UNIDADE quatro  América do Norte

Fotografia. Vista aérea de um prédio baixo, azulado e circular; no centro um grande espaço aberto com vegetação e algumas construções. Ao redor do prédio há vegetação e vias de acesso e circulação. À esquerda do prédio, uma avenida, casas e ruas menores.
O desenvolvimento de tecnologias modernas é uma marca da atual economia de países desenvolvidos como o Canadá e os Estados Unidos. O México é um país de economia emergente, mas ainda dependente de tecnologia importada. Na fotografia, imagem aérea de uma grande empresa de tecnologia instalada em Cupertino, Estados Unidos (2021), na região do Vale do Silício, o mais importante tecnopolo do mundo.

Você verá nesta Unidade:

Recursos energéticos nos Estados Unidos

População estadunidense

Formação territorial dos Estados Unidos

Imperialismo

Presença mundial dos Estados Unidos e as relações com a China

Economia canadense

População mexicana e aspectos migratórios

Aspectos culturais mexicanos

Economia e urbanização no México

Fotografia. Em primeiro plano, vista de uma rodovia com várias pistas nas quais estão muitos veículos enfileirados. Em segundo plano, uma barreira horizontal similar a um pedágio rodoviário, além de prédios baixos em tons de cinza e azul. Em terceiro plano, árvores, construções baixas e, à direita, uma ferrovia com vários vagões e um terreno elevado.
A linha de fronteira entre os Estados Unidos e o México separa duas realidades bem distintas no continente americano: uma em que predomina o elevado padrão de vida, nos Estados Unidos e no Canadá, e outra formada por pobreza e desigualdades sociais históricas, na América Latina. Fotografia de 2021 que mostra a fronteira entre Tijuana (México) e San Diego (Estados Unidos).

Diferentemente do México, os espaços geográficos dos Estados Unidos e do Canadá são marcados por intensa ação antrópica, elevada exploração dos recursos naturais e alto emprego de tecnologia nos diversos setores produtivos, o que confere a esses países a renda per cápita e o Índice de Desenvolvimento Humano (í dê agá) mais elevados do continente americano.

Como se deu o processo de formação territorial na América do Norte? De que maneira esse processo influenciou o modo de vida das populações da região? Quais são os principais setores da economia desses países?

CAPÍTULO 8 Estados Unidos: território, organização do espaço e população

Os Estados Unidos, maior potência econômica e militar da atualidade, são um país de extensão continental. São o terceiro maior território do mundo, com cêrca de ..9833517 quilômetros quadrados, incluindo os estados situados em território não contínuo: o Alasca, a noroeste do Canadá, e o Havaí, arquipélago localizado no oceano Pacífico. Limitado ao norte pelo Canadá e ao sul pelo México, o país é banhado pelos oceanos Atlântico, na costa leste, Pacífico, na costa oeste, e Glacial Ártico, no Alasca, como pode ser observado no mapa a seguir.

Do ponto de vista físico, o território continental dos Estados Unidos isto é, sem considerar os estados do Alasca e do Havaí pode ser dividido em quatro grandes unidades: a leste, o relevo apresenta planaltos, como os Montes Apalaches; a oeste, encontra-se a cordilheira formada pelas Montanhas Rochosas; no centro, a superfície é formada por vastas planícies associadas à rede hidrográfica; e, no litoral do Atlântico, localiza-se a Planície Costeira, formada por uma faixa estreita de terrenos sedimentares.

ESTADOS UNIDOS: TERRITÓRIO

Mapa. Estados Unidos: território
Mapa da América do Norte, com destaque para o território dos Estados Unidos e do Alasca, estado estadunidense separado territorialmente do país, situado a noroeste do continente. Sobre o Oceano Pacífico, à esquerda, há um pequeno mapa localizando as ilhas do Havaí, próximo ao paralelo 20 graus norte e 160 graus oeste. Esse estado também fazem parte dos Estados Unidos. Ao norte dos Estados Unidos, está representado o território do Canadá e, ai sul, o território do México. Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 675 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página. 37.

Recursos energéticos

Em virtude da complexa formação geológica do território estadunidense, seu subsolo abriga grande variedade de recursos minerais e energéticos, como petróleo e gás natural, ferro, alumínio e cobre. As grandes bacias de carvão existentes nos Montes Apalaches e na região dos Grandes Lagos foram essenciais para o êxito do desenvolvimento industrial dos Estados Unidos, no século dezenove, sobretudo do nordeste do país. Até hoje essas áreas são muito industrializadas.

Embora a extração do gás de xisto seja difícil e cara, o avanço da tecnologia nos últimos anos possibilitou aos Estados Unidos a exploração desse recurso, dando início a uma revolução energética que alterou o cenário econômico do país. Por meio da extração do gás de xisto também é possível obter o óleo de xisto, semelhante ao petróleo, que se concentra nas rochas.

Fotografia. 
Estrutura metálica para extração de petróleo posicionada numa área plana e desértica. A estrutura contém roldanas, cabos e hastes que controlam o movimento de perfuração do solo, com duas camadas de base e uma estrutura horizontal no topo à esquerda.
Os Estados Unidos produzem cêrca de 80% da energia que consomem. As principais fontes de recursos energéticos são os combustíveis fósseis, em especial o petróleo. O principal local de extração desse produto no território do país é o estado do Texas. Na fotografia, área de extração petrolífera no Texas, Estados Unidos (2020).

EXPLORAÇÃO DO GÁS DE XISTO

Infográfico. Exploração do gás de xisto
O infográfico mostra, por meio de bloco-diagrama, textos e ilustrações, o processo de exploração do gás de xisto via perfuração na superfície e passagem de tubulação nas camadas inferiores do solo até a camada de xisto, abaixo do lençol freático. 
À esquerda, bloco-diagrama mostrando, na superfície, uma área com grama, um tanque de água, tonéis de armazenamento, caminhões e uma torre de extração com a tubulação que perfura o solo, cruza uma área pelo lençol freático e chega até a camada de xisto, a mais de um quilômetro de profundidade. O cano é vertical e quando atinge a camada de xisto ele muda a direção para horizontal. Associado ao bloco-diagrama, os seguintes textos explicativos:
Perfuração vertical: Uma tubulação é inserida no solo até a camada de xisto, que pode chegar a profundidades de até 3,6 quilômetros. As paredes do poço são revestidas de concreto. Perfuração horizontal: ao atingir a camada de xisto, a perfuração passa a ser horizontal, podendo atingir até 1,2 quilômetro de extensão. Lençol freático: há risco de contaminação do lençol freático durante a extração do gás. 
No alto do infográfico, mais ao centro, duas ilustrações representam a fratura hidráulica. A primeira mostra a perfuração horizontal e as explosões que causam as fissuras na capa de concreto, em direção à camada de xisto. A segunda, mostra a penetração de água, areia e gás na perfuração do cano e em direção às fissuras causadas pela explosão. Os seguintes textos acompanham essas duas ilustrações: A capa de concreto da seção horizontal é perfurada com uma série de explosões controladas, que abrem fissuras na camada de xisto. Em seguida, é injetada uma mistura de água, areia e soluções químicas que penetra nas fissuras, abrindo caminho para a saída do gás.
A tecnologia que favorece a extração do gás de xisto, tornando-o economicamente viável, é conhecida como fraturamento (fracking) de placas de xisto. Essas placas se situam no subsolo, a cêrca de 1.000 metros de profundidade. O óleo é encontrado entre as rochas, mas, em geral, é produzido por meio do aquecimento do xisto. Fonte: CAVA, Luis Tadeu. Gás de xisto (shale gas). Mineropar – Serviço geológico do Paraná. 19 fev. 2017. Disponível em: https://oeds.link/2XcU3S. Acesso em: 12 ago. 2022.

Em busca da autossuficiência

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Meio ambiente’, composto de uma tarja retangular de fundo marrom claro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Meio ambiente’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Em 2015, os Estados Unidos tornaram-se o maior produtor de petróleo do mundo, ultrapassando grandes produtores mundiais, como a Rússia e a Arábia Saudita. A exploração do óleo de xisto levou o país a diminuir a importação de petróleo, reduzindo significativamente sua dependência do mercado mundial, dominado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (ôpép), formada majoritariamente por países do Oriente Médio, que exercem grande influência sobre o preço do barril. Os Estados Unidos estão em busca da autossuficiência energética.

No mesmo ano de 2015, a China tomou o lugar dos Estados Unidos como maior importador mundial de petróleo. Essa nova realidade impactou significativamente o cenário político global. Com a redução da dependência estadunidense em relação ao petróleo do Oriente Médio, houve a diminuição do peso dessa região em seus interesses estratégicos, enquanto a China passou a depender cada vez mais do petróleo produzido no Oriente Médio e na África.

Questão ambiental

Devido ao alto consumo de combustíveis fósseis, os Estados Unidos estão entre os maiores poluidores do mundo, ficando somente atrás da China. O país foi responsável em 2019 (antes da pandemia de covíd-19, quando houve uma redução nas emissões globais) por 11% de toda a emissão de cê ó dois no mundo, contra 27% da China no mesmo ano. No acumulado histórico, porém, de 1850 a 2020, os Estados Unidos sozinhos foram responsáveis por quase um quarto das emissões mundiais de cê ó dois.

Apesar dos números elevadíssimos, os Estados Unidos, durante a gestão de dônald trãmp, deixou de adotar medidas de contenção da poluição atmosférica, chegando a retirar-se de acordos internacionais voltados para a preservação do meio ambiente. O sucessor de trãmp, jou baiden, retomou tais acordos e alimentou promessas de melhorar a atuação dos Estados Unidos em relação aos temas ambientais.

Fotografia. Vista de uma usina termelétrica. Em primeiro plano, uma rodovia e, à direita, uma estrutura de tamanho médio, cinza e arredondada. Ao fundo, um grande galpão horizontal, três chaminés liberando fumaças no céu azul e estruturas metálicas.
O Plano de Energia Limpa (Clean Power Plan, em inglês), instaurado pelo então presidente Barack Obama, visava restringir as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa. Na fotografia, usina termelétrica localizada em Tampa, Estados Unidos (2021). Nos próximos anos, essa usina substituirá a queima de carvão por gás natural.

População e território

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Segundo o órgão governamental responsável pelo censo estadunidense, em 2021 o país tinha cêrca de 332 milhões de habitantes, uma das maiores populações do mundo.

O perfil populacional dos Estados Unidos foi influenciado pela chegada dos colonizadores europeus no século dezesseis, que praticamente dizimaram os indígenas nativos e, a partir do século dezessete, levaram um grande número de africanos escravizados para trabalhar, principalmente, nas plantações do sul do país. No século dezenove, imigrantes, especialmente europeus, também desembarcaram no país. Esse fluxo migratório teve forte impacto na composição étnica do país, na qual predomina a população branca, como demonstra o gráfico disposto a seguir.

Em virtude de condições naturais, existem no país vastos espaços pouco povoados, como o Alasca, de clima muito frio; o Arizona, de climas árido e semiárido; e as áreas de relevo montanhoso, no oeste. No nordeste, encontram-se as maiores densidades demográficas, especialmente na área que abrange as cidades de Boston, Nova iórque e Washington. A região dos Grandes Lagos também apresenta grande concentração populacional, com destaque para a cidade de Chicago. Na costa oeste, as cidades com maior densidade demográfica são Seattle, San Diego, São Francisco e Los Angeles.

A maior megalópole norte-americana, conhecida como Bos-Wash, estende-se de Boston a Washington, englobando uma fatia significativa da população dos Estados Unidos. A segunda maior, chamada San-San, situa-se na costa oeste, entre São Francisco e San Diego, na Califórnia, e a terceira maior, Chi-Pitts, abrange a área situada entre Chicago e Pittsburgh, próximo à região dos Grandes Lagos.

ESTADOS UNIDOS: POPULAÇÃO (2021)

Gráfico. Estados Unidos: população (2021)
Gráfico de setores com informações sobre a distribuição populacional dos Estados Unidos, contendo a seguinte representação: Brancos: 76,3 por cento; Negros: 13,4 por cento; Asiáticos: 5,9 por cento; Indígenas e nativos do Alasca: 1,3 por cento; Outros grupos: 3,1 por cento.
Elaborado com base em dados obtidos em: UNITED STATES CENSUS BUREAU. QuickFacts: United States. Washington, DC: U.S. Census Bureau, julho. 2021. Disponível em: https://oeds.link/s9CQzw. Acesso em: 24 março. 2022.

ESTADOS UNIDOS: NÍVEL DE DENSIDADE DEMOGRÁFICA E MEGALÓPOLES (2015)

Mapa. Estados Unidos: nível de densidade demográfica e megalópoles (2015)
Trata-se de uma representação do território da América do Norte (exceto o sul do México e o extremo leste do Canadá), com destaque para os Estados Unidos, incluindo o Alasca. O mapa representa o nível de densidade demográfica (habitantes por quilômetro quadrado) dos Estados Unidos. As cores mais claras, representam níveis de densidade mais baixos, enquanto cores mais escuras, representam níveis de densidade mais altos.
Áreas com baixa densidade demográfica: Alasca, região central e meio oeste dos Estados Unidos. 
Áreas de média densidade demográfica: porções centro-leste (dos Grandes Lagos, ao norte, até o sul, na cidade de Austin), sudeste e extremo nordeste dos Estados Unidos; 
Áreas de alta densidade demográfica: algumas zonas localizadas no nordeste (de Boston até Pittsburgh e Washington), na costa oeste, sobretudo em São Francisco e San Diego, além de algumas manchas regiões sul e sudeste do território, com destaque para Houston e Atlanta. 
Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 620 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. sétima edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2016.página. 70.

Imigração

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Em virtude de sua posição de liderança econômica no mundo ocidental, principalmente a partir de 1980, os Estados Unidos passaram a atrair milhões de imigrantes, majoritariamente latino­‑americanos e asiáticos.

Desde então, o fluxo imigratório ilegal aumentou consideravelmente. Milhares de imigrantes provenientes da América Latina cruzaram a fronteira sem permissão legal para se estabelecer e trabalhar no país. Ao serem descobertas pelas autoridades, muitas dessas pessoas, que vivem em situação irregular nos Estados Unidos, são deportadas, ou seja, enviadas de volta a seu país de origem.

Para evitar a entrada ilegal pelo México, foram criadas leis rígidas, a vigilância policial nas fronteiras foi intensificada e uma enorme barreira foi construída no trecho de fronteira entre San Diego, nos Estados Unidos, e Tijuana, no México. O presidente dônald trãmp, desde a campanha eleitoral, manifestou a intenção de construir novas barreiras ao longo de toda a fronteira com o México. A promessa não foi cumprida, mas sua gestão estimulou o sentimento anti-imigração.

Embora parte da população dos Estados Unidos considere indesejados os imigrantes, pois significam despesas para os governos locais e concorrem para ocupar postos de trabalho, o país busca mão de obra barata e menos qualificada para realizar trabalhos pesados e de baixa remuneração, em geral pouco atrativos aos cidadãos estadunidenses. As minorias étnicas são discriminadas em termos econômicos e sociais, e os imigrantes se concentram em comunidades formadas por pessoas da mesma nacionalidade.

Fotografia. Sob um dia de céu azul, um homem usando boné vermelho, camiseta branca, calça preta e mochila verde, está andando sobre um piso de areia; ao lado dele e por toda extensão horizontal, há um muro alto, formado por barras grossas e predominantemente vermelhas. Acima das barras, arames em formato circular.
Em 1994, começou a ser construída uma barreira com quase 1.400 quilômetros de extensão na fronteira entre México e Estados Unidos, como tentativa de impedir a entrada de imigrantes ilegais. Tijuana, México (2021).
Fotografia. Cena de trabalhadores rurais no campo. Ao lado esquerdo, três homens, um manuseia uma caixa e outros dois seguram alfaces. À direita, duas pessoas estão atrás de um balcão onde estão mais alfaces. Ao fundo, uma plantação e uma área não plantada desfocada.
Dos cêrca de 24 milhões de imigrantes que vivem nos Estados Unidos, estima-se que 11 milhões estejam em situação ilegal. Na fotografia, imigrantes ilegais trabalhando em colheita na Califórnia, Estados Unidos (2017).
Ícone. Ícone indicativo de ‘Sugestão de vídeo’. O ícone corresponde à ilustração de um projetor de cinema na cor rosa.
Um dia sem mexicanos. Direção: Sérgio Arau. Estados Unidos, 2004. Duração: 100 minutos. O filme retrata a situação dos mexicanos que vivem na Califórnia, nos Estados Unidos, e promove uma reflexão sobre a importância da presença desses imigrantes no país. Gran Torino. Direção: clínt ístiud. Estados Unidos/Austrália, 2008. Duração: 116 minutos. Um veterano de guerra xenófobo passa a ter como vizinha uma família imigrante. A convivência com a família faz com que ele repense suas atitudes e seu preconceito em relação aos estrangeiros.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

A questão das migrações internacionais

[Locutor]: [Tom de apresentação] Neste áudio, o sociólogo Dimitri Fazito de Almeida Rezende, professor da UFMG, explica as migrações internacionais e aborda, em especial, o caso dos Estados Unidos em relação aos demais países latino-americanos. Vamos ouvi-lo?

[vinheta de transição]

[Professor]: Olá, pessoal!

[Professor]: [Tom de apresentação] Hoje eu vou conversar com vocês sobre as migrações internacionais. Esse fenômeno que implica, necessariamente, a mudança de residência, de um lugar, na origem, um país, atravessando as fronteiras para viver em um outro país.

[Professor]: [Tom de explicação] Existem tipos diferentes de migração internacional, a gente pode considerar fundamentalmente, de acordo com a motivação, principalmente um tipo de migração econômica, visando, por exemplo, ao trabalho e estudo em um outro lugar, ou também um tipo de migração forçada, quando o indivíduo é obrigado a deixar o seu lugar de origem.

[Professor]: Esse tipo de migração são aquelas consideradas as migrações de refugiados, e também os deslocamentos internos nos países, que tem a ver basicamente com desastres ambientais ou com projetos de grande envergadura que obrigam as pessoas a deixarem seu lugar de origem mesmo quando elas não querem realmente deixar aquele lugar.

[Professor]: Os principais fluxos de migração internacional são ligados àqueles países também que tem as maiores populações do mundo, especialmente a Índia e a China, países que enviam muitos imigrantes, imigrantes internacionais, especialmente para países no Oriente Médio, na África Oriental, e também para os Estados Unidos e a Europa Ocidental.

[Professor]: Um outro grande fluxo extremamente importante é exatamente a migração de mexicanos para os Estados Unidos.

[Professor]: E esse se configura como principal fluxo de migração internacional entre apenas dois países, no caso, México para os Estados Unidos.

[vinheta de transição]

[Professor]: [Tom de explicação] Com relação aos meios da migração, a maneira como os migrantes fazem para chegar aos Estados Unidos, é basicamente em uma travessia legal, legalizada, as pessoas chegam pelos portos de entrada convencionais, oficiais.

[Professor]: Alguns tipos de migração ocorrem de maneira ilegal, fazendo a travessia mais arriscada, utilizando, por exemplo, a ajuda de intermediários que são os chamados coiotes, principalmente na fronteira do México com os Estados Unidos, e também outros agentes que ajudam na falsificação de documentos e a entrada via os postos de imigração convencionais.

[Professor]: No caso da migração latino-americana se faz muito uso, uso frequente da ilegalidade, da travessia ilegal, exatamente porque os Estados Unidos têm políticas migratórias muito severas, e ela é bastante estratificada, ou seja, estabelecem cotas para os migrantes com determinado perfil: perfil de trabalho, perfil de estudo, perfil de origem mesmo, de países.

[Professor]: Isso faz com que o perfil do imigrante, do imigrante regular e do imigrante irregular sejam bastante diferentes.

[Professor]: Claramente aqueles migrantes regulares, os legalizados, normalmente têm alta escolaridade, por exemplo, ou então têm capital. Já os migrantes ilegais, eles normalmente são pessoas que têm uma baixa qualificação; não necessariamente, porque a gente encontra pessoas relativamente qualificadas, mas que por algum motivo não preencheram exatamente a cota estabelecida pelo governo americano.

[Professor]: Se a gente pensar em termo das motivações das pessoas, claramente em um primeiro momento a gente sempre pensa na questão econômica, as pessoas querem ir para um lugar onde elas vão ter uma qualidade de vida melhor do que elas tinham na origem, mas muitas vezes não é só isso.

[Professor]: Algumas pessoas têm questões, por exemplo, familiares, que a gente chama de reunificação familiar: alguém que tem um pai ou uma mãe, ou irmãos, parentes, amigos que vivem já nos Estados Unidos e essas pessoas querem ir para lá exatamente para reencontrar os seus entes queridos.

[Professor]: Isso faz com que, muitas vezes, as pessoas se arrisquem bastante para realizar esse sonho de viver em um outro país, para ter uma qualidade de vida melhor junto com as pessoas que fazem parte do seu círculo de amizade.

[Professor]: Isso também nos ajuda a entender porque que, mesmo com políticas migratórias às vezes muito rígidas e muito ruins, na verdade, para o imigrante, as pessoas continuam procurando outros locais para se estabelecer, como é o caso principalmente dos Estados Unidos, que é considerada a terra da realização, do grande sonho americano.

[Professor]: E é claro que isso gera impactos, de diversas magnitudes e dimensões diferentes, por exemplo, impactos culturais, econômicos, sociais, políticos e religiosos, tanto na origem quanto no destino.

[Professor]: Esse fato, por um lado, pode ser positivo, gerando exatamente maior diversidade, o caso da democracia americana, fortalecendo a democracia americana, pode fortalecer economicamente gerando mais mercado, mais demanda etc.

[Professor]: Por outro lado, pode haver aspectos negativos, por exemplo, o caso de uma fragmentação social quando esse caldeirão, de uma certa forma, ele cria exatamente determinadas competições entre grupos de imigrantes com origens étnico-raciais e religiosas diferentes. Isso pode levar a alguma tensão social, conhecida especialmente por todos nós como os casos de xenofobia, os famosos casos de xenofobia e discriminação.

[Professor]: [Tom de conclusão] Bom, pessoal, então é isso que eu tinha para falar hoje, espero que vocês tenham gostado e continuem estudando sobre as migrações internacionais. Até mais!

[vinheta de encerramento]

Questão racial

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Cidadania e Civismo’, composto de uma tarja retangular de fundo azul escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Cidadania e Civismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Até meados do século vinte, a segregação entre negros e brancos era praticada principalmente no sul dos Estados Unidos, e os negros não tinham assegurados muitos dos direitos civis, como o do voto. Na década de 1960, as restrições legais contra os negros foram abolidas, mas isso não significou o fim do racismo e da desigualdade na sociedade estadunidense. Ainda hoje, grande parte da população negra vive em condições sociais e econômicas piores que as da população branca.

Nos estados do sul do país, a situação é mais problemática, pois essa região concentrou uma das maiores populações escravizadas das Américas, empregada principalmente nas fazendas de algodão.

A mentalidade racista fortalecida nesse contexto ainda não desapareceu em grande parte desses estados, nos quais a população negra encontra mais dificuldades de integração e sofre muitos tipos de violência até hoje.

Um dos casos recentes de violência policial mais emblemáticos contra uma pessoa negra nos Estados Unidos acabou com o assassinato de George Flóid em maio de 2020, na cidade de Minneapolis. Durante uma abordagem, um policial branco imobilizou Flóid mantendo os joelhos sobre seu pescoço durante 8 minutos e 46 segundos, levando-o à morte por asfixia. O crime com conotações racistas desencadeou uma onda de manifestações em várias cidades dos Estados Unidos e de outros países, marcadas por palavras de ordem destacando a frase “Black lives matter” (em português, “vidas negras importam”).

Fotografia. Uma mulher de cabeça baixa segura um celular em uma das mãos e, na outra, um cartaz grande com o rosto de um homem negro de cabelo curto e usando blusa preta.
Manifestante segura um cartaz com o retrato de George Flóiddurante protesto em Washington, Estados Unidos. Fotografia de 2020.
Fotografia. Uma multidão de pessoas reunidas em um dia de sol. Algumas delas usam máscara de proteção sobre nariz e boca; algumas pessoas estão com os braços erguidos e os pulsos fechados e outras seguram cartazes com os dizeres 'Black Lives Matter'.
Milhares de manifestantes se reúnem em Chicago, Estados Unidos, para pedir justiça pela morte de George Flóid (2020).
Titulo do carrossel
Imagem meramente ilustrativa

Gire o seu dispositivo para a posição vertical

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Mundo em escalas’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por dois pinos de localização conectados por setas, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo verde claro com a inscrição ‘Mundo em escalas’ grafada em letras brancas.

Mundo em escalas

O movimento negro brasileiro e sua importância global

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Há mais de um século, o movimento negro luta pela igualdade racial e contra a discriminação, a xenofobia e outras fórmas de intolerância. Esse movimento é mais atuante em países que abrigam uma parcela significativa de população negra vivendo em situação de segregação social, como os Estados Unidos e o Brasil. Os dados indicam que, nesses países, os índices de homicídios que envolvem a população negra ainda são muito superiores aos da população branca.

Leia o texto a seguir.

ONU Mulheres enfatiza fôrça do movimento negro nacional e internacionalmente

O Brasil tem um movimento negro bastante forte nacional e internacionalmente, e é graças a ele que o tema do racismo estrutural passou a ser abordado no país. A afirmação foi feita pela gerente de programas da ônu Mulheres, Ana Carolina Querino reticências.

“O movimento negro teoriza bastante, denuncia bastante, tem sido atuante. É em função das ações desse movimento que o tema passou a ser tratado, que começaram a vir as primeiras respostas do Estado brasileiro para a questão racial no país”, disse Ana.

Fotografia. Passeada com muitas pessoas em uma via larga, dividindo o espaço com ônibus e carros. Viaturas e motos da polícia acompanham a passeata. No primeiro plano,  mulheres seguram uma faixa horizontal com o texto: MARCHA DAS MULHERES NEGRAS. Ao fundo uma grande aglomeração, com pessoas carregando diversas faixas, bandeiras, balões e cartazes. Do lado direito da foto, calçada com pessoas andando e acompanhando a multidão.
Marcha Nacional das Mulheres Negras realizada em Brasília, Distrito Federal (2015).

Segundo a gerente da ônu Mulheres, foi por conta do movimento negro brasileiro que a própria autoestima da população afrodescendente passou a crescer, assim como o reconhecimento. “Essa proporção de 53% de afrodescendentes (no Brasil) aumentou ao longo da década de 1990 e 2000 em função de campanhas implementadas pelo movimento negro com o mote ‘não deixe sua cor passar em branco’”, explicou. reticências

De acordo com Ana, o Brasil passou por um bom tempo de negação da questão, com a prevalência da falsa noção de democracia racial, apesar de toda a desigualdade e segregação enfrentada pelos negros na sociedade brasileira. reticências

Ana citou alguns dados sobre o racismo estrutural presente no país: 70% dos pobres são negros; dois em cada três assassinatos são de negros; as diferenças salariais são enormes entre brancos e negros; as cotas criadas nos anos recentes para o acesso dos negros às universidades ainda não estão tendo efeito no mercado de trabalho, entre outros.

Ela endossou a importância da Década Internacional de Afrodescendentes 2015-2024, aprovada há dois anos pelas Nações Unidas. O Brasil tem tido papel ativo na definição das ações da Década, que incluem campanhas contra a mortalidade dos jovens negros, valorização da mulher negra, combate ao racismo institucional, valorização dos quilombolas e das religiões de origem africana, reconhecimento das figuras negras nos diversos âmbitos do conhecimento, entre outras.

NAÇÕES UNIDAS. ônu Mulheres enfatiza fôrça do movimento negro nacional e internacionalmente. Brasília, Distrito Federal: ônu Brasil, 14 junho. 2017. Disponível em: https://oeds.link/se8Trw. Acesso em: 24 março. 2022.

Fotografia. No primeiro plano, destaque para uma faixa de fundo branco com o texto: ‘’MARCHA DAS MULHERES NEGRAS DE SÃO PAULO – POR NÓS, POR TODAS NÓS E PELO BEM VIVER! EXIGIMOS O FIM DA NEGLIGÊNCIA E VIOLÊNCIA DO ESTADO’’. Atrás da faixa, algumas pessoas aparecem e, ao fundo, há prédios altos e postes de iluminação.
Mulheres negras realizam marcha em defesa de seus direitos e contra a violência e o racismo. São Paulo, São Paulo (2018).
  1. Qual é a importância do movimento negro para o Brasil e para outros países do mundo?
  2. Seguindo a tendência mundial, nos últimos anos o movimento negro no Brasil ganhou fôrça por meio da internet e das redes sociais. Você saberia dizer quais são os pontos positivos e negativos do uso desses meios?

Formação territorial

Atualmente, o território dos Estados Unidos está dividido em 50 estados. Dois deles não estão em terras contínuas: o Alasca, que é uma península localizada a noroeste do Canadá, e o arquipélago do Havaí, no oceano Pacífico, anexado em 1898 depois da derrubada da monarquia nativa cinco anos antes.

Esse espaço territorial se consolidou após o processo de colonização empenhado pelos europeus a partir do século dezesseis, culminando na formação das Treze Colônias inglesas da América do Norte, consideradas o princípio do que viriam a ser os Estados Unidos da América. As Treze Colônias, representadas no mapa a seguir, tiveram diferentes processos de ocupação do espaço, atividades econômicas e relações com a Inglaterra. No entanto, elas se uniram e aprovaram a Declaração de Independência em 4 de julho de 1776.

AS TREZE COLÔNIAS (SÉCULOS dezessete-dezoito)

Mapa. As Treze Colônias (séculos dezessete e dezoito). 
Mapa com destaque para as colônias da costa leste dos Estados Unidos, representadas por cores. São elas: Massachussets, New Hampshire, Nova York, Connecticut, Pensilvânia, Nova Jersey, Maryland, Delaware, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia. Ao lado esquerdo do mapa, em direção ao centro do território estadunidense, os rios Mississípi, Tennessee, Cumberland, Ohio, a região dos grandes lagos e os nomes Louisiana e Nova França. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 270 quilômetros.
Fonte: bertã jac; vidal naquet piérre.Atlas histórico. Lisboa: Círculo de Leitores, 1990. página. 233.

As colônias do Norte

Nas regiões que correspondem ao norte e ao centro da costa leste, desenvolveram-se colônias baseadas em pequenas e médias propriedades agrícolas policultoras, nas quais predominava o trabalho livre e assalariado. A produção dessas colônias era voltada para o mercado interno.

Essas terras não possuíam jazidas de ouro ou prata e, por estarem situadas em áreas de clima temperado, nelas não podiam ser cultivados gêneros tropicais, valorizados na Europa. Com isso, sua colonização acabou por atender às necessidades da própria região, que alcançou certa autonomia econômica em relação à Inglaterra, podendo negociar os excedentes de produçãoglossário com outras regiões.

As grandes propriedades agrícolas do Sul

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

No Sul, estabeleceram-se colônias baseadas em grandes propriedades agrícolas monocultoras e no trabalho realizado por escravizados. A produção era voltada para o mercado externo, com características semelhantes às da colonização do Brasil. As relações com a Inglaterra eram de dependência, pois a maioria dos produtos destinava-se a abastecer o mercado inglês e, de lá, seguia para outros países europeus. Já os produtos de luxo consumidos nas colônias pelas famílias dos grandes proprietários rurais vinham da Inglaterra.

Pintura. Ocupando a maior parte da imagem, uma construção retangular de madeira, encoberta por um telhado e com diversas folhas no topo; no centro há um homem manuseando um objeto redondo com um bastão; ao fundo há duas pessoas, sendo que a mais alta está com as mãos erguidas em direção a parte superior da construção; à direita, um homem está em pé ao lado de um objeto cilíndrico com fios avermelhados. Fora da área coberta, na parte inferior a esquerda, uma pessoa está sentada no chão e segura folhas e gravetos. À direita, uma plantação com folhas verdes.
Biasioli, Angelo. Escravos preparando tabaco no estado da Virgínia, Estados Unidos. centésima. 1820. Gravura, 23 centímetros por 30 centímetros. Bibliotecas do Instituto Smithsoniano, Washington, Estados Unidos.

Essas diferenças entre as colônias marcaram profundamente o novo país e culminaram, quase um século depois da Declaração da Independência, no conflito conhecido como Guerra de Secessão (1861-1865).

A Guerra de Secessão

Após a independência, as contradições entre os estados do Norte e os do Sul acentuaram-se. No Sul, os proprietários das fazendas de algodão detinham o poder político e eram contra a abolição da escravatura. No Norte, os donos de indústrias têxteis detinham o poder econômico e desejavam o fim da escravidão.

A eleição de Êibrarram Linkónpara a presidência dos Estados Unidos, em 1860, acirrou ainda mais esse antagonismo, pois o novo presidente representava os interesses do Norte. Insatisfeitos com o discurso de Lincon, onze estados, a maioria do Sul, separaram-se da União, formando os Estados Confederados da América. O Norte não aceitou a ruptura e, em 12 de abril de 1861, iniciou-se a Guerra de Secessão, que terminou em 1865 com a vitória do Norte. Vencido, o Sul foi subjugado aos interesses políticos e econômicos dos adversários.

O imperialismo

Com a consolidação da independência estadunidense ameaçada pela Europa, foi lançada em 1823 a Doutrina Monroe, editada por DjeimesMonroe, presidente dos Estados Unidos entre 1817 e 1825. Sintetizada na frase “A América para os americanos”, a doutrina estabelecia o compromisso de os Estados Unidos não intervirem nas questões europeias, desde que a Europa não interferisse politicamente no continente americano. Assim, o governo estadunidense deixava claro para os países europeus que qualquer tentativa de recolonizar os territórios americanos, após a independência das antigas possessões, seria considerada um ato de hostilidade contra os Estados Unidos.

Houve, portanto, uma intensificação da política externa dos Estados Unidos, com o intuito de influenciar determinadas áreas estratégicas, notadamente na América Latina. A estratégia dos Estados Unidos podia ser observada, por exemplo, no interesse que o país demonstrava pela região amazônica já no século dezenove, como vemos no trecho a seguir.

A região amazônica, potencialmente rica, ainda que despovoada e desprotegida, era alvo de interesse especial. Para defendê-la, o Brasil fechou a área ao comércio e às viagens internacionais. reticências Tais receios não eram de todo infundados. Em 1849, métiu fontêin mouri, tenente da marinha americana, pediu a abertura da Amazônia e sua colonização pelos norte-americanos.

topíque, istiven C. Comércio e canhoneiras: Brasil e Estados Unidos na Era dos Impérios (1889-1897). Tradução: Ângela Pessoa. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. página. 107.

Charge. 
Em preto e branco, a charge ilustra, ao lado direito, um homem de cabelo liso, sobrancelhas grossas, queixo comprido, usando chapéu redondo, casaco escuro, calça listrada, segurando uma vara com uma cabeça de águia na parte superior. A vara está apontada para o chão, em direção aos dizeres "Monroe doctrine". À esquerda, e de frente ao homem com a vara, um homem usando chapéu redondo, casaco escuro de botão, calça e botas e segurando uma bengala debaixo do braço, acompanhado de outro homem com capacete redondo e traje militar de peitoral e botas. Ao fundo, a silhueta de uma paisagem montanhosa.
rógers, W. A. Isto é uma linha viva, senhores. 1902. Desenho a caneta e tinta. Na charge, Tio Sam alerta a Inglaterra e a Alemanha, interessadas na Venezuela, a não transgredirem os limites do território americano.

A expansão territorial para o oeste

A política externa estadunidense passou a endurecer ainda mais, adquirindo um caráter expansionista em 1845. A partir de então, foi incentivada a conquista de terras a oeste do país, visando chegar até o oceano Pacífico. Os políticos e a imprensa justificavam a expansão recorrendo à doutrina chamada de Destino Manifesto. Segundo essa construção ideológica, os estadunidenses seriam um povo eleito, com a missão moral de se apropriar das terras do oeste e de outras regiões da América.

A expansão territorial dos Estados Unidos para o oeste foi muito rápida e envolveu:

  • compra de terras da França e da Espanha;
  • tratados com a Inglaterra;
  • guerras com o México, que saiu bastante prejudicado, pois acabou perdendo uma extensa área que ia do Texas à Califórnia.

A conquista do oeste contou com a participação de muitos imigrantes europeus: o governo garantia aos imigrantes a posse definitiva de um lote de terras conquistadas, caso as cultivassem ou criassem gado nelas por cinco anos.

Observe no mapa os territórios conquistados pelos Estados Unidos entre 1803 e 1853.

ESTADOS UNIDOS: EXPANSÃO TERRITORIAL (1803-1853)

Mapa. Estados Unidos: expansão territorial (de 1803 a 1853). 
O mapa representa o território dos Estados Unidos entre as fronteiras do México (ao sul) e Canadá (ao norte). O mapa destaca:
Estados antes da independência: Maine, Vermont, New Hampshire, Nova York, MassachusetTs, Rhode Island, Connecticut, Nova Jersey, Maryland, Delaware, Pensilvânia, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia. 
Territórios cedido pela Inglaterra em 1783: Michigan, Ohio, Indiana, Illinois, Kentucky, TennessEe, Mississípi, Alabama, Wisconsin. 
Territórios comprados da França em 1803: Nebraska, Kansas, Oklahoma, Ohio, Missouri, Arkansas, Louisiana. 
Territórios comprados da Espanha em 1819: Flórida. 
Territórios adquiridos em acordo com a Inglaterra em 1846: Óregon. 
Territórios tomados do México em 1848: Nevada, Califórnia, Utah, Novo México, Texas (adquirido do México em 1845). 
Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 345 quilômetros.
Fonte: bertã jac; vidal naquet piérre. Atlas histórico. Lisboa: Círculo de Leitores, 1990. página. 233.

Ler o mapa

Que diferença é possível notar na expansão territorial dos Estados Unidos antes e após a Doutrina Monroe, lançada em 1823?

A expansão imperial

Depois de atingida a costa do Pacífico, teve início um segundo momento da expansão dos Estados Unidos, com a aquisição do Alasca, comprado da Rússia em 1867.

A ambição expansionista ficaria ainda mais evidente na última década do século dezenove. Em 1898 iniciou-se a Guerra Hispano-Americana. Depois de enviar tropas em apoio aos cubanos, que lutavam por sua independência, os Estados Unidos anexaram territórios até então pertencentes à Espanha, como a ilha de Porto Rico, no Mar do Caribe, e o arquipélago das Filipinas, no Pacífico.

Fotografia. Em um pátio escolar com pilastras altas e bandeirinhas penduradas no alto, há duas mesas retangulares com folhas e duas pessoas sentadas. Próximo às mesas, quatro homens e uma mulher estão em pé.
Devido ao estatuto de estado livre associado de Porto Rico, os cidadãos porto-riquenhos são também considerados cidadãos estadunidenses. Em junho de 2017, um referendo indicou que há interesse da população porto-riquenha em que a ilha se torne o 51º estado dos Estados Unidos, o que depende de aprovação no Congresso estadunidense. Fila para votação na cidade de Guaynabo, Porto Rico (2017).

Cuba permaneceu ocupada por tropas estadunidenses até 1902. Depois disso, uma emenda imposta à Constituição cubana, a Emenda Platt, deu ao governo dos Estados Unidos o direito de intervir na ilha a qualquer momento. A emenda permaneceu em vigor até 1933, quando uma revolta popular conseguiu estabelecer um governo por cem dias e aprovar algumas mudanças na ilha.

Em 1893, os Estados Unidos invadiram o arquipélago do Havaí, instituindo uma república com um presidente de nacionalidade estadunidense. Cinco anos depois, a República do Havaí foi anexada pelo governo de Washington. Em 1900, tornou-se oficialmente um território dos Estados Unidos. O arquipélago tornou-se um estado dos Estados Unidos apenas em 1959.

Os Estados Unidos, além de exercer sua hegemonia econômica sobre territórios da América Central, manifestam influência político-territorial ao dominar possessões nos oceanos Atlântico e Pacífico.

Fotografia. Em primeiro plano, gramado, vegetação formada por árvores e poucas construções. Em segundo plano, à esquerda, uma faixa de mar e areia e, à direita, prédios adensados e de diferentes tamanhos. Em terceiro plano, construções mais baixas, terreno elevado à esquerda e céu claro com nuvens.
Centro de Honolulu, no Havaí, um dos 50 estados dos Estados Unidos (2022).

Presença mundial

Como grande potência econômica e militar, os Estados Unidos marcam presença em diversas partes do mundo por meio de empresas transnacionais, bases militares e de sua frota marítima estacionada em todos os oceanos, com o objetivo de defender seus interesses econômicos e estratégicos e conservar suas áreas de influência.

Intervencionismo

Os Estados Unidos têm grande poder de decisão nas questões políticas atuais e exercem forte influência sobre instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ônu) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), até mesmo agindo contrariamente a elas, algumas vezes. Encontrando pouca oposição, o país passou a intervir livremente em conflitos locais ou mundiais, buscando soluções que, muitas vezes, atendem apenas a interesses estadunidenses, sejam do governo, sejam de empresas privadas.

Em 2003, por exemplo, os Estados Unidos invadiram o Iraque sem o aval da ônu, sob a alegação de que o país armazenava armas de destruição em massa. Essas armas, no entanto, nunca foram encontradas. Entre outros motivos estratégicos, o governo estadunidense desejava ter o Iraque sob sua influência pelo fato de ele abrigar uma das maiores reservas de petróleo do mundo.

Em 2011, fôrças da Otan, lideradas pelos Estados Unidos, intervieram militarmente na Líbia, ajudando os rebeldes na luta para depor o ditador Muamar Kadafi. É importante lembrar que a Líbia também é rica em petróleo.

Fotografia. Área plana e aberta, de terra seca. No primeiro plano, bandeira dos Estados Unidos hasteada e tremulando e alguns sacos dispostos no chão. Atrás, dois soldados caminhando e, ao fundo, barracas brancas paralelamente enfileiradas. Céu azul.
Bandeira dos Estados Unidos hasteada durante invasão do território iraquiano, em Bagdá, Iraque (2003).

Organização do Tratado do Atlântico Norte (otâm)

A otâm é uma organização militar criada em 1949 pelos Estados Unidos e pelas principais potências europeias, com o objetivo de combater possíveis agressões dos países socialistas sob liderança da União Soviética durante a Guerra Fria. Atualmente, também fazem parte da otâm alguns dos países ex-socialistas que estiveram sob influência soviética, o que gera muitos atritos com a Rússia. O avanço da Otan em direção ao Leste Europeu é um dos motivos usados pelo governo russo para justificar as ofensivas contra a Ucrânia nos últimos anos.

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Integrar conhecimentos’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por uma mão segurando um globo formado de peças de quebra-cabeça, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo laranja com a inscrição ‘Integrar conhecimentos’ grafada em letras brancas.

Integrar conhecimentos

Geografia e História

Doutrina Monroe e o Big Stick: a influência econômica e militar dos Estados Unidos na América Latina

Como estudamos neste Capítulo, a Doutrina Mônrou foi adotada pelos Estados Unidos, durante o século dezenove, para proteger os países da América de ameaças de colonização por parte de países europeus.

Já no início do século vinte, o presidente teodór rúsvelt (1901 a 1909) ampliou essa política para a esfera econômica e passou a pregar que as empresas estadunidenses deveriam ter privilégios na América Latina.

Com isso, à medida que aumentava o grau de influência econômica, os Estados Unidos assumiam também a política internacional no continente.

Inspirado em um provérbio africano que dizia “fale com suavidade e tenha na mão um grande porrete”, o presidente Rusevélt estabeleceu uma nova política diplomática, denominada Big Stick (Grande Porrete), que não hesitaria em fazer uso da fôrça militar caso os interesses econômicos e valores defendidos pelo país fossem ameaçados.

Charge. Destaque para um homem alto de bigode grosso, usando chapéu redondo branco, e um sobretudo com botões; ele está com uma mão na cintura e com a outra segura um bastão em tons de marrom com o texto: "THE NEW DIPLOMACY". Tanto do lado direito como do lado esquerdo do homem, estão grupos de homens que parecem discutir entre si, alguns membros segurando armas e espadas. O terreno onde todos os personagens estão é um globo terrestre, o que é possível notar pelo formato esférico do local e pelas linhas de fronteira e construções que aparecem ao fundo.
A charge retrata o Big Istíc, a política diplomática estadunidense adotada pelo presidente teodór rúsvelt no início do século vinte. dalrimpou, louis; séqueti end uílram líto end pí tí jí cou The world's constable. niu iórc, 1905. Litografia colorida, 33,6 centímetros por 49,3 centímetros.

Com base nessa política diplomática, os Estados Unidos fizeram diversas intervenções militares em países da América Latina, como Cuba, Panamá, República Dominicana, Honduras, Haiti, Nicarágua e Porto Rico, entre os anos de 1890 e meados do século vinte. Observe alguns exemplos.

Em Honduras

Os Estados Unidos intervieram em Honduras em diversos momentos, de 1911 a 1925. Com a justificativa de restabelecer a ordem no país, o objetivo da intervenção era manter o monopólio das empresas estadunidenses nas atividades agrícolas e de mineração estabelecidas naquele território.

No Haiti

Em 1915, as fôrças militares dos Estados Unidos desembarcaram no Haiti e pressionaram o governo local a transferir o contrôle das alfândegas, das ferrovias, do banco estatal e das demais finanças do país para Washington. Os Estados Unidos também buscaram meios para sufocar os movimentos de resistência popular, com uso da violência.

Na República Dominicana

A República Dominicana sofreu intervenções militares estadunidenses em dois momentos diferentes. O primeiro momento, entre 1916 e 1924, foi caracterizado pela mesma justificativa adotada no território haitiano. O interesse dos Estados Unidos nessa ilha também era assumir a administração dos serviços aduaneiros. No entanto, com a resistência do governo local, o país enfrentou uma série de golpes de Estado, provocando diversos conflitos civis e militares.

No segundo momento, os Estados Unidos marcaram a presença no país para apoiar o golpe militar de 1961, que depôs o presidente Ruán bóchi, do Partido Revolucionário Dominicano, com a justificativa de frear o comunismo na região.

AMÉRICA LATINA: INTERVENÇÕES MILITARES (SÉCULOS dezenove-vinte)

Mapa. América Latina: intervenções militares (séculos dezenove e vinte). 
Mapa temático que representa a região do continente americano que abrange Estados Unidos, México, América Central e noroeste da América do Sul (partes de Colômbia e Venezuela). Do território estadunidense saem setas que indicam a intervenções militares dos Estados Unidos em países do continente americano.  
Setas que indicam Influência dos Estados Unidos: Pensacola (entre 1902 e 1958), no litoral sul do país, em direção à Cuba. Da costa leste do país em direção à Venezuela. 
Setas que indicam possessão dos Estados Unidos. Da região de Nova Orleans, em 1903, para o Panamá. Da costa leste do país, em 1898, para Porto Rico (cedido aos Estados Unidos pela Espanha em 1898). Da costa leste do país, em 1917, para às Ilhas Virgens. 
Setas que indicam Protetorado dos Estados Unidos. Da região de Nova Orleans para três destinos: Nicarágua, em 1909, Panamá, em 1903, e Cuba, de 1898 a 1902. Da Flórida para dois destinos: Haiti, em 1915, e República Dominicana, em 1905. 
Setas que indicam ocorrência de ação militar dos Estados Unidos. Da região de Nova Orleans para três destinos: Tampico e Veracruz, ambos no México e em 1916. Cuba, de 1898 a 1903, de 1906 a 1909, de 1917 a 1922.
Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos a escala de 0 a 355 quilômetros.
Fonte: ATLAS de história do mundo. São Paulo: Folha da Manhã, 1995. página 243.
  1. O que foi a política diplomática adotada pelo presidente estadunidense teodór rúsvelt, denominada Big Stick?
  2. Como a Doutrina Monroe e a política do Big Stick contribuíram para a ascensão dos Estados Unidos no cenário internacional?

Poderio econômico e ascensão da China

Apesar de se manter como potência hegemônica há décadas, os Estados Unidos vêm perdendo espaço no campo econômico, entre outras razões, em virtude da ascensão da China no atual cenário internacional. Há, nesse quesito, uma nova conjuntura, caracterizada pela multipolaridade do sistema geopolítico global.

A introdução de reformas políticas e econômicas desde o fim dos anos 1970, com o objetivo de expandir o relacionamento comercial com mercados externos, tem levado a China a registrar índices elevados de crescimento econômico. Atualmente, o país ocupa a segunda posição no ranking dos maiores Produtos Internos Brutos (PIBs) mundiais, é o segundo país com maior volume de exportações e o terceiro com maior volume de importações de mercadorias do mundo (dados de 2018).

A expansão chinesa tem sido encarada como uma ameaça à liderança dos Estados Unidos como potência econômica mundial e gerado tensões geopolíticas entre os dois países. A crise financeira iniciada nos Estados Unidos em 2008 reduziu a atuação do país na região do Pacífico e possibilitou que novos arranjos fossem estabelecidos, aumentando, por exemplo, a participação de produtos industriais chineses nas trocas comerciais entre os países asiáticos.

A China também vem ampliando sua presença no mercado de outras regiões do mundo, incluindo o continente africano e os países latino-americanos. Há alguns anos, as relações comerciais entre Brasil e China têm se intensificado e, atualmente, o país é o principal parceiro econômico do Brasil.

PRINCIPAIS POTÊNCIAS ECONÔMICAS MUNDIAIS: EVOLUÇÃO DO PIB (1980-2020)

Gráfico. Principais potências econômicas mundiais: evolução do Produto Interno Bruto (de 1980 a 2020). 
Gráfico de linhas com eixos horizontal e vertical. O eixo vertical indica a evolução do Produto Interno Bruto em trilhões de dólares; o eixo horizontal indica o período, que varia de 1980 até 2020. Os países são representados por linhas de cores diferentes.
Evolução do PIB (valores em trilhões de dólares). 
Brasil. 1980: 0,1. 1985: 0,1. 1990: 0,4. 1995: 0,8. 2000: 0,7. 2005: 0,9. 2010: 2,1. 2015: 1,9. 2020: 1,8. 
França. 1980: 0,8. 1985: 0,7. 1990: 1,6. 1995: 1,8. 2000: 1,7. 2005: 2,1. 2010: 2,5. 2015: 2,2. 2020: 2,5. 
Índia. 1980: 0,1. 1985: 0,1. 1990: 0,2. 1995: 0,2. 2000: 0,4. 2005: 0,8. 2010: 2,8. 2015: 2,2. 2020: 2,5. 
Reino Unido. 1980: 0,8. 1985: 0,8. 1990: 1,5. 1995: 1,7. 2000: 1,8. 2005: 2,3. 2010: 2,5. 2015: 3. 2020: 2,6. 
Alemanha. 1980: 1. 1985: 1. 1990: 1,9. 1995: 2,5. 2000: 2. 2005: 3,1. 2010: 3,7. 2015: 3,6. 2020: 3,9. 
Japão. 1980: 1,6. 1985: 1,7. 1990: 3,2. 1995: 5,8. 2000: 5. 2005: 5. 2010: 5,9. 2015: 4,5. 2020: 5,6. 
China. 1980: 0,5. 1985: 0,5. 1990: 0,5. 1995: 0,8. 2000: 1. 2005: 2,1. 2010: 6. 2015: 11. 2020: 14,6.
Estados Unidos. 1980: 2,9. 1985: 4,1. 1990: 5,9. 1995: 6,8. 2000: 10,1. 2005: 13. 2010: 15. 2015: 18,1. 2020: 21.
Elaborado com base em dados obtidos em: WORLD BANK. GDP (current US$) – Japan, Germany, United Kingdom, France. Washington, DC: World Bank, 2020. Disponível em: https://oeds.link/nCaQhP. Acesso em: 24 março. 2022.

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Mundo em escalas’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por dois pinos de localização conectados por setas, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo verde claro com a inscrição ‘Mundo em escalas’ grafada em letras brancas.

Mundo em escalas

Investimentos chineses no Brasil

Nos últimos anos, a China vem ampliando sua influência política, cultural e social na América Latina, avançando sobre um reduto antes dominado quase exclusivamente pelos Estados Unidos. Atualmente, o país é o principal parceiro econômico do Peru, do Chile e, sobretudo, do Brasil.

No primeiro trimestre de 2021, por exemplo, as trocas comerciais entre Brasil e China atingiram os 125 bilhões de dólares. Os chineses se tornaram os maiores investidores estrangeiros no Brasil, ultrapassando os Estados Unidos. Observe os gráficos a seguir, que mostram os valores das trocas comerciais entre esses dois países, de 2008 a 2021, e a distribuição dos investimentos chineses no Brasil por setor, entre 2007 e 2020.

BRASIL E CHINA: TROCAS COMERCIAIS (2008-2021)

Gráfico. Brasil e China: trocas comerciais (de 2008 a 2021). 
Gráfico de linhas em eixos vertical e horizontal. O eixo vertical representa o valor das trocas comerciais, em bilhões de dólares, entre Brasil e China. O eixo horizontal representa os anos, de 2008 a 2021. 

2008: 18,3 bilhões de dólares. 
2009: 22,8 bilhões de dólares. 
2010: 32,4 bilhões de dólares. 
2011: 46,5 bilhões de dólares. 
2012: 43,6 bilhões de dólares. 
2013: 49,3 bilhões de dólares. 
2014: 43,9 bilhões de dólares. 
2015: 37,2 bilhões de dólares. 
2016: 37,4 bilhões de dólares. 
2017: 50,1 bilhões de dólares. 
2018: 66,7 bilhões de dólares. 
2019: 65,8 bilhões de dólares. 
2020: 70,1 bilhões de dólares. 
2021: 89,9 bilhões de dólares.
Fonte: BRASIL. Ministério da Economia. Balança Comercial e Estatísticas de Comércio Exterior. Disponível em: https://oeds.link/bb6OhQ. Acesso em: 24 março. 2022.

BRASIL: INVESTIMENTOS CHINESES POR SETOR (2007-2020)

Gráfico. Brasil: investimentos chineses por setor (de 2007 a 2020).
Gráfico de setores com os percentuais relativos aos investimentos chineses entre 2007 e 2020 no Brasil, separados por setor.
Eletricidade, gás e outras utilidades: 31 por cento. 
Indústria manufatureira: 28 por cento. 
Agricultura, pecuária e serviços relacionados: 7 por cento. 
Serviços de tecnologia da informação: 7 por cento. 
Extração de petróleo e gás natural: 7 por cento. 
Serviços financeiros: 6 por cento. 
Obras de infraestrutura: 4 por cento. 
Outros: 9 por cento.
Fonte: CARIELLO, Tulio. Investimentos chineses no Brasil – histórico, tendências e desafios globais (2007-2020). Rio de Janeiro: Conselho Empresarial Brasil-China, 2021. Disponível em: https://oeds.link/n8mGhY. Acesso em: 24 março. 2022.

Como os investimentos chineses no Brasil podem impactar a geopolítica mundial?

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. A barreira construída pelos Estados Unidos em sua fronteira com o México foi capaz de deter a imigração ilegal? O que explica a existência de intensos fluxos migratórios para os Estados Unidos?
  2. Mesmo com trabalho e pagando todos os impostos, muitos imigrantes, por estarem de fórma ilegal em outro país, como os Estados Unidos, são deportados todos os anos.

Sobre essa questão, discuta com um colega: como você reagiria se vivesse em más condições em seu país e recebesse um convite para se mudar para outro país, com perspectivas melhores, porém tendo de se manter lá de fórma irregular?

3. Durante décadas, os Estados Unidos foram o principal parceiro comercial do Brasil. Nos anos 1990, por exemplo, o país era o destino de 20% das exportações brasileiras. Observe o gráfico e, depois, responda às questões:

Qual posição é ocupada atualmente pelos Estados Unidos no ranking dos principais destinos das exportações brasileiras? O país ganhou ou perdeu posição? De que maneira a tendência observada no gráfico reflete os novos arranjos do sistema geopolítico global?

BRASIL: PRINCIPAIS DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES (2021)

Gráfico. Brasil: principais destinos das exportações (2021). 
Gráfico de barras sobre os principais destinos das exportações brasileiras em 2021. No eixo vertical, os nomes dos países ordenados do primeiro ao décimo, acompanhados de suas respectivas bandeiras; no eixo horizontal, o valor das exportações desses países em bilhões de dólares.
Primeiro: China; 87,9 bilhões de dólares. 
Segundo: Estados Unidos; 31,1 bilhões de dólares. 
Terceiro: Argentina; 11,9 bilhões de dólares. 
Quarto: Países Baixos; 9,3 bilhões de dólares. 
Quinto: Chile; 7 bilhões de dólares. 
Sexto: Cingapura; 5,8 bilhões de dólares. 
Sétimo: Coreia do Sul; 5,7 bilhões de dólares. 
Oitavo: México; 5,6 bilhões de dólares. 
Nono: Japão; 5,5 bilhões de dólares. 
Décimo: Espanha; 5,4 bilhões de dólares.
Fonte: BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais. comécs istát. Disponível em: https://oeds.link/7RH40H. Acesso em: 24 março. 2022.

CAPÍTULO 9 Canadá e México

Canadá e México têm em comum a vizinhança com os Estados Unidos, mas são muitas as diferenças entre eles, incluindo as estruturas territorial e social. No México, a população se distribui de maneira irregular por um território de ..1959247 quilômetros quadrados, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Geografia do México. cêrca de 75% dos habitantes vivem no Planalto do México, que apresenta solos férteis de origem vulcânica e climas favoráveis à ocupação humana.

No Canadá, por sua vez, uma das características marcantes é a desproporção entre sua população, que era de pouco mais de 38 milhões de habitantes em 2020, e o tamanho de seu território, que é o maior da América e o segundo maior do mundo, com cêrca de ..9984670 quilômetros quadrados. Essas características fazem do Canadá um país pouco povoado e um dos raros países abertos à imigração. Os descendentes de franceses e, principalmente, de britânicos compõem a maioria da população.

A população canadense tem como uma de suas principais características o amplo acesso a serviços essenciais de qualidade e a condições adequadas de vida. Ainda assim, a população busca por melhorias, como um maior equilíbrio entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

Fotografia. Destaque para uma mulher de cabelo castanho, liso e na altura do ombro; Ela usa óculos de grau de armação redonda, brincos de argola e um macacão azul; ela está em pé, com as duas mãos no bolso. Atrás dela, uma mesa de tampa azul com diversos equipamentos e muitas estantes com ferramentas de manipulação de produtos químicos.
Apesar de ainda ganharem menos que os homens pelo mesmo trabalho, as mulheres canadenses são responsáveis por 47% da mão de obra do país. Na fotografia, pesquisadora em centro de pesquisa localizado em Calgary, Canadá (2020).

Canadá

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Ao longo da fronteira com os Estados Unidos, onde as condições climáticas são mais amenas, encontra-se a maior concentração populacional do país. As áreas mais densamente povoadas são a região dos Grandes Lagos e o vale do rio São Lourenço. Nesses locais, as densidades demográficas ultrapassam 200 habitantes por quilômetro quadrado. As cidades mais populosas são Toronto, Montreal, Quebec e Ottawa, a capital do país. O norte do território canadense, onde ocorrem os climas mais frios, é muito pouco povoado. A densidade demográfica nessa região chega a ser inferior a 1 habitante por quilômetro quadrado.

Estrutura demográfica

Entre os traços distintivos da estrutura demográfica canadense está o alto índice de idosos na população. Esse aspecto decorre da elevada expectativa de vida, acima de 82 anos de idade, associada à baixa natalidade: em 2019, a taxa de natalidade foi estimada em nove vírgula nove por mil.

Imigração

Com o baixo crescimento vegetativo da população, o Canadá tem enfrentado problemas de escassez de mão de obra. Para superá-los, na década de 1990 o governo ofereceu algumas facilidades para entrada de imigrantes. Com isso, cêrca de um milhão de pessoas migraram para o Canadá, atraídas pelas oportunidades de trabalho e pelo elevado nível de vida. Nos últimos anos, porém, foram adotadas medidas restritivas ao ingresso dos imigrantes, dando-se preferência aos profissionais qualificados nas áreas mais carentes de mão de obra.

Etnias e línguas

Os descendentes de franceses e, principalmente, de britânicos formam a maioria da população canadense. O predomínio de pessoas dessas duas origens e a história do Canadá explicam por que o inglês e o francês são os dois idiomas oficiais no país. No entanto, quase 70% da população só fala inglês e apenas uma minoria se expressa nas duas línguas. Outros grupos de europeus, além de indígenas, inuítes, imigrantes asiáticos e latino-americanos, completam a composição étnica do país.

Fotografia. Vista de uma cidade em que, em primeiro plano, há um bairro residencial com árvores sem folhas, galhos expostos e casas baixas com telhados cobertos de neve. Ao fundo, uma região mais adensada com muitos prédios altos e modernos no horizonte.
Vista panorâmica de Toronto, uma das cidades mais populosas do Canadá (2021). Importante centro financeiro do país, a cidade abriga um grande número de imigrantes.

O movimento separatista de Quebec

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

A colonização francesa no Canadá teve por núcleo o vale do rio São Lourenço, onde foram fundadas as cidades de Quebec, em 1608, e Montreal, em 1642. Em 1763, depois de vários conflitos com os ingleses, os territórios ocupados pela França foram cedidos à Inglaterra. Mas os franco-canadenses, concentrados no território de Quebec, conservaram diversos direitos, entre os quais o de manter as leis já existentes e a liberdade de idioma e religião.

Em 1969, os separatistas da província de Quebec obtiveram o reconhecimento e a oficialização da língua francesa em todo o Canadá. Em 1980 foi realizado um plebiscito para julgar a separação de Quebec, mas a maioria da população local se posicionou a favor da permanência da província na Federação canadense.

Em 1987, um acordo firmado entre o governo canadense e os separatistas concedeu maior autonomia política e econômica ao Quebec. Um novo plebiscito foi realizado em 1995, e o “não” à separação de Quebec venceu por uma pequena margem de votos.

Fotografia. Na frente de uma aglomeração, no centro da imagem, um homem de cabelo e barba ruiva, usando óculos de grau de armação fina, camisa xadrez em tons de azul, está com os dois braços levantados e segurando bandeiras azuis com uma cruz branca. Ao redor, diversas pessoas estão aplaudindo e segurando cartazes.
Manifestantes a favor da independência de Quebec durante o discurso do líder separatista luciân buchár, em Montreal (1995).

Economia do Canadá

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

A economia do Canadá é marcada pelo intenso extrativismo, pela agropecuária moderna e altamente produtiva e pela industrialização dependente da economia dos Estados Unidos.

Recursos naturais

A exploração da Taiga, vegetação nativa encontrada em grande parte do Canadá, torna o país o maior produtor mundial de papel e celulose. Atualmente, a extração da madeira é feita em áreas reflorestadas de pinus, com técnicas e equipamentos modernos.

O subsolo canadense é rico em recursos minerais e energéticos, como urânio, cobre, ouro, chumbo, zinco, ferro, petróleo, gás natural e carvão mineral. O Canadá tem a terceira maior reserva mundial de petróleo, além de grandes jazidas de carvão.

Os rios que percorrem o relevo montanhoso a oeste favorecem a produção de energia hidrelétrica, que constitui 60% da energia elétrica do país.

Indústria e agricultura

Após 1945, a indústria canadense recebeu grandes investimentos dos Estados Unidos e se desenvolveu de maneira complementar à indústria estadunidense. A região mais industrializada do Canadá está localizada no Vale do Rio São Lourenço, próximo aos Grandes Lagos, na fronteira com os Estados Unidos. Nessa porção do território, estão instaladas indústrias modernas e de alta tecnologia. Vancouver, no oeste do país, é também um importante centro industrial.

A agricultura canadense é altamente produtiva e intensiva, com grande utilização de tecnologia. O Canadá se destaca na produção de grãos, como trigo e cevada, dos quais é grande exportador.

Fotografia. Vista de um porto oceânico com navios de carga ancorados. Os navios possuem grandes estruturas, como guindastes, e estão ocupados por diversos contêineres. Ao fundo montanhas e na parte superior da foto, céu azul.
A capital da província da Colúmbia Britânica é a maior área metropolitana do oeste do Canadá. Além de importante centro industrial, o intenso movimento portuário estabelece ligações do país com a costa oeste dos Estados Unidos e com a Ásia. Na fotografia, navios de carga atracados no porto de Vancouver, Canadá (2021).

México

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

O Planalto do México é cercado por formações de maior altitude, que são prolongamentos das Montanhas Rochosas e recebem as denominações Serra Madre Ocidental, a oeste, e Serra Madre Oriental, a leste. Nos trechos mais elevados, o clima frio inibe a ocupação humana, enquanto os desertos, no noroeste do país, contribuem para as baixas densidades demográficas da região.

A Cidade do México, capital do país, e sua área metropolitana abrigam quase um quinto da população nacional mais de 21 milhões de habitantes em 2021. Essa alta concentração populacional faz dela uma das maiores metrópoles americanas, com problemas típicos das grandes aglomerações urbanas em países em desenvolvimento, como zonas de miséria, falta de infraestrutura, índices elevados de poluição atmosférica e tráfego caótico. Ao mesmo tempo, há regiões com boa qualidade de vida e infraestrutura adequada.

A violência é crescente, com destaque para a relacionada ao narcotráfico e a sexual, sofrida por mulheres.

População mexicana

Com cêrca de 130 milhões de habitantes, em 2021, a população mexicana é formada predominantemente pela miscigenação entre ameríndios e descendentes dos colonizadores espanhóis.

Os indicadores sociais do México revelam grandes contrastes. O país convive com altas taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil e mostra lentos avanços sociais. Em 2018, por exemplo, mais de 52% da população se encontrava abaixo da linha de pobreza, taxa muito próxima da de 1994.

A estrutura etária do país apresenta elevado percentual de jovens, apesar do declínio registrado nas taxas de fertilidade: o número de filhos por mulher decresceu de 6,1, em 1974, para 2,17, em 2021, o que significa que, apesar da queda no ritmo, ainda há reposição de população. Desde meados de 1980, o crescimento vegetativo diminuiu de 3,2% para 1,04% ao ano.

MÉXICO: PIRÂMIDE ETÁRIA (2020)

Gráfico. México: pirâmide etária (2020). 
Pirâmide etária indicando, no eixo vertical central, as faixas etárias e, no eixo horizontal a porcentagem de homens e de mulheres para cada faixa etária. Os valores referentes aos homens estão representados à esquerda e os valores referentes à mulheres estão representados à direita.
0-4. Homens: 4,2 por cento. Mulheres: 4,1 por cento. 
5-9. Homens: 4,3 por cento. Mulheres: 4,2 por cento. 
10-14. Homens: 4,3 por cento. Mulheres: 4,2 por cento. 
15-19. Homens: 4,3 por cento. Mulheres: 4,2 por cento. 
20-24. Homens: 4,2 por cento. Mulheres: 4,1 por cento. 
25-29. Homens: 4,1 por cento. Mulheres: 4,1 por cento. 
30-34. Homens: 3,8 por cento. Mulheres: 3,9 por cento. 
35-39. Homens: 3,7 por cento. Mulheres: 3,8 por cento. 
40-44. Homens: 3,2 por cento. Mulheres: 3,5 por cento. 
45-49. Homens: 3 por cento. Mulheres: 3,2 por cento. 
50-54. Homens: 2,3 por cento. Mulheres: 2,9 por cento. 
55-59. Homens: 2,2 por cento. Mulheres: 2,3 por cento. 
60-64. Homens: 1,7 por cento. Mulheres: 1,9 por cento. 
65-69. Homens: 1,2 por cento. Mulheres: 1,4 por cento. 
70-74. Homens: 0,8 por cento. Mulheres: 1 por cento. 
75-79. Homens: 0,6 por cento. Mulheres: 0,7 por cento. 
80-84. Homens: 0,4 por cento. Mulheres: 0,4 por cento. 
85-89. Homens: 0,2 por cento. Mulheres: 0,2 por cento. 
90-94. Homens: 0,1 por cento. Mulheres: 0,1 por cento. 
95-99. Homens: menos de 0,1 por cento. Mulheres: menos de 0,1 por cento. 
100 ou mais. Homens: 0. Mulheres: 0.
Elaborado com base em dados obtidos em: PIRÂMIDES populacionais do mundo desde 1950 até 2100. México 2020. PopulationPyramid.net, [sem local], 2019. Disponível em: https://oeds.link/vwCRJP. Acesso em: 24 março. 2022.

Processos migratórios

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Atraída pela economia estadunidense, entre os anos de 1980 e 1990, a empobrecida população mexicana fez com que a taxa de emigração do México para os Estados Unidos, tanto legal quanto ilegal, apresentasse um crescimento surpreendente. No fim da década de 2010, os mexicanos representavam cêrca de 27% dos quase 11 milhões de imigrantes que viviam nos Estados Unidos.

A imigração tomou tal proporção que os Estados Unidos estabeleceram forte vigilância na fronteira e desenvolveram uma série de estratégias para tentar conter a entrada dos imigrantes ilegais, como estudamos no Capítulo anterior.

Nos três primeiros meses de 2021 mais de 171 mil imigrantes, principalmente mexicanos, foram flagrados tentando entrar de modo ilegal pelas fronteiras localizadas ao sul dos Estados Unidos.

A despeito da intensa fiscalização, o México é naturalmente uma porta de entrada para os Estados Unidos, por compartilhar com o país vizinho uma extensa linha fronteiriça.

Chegada de migrantes

Com a crise ocorrida na Europa e nos Estados Unidos em anos recentes e o crescimento econômico verificado no México, o país tem atraído muitos imigrantes nos últimos anos. O aumento do número de estrangeiros residentes em território mexicano tem sido registrado, principalmente, em cidades como Guadalajara, apontada como o Vale do Silício do México. Essas áreas recebem trabalhadores de diversas regiões de praticamente todo o mundo – inclusive dos Estados Unidos.

Muitos consultores estadunidenses aposentados que trabalhavam no Vale do Silício têm se fixado em cidades como Guadalajara e San Luis Potosí, na porção central do México, onde financiam iniciativas empresariais na área da tecnologia da informação, como o desenvolvimento de aplicativos para smartphones.

Fotografia. No meio de um matagal, a imagem retrata diversas pessoas passando por uma passagem entre a vegetação. O ambiente está escuro, com pouca iluminação, indicando que a situação ocorre à noite ou de madrugada. As pessoas maiores carregam e ajudam crianças e ao fundo outro grupo aguarda passagem.
Grupo de imigrantes de Honduras e Guatemala na chegada ao México. Fotografia de 2021.

Aspectos culturais

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

A riqueza da cultura mexicana é resultado da mistura que ocorreu durante a colonização espanhola.

Os aspectos culturais do país, nas áreas de literatura, religiosidade, culinária, artes visuais, cinema etcétera., exibem a forte influência das práticas e tradições dos povos indígenas e dos valores e hábitos europeus. Ao longo da história do país, a sociedade mexicana desenvolveu características culturais próprias de importância universal.

A população mexicana ainda mantém fortes laços com seus antepassados, respeitando usos e costumes que eram praticados no período pré-colonial. Embora o espanhol seja o idioma oficial, existem diversas línguas nativas faladas por minorias indígenas, reconhecidas nacionalmente. Uma delas, o nauátli, é comumente falada pela população que vive na região próxima à capital do país.

O México também é frequentemente lembrado pela culinária. Os ingredientes típicos da região, como milho, cacau, abacate e a pimenta tili, misturados a outros alimentos incorporados durante a época colonial, resultaram em uma rica combinação reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco em 2010.

Do ponto de vista territorial, o México está atrelado à América do Norte. Porém, culturalmente, por sua tradição colonial hispânica, está ligado à América Latina. No entanto, pela maior proximidade, o México é um dos países da América Latina que mais recebem influência cultural dos Estados Unidos. Há um elevado consumo de produtos culturais, como filmes e músicas, além da incorporação de hábitos comportamentais e alimentares, como o consumo de fast-food.

Fotografia. Em uma praça, um homem de cabelo preto e curto, usando um terno, calça e sapato bege, e camisa branca, está em pé e segura um microfone próximo à boca; à esquerda, outros homens usando a mesma roupa estão segurando e tocando violino e outros instrumentos. Ao fundo, à direita, há pessoas assistindo e uma estrutura formada por pilares esculpidos e lâmpadas acesas. Ao fundo, à esquerda, prédios antigos em tons de marrom e com torres redondas e cúpulas.
Mariachis (integrantes de conjunto musical popular do país) participando de festival em Guadalajara, México (2021).

Economia do México

A economia mexicana está fortemente ligada à dos Estados Unidos em virtude dos acordos comerciais que firmou com esse país e com o Canadá nas útimas décadas. De 1994 a 2018, os três países estabeleceram o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (náfta), o que significou para os mexicanos destinar praticamente toda a exportação para os Estados Unidos, de onde provêm cêrca de 50% das importações. Em 2018, os termos foram revisados por imposição estadunidense e o náfta deu lugar a um novo tratado, o Acordo Estados Unidos, México e Canadá.

Nos últimos anos, o México tem atraído investimentos estrangeiros e encontrado fórmas de garantir o crescimento de sua economia. O país apresenta estrutura produtiva diversificada, com atividades agropecuárias, mineradoras e industriais. O petróleo é o principal produto de exportação.

O turismo representa uma das principais fontes de renda para o México. No entanto, além da queda abrupta na arrecadação provocada pela pandemia de covíd-19, há receio de que os elevados níveis de violência observados no país impactem o setor nos próximos anos. Os turistas, com o aumento da violência, podem optar por se deslocar a outros destinos considerados mais seguros. Apenas no primeiro semestre do ano de 2020, o México registrou mais de 36 mil homicídios, número que vem crescendo nos últimos dez anos.

Fotografia. No centro, destaque para uma estrutura branca, antiga e com marcas mais escuras em alguns pontos. Ela conta com uma forma retangular e escadas na base. À frente, há árvores e vegetação tropical. Ao fundo, as águas do mar.
Algumas construções antigas do México, como as ruínas de Tulum (retratadas na fotografia, de 2020), são, atualmente, locais de grande atração de turistas, aliando interesses históricos e culturais ao lazer, propiciado pela proximidade do mar.
Agropecuária
Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

A agricultura se concentra no Planalto do México, onde as temperaturas são mais amenas, as chuvas, regulares e os solos, férteis. Nessa região, predominam extensas propriedades, conhecidas como haciendas, que empregam grande quantidade de mão de obra e são pouco mecanizadas. Entre os principais cultivos do país, destaca-se o plantio de algodão, sisal, café e cana-de-açúcar, produtos destinados ao mercado externo. Para abastecer o mercado interno, são produzidos trigo, arroz, batata, soja e milho.

Um dos principais desafios aos países latino-americanos, como o México, em relação à agropecuária está ligado à necessidade de aumentar a produtividade agrícola de modo sustentável e à distribuição de riqueza de modo mais igualitário.

Após a criação do náfta, o México passou a importar grande quantidade de milho dos Estados Unidos, desestruturando a produção nacional e subordinando a obtenção de um item essencial na alimentação dos mexicanos às determinações do país vizinho.

A pecuária, praticada no centro-oeste do país, tem como principal atividade a criação de gado bovino.

Em virtude dos baixos salários no campo e da concentração de terras, muitos trabalhadores rurais mexicanos migram para os Estados Unidos. Alguns realizam a chamada migração de transumância, deslocando-se para o país vizinho durante a época da colheita e regressando após o término do trabalho. Esses trabalhadores são conhecidos como braceros.

Fotografia. Um trabalhador de idade avançada, usando boné, camiseta e calça, está segurando um galho fino com folhas verdes. Ao redor no primeiro plano, há árvores e vegetação sombreada, enquanto ao fundo uma vegetação mais seca e exposta ao sol.
O México tornou-se um dos maiores exportadores de abacate do mundo (representando 46% do mercado mundial), o que tem gerado grande receita ao país. Na fotografia, agricultor faz a poda de abacateiros em Mascota, México (2021).
Indústria
Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

A industrialização mexicana se acelerou a partir da segunda metade do século vinte, com a entrada de capital estrangeiro no país, atraído pela oferta de mão de obra e matérias-primas baratas. Empresas transnacionais, sobretudo dos Estados Unidos, passaram a dominar o parque industrial mexicano.

A atividade industrial do México se concentra em grandes centros urbanos, como Cidade do México, Guadalajara, Monterrey, Veracruz e Tampico. Destacam-se os setores têxtil, alimentício, automobilístico, petroquímico, siderúrgico e metalúrgico.

Maquiladoras

Para atrair capital estrangeiro e, com isso, ampliar o parque industrial mexicano, na década de 1960 foi criada uma zona franca na região fronteiriça com os Estados Unidos.

A implantação dessa área contou com o apoio de uma legislação especial, garantindo menores impostos e facilidades para exportar a produção para os Estados Unidos, que também foram beneficiados com a baixa remuneração da mão de obra mexicana. Esse processo deu origem a um modelo de unidade fabril conhecido como indústria maquiladora. As indústrias desse tipo recebem peças fabricadas nos Estados Unidos e finalizam a montagem do produto em solo mexicano.

Atualmente, em virtude do aumento dos salários pagos aos trabalhadores na China e da alta dos custos do transporte no comércio global, o parque industrial mexicano retomou espaço na competição internacional, uma vez que continua tendo, em geral, mão de obra e matérias-primas baratas. No entanto, o perfil das maquiladoras vem mudando, principalmente devido à instalação de empresas mais sofisticadas em Tijuana, como a de fabricação de aviões e outras, que requerem mão de obra especializada.

MÉXICO: MAQUILADORAS (2010)

Mapa. México: maquiladoras (2010)
O mapa representa parte dos territórios do México (centro e norte) e dos Estados Unidos (centro-sul e sudoeste). O tema são as cidades mexicanas com grande presença de maquiladoras; as cidades gêmeas entre México e Estados Unidos; e a quantidade de trabalhadores nas maquiladoras em 2007: 
As cidades gêmeas: Tijuana (gêmea mexicana) e San Diego (gêmea norte-americana); Mexicali (gêmea mexicana) e El Centro (gêmea norte-americana); Heroica Nogales (gêmea mexicana) e Nogales (gêmea norte-americana); Agua Prieta (gêmea mexicana) e Douglas (gêmea norte-americana); Ciudad Juarez (gêmea mexicana) e El Paso (gêmea norte-americana), Ciudad Acuña (gêmea mexicana) e Del Rio (gêmea norte-americana); Piedras Negras (gêmea mexicana) e Eagle Pass (gêmea norte-americana); Nuevo Laredo (gêmea mexicana) e Laredo (gêmea norte-americana); Reynosa (gêmea mexicana) e McAllen (gêmea norte-americana); Matamoros (gêmea mexicana) e Brownsville (gêmea norte-americana).
O mapa indica, em território estadunidense, a localização das cidades de Phoenix, Tucson, Marfa, Dallas, San Antonio; em território mexicano, está indicada a cidade de Monterrey. 
Cidades com trabalhadores das maquiladoras em 2007 (em milhares de pessoas). 335.000: Ciudad Ruarez. 160.000: Tijuana. 140.000: Reynosa. 70.000: Mexicali, Matamoros, Chihuahua. 50.000: Heroica Nogales, Ciudad Acunha. 20.000: Nuevo Larede. 10.000: Agua Prieta, Piedras Negras. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 190 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: ATLAS histórico Le Monde Diplomatique. Valencia: Cybermonde, 2011. página. 87.
Extrativismo
Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

No México há extração de diversos recursos naturais, como prata, chumbo, ferro, gás natural, cobre e petróleo, como pode ser observado no mapa.

MÉXICO: ATIVIDADES ECONÔMICAS (2019)

Mapa. México atividades econômica (2019). 
O mapa representa o território mexicano e as principais atividades econômicas desenvolvidas. O mapa apresenta duas regiões industriais principais no país, identificadas por uma mancha irregular e as principais cidades que abarcam. Uma mancha localiza-se no centro-sul do território (na região das cidades de Guadalajara e Cidade do México) e a segunda ao nordeste do país, na região da cidade de Monterrey. 
Destaque para as indústrias maquiladoras, cuja ocorrência é observada exclusivamente em toda área fronteiriça com os Estados Unidos. No mapa, as maquiladoras, que estão identificadas por pequenas manchas verdes, encontram-se nas seguintes cidades: Tijuana, Mexicali, Heroica Nogales, San Luis, Agua Prieta, Ciudad Juaréz, Ciudad Acunha, Piedras Negras, Nuevo Laredo, Reynosa, Matamoros. 
Destacados em ícones triangulares vermelhos, a exploração de petróleo predomina na região sudeste do país, no litoral do Oceano Atlântico. Prata (ícone diagonal vermelho), Ferro (ícone trapezial vermelho), Chumbo e Zinco (ícone em forma de "xis" vermelho) são explorados na área central do país, em sua porção norte. Cobre (ícone vermelho em forma de cruz) é explorado na região noroeste do país, próximo ao litoral do Oceano Pacífico, e Manganês (ícone quadrado vermelho) no sudoeste, também no litoral do Pacífico.  
Na parte superior esquerda, rosa dos ventos; na parte inferior direita, escala de 0 a 336 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página. 77-78.

O país dispõe de grandes reservas de petróleo, principal produto de exportação, e está entre os maiores produtores mundiais. No entanto, seu petróleo bruto é muito pesado e exige refino especial para a obtenção de subprodutos, como a gasolina e o óleo dízel, o que eleva os custos.

A produção petrolífera mexicana, que teve seu ápice em 2004, com média de 3,4 milhões de barris diários, começou a cair a partir de 2005. Grande parte da produção é exportada para os Estados Unidos.

Desde 2014, com alterações na legislação, a exploração de petróleo no país – monopolizada pela empresa estatal Petróleos Mexicanos (Pemex) desde 1938, ano em que foi nacionalizada – passou a ser feita também por empresas privadas. As reformas implantadas visavam estimular a exploração de petróleo em águas profundas no Golfo do México e impulsionar a extração de gás de xisto, fonte de energia que vem ganhando importância e já transformou a realidade energética dos Estados Unidos, maior produtor mundial desse gás.

MÉXICO: RESERVAS TERRESTRES DE GÁS NATURAL E DE XISTO E PETRÓLEO (2014)

Mapa. 
México: reservas terrestres de gás natural e de xisto e petróleo (2014). 
O mapa representa a totalidade do território mexicano e suas divisas terrestres com Guatemala e Belize ao sul e Estados Unidos ao norte. Mostra também os litorais atlântico, a leste, e pacífico, a oeste. 
O mapa identifica as reservas terrestres de gás e petróleo e as áreas em estudo.
Reservas de Petróleo: a mancha de ocorrência na região litorânea ao leste da capital Cidade do México.
Reservas de Gás: mancha na região nordeste do país, próximo às cidades Monterrey e Los Ramones, e na porção leste, próximo à área de exploração de petróleo. 
Reservas em estudo: mancha de ocorrência na região norte na divisa com os Estados Unidos. 
Na parte superior, mapa-múndi com destaque para o México. Na parte inferior, osa dos ventos e escala de 0 a 350 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: ON Shaky ground. The Economist, 1 maio 2014. Disponível em: https://oeds.link/iIMDju. Acesso em: 24 março. 2022.

Urbanização

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

As principais cidades do México estão situadas na porção central do território, próximo à capital do país. A urbanização ocorreu de fórma muito similar à do Brasil, pois também foi impulsionada pelo processo de industrialização tardio, que se intensificou durante o período pós-guerra. A partir daquele momento, ocorreram muitos fluxos migratórios de população camponesa, que se dirigia às cidades para buscar novas oportunidades de trabalho e melhores condições de vida.

Além do processo de industrialização, a modernização do campo, verificada nas décadas seguintes, também contribuiu para o aumento do êxodo rural no país. As contínuas transformações técnicas e a utilização intensiva de maquinários nos sistemas produtivos, cujo intuito era ampliar a produtividade do setor agropecuário, provocaram a liberação da mão de obra do campo e levaram a um novo ritmo de expansão urbana. Na década de 1960, por exemplo, a zona rural abrigava 92% da população. Atualmente, mais de 80% dos mexicanos vivem em cidades.

MÉXICO: PRINCIPAIS CENTROS URBANOS (1965-2015)

Mapa. México: principais centros urbanos (1965-2015). No centro, o território mexicano com o Golfo do México à sua direita e o Oceano Pacífico à sua esquerda. A densidade demográfica do México é representada em áreas com escala de cores do amarelo claro ao vermelho. O tamanho da população é representado por círculos de tamanhos variados. O crescimento da população urbana entre 1965 e 2015 preenche os círculos com tons de verde, do mais claro ao mais escuro. A legenda, no canto inferior esquerdo, apresenta valores. Para densidade demográfica, há 6 classes com cores, do amarelo claro ao vermelho, em pessoas por quilômetro quadrado: 0; de 1 a 4; de 5 a 24; de 25 a 249; de 250 a 999; e 1.000 ou mais. Para população em 2015, há 4 círculos, do menor ao maior, indicando quantidade de pessoas: 470; 7.000; 10.000 e 21.000. Para crescimento da população entre 1965 e 2015, há 4 classes, do verde mais claro ao mais escuro: 0 a 436; de 436 a 2.222; de 2.222 a 15.372; e de 15.372 a 1.723.788.  No México, as áreas em tons mais escuros de laranja se concentram na porção centro-sul do território, na costa leste (à direita) e à noroeste (no alto, à esquerda), na costa do Oceano Pacífico. Há círculos espalhados pelo território, com mais concentração abaixo da região central e a noroeste do território, na fronteira com o Estados Unidos. Os maiores círculos se concentram na porção central. Os círculos com tons mais escuros de verde se localizam a noroeste, no centro-sul do território e no extremo leste.  Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 225 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: SCIENCESPO. Atelier de Cartographie. Urbanization of Latin America,1965–2015. Disponível em: https://oeds.link/JABahq. Acesso em: 24 março. 2022.

Ler o mapa

Onde se concentra a atual população mexicana?

Expansão de áreas urbanas
Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

A expansão das áreas urbanas ocorreu rapidamente e de fórma desordenada no território. Apesar de as cidades mexicanas serem reconhecidas por preservar os centros históricos, datados do período colonial, as áreas periféricas cresceram obedecendo à lógica da dinâmica imobiliária, implantada ao longo dos grandes eixos viários.

Atualmente, as necessidades do capital financeiro de criar novos espaços urbanos, que concentram os setores econômicos de ponta e se articulam com a escala internacional, vêm definindo novos conteúdos característicos da urbanização contemporânea nas principais cidades mexicanas. Dessa fórma, importantes centros urbanos abrigam espaços estritamente utilizados pelas sédes de grandes empresas transnacionais, bancos, edifícios modernos e uma ampla rede de comércio e serviços que dialogam com os principais centros financeiros globais.

Em contrapartida, assim como nas principais cidades da América Latina, o entorno desses espaços – integrados à economia global – são caracterizados por áreas periféricas com vários problemas urbanos. Em cidades como Cidade do México, Juárez e Guadalajara, faltam moradias adequadas, oportunidades de emprego, infraestrutura urbana, como saneamento básico, e transporte público eficiente; há elevados índices de violência, trabalho informal e congestionamentos, além de problemas ambientais como a poluição do ar ou dos recursos hídricos.

Fotografia. Foto de um prédio com formato misto, cônico e retangular, alto, com fachada metálica formada por pequenos círculos prateados. Na base, uma área com escadas e pessoas enfileiradas em direção à entrada do prédio. Ao fundo, à direita, prédios modernos.
Fachada do Museu Soumaya, Cidade do México, México (2021). O prédio do museu é um exemplo da modernidade presente em setores de algumas cidades do país.

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Lugar e cultura’. O ícone corresponde a uma ilustração composta por um vaso colorido dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo rosa escuro com a inscrição ‘Lugar e cultura’ grafada em letras brancas.

Lugar e cultura

Revitalização de favelas e cultura

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Cidadania e Civismo’, composto de uma tarja retangular de fundo azul escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Cidadania e Civismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Muitas cidades da América Latina se caracterizam pela forte segregação socioespacial. Alguns espaços urbanos abrigam boa infraestrutura, como moradias adequadas, iluminação pública e transporte coletivo de qualidade, enquanto outros são marcados pela precariedade dos serviços públicos, com ausência de redes de distribuição de água potável, de ruas pavimentadas, de coleta de lixo e de esgoto etcétera.

Apesar de apresentar infraestruturas urbanas precárias, as áreas de favelas são locais que apresentam ricos aspectos culturais urbanos. No Brasil, por exemplo, diversos gêneros musicais populares, como o hip-hop, o funk e o forró, se somam aos grafites nas paredes, ilustrando a dimensão cultural dos moradores locais.

Em outros países latino-americanos também ocorrem manifestações culturais importantes. Observe a experiência de uma comunidade situada na cidade de Pachuca, no México.

Grafiteiros reduzem violência em favela e viram atração mundial

Las Palmitas, no México, era mais um lugar violento e triste no mundo.

Seus moradores tinham medo de sair assim que a tarde caía e as crianças quase não brincavam nas ruas.

A iniciativa do coletivo de grafiteiros gérmen criu mudou essa realidade. Com o apoio do governo mexicano criaram o projeto: “Pachuca se pinta”.

Com muitas tintas de diversas cores, pincéis e muita criatividade todos os moradores se envolveram na transformação das fachadas de 209 casas, criando assim o maior mural do México.

O diretor do projeto Enrique Mybe Gomes atestou que depois da ação, os vizinhos passaram a conversar e a sair mais. “Surgiu um espírito comunitário. As pessoas estão cuidando da segurança do bairro com as próprias mãos”, conta o artista.

Ações como essas estão se espalhando pelo mundo.

Outra transformação de uma comunidade pela arte da pintura e do grafite aconteceu na Indonésia, no centro da ilha de Java.

CORDEIRO, Jacqueline. Grafiteiros reduzem violência em favela e viram atração mundial. Catraca Livre, 2 abril. 2019. Disponível em: https://oeds.link/DBzlfn. Acesso em: 28 abril. 2022.

Fotografia. Vista, de baixo para cima, de um morro com diversas casas simples, baixas e em tons de cores desbotados, construídas muito próximas uma das outras até o topo. Do lado esquerdo da imagem, parte do morro aparece sem construções, com vegetação rasteira, solo exposto e algumas árvores. Abaixo, na parte plana, vários carros estacionados.
Vista da comunidade Las Palmitas antes das intervenções. Pachuca, México (2014).
Fotografia. Vista, de baixo para cima, de um morro com diversas casas simples, baixas e em tons vibrantes de roxo, vermelho, lilás, azul, verde e amarelo, construídas muito próximas uma das outras até o topo. Do lado esquerdo da imagem, parte do morro aparece sem construções, com vegetação rasteira e algumas árvores.
Vista da comunidade em 2015, após as intervenções. Pachuca, México (2015).

Qual é a importância desse projeto para os moradores da favela da cidade de Pachuca, no México?

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. A fotografia retrata vários trabalhadores atuando em uma empresa maquiladora no México. Que vantagens investidores estrangeiros podem obter em relação à mão de obra com esse tipo de empresa? Que outros benefícios as maquiladoras podem oferecer a esses investidores?

Fotografia. Parte interna de uma fábrica. Há vários corredores e posições de trabalho com pessoas uniformizadas operando máquinas. Do lado direito da posição das máquinas há caixas de papelão abertas.
Trabalhadores em fábrica de tapetes para carro em San Luis Potosí, México (2017).

2. Leia o trecho de reportagem a seguir e, depois, responda às questões.

Cooperativa habitacional é microcosmo da história da Cidade do México

Cidade do México – Ao cair da noite, as luzes dos prédios de escritórios que cercam as duas ruas de sobrados na cooperativa habitacional de Palo Alto iluminam as famílias reunidas na rua para contar as novidades, comprar sorvete e jogar bola.

reticências

Tudo começou com migrantes que vieram do campo para os arredores da capital nos anos 1930 em busca de trabalho, ganhando o suficiente apenas para não morrer de fome, culminando com sua luta por moradia durante o período de organização social nos anos 1960 e 1970.

“Palo Alto é um caso emblemático de luta pelo direito à cidade”, afirmou Enrique Ortiz, arquiteto responsável pelo projeto da comunidade. “É um direito de todos, não apenas de quem pode pagar.”

Mas a adoção de uma versão rígida da economia de mercado por parte do México nos anos 1990, assim como a falta de planejamento urbano da cidade, acabaram permitindo que as construtoras determinassem os termos da expansão da capital em direção às montanhas, na zona oeste da cidade.

Cooperativa habitacional é microcosmo da história da Cidade do México. gê zê agá, 26 junho. 2017. Disponível em: https://oeds.link/2YDWmY. Acesso em: 24 março. 2022.

  1. Qual é o problema enfrentado pela comunidade da cooperativa habitacional de Palo Alto?
  2. De acordo com o que foi apresentado na reportagem, o que você entende por direito à cidade?

3. Leia o trecho da reportagem a seguir e, em seguida, responda às questões.

A Cidade do México, atingida reticências por um terremoto de magnitude 7,1 com epicentro no centro do país, é muito vulnerável pois está construída sobre um depósito de sedimentos que amplifica as ondas sísmicas, ressaltam os especialistas.

reticências

Em comparação, o terremoto que abalou o sul do México no dia 7 de setembro, de magnitude 8,2, era “um monstro” mas foi relativamente menos fatal reticências

reticências

O epicentro do terremoto desta terça-feira estava situado a 120 quilômetros da capital mexicana, a uma profundidade de 57 quilômetros.

reticências A megalópole foi construída sobre uma bacia sedimentar e um lago seco, lembraram os especialistas. Qualquer que seja o tipo de terremoto reticências, essa configuração geológica produz uma amplificação das ondas sísmicas, com frequências muito prejudiciais para os edifícios de vários andares. Por isso o perigo crescente para os habitantes.

CIDADE do México, muito vulnerável ao risco de terremotos. uól, 20 setembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/T4ZJsd. Acesso em: 24 março. 2022.

  1. Por que algumas regiões mexicanas podem ser consideradas áreas de risco?
  2. Como as características populacionais da Cidade do México, que você estudou no Capítulo 9, pode agravar os efeitos de terremotos como o relatado na notícia?

4. Analise o mapa que representa as principais rotas utilizadas pelos imigrantes da América Central em direção aos Estados Unidos. Depois, resolva as questões.

PRINCIPAIS ROTAS DE IMIGRANTES DA AMÉRICA CENTRAL EM DIREÇÃO AOS ESTADOS UNIDOS (2019)

Mapa. Principais rotas de imigrantes da América Central em direção aos Estados Unidos (2019). 
O mapa destaca as rotas de imigração percorridas em território mexicano, e que vão em direção aos Estados Unidos. As rotas são indicadas por linhas a partir do seu ponto de origem e até a fronteira do México com os Estados Unidos.

A partir da região sul do México, as rotas têm o seguinte percurso pelas cidades: Tenosique, Palenque, Tapachula, Arriaga, Ixtepec, Córdoba e chegam à Cidade do México; da Cidade do México ou prócimo a ela, o percurso se divide em 3 rotas em direção à fronteira com os Estados Unidos. Rota na porção oeste do território: Guadalajara, Altar, Méxicali e Tijuana. Rota na porção central do território: Tula, Torreón e Ciudad Juaréz. Rota na porção leste do território: Cidade do México, San Luis Potosí, Monterrey e Reynosa; e uma subdivisão em San Luis Potosí para Saltillo e, em seguida, Nuevo Laredo. 

Na parte superior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 305 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: NIÑA salvadoreña demanda a Estados Unidos por tenerla retenida más de lo permitido. El comercio, 15 outubro. 2019. Disponível em: https://oeds.link/caai0z. Acesso em: 24 março. 2022.
  1. Quais cidades do México servem de entrada ao território desse país para os imigrantes provenientes da América Central com destino aos Estados Unidos? E quais cidades mexicanas podem ser pontos de travessia para o território estadunidense?
  2. Muitos imigrantes percorrem a pé grande parte das rotas até os Estados Unidos. Com base na análise do mapa, o que é possível deduzir sobre as condições em que essas pessoas se deslocam?

5. Com base na análise do grá­fico, responda às questões.

MÉXICO: POPULAÇÃO COM 65 ANOS OU MAIS (1960-2020)

Gráfico. México, população com 65 anos ou mais (de 1960 a 2020). 
Gráfico de uma linha com eixo vertical representando o percentual da população com 65 anos ou mais e eixo horizontal representando os anos, de 1960 até 2020. 
1960: 3,3 por cento. 
1970: 3,8 por cento. 
1980: 3,9 por cento. 
1990: 4,3 por cento. 
2000: 5,1 por cento. 
2010: 6,1 por cento. 
2020: 7,6 por cento.
Fonte: WORLD BANK. Population ages 65 and above (% of total population) – Mexico. Washington, DC: World Bank, 2020. Disponível em: https://oeds.link/gmB0OV. Acesso em: 24 março. 2022.
  1. O que está acontecendo com a população do México?
  2. Como esse processo tem impactado a economia desse país?

6. Observe a fotografia e responda para que fins esse recurso natural vem sendo explorado no Canadá.

Fotografia. Vista de um morro com vegetação alta e verde; no centro do morro há uma parte devastada, seca e sem cobertura vegetal. Sobre o morro, céu azul.
Área florestal na Colúmbia Britânica, Canadá (2021).

7. No ano de 2018, o Quebec divulgou o seu Plano de imigração e convidou candidatos a se mudarem para o local, para compor o mercado de trabalho. Observe o quadro a seguir e, depois, responda às questões.

Quebec: número de pessoas para admissão no local, indicadas pelo governo (2018)

Categorias/Setores

Mínimo (pessoas)

Máximo (pessoas)

Trabalhadores qualificados

26.000

29.000

Negócios

4.000

6.000

Outros setores

600

800

Refugiados

5.600

6.500

Fonte: IMMI CANADA. Quebec lança plano de imigração para 2018. [sem local]: Immi Canada, 1 novembro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/PVoC73. Acesso em: 24 março. 2022.

  1. Qual é o principal motivo de o Quebec oferecer planos de imigração para cidadãos não canadenses?
  2. De acordo com o quadro, quais são as maiores ofertas de admissão para pessoas de fóra do Quebec? O que isso demonstra?

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Para refletir’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por silhueta de uma cabeça com engrenagens em seu interior, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo verde escuro com a inscrição ‘Para refletir’ grafada em letras brancas.

Para refletir

Qual será o perfil da população estadunidense nas próximas décadas?

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.
Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Cidadania e Civismo’, composto de uma tarja retangular de fundo azul escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Cidadania e Civismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

O perfil da população estadunidense tem sido cada vez mais modificado devido aos fluxos migratórios constantes em direção ao país. Os latino-americanos representam o maior número de imigrantes, atualmente, correspondendo a mais de 18% da população total dos Estados Unidos. Leia o texto a seguir.

População identificada como branca nos Estados Unidos da América cai pela primeira vez

Fotografia. Uma pequena aglomeração de pessoas no meio de uma rua, com construções na lateral, num dia claro e céu azul. À frente, diversas crianças de camiseta verde posicionadas lado a lado, acompanhadas de adultos, segurando um pano dividido na diagonal que mostra metade da bandeira dos Estados Unidos e metade da bandeira do México. Atrás, ao centro, uma adulta segurando um celular e hasteando uma bandeira do México.
Grupo de pessoas celebra o Dia da Independência mexicana em Nova iórque, Estados Unidos (2019).

O número de habitantes dos Estados Unidos que se identificam como brancos diminuiu pela primeira vez, de acordo com os últimos dados do censo de 2020, divulgados nesta quinta-feira [12/08/2021].

Os Estados Unidos se tornaram mais diversos racial e etnicamente, e mais urbanos nos últimos 10 anos, segundo o Censo. A população branca diminuiu 8,6% entre 2010 e 2020, algo sem precedentes desde que dados desse tipo começaram a ser colhidos, em 1790.

Apesar da queda, os brancos continuam sendo o maior grupo do país, respondendo por 204 milhões de residentes no ano passado, ou 61,6% da população. Uma década antes, as pessoas que se identificavam como apenas brancas representavam 72,4%.

Nicholas djôunes, funcionário da divisão de população do Censo, explicou que melhorias nos questionários da pesquisa, agregadas a uma metodologia nova em comparação com o relatório de 2010, influenciaram os resultados, além de algumas mudanças demográficas.

A categoria branca e outra raça – combinada com afro-americana ou asiática, por exemplo – disparou 316% na última década, somando 235 milhões de pessoas. Nos Estados Unidos, é comum se definir de acordo com a origem étnica, e o questionário do censo pergunta sobre a raça com a qual cada cidadão se identifica.

O número de pessoas que se identificam como hispânica – especificada como etnia, e não raça, no questionário – aumentou 23%, atingindo 62 milhões de cidadãos, ou 18% da população. Os afro-americanos representam 12,4% da população (41 milhões de pessoas), porcentagem que se manteve estável nos últimos 10 anos.

A população asiático-americana, por sua vez, aumentou 35,5%, para 20 milhões de cidadãos (6% da população dos Estados Unidos). Os nativos americanos constituem 1,1% da população.

POPULAÇÃO identificada como branca nos Estados Unidos da América cai pela primeira vez. Estado de Minas, Belo Horizonte, 12 agosto. 2021. Disponível em: https://oeds.link/7y9tKP. Acesso em: 27 abril. 2022.

ESTADOS COM MAIOR PARTICIPAÇÃO DE LATINO-AMERICANOS NA POPULAÇÃO (2020)

Gráfico. Estados com maior participação de latino-americanos na população (2020). 
Gráfico em barras horizontais representando o percentual populacional dos latino-americanos em alguns estados dos Estados Unidos.
No eixo vertical, os nomes dos estados; no eixo horizontal, o percentual de latino-americano na população total desses estados.
 
Novo México: 47,7 por cento. 
Califórnia: 39,4 por cento. 
Texas: 39,3 por cento. 
Arizona: 30,7 por cento. 
Nevada: 28,7 por cento. 
Flórida: 26,5 por cento. 
Nova Jersey: 21,6 por cento. 
Nova York: 19,5 por cento.
Elaborado com base em dados obtidos em: UNITED STATES CENSUS BUREAU. Racial and Ethnic Diversity in the United States: 2010 Census and 2020 Census. Washington, DC: U.S. Census Bureau, 2021. Disponível em: https://oeds.link/GHMTcQ Acesso em: 24 março. 2022.
  1. De acordo com o texto, o que significa afirmar que os Estados Unidos estão se tornando um país mais diverso racial e etnicamente?
  2. Qual grupo populacional mais cresceu nos Estados Unidos segundo o Censo de 2020?
  3. Compare o gráfico Estados com maior participação de latino-americanos na população (2020) com o mapa Estados Unidos: expansão territorial (1803-1853), no Capítulo 8. O que há em comum entre os estados com a maior proporção de habitantes de origem latino-americana nos Estados Unidos?
  4. Há muitos relatos de discriminação da população de origem latino-americana nos Estados Unidos. Na sua opinião, as mudanças relatadas no texto sobre essa parcela da população podem contribuir para a redução desse problema?

Glossário

Excedente de produção
Parcela da produção que excede as necessidades de consumo do grupo, podendo ser armazenada, trocada ou comercializada.
Voltar para o texto