UNIDADE cinco América Central e América do Sul
De modo geral, os países da América Central e da América do Sul são, historicamente, caracterizados por sua forte ligação econômica com os Estados Unidos e outros países com maior desenvolvimento, fornecendo produtos primários.
O resultado desse processo não se restringe ao desenvolvimento econômico e social desses países, mas também exerce influência em outros aspectos da sociedade, como na cultura, no modo de vida e nas lutas sociais.
Que aspectos culturais da América Central e da América do Sul você conhece? De que maneira um canal entre os oceanos Atlântico e Pacífico beneficia o comércio mundial? Você sabe dizer quais são os principais setores de produção e sua importância na balança comercial dos países da América Central e da América do Sul?
Você verá nesta Unidade:
Características físicas das porções central e sul do território americano
Condições socioeconômicas da América Central e da América do Sul
Canal do Panamá
Urbanização na América do Sul
Economia e recursos energéticos nos países sul-americanos
Integração entre o Brasil e os demais países do continente americano e do mundo
Mercosúl e outros organismos de integração do território americano
CAPÍTULO 10 América Central: continental e insular
A América Central continental é uma faixa de terra que liga as Américas do Norte e do Sul, banhada pelos oceanos Pacífico, a oeste, e Atlântico, a leste. Essa parte do continente americano é formada por sete países (Guatemala, Belize, Honduras, Él Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Panamá), com uma população total de pouco mais de 45 milhões de habitantes.
AMÉRICA CENTRAL CONTINENTAL: POLÍTICO
A América Central insular localiza-se no Mar do Caribe ou Mar das Antilhas. É formada por um conjunto de ilhas dividido em três grupos: Grandes Antilhas (Cuba, Jamaica, Porto Rico e a Ilha Hispaniola, onde se localizam o Haiti e a República Dominicana); Pequenas Antilhas (Antígua e Barbuda, Dominica, Granada, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Trinidad e Tobago, Barbados, Guadalupe e outras ilhas menores); Barramas (arquipélago ao norte de Cuba, com mais de 700 ilhas); ilhas e arquipélagos que são territórios ultramarinosglossário do Reino Unido, da França, dos Países Baixos e dos Estados Unidos.
AMÉRICA CENTRAL INSULAR: POLÍTICO
População e aspectos físicos
A Guatemala é o país mais populoso dessa região, com mais de 17 milhões de habitantes, cêrca de um terço de toda a população da América Central. A maior densidade demográfica ocorre na costa do Pacífico, onde a presença de planaltos com solos férteis e clima tropical úmido favoreceu a concentração populacional. Nessa área, são encontradas as principais cidades da América Central continental: as capitais da Costa Rica (San José), de Él Salvador (San Salvador), da Nicarágua (Manágua) e da Guatemala (Cidade da Guatemala).
De maneira geral, a composição étnica da população da América Central continental é resultante da miscigenação de indígenas e espanhóis, os principais colonizadores da região.
As ilhas do Caribe, colonizadas por espanhóis, ingleses, franceses e holandeses, também passaram por processos de miscigenação étnica. Além do branco de origem europeia, há uma minoria de indígenas e a presença marcante de descendentes de povos africanos. Os reduzidos índices de densidade demográfica próximo ao Mar das Antilhas decorrem, em parte, do predomínio das florestas tropicais.
Algumas ilhas do Caribe apresentam relevo montanhoso, intercalado por estreitas planícies e planaltos que constituem as áreas mais densamente povoadas. A região é marcada pela instabilidade geológica, o que a torna sujeita à atividade de vulcões e terremotos. As ilhas também estão expostas a violentos furacões. Em novembro de 2020, por exemplo, a região foi atingida por dois furacões em menos de duas semanas, provocando dezenas de mortes e muitos transtornos a milhões de pessoas em vários países da América Central.
A hidrografia das ilhas caribenhas é formada por rios de pequena extensão, o que compromete o abastecimento de água para os habitantes. A esse problema, acrescenta-se a deficiência na coleta de esgoto em muitas ilhas.
Condições socioeconômicas
A maioria dos emigrantes da América Central que parte em direção aos Estados Unidos é originária da Guatemala, de Él Salvador e de Honduras. Esse fato pode ser explicado, principalmente, pelas más condições de vida nesses países, expressas por alguns indicadores sociais, como as altas taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo, e pelos grandes desníveis socioeconômicos.
A urbanização na América Central continental se intensificou nas últimas décadas. Em 2020, a população de todos os países da região já era predominantemente urbana.
País |
População total (habitantes) |
População urbana (%) |
População rural (%) |
---|---|---|---|
Panamá |
4.314.768 |
68,4 |
31,6 |
Costa Rica |
5.094.114 |
80,8 |
19,2 |
Belize |
397.621 |
54 |
46 |
El Salvador |
6.486.201 |
73,4 |
26,6 |
Honduras |
9.904.608 |
58,4 |
41,6 |
Nicarágua |
6.624.554 |
59 |
41 |
Guatemala |
17.915.567 |
51,8 |
48,2 |
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Países. Disponível em: https://oeds.link/n9lfQ1. Acesso em: 24 . 2022. março
Economia continental
As principais atividades econômicas na América Central continental estão relacionadas ao cultivo de produtos tropicais para o abastecimento do mercado externo. Há uma enorme dependência da economia das repúblicas centro-americanas em relação aos Estados Unidos, devido à grande influência que esse país exerce na região. Hoje, o café e a banana, cultivados em grandes fazendas, estão entre os principais produtos exportados.
Agricultura de exportação e de subsistência
Nessa área, praticam-se a agricultura comercial de produtos tropicais e a de subsistência, como pode ser observado no mapa sobre a produção agrícola na América Central.
Grande parte da produção agrícola de exportação é realizada em extensas propriedades monocultoras, localizadas em áreas de clima quente e úmido, no litoral do oceano Pacífico. A maioria dessas propriedades pertence a empresas estrangeiras, originárias principalmente dos países para os quais se destina a produção, como os Estados Unidos.
No litoral do Atlântico e nos altiplanos, predomina a agricultura de subsistência, praticada em pequenas propriedades com o emprego de técnicas tradicionais e de mão de obra familiar. Os principais produtos cultivados são o milho e a batata.
AMÉRICA CENTRAL CONTINENTAL: AGRICULTURA
Ler o mapa
• Qual é o principal tipo de agricultura praticado na América Central continental?
Indústria e extrativismo mineral
A indústria e a extração mineral não são atividades muito expressivas na América Central. Na maioria dos países, a indústria é voltada para o beneficiamento de produtos agrícolas destinados à exportação e para a produção de bens de consumo e materiais de construção destinados ao mercado interno.
Economia insular
A principal atividade econômica da região do Caribe é a agricultura, com destaque para o cultivo da cana-de-açúcar, cujo maior produtor é Cuba. Também são cultivados banana, fumo, café e algodão. A produção agrícola, geralmente oriunda de grandes propriedades, é voltada predominantemente para o mercado externo, o que a torna muito dependente das oscilações dos preços internacionais. A maioria dos estabelecimentos agrícolas caribenhos destina-se à agricultura familiar. Apesar disso, essa modalidade de produção, destinada principalmente à subsistência, ocupa menos de um quarto das terras agrícolas disponíveis e tem como base técnicas tradicionais, muitas associadas a conhecimentos advindos de povos indígenas. Esse tipo de produção, historicamente abandonado pelos governos, nos últimos anos passou a ser reconhecido como uma atividade com grande potencial de ampliar o abastecimento de alimentos na região e melhorar as condições de vida das populações rurais mais vulneráveis. Os investimentos na agricultura familiar podem, inclusive, evitar a migração de pessoas em busca de oportunidades de trabalho em outros países, uma vez que podem gerar novos empregos no campo.
Outro destaque da economia caribenha é a produção de gás natural e de petróleo em Trinidad e Tobago. O país está entre os maiores exportadores mundiais desse produto energético, tendo como principal comprador os Estados Unidos.
A atividade industrial no Caribe, pouco desenvolvida, permanece restrita ao beneficiamento das matérias-primas agrícolas, à confecção de roupas e ao artesanato local, principalmente de cestaria e de cerâmica.
Na região do Mar do Caribe, há os chamados paraísos fiscais, como as ilhas Cayman, as ilhas Virgens e Bahamas. Nesses países, grandes somas de dinheiro podem ser depositadas sem a necessidade de declarar sua origem: os depósitos são protegidos por leis que beneficiam o sigilo bancário.
Além disso, o turismo voltado às praias e às florestas tropicais representa uma importante fonte de receita para os países caribenhos.
O Canal do Panamá
Um dos empecilhos ao comércio marítimo mundial foi superado em 1914, com a abertura de um canal ao longo de 80 quilômetros, no istmoglossário do Panamá, que facilitou a travessia entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Anteriormente, essa travessia era feita apenas pelo estreito de Magalhães, localizado ao sul da América do Sul.
A construção do Canal do Panamá demorou décadas para ser concluída. As obras foram iniciadas em 1880 pela França e finalizadas pelos Estados Unidos. Estima-se que tenham custado aproximadamente 375 milhões de dólares e causado a morte de 25 mil pessoas, em decorrência de epidemias de malária e febre amarela, além de acidentes.
Só a partir de 2000 o canal passou a ser administrado pelo Panamá. Até então, a administração era mantida sob o contrôle dos Estados Unidos. Entre 2007 e 2016, o Canal do Panamá passou por obras de expansão, com a construção de uma terceira via, com capacidade para a travessia de embarcações de maior porte.
CANAL DO PANAMÁ
CANAL DO PANAMÁ
Integrar conhecimentos
Geografia e Ciências
Preservação das florestas tropicais da Costa Rica
Situada na porção continental da América Central, a Costa Rica é reconhecida mundialmente pelas iniciativas que vem realizando para conservar as florestas tropicais presentes em seu território. Após um intenso processo de desmatamento em decorrência das atividades agropecuárias estabelecidas durante décadas, o país adotou, a partir dos anos 1980, uma série de políticas para cessar a retirada da cobertura vegetal.
Naquela época, o território era coberto por apenas 21% de vegetação natural. Atualmente, conta com mais de 50% de áreas cobertas por diversos tipos de florestas. Observe o mapa a seguir, que representa os tipos e as áreas de floresta presentes no país.
COSTA RICA: TIPOS DE FLORESTA
O modelo implantado pelo país é caracterizado por adotar um sistema de incentivos financeiros por serviços ambientais. Nesse caso, proprietários de áreas florestais são pagos pelas funções que elas cumprem, isto é, por contribuir para a diminuição das emissões de gases que causam o efeito estufa, por proteger a biodiversidade e os recursos naturais, por manter a beleza paisagística natural etcétera.
O desafio do governo costa-riquenho, no entanto, é conciliar o modelo de preservação das florestas com as demandas das comunidades locais e dos povos indígenas. Ao longo dos anos, foram verificados alguns conflitos em decorrência de repasses que não foram realizados de fórma planejada e equitativa ou da desapropriação de Terras Indígenas. A solução deve levar em conta as necessidades dessas comunidades, a fim de garantir que seus direitos, como o de autodeterminação e o de contrôle de suas terras e de seus territórios, sejam respeitados.
- De acordo com o mapa, como são divididos os tipos de floresta na Costa Rica?
- Qual é o desafio enfrentado pelo modelo de preservação das florestas tropicais implementado na Costa Rica nas últimas décadas?
Herança colonial
A população caribenha enfrenta problemas sociais relacionados a educação, saúde e renda; porém, apresenta melhores condições de vida que a dos países da América Central continental. No Caribe está localizado o Haiti, um dos países mais pobres do mundo.
Os problemas verificados nessa área da América Central têm raízes nos séculos de dominação colonial. A maior parte dos países caribenhos só obteve a independência no início do século vinte, e ainda hoje várias ilhas continuam politicamente dependentes de Estados europeus, como Aruba e Curaçao (Países Baixos), Martinica (França) e Montserrat (Reino Unido).
Nesse aspecto, Porto Rico ocupa uma posição especial: é um Estado livre, associado aos Estados Unidos. Seus habitantes, porém, não têm garantidos os mesmos direitos civis dos cidadãos estadunidenses, como o de participar das eleições presidenciais daquele país.
Realidades distintas: Haiti e Cuba
Haiti
O Haiti apresenta os piores indicadores sociais do continente americano e um dos mais baixos do mundo. Em 2019, o Índice de Desenvolvimento Humano ( í dê agá) do país era de 0,51, e a expectativa de vida, de pouco mais de 64 anos. Outros dados indicam a baixa qualidade de vida da população: apenas pouco mais de 66% dos habitantes têm acesso a água potável e cêrca de 37%, ao saneamento básico; a mortalidade infantil chega a 48 mortos em cada 1.000 nascidos vivos; e cêrca de 60% do total da população vive abaixo da linha de pobreza. Atualmente, muitos haitianos emigram em busca de melhores condições de vida, inclusive para o Brasil. Os dados sobre os imigrantes no Brasil podem ser observados no gráfico.
BRASIL: IMIGRANTES (2019)
Cuba
Depois de conquistar sua independência da Espanha, no final do século dezenove, Cuba foi controlada pelos Estados Unidos, o que dava a esse país o poder de intervir política e militarmente na ilha. Em 1959, um grupo de guerrilheiros liderados por Fidel Castro conseguiu derrubar o governo corrupto e pró-estadunidense do ditador Fulgêncio Batista. Em pouco tempo, Fidel e seu grupo implantaram no país o regime socialista. A economia cubana, de base agrícola, não se desenvolveu durante o período de contrôle dos Estados Unidos e se manteve, da Revolução Cubana até 1991, com a ajuda econômica da União Soviética.
Em represália à revolução de 1959, os Estados Unidos impuseram aos cubanos um embargo (bloqueio) econômico, que perdura até os dias atuais, impedindo países aliados aos Estados Unidos de manterem relações comerciais com Cuba. O embargo afeta profundamente a economia cubana, que consegue estabelecer apenas parcerias pontuais no comércio internacional. Diante das dificuldades financeiras, que se agravaram com a pandemia de covíd-19, e a redução da entrada de turistas estrangeiros, o governo cubano passou a buscar meios para ampliar a exportação de produtos (a maioria de baixo valor) e de serviços, principalmente na área da saúde. Em 2022, Cuba possuía apenas 670 produtores ou prestadores voltados para a exportação; desses, só 24 pertenciam ao setor privado, como é possível verificar no mapa a seguir.
CUBA: UNIDADES EXPORTADORAS (2022)
Em junho de 2017, dônald tramp, então presidente dos Estados Unidos, encerrou os movimentos de aproximação com Cuba iniciados pelo seu antecessor, Barack Obama, que levava ao povo cubano a esperança de ver terminado o embargo.
Apesar de todas as dificuldades relacionadas à economia, Cuba apresenta bons indicadores sociais. Em 2019, o í dê agá do país era de 0,78, e a expectativa de vida chegava aos 81 anos para as mulheres e aos 77 anos para os homens. A porcentagem de adultos alfabetizados (acima dos 15 anos) alcançava 99,8%. Contrastando com os avanços sociais, a falta de liberdade política e de imprensa continua sendo um dos maiores focos de crítica ao governo cubano, que se constitui sem o voto direto da população, diferentemente de como ocorre nas democracias do continente.
Em prática
Mapas qualitativos
Os mapas qualitativos registram a localização e ou ou extensão de diferentes fenômenos ou as diversas categorias nas quais eles se enquadram, descrevendo qualidades desses espaços. A diversidade da realidade é reproduzida por variáveis visuais.
Para representar a ocorrência de fenômenos pontuais, devem-se aplicar diferentes símbolos para cada um deles, sem diferenças nos tamanhos. Os mapas qualitativos apontam a existência ou não de um fenômeno, e não sua ordem ou proporção.
Para representar fenômenos com ocorrência em áreas determinadas, emprega-se o método corocromático qualitativo, isto é, de áreas coloridas. Esse método estabelece cores diferenciadas para as várias ocorrências.
No mapa “América: organização do espaço” foram utilizados diversos recursos visuais para representar a organização do espaço da América.
AMÉRICA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO
- Quais recursos visuais foram utilizados para diferenciar no espaço representado as informações geográficas demonstradas?
- De acordo com a legenda apresentada no mapa, elabore um breve texto interpretando as informações referentes à América Central, comparando-a com as outras regiões do continente americano.
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
1. Observe o mapa e responda.
- A que se refere a linha verde traçada no mapa? E a vermelha?
- Qual é a distância percorrida em cada uma das rotas e qual é a diferença entre elas?
2. Leia o trecho a seguir e responda às questões.
O projeto de um novo canal que ligaria o oceano Atlântico ao oceano Pacífico, atravessando a Nicarágua, foi debatido no parlamento do país. Muitos senadores e deputados se opuseram ao projeto em virtude dos possíveis danos ao meio ambiente e da falta de estudos mais aprofundados sobre os impactos. Mesmo assim, a construção foi aprovada e só não foi adiante porque houve recuo dos investidores chineses que financiariam as obras.
- Considerando as necessidades de desenvolvimento econômico e de proteção do meio ambiente, você seria favorável ou contrário à construção do canal? Expresse seu parecer sobre a questão, justificando com argumentos.
- Comente algum caso parecido no Brasil.
- Sobre os países da América Central insular e continental, responda.
- Quais são as principais atividades econômicas praticadas nesses países?
- Qual é a importância do turismo para a economia desses países?
- Por que ocorre forte emigração de países como Honduras, Él Salvador, Guatemala e Nicarágua?
- Observe a fotografia, leia o texto e responda à questão.
A América Central é uma região sujeita a furacões, com ventos com velocidade superior a 200 quilômetros por hora, que podem causar enorme destruição e mortes. A temporada dos furacões inicia-se no final do verão no hemisfério Norte. Os países pobres são os mais prejudicados, pois a reconstrução requer muito esforço da população e altos investimentos financeiros.
• Por que nos países pobres esse fenômeno natural tende a causar mais prejuízos?
CAPÍTULO 11 América do Sul
A América do Sul compreende doze países – Argentina, Chile, Uruguai, Brasil, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname – e um departamento francês ultramarino, a Guiana Francesa.
Um dos traços importantes do território da América do Sul é o desequilíbrio na distribuição de sua população, não somente entre os países, como representado no mapa “América do Sul: densidade populacional (2020)”, mas também entre regiões no interior de alguns deles, onde há áreas pouco povoadas, como a Patagônia, na Argentina, a região Amazônica, no norte da América do Sul, e as áreas desérticas do Chile.
AMÉRICA DO SUL: POLÍTICO
AMÉRICA DO SUL: DENSIDADE POPULACIONAL (2020)
Urbanização
A urbanização, fenômeno relativamente recente na América do Sul, tem se intensificado nas últimas décadas. No final da década de 2010, a maior parte dos países sul-americanos apresentava taxas de urbanização superiores a 60%, com exceção da Guiana.
Em muitos países sul-americanos, observa-se um fenômeno de grande concentração populacional nas áreas metropolitanas de suas principais cidades. Algumas delas abrigam grande parte da população nacional. É o caso de Montevidéu, cuja região metropolitana concentra mais de 40% da população do Uruguai. Observe no mapa a população nas principais cidades da América do Sul.
AMÉRICA DO SUL: POPULAÇÃO NAS PRINCIPAIS CIDADES (2020)
PAÍSES SELECIONADOS: PARTE DA POPULAÇÃO NACIONAL CONCENTRADA NA REGIÃO METROPOLITANA DA CAPITAL (2018)
Ler o gráfico
• A região metropolitana de São Paulo ( São Paulo) concentra cêrca de 10% da população do país. Compare esse dado com os das regiões metropolitanas representadas no gráfico e explique as diferenças de concentração populacional.
Crescimento urbano, industrialização e meio ambiente
Em muitos países, a urbanização acelerada (resultado, em parte, das transformações da produção agropecuária e dos processos de industrialização) fez com que as cidades crescessem de maneira desordenada e sem a infraestrutura necessária para abrigar os grandes contingentes de população que para elas se dirigiram. O resultado desse processo foi a expansão das periferias, a favelização, a falta de empregos e a precariedade das condições de vida de parte dos habitantes dos grandes centros urbanos.
É importante lembrar que as atividades industriais existentes em muitas cidades dessa região ainda impactam fortemente o meio ambiente e a vida das pessoas. A poluição do ar, gerada pelas indústrias e por seus produtos, como os automóveis, contribui significativamente para a ocorrência de diferentes doenças respiratórias, além da formação, nessas áreas urbanas, das chamadas ilhas de calor e da chuva ácida. Esses processos ocorrem, por exemplo, em muitas cidades industriais do Sudeste brasileiro.
A contaminação das águas, em geral associada ao despejo inadequado de produtos utilizados em indústrias, resulta na morte de diversas espécies de animais que vivem nos rios (em áreas urbanas e próximo a elas) e em suas margens. Os seres humanos, quando consomem animais aquáticos de locais contaminados, também se contaminam e apresentam problemas de saúde.
Desenvolvimento socioeconômico
A América do Sul apresenta dados socioeconômicos muito contrastantes. Em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano ( í dê agá) de 2019, os países se encontram em três níveis – muito elevado (acima de 0,8): Argentina, Chile e Uruguai; elevado (0,7 a 0,799): Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela; médio (0,6 a 0,699): Guiana.
AMÉRICA DO SUL: í dê agá DE PAÍSES SELECIONADOS (1990-2019)
Ler o gráfico
- Entre os países representados no gráfico, quais apresentavam í dê agá médio no ano 2000?
- Em que momento Chile e Argentina começaram a ser considerados países com í dê agá muito elevado?
Nas últimas décadas, dois momentos influenciaram de maneira marcante a situação socioeconômica na América do Sul:
- anos 1990, quando foram adotadas políticas neoliberaisglossário , incentivadas pelo Fundo Monetário Internacional () e pelo Banco Mundial, que exigiram medidas para estabilizar a economia, como éfe ême í córte nos gastos sociais, contrôle da inflação e abertura da economia;
- anos 2000, quando algumas políticas públicas de inclusão social conseguiram diminuir a pobreza em vários países da América do Sul.
Apesar das melhorias proporcionadas pelo segundo momento, a região voltou a sofrer com o agravamento da pobreza como resultado do desemprego e da alta da inflação após o início da pandemia de covíd-19 e eventos externos, como a guerra na Ucrânia.
Economia
O passado colonial foi, em grande parte, responsável pela desigualdade econômica e social dos países sul-americanos, em virtude da dependência das colônias em relação às metrópoles e do papel essencial que exerciam no fornecimento de minérios e produtos agrícolas. Após a independência, muitos continuaram como exportadores de produtos primários. Além disso, a herança colonial da concentração de terras permanece em diversos países.
A economia sul-americana está centrada na exportação de commoditiesglossário . Brasil, Argentina, Colômbia, Venezuela e Chile concentram cêrca de 80% do Produto Interno Bruto () do subcontinente. Píbi
O Brasil, maior economia da América do Sul, apresenta desenvolvido parque industrial e agricultura moderna, com destaque para o agronegócio. Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela e Uruguai são os países mais industrializados da América do Sul.
A agricultura exerce papel fundamental na economia de diversos países, como Colômbia (café), Argentina (trigo) e Equador (alimentos tropicais e flores). No Chile, a abertura de mercado e a implementação do modelo exportador levaram à transformação da agricultura, apoiada em elevada tecnologia.
Brasil, Argentina, Chile e Uruguai são os principais produtores na pecuária. Enquanto na região dos pampas argentinos e no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil se destaca a criação de bovinos, Chile e Uruguai estão entre os maiores criadores de ovelhas. A pesca representa um importante setor econômico no Peru e no Chile.
A América do Sul apresenta grande diversidade de recursos minerais e energéticos. Atividades industriais ligadas a esse ramo são extremamente importantes para Venezuela, Bolívia, Colômbia, Peru (petróleo, gás natural, pedras e metais preciosos), Chile, Brasil e Argentina (cobre, bauxita e minério de ferro, entre outros).
Recursos minerais e energéticos
Rica em recursos naturais, a América do Sul é grande produtora de petróleo e gás natural. No Brasil e na Venezuela, parte das reservas de petróleo está localizada em áreas marítimas.
O território sul-americano também abriga importantes reservas minerais, destacando-se as de cobre, no Chile (maior produtor mundial – observe as áreas de exploração no mapa a seguir), as de prata e cobre, no Peru, e as de bauxita e minério de ferro, no Brasil. Na América do Sul há uso intenso das águas, principalmente na atividade pesqueira e para geração de energia em hidrelétricas. As reservas de recursos minerais e energéticos e as regiões industriais estão distribuídas por todo o subcontinente.
AMÉRICA DO SUL: RECURSOS MINERAIS E REGIÕES INDUSTRIAIS (2014)
Ler o mapa
• Caracterize a disponibilidade de recursos minerais e energéticos na América do Sul e explique como isso pode favorecer a indústria.
Petróleo e gás
Neste século, foram descobertas grandes reservas de petróleo na América do Sul – 80% delas encontradas no pré-salglossário brasileiro. O Brasil é o 9º país no ranking global de produtores de petróleo, com uma produção que corresponde a cêrca de 3% do total mundial. A Venezuela, por sua vez, possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, mas sua produção despencou após sofrer punições internacionais impostas principalmente pelos Estados Unidos sob a alegação de o país adotar políticas antidemocráticas.
Países |
Produção (milhares de barris/dia) |
Participação na produção global |
---|---|---|
Brasil |
3.026 |
3,4 |
Colômbia |
781 |
0,9 |
Argentina |
600 |
0,7 |
Venezuela |
540 |
0,6 |
Equador |
479 |
0,5 |
Peru |
131 |
0,1 |
Elaborada com base em dados obtidos em: BRITISH PETROLEUM. Statistical Review of World Energy 2021. London, UK: BP, 2021. Disponível em: https://oeds.link/C058Is. Acesso em: 25 . 2022. março
Além do petróleo, cresce a participação do gás natural na economia da América do Sul, que tem importantes produtores, como a Venezuela, a Bolívia e a Argentina. Com a exploração de novas reservas, principalmente as do pré-sal, o Brasil também se soma hoje a esses países.
No entanto, para atender todo o consumo interno, o Brasil ainda importa gás natural de países vizinhos, sobretudo da Bolívia. Esse quadro tende a mudar conforme o país avança na exploração do gás em seu território.
Fontes renováveis de energia
Muitos países têm buscado fontes renováveis de energia, por gerarem baixos índices de poluição: solar, eólica (vento), biomassa (matéria orgânica), geotérmica (calor do interior da Terra) e hidrelétrica (água).
Alguns países sul-americanos têm se destacado na produção de energia de fontes renováveis, principalmente Brasil e Argentina. O Brasil é o segundo país no ranking mundial em capacidade de produção de energia hidrelétrica em razão de seu potencial em recursos hídricos. Além disso, é o segundo maior produtor mundial de energia de biomassa (depois dos Estados Unidos), em virtude dos investimentos nos setores de biodiesel e etanol. Recentemente, a Argentina também tem investido maciçamente na produção de biodiesel.
1º |
2º |
3º |
4º |
5º |
|
---|---|---|---|---|---|
Capacidade de geração de energia hidrelétrica |
China |
Brasil |
Canadá |
Estados Unidos |
Rússia |
Biodiesel |
Estados Unidos |
Brasil |
Indonésia |
Alemanha |
China |
Fonte: BRITISH PETROLEUM. Statistical Review of World Energy 2021. London, UK: BP, 2021. Disponível em: https://oeds.link/C058Is. Acesso em: 25 . 2022. março
Embora não faça parte do quadro dos maiores produtores, o Peru tem ampliado os investimentos em fontes renováveis. O país possui importantes fontes de recursos hídricos e geotermais que favorecem exploração futura. Já o Brasil se destaca como o maior produtor mundial de etanol a partir do processamento da cana-de-açúcar.
Os projetos do Brasil para os países vizinhos
No final da década de 1960, o Brasil passou a promover contatos bilaterais com países vizinhos, com o objetivo de expandir o comércio e a cooperação. Nesse contexto, destacou-se a elaboração de uma série de projetos e obras de infraestrutura em parceria com a Bolívia, o Paraguai e o Uruguai, com o intuito de atrair esses países para a órbita de influência do Brasil.
Na década de 1970, surgiram alguns atritos com a Argentina, principal concorrente econômica do Brasil na América do Sul e um dos três maiores importadores de produtos brasileiros. A Bolívia e o Paraguai, territórios sem saída para o mar, eram dependentes da Argentina para escoar seus produtos, fazendo uso da Bacia Platina e do porto de Buenos Aires. Como alternativa, o Brasil propôs à Bolívia um projeto para a implantação da ferrovia Brasil-Bolívia, ligando o país andino ao porto de Santos, no estado de São Paulo.
Em 1974 foi promulgado um acordo de cooperação que estabelecia o fornecimento de gás natural da Bolívia ao Brasil, e propunha a realização de estudos para a construção de um gasoduto entre os dois países. Atualmente, o gasoduto Bolívia-Brasil é responsável pelo transporte de gás natural boliviano para o território brasileiro, constituindo uma importante fonte de renda para a economia daquele país.
Em relação ao Paraguai, o governo brasileiro promoveu a construção da rodovia Bê érre-277, para ligar o eixo econômico paraguaio, Assunção-Ciudad Del Este, ao porto de Paranaguá, no litoral do estado do Paraná, e favorecer as exportações paraguaias.
Para intensificar as relações com o Uruguai, o governo brasileiro promoveu uma ampla integração viária por meio da construção de ferrovias e rodovias que ligam esse país às cidades do Sul do Brasil.
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
- Qual é a maior dificuldade encontrada pelo Paraguai no que se refere ao comércio externo?
- Descreva as características do crescimento urbano na América do Sul e suas consequências.
- Quais são os principais aspectos da economia sul-americana?
- É correto afirmar que não há pobreza nos países da América do Sul com í dê agá muito elevado?
- Observe o mapa.
Planisfério: produção de petróleo, em mil barris diários (2020)
• Descreva a situação da produção de petróleo na América Central e na América do Sul em relação ao restante do mundo.
6. Observe o quadro.
País |
Milhares de Gigawatt/hora (GW/h) |
---|---|
Brasil |
3.361,1 |
Argentina |
875 |
Chile |
447,2 |
Colômbia |
491,6 |
Equador |
180,6 |
Peru |
277,8 |
Elaborado com base em dados obtidos em: BRITISH PETROLEUM. Statistical Review of World Energy 2021. London, UK: BP, 2021. Disponível em: https://oeds.link/C058Is. Acesso em: 25 . 2022. março
• De acordo com os dados apresentados, como o Brasil se caracteriza no consumo de energia produzida em relação à América do Sul?
CAPÍTULO 12 A integração regional e o papel do Brasil
Desde a década de 1960, diversos acordos de integração foram realizados na América Latina. Merecem destaque o Mercado Comum Centro-Americano, de 1960; o Pacto Andino, de 1969; a Comunidade do Caribe, de 1973; e a Associação Latino-Americana de Integração ( aládi), de 1980, formada por treze países, que representam, em conjunto, 20 milhões de quilômetros quadrados e mais de 510 milhões de habitantes.
Medidas para promover ações conjuntas entre os países com o intuito de fortalecer a economia e, indiretamente, gerar benefícios sociais e políticos, além de promover um intercâmbio cultural, não são recentes. Entretanto, nunca se conseguiu estabelecer uma política de integração completa entre os países latino-americanos.
Em março de 1991, com o Tratado de Assunção, assinado por Paraguai, Uruguai, Brasil e Argentina, criou-se o principal bloco econômico em atuação na região, o Mercado Comum do Sul ( Mercosúl).
Em 2012, o Paraguai foi suspenso do bloco após um golpe de Estado que derrubou o então presidente Fernando Lugo. Os demais países-membros entenderam que o golpe representava uma ameaça ao regime democrático e suspenderam a participação do país. No ano seguinte, após a eleição democrática de um novo presidente, a participação do Paraguai no Mercosúl foi restabelecida. Em 2012 o bloco passou a contar com a Venezuela, mas esta foi suspensa em 2017 por ruptura de ordem democrática.
Além dos cinco países-membros, há os associados: Chile (a partir de 1996); Peru (2003); Colômbia e Equador (2004); Guiana e Suriname (2013). Desde 2018, a Bolívia obteve o status de Estado associado em processo de adesão, o que faz do país um candidato a membro do bloco.
Organismos de integração
Os principais organismos de integração do território americano podem ser observados no mapa e nos textos a seguir.
ORGANISMOS DE INTEGRAÇÃO (2017)
Associação Latino-Americana de Integração ( aládi)
A aládi foi criada em 1980 com o objetivo de promover a integração e o desenvolvimento econômico e social, por meio do estabelecimento de um mercado comum na América Latina. Atualmente, os membros da aládi são: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. No começo da década de 2020, a Nicarágua encontrava-se em processo de adesão à aládi.
A proposta da aládi é possibilitar que as trocas comerciais sejam mais flexíveis, considerando os diferentes níveis de desenvolvimento econômico de cada país-membro. Para isso, são adotados alguns instrumentos, como tarifas regionais preferenciais, acordos de alcance regional e acordos de alcance parcial, com o estabelecimento de relações bilaterais.
Comunidade Andina
Anteriormente denominada Pacto Andino, a Comunidade Andina foi criada em 1969 e, atualmente, é constituída de três países-membros: Peru, Bolívia e Colômbia. O Chile, a Venezuela e o Equador deixaram a comunidade em 1977, 2006 e 2018, respectivamente.
Entre os principais objetivos, destaca-se o desenvolvimento equilibrado dos países-membros, mediante a integração e a cooperação econômica e social. Para isso, a comunidade tem o objetivo de promover um mercado comum entre os países-membros, o crescimento de empregos, a diminuição da vulnerabilidade externa no contexto econômico internacional, o fortalecimento regional e a melhoria da qualidade de vida da população presente nesses países.
Organização dos Estados Americanos ( ô ê á)
Fundada em 1948, a ô ê á é uma das instituições regionais mais antigas do mundo. Atualmente, é constituída de 35 Estados da América independentes e se tornou um importante fórum governamental político, jurídico e social, cujo objetivo é aprofundar a democracia, os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento no continente.
Para isso, a organização conta com algumas ferramentas, como diálogo político entre países que enfrentam conflitos, cooperação, apoio jurídico e mecanismos de acompanhamento no combate às drogas ilegais, à corrupção e à violência doméstica.
Organização dos Estados Ibero-Americanos ( ó ê Í)
A ó ê Í é um organismo internacional, integrado por países dos continentes latino-americano, africano e europeu. Tem caráter governamental e o objetivo de promover a cooperação nos campos da educação, da ciência, da tecnologia e da cultura para alcançar o desenvolvimento integral, a democracia e a integração regional. É responsável pela implementação de vários programas, financiados pelos governos dos Estados-membros, que auxiliam instituições a melhorar a qualidade da educação e ampliar o desenvolvimento científico, tecnológico e cultural.
Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América ( álba)
A álba foi criada em 2004 a partir de um acordo firmado entre dois países, Cuba e Venezuela, para promover a integração e a união da América Latina. Atualmente, é constituída também por Bolívia, Nicarágua, Equador e pelas ilhas caribenhas Dominica, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Antígua e Barbuda.
Uma equipe multinacional representando esses países procura promover a integração da América, com um caráter político, cultural e ideológico, contrapondo-se às organizações que buscam apenas a união econômica entre os países-membros.
Mercosul – objetivos e controvérsias
O objetivo principal do Mercosúl é estimular o aumento das trocas econômicas entre os países-membros, além de atuar em bloco no comércio com outros países e regiões.
Pelo tamanho de suas economias e pelo volume de trocas comerciais que realizam entre si, Brasil e Argentina lideram o bloco. O comércio entre os países-membros tem aumentado constantemente desde a criação do bloco, estimulado pela redução de tarifas alfandegárias.
Hoje o Mercosúl abrange as principais economias da América do Sul, constituindo o principal bloco econômico dessa porção do continente. Além da integração econômica (que envolve não apenas produtos, mas também matéria-prima e energia), busca-se maior integração política e cultural.
Em 2017, o conselheiro econômico e comercial da Embaixada da China no Uruguai declarou que seu país pretende negociar um tratado de livre-comércio com o Uruguai, que impactaria o Mercosúl (uma vez que o Uruguai pertence ao bloco), ou realizá-lo diretamente com o bloco.
Movimentos sociais do Brasil e de outros países da América do Sul apresentam, há anos, diferentes críticas acerca do modelo de desenvolvimento do Mercosúl. Segundo eles, entre as principais questões está a integração baseada exclusivamente em relações comerciais, o que não atende a determinados direitos dos trabalhadores, uma vez que não há legislação trabalhista comum ao bloco nem avanços em questões que tratem das condições de trabalho.
Após a aprovação da reforma nas leis trabalhistas no Brasil, na segunda metade da década de 2010, o governo uruguaio em vigência no período demonstrou preocupação com as possíveis consequências dessas mudanças, não apenas por considerar que os direitos dos trabalhadores são negativamente afetados, mas também pelos impactos no funcionamento do Mercosúl. A preocupação se justificava na medida em que as alterações na dinâmica econômica de um país-membro interferem diretamente na relação que ele estabelece com os demais.
Mercosúl sem fronteiras
- Seu território tem uma extensão de 14.869.775 , no qual convivem diversos ecossistemas, tanto continentais quanto marítimos, que possuem uma das maiores reservas de biodiversidade do mundo. quilômetros quadrados
- É a quinta economia do mundo.
- Sua população ultrapassa 295.007.000 pessoas, com uma diversidade formidável de povos e culturas.
- Tem recursos energéticos imensos, renováveis e não renováveis.
- Possui uma das mais importantes reservas de água doce do planeta: o Aquífero Guarani.
Mercosúl. Em poucas palavras. Disponível em: https://oeds.link/DUerU6. Acesso em: 25 março. 2022.
Aliança do Pacífico e unassul
Em 2012, foi criada a Aliança do Pacífico, bloco econômico nos moldes do Mercosúl, formado por México, Colômbia, Peru e Chile. Tem como objetivos tornar-se um grande polo de atração de investimentos na América Latina e servir de elo para uma eventual integração com países asiáticos.
Esse bloco econômico é visto como a principal iniciativa de comércio internacional no continente americano, com grande possibilidade de expansão. Vários países da América Central, como Costa Rica e Panamá, manifestaram interesse em aderir ao bloco.
O Mercosúl realizou acordos comerciais com a Colômbia, em 2018, visando se aproximar e ampliar a integração com a Aliança do Pacífico.
Aliança do Pacífico e Mercosúl
A União de Nações Sul-Americanas ( unassul) foi criada em 2008 como um grande projeto de integração sul-americana. Mais do que adotar medidas comerciais conjuntas, a organização nasceu apoiada no objetivo de promover o estreitamento dos laços culturais, sociais, políticos e econômicos dos povos da América do Sul.
A unassul chegou a abranger todos os Estados independentes da América do Sul, mas, entre outros entraves, em decorrência das mudanças políticas pelas quais passaram vários países do subcontinente na segunda metade da década de 2010, com a chegada ao poder de governantes com alinhamento ideológico divergente dos antecessores, a organização intergovernamental começou a perder adesões, inclusive a do Brasil.
Com as saídas, a unassul ficou desestruturada e com apenas quatro membros: Bolívia, Venezuela, Guiana e Suriname.
Lugar e cultura
Relação cultural entre Brasil e China
Nos últimos anos, a China vem despontando como uma grande potência econômica e aumentando sua influência social e cultural no mundo.
No Brasil, o contato entre os dois países perdura desde o século dezenove, o que possibilitou que os elementos da cultura chinesa penetrassem de diversas fórmas na sociedade brasileira. A culinária, as artes marciais, a arquitetura de bairros típicos e as festas tradicionais, como a celebração do Ano Novo Chinês, são aspectos culturais já bastante assimilados pelos brasileiros. Leia a reportagem a seguir.
Evento celebra Ano Novo Chinês na Praça da Alfândega
A cultura chinesa invadiu a Praça da Alfândega na tarde desta sexta-feira. Pela primeira vez em cinco anos, o Instituto Confúcio realizou a cerimônia do Ano Novo Chinês no coração do Centro Histórico de Porto Alegre, em frente ao Memorial do Rio Grande do Sul. reticências O diretor do Memorial do Rio Grande do Sul, Dilmar Portela, disse que o povo chinês gosta de multidões e que a escolha do ambiente da Praça da Alfândega, por conta da grande movimentação, foi interessante para a cerimônia.
Com entrada gratuita, o público pôde conferir apresentações artísticas e culturais da entidade e convidados de escolas marciais, além da Dança do Leão, performance acrobática executada ao som de tambores, conforme manda a tradição. Também havia tendas com oficinas de caligrafia, jogos chineses e cerimônia do chá.
A professora aposentada Ângela Dutra Pithan, 61 anos, contou que é apaixonada pela cultura da China. “Peguei um panfleto do Instituto e pretendo me matricular na próxima turma do mandarim, quero muito aprender”, afirmou. A advogada Fernanda Dutra Pithan, 35 anos, filha de Ângela, aproveitou a imersão na cultura oriental para participar da cerimônia do chá: “É muito bom”, garantiu.
reticências
HÜBLER, Jessica. Evento celebra ano novo chinês na Praça da Alfândega. Correio do Povo, 16 fevereiro. 2018. Disponível em: https://oeds.link/hC1T5A. Acesso em: 25 março. 2022.
- Considerando a China a principal parceira econômica do Brasil na atualidade, qual é a importância de promover maior integração cultural entre os dois países?
- No lugar em que você vive, é possível encontrar elementos da cultura chinesa inseridos no cotidiano da população?
Protagonismo brasileiro e as relações internacionais
Ainda que na virada entre as décadas de 2010 e de 2020 o Brasil tenha encontrado grandes dificuldades econômicas, agravadas pela pandemia de covíd-19, sua importância internacional cresceu no século vinte e um, consolidando-se como potência econômica regional. Esse destaque se deve, em parte, à sua participação no cenário econômico mundial e na Organização Mundial do Comércio ( ó ême cê) e ao seu envolvimento na busca de soluções pacíficas para conflitos internacionais, em parceria com a Organização das Nações Unidas ( ônu).
O ápice desse processo ocorreu dos anos 2000 até o começo da década seguinte. Algumas características do período estão sintetizadas no mapa a seguir.
BRASIL: RELAÇÕES INTERNACIONAIS (2012)
Relações com a Argentina
Ao longo da história, a relação entre Brasil e Argentina nem sempre foi pacífica. Durante os processos de independência desses países, houve o primeiro confronto na Guerra da Cisplatina. Esse conflito armado entre o império brasileiro e as Províncias Unidas do Rio da Prata (antigas províncias do vice-reinado espanhol do Rio da Prata), ocorrido entre 1825 e 1828, resultou na independência do Uruguai.
Desde então houve períodos de instabilidade nas relações diplomáticas entre os dois países. Como estudamos no Capítulo anterior, os projetos e as obras de infraestrutura desenvolvidos em parceria com a Bolívia, o Paraguai e o Uruguai geraram atritos com a Argentina. Bolívia e Paraguai foram atraídos para a órbita de influência do Brasil por meio de um conjunto de estratégias implantado pelo governo brasileiro. Antes, esses países, por não terem saída para o mar, eram fortemente dependentes da Argentina para fazer o escoamento de seus produtos pela Bacia Platina e pelo Porto de Buenos Aires.
Na década de 1970, por exemplo, o governo argentino julgou-se prejudicado com a construção da Usina de Itaipu, mas a questão foi resolvida mediante acordos diplomáticos.
Nos anos 1980, no conflito da Argentina com o Reino Unido pela posse das ilhas Malvinas, o Brasil manteve apoio diplomático à Argentina. Essa postura do governo brasileiro serviu para promover uma aproximação que favoreceu a criação, na década de 1990, do Mercosúl. A formação desse mercado comum amenizou as divergências econômicas entre os dois países.
Desde os anos 2000, as relações entre Brasil e Argentina têm sido mais amigáveis e marcadas pela busca de uma política comum para o desenvolvimento da América do Sul, além de investimentos brasileiros nesse país (em setores como os de petróleo e gás, construção civil, minérios e indústria automobilística) e do comércio bilateral.
Corredor Bioceânico e outros projetos de integração
Outro importante projeto para a integração física do continente é o Corredor Bioceânico, com cêrca de 4 mil quilômetros de rodovias que cortam a América do Sul no sentido leste-oeste. Esse complexo rodoviário tem como ponto de partida a cidade portuária de Santos, cruza os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul e atravessa os Andes bolivianos e chilenos até chegar aos portos de Arica e Iquique, no norte do Chile.
O projeto proporcionou à Bolívia maior facilidade de transporte e acesso ao mar, além de favorecer o escoamento das produções brasileiras até o oceano Pacífico, fortalecendo as exportações para países asiáticos. Inaugurado extraoficialmente no final de 2013, o corredor ainda precisa de ajustes – como a revisão dos preços de frete e o estabelecimento de regras de trânsito – para consolidar sua viabilidade econômica.
CORREDOR BIOCEÂNICO PARANAGUÁ-ANTOFAGASTA
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
- Qual é o foco do interesse brasileiro ao participar de missões de paz e aproximar suas relações diplomáticas com outras potências regionais?
- Explique a importância do Mercosúl para a América do Sul e cite os objetivos desse bloco econômico.
- O que é a Aliança do Pacífico? Que países fazem parte dela? Quais são as aspirações do bloco em termos econômicos?
- Imagine que você é um grande produtor de soja em Mato Grosso que exporta regularmente para a China. Sua produção sai do Brasil e é destinada para o porto de Xangai. Responda às questões propostas a seguir consultando o mapa.
PLANISFÉRIO: ROTAS MARÍTIMAS COMERCIAIS (2015)
- De que modo o transporte entre o local de produção e o porto impacta nos custos finais da soja exportada?
- Que benefícios o Corredor Bioceânico pode trazer para a exportação da soja? Por quê?
- Compare as duas rotas retratadas no mapa. Qual seria a mais vantajosa?
5. Leia o trecho de reportagem a seguir e responda à questão.
O ensino da língua portuguesa encontra-se em vertiginosa expansão em universidades chinesas, e o governo de Pequim não tem medido esforços nem investimentos para liderar os estudos sobre a língua de Camões e Machado de Assis na Ásia.
Thomaz, Daniel Mondur. Por que a China aposta na língua portuguesa. bê bê cê Brasil, 23 agosto. 2017. Disponível em: https://oeds.link/a3jOEG. Acesso em: 25 março. 2022.
• Considerando o significativo aumento das trocas comerciais entre China e Brasil nos últimos anos e os grandes investimentos chineses em diversos países do continente africano, quais razões levam as universidades desse país a apostar nos estudos da língua portuguesa?
6. Leia a reportagem a seguir e responda à questão.
Uma das principais realizações da diplomacia pendular do Brasil durante o regime militar, o Tratado de Itaipu – que permitiu a construção da usina hidrelétrica –, vai completar 50 anos em 2023. Como não se pode brincar com uma usina que é fundamental para a estratégia brasileira de desenvolvimento, qualquer que seja ela, as autoridades do setor elétrico já falam em 2023 como se fosse amanhã. Os entendimentos visando à renovação do acordo já estão a pleno vapor.
reticências
“Existe a possibilidade de venda da energia paraguaia para o mercado brasileiro, depois de 2023”, disse Vianna, lembrando, entretanto, que os atuais excedentes paraguaios deixariam de existir dentro de 10 anos, devido ao forte crescimento da economia do Paraguai, que, como a do Brasil, está ancorada na produção agroindustrial. Ele revelou que, logo que a usina entrou em operação, o Paraguai consumia apenas a energia elétrica que era gerada por meia-máquina. “Hoje, são três máquinas”.
A mesma dificuldade ele encontra numa possível venda de energia paraguaia para países vizinhos, principalmente a Argentina. “Na renovação do Tratado, tudo isso deverá ficar claro. reticências”.
CORRÊA, Maurício. Revisão do Tratado de Itaipu não prevê venda ao ML. Por enquanto. Paranoá Energia, Brasília, Distrito Federal, 6 junho. 2017. Disponível em: https://oeds.link/n6bpho. Acesso em: 25 março. 2022.
• De acordo com o trecho apresentado, qual é a regra, prevista pelo tratado firmado entre Brasil e Paraguai, a respeito da comercialização de energia gerada pela Usina de Itaipu?
7. Em 2018, o Departamento Nacional de Trânsito ( denatrâm) e o Conselho Nacional de Trânsito ( contrâm) deliberaram a troca de placas dos veículos brasileiros, de acordo com o padrão das placas dos países do Mercosúl. Observe as características da placa com o padrão Mercosúl.
• Na sua opinião, essa placa beneficia quem vive nos países do Mercosúl? De que maneira?
Ser no mundo
Participação dos bríquis no cenário internacional
Nos últimos anos, a China vem despontando como uma das principais potências econômicas do mundo. Com o acelerado processo de industrialização e crescimento verificado a partir da década de 1970, o país vem ampliando sua influência geoeconômica e geopolítica não só no continente asiático, mas também na África e na América Latina.
Como integrante do bloco dos bríquis, a China e as outras potências emergentes desse bloco, Índia, Rússia, Brasil e África do Sul, vêm desempenhando um papel fundamental no equilíbrio das relações internacionais, anteriormente lideradas por algumas potências, como os Estados Unidos, os países da União Europeia e o Japão. Mais recentemente, estão sendo avaliadas possibilidades de ampliação do grupo, o que é defendido principalmente pela China. Um dos candidatos a aderir aos bríquis é a Argentina. Sobre isso, leia o texto a seguir.
Na semana passada, o presidente argentino Alberto Fernández iniciou giro internacional com destino a Rússia, China e Barbados. Na Rússia, Fernández solicitou e recebeu de Vladimir Putin apoio para o ingresso da Argentina nos bríquis reticências.
Dias depois, na China, o mesmo pedido foi feito ao presidente Xi Jinping, que também sinalizou posição favorável à entrada argentina.
reticências
A entrada da Argentina no agrupamento começou a ser mais seriamente aventada no ano passado [2021]. Diante de protestos do governo argentino sobre o fato de o Uruguai (que fórma parte do Mercosúl) e a China estarem negociando um acordo de livre-comércio, a China convidou o governo argentino a avaliar uma possível entrada nos bríquis.
O convite deve ser compreendido dentro da trajetória de aproximação entre China e Argentina nos últimos anos. A China tem se constituído como uma importante parceira econômica para a Argentina, dados do China Global Investment Tracker informam que a China investiu cêrca de dez vírgula quinze bilhões de dólares no país nos últimos 11 anos. reticências Em termos comerciais, a China tornou-se a maior parceira comercial da Argentina em 2021, suplantando o Brasil.
Do lado da Argentina, o ingresso nos bríquis é adequado à política externa que Fernández vem implementando, voltada para a diversificação das relações externas do país. Tenta-se tornar a Argentina menos dependente de parcerias tradicionais como os Estados Unidos da América e o éfe ême í, buscando alternativas políticas e econômicas em outras grandes forças mundiais, como a China e a Rússia, e fortalecer o protagonismo regional e internacional do país. É nessa cena que se inseriu a viagem de Fernández para Rússia, China e Barbados reticências.
SOUSA, Ana Tereza Lopes Marra de. Argentina nos bríquis? Brasil de Fato, 11 fevereiro. 2022. Disponível em: https://oeds.link/sHG3bY. Acesso em: 25 março. 2022.
1. Quais seriam as vantagens para a Argentina decorrentes de sua possível entrada nos bríquis? Como a China poderia se beneficiar dessa adesão?
Analise os gráficos a seguir para responder às atividades 2 e 3.
PAÍSES DOS bríquis: Píbi(2005-2020)
PAÍSES DOS bríquis: EXPORTAÇÕES (2005-2020)
- Avaliando o desempenho econômico dos países que compõem os bríquis por meio dos gráficos, é possível constatar que, em 2020, todos eles apresentaram melhoras em relação aos anos anteriores? Justifique sua resposta.
- Considere apenas os valores registrados nos dois conjuntos de gráficos em 2020. Agora, elabore um texto de no mínimo oito linhas para demonstrar as diferenças que você observa entre os países dos bríquis.
Glossário
- Território ultramarino
- Região além-mar considerada parte integrante do território de um país, como a Martinica, que pertence à França, e Anguila, território do Reino Unido.
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- Istmo
- Faixa estreita de terra que liga uma península a um continente ou a duas porções de um continente.
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- Neoliberal
- Corrente de pensamento econômico segundo a qual o Estado deve ocupar-se da ordem política e, minimamente, da organização econômica da sociedade. Os demais setores da economia, ainda que fiscalizados pelo governo, devem ser deixados a cargo da iniciativa privada.
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- Commodity
- Artigo de comércio que não sofre processo de alteração.
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- Pré-sal
- Camada rochosa em área muito profunda, que fica entre 7 000 e 8 000 metros abaixo do leito do mar, depois de uma camada de sal.
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