UNIDADE oito  Região Nordeste

Fotografia. Vista de uma área com alguns galpões retangulares, tanques circulares e estruturas metálicas e torres na cor cinza. À esquerda, algumas tubulações largas na cor verde e três estruturas circulares semelhantes a grandes ventiladores no teto de uma construção. No alto, um pátio com alguns veículos, galpões e mais torres, tanques e estruturas metálicas. No primeiro plano, via pavimentada com três carros passando, rede de tubulação e algumas árvores.
Vista de usina térmica instalada em Camaçari, Bahia (2021).

Você verá nesta Unidade:

Características de clima e de vegetação da Região Nordeste

A relação entre o clima, a vegetação e as atividades econômicas

A importância do rio São Francisco e sua transposição

O espaço nordestino durante o período colonial

Aspectos culturais do Nordeste

Atividades econômicas do Nordeste

Indicadores socioeconômicos do Nordeste

Sub-regionalização do Nordeste

Orientações e sugestões didáticas

Apresentação

Os conteúdos da Unidade oito, “Região Nordeste”, estão relacionados a cinco Unidades Temáticas da Bê êne cê cê: O sujeito e seu lugar no mundo, Conexões e escalas, Mundo do trabalho, fórmas de representação e pensamento espacial e Natureza, ambientes e qualidade de vida.

As Competências Gerais da Educação Básica desenvolvidas por meio dos conteúdos da Unidade são: (1) Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva; (7) Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

Quanto às Competências Específicas do Componente Curricular Geografia, são trabalhadas com destaque nesta Unidade: (1) Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/natureza e exercitar o interesse e o espírito de investigação e de resolução de problemas; (2) Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhe­cimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a com­preensão das fórmas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história; (3) Desenvolver autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geográfico na análise da ocupação humana e produção do espaço, envolvendo os princípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, localização e ordem; (4) Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geotecnologias para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas; (6) Construir argumentos com base em informações geográficas, debater e defender ideias e pontos de vista que respeitem e promovam a consciência socioambiental e o respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de qualquer natureza.

Fotografia. Vista de uma praia com área verde-escura e verde-clara próxima à areia.  Na faixa de areia, há quiosques com cobertura de palha e muitos guarda-sóis enfileirados. Dentro da água, duas pontes dão acesso a duas plataformas feitas de madeira onde há cadeiras de praia e guarda-sóis brancos. Dentro da água, na parte rasa, também há uma fileira de redes penduradas e pessoas se banhando. Depois da areia da praia, há uma faixa de vegetação arbustiva seguida de vegetação de mata densa.
Vista de estrutura turística instalada em Jijoca de Jericoacoara, Ceará (2020).

O Nordeste, a segunda região mais populosa do país, alcançou nas primeiras décadas do século vinte e um maior dinamismo econômico e integração com o mercado nacional e internacional.

O turismo é uma atividade econômica de destaque, principalmente em áreas próximas à orla.

A Região Nordeste é historicamente conhecida pelos intensos fluxos populacionais, de emigração (no passado) e, mais recentemente, de imigração. Ela também é tema de constantes debates acerca das desigualdades regionais no Brasil.

O que você conhece sobre a população e sobre a economia da Região Nordeste?

Orientações e sugestões didáticas

Nesta Unidade

O Nordeste do Brasil apresentou, nas décadas de 2000 e de 2010, significativa melhoria dos indicadores sociais e crescimento em todos os setores da economia. Os fatores que impulsionaram as mudanças observadas foram, principalmente, as políticas de redistribuição de renda implementadas no período, os investimentos em infraestrutura e os incentivos para a instalação de empresas na região. No entanto, a região ainda apresenta elevado índice de desigualdade.

No decorrer da Unidade, os estudantes terão a oportunidade de investigar a realidade nordestina, partindo de suas características naturais e sociais para, em seguida, examinar as atividades econômicas que promoveram sua ocupação e as transformações que ocorreram ao longo do tempo, até a atualidade.

São trabalhados ao longo da Unidade os seguintes Objetos de conhecimento:

  • Ideias e concepções sobre a formação territorial do Brasil.
  • Formação territorial do Brasil.
  • Características da população brasileira.
  • Produção, circulação e consumo de mercadorias.
  • Desigualdade social e o trabalho.
  • Mapas temáticos do Brasil.
  • Biodiversidade brasileira.

CAPÍTULO 18  Elementos naturais e ocupação territorial

A Região Nordeste ocupa aproximadamente 18% do território nacional. É formada por nove estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Predomina no Nordeste o clima tropical, marcado por altas temperaturas e pela alternância de estações sêcas e chuvosas. Ocorre na região o clima tropical típico, em que a estação sêca se dá no inverno, entre os meses de maio e setembro. Há, ainda, duas variações do clima tropical presentes no espaço nordestino: o tropical litorâneo e o tropical semiárido.

No litoral oriental do Nordeste, área de clima tropical litorâneo, é a estação chuvosa que ocorre no inverno, e não a sêca, como no clima tropical típico. Quanto ao clima tropical semiárido, a principal diferença está na quantidade de chuva, que é escassa e irregular: chove pouco e de fórma concentrada em curtos períodos ao longo do ano.

A estação sêca no semiárido dura cêrca de seis meses, podendo se prolongar ainda mais em alguns anos.

NORDESTE: CLIMAS

Mapa. Nordeste: climas. Mapa da Região Nordeste com a divisão política e as áreas de abrangência dos tipos de clima. Equatorial úmido, na cor vermelha: pequena faixa no noroeste do Maranhão. Tropical, na cor laranja: predominante no Maranhão; em toda a porção oeste, central e norte do Piauí, nas porções oeste, noroeste, norte, nordeste, leste e sudeste do Ceará e nas porções oeste, sul e central da Bahia. Tropical litorâneo, em verde-claro: faixa na porção litorânea da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Tropical Semiárido, em amarelo: predominante nas porções noroeste, norte e centro-leste da Bahia, no centro e no sul do Ceará, nas porções sul e sudeste do Piauí, e no interior dos estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de zero a 165 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página 119.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o Capítulo

O Capítulo apresenta a Região Nordeste por meio da caracterização de seus elementos naturais e das relações entre eles. Também são abordados os principais aspectos da ocupação e da organização do espaço nordestino a partir da chegada dos europeus. Deve ficar claro para os estudantes que a constituição do espaço geográfico nordestino foi baseada no desenvolvimento de uma economia agrário-exportadora voltada para o abastecimento de mercados externos.

É importante destacar para os estudantes que certos processos abordados são fruto da relação sociedade-natureza nessa região, não podendo ser explicados apenas pelas dinâmicas naturais.

Habilidades trabalhadas ao longo deste Capítulo

ê éfe zero sete gê ê zero um: Avaliar, por meio de exemplos extraídos dos meios de comunicação, ideias e estereótipos acerca das paisagens e da formação territorial do Brasil.

ê éfe zero sete gê ê zero dois: Analisar a influência dos fluxos econômicos e populacionais na formação socioeconômica e territorial do Brasil, compreendendo os conflitos e as tensões históricas e contemporâneas.

ê éfe zero sete gê ê zero seis: Discutir em que medida a produção, a circulação e o consumo de mercadorias provocam impactos ambientais, assim como influem na distribuição de riquezas, em diferentes lugares.

ê éfe zero sete gê ê zero sete: Analisar a influência e o papel das redes de transporte e comunicação na configuração do território brasileiro.

ê éfe zero sete gê ê zero nove: Interpretar e elaborar mapas temáticos e históricos, inclusive utilizando tecnologias digitais, com informações demográficas e econômicas do Brasil (cartogramas), identificando padrões espaciais, regionalizações e analogias espaciais.

ê éfe zero sete gê ê um um: Caracterizar dinâmicas dos componentes físico-naturais no território nacional, bem como sua distribuição e biodiversidade (Florestas Tropicais, Cerrados, Caatingas, Campos Sulinos e Matas de Araucária).

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete gê ê zero nove e ê éfe zero sete gê ê um um.

A Caatinga

A Caatinga é uma formação vegetal cujas espécies são adaptadas à estiagemglossário por longos períodos. Trata-se de uma vegetação não florestal, pois as árvores não são as espécies vegetais predominantes. Ainda assim, algumas árvores são especialmente importantes no Nordeste sêco por se manterem com folhagem ao longo da estiagem, como ocorre com os juazeiros.

As espécies vegetais que predominam no ambiente da Caatinga são arbustivasglossário ou herbáceasglossário , como pode ser observado na ilustração. As arbustivas geralmente apresentam folhas pequenas, de espessura grossa e na fórma de espinhos.

CAATINGA: ESPÉCIES VEGETAIS

Ilustração. Caatinga: espécies vegetais. Ilustração horizontal de um perfil de solo marrom dividido em duas partes. Na parte esquerda, denominada ‘arbustiva’, duas espécies vegetais: uma com várias folhas apontadas para cima e com forma pontiaguda, e outra planta com um caule principal, quatro caules ramificados na ponta do principal e com folhas nas pontas. Na parte direita do perfil, denominada ‘herbácea’, quatro plantas baixas e com muitas folhas.
Fotografia. Vista de uma paisagem natural com muita vegetação. No primeiro plano, vegetação arbustiva e diversos cactos altos e com muitos caules de cor verde-escura. No segundo plano, vegetação densa, com muita folhagem verde-clara.  Ao fundo, uma montanha com topo plano e aflorado e vegetação densa na cor verde-escura na encosta.
Depois das chuvas, a paisagem da Caatinga se caracteriza por um colorido que reflete a riqueza de sua biodiversidade. Fotografia de Floresta, Pernambuco (2022).
Orientações e sugestões didáticas

Texto complementar

O bioma Caatinga conforma-se numa situação única frente às demais regiões semiáridas do planeta. Dentre estas, é a mais biodiversa e concomitantemente a mais densamente povoada, numa área em que se confunde com o Semiárido brasileiro. Em seu território, a convivência humana com o meio natural é marcada pela dependência dos recursos naturais, sem os quais a sobrevivência de uma população superior a 27 milhões de habitantes não seria possível, em vista das dificuldades impostas pelas condições climáticas.

reticências As áreas de sua ocorrência encontram-se sob intensa exploração desde os primórdios da colonização no século dezesseis. A vegetação do bioma sustenta a economia da região por meio do uso da lenha e do carvão na matriz energética e de uma grande quantidade de produtos florestais não madeireiros que dão um caráter único às atividades humanas dentro de uma forte cultura regional. Direta ou indiretamente, as florestas da Caatinga são utilizadas para sustentar atividades tradicionais como a pecuária extensiva adaptada às condições naturais do semiárido. reticências A degradação ambiental generalizada na Caatinga tem origem no desmatamento, que ocorre de fórma pulverizada. Isto se deve ao fato de que o vetor mais importante do desmatamento é a exploração predatória para satisfazer demandas por carvão vegetal e lenha para fins energéticos. reticências Segundo os dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros, realizado pelo Centro de Sensoriamento Remoto do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, entre 2002 e 2008 foram perdidos mais de 16 mil quilômetros quadrados de áreas nativas, o equivalente a 2% da superfície total do bioma.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Subsídios para a elaboração do plano de ação para a prevenção e contrôle do desmatamento na caatinga. Brasília, Distrito Federal, 2011. página 7-8.

Observação

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Fotografia. Vista de uma extensa área plana com muitos arbustos altos e pequenas árvores ramificadas com troncos finos e escuros e folhagem com aspecto seco, na cor verde-acinzentado. O solo é em tons de marrom claro com alguns trechos esverdeados e cor de areia.
Vegetação da Caatinga em período de sêca, em Caicó, Rio Grande do Norte (2020).

O Sertão nordestino

A área de ocorrência do clima tropical semiárido no território brasileiro abrange o norte do estado de Minas Gerais, na Região Sudeste, e principalmente a área conhecida como Nordeste sêco ou Sertão nordestino. Essa área é caracterizada por baixos volumes pluviométricos e altas temperaturas, associados a elevados índices de evaporação, e pela ocorrência da Caatinga.

Essa área abriga aproximadamente 23 milhões de pessoas e é considerada a região intertropical semiárida mais povoada do planeta. Para caracterizá-la, é necessário ir além dos aspectos naturais e conhecer também os aspectos sociais.

Ainda não há explicações exatas para a pequena quantidade de chuva e sua distribuição irregular, características do clima semiárido. Porém, há alguns fatores apontados como responsáveis por esse fenômeno. O principal deles é a circulação atmosférica. Massas de ar que se dirigem a essa região perdem umidade ao longo do trajeto e, quando chegam a ela, apresentam características de massas de ar sêco. Isso explica ainda a irregularidade das chuvas a cada ano, já que as condições climáticas encontradas pelas massas de ar em seus trajetos podem variar, provocando maior ou menor ocorrência de chuvas no Nordeste sêco.

Ícone. Sugestão de livro.
RAMOS, Graciliano. Vidas sêcas. Rio de Janeiro: Record, 2019. Clássico da literatura brasileira publicado originalmente em 1938, a obra acompanha o deslocamento de uma família de retirantes em busca de melhores condições de vida.
Orientações e sugestões didáticas

Texto complementar

O texto a seguir é de Josué de Castro (1908-1973), médico, professor, geógrafo e diplomata, um dos maiores estudiosos da questão da fome no Brasil e no mundo.

reticências Pelo Brasil afora se tem a ideia apressada e simplista de que o fenômeno da fome no Nordeste é produto exclusivo da irregularidade e inclemência de seu clima. De que tudo é causado pelas sêcasque periodicamente desorganizam a economia da região. Nada mais longe da verdade. reticências Há tempos que nos batemos para demonstrar, para incutir na consciência nacional, o fato de que a sêca não é o principal fator da pobreza ou da fome nordestinas. reticências São causas mais ligadas ao arcabouço social do que aos acidentes naturais, às condições ou bases físicas da região. reticências A luta contra a fome no Nordeste não deve, pois, ser encarada em termos simplistas de luta contra a sêca, muito menos de luta contra os efeitos da sêca. Mas de luta contra o subdesenvolvimento em todo o seu complexo regional, expressão da monocultura e do latifúndio, do feudalismo agrário e da subcapitalização na exploração dos recursos naturais da região.

CASTRO, Josué de. Geografia da fome: o dilema brasileiro – pão ou aço. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. página 242-244.

Observação

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Ícone. Sugestão de site

Sugestão para o professor:

BRASIL. Agência Nacional de Águas. Monitor de sêcas. Disponível em: https://oeds.link/vDvwox. Acesso em: 11 março 2022.

Página que disponibiliza dados atualizados e mapeamentos sobre a situação de sêca no território brasileiro.

A hidrografia do Nordeste

A escassez de chuva no Nordeste sêco tem consequências na hidrografia da região. Ao longo do período de estiagem, os rios perdem volume, e muitos deles chegam a secar completamente. Nesse cenário, as pessoas afetadas pela falta de água precisam buscar alternativas para suprir suas necessidades, como buscar água em açudes distantes ou escavar o leito sêco dos rios para coletar a água do lençol freático.

Os rios que secam durante as longas estiagens são chamados de intermitentes (ou temporários). É o caso da maioria dos rios nordestinos. Uma das exceções é o São Francisco, um rio perene graças à localização de suas principais nascentes em uma região de elevados volumes pluviométricos, em Minas Gerais.

O rio São Francisco

As águas do “Velho Chico”, como é popularmente conhecido o rio São Francisco, são utilizadas pela população ribeirinha na pesca e na agricultura, e também por fazendas e empresas do setor de frutas, dependentes da irrigação. Trata-se do rio mais importante da Região Nordeste, por seu aproveitamento no abastecimento da população, na produção de energia elétrica (obtida pelas usinas hidrelétricas instaladas ao longo de seu curso), no transporte de cargas e em projetos de irrigação.

O uso intensivo do rio nessas atividades tem consequências negativas, como seu assoreamentoglossário , o desmatamento de suas margens e a poluição.

Um projeto que ganhou destaque nos últimos anos foi a transposição de suas águas.

Fotografia. Vista de um rio largo, em tons de azul e verde com algumas rochas que se sobressaem em seu leito. Nas margens há vegetação de mata esparsa entremeada com algumas pequenas construções. Ao fundo, no horizonte, área urbana.
No rio São Francisco, a poluição e o assoreamento vêm prejudicando a atividade pesqueira das populações ribeirinhas. Trecho assoreado do rio em Petrolina, Pernambuco (2018).
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

É possível apresentar outro fator relacionado à área de sêca: a presença do planalto da Borborema, que funciona como barreira natural às massas de ar carregadas de umidade que chegam do oceano Atlântico. Ao encontrar a barreira do Borborema, as massas se elevam e se resfriam. Isso provoca sua condensação e favorece a ocorrência de chuvas, denominadas chuvas orográficas. O efeito orográfico ocorre quando massas de ar úmidas se deparam com uma elevação no relevo (uma serra, por exemplo). Sendo obrigado a subir, o ar se resfria e os vapores de água existentes se condensam, formando nuvens que podem ocasionar chuvas.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete gê ê zero seis, ê éfe zero sete gê ê zero sete e ê éfe zero sete gê ê um um.

A transposição das águas do São Francisco

O Projeto de Integração do rio São Francisco (pisfi) é o maior projeto de infraestrutura hídrica do país, dentro da Política Nacional de Recursos Hídricos. Com 477 quilômetros de extensão em dois eixos (Leste e Norte), o empreendimento tem como objetivo garantir a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, onde a estiagem é frequente.

A transposição das águas do rio São Francisco engloba 13 aquedutos, nove estações de bombeamento, 27 reservatórios, nove subestações de 230 quilouóts, 270 quilômetros de linhas de transmissão em alta-tensão e quatro túneis. Com 15 quilômetros de extensão, o túnel Cuncas um é o maior da América Latina para o transporte de água.

As obras do Projeto de Integração do rio São Francisco passam pelos seguintes municípios no Eixo Norte: Cabrobó, Salgueiro, Terra Nova e Verdejante (Pernambuco); Penaforte, Jati, Brejo Santo, Mauriti e Barro (Ceará); São José de Piranhas, Monte Horebe e Cajazeiras (Paraíba). Já no Eixo Leste, o empreendimento atravessa os municípios pernambucanos de Floresta, Custódia, Betânia e Sertânia; e Monteiro, na Paraíba.

RIO SÃO FRANCISCO: TRANSPOSIÇÃO (2016)

Mapa. Rio São Francisco: Transposição (2016). Mapa de parte da região Nordeste do Brasil, englobando os estados de Pernambuco e Paraíba, grande parte de Rio Grande do Norte, Ceará e Alagoas, norte da Bahia e sudeste do Piauí. O mapa representa os eixos de integração da transposição do rio São Francisco, as ligações complementares construídas e em andamento e as ligações complementares planejadas e em construção. São dois eixos de integração: no oeste de Pernambuco, o eixo norte parte do Rio São Francisco na direção norte, atravessa a Paraíba até o Rio Apodi, no Ceará. Em seu percurso, há diversas ramificações complementares construídas e em funcionamento próximas aos rios Pianco, Apodi, Salgado e Piranhas-Açu. O eixo norte também se ramifica e segue um pequeno trecho para a direção leste, com ligações complementares planejadas e em construção em direção ao Piauí. Eixo leste: parte do Rio São Francisco, na divisa entre Bahia e Pernambuco, e segue na direção nordeste rumo ao sul da Paraíba. Em seu entorno há ramificações complementares construídas e em funcionamento no leste de Pernambuco, centro, leste e oeste da Paraíba, e ligações complementares planejadas e em construção também no centro de Pernambuco. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de zero a 85 quilômetros.
Fonte: uestín, Ricardo. Senado do Império estudou transposição do rio São Francisco. Senado Notícias, 5 junho. 2017. Disponível em: https://oeds.link/rd95Rc. Acesso em: 7 março. 2022.
Ilustração. Eixo Norte. Perfil topográfico esquemático do eixo norte de integração do Rio São Francisco. O perfil está dividido em Pernambuco, Ceará, Paraíba e novamente Ceará. O perfil abrange, à esquerda, o Rio São Francisco, em Pernambuco, termina, no lado direito, no Rio Salgado, no Ceará. Do Rio São Francisco parte uma tubulação que transporta água, por meio de estações elevatórias, para altitudes mais elevadas. Chegando no topo do perfil, há centrais elétricas na área de divisa entre Pernambuco e Ceará e setas que indicam o percurso da água rumo à Paraíba e depois novamente ao Ceará, desembocando no Rio Salgado. No trecho entre as centrais elétricas e o Rio Salgado, a altitude diminui progressivamente. À esquerda da ilustração, o seguinte texto: O sistema de integração. O projeto, de custo bilionário, envolve 720 quilômetros de canais. Com o desvio, a água que iria para o mar vai para açudes da região do semiárido. O projeto prevê a transferência de cerca de 2% do volume do Rio São Francisco para outras bacias.
Orientações e sugestões didáticas

Texto complementar

Notícia divulgada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional em 25 de janeiro de 2022, sobre o avanço das obras da transposição do rio São Francisco.

Águas da transposição do São Francisco chegam à Barragem Engenheiro Avidos

Agora, transposição segue pelo Rio Piranhas Açu, até a Barragem de São Gonçalo, na cidade de Sousa (Paraíba), de onde continuará até o Rio Grande do Norte.

Nesta terça-feira (25), a Barragem Engenheiro Avidos, localizada em Cajazeiras, na Paraíba, recebeu pela primeira vez as águas da transposição do Rio São Francisco por intermédio do Canal Caiçara-Avidos. reticências Agora, o recurso hídrico segue, pelo Rio Piranhas-Açu, até a Barragem de São Gonçalo, na cidade de Sousa (Paraíba), de onde chegarão, pela primeira vez, ao Rio Grande do Norte, abastecendo as barragens de Oiticica, em Jucurutu, e Armando Ribeiro Gonçalves, em Açu. A previsão de chegada em terras potiguares é neste mês de fevereiro.

“Essas águas vão permitir que milhares de pessoas possam ter a tão sonhada segurança hídrica. Água tratada na torneira, água à disposição para se gerar emprego e oportunidade, para se diminuir a pressão sobre o sistema de saúde pública reticências”, destaca o ministro do Desenvolvimento Regional reticências.

ÁGUAS da Transposição do São Francisco chegam à barragem Engenheiro Avidos. Portal Correio, João Pessoa, 25 janeiro 2022. Disponível em: https://oeds.link/6BmBIG. Acesso em: 5 agosto 2022.

Observação

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Ícone. Sugestão de site

Sugestão para o estudante:

PALLADINO, Viviane. Por que a transposição do rio São Francisco é tão polêmica? Superinteressante, 6 dezembro 2005. Disponível em: https://oeds.link/AQXpdu. Acesso em: 11 março 2022.

Nesse artigo é apresentada a polêmica despertada pelos estudos preliminares do projeto de transposição das águas do rio São Francisco.

Transposição do rio São Francisco: argumentos contrários e favoráveis

Infográfico. Transposição do rio São Francisco: argumentos contrários e favoráveis. A base do infográfico é uma  imagem de satélite de grande parte da região nordeste do Brasil. Sobre essa imagem, linhas representam o traçado dos eixos norte e leste e um símbolo circular representa a localização de usinas hidrelétricas. Uma linha verde demarca a área do semiárido. Abaixo do título, há o seguinte texto: 'Importância. No Nordeste estão 28% da população brasileira e apenas 3% da disponibilidade de água do país. O rio São Francisco detém 70% de toda a oferta de água da região, historicamente submetida a ciclos de seca rigorosa [...].' Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Entenda os detalhes. Brasília, Distrito Federal, 18 de março de 2019. O perímetro da área de ocorrência do Semiárido abrange todo o interior dos estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba, o interior e a porção norte litorânea do Rio Grande do Norte, o Ceará, com exceção de seu litoral, todo o leste do Piauí e a porção norte da Bahia. Destaque para a localização das usinas hidrelétricas de Sobradinho, Luiz Gonzaga/Itaparica, Complexo Paulo Afonso e Xingó, no curso no Rio São Francisco. No centro da imagem, na divisa de Pernambuco com a Bahia, e sobre o Rio São Francisco, na altura do município de Cabrobó, parte uma linha laranja em direção ao norte, passando pela Paraíba e chegando a ICÓ, no estado do Ceará e a PAU DOS FERROS, no estado do Rio Grande do Norte. Ao lado da linha laranja há a informação: 'EIXO NORTE. Beneficiará o Sertão de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte'. À direita, uma linha vermelha sai de PETROLÂNDIA (na Bahia), segue em direção ao nordeste da região passando por Pernambuco e chega à cidade de MONTEIRO, no interior da Paraíba. Ao lado da linha vermelha há a informação: 'EIXO LESTE. Beneficiará parte do Sertão e Agreste de Pernambuco e da Paraíba’. Na parte superior direita do infográfico, há o seguinte texto: 'Em 2010, viviam no semiárido 22 milhões de pessoas, dos quais pouco mais da metade habitava áreas que seriam atendidas pela transposição, se as obras já estivessem prontas'. Abaixo do texto, uma linha e, embaixo dela, o desenho de 48 bonequinhos em tamanho bem pequeno. 14 bonequinhos estão na cor laranja, relacionada ao texto: EIXO NORTE: 7.144.559. 8 bonequinhos estão na cor vermelha, relacionada ao texto: EIXO LESTE: 4.537.998. 22 bonequinhos estão na cor branca. Há o texto: cada bonequinho equivale a 500 mil pessoas. Abaixo, rosa dos ventos e escala de zero a 55 quilômetros. Na parte inferior da imagem, duas colunas de textos. Na coluna da esquerda: ARGUMENTOS CONTRÁRIOS: A região será mais dependente da água. Apenas uma parte do semiárido será beneficiada. Pode causar prejuízos ambientais, como perda de terras férteis e ameaça à biodiversidade terrestre e aquática. Pode causar problemas no regime fluvial do rio. Na coluna da direita: ARGUMENTOS FAVORÁVEIS: Desenvolvimento socioeconômico do semiárido. Viabilização de programas como o do biodiesel, com plantações de dendezeiro, babaçu e mamona, gerando oportunidades de trabalho. Discussão da criação de Unidades de Conservação ao longo das margens do rio. Ler o infográfico. 1. Quais áreas serão beneficiadas com os canais de transposição? 2. Na sua opinião, qual argumento contrário ao empreendimento é mais preocupante?
Fonte: BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Projeto de integração do rio São Francisco. Disponível em: https://oeds.link/SRPxQo. Acesso em: 7 março. 2022.

Importância

No Nordeste estão 28% da população brasileira e apenas 3% da disponibilidade de água do país. O rio São Francisco detém 70% de toda a oferta de água da região, historicamente submetida a ciclos de sêca rigorosa reticências.

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Entenda os detalhes. Brasília, Distrito Federal, 18 mar. 2019. Disponível em: https://oeds.link/SRPxQo. Acesso em: 7 março. 2022.

Ler o infográfico

  1. Quais áreas serão beneficiadas com os canais de transposição?
  2. Na sua opinião, qual argumento contrário ao empreendimento é mais preocupante?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Acompanhe, no site do Ministério do Desenvolvimento Regional, informes sobre o projeto e o andamento das obras de transposição das águas do rio São Francisco, de modo a fornecer aos estudantes informações atualizadas. Como práticas de pesquisa complementares, pode-se incentivar os estudantes a realizar atividades de revisão bibliográfica e de análise documental para aprofundar a discussão sobre os argumentos favoráveis e os contrários à transposição do rio São Francisco.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete gê ê zero dois, ê éfe zero sete gê ê zero seis, ê éfe zero sete gê ê zero nove e ê éfe zero sete gê ê um um.

Respostas

Ler o infográfico:

  1. O eixo norte beneficiará o Sertão de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte; o eixo leste beneficiará parte do Sertão e Agreste de Pernambuco e da Paraíba.
  2. Resposta pessoal.
Ícone. Sugestão de site

Sugestão para o estudante e o professor:

AMBIENTE É O MEIO: Transposição do rio São Francisco não favoreceu pequenos produtores e agravou as sêcas, diz especialista. Entrevistador: Marcelo Marine Pereira de Souza. Entrevistado: Humberto Alves Barbosa. Ribeirão Preto: Rádio úspi Ribeirão, 6 outubro 2021. Podcast. Disponível em: https://oeds.link/xQAMCE. Acesso em: 18 abril 2022.

Podcast extraído do programa da Rádio úspi Ambiente é o Meio, sobre o uso da bacia hidrográfica do rio São Francisco, os impactos socioambientais e as obras de transposição.

O espaço colonial do Nordeste

O passado colonial deixou marcas no espaço nordestino. Elas permanecem nas paisagens de cidades como São Luís, Recife e Salvador, de arquitetura colonial, assim como na existência de latifúndios, canaviais e usinas produtoras de açúcar.

Após a chegada dos europeus às terras americanas, no século dezesseis, a fundação de vilas e cidades se deu ao longo do litoral do atual território do Nordeste.

A construção dos primeiros núcleos urbanos no litoral nordestino resultou da preocupação dos colonizadores com a defesa do território. Esses núcleos constituíam portos naturais pelos quais eram enviados para a metrópole o pau-brasil e, posteriormente, a cana-de-açúcar e outros produtos. Era também por esses portos que chegavam os utensílios vindos da Europa para serem usados nos engenhos e nas casas dos senhores.

Ao longo do século dezesseis, a organização do espaço nordestino esteve relacionada à economia canavieira, que proporcionou poder político e econômico à região no período colonial.

Fotografia. Destaque para uma igreja de estilo  colonial com duas torres laterais brancas e pontas triangulares em tons de dourado. No centro há portas verdes, janelas brancas, uma escultura dourada e uma cruz no topo. À frente da igreja há uma praça com o monumento de uma grande cruz branca. Na praça, diversas pessoas estão andando. À direita, construções de três andares em estilo colonial e em tons de azul e amarelo e uma mesa e cadeiras de plástico na praça com pessoas sentadas. À esquerda, construções coloniais em tons de branco.
A cidade de Salvador (Bahia), primeira capital brasileira, é conhecida por preservar construções antigas que revelam expressões culturais e o modo de vida colonial. Na fotografia (de 2022), Igreja de São Francisco, localizada no centro histórico da cidade. Essa igreja foi construída entre o final do século dezessete e o início do século dezoito.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

A ocupação e a organização do espaço nordestino podem ser trabalhadas em uma perspectiva interdisciplinar com o professor de História.

Atividade complementar

Solicite aos estudantes que pesquisem e apresentem posteriormente, por meio de fotografias e relatos históricos, o processo de ocupação da região Nordeste. Peça a eles que ilustrem, ainda, a criação e o crescimento dos núcleos urbanos, as características das construções coloniais e as transformações na paisagem. Esta atividade contribui para o trabalho com práticas de pesquisa, como revisão bibliográfica e construção de relatórios.

Ícone. Sugestão de site

Sugestões para o professor:

pífer, Marcos. São Luís, Maranhão: cidade três. Disponível em: https://oeds.link/DyaR8t. Acesso em: 12 março 2022.

Álbum digital de fotografias de São Luís do Maranhão, do fotógrafo Marcos pífer.

Ícone. Sugestão de vídeo.

QUILOMBO. Direção: Cacá Diegues. Brasil/França: Embrafilme; Gaumont, 1984.  fita de vídeo (110 minutos), vê agá ésse, sonorizado, colorido

Em meados do século dezessete, escravizados fugidos das plantações canavieiras do Nordeste organizam uma república livre, o Quilombo de Palmares.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete gê ê zero dois e ê éfe zero sete gê ê zero seis.

A organização do espaço

Alguns aspectos socioeconômicos ligados à produção açucareira, no período colonial, marcaram a organização do espaço na região que corresponde ao atual território do Nordeste:

  • desenvolvimento de monocultura, isto é, cultivo de apenas um produto, nesse caso, a cana-de-açúcar;
  • formação de latifúndios, ou seja, concentração de grandes áreas de cultivo, destinadas à plantação da cana-de-açúcar;
  • trabalho com pessoas escravizadas trazidas da África.

Alguns fatores naturais também contribuíram para o desenvolvimento dos canaviais nessa região do país: o clima tropical; o solo fértil (massapê); a proximidade com o mar, via de transporte usada para levar o açúcar aos mercados europeus e receber os escravizados vindos da África.

A criação de gado foi outra atividade econômica desenvolvida no Nordeste, inicialmente relacionada à produção de açúcar. Os bois eram usados nos engenhos como animais de tração e de transporte da cana-de-açúcar, além de constituírem fonte de abastecimento de carnes e couro.

Posteriormente, esses animais passaram a ser criados em áreas descampadas e distantes do litoral, onde as condições do clima e do solo não eram favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar.

A decadência econômica do Nordeste

No final do século dezessete, a agricultura canavieira do Nordeste entrou em crise, principalmente pela concorrência da produção das Antilhas, que, com preços mais baixos, conquistou o mercado consumidor europeu.

No século dezenove, o cultivo de algodão sofreu com a concorrência dos Estados Unidos, constituindo mais um elemento da decadência econômica da região.

Enquanto as tradicionais atividades agrícolas do Nordeste entravam em declínio, a mineração de ouro e pedras preciosas passou a ser desenvolvida em áreas do Centro-Sul, transformando-as em polos de maior importância econômica e estimulando a migração populacional para essas áreas.

Gravura. No primeiro plano, dois bois magros em pé e um deitado no chão, um bode com pelagem branca e manchas pretas, uma carroça de madeira cheia de feno e ao redor dela há cinco pessoas. Duas pessoas negras descarregam o feno da carroça e outra pessoa em cima da carroça ajuda na tarefa. No segundo plano, uma pessoa está próxima a grande estrutura com duas rodas verticais e uma roda horizontal sustentadas por vigas de madeira. A máquina está embaixo de uma construção erguida sobre pilares de madeira e coberta com telha. Do lado direito, há uma casa onde um homem e uma mulher brancos observam a cena. Atrás da casa, algumas árvores e um morro.
rugêndasJohann-Moritz. Moinho de açúcar. 1835. Litogravura, 19,9 por 28,2 centímetros. Gravura representando um moinho utilizado na produção de açúcar.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Estimule os estudantes a relacionar as características atuais do espaço com a ocu­pação europeia e as atividades desenvolvidas desde o período colonial. Reforce que as terras conquistadas pelos europeus eram habitadas por uma grande diversidade de povos originários.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete gê ê zero dois, ê éfe zero sete gê ê zero seis, ê éfe zero sete gê ê zero nove e ê éfe zero sete gê ê um um.

Ícone. Sugestão de site

Sugestão para o estudante:

HERANÇA holandesa: o Recife de Maurício de Nassau. Diário de Pernambuco, 11 junho 2017. Disponível em: https://oeds.link/kshpQN. Acesso em: 12 março 2022.

Reportagem especial sobre os 380 anos da ocupação holandesa em Recife. Discute os aspectos históricos e apresenta as modificações ocorridas e o legado deixado na região.

Ícone. Seção Integrar conhecimentos. Composto por uma mão segurando um globo formado de peças de quebra-cabeça.

Integrar conhecimentos

Geografia e Língua Portuguesa

Multiculturalismo

Literatura de cordel

O cordel veio da Europa

no fim do século passado

no Nordeste do Brasil

ele foi bem implantado

e os poetas conseguiram

com ele bom resultado.

Como conta o poeta José Francisco Borges nos versos acima, o cordelglossário , esse gênero tão brasileiro e popular de poesia, não é uma invenção nossa.

Essa literatura, que tem o nome de cordel porque os folhetos ficavam pendurados em cordões nos locais de venda, veio de Portugal. Aqui, chegou junto com os colonos e encontrou um solo fértil. Tanto que até hoje é uma tradição forte e viva, principalmente no Nordeste do país.

No início, os temas do cordel estavam ligados à divulgação de histórias muito antigas, que vinham encantando os povos há séculos, transmitidas oralmente de uma geração a outra.

reticências o cordel passou também a retratar os acontecimentos recentes. Quando não havia jornais, rádio ou televisão, a poesia popular ocupou esse espaço, por meio de cantorias e, mais tarde, também da fórma escrita – os folhetos impressos em tipografiasglossário rústicas e vendidos nas feiras. Virou um dos meios mais importantes de divulgação dos fatos que despertavam o interesse do povo. Podiam ser os feitos de Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros famosos, o registro de sêcas e enchentes, vaqueiros e vaquejadas, santos e milagres, crimes etcétera. reticências

caplãn, xeila. Cordel, a palavra encantada. Ciência Hoje das Crianças, Rio de Janeiro, 3 agosto. 2010.

Fotografia. Diversos livretos de cordel estão pregados em dois varais e expostos na frente de uma parede de tijolos marrons.
Folhetos de cordel expostos em Afrânio, Pernambuco (2019).
  1. Por que a literatura de cordel tem esse nome?
  2. Como eram as histórias de cordel inicialmente?
  3. Com o passar do tempo, que tipos de histórias o cordel começou a contar? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Nesta seção é trabalhada, em uma abordagem interdisciplinar com o componente curricular Língua Portuguesa, a literatura de cordel, manifestação que é uma importante porta de entrada para o estudo da cultura da população do Nordeste. Em setembro de 2018, a literatura de cordel foi reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (ifãn) como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

O conteúdo desta seção trabalha o tema contemporâneo Diversidade cultural e permite desenvolver o estudo de recepção como prática de pesquisa.

São desenvolvidas as seguintes Competências Específicas de Geografia: (3) Desenvolver autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geográfico na análise da ocupação humana e produção do espaço, envolvendo os princípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, localização e ordem; (4) Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geotecnologias para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete gê ê zero um.

Respostas

  1. Porque os folhetos ficavam pendurados em cordões nos locais de venda. O gênero cordel veio de Portugal com os colonos e até hoje é uma tradição forte e viva, principalmente no Nordeste.
  2. No início, os temas do cordel eram ligados à divulgação de histórias muito antigas, transmitidas oralmente de uma geração a outra.
  3. O cordel passou a retratar acontecimentos recentes, como os feitos de Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros famosos; o registro de sêcas e enchentes; histórias de vaqueiros e vaquejadas, santos e milagres, crimes etcétera Isso aconteceu porque a poesia popular utilizava o cordel para divulgar fatos que interessassem ao povo.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Quais são as principais características da Caatinga?

Descreva-as no seu caderno.

  1. Cite argumentos contrários e favoráveis à transposição das águas do rio São Francisco.
  2. Quais aspectos socioeconômicos ligados à produção açucareira marcaram a organização do espaço nordestino ao longo do século dezesseis?
  3. Explique como se deu a ocupação e a organização do espaço nordestino no período colonial.
  4. Analise o mapa e, depois, responda ao que se pede.
Mapa. Mapa da região Nordeste do Brasil representando a trajetória das expansões baiana e pernambucana. Expansão baiana, representada por seta vermelha. Seta sai de Salvador em direção a Tapiutapera e São Cristóvão ao norte. Outra seta sai de Salvador em direção ao Sertão de dentro, no interior. De São Cristóvão  sai uma seta na direção noroeste e se ramifica em direção ao nordeste, ao norte e a sudoeste, indo para o Sertão de Dentro, o Sertão de Fora, e as cidades de Oeiras e Pastos Bons. Expansão pernambucana, representada por seta roxa pontilhada. Seta sai de Olinda e de Recife rumo à direção norte, contornando todo o litoral até chegar na região onde hoje está a cidade de São Luís do Maranhão. Essa seta também possui ramificações para o interior. Outra seta parte de Recife em direção ao interior do estado, próximo à seta de expansão baiana em Sertão de Fora. Na parte inferior à direita, rosa dos ventos e escala de zero a 220 quilômetros.
Fonte: GANCHO, Cândida Vilares; TOLEDO, Vera Vilhena. Caminhos do boi: pecuária bovina no Brasil. São Paulo: Moderna, 1990. página 16.

O mapa apresenta a expansão de qual atividade econômica na Região Nordeste? Explique como chegou à resposta.

6. Faça a leitura do cordel a seguir.

Meu sertão quando tá sêco

É triste de fazer dó

séca água nos açudes

A pastagem vira pó

Morre o gado no curral

E o galo no quintal

Não canta, pois ficou só

reticências

Mas o nordestino é forte

Não se cansa de esperar

Mas um dia a sorte muda

É preciso confiar

Olha pro céu novamente

Sonha ver alegremente

A chuva logo chegar

GONDIM, Paulo. Meu sertão. Luso Poemas, 1 dezembro. 2012. Seção Poemas. Disponível em: https://oeds.link/rykoyl. Acesso em: 7 março. 2022.

  1. Qual é o problema retratado nesse texto?
  2. Com relação a essa realidade, quais são os períodos que marcam essa região?

7. Leia o trecho do artigo a seguir e responda às questões.

Embora o vocábulo português sertão tenha estado ligado desde os primórdios do povoamento a todas aquelas regiões ainda não povoadas ou ainda mal ocupadas do país, mesmo as que têm ostentado densas selvas tropicais pluviosas, a natureza hostil do interior do Nordeste, dificultando a fixação humana, gerando uma ocupação rarefeita de lento e penoso adensamento, moldando o isolamento das comunidades que só mesmo a era do caminhão veio romper, consagrou o nome do sertão para todo aquele imenso território coberto pelas caatingas.

BERNARDES, Nilo. As caatingas. Estudos Avançados, São Paulo, volume 13, norte. 36, maio/agosto. 1999. Disponível em: https://oeds.link/IXZrjf. Acesso em: 26 março. 2022.

Por que o autor afirma que há dificuldade de fixação nessas áreas?

Orientações e sugestões didáticas

Seção Atividades

Objetos de conhecimento

  • Formação territorial do Brasil.
  • Produção, circulação e consumo de mercadorias.
  • Desigualdade social e o trabalho.
  • Mapas temáticos do Brasil.
  • Biodiversidade brasileira.

Habilidades

Esta seção possibilita trabalhar aspectos relacionados às habilidades:

  • ê éfe zero sete gê ê zero um (atividade 6)
  • ê éfe zero sete gê ê zero dois (atividades 2, 3 e 4)
  • ê éfe zero sete gê ê zero seis (atividades 2, 3, 5 e 6)
  • ê éfe zero sete gê ê zero nove (atividade 5)
  • ê éfe zero sete gê ê um um (atividades 1, 6 e 7)

Respostas

  1. A Caatinga é a formação vegetal que se desenvolve na área de ocorrência do clima Tropical Semiárido. Nessa área predominam espécies arbustivas e herbáceas adaptadas à escassez de água (xerófitas), como os cactos, que apresentam folhas em fórma de espinhos.
  2. Os argumentos contrários são: a região será mais dependente de água; apenas uma parte do Semiárido será beneficiada; pode causar prejuízos ambientais, como perda de terras férteis e ameaça à biodiversidade terrestre e aquática; pode causar problemas no regime fluvial do rio. Os argumentos favoráveis são: desenvolvimento socioeconômico do Semiárido; viabilização de programas como o da produção de biôdízel com plantações de dendezeiro, babaçu e mamona, gerando oportunidades de trabalho; estímulo à discussão da criação de Unidades de Conservação ao longo das margens do rio.
  3. Os aspectos socioeconômicos que marcaram a organização do espaço nordestino foram: formação de latifúndios, com a concentração de grandes áreas destinadas à plantação da cana-de-açúcar; desenvolvimento da monocultura, isto é, do cultivo de apenas um produto, nesse caso, a cana-de-açúcar; mão de obra escravizada de africanos, em sua maioria.
  4. A ocupação inicial do espaço nordestino, durante o período colonial, ocorreu ao longo do litoral. A ocupação do interior, por sua vez, tem relação com a criação de gado, que passou a ser praticada em terras improdutivas para a agricultura.
  5. O mapa apresenta a expansão da pecuária no Nordeste. Inicialmente ligada à atividade agrária, era praticada nas áreas próximas ao litoral, onde se cultivava a cana-de-açúcar. Posteriormente, foi ocupando novas áreas em direção ao interior.
    1. O problema da sêca no Sertão nordestino.
    2. Há dois períodos destacados: um da sêca e outro das chuvas.
  6. A dificuldade está relacionada às características climáticas, que não favorecem a ocupação populacional, o cultivo de alimentos e a criação de animais.

CAPíTULO 19  Organização do espaço econômico e sub-regionalização

Nas décadas de 2000 e 2010, a economia nordestina apresentou crescimento em todos os setores, acompanhando o desenvolvimento da economia brasileira. Os investimentos em infraestrutura realizados no período incrementaram o desenvolvimento da região.

Favorecido pelo processo de desconcentração industrial da Região Sudeste, o crescimento do Nordeste levou à integração da região com mercados de outras regiões brasileiras e com o mercado externo.

A industrialização se concentra nas áreas próximas às capitais, que se tornaram mais atrativas, o que refletiu também no aumento da população nas áreas urbanas. Analise no mapa a densidade demográfica da região.

REGIÃO NORDESTE: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO (2017)

Mapa. Região Nordeste: distribuição da população (2017) Mapa da região Nordeste com a divisão política e a localização, por meio de pontos em vermelho, de áreas com 10 mil habitantes. Elevada concentração de pontos vermelhos: nas proximidades das capitais Salvador, Aracaju, Maceió, Recife, João Pessoa, Natal, Fortaleza, Teresina e São Luís. Média concentração de pontos com 10.000 habitantes: tendo como base as capitais, em áreas um pouco mais para o interior dos estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Além disso, na porção sul do Ceará. Pontos vermelhos mais esparsos:  centro e oeste da Bahia, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte e centro sul de Ceará, Piauí e Maranhão. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 160 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava ediçãoRio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 111.

Ler o mapa

Onde se concentra a população da Região Nordeste? Na sua opinião, por que isso ocorre?

Orientações e sugestões didáticas

Sobre o Capítulo

Por meio dos conteúdos abordados neste Capítulo, esperamos que os estudantes compreendam que a divisão do Nordeste em sub-regiões é fruto da produção de espaços geográficos diferenciados e, por isso, um produto histórico-social. Também são destacados os aspectos naturais que caracterizam as sub-regiões nordestinas.

Resposta

Ler o mapa: A população se concentra nas áreas próximas ao litoral. Isso ocorre porque a colonização teve início no litoral, o que favoreceu o desenvolvimento dessa área e a consequente concentração populacional.

Habilidades trabalhadas ao longo deste Capítulo

ê éfe zero sete gê ê zero dois: Analisar a influência dos fluxos econômicos e populacionais na formação socioeconômica e territorial do Brasil, compreendendo os conflitos e as tensões históricas e contemporâneas.

ê éfe zero sete gê ê zero três: Selecionar argumentos que reconheçam as territorialidades dos povos indígenas originários, das comunidades remanescentes de quilombos, de povos das florestas e do cerrado, de ribeirinhos e caiçaras, entre outros grupos sociais do campo e da cidade, como direitos legais dessas comunidades.

ê éfe zero sete gê ê zero quatro: Analisar a distribuição territorial da população brasileira, considerando a diversidade étnico-cultural (indígena, africana, europeia e asiática), assim como aspectos de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras.

ê éfe zero sete gê ê zero seis: Discutir em que medida a produção, a circulação e o consumo de mercadorias provocam impactos ambientais, assim como influem na distribuição de riquezas, em diferentes lugares.

ê éfe zero sete gê ê zero sete: Analisar a influência e o papel das redes de transporte e comunicação na configuração do território brasileiro.

ê éfe zero sete gê ê zero oito: Estabelecer relações entre os processos de industrialização e inovação tecnológica com as transformações socioeconômicas do território brasileiro.

ê éfe zero sete gê ê zero nove: Interpretar e elaborar mapas temáticos e históricos, inclusive utilizando tecnologias digitais, com informações demográficas e econômicas do Brasil (cartogramas), identificando padrões espaciais, regionalizações e analogias espaciais.

ê éfe zero sete gê ê um zero: Elaborar e interpretar gráficos de barras, gráficos de setores e histogramas, com base em dados socioeconômicos das regiões brasileiras.

ê éfe zero sete gê ê um um: Caracterizar dinâmicas dos componentes físico-naturais no território nacional, bem como sua distribuição e biodiversidade (Florestas Tropicais, Cerrados, Caatingas, Campos Sulinos e Matas de Araucária).

Indicadores socioeconômicos

Historicamente, o Brasil registra grandes desigualdades, e o Norte e o Nordeste são as regiões com os indicadores socioeconômicos menos satisfatórios do país. Essa realidade passou por algumas transformações nas décadas de 2000 e 2010, em consequência de políticas de redistribuição de renda, que visavam reduzir a pobreza e a desigualdade social no território brasileiro.

De modo geral, no século vinte e um, antes da pandemia de Covid-19, os indicadores socioeconômicos apresentaram melhoras em todo o país, principalmente nas regiões mais pobres. Em 2001, por exemplo, a taxa de mortalidade infantil no Nordeste era de trinta e seis virgula sete por mil (a cada mil nascidos vivos); em 2019, havia diminuído para quinze virgula dois por mil. A média nacional de redução nesse período foi proporcionalmente inferior: em 2001, a taxa de mortalidade infantil no Brasil era de vinte e seis vírgula um por mil e, em 2019, caiu para treze vírgula três por mil. A Região Nordeste também teve variações acima da média nacional em outros indicadores socioeconômicos.

A violência nos estados da Região Nordeste é um ponto que chama atenção ao observarmos os indicadores e compará-los com os de outras regiões. De acordo com o í bê gê É, no ano de 2019, estados como Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Pernambuco, por exemplo, apresentaram as taxas mais elevadas de homicídio por armas de fogo.

Em relação ao trabalho infantil, a região apresentou neste século uma queda considerável, conforme pode ser visualizado no gráfico.

BRASIL E REGIÃO NORDESTE: CRIANÇAS E ADOLESCENTES ENTRE 10 E 13 ANOS EM SITUAÇÃO DE TRABALHO INFANTIL (2005-2015)

Gráfico. Brasil e região Nordeste: crianças e adolescentes entre 10 e 13 anos em situação de trabalho infantil (2005 a 2015). Gráfico de linhas. No eixo vertical, valores de porcentagem de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil; no eixo horizontal, os anos de 2005 a 2015. Brasil, representado por linha vermelha: 2005: 9,1 por cento de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil. 2006: 8,5 por cento. 2007: 7,5 por cento. 2008: 6 por cento. 2009: 5,8 por cento. 2011: 4,5 por cento. 2012: 3,5 por cento. 2013: 3,2 por cento. 2014: 3,7 por cento. 2015: 2,9 por cento. Nordeste, representado por linha verde: 2005: 15,00 por cento. 2006: 13 por cento. 2007: 12 por cento. 2008: 10 por cento. 2009: 9 por cento. 2011: 7 por cento. 2012: 5 por cento. 2013: 5 por cento. 2014: 5,8 por cento. 2015: 3,8 por cento. Entre 2009 e 2011: intervalo sem dados.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira – 2016. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2016.

Pandemia de Covid-19

No final de 2019, a Organização Mundial da Saúde (ó ême ésse) foi alertada a respeito do surgimento de uma variação do coronavírus na cidade de urran, na China.

A doença causada por essa variação ficou conhecida como Covid-19 e, em pouco tempo, se espalhou pelo planeta. Assim, em março de 2020, a ó ême ésse reconheceu que se tratava de uma pandemia.

Ao longo dos anos de 2020 e 2021, surgiram variantes da Covid-19 que só puderam ser enfrentadas com o desenvolvimento de vacinas e com medidas de combate à circulação do vírus, como a higienização das mãos, o distanciamento social e o uso de máscara.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

É importante que os estudantes compreendam que, embora alguns indicadores socioeconômicos tenham melhorado, a desigualdade social afeta gravemente a população do Nordeste, estando ligada a um longo processo histórico marcado pela economia agrário-exportadora e pelo posterior desenvolvimento dependente e tardio em relação ao das outras regiões do país.

Leitura complementar

Nordeste brasileiro está entre ‘territórios esquecidos e invisíveis’ da América Latina e Caribe, diz fáo

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (fáo) alertou na terça-feira (23) para a persistência da fome e da pobreza em “territórios esquecidos” dentro de países da América Latina e Caribe. O Nordeste brasileiro foi citado pela agência da ônu como exemplo de região que sofre com esses problemas, apesar dos avanços econômicos e sociais do Brasil.

“Estamos falando de municípios em países como Colômbia, Peru, República Dominicana e Brasil, que fizeram progressos significativos no seu desenvolvimento, mas que ainda possuem crianças com fome, que crescem com suas vidas mutiladas por desnutrição crônica”, afirmou o representante regional da fáo reticências.

“Mesmo em países exitosos, há territórios que estão ficando para trás: o Brasil experimentou um avanço gigantesco, mas aí está o Nordeste. No Chile, a araucanía. São territórios invisíveis, aos quais estamos levando soluções erradas.”

NORDESTE brasileiro está entre ‘territórios esquecidos e invisíveis’ da América Latina e Caribe, diz fáo. ônu Brasil, 24 abril 2019. Disponível em: https://oeds.link/3FOjTV. Acesso em: 12 março 2022.

Observação

O conteúdo desta página e da anterior possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete gê ê zero dois, ê éfe zero sete gê ê zero quatro, ê éfe zero sete gê ê zero seis, ê éfe zero sete gê ê zero nove e ê éfe zero sete gê ê um zero.

Atividades econômicas

O desenvolvimento econômico depende, entre outros fatores, da implantação de estradas, portos e aeroportos.

Nas primeiras décadas do século vinte e um, o Nordeste recebeu muitos investimentos em obras de infraestrutura, enquanto seu parque industrial se modernizou e se diversificou com a instalação de fábricas de automóveis e motocicletas, refinarias, estaleiros e siderúrgicas.

A agricultura também se modernizou; a região desenvolveu importantes áreas de produção agrícola irrigada, principalmente na porção interior, voltadas, em sua maioria, para o mercado de exportação de frutas tropicais.Analise, na fotografia, um dos canais de transposição do rio São Francisco, obra que permitiu o avanço da irrigação para a agricultura.

De acordo com dados do í bê gê É, a participação do Nordeste no Píbi nacional aumentou de 12%, em 2004, para 15%, em 2019. Nesse período, os estados nordestinos tiveram crescimento econômico acima da média nacional, e o número de trabalhadores formais na indústria cresceu consideravelmente.

Fotografia. Vista de uma extensa área com uma grande porção de água entremeada por muitas partes de terra emersa. A área é  plana com alguns morros baixos. No primeiro plano da imagem observa-se um canal fluvial  com margens desmatadas. A montante do canal, uma grande área alagada com pequenas ilhas internas. No entorno, vegetação densa na cor verde-escura e vias de circulação de terra.
A construção de canais, aquedutos e barragens tem o objetivo de garantir água para o abastecimento da população e para as atividades econômicas. Na fotografia, canal de transposição do rio São Francisco em Salgueiro, Pernambuco (2020).
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Explique que os custos mais baixos de produção contribuem para a atração de indústrias do Sul e do Sudeste para a Região Nordeste. Esses custos estão relacionados a fatores como políticas de isenção fiscal; doação de terrenos; investimentos em infraestrutura; descontos nos pagamentos de alguns produtos e serviços, como o de fornecimento de energia elétrica; mão de obra mais barata em relação à do Sul e à do Sudeste; proximidade dos portos e de importantes fornecedores e compradores internacionais, entre outros.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete gê ê zero sete e ê éfe zero sete gê ê zero oito.

Ícone. Sugestão de site

Sugestão para o professor:

GONÇALVES, Hugo Feitosa; ARAÚJO, José Bezerra de. Evolução histórica e o quadro socioeconômico do Nordeste brasileiro nos anos 2000. Colóquio: Revista do Desenvolvimento Regional, Taquara, volume 12, número 1, janeiro/junho 2015. Disponível em: https://oeds.link/NXc5Z0. Acesso em: 12 março 2022.

Artigo que discute em detalhes os mecanismos da evolução econômica da região desde o período colonial até o ano 2000.

Indústria

Mesmo com a instalação de novas empresas automobilísticas, petroquímicas e do setor siderúrgico, a Região Nordeste foi muito afetada pela crise econômica que impactou o Brasil desde 2014, com perda significativa no número de empregos formais.

O mercado consumidor, que era considerado expansivo, tem passado por uma crise com a diminuição da renda da população relacionada ao desemprego e aos problemas acarretados pela pandemia de Covid-19. As empresas passaram a reduzir os investimentos, aguardando sinais de recuperação econômica nacional e mundial. Além disso, a renda média do trabalhador dessa região é menor do que em outras regiões do país, como no Sul e no Sudeste.

REGIÃO NORDESTE: PRINCIPAIS SETORES INDUSTRIAIS (2016)

Mapa. Região Nordeste. Principais setores industriais (2016) Mapa da região Nordeste com a divisão política e a localização dos principais setores industriais em 2016. Através de ícones quadrados e coloridos, indica-se a localização de municípios com mais de 10 indústrias instaladas. Metalúrgicas: porção oeste, sul e leste da Bahia; porção sul de Sergipe; porção leste de Alagoas;  central e leste de Pernambuco; porção central da Paraíba; leste e sul do Rio Grande do Norte; sul do Ceará, noroeste do Piauí; norte do Maranhão. De fabricação de produtos químicos: porção leste de Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte; norte do Ceará, Piauí e Maranhão. De fabricação de máquinas e equipamentos: porção leste de Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e porção norte de Ceará e Maranhão. De fabricação de produtos de minerais não metálicos: em diversas áreas no leste, oeste, sul e norte da Bahia, Sergipe, Pernambuco e Paraíba, nas porções central, leste e oeste de Alagoas, no leste, sul e norte do Rio Grande do Norte, no leste, sul e norte do Ceará, no centro e no norte do Piauí e nas porções sul, oeste, central, leste e norte do Maranhão. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de zero a 175 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 135.

Comércio e serviços

As regiões metropolitanas de São Luís (Maranhão), Fortaleza (Ceará), Natal (Rio Grande do Norte), Recife (Pernambuco), Maceió (Alagoas) e Salvador (Bahia) concentram atividades de serviços e de comércio. Entretanto, cresce cada vez mais a importância de municípios localizados fóra delas. Feira de Santana, no interior da Bahia, é um importante polo comercial e de serviços, influenciando diferentes municípios da região.

O turismo e os serviços a ele relacionados (como hotelaria, alimentação e transporte) são atividades importantes na economia da região.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

O fluxo migratório do Nordeste para o Sudeste foi um fenômeno intenso nas últimas décadas do século passado. Com o aumento dos investimentos públicos e a dinamização da economia do Nordeste brasileiro, esse fluxo se inverteu durante os anos 2000. A partir de 2014, a crise econômica vivenciada no país e a estagnação dos investimentos acarretaram o desemprego e a diminuição da renda, afetando gravemente a população nordestina. Com isso, na última década, o fluxo do Nordeste para o Sudeste voltou a crescer.

É importante que os estudantes compreendam a relação existente entre o panorama econômico e a ocupação do território brasileiro ao longo do tempo, sabendo identificar os principais fatores que motivam a migração.

Para que eles possam acompanhar as transformações em curso, incentive-os a desenvolver o hábito de buscar informações em reportagens e artigos publicados em revistas e jornais, impressos ou digitais.

Ícone. Sugestão de site

Sugestão para o professor:

OLIVEIRA, Kleber Fernandes de; JANNUZZI, Paulo de Martino. Motivos para migração no Brasil e retorno ao Nordeste: padrões etários, por sexo e origem/destino. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, volume 19, número 4, outubro/dezembro 2005. Disponível em: https://oeds.link/UAbvHZ. Acesso em: 12 março 2022.

Artigo que apresenta o contexto socioeconômico dos diferentes ciclos de fluxo migratório entre as regiões Nordeste e Sudeste.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete gê ê zero seis, ê éfe zero sete gê ê zero oito e ê éfe zero sete gê ê zero nove.

Multiculturalismo

Manifestações culturais

Além do patrimônio cultural e dos atrativos naturais, a Região Nordeste é rica em manifestações culturais, entre as quais se destacam o Carnaval e o São João, festas que assumem diferentes particularidades em cada estado.

O Carnaval da Bahia é marcado pelos grupos de samba-reggae, blocos de afoxé e trios elétricos, enquanto em Pernambuco se mantêm vivas as tradições do frevo e do maracatu. Nos festejos juninos, são tradicionais o bumba-meu-boi do Maranhão e o coco de Pernambuco, além do forró, que ocorre em todos os estados.

No Nordeste, há outras manifestações culturais características, como o artesanato, representado principalmente por carrancas esculpidas em madeira, garrafas com desenhos em areia colorida, bordados e rendas, além da literatura de cordel e dos cantores repentistas, que improvisam versos em rima.

Fotografia. Quatro pessoas usando uma fantasia muito colorida e brilhante, que recobre todo o corpo, e com um chapéu grande, arredondado, colorido e brilhante com tiras de brilhante penduradas. As cores principais são azul, amarelo, vermelho, verde, prata e lilás. Duas pessoas seguram uma vara de madeira colorida. Elas estão em um terreno misto de grama e terra.
Apresentação de maracatu em Olinda, Pernambuco (2020).
Ícone. Sugestão de vídeo.
VIVA São João! Direção: Andrucha uódintôn. Brasil, 2002. Duração: 90 minutos. O filme acompanha a turnê do cantor Gilberto Gil pelas festas de São João. Por meio de entrevistas com a população, o filme revela a importância dessas festividades para as comunidades locais e a cultura brasileira.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Estimule os estudantes a compartilhar com os colegas outros exemplos de manifestações culturais da região Nordeste. Cuide para que o debate ocorra com respeito e livre de preconceitos, valorizando a diversidade cultural da região e sua influência em outras regiões brasileiras.

O conteúdo desta página trabalha o tema contemporâneo Diversidade cultural.

Atividade complementar

Espera-se, com esta atividade, que os estudantes ampliem suas habilidades de interpretação e produção de textos, identificando, por meio da leitura, as características centrais da narrativa poética na poesia de cordel, tema já abordado nesta unidade.

Produção de cordel/folheto sobre manifestações culturais do Nordeste

  • Com o professor de Língua Portuguesa, oriente os estudantes a pesquisar as origens do cordel no Nordeste e os principais cordelistas da região. Aproveite para trabalhar a prática de pesquisa análise de mídias sociais e incentive-os a pesquisar também a divulgação realizada pelos artistas ou coletivos artísticos nas redes sociais.
  • Em seguida, peça-lhes que selecionem cordéis que remetam a manifestações culturais da Região Nordeste.
  • Após a leitura e a análise dos cordéis, solicite a eles que criem cordéis sobre a cultura nordestina.
  • Com a orientação do professor de Arte, os estudantes poderão confeccionar os folhetos usando xilogravuras (gravuras talhadas em madeira) ou linogravuras (gravuras em borracha), por exemplo.
  • Para finalizar a atividade, pode-se organizar uma “Feira do Cordel” para a apresentação (leituras e dramatizações, por exemplo) e exposição das produções dos estudantes e de outros autores.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete gê ê zero quatro.

Ícone. Sugestão de site

Sugestão para o estudante:

O NOVO cinema pernambucano. Jornal do comércio. Disponível em: https://oeds.link/D8MNWH. Acesso em: 12 março 2022.

Com uma cultura tradicional muito rica e diversa, marcada por reflexos das heranças africana, indígena e europeia, o Nordeste também tem grande destaque na produção cultural contemporânea, com ênfase na produção cinematográfica, tornando-se um polo de prestígio nacional e internacional.

Ícone. Seção Lugar e cultura. Composto por um vaso colorido.

Lugar e cultura

A festa de São João em Mossoró: tradição e grandeza

Multiculturalismo

A festa de São João é muito celebrada no Nordeste. Sua origem remonta às tradições pagãs de celebração da época de colheita na Europa. Com a expansão do Império Romano, o Cristianismo se disseminou e as festas pagãs foram incorporadas ao calendário religioso, atribuindo-se a elas homenagem a santos diversos. Essa festa, dedicada a São João Batista, foi trazida pelos portugueses na época da colonização do Brasil.

Atualmente, a festa tem características bem brasileiras, com músicas, comidas e danças típicas. O São João é festejado em todo o país. Mossoró abriga a terceira maior festa de São João no Nordeste, atrás apenas de Caruaru (Pernambuco) e Campina Grande (Paraíba). Todos os anos, nos dias de celebração, cêrca de um milhão de pessoas toma as ruas da cidade. A festa acontece na antiga estação ferroviária do município, que, no mês de junho, se transforma na “estação do forró”. Além disso, é montado um palco especial para as exibições de grupos de quadrilha, que competem entre si e proporcionam um espetáculo.

No passado, as festas de São João eram comemoradas nos pequenos bairros, com a participação da comunidade, fortalecendo os laços entre as pessoas. Hoje, o São João de Mossoró, por exemplo, é uma grande atração turística, movimentando a economia da região. Para receber os visitantes, são necessários investimentos em infraestrutura hoteleira, de transporte e gastronômica.

Fotografia. Em um palco, diversas pessoas dançam formando uma roda. Elas usam roupas variadas e seguram um objeto que parece uma mala enfeitada. No centro, uma pessoa com perna de pau e rosto pintado usando chapéu, terno e calça azul e branca está com a mão levantada. Ao fundo, o cenário da entrada de uma igreja com uma projeção de luz em tons de azul e amarelo formando um vórtice.
Festa de São João em Mossoró, Rio Grande do Norte (2015).
  1. Explique por que as festas de São João são importantes no Nordeste.
  2. Podemos considerar o crescimento da festa de São João em Mossoró uma ameaça para as tradições culturais?
  3. Qual é a importância dessa festa para a economia de Mossoró?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Esta seção objetiva discutir, por meio do estudo de uma manifestação cultural, as raízes europeias e católicas da formação da cultura brasileira, contribuindo para o trabalho com o tema contemporâneo Diversidade cultural.

São desenvolvidas, nesta seção, as seguintes Competências Específicas de Geografia, previstas na Bê êne cê cê: (3) Desenvolver autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geográfico na análise da ocupação humana e produção do espaço, envolvendo os princípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, localização e ordem; (6) Construir argumentos com base em informações geográficas, debater e defender ideias e pontos de vista que respeitem e promovam a consciência socioambiental e o respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de qualquer natureza.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete gê ê zero quatro.

Respostas

  1. O Nordeste tem uma forte tradição católica, marcada por celebrações religiosas que fortalecem os laços culturais para as futuras gerações. As festas de São João remontam às tradições de celebração da época de colheita.
  2. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a discutir o papel das tradições e a ampliação do evento como uma atração turística. É possível que alguns estudantes considerem que a grandiosidade do evento seja uma ameaça às tradições, pois o lado comercial pode se sobrepor às suas origens tradicionais.
  3. Como destino turístico, o evento movimenta a economia da cidade, gerando emprego para a população e investimentos em infraestrutura para receber os visitantes.

Subdivisões regionais do Nordeste

Levando em conta, principalmente, as características do clima e da vegetação original, a Região Nordeste pode ser dividida em quatro sub-regiões: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte. Essas sub-regiões também apresentam diferenças quanto às atividades econômicas desenvolvidas.

Analise o mapa. Ele representa a divisão da Região Nordeste nas quatro sub-regiões mencionadas anteriormente.

REGIÃO NORDESTE: SUB-REGIÕES

Mapa. Região Nordeste: sub-regiões. Mapa da região Nordeste do Brasil com a divisão política e a área das sub-regiões representada por cores. Zona da Mata (em verde): faixa que se estende ao longo do litoral da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Agreste (em lilás): faixa que acompanha a faixa da Zona da Mata mais a oeste dos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Sertão (em amarelo): extensa faixa que abrange todo o restante dos territórios de Bahia, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, abrangendo também todo o estado do Ceará e o sudeste e o leste do Piauí. Meio-Norte (em laranja): abrange  todo o estado do Maranhão e as porções norte, noroeste, oeste, e sudoeste do Piauí. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de zero a 165 quilômetros.
Fonte: ANDRADE, Manuel C. de. A terra e o homem no Nordeste. São Paulo: Brasiliense, 1973. página34.

Além das atividades econômicas, em geral, o modo de vida das pessoas também apresenta diferenças em cada uma dessas sub-regiões, como estudaremos a seguir.

Ler o mapa

Analise no mapa as quatro sub-regiões do Nordeste e responda: Por que a regionalização apresentada não segue os limites dos estados nordestinos?

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Na última parte desta Unidade, relacionamos os elementos físicos das sub-regiões nordestinas aos aspectos socioeconômicos de cada uma delas. Procuramos mostrar o crescimento econômico que ocorreu no Nordeste nas décadas de 2000 e 2010, apoiado especialmente na promoção de políticas de incentivos e isenções fiscais, fomentadas por governos estaduais e pelo federal. Destacamos, no entanto, que esse crescimento não resultou na diminuição das desigualdades. O Nordeste ainda se integra à economia nacional em uma posição periférica, subordinada ao Sudeste do Brasil, apresentando indicadores sociais abaixo da média nacional.

Resposta

Ler o mapa: A regionalização, da fórma como é estabelecida, está associada a elementos do clima e da vegetação da região, que não correspondem aos limites territoriais dos estados.

Observação

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Texto complementar

Sertões e sertanejos: uma geografia humana sofrida

O Nordeste sêco segue tendo muito mais gente do que as relações de produção ali imperantes podem suportar.

reticências

Do ritmo irregular e imprevisível dos anos secos dependeu a desgraça de dezenas a centenas de milhares de sertanejos, no imenso espaço das caatingas, verdadeira periferia pobre da zona da mata, onde se localizam os principais centros urbanos, polos de desenvolvimento e de contrôle político-administrativo.

ABI SABER, Aziz Nacib. Sertões e sertanejos: uma geografia humana sofrida. Estudos Avançados, São Paulo, volume 13, número 36, maio/agosto 1999. Dossiê Nordeste sêco. Disponível em: https://oeds.link/7k8ZDU. Acesso em: 12 março 2022.

A Zona da Mata

A faixa litorânea dos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte é denominada Zona da Mata, porque, originalmente, era recoberta pela Mata Atlântica. Nessa área, intensamente explorada, os cultivos de cana-de-açúcar — base da economia colonial e ainda hoje presentes nas paisagens — substituíram a vegetação nativa, da qual já havia sido retirado quase todo o pau-brasil existente no território.

Também contribuiu para a devastação da Mata Atlântica nessa sub-região o fato de nela terem sido estabelecidos povoamentos que deram origem a importantes cidades, que se transformaram nas capitais dos estados citados. Trata-se da mais populosa das sub-regiões nordestinas. Além disso, a exploração recente de petróleo em campos terrestres (on shore), que ocorre principalmente na Bahia, no Rio Grande do Norte e em Sergipe, intensifica o desmatamento.

O relevo da Zona da Mata é constituído especialmente de planícies e tabuleiros litorâneos — fórma de relevo que apresenta topo plano e vertentes abruptas. É principalmente sobre eles que as atividades agrícolas se desenvolvem. O clima da sub-região é tropical litorâneo, com períodos chuvosos entre abril e julho e média de temperatura anual entre 24 graus Célsius e 26 graus Célsius.

Nos últimos anos, o Nordeste vem enfrentando recordes de déficits hídricos, que vêm impactando até mesmo áreas da Zona da Mata, com rios que chegavam a transbordar nas margens e hoje apresentam apenas alguns bolsões de água.

Fotografia. Vista de uma extensa área. Na parte inferior, há uma via de acesso asfaltada margeada por uma via de terra e um poste de transmissão de energia. No segundo plano, tanques de armazenamento grandes e menores, estruturas metálicas e tubulação. Do lado esquerdo, uma via de acesso interna e estruturas metálicas. No terceiro plano, extensa área com vegetação densa em um terreno plano. Céu nublado.
Estação coletora de petróleo Canto do Amaro, em Mossoró, Rio Grande do Norte (2019).
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Converse com os estudantes acerca da importância da Zona da Mata para a população nordestina desde o período colonial.

Ícone. Sugestão de site

Sugestão para o professor:

BRITO, Lara. 120 anos de José Lins do Rego: de menino de engenho a imortal. gê um, 3 junho 2021. Disponível em: https://oeds.link/iBcBWH. Acesso em: 12 março 2022.

Reportagem que apresenta fotografias e textos sobre o percurso biográfico e literário de José Lins do Rego, caracterizando a sociedade e o momento histórico em que sua obra foi produzida.

Observação

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As cidades e a economia na Zona da Mata

As maiores cidades da Região Nordeste estão concentradas na Zona da Mata. Salvador (Bahia) e Recife (Pernambuco), localizadas nessa sub-região, estão entre as dez maiores metrópoles do Brasil e concentram serviços nas áreas de saúde e educação, que atendem também à população das demais sub-regiões nordestinas. Nelas são realizadas atividades comerciais e industriais diversificadas.

De modo geral, as metrópoles nordestinas apresentam os mesmos problemas estruturais das demais metrópoles brasileiras, entre os quais se destacam a deficiência da rede de esgoto e a da coleta de lixo, que causam impactos no meio ambiente e na saúde da população.

Embora a Zona da Mata seja a mais industrializada do Nordeste, nessa sub-região há uma série de problemas sociais, como a precariedade de muitas moradias situadas nos centros urbanos, o elevado índice de desemprego e os salários muito baixos, principalmente nas atividades agropecuárias.

Destaca-se nessa sub-região a área produtora de cana-de-açúcar, que se estende do Rio Grande do Norte até a Bahia, conhecida como Zona da Mata açucareira. Atualmente, essa área é também grande produtora de etanol.

No sul da Bahia, especialmente na área ocupada pelos municípios de Ilhéus e Itabuna, encontra-se a Zona da Mata cacaueira, importante produtora e exportadora mundial de cacau desde o fim do século dezenove até praticamente o final dos anos 1970. A área foi reduzida na década de 1950 por conta de uma praga que ataca os vegetais, principalmente cacaueiros, denominada vassoura-de-bruxa, causada por fungos. Apesar dessa redução, o sul da Bahia ainda é importante exportador de cacau, responsável por mais da metade da produção nacional.

Fotografia. Na beira de um rio, do lado esquerdo, uma construção feita com estacas de madeira e pedaços de papelão. Há plantas, pedaços soltos de madeira e plástico na margem e na água do rio. Ao fundo, na margem oposta, diversas casas de tijolos inacabadas estão em um terreno que parece inclinado em direção ao rio. Há entulho depositado na beira da água
Área poluída sem tratamento de esgoto adequado no Recife, Pernambuco (2020).
Ícone. Sugestão de livro.
REGO, José Lins do. Menino de engenho. Rio de Janeiro: José olímpio, 2010. O livro retrata a sociedade e a cultura canavieira da Zona da Mata nordestina na década de 1930 por meio da história de Carlinhos, um menino órfão que é levado pelo tio para o Engenho Santa Rosa.
Orientações e sugestões didáticas

Texto complementar

Revolução no canavial

Um dos atuais desafios do Brasil é aumentar a oferta de álcool combustível. As soluções englobam desde novas variedades de cana-de-açúcar, incluindo plantas transgênicas, até a simples expansão da área agrícola, além de inovações na linha de produção das usinas. Sinônimo de combustível renovável, que polui menos em comparação com os derivados de petróleo, o etanol voltou a ocupar um lugar de destaque no cenário energético do país e também começou a ser desejado por vários países. No caso brasileiro, os responsáveis pelo renascimento do álcool são os carros bicombustíveis, ou flex fuel, que podem ser reabastecidos com álcool ou gasolina, ou ainda os dois juntos em qualquer proporção. reticências

O interesse internacional no etanol fez acender ainda mais o setor sucroalcooleiro no país. Nesse mesmo tempo, segundo os próprios usineiros, a safra acabou e o álcool foi ficando escasso e com preço alto, em uma situação semelhante ao final dos anos 1980 quando o desabastecimento tirou a confiança do consumidor nos carros a álcool. Com a demanda crescente, governo, usineiros e empresários do setor só pensam em aumentar a produção de álcool. Um aumento nesse sentido, segundo os especialistas, só virá mesmo a curto prazo com a expansão agrícola da cultura e a inauguração de novas usinas. A demanda vai crescer, em pouco tempo, com o aumento da venda de carros bicombustíveis. Em 2005 eles representaram 53% do total de automóveis e veículos comerciais leves produzidos. Em fevereiro deste ano a porcentagem de vendas já era de 76% reticências.

OLIVEIRA, Marcos de; VASCONCELOS, Yuri. Revolução no canavial. Revista Pesquisa fapésp, São Paulo, número 122, abril 2006. Disponível em: https://oeds.link/B12iMC. Acesso em: 12 março 2022.

Ícone. Sugestão de vídeo.

Sugestão para o estudante:

BAGAÇO. Direção: Maria Luisa Mendonça e tális Gomes. Brasil: Comissão Pastoral da Terra e Rede Social, 2006. Duração: 25 minutos Disponível em: https://oeds.link/ywYOiJ. Acesso em: 12 março 2022.

O documentário mostra o dia a dia dos trabalhadores na indústria da cana em Pernambuco e, por meio de depoimentos e imagens, aponta as violações de direitos, a destruição ambiental e os problemas resultantes de um modelo de produção baseado no latifúndio e na superexploração do trabalho.

Observação

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O Agreste

O Agreste nordestino constitui uma faixa de transição entre a Zona da Mata — com predominância da Mata Atlântica — e o Sertão, onde há o predomínio da Caatinga, abrangendo parte dos estados de Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Essa sub-região se caracteriza pelo clima tropical, apresentando, como consequência de sua localização geográfica, maior umidade nas proximidades da Zona da Mata e ocorrência de áreas mais sêcas, características do Sertão.

O Planalto da Borborema abrange a porção norte do Agreste. Na face leste dessa formação de relevo, estão situadas as áreas mais úmidas, com características da Zona da Mata. Na porção oeste, há predomínio das áreas sêcas. Nas altitudes mais elevadas nas áreas compreendidas pelo planalto ocorrem as médias de temperatura mais baixas.

A vegetação encontrada no Agreste nordestino é de pequeno porte, com espécies variadas, com destaque para as bromélias e os cactos.

As principais cidades do Agreste oferecem comércio e serviços diversificados, que atendem à população de outras sub-regiões, principalmente do Sertão. No Agreste estão localizados quatro núcleos urbanos importantes: Arapiraca (Alagoas), Campina Grande (Paraíba), Caruaru (Pernambuco) e Feira de Santana (Bahia).

Fotografia. Vista de uma extensa área urbana. A maior parte das construções são baixas e possuem telhados marrons. Há alguns galpões e árvores. No centro da imagem, uma praça retangular corta uma avenida e chega a outra avenida perpendicular que possui um canteiro central arborizado. As ruas são asfaltadas e o movimento de veículos não é intenso. No alto, um estádio de futebol e à direita da praça retangular, uma quadra esportiva e uma piscina. Ao fundo, área rural com solo com vegetação baixa e morros no horizonte. Céu com nuvens.
Na fotografia, vista aérea de Itabaiana, Sudeste (2018), cidade do Agreste com mais de 98 mil habitantes de acordo com estimativas do í bê gê É para 2021.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Acompanhe a evolução da situação relacionada à sêca no Nordeste, de modo a apresentar informações corretas e atualizadas aos estudantes.

É importante destacar que o dinamismo na economia da região, com a instalação de grandes empreendimentos industriais, também foi acompanhado do crescimento das tradicionais atividades agrícolas.

Observação

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A economia do Agreste

A economia de muitos municípios do Agreste cresceu em decorrência da produção algodoeira, que se expandiu nessa sub-região a partir do século dezenove, impulsionando as indústrias têxteis no século vinte. Nas últimas décadas, as inovações tecnológicas incorporadas à produção resgataram a importância do algodão no Agreste, onde essa cultura tinha praticamente desaparecido em consequência de uma praga conhecida como bicudo do algodoeiro.

Campina Grande convive com a cultura do algodão desde o início do século vinte. Atualmente, a cidade tem um polo têxtil consolidado e se destaca não só pelo volume de sua produção, mas por um diferencial tecnológico: o algodão colorido. Por ser naturalmente colorido, esse tipo de algodão não desbota facilmente e pode ser usado, sem restrição, por pessoas alérgicas a corantes.

Além do algodão, há na sub-região do Agreste predomínio de pequenas propriedades policultoras, nas quais são cultivados vários produtos, como o feijão, o milho, a mandioca, o café, o agaveglossário e a banana, entre outros.

Os caprinos (cabras) representam o principal rebanho de criação. No setor industrial, destacam-se as indústrias de doces, sucos, móveis, calçados e têxteis. A indústria têxtil do Agreste é considerada a segunda mais importante do Brasil, atrás apenas da de São Paulo.

O comércio é outra atividade relevante no Agreste. Nes­se setor, destacam-se as feiras livres das cidades de Campina Grande (Paraíba), Feira de Santana (Bahia), Vitória da Conquista (Bahia), Caruaru (Pernambuco) e Garanhuns (Pernambuco).

Fotografia. Em um terreno inclinado repleto de plantas com folhagem seca e amarronzada, há diversas pessoas em pé usando camisetas e boné. Suas pernas estão cobertas pelas folhagens e algumas pessoas estão mexendo nas plantas. Ao fundo há árvores de folhas verdes.
Colheita de algodão colorido em Remígio, Paraíba (2020). A fibra colorida tem um valor de 30% a 50% superior ao das fibras de algodão branco.
Orientações e sugestões didáticas

Texto complementar

ifãn reconhece a Feira Central de Campina Grande como Patrimônio Cultural do Brasil

reticências

No caminho que corta o sertão até o litoral paraibano, desde muito longe já se pode ouvir o burburinho da Feira de Campina Grande. Suas cores, aromas, personagens e sons inconfundíveis são a marca de uma cidade que tem sua história e seu traçado misturados com os de seu centro mercadológico e também cultural. Campina Grande é uma cidade-feira. E a chamada Feira das Feiras, que transformou a vida e a paisagem do Planalto da Borborema, também é, a partir de agora, Patrimônio Cultural do Brasil.

reticências

Para além do comércio intenso, a Feira de Campina Grande é também um lugar de referência, de criação, de expressão, de sociabilidade e de identidade do povo nordestino. As trocas mercadológicas se misturam às trocas de significados e sentidos, tornando-a um lugar onde se concentram e reproduzem práticas culturais. reticências

CÂMARA Municipal de Campina Grande. ifãn reconhece a Feira Central de Campina Grande como Patrimônio Cultural do Brasil. 27 setembro 2017. Disponível em: https://oeds.link/tluI0T. Acesso em: 12 março 2022.

Ícone. Sugestão de site

Sugestão para o estudante e o professor:

CERRATINGA. Disponível em: https://oeds.link/nsZQ5a. Acesso em: 12 março 2022. Página elaborada por diversos institutos e organizações ligados à produção sustentável no Cerrado e na Caatinga. É possível ver a lista de produtores em cada estado e saber um pouco mais sobre eles.

Observação

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O Sertão

O Sertão abrange boa parte dos estados da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e pequeno trecho de Sergipe e de Alagoas. De modo geral, entre abril e maio há um período de concentração de chuvas, quando a vegetação se torna verdejante, mudando a paisagem. fóra dessa época, é comum a ocorrência de um período longo de estiagem, que se revela no aspecto sêco da vegetação.

Além da aridez natural característica do semiárido, devem ser considerados os processos de desertificação acelerados pela intensa exploração de determinadas áreas, que resultam na degradação dos solos, dos recursos hídricos e da vegetação.

A economia do Sertão

A maioria da população rural do Sertão vive da agricultura e da pecuária de subsistência. A pecuária extensiva e a agricultura comercial de frutas, café, algodão, soja, milho, feijão, arroz e mandioca são as principais atividades econômicas.

No Sertão, existem também os chamados brejos, áreas situadas nos sopés de serra e zonas de transbordamento de rios que são úmidas e florestadas, com solos férteis. Nas várzeas dos rios, permanentes ou intermitentes, há terrenos planos e encharcados para onde são carregados, na época chuvosa, materiais decompostos que formam no solo uma camada mais espessa e úmida, propícia à agricultura.

Nos últimos anos, áreas irrigadas do Sertão vêm se tornando importantes produtoras agrícolas para atender aos mercados interno e externo.

Quando aliadas, as modernas técnicas de irrigação, a baixa umidade do ar e as poucas chuvas da região oferecem condições favoráveis à agricultura. Além disso, algumas empresas agrícolas têm trocado o Centro-Sul do país pelo Sertão em razão do menor custo das terras e da localização estratégica para a exportação.

Fotografia. Em uma área com solo marrom e seco, há bananeiras em fileiras e separadas umas das outras. As bananeiras possuem folhas largas e grandes. As folhas da copa estão verdes, as folhas mais baixas são amarelas. No chão há uma mangueira colocada entre as árvores. Ao lado há folhas secas e queimadas no chão. Ao fundo, um morro baixo com vegetação
Entre as áreas de fruticultura irrigada no Sertão, destacam-se o vale do Açu (Rio Grande do Norte), grande produtor de frutas, principalmente melão, uva e manga; o oeste da Bahia, área de Cerrado onde predomina a produção de café, soja e frutas; e o polo Juazeiro (Bahia)-Petrolina (Pernambuco), onde se concentra a produção de frutas como uva e manga. Na fotografia, plantação de bananas em Morro do Chapéu, Bahia (2019).
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Enfatize os processos de desertificação relacionados com a exploração em determinadas áreas do Sertão. Explique aos estudantes que, atualmente, há diversos “núcleos de desertificação” no semiárido brasileiro. Se considerar interessante, solicite pesquisas ou leve informações à sala de aula que demonstrem esses núcleos, promovendo um debate sobre as diferenças existentes entre áreas distintas dessa sub-região.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete gê ê zero seis, ê éfe zero sete gê ê zero oito e ê éfe zero sete gê ê um um.

O Meio-Norte

O Meio-Norte corresponde à faixa situada mais a oeste da Região Nordeste, abrangendo o estado do Maranhão e a maior parte do estado do Piauí.

Nessa área de transição entre a Caatinga e a Floresta Amazônica, encontra-se a Mata dos Cocais, que se caracteriza por uma vegetação mais densa, constituída de palmeiras e coqueiros, ricos em frutas oleaginosas.

O clima dessa sub-região é tropical úmido, com temperaturas elevadas e altos índices pluviométricos anuais.

A economia do Meio-Norte

No Meio-Norte, a criação de gado e a produção de algodão, de arroz e, mais recentemente, o cultivo da soja têm alavancado a economia regional.

Também se destacam a coleta do coco-babaçu e do palmito, além da extração da cera de carnaúba. Os produtos extraídos são utilizados como alimento e aproveitados para a produção de cosméticos, produtos de higiene e medicamentos.

A maior parte da mão de obra envolvida na extração do coco-babaçu é constituída de mulheres, as chamadas quebradeiras, que trabalham quase sempre em condições precárias e pagam para ter acesso às palmeiras em propriedades particulares.

O trabalho das quebradeiras de coco-babaçu, além de gerar renda para as famílias, é uma fórma de proteção da vegetação original nas áreas onde se realiza a extração desse recurso natural.

Fotografia. Vista de uma paisagem com árvores de tronco fino, alto e cinza. A copa possui muitos galhos pequenos com folhas finas e pontiagudas em tons de verde. Há diversas árvores separadas umas das outras. Entre elas, algumas plantas com folhagem pontiaguda e verde. Ao fundo, morros cobertos de vegetação. Céu azul com poucas nuvens
Mata dos Cocais em São Raimundo Nonato, Piauí (2021).
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

A Lei do Babaçu Livre proíbe a derrubada dos babaçuais em seis estados (Maranhão, Piauí, Tocantins, Pará, Goiás e Mato Grosso), com exceção de áreas destinadas a obras de utilidade pública, ou quando as derrubadas visarem ao aumento da reprodução da palmeira ou ao acesso mais fácil às áreas de coleta.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete gê ê zero seis e ê éfe zero sete gê ê um um.

Ícone. Seção Mundo em escalas. Composto por dois pinos de localização conectados por setas.

Mundo em escalas

Mulheres: trabalho e exploração

Cidadania e civismo.

Leia os textos a seguir:

Texto 1

As mulheres encarregadas do trabalho enfrentam a exploração e os riscos de extinção da ocupação.

reticências

Estima-se que de trezentas mil a quatrocentas mil famílias vivam do babaçu. A quebra, porém, nunca foi regulamentada e, portanto, não há direitos trabalhistas ou previdenciários. Mesmo assim, permeia muitas biografias femininas na região, o que Regina credita à divisão do trabalho rural. reticências

Outros fatores explicam esse enraizamento: altas taxas de analfabetismo e evasão escolar, agravadas para as mulheres, e miséria. reticências

GREGÓRIO, Rafael. Tradição das quebradeiras de babaçu à prova. Carta Capital, São Paulo, 26 março. 2014. Seção Educação. Disponível em: https://oeds.link/K29zKE. Acesso em: 7 março. 2022.

Fotografia. Uma mulher com cabelo comprido, preto e preso, está sentada no chão e segura um pedaço de madeira grosso na direção de um coco escuro que está na sua outra mão. À sua frente há muitos cocos de cor marrom amontoados no chão. Ao fundo, outra mulher segura uma madeira e aponta na direção de um coco. Ao seu lado há um balde. Atrás, um portão feito de pedaços de madeira e uma cerca.
Quebradeiras de coco-babaçu em Viana, Maranhão (2019).

Texto 2

Existem cérca de 40 milhões de pessoas presas na escravidão moderna. Mulheres e meninas são afetadas desproporcionalmente, chegando a quase 29 milhões ou 71% desses casos.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Mais de 40 milhões de pessoas ainda são vítimas da escravidão contemporânea, ônu News, 2 dezembro. 2020. Disponível em: https://oeds.link/nrdVLE. Acesso em: 7 março. 2022.

  1. O que pode ser feito para evitar a exploração e os riscos de extinção do trabalho realizado pelas quebradeiras do coco-babaçu?
  2. Como podemos associar as informações apresentadas pelos textos?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

O objetivo desta seção é selecionar argumentos que reconheçam a importância das mulheres quebradeiras do coco-babaçu e seus direitos legais nessas comunidades.

A regulamentação trabalhista e previdenciária, além de investimentos na área social na região dos babaçuais, são fundamentais para evitar a exploração das mulheres e os riscos de extinção dessa atividade. Aproveite para discutir com os estudantes as fórmas de desigualdade de gênero e a exploração do trabalho das mulheres em escala mundial.

O conteúdo desta seção possibilita o trabalho com o tema contemporâneo Educação em Direitos Humanos.

São desenvolvidas, nesta seção, as seguintes Competências Específicas de Geografia: (1) Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/natureza e exercitar o interesse e o espírito de investigação e de resolução de problemas; (6) Construir argumentos com base em informações geográficas, debater e defender ideias e pontos de vista que respeitem e promovam a consciência socioambiental e o respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de qualquer natureza.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete gê ê zero três e ê éfe zero sete gê ê zero seis.

Respostas

  1. É necessário regulamentar os direitos trabalhistas e previdenciários e investir socialmente nas regiões dos babaçuais, com o intuito de minimizar a exploração do trabalho das quebradeiras de babaçu e o risco de extinção da ocupação delas.
  2. O texto 1 destaca uma fórma de exploração do trabalho feminino no Brasil. Os dados apresentados no texto 2 revelam que a desigualdade de gênero e a exploração da mulher é uma realidade presente no mundo todo.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Nas décadas de 2000 e de 2010, a Região Nordeste obteve avanços importantes na economia, como o crescimento da atividade industrial. O começo da década atual, no entanto, foi marcado pela queda da economia de todo o mundo em decorrência da pandemia de Covid-19, que afetou um dos setores econômicos de maior destaque no Nordeste. Sobre isso, leia o texto e, depois, responda às questões.

As férias de verão naturalmente atraem a atenção do país ao Nordeste, e suas muitas atrações turísticas, baseadas nas belezas naturais e herança cultural (sem falar na gastronômica). O setor de turismo parece ser relativamente mais importante no Nordeste do que nas demais partes do país, e pode se mostrar relevante alavanca para a recuperação da economia regional em um cenário pós-pandemia.

A participação do turismo no Píbi pode ser aproximada por dois itens dentro do setor de serviços: “alojamento e alimentação” e “artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços”. Utilizando essa aproximação, o turismo seria responsável por 5% do Píbi do Nordeste, ante 4,4% para a economia nacional. reticências

Assim sendo, seja pelo efeito no Píbi, ou no mercado de trabalho, o impacto econômico inicial da pandemia foi agravado, no caso do Nordeste, pela forte contração da atividade turística. Segundo o citado estudo do Banco Central, enquanto o setor de serviços, como um todo, apresentou contração de cêrca de 20% no segundo trimestre de 2020 (o pior momento da pandemia do ponto de vista econômico), o setor de turismo registrou queda superior a 60%.

Por outro lado, os economistas do Banco Central do Brasil apontam que, desde o fundo do poço em meados de 2020, a atividade turística no Nordeste teve uma recuperação mais intensa do que nas demais regiões, notadamente em comparação ao Sudeste – a atividade turística no Nordeste teria virtualmente retornado ao patamar de 2019 no terceiro trimestre de 2021, enquanto ainda estava cêrca de 24% abaixo do padrão pré-pandemia no Sudeste.

MESQUITA, Mario. Turismo e a recuperação do Nordeste. Diário do Nordeste, Fortaleza, 19 janeiro. 2022. Seção Opinião. Disponível em: https://oeds.link/8Jfu6z. Acesso em: 7 março. 2022.

  1. De acordo com o que você estudou sobre a pandemia de Covid-19, explique como ela afetou o turismo. Por que isso prejudicou principalmente a economia do Nordeste, segundo o texto?
  2. O texto sugere que pode ser justamente o turismo o principal fator de recuperação da economia nordestina após a pandemia. Por quê?

2. Leia o texto a seguir e, depois, responda ao que se pede.

Localizada na cidade de Caruaru (Pernambuco), a Feira surgiu em uma fazenda localizada em um dos caminhos do gado, entre o sertão e a zona canavieira, onde pousavam vaqueiros, tropeiros e mascates. No final do século dezoito, foi construída nesse local a capela de Nossa Senhora da Conceição que ampliou a convergência social e fortaleceu as relações de trocas comerciais no local. Assim, a feira cresceu com a cidade e se tornou um dos principais motores do seu desenvolvimento social e econômico. Lugar de socialização, de permanente construção de identidades e de exposição da criatividade popular reticências. É um lugar de referência viva da história e da cultura do agreste pernambucano, e, de modo mais geral, da cultura nordestina. Sem a dinâmica e o mercado da feira, esses saberes e fazeres teriam desaparecido.

PERNAMBUCO: Feira de Caruaru. Ipatrimonio. Seção ifãn. Disponível em: https://oeds.link/7K8Wx8. Acesso em: 7 março. 2022.

  1. Explique a ligação entre o surgimento da cidade de Caruaru e sua feira e a pecuária.
  2. O texto afirma que, sem a feira, parte da cultura local teria desaparecido. Você concorda? Justifique.
Orientações e sugestões didáticas

Seção Atividades

Objetos de conhecimento

  • Formação territorial do Brasil.
  • Características da população brasileira.
  • Produção, circulação e consumo de mercadorias.
  • Desigualdade social e o trabalho

Habilidades

Esta seção possibilita trabalhar aspectos relacionados às habilidades:

  • ê éfe zero sete gê ê zero dois (atividades 1, 2 e 3)
  • ê éfe zero sete gê ê zero três (atividade 5)
  • ê éfe zero sete gê ê zero quatro (atividades 2, 4 e 5)
  • ê éfe zero sete gê ê zero seis (atividade 2)
  • ê éfe zero sete gê ê zero sete (atividade 2)

Respostas

    1. As pessoas deixaram de viajar por causa da crise econômica e da necessidade de isolamento social em decorrência da pandemia de Covid-19. A economia do Nordeste foi especialmente prejudicada , pois o setor turístico tem um grande pêso nela.
    2. Por que o Nordeste tem muitos atrativos e a atividade turística já está se recuperando com mais força do que nas demais regiões.
    1. A feira de Caruaru e a cidade surgiram como ponto de parada para vaqueiros que levavam o gado do Sertão para o litoral e de mascates que faziam o sentido inverso.
    2. Espera-se que o estudante reconheça que a feira movia a cidade e as relações sociais e, por meio das trocas do que se produzia e do que se sabia, foi construindo e mantendo a cultura local.

3. Analise a fotografia.

Fotografia. Vista de uma área com mar. No primeiro plano, a água possui coloração bege e dentro dela há pessoas conversando e nadando. Duas pessoas estão sobre pranchas de surfe. À direita, há embarcações largas com estruturas de acesso à água, guarda-sóis no topo e botes salva-vidas. Ao fundo, águas mais claras e verdes e formações de coral. Céu azul com nuvens.
Praia do Seixas, em João Pessoa, Paraíba (2021).
  1. A atividade econômica representada na fotografia é uma das principais de qual sub-região nordestina?
  2. Que características da paisagem retratada favorecem a economia do Nordeste? Justifique sua resposta.

4. Escreva no caderno a alternativa correta, com base no que foi discutido ao longo do Capítulo e na imagem de satélite reproduzida nesta atividade.

Imagem. Imagem de satélite de parte da América do Sul durante o período noturno. O continente está na cor azul escuro e nele aparecem pontos amarelos. Há concentração de pontos amarelos na costa brasileira da região Nordeste e da região Sudeste. O Oceano Atlântico, à direita, está na cor preta e o Oceano Pacífico aparece à esquerda.
Imagem de satélite abrangendo parte do território brasileiro no período noturno (2021). As áreas luminosas são as que possuem maior concentração populacional.
  1. A maior parte da população do Nordeste está localizada na sub-região do Sertão.
  2. Os principais pontos luminosos da imagem estão localizados no Meio-Norte, na faixa mais distante do litoral.
  3. O Agreste é representado na imagem como área não ocupada.
  4. Os pontos luminosos são mais presentes na sub-região da Zona da Mata, onde a rede de transporte e comunicação é mais desenvolvida.
  5. O Nordeste não abriga grandes cidades, por isso vemos apenas pequenos pontos luminosos na imagem.

5. Dados do Censo 2010 apontam que o estado da Bahia tem uma população predominantemente negra, ou seja, formada por pessoas que se autodeclaram pretas ou pardas. Que manifestações culturais revelam a importância da população negra na formação da identidade cultural desse estado? E no Brasil?

Orientações e sugestões didáticas

Respostas

    1. O turismo é uma das principais atividades econô­micas da Zona da Mata.
    2. A paisagem retrata elementos naturais, como o mar e as formações de co­ral, e equipamentos como embarcações e guarda-sóis. A beleza natural e a infraestrutura para dar conforto ao visitante são atrativos para o turismo, setor fundamental na economia da região.
  1. Alternativa d. O objetivo desta atividade é analisar a influência e o papel das redes de transporte e comunicação na configuração do território nordestino, por meio da interpretação da imagem de satélite.
  2. Os estudantes poderão citar expressões religiosas como o candomblé e o afoxé; musicais, como o samba de roda e os blocos afros; a prática da capoeira e a culinária, entre outras. Em todo o Brasil, a presença negra é marcante na religiosidade, na música, na alimentação e na língua.

Ícone. Seção Para refletir. Composto por silhueta de uma cabeça com engrenagens em seu interior.

Para refletir

Comunidades tradicionais e atividades industriais: É possível que convivam no mesmo território?

Localizado a 50 quilômetros de Salvador (Bahia), o Polo Industrial de Camaçari foi implantado no final da década de 1970. Atualmente, é um dos maiores complexos industriais do Brasil, com empresas de diversos ramos: químicas, petroquímicas, automotivas, metalúrgicas, têxteis, de celulose, fertilizantes, energia eólica, fármacos, bebidas, entre outras.

Próximo ao Polo Industrial de Camaçari, na Ilha de Maré, há uma comunidade quilombola com cêrca de quatrocentas famílias, que vivem da pesca artesanal e da agricultura de subsistência e esperam a titulação comunitária de seu território.

Fotografia. Vista de uma extensa área asfaltada e com diversos galpões largos, retangulares e brancos. No primeiro plano, há um grande pátio de estacionamento de veículos com muitos carros e 3 galpões menores. Mais ao fundo, os galpões são maiores. No horizonte, área rural em parte desmatada, em parte com vegetação.
Vista aérea do Polo Industrial de Camaçari, Bahia (2017).

Relatório delimita quilombo com área [de] 644 hectares em Ilha de Maré, na Bahia

O Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (érre tê í dê) do Território Quilombola Ilha de Maré foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) na segunda-feira (13).

Orientações e sugestões didáticas

Seção Para refletir

O objetivo desta seção é selecionar argumentos que favoreçam a defesa dos direitos legais dos quilombolas a seus territórios.

Utilize o exemplo dos quilombolas da Ilha de Maré, no estado da Bahia, para discutir os problemas resultantes do desrespeito a esses direitos, expresso pela prática de atividades industriais que colocam em risco a subsistência e o modo de vida tradicional das comunidades.

Esta seção contribui para o desenvolvimento das seguintes Competências Específicas de Geografia, previstas na Bê êne cê cê: (2) Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a compreensão das fórmas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história; (3) Desenvolver autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geográfico na análise da ocupação humana e produção do espaço, envolvendo os princípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, localização e ordem.

Habilidades

ê éfe zero sete gê ê zero dois: Analisar a influência dos fluxos econômicos e populacionais na formação socioeconômica e territorial do Brasil, compreendendo os conflitos e as tensões históricas e contemporâneas.

ê éfe zero sete gê ê zero três: Selecionar argumentos que reconheçam as territorialidades dos povos indígenas originários, das comunidades remanescentes de quilombos, de povos das florestas e do cerrado, de ribeirinhos e caiçaras, entre outros grupos sociais do campo e da cidade, como direitos legais dessas comunidades.

ê éfe zero sete gê ê zero oito: Estabelecer relações entre os processos de industrialização e inovação tecnológica com as transformações socioeconômicas do território brasileiro.

De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (íncra) na Bahia, o érre tê í dê é o passo mais complexo para o cumprimento da titulação comunitária dos territórios quilombolas. O documento reúne peças técnicas, como o relatório antropológico, plantas com delimitação do território, e aborda aspectos agronômicos, ambientais, fundiário e geográfico.

O Território Quilombola Ilha de Maré, que tem 644,7 hectares, está localizado na Região Metropolitana de Salvador (érre ême ésse). A área engloba as comunidades de Bananeiras, Ponta Grossa, Porto dos Cavalos, Martelo e Praia Grande. A regularização beneficiará quatrocentas e quatro famílias.

A história das comunidades de Ilha de Maré está ligada à Baía de Todos-os-Santos, quando navios negreiros encalhavam em recifes próximos. Atualmente, os quilombolas da Ilha de Maré sobrevivem da pesca, mariscagem e da agricultura de subsistência. Há uma forte participação das mulheres como marisqueiras.

RELATÓRIO delimita quilombo com área 644 hectares em Ilha de Maré, na Bahia. gê um, 14 março. 2017. Seção Bahia. Disponível em: https://oeds.link/UfsuZv. Acesso em: 7 março. 2022.

É possível conciliar no mesmo território atividades industriais e a manutenção do modo de vida de comunidades tradicionais?

Leia o trecho do texto a seguir.

Mais de 200 pescadores e pescadoras da Ilha de Maré ocuparam, na manhã de hoje (14), a séde da codéba (Companhia das Docas do Estado da Bahia), localizada no bairro do Comércio em Salvador, na Bahia. O protesto é para denunciar a grave poluição química que tem contaminado a ilha e tem adoecido muitos dos pescadores e pescadoras da localidade.

Há anos o descarte irresponsável dos produtos tem contaminado as águas e adoecido a população de Ilha de Maré. Vários estudos comprovam o impacto dessa contaminação na saúde dos pescadores e pescadoras da localidade. Um dos casos mais graves aconteceu devido ao acidente do navio Golden Miller. Em 17 de dezembro de 2013, o navio das Barramas espalhou uma mancha de óleo pela Baía de Todos-os-Santos que chegou até a Ilha de Maré. Problemas de pele e altos índices de chumbo no organismo das crianças foram comprovados em estudos e alertam para a gravidade da situação.

reticências

Os manifestantes reivindicam que seja realizado um inquérito epidemiológico, através de exames médicos em todos os moradores de Ilha de Maré, visando identificar a gravidade da contaminação da população, especialmente causada por metais pesados. Os moradores de Ilha de Maré também querem que sejam implementadas na localidade políticas públicas de saúde capazes de tratar as doenças específicas relacionadas com a poluição química que afeta a comunidade.

CONTRA poluição química, pescadores da Ilha de Maré ocupam séde da codéba. Comissão Pastoral da Terra, 14 fevereiro. 2017. Seção Conflitos no Campo. Disponível em: https://oeds.link/B6aluR. Acesso em: 7 março. 2022.

  1. Que ação provoca danos ambientais, afetando as comunidades quilombolas da Ilha de Maré, situada próximo ao Polo Industrial de Camaçari?
  2. Na sua opinião, é possível estabelecer atividades industriais no mesmo território onde vivem comunidades que necessitam de recursos da natureza para sobreviver?
Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. O descarte dos produtos poluentes que contêm metais pesados tem contaminado as águas da Baía de Todos-os-Santos, prejudicando a pesca artesanal e provocando danos à saúde da população quilombola da Ilha de Maré. Estima-se que, nas últimas décadas, houve o aumento do número de casos de câncer na comunidade e de envenenamento causado pelas substâncias tóxicas.
  2. Resposta pessoal. Oriente os estudantes sobre os impactos que podem ser gerados no meio ambiente por atividades industriais, como as desenvolvidas no Polo Industrial de Camaçari. Destaque os danos que causam às populações que vivem diretamente dos recursos da natureza. Para reduzir os impactos, é necessário que haja um contrôle ambiental rígido nas indústrias e forte fiscalização por parte dos órgãos públicos responsáveis.

Questões para autoavaliação

Nesta Unidade do livro, as questões sugeridas para autoavaliação – e que também podem ser utilizadas, a seu crítério, para o diagnóstico do grau de aprendizagem dos estudantes – são as seguintes:

  1. Qual é a relação entre a hidrografia do Nordeste e a vegetação?
  2. Como as características climáticas impactam no modo de vida das pessoas?
  3. Qual é a importância do rio São Francisco e quais são os pontos positivos e negativos de sua transposição?
  4. Como se deu a ocupação do espaço correspondente ao da atual Região Nordeste durante o período colonial?
  5. Que aspectos culturais do Nordeste você conhece?
  6. Quais são as principais atividades econômicas do Nordeste?
  7. Como a economia está ligada às características naturais dessa região?
  8. Como é possível caracterizar o Nordeste por meio dos indicadores socioeconômicos?
  9. Quais são os critérios utilizados para sub-regionalizar o Nordeste?
  10. Quais são as características de cada sub-região nordestina?

Glossário

Arbustiva
Espécie vegetal de pequeno ou médio porte cujo tronco é bastante curto, próximo ao solo. A maioria dos seus galhos brota rente ao solo.
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Estiagem
Período sêco, sem ocorrência de chuvas.
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Herbácea
Espécie vegetal que não possui tronco, com galhos bastante limitados e rentes ao solo. É uma vegetação rasteira.
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Assoreamento
Acúmulo de detritos, transportados pelas águas, no leito de um rio. Esse acúmulo diminui a profundidade do rio e a velocidade das águas, podendo provocar transbordamento na época das cheias.
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Cordel
Literatura produzida por poetas populares nordestinos e impressa em livretos de baixo custo.
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Tipografia
Arte e técnica de compor e imprimir com tipos.
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Agave
Planta da qual se extrai o sisal, fibra usada na fabricação de bolsas, cordas, tapetes e também na indústria automobilística, para a composição do estofamento de bancos de carros.
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