Bahia, é um importante polo comercial e de serviços, influenciando diferentes municípios da região.

O turismo e os serviços a ele relacionados (como hotelaria, alimentação e transporte) são atividades importantes na economia da região.

Multiculturalismo

Manifestações culturais

Além do patrimônio cultural e dos atrativos naturais, a Região Nordeste é rica em manifestações culturais, entre as quais se destacam o Carnaval e o São João, festas que assumem diferentes particularidades em cada estado.

O Carnaval da Bahia é marcado pelos grupos de samba-reggae, blocos de afoxé e trios elétricos, enquanto em Pernambuco se mantêm vivas as tradições do frevo e do maracatu. Nos festejos juninos, são tradicionais o bumba-meu-boi do Maranhão e o coco de Pernambuco, além do forró, que ocorre em todos os estados.

No Nordeste, há outras manifestações culturais características, como o artesanato, representado principalmente por carrancas esculpidas em madeira, garrafas com desenhos em areia colorida, bordados e rendas, além da literatura de cordel e dos cantores repentistas, que improvisam versos em rima.

Fotografia. Quatro pessoas usando uma fantasia muito colorida e brilhante, que recobre todo o corpo, e com um chapéu grande, arredondado, colorido e brilhante com tiras de brilhante penduradas. As cores principais são azul, amarelo, vermelho, verde, prata e lilás. Duas pessoas seguram uma vara de madeira colorida. Elas estão em um terreno misto de grama e terra.
Apresentação de maracatu em Olinda, Pernambuco (2020).
Ícone. Sugestão de vídeo.
VIVA São João! Direção: Andrucha uódintôn. Brasil, 2002. Duração: 90 minutos. O filme acompanha a turnê do cantor Gilberto Gil pelas festas de São João. Por meio de entrevistas com a população, o filme revela a importância dessas festividades para as comunidades locais e a cultura brasileira.

Ícone. Seção Lugar e cultura. Composto por um vaso colorido.

Lugar e cultura

A festa de São João em Mossoró: tradição e grandeza

Multiculturalismo

A festa de São João é muito celebrada no Nordeste. Sua origem remonta às tradições pagãs de celebração da época de colheita na Europa. Com a expansão do Império Romano, o Cristianismo se disseminou e as festas pagãs foram incorporadas ao calendário religioso, atribuindo-se a elas homenagem a santos diversos. Essa festa, dedicada a São João Batista, foi trazida pelos portugueses na época da colonização do Brasil.

Atualmente, a festa tem características bem brasileiras, com músicas, comidas e danças típicas. O São João é festejado em todo o país. Mossoró abriga a terceira maior festa de São João no Nordeste, atrás apenas de Caruaru (Pernambuco) e Campina Grande (Paraíba). Todos os anos, nos dias de celebração, cêrca de um milhão de pessoas toma as ruas da cidade. A festa acontece na antiga estação ferroviária do município, que, no mês de junho, se transforma na “estação do forró”. Além disso, é montado um palco especial para as exibições de grupos de quadrilha, que competem entre si e proporcionam um espetáculo.

No passado, as festas de São João eram comemoradas nos pequenos bairros, com a participação da comunidade, fortalecendo os laços entre as pessoas. Hoje, o São João de Mossoró, por exemplo, é uma grande atração turística, movimentando a economia da região. Para receber os visitantes, são necessários investimentos em infraestrutura hoteleira, de transporte e gastronômica.

Fotografia. Em um palco, diversas pessoas dançam formando uma roda. Elas usam roupas variadas e seguram um objeto que parece uma mala enfeitada. No centro, uma pessoa com perna de pau e rosto pintado usando chapéu, terno e calça azul e branca está com a mão levantada. Ao fundo, o cenário da entrada de uma igreja com uma projeção de luz em tons de azul e amarelo formando um vórtice.
Festa de São João em Mossoró, Rio Grande do Norte (2015).
  1. Explique por que as festas de São João são importantes no Nordeste.
  2. Podemos considerar o crescimento da festa de São João em Mossoró uma ameaça para as tradições culturais?
  3. Qual é a importância dessa festa para a economia de Mossoró?

Subdivisões regionais do Nordeste

Levando em conta, principalmente, as características do clima e da vegetação original, a Região Nordeste pode ser dividida em quatro sub-regiões: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte. Essas sub-regiões também apresentam diferenças quanto às atividades econômicas desenvolvidas.

Analise o mapa. Ele representa a divisão da Região Nordeste nas quatro sub-regiões mencionadas anteriormente.

REGIÃO NORDESTE: SUB-REGIÕES

Mapa. Região Nordeste: sub-regiões. Mapa da região Nordeste do Brasil com a divisão política e a área das sub-regiões representada por cores. Zona da Mata (em verde): faixa que se estende ao longo do litoral da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Agreste (em lilás): faixa que acompanha a faixa da Zona da Mata mais a oeste dos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Sertão (em amarelo): extensa faixa que abrange todo o restante dos territórios de Bahia, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, abrangendo também todo o estado do Ceará e o sudeste e o leste do Piauí. Meio-Norte (em laranja): abrange  todo o estado do Maranhão e as porções norte, noroeste, oeste, e sudoeste do Piauí. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de zero a 165 quilômetros.
Fonte: ANDRADE, Manuel C. de. A terra e o homem no Nordeste. São Paulo: Brasiliense, 1973. página34.

Além das atividades econômicas, em geral, o modo de vida das pessoas também apresenta diferenças em cada uma dessas sub-regiões, como estudaremos a seguir.

Ler o mapa

Analise no mapa as quatro sub-regiões do Nordeste e responda: Por que a regionalização apresentada não segue os limites dos estados nordestinos?

A Zona da Mata

A faixa litorânea dos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte é denominada Zona da Mata, porque, originalmente, era recoberta pela Mata Atlântica. Nessa área, intensamente explorada, os cultivos de cana-de-açúcar — base da economia colonial e ainda hoje presentes nas paisagens — substituíram a vegetação nativa, da qual já havia sido retirado quase todo o pau-brasil existente no território.

Também contribuiu para a devastação da Mata Atlântica nessa sub-região o fato de nela terem sido estabelecidos povoamentos que deram origem a importantes cidades, que se transformaram nas capitais dos estados citados. Trata-se da mais populosa das sub-regiões nordestinas. Além disso, a exploração recente de petróleo em campos terrestres (on shore), que ocorre principalmente na Bahia, no Rio Grande do Norte e em Sergipe, intensifica o desmatamento.

O relevo da Zona da Mata é constituído especialmente de planícies e tabuleiros litorâneos — fórma de relevo que apresenta topo plano e vertentes abruptas. É principalmente sobre eles que as atividades agrícolas se desenvolvem. O clima da sub-região é tropical litorâneo, com períodos chuvosos entre abril e julho e média de temperatura anual entre 24 graus Célsius e 26 graus Célsius.

Nos últimos anos, o Nordeste vem enfrentando recordes de déficits hídricos, que vêm impactando até mesmo áreas da Zona da Mata, com rios que chegavam a transbordar nas margens e hoje apresentam apenas alguns bolsões de água.

Fotografia. Vista de uma extensa área. Na parte inferior, há uma via de acesso asfaltada margeada por uma via de terra e um poste de transmissão de energia. No segundo plano, tanques de armazenamento grandes e menores, estruturas metálicas e tubulação. Do lado esquerdo, uma via de acesso interna e estruturas metálicas. No terceiro plano, extensa área com vegetação densa em um terreno plano. Céu nublado.
Estação coletora de petróleo Canto do Amaro, em Mossoró, Rio Grande do Norte (2019).
As cidades e a economia na Zona da Mata

As maiores cidades da Região Nordeste estão concentradas na Zona da Mata. Salvador (Bahia) e Recife (Pernambuco), localizadas nessa sub-região, estão entre as dez maiores metrópoles do Brasil e concentram serviços nas áreas de saúde e educação, que atendem também à população das demais sub-regiões nordestinas. Nelas são realizadas atividades comerciais e industriais diversificadas.

De modo geral, as metrópoles nordestinas apresentam os mesmos problemas estruturais das demais metrópoles brasileiras, entre os quais se destacam a deficiência da rede de esgoto e a da coleta de lixo, que causam impactos no meio ambiente e na saúde da população.

Embora a Zona da Mata seja a mais industrializada do Nordeste, nessa sub-região há uma série de problemas sociais, como a precariedade de muitas moradias situadas nos centros urbanos, o elevado índice de desemprego e os salários muito baixos, principalmente nas atividades agropecuárias.

Destaca-se nessa sub-região a área produtora de cana-de-açúcar, que se estende do Rio Grande do Norte até a Bahia, conhecida como Zona da Mata açucareira. Atualmente, essa área é também grande produtora de etanol.

No sul da Bahia, especialmente na área ocupada pelos municípios de Ilhéus e Itabuna, encontra-se a Zona da Mata cacaueira, importante produtora e exportadora mundial de cacau desde o fim do século dezenove até praticamente o final dos anos 1970. A área foi reduzida na década de 1950 por conta de uma praga que ataca os vegetais, principalmente cacaueiros, denominada vassoura-de-bruxa, causada por fungos. Apesar dessa redução, o sul da Bahia ainda é importante exportador de cacau, responsável por mais da metade da produção nacional.

Fotografia. Na beira de um rio, do lado esquerdo, uma construção feita com estacas de madeira e pedaços de papelão. Há plantas, pedaços soltos de madeira e plástico na margem e na água do rio. Ao fundo, na margem oposta, diversas casas de tijolos inacabadas estão em um terreno que parece inclinado em direção ao rio. Há entulho depositado na beira da água
Área poluída sem tratamento de esgoto adequado no Recife, Pernambuco (2020).
Ícone. Sugestão de livro.
REGO, José Lins do. Menino de engenho. Rio de Janeiro: José olímpio, 2010. O livro retrata a sociedade e a cultura canavieira da Zona da Mata nordestina na década de 1930 por meio da história de Carlinhos, um menino órfão que é levado pelo tio para o Engenho Santa Rosa.

O Agreste

O Agreste nordestino constitui uma faixa de transição entre a Zona da Mata — com predominância da Mata Atlântica — e o Sertão, onde há o predomínio da Caatinga, abrangendo parte dos estados de Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Essa sub-região se caracteriza pelo clima tropical, apresentando, como consequência de sua localização geográfica, maior umidade nas proximidades da Zona da Mata e ocorrência de áreas mais sêcas, características do Sertão.

O Planalto da Borborema abrange a porção norte do Agreste. Na face leste dessa formação de relevo, estão situadas as áreas mais úmidas, com características da Zona da Mata. Na porção oeste, há predomínio das áreas sêcas. Nas altitudes mais elevadas nas áreas compreendidas pelo planalto ocorrem as médias de temperatura mais baixas.

A vegetação encontrada no Agreste nordestino é de pequeno porte, com espécies variadas, com destaque para as bromélias e os cactos.

As principais cidades do Agreste oferecem comércio e serviços diversificados, que atendem à população de outras sub-regiões, principalmente do Sertão. No Agreste estão localizados quatro núcleos urbanos importantes: Arapiraca (Alagoas), Campina Grande (Paraíba), Caruaru (Pernambuco) e Feira de Santana (Bahia).

Fotografia. Vista de uma extensa área urbana. A maior parte das construções são baixas e possuem telhados marrons. Há alguns galpões e árvores. No centro da imagem, uma praça retangular corta uma avenida e chega a outra avenida perpendicular que possui um canteiro central arborizado. As ruas são asfaltadas e o movimento de veículos não é intenso. No alto, um estádio de futebol e à direita da praça retangular, uma quadra esportiva e uma piscina. Ao fundo, área rural com solo com vegetação baixa e morros no horizonte. Céu com nuvens.
Na fotografia, vista aérea de Itabaiana, Sudeste (2018), cidade do Agreste com mais de 98 mil habitantes de acordo com estimativas do í bê gê É para 2021.
A economia do Agreste

A economia de muitos municípios do Agreste cresceu em decorrência da produção algodoeira, que se expandiu nessa sub-região a partir do século dezenove, impulsionando as indústrias têxteis no século vinte. Nas últimas décadas, as inovações tecnológicas incorporadas à produção resgataram a importância do algodão no Agreste, onde essa cultura tinha praticamente desaparecido em consequência de uma praga conhecida como bicudo do algodoeiro.

Campina Grande convive com a cultura do algodão desde o início do século vinte. Atualmente, a cidade tem um polo têxtil consolidado e se destaca não só pelo volume de sua produção, mas por um diferencial tecnológico: o algodão colorido. Por ser naturalmente colorido, esse tipo de algodão não desbota facilmente e pode ser usado, sem restrição, por pessoas alérgicas a corantes.

Além do algodão, há na sub-região do Agreste predomínio de pequenas propriedades policultoras, nas quais são cultivados vários produtos, como o feijão, o milho, a mandioca, o café, o agaveglossário e a banana, entre outros.

Os caprinos (cabras) representam o principal rebanho de criação. No setor industrial, destacam-se as indústrias de doces, sucos, móveis, calçados e têxteis. A indústria têxtil do Agreste é considerada a segunda mais importante do Brasil, atrás apenas da de São Paulo.

O comércio é outra atividade relevante no Agreste. Nes­se setor, destacam-se as feiras livres das cidades de Campina Grande (Paraíba), Feira de Santana (Bahia), Vitória da Conquista (Bahia), Caruaru (Pernambuco) e Garanhuns (Pernambuco).

Fotografia. Em um terreno inclinado repleto de plantas com folhagem seca e amarronzada, há diversas pessoas em pé usando camisetas e boné. Suas pernas estão cobertas pelas folhagens e algumas pessoas estão mexendo nas plantas. Ao fundo há árvores de folhas verdes.
Colheita de algodão colorido em Remígio, Paraíba (2020). A fibra colorida tem um valor de 30% a 50% superior ao das fibras de algodão branco.

O Sertão

O Sertão abrange boa parte dos estados da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e pequeno trecho de Sergipe e de Alagoas. De modo geral, entre abril e maio há um período de concentração de chuvas, quando a vegetação se torna verdejante, mudando a paisagem. fóra dessa época, é comum a ocorrência de um período longo de estiagem, que se revela no aspecto sêco da vegetação.

Além da aridez natural característica do semiárido, devem ser considerados os processos de desertificação acelerados pela intensa exploração de determinadas áreas, que resultam na degradação dos solos, dos recursos hídricos e da vegetação.

A economia do Sertão

A maioria da população rural do Sertão vive da agricultura e da pecuária de subsistência. A pecuária extensiva e a agricultura comercial de frutas, café, algodão, soja, milho, feijão, arroz e mandioca são as principais atividades econômicas.

No Sertão, existem também os chamados brejos, áreas situadas nos sopés de serra e zonas de transbordamento de rios que são úmidas e florestadas, com solos férteis. Nas várzeas dos rios, permanentes ou intermitentes, há terrenos planos e encharcados para onde são carregados, na época chuvosa, materiais decompostos que formam no solo uma camada mais espessa e úmida, propícia à agricultura.

Nos últimos anos, áreas irrigadas do Sertão vêm se tornando importantes produtoras agrícolas para atender aos mercados interno e externo.

Quando aliadas, as modernas técnicas de irrigação, a baixa umidade do ar e as poucas chuvas da região oferecem condições favoráveis à agricultura. Além disso, algumas empresas agrícolas têm trocado o Centro-Sul do país pelo Sertão em razão do menor custo das terras e da localização estratégica para a exportação.

Fotografia. Em uma área com solo marrom e seco, há bananeiras em fileiras e separadas umas das outras. As bananeiras possuem folhas largas e grandes. As folhas da copa estão verdes, as folhas mais baixas são amarelas. No chão há uma mangueira colocada entre as árvores. Ao lado há folhas secas e queimadas no chão. Ao fundo, um morro baixo com vegetação
Entre as áreas de fruticultura irrigada no Sertão, destacam-se o vale do Açu (Rio Grande do Norte), grande produtor de frutas, principalmente melão, uva e manga; o oeste da Bahia, área de Cerrado onde predomina a produção de café, soja e frutas; e o polo Juazeiro (Bahia)-Petrolina (Pernambuco), onde se concentra a produção de frutas como uva e manga. Na fotografia, plantação de bananas em Morro do Chapéu, Bahia (2019).

O Meio-Norte

O Meio-Norte corresponde à faixa situada mais a oeste da Região Nordeste, abrangendo o estado do Maranhão e a maior parte do estado do Piauí.

Nessa área de transição entre a Caatinga e a Floresta Amazônica, encontra-se a Mata dos Cocais, que se caracteriza por uma vegetação mais densa, constituída de palmeiras e coqueiros, ricos em frutas oleaginosas.

O clima dessa sub-região é tropical úmido, com temperaturas elevadas e altos índices pluviométricos anuais.

A economia do Meio-Norte

No Meio-Norte, a criação de gado e a produção de algodão, de arroz e, mais recentemente, o cultivo da soja têm alavancado a economia regional.

Também se destacam a coleta do coco-babaçu e do palmito, além da extração da cera de carnaúba. Os produtos extraídos são utilizados como alimento e aproveitados para a produção de cosméticos, produtos de higiene e medicamentos.

A maior parte da mão de obra envolvida na extração do coco-babaçu é constituída de mulheres, as chamadas quebradeiras, que trabalham quase sempre em condições precárias e pagam para ter acesso às palmeiras em propriedades particulares.

O trabalho das quebradeiras de coco-babaçu, além de gerar renda para as famílias, é uma fórma de proteção da vegetação original nas áreas onde se realiza a extração desse recurso natural.

Fotografia. Vista de uma paisagem com árvores de tronco fino, alto e cinza. A copa possui muitos galhos pequenos com folhas finas e pontiagudas em tons de verde. Há diversas árvores separadas umas das outras. Entre elas, algumas plantas com folhagem pontiaguda e verde. Ao fundo, morros cobertos de vegetação. Céu azul com poucas nuvens
Mata dos Cocais em São Raimundo Nonato, Piauí (2021).

Ícone. Seção Mundo em escalas. Composto por dois pinos de localização conectados por setas.

Mundo em escalas

Mulheres: trabalho e exploração

Cidadania e civismo.

Leia os textos a seguir:

Texto 1

As mulheres encarregadas do trabalho enfrentam a exploração e os riscos de extinção da ocupação.

reticências

Estima-se que de trezentas mil a quatrocentas mil famílias vivam do babaçu. A quebra, porém, nunca foi regulamentada e, portanto, não há direitos trabalhistas ou previdenciários. Mesmo assim, permeia muitas biografias femininas na região, o que Regina credita à divisão do trabalho rural. reticências

Outros fatores explicam esse enraizamento: altas taxas de analfabetismo e evasão escolar, agravadas para as mulheres, e miséria. reticências

GREGÓRIO, Rafael. Tradição das quebradeiras de babaçu à prova. Carta Capital, São Paulo, 26 março. 2014. Seção Educação. Disponível em: https://oeds.link/K29zKE. Acesso em: 7 março. 2022.

Fotografia. Uma mulher com cabelo comprido, preto e preso, está sentada no chão e segura um pedaço de madeira grosso na direção de um coco escuro que está na sua outra mão. À sua frente há muitos cocos de cor marrom amontoados no chão. Ao fundo, outra mulher segura uma madeira e aponta na direção de um coco. Ao seu lado há um balde. Atrás, um portão feito de pedaços de madeira e uma cerca.
Quebradeiras de coco-babaçu em Viana, Maranhão (2019).

Texto 2

Existem cérca de 40 milhões de pessoas presas na escravidão moderna. Mulheres e meninas são afetadas desproporcionalmente, chegando a quase 29 milhões ou 71% desses casos.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Mais de 40 milhões de pessoas ainda são vítimas da escravidão contemporânea, ônu News, 2 dezembro. 2020. Disponível em: https://oeds.link/nrdVLE. Acesso em: 7 março. 2022.

  1. O que pode ser feito para evitar a exploração e os riscos de extinção do trabalho realizado pelas quebradeiras do coco-babaçu?
  2. Como podemos associar as informações apresentadas pelos textos?

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Nas décadas de 2000 e de 2010, a Região Nordeste obteve avanços importantes na economia, como o crescimento da atividade industrial. O começo da década atual, no entanto, foi marcado pela queda da economia de todo o mundo em decorrência da pandemia de Covid-19, que afetou um dos setores econômicos de maior destaque no Nordeste. Sobre isso, leia o texto e, depois, responda às questões.

As férias de verão naturalmente atraem a atenção do país ao Nordeste, e suas muitas atrações turísticas, baseadas nas belezas naturais e herança cultural (sem falar na gastronômica). O setor de turismo parece ser relativamente mais importante no Nordeste do que nas demais partes do país, e pode se mostrar relevante alavanca para a recuperação da economia regional em um cenário pós-pandemia.

A participação do turismo no Píbi pode ser aproximada por dois itens dentro do setor de serviços: “alojamento e alimentação” e “artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços”. Utilizando essa aproximação, o turismo seria responsável por 5% do Píbi do Nordeste, ante 4,4% para a economia nacional. reticências

Assim sendo, seja pelo efeito no Píbi, ou no mercado de trabalho, o impacto econômico inicial da pandemia foi agravado, no caso do Nordeste, pela forte contração da atividade turística. Segundo o citado estudo do Banco Central, enquanto o setor de serviços, como um todo, apresentou contração de cêrca de 20% no segundo trimestre de 2020 (o pior momento da pandemia do ponto de vista econômico), o setor de turismo registrou queda superior a 60%.

Por outro lado, os economistas do Banco Central do Brasil apontam que, desde o fundo do poço em meados de 2020, a atividade turística no Nordeste teve uma recuperação mais intensa do que nas demais regiões, notadamente em comparação ao Sudeste – a atividade turística no Nordeste teria virtualmente retornado ao patamar de 2019 no terceiro trimestre de 2021, enquanto ainda estava cêrca de 24% abaixo do padrão pré-pandemia no Sudeste.

MESQUITA, Mario. Turismo e a recuperação do Nordeste. Diário do Nordeste, Fortaleza, 19 janeiro. 2022. Seção Opinião. Disponível em: https://oeds.link/8Jfu6z. Acesso em: 7 março. 2022.

  1. De acordo com o que você estudou sobre a pandemia de Covid-19, explique como ela afetou o turismo. Por que isso prejudicou principalmente a economia do Nordeste, segundo o texto?
  2. O texto sugere que pode ser justamente o turismo o principal fator de recuperação da economia nordestina após a pandemia. Por quê?

2. Leia o texto a seguir e, depois, responda ao que se pede.

Localizada na cidade de Caruaru (Pernambuco), a Feira surgiu em uma fazenda localizada em um dos caminhos do gado, entre o sertão e a zona canavieira, onde pousavam vaqueiros, tropeiros e mascates. No final do século dezoito, foi construída nesse local a capela de Nossa Senhora da Conceição que ampliou a convergência social e fortaleceu as relações de trocas comerciais no local. Assim, a feira cresceu com a cidade e se tornou um dos principais motores do seu desenvolvimento social e econômico. Lugar de socialização, de permanente construção de identidades e de exposição da criatividade popular reticências. É um lugar de referência viva da história e da cultura do agreste pernambucano, e, de modo mais geral, da cultura nordestina. Sem a dinâmica e o mercado da feira, esses saberes e fazeres teriam desaparecido.

PERNAMBUCO: Feira de Caruaru. Ipatrimonio. Seção ifãn. Disponível em: https://oeds.link/7K8Wx8. Acesso em: 7 março. 2022.

  1. Explique a ligação entre o surgimento da cidade de Caruaru e sua feira e a pecuária.
  2. O texto afirma que, sem a feira, parte da cultura local teria desaparecido. Você concorda? Justifique.

3. Analise a fotografia.

Fotografia. Vista de uma área com mar. No primeiro plano, a água possui coloração bege e dentro dela há pessoas conversando e nadando. Duas pessoas estão sobre pranchas de surfe. À direita, há embarcações largas com estruturas de acesso à água, guarda-sóis no topo e botes salva-vidas. Ao fundo, águas mais claras e verdes e formações de coral. Céu azul com nuvens.
Praia do Seixas, em João Pessoa, Paraíba (2021).
  1. A atividade econômica representada na fotografia é uma das principais de qual sub-região nordestina?
  2. Que características da paisagem retratada favorecem a economia do Nordeste? Justifique sua resposta.

4. Escreva no caderno a alternativa correta, com base no que foi discutido ao longo do Capítulo e na imagem de satélite reproduzida nesta atividade.

Imagem. Imagem de satélite de parte da América do Sul durante o período noturno. O continente está na cor azul escuro e nele aparecem pontos amarelos. Há concentração de pontos amarelos na costa brasileira da região Nordeste e da região Sudeste. O Oceano Atlântico, à direita, está na cor preta e o Oceano Pacífico aparece à esquerda.
Imagem de satélite abrangendo parte do território brasileiro no período noturno (2021). As áreas luminosas são as que possuem maior concentração populacional.
  1. A maior parte da população do Nordeste está localizada na sub-região do Sertão.
  2. Os principais pontos luminosos da imagem estão localizados no Meio-Norte, na faixa mais distante do litoral.
  3. O Agreste é representado na imagem como área não ocupada.
  4. Os pontos luminosos são mais presentes na sub-região da Zona da Mata, onde a rede de transporte e comunicação é mais desenvolvida.
  5. O Nordeste não abriga grandes cidades, por isso vemos apenas pequenos pontos luminosos na imagem.

5. Dados do Censo 2010 apontam que o estado da Bahia tem uma população predominantemente negra, ou seja, formada por pessoas que se autodeclaram pretas ou pardas. Que manifestações culturais revelam a importância da população negra na formação da identidade cultural desse estado? E no Brasil?

Ícone. Seção Para refletir. Composto por silhueta de uma cabeça com engrenagens em seu interior.

Para refletir

Comunidades tradicionais e atividades industriais: É possível que convivam no mesmo território?

Localizado a 50 quilômetros de Salvador (Bahia), o Polo Industrial de Camaçari foi implantado no final da década de 1970. Atualmente, é um dos maiores complexos industriais do Brasil, com empresas de diversos ramos: químicas, petroquímicas, automotivas, metalúrgicas, têxteis, de celulose, fertilizantes, energia eólica, fármacos, bebidas, entre outras.

Próximo ao Polo Industrial de Camaçari, na Ilha de Maré, há uma comunidade quilombola com cêrca de quatrocentas famílias, que vivem da pesca artesanal e da agricultura de subsistência e esperam a titulação comunitária de seu território.

Fotografia. Vista de uma extensa área asfaltada e com diversos galpões largos, retangulares e brancos. No primeiro plano, há um grande pátio de estacionamento de veículos com muitos carros e 3 galpões menores. Mais ao fundo, os galpões são maiores. No horizonte, área rural em parte desmatada, em parte com vegetação.
Vista aérea do Polo Industrial de Camaçari, Bahia (2017).

Relatório delimita quilombo com área [de] 644 hectares em Ilha de Maré, na Bahia

O Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (érre tê í dê) do Território Quilombola Ilha de Maré foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) na segunda-feira (13).

De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (íncra) na Bahia, o érre tê í dê é o passo mais complexo para o cumprimento da titulação comunitária dos territórios quilombolas. O documento reúne peças técnicas, como o relatório antropológico, plantas com delimitação do território, e aborda aspectos agronômicos, ambientais, fundiário e geográfico.

O Território Quilombola Ilha de Maré, que tem 644,7 hectares, está localizado na Região Metropolitana de Salvador (érre ême ésse). A área engloba as comunidades de Bananeiras, Ponta Grossa, Porto dos Cavalos, Martelo e Praia Grande. A regularização beneficiará quatrocentas e quatro famílias.

A história das comunidades de Ilha de Maré está ligada à Baía de Todos-os-Santos, quando navios negreiros encalhavam em recifes próximos. Atualmente, os quilombolas da Ilha de Maré sobrevivem da pesca, mariscagem e da agricultura de subsistência. Há uma forte participação das mulheres como marisqueiras.

RELATÓRIO delimita quilombo com área 644 hectares em Ilha de Maré, na Bahia. gê um, 14 março. 2017. Seção Bahia. Disponível em: https://oeds.link/UfsuZv. Acesso em: 7 março. 2022.

É possível conciliar no mesmo território atividades industriais e a manutenção do modo de vida de comunidades tradicionais?

Leia o trecho do texto a seguir.

Mais de 200 pescadores e pescadoras da Ilha de Maré ocuparam, na manhã de hoje (14), a séde da codéba (Companhia das Docas do Estado da Bahia), localizada no bairro do Comércio em Salvador, na Bahia. O protesto é para denunciar a grave poluição química que tem contaminado a ilha e tem adoecido muitos dos pescadores e pescadoras da localidade.

Há anos o descarte irresponsável dos produtos tem contaminado as águas e adoecido a população de Ilha de Maré. Vários estudos comprovam o impacto dessa contaminação na saúde dos pescadores e pescadoras da localidade. Um dos casos mais graves aconteceu devido ao acidente do navio Golden Miller. Em 17 de dezembro de 2013, o navio das Barramas espalhou uma mancha de óleo pela Baía de Todos-os-Santos que chegou até a Ilha de Maré. Problemas de pele e altos índices de chumbo no organismo das crianças foram comprovados em estudos e alertam para a gravidade da situação.

reticências

Os manifestantes reivindicam que seja realizado um inquérito epidemiológico, através de exames médicos em todos os moradores de Ilha de Maré, visando identificar a gravidade da contaminação da população, especialmente causada por metais pesados. Os moradores de Ilha de Maré também querem que sejam implementadas na localidade políticas públicas de saúde capazes de tratar as doenças específicas relacionadas com a poluição química que afeta a comunidade.

CONTRA poluição química, pescadores da Ilha de Maré ocupam séde da codéba. Comissão Pastoral da Terra, 14 fevereiro. 2017. Seção Conflitos no Campo. Disponível em: https://oeds.link/B6aluR. Acesso em: 7 março. 2022.

  1. Que ação provoca danos ambientais, afetando as comunidades quilombolas da Ilha de Maré, situada próximo ao Polo Industrial de Camaçari?
  2. Na sua opinião, é possível estabelecer atividades industriais no mesmo território onde vivem comunidades que necessitam de recursos da natureza para sobreviver?

Glossário

Arbustiva
Espécie vegetal de pequeno ou médio porte cujo tronco é bastante curto, próximo ao solo. A maioria dos seus galhos brota rente ao solo.
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Estiagem
Período sêco, sem ocorrência de chuvas.
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Herbácea
Espécie vegetal que não possui tronco, com galhos bastante limitados e rentes ao solo. É uma vegetação rasteira.
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Assoreamento
Acúmulo de detritos, transportados pelas águas, no leito de um rio. Esse acúmulo diminui a profundidade do rio e a velocidade das águas, podendo provocar transbordamento na época das cheias.
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Cordel
Literatura produzida por poetas populares nordestinos e impressa em livretos de baixo custo.
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Tipografia
Arte e técnica de compor e imprimir com tipos.
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Agave
Planta da qual se extrai o sisal, fibra usada na fabricação de bolsas, cordas, tapetes e também na indústria automobilística, para a composição do estofamento de bancos de carros.
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