UNIDADE sete  África: regionalização e fronteiras

Fotografia. Destaque para cinco crianças de idades similares e enfileiradas olhando em direção à câmera que tirou a foto. Quatro delas são negras (três meninos e uma menina, que está à frente) e uma é branca. Eles estão à frente de uma parede com uma janela laranja.
Crianças de diferentes idades celebram o Dia da África, em Johanesburgo, África do Sul (2018).

Você verá nesta Unidade:

Aspectos físicos do continente africano e o meio ambiente

Regionalizações da África

Colonialismo europeu na África

Apartheid

Conflitos na África

África na nova divisão internacional do trabalho

Fotografia. Uma mulher usando máscara no rosto, boné e vestido preto, está andando em uma calçada margeada por uma grade. Sobre a grade, uma placa de propaganda com duas inscrições: "FAÇA O SEU TESTE COVID-19 AQUI!" e "TESTE NO CONFORTO DO SEU CARRO. ESTACIONAMENTO AEROPORTO INTERNACIONAL 4 DE FEVEREIRO". Acima dessas inscrições, há uma fotografia mostrando as mãos com luvas de uma pessoa manuseando testes de COVID-19 e uma fotografia de um avião decolando. Ao lado do texto que menciona o teste há uma seta azul apontada para a esquerda; ao lado do texto que menciona o estacionamento, há uma ilustração de uma cabine de pedágio e de um carro.
O continente africano recebeu muitas influências culturais do mundo todo ao longo de sua história. Os países da África são multiculturais, com manifestações muito diversas. Na fotografia, placa com informações escritas em português, herança da colonização realizada por Portugal. Luanda, Angola (2021).

Na segunda metade do século dezenove, a expansão do capitalismo industrial europeu levou à divisão dos territórios africanos pelas potências imperialistas europeias, sem respeitar as diferenças étnico-culturais dos povos do continente. Até hoje, a África apresenta as marcas deixadas pela política imperialista.

Apesar de suas variadas riquezas, muitos países africanos apresentam instabilidade político-econômica e estão expostos a diversos problemas sociais, econômicos e políticos, entre eles a subordinação a países com maior desenvolvimento (sobretudo seus ex-colonizadores) e dependência de ajuda internacional. No entanto, a expansão da economia na atualidade aponta para novas relações econômicas.

Quais foram os impactos do imperialismo europeu na África? Há outros fatores econômicos e políticos importantes para o continente africano? Que aspectos das culturas africanas você conhece?

CAPÍTULO 15  Localização, quadro natural e regionalização

Localizada ao sul da Europa e a sudoeste da península Arábica, a África é o terceiro maior continente em extensão territorial. Grande parte de suas terras está situada entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio.

O território africano é banhado pelo oceano Atlântico a oeste, pelo oceano Índico a leste, pelo mar Mediterrâneo ao norte e pelo mar Vermelho a nordeste.

De maneira geral, o continente africano vive um momento de transformação. O processo de urbanização acontece rapidamente, os investimentos estrangeiros produzem modificações profundas nas paisagens e há expansão da infraestrutura em diferentes países do continente. As relações econômicas, que no passado estiveram muito ligadas à Europa, atualmente têm se voltado especialmente ao mercado chinês, o que vem contribuindo para dinamizar a economia de diversos países da África. Contudo, o forte contraste social acentua as diferenças entre os grupos mais ricos e os mais pobres.

A complexidade e a diversidade de características do continente torna possível regionalizar a África de diferentes maneiras, enfatizando diversos aspectos, sejam físicos, econômicos, culturais ou sociais.

ÁFRICA: DIVISÃO POLÍTICA

Mapa. África: divisão política
O mapa representa os países da África por meio de diferentes cores, além de suas respectivas capitais. 
País: Mauritânia. Capital: Nuakchott. País: Senegal. Capital: Dacar. País: Cabo Verde. Capital: Praia. País: Gâmbia. Capital: Banjul. País: Guiné-Bissau. Capital: Bissau. País: Guiné. Capital: Conacri. País: Serra Leoa. Capital: Freetown. País: Libéria. Capital: Monróvia. País: Costa do Marfim. Capital:  Yamoussoukro. País: Gana. Capital: Acra. País: Mali. Capital: Bamaco. País: Burkina Faso. Capital: Uagadugu. País: Níger. Capital: Niamei. País: Argélia. Capital: Argel. País: Marrocos. Capital: Rabat. País: Togo. Capital: Lomé. País: Benin. Capital: Porto Novo. País: Tunísia. Capital: Túnis. País: Líbia. Capital: Trípoli. País: Egito. Capital: Cairo. País: Chade. Capital: Ndjamena. País: Nigéria. Capital: Abuja. País: Guiné Equatorial. Capital: Malabo. País: Camarões. Capital: Iaundê. País: Gabão. Capital: Libreville. País: Congo. Capital: Brazzaville. País: Angola. Capital: Luanda. País: República Centro-Africana. Capital: Bangui. País: República Democrática do Congo. Capital: Kinshasa. País: Sudão. Capital: Cartum. País: Sudão do Sul. Capital: Juba. País: Eritreia. Capital: Asmara. País: Etiópia. Capital: Adis-Abeba. País: Djibuti. Capital: Djibuti. País: Somália. Capital: Mogadíscio. País: Quênia. Capital: Nairóbi. País: Uganda. Capital: Campala. País: Ruanda. Capital: Kigali. País: Burundi. Capital: Bujumbura. País: Tanzânia. Capital: Dodoma. País: Zâmbia. Capital: Lusaca. País: Malawi. Capital: Lilongue. País: Moçambique. Capital: Maputo. País: Zimbábue. Capital: Harare. País: Namíbia. Capital: Windhoek. País: Botsuana. Capital: Gaborone. País: África do Sul. Capital: Cidade do Cabo. País: Lesoto. Capital: Maseru. País: Eswatini. Capital: Mbabane. País: Madagascar. Capital: Antananarivo. País: Maurício. Capital: Port Louis. País: Comores. Capital: Moroni. País: Seychelles. Capital: Vitória. 
Ao norte da África, Europa e Mar Mediterrâneo; à oeste, Oceano Atlântico; à leste, Oceano Índico; à nordeste, Ásia e Mar Vermelho. 
Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 760 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página. 83.

Relevo

Predominam na África terrenos pouco íngremes e altitudes inferiores a .1000 metros. As planícies são encontradas nas faixas litorâneas ou ao longo das margens de rios, como o Congo, o Gâmbia e o Senegal.

Os planaltos antigos, bastante desgastados por agentes erosivos (vento, chuva etcétera.), dominam as paisagens naturais do continente. No entanto, algumas porções do território sofreram influência de processos tectônicos recentes – ligados principalmente a atividades vulcânicas –, que contribuíram para a formação de altas montanhas no extremo norte e na porção leste. O monte Quilimanjaro, cujo pico é o mais alto da África, com .5895 metros de altitude, está localizado na porção leste do continente.

Planaltos africanos

O relevo do continente africano está dividido em três porções principais: planalto Oriental, planalto Setentrional e planalto Centro-Meridional.

ÁFRICA: FÍSICO

Mapa. África: físico
Mapa da África mostrando as altitudes do território, o nome de algumas formações de relevo e a altitude de alguns picos.
Há predomínio de altitudes que variam de 200 a menos de 1.500 metros. As áreas menos elevadas que estão nessa faixa de altitude estão ao norte, no Deserto do Saara, e ao centro, na região da Bacia do Congo. As áreas com menos de 200 metros de altitude estão localizadas em praticamente todo o litoral africano. Há uma área de depressão que chegar à menos 133 metros, denominada Depressão de Qattar, na porção nordeste da África. 
As áreas acima de 1.500 metros estão concentradas nas porções leste e centro-sul da África, com destaca para planaltos que alcançam mais de 3.000 metros, como o Planalto Oriental, o Planalto da Etiópia e o Planalto dos Grandes Lagos (Oriental). Em outras porções do território, há altitudes que também ultrapassam os 3.000 metros, com destaque para a Cadeia do Atlas, à noroeste.
Picos: Quilimanjaro. 5.895 metros. Quênia. 5.199 metros. Ruwenzori. 5.109 metros. Ras Dascian. 4.620 metros. Tubkal. 4.167 metros. Camerun. 4.100 metros.
Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 695 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página. 82.
Planalto Oriental

Trata-se de uma região com montanhas de origem vulcânica de altitudes elevadas e depressões ou fossas tectônicas que deram origem a extensos lagos, como o Tanganica, o Vitória (formador do rio Nilo) e o Niassa. Um aspecto marcante nesse planalto é o grande vale do rífiti africano (Rift Valley), um sistema de falhas geológicas que atravessa a África Oriental no sentido norte-sul, com milhares de quilômetros de extensão, gerado na mesma época em que ocorreu a separação das placas tectônicas Africana e Arábica.

Planalto Setentrional

Nessa porção do relevo africano, localiza-se o deserto do Saara, que ocupa um quarto do território continental. A noroeste dele, está a cadeia do Atlas, que se estende desde o litoral do Marrocos até a Tunísia.

Planalto Centro-Meridional

Esse planalto compreende o centro-oeste e o sul do continente e apresenta altitudes médias mais altas que as do planalto Setentrional, com exceção da Bacia do Rio Congo e do deserto do Kalahari, que constituem grandes depressões.

Hidrografia

Nas regiões mais altas do continente nascem os principais rios africanos: Orange (ao sul), Níger (a oeste), Nilo (que deságua no mar Mediterrâneo) e Congo (na porção central). Pode-se destacar o uso dos rios para navegação, como ocorre com os rios Congo e Nilo, e para geração de energia elétrica por meio de usinas hidrelétricas, ao longo dos rios Níger, Nilo e Orange, entre outros.

Os rios africanos garantiram a muitos povos que se instalaram às suas margens, no decorrer dos séculos, o desenvolvimento de técnicas de irrigação que favoreceram a prática da agricultura e da pecuária. O caso mais relevante é o dos egípcios, que há milhares de anos mantêm uma importante área de cultivo de trigo e de outros alimentos ao longo do rio Nilo, cujo leito não seca mesmo nos períodos de estiagem prolongada. Entretanto, a vazão natural desse rio é inconstante: as margens alagam durante as cheias e há pouca água nos períodos de seca. Para controlar o fluxo de suas águas, foi construída a barragem de Assuã, que também é utilizada para gerar energia.

Fotografia. Em uma planície com um rio ao fundo, destaque para duas pessoas segurando enxadas e inclinadas na direção da terra em tons de marrons e com linhas de plantação. Ao fundo, do lado oposto ao rio, vegetação com arbustos e árvores sob o céu azul.
Prática de agricultura às margens do rio Nilo, em Minya, Egito (2019).

Clima e vegetação

A grande extensão latitudinal do continente africano reflete-se na diversidade de climas e de formações vegetais. Além disso, possibilita a coexistência de paisagens desérticas, como a do Saara e a do Kalahari, com paisagens florestais, como a Floresta do Congo, uma das mais úmidas do planeta.

Clima

No extenso território africano, predominam os climas Equatorial, Tropical, Semiárido, Desértico, Mediterrâneo e, em algumas regiões mais altas, o clima Frio de Montanha.

ÁFRICA: CLIMAS

Mapa. África: climas
Mapa temático sobre a ocorrência dos climas no continente africano. Eles estão representados por diferentes cores.
Equatorial: manchas localizadas na costa oeste, próxima à Linha do Equador, no centro do continente e na porção oeste da ilha de Madagascar.
Tropical: ocorre em uma longa faixa, que abrange as porções central e sudeste do continente, além do sul do Deserto do Sarra e o leste da Madagascar.
Desértico: Deserto do Saara, ao norte, e faixa litorânea à sudoeste e à leste do continente.
Semiárido: ocorre em regiões que margeiam o norte e o sul do Saara, além do leste do e sul do continente.
Mediterrâneo: extremo sul e extremo norte da África.
Frio de montanha: pequenas ocorrências à leste do continente.
Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 865 quilômetros.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página. 44.

Vegetação

A vegetação africana possui forte relação com os climas e com a distribuição das chuvas no continente. Além disso, é bastante diversificada: apresenta desde florestas tropicais até vegetação desértica.

Florestas Tropicais e Equatoriais

Essas florestas ocupam a área de menor latitude do continente africano, situada ao redor da linha do Equador. A principal delas é a Floresta do Congo, extensa floresta equatorial drenada pela Bacia do Rio Congo.

Savanas

Esse tipo de formação vegetal é comum em regiões com predomínio de clima tropical que apresentam duas estações bem definidas, uma seca e outra chuvosa. Nas Savanas, verifica-se a presença de gramíneas, arbustos e árvores baixas mais espaçadas que as de regiões florestadas, além de grande diversidade de mamíferos de médio e grande portes.

Estepes e Pradarias

Essas vegetações rasteiras estão presentes nas áreas de clima semiárido que margeiam os desertos do Saara – cuja porção sul se denomina Sahel – e do Kalahari.

Vegetação Mediterrânea

Esse tipo de vegetação apresenta duas áreas de ocorrência no continente africano: no extremo sul (sul da África do Sul) e no extremo noroeste, onde é arbustiva nas áreas mais próximas do mar Mediterrâneo e composta de pinhos e cedros nas áreas mais chuvosas da cadeia do Atlas.

Vegetação de Deserto

Nos desertos da África, a flora é composta de uma vegetação esparsa, que inclui plantas de raízes profundas e cactos que armazenam água em seu interior. Porém, a maior parte do deserto não apresenta nenhum tipo de cobertura vegetal. As plantas que resistem ao clima extremamente seco dos desertos ou ao clima semiárido são conhecidas como vegetação xerófita, e apresentam uma estrutura que minimiza a perda de água por evaporação.

Floresta de Coníferas (Taiga)

Caracterizada por bosques com predominância de arbustos e pinheiros em áreas mais elevadas do relevo, onde o clima costuma ser mais frio.

Vegetação de Altitude

Composta de diferentes formações vegetais, associadas às baixas temperaturas, decorrentes das elevadas altitudes, porém com características semelhantes às formações do entorno.

ÁFRICA: VEGETAÇÃO

Mapa. África: vegetação
Mapa temático sobre a ocorrência dos tipos de vegetação no continente africano. Eles estão representados por diferentes cores.
Floresta de Coníferas (Taiga): exclusivamente em um ponto na porção leste, na faixa central do continente.
Vegetação mediterrânea: presente no extremo norte e extremo sul. 
Pradarias: ocorre na região central, de leste a oeste, entre as estepes e as savanas; também aparece em parte da região sul.
Estepes: ocorrência registrada na região norte, nas bordas da vegetação de deserto, e no interior da região sul, entre as Pradarias e a Vegetação de Deserto. 
Vegetação de Deserto: predomina na região norte, de leste a oeste, e no litoral oeste da região sul. 
Savanas: ocorrem nas faixa central do continente e nas regiões oeste, central e leste;  
Floresta Tropical e Equatorial: predominantes na região central do continente, deste o trópico de Capricórnio, no sul, até as áreas de pradarias, ao norte. 
Vegetação de altitude: parte da região leste, no interior da Floresta de Coníferas e pequenas manchas nas regiões sudeste e noroeste.
Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 870 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Altas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página. 22.

Ler os mapas

Compare os mapas África: climas e África: vegetação e indique o tipo de vegetação predominante na porção de clima equatorial.

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Lugar e cultura’. O ícone corresponde a uma ilustração composta por um vaso colorido dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo rosa escuro com a inscrição ‘Lugar e cultura’ grafada em letras brancas.

Lugar e cultura

Povos nômades dos desertos africanos

Multiculturalismo

Os desertos da África abrigam alguns povos nômades, que apresentam modos de vida tradicionais, baseados nas atividades agrícolas e no pastoreio. No Saara, por exemplo, estima-se que vivem cêrca de dois milhões de tuaregues, isto é, o povo nômade que ocupa o território situado no norte do Mali, em grande parte do Níger, no sul da Argélia e no sudoeste da Líbia.

ÁFRICA: TERRITÓRIO OCUPADO PELOS POVOS NÔMADES TUAREGUES NO DESERTO DO SAARA

Mapa. África: território ocupado pelos povos nômades tuaregues no Deserto do Saara
Mapa que destaca a região central e noroeste do continente africano, indicando as áreas ocupadas pelos povos nômades tuaregues. 
Em tom claro, os países da região, seus limites políticos. Indicadas por meio de um ícone redondo, as capitais Argel, da Argélia, Trípolo, da Líbia, Niamel, do Níger, Bamaco, do Mali, Abuja, da Nigéria e Ouagadougou, de Burkina Faso. 

Por meio de uma mancha no centro do mapa, as áreas ocupadas pelos povos tuaregues. Na Argélia: nas áreas de Kel Arragar e Kel Ajjer. No Mali: Auelimeden e Kel Atram e Kel Tiquerecrit. No Níger: Kel Tamezgda, Kel Air e Kel Gress. 
Na parte superior direita, rosa dos ventos; na parte inferior, escala de 0 a 360 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: MEIER, David X. The Tuareg – A people without an own country. Dorsum – Ethnopolitical analyses, [sem local], 25 janeiro. 2013. Disponível em: https://oeds.link/lYMFRw. Acesso em: 28 março. 2022.

Os tuaregues se organizam socialmente por meio de um sistema hierárquico, que consiste em uma divisão de classes caracterizada por um pequeno número de famílias nobres e uma maioria de vassalos e antigos escravos. O artesanato, os cultivos agrícolas e o pastoreio são as principais atividades exercidas por esse povo.

Os tuaregues possuem identidade e elementos culturais peculiares, como a língua falada por eles, o berbere. Além disso, é muito comum, em dias festivos, as famílias se juntarem para tocar violino, cantar poemas e realizar rituais animistas, cujas divindades são os elementos do deserto, como pedras, fogo e montanhas. 

Outro aspecto único entre os tuaregues são as vestimentas. Apesar de serem muçulmanos, nesse grupo são os homens que escondem o rosto, e não as mulheres.

Como as condições no deserto do Saara influenciam o modo de vida dos tuaregues?

Regionalização da África

Considerando aspectos históricos e culturais, a África pode ser dividida em duas grandes regiões: Norte da África (de alta concentração populacional, localizada na área do litoral do mar Mediterrâneo) e África Subsaariana (compreendida ao sul do deserto do Saara). Devido às diferenças internas do continente africano – principalmente na África Subsaariana, que reúne mais de 40 países –, somadas à sua grande extensão territorial, a ônu propôs a divisão do continente em cinco regiões, seguindo critérios de localização, cultura e economia.

ÁFRICA: REGIONALIZAÇÃO SEGUNDO A ônu

Mapa. África: regionalização segundo a ONU Mapa temático da regionalização dos países do continente africano. Cada região está representada por uma cor diferente. África Setentrional: Saara Ocidental, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Sudão. África Ocidental: Cabo Verde, Mauritânia, Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné, Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim, Burkina Faso, Mali, Níger, Gana, Togo, Benin, Nigéria. África Central: Chade, Camarões, República Centro-Africana, Gabão, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe, Gabão, Congo, República Democrática do Congo, Angola. África Oriental: Eritreia, Sudão do Sul, Uganda, Etiópia, Djibuti, Somália, Quênia, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Malawi, Madagascar, Seychelles, Maurício, Reunião (França). África Meridional: Moçambique, Zâmbia, Zimbábue, Eswatini, Lesoto, África do Sul, Botsuana, Namíbia. Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 490 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: UNITED NATIONS HUMAN SETTLEMENTS PROGRAMME. The state of African cities report 2014: re-imagining sustainable urban transitions. Nairóbi: UN-Habitat, 2014. página. 62, 98, 146, 190 e 224.

África Setentrional

A África Setentrional é uma região intensamente urbanizada, com cidades concentradas próximo ao mar Mediterrâneo, onde o relevo e o clima mais ameno favorecem a ocupação e a agricultura.

Fotografia. Ao centro, vista de um extenso rio de águas azuis com barcos à vela e outras embarcações menores. Nas laterais do rio há vegetação e algumas construções baixas e, ao fundo, montanhas distantes sob o céu azul.
Barcos no rio Nilo, em Assuã, Egito (2019).

África Ocidental

Região que apresenta diferentes formações vegetais: do litoral, no golfo da Guiné, em direção ao norte, é possível cruzar Florestas Tropicais, Savanas e Estepes até chegar ao deserto, no norte do Níger, do Mali e da Mauritânia. Os países dessa região são exportadores de produtos agrícolas, minerais e energéticos, principalmente petróleo. Devido à fraca industrialização, esses países precisam importar produtos manufaturados, o que resulta em economias bastante dependentes.

Fotografia. Vista de uma vila rústica e não urbanizada com construções baixas em tons de marrom. No centro há uma grande poça de água cercada por um terreno de terra. Ao redor da vila, vegetação nativa verde e pouco adensada e, ao fundo, alguns morros.
Vila de Bani, área de moradia de grupo sedentário estabelecido próximo a uma fonte de água, em Burkina Faso (2020).

África Central

Localizada nas proximidades da linha do Equador, essa região apresenta Florestas Equatoriais e Tropicais de elevada biodiversidade, além de Savanas, Estepes e desertos. Os países dessa região são exportadores de cobre, diamantes, petróleo e madeira e vêm recebendo grandes investimentos estrangeiros.

Fotografia. Destaque para um caminhão de tamanho médio com a traseira cheia de toras de madeira. No centro da caçamba do caminhão, há um homem em pé escorado nas toras. Ao fundo, na margem da rua pela qual o caminhão se desloca, árvores de médio porte e, nas laterais, vegetação gramínea.
Caminhão carrega toras de madeira do porto de Matadi para a capital Kinshasa, República Democrática do Congo (2018).

África Oriental

A África Oriental abriga diferentes formações vegetais, como Florestas Tropicais, Savanas e Estepes. Voltada para o oceano Índico, essa região tem a economia dirigida para a agricultura. Nas últimas décadas, guerras civis, surtos de fome e conflitos étnicos e religiosos vitimaram milhões de pessoas em Uganda, Ruanda, Burundi, Somália e Etiópia.

Fotografia. Em uma área de terra marrom e exposta, destaque para um homem segurando uma bacia e despejando sementes para plantação. Ao fundo, terreno mais baixo, também amarronzado e contendo alguma vegetação.
Homem semeia a terra em área rural de Bahir Dar, Etiópia (2021).

África Meridional

Os territórios localizados ao sul do continente formam a África Meridional. Observa-se nessa região a presença de savanas nas porções central e norte, desertos na porção sudoeste e vegetação mediterrânea no extremo sul. A África Meridional apresenta muitas reservas minerais (sobretudo de ouro), o que a levou a ser intensamente disputada pelas potências europeias desde o final do século dezenove. Atualmente, são as empresas mineradoras transnacionais que exploram esses recursos. Com exceção da África do Sul, que é a economia mais diversificada do continente, os demais países exportam produtos primários (principalmente recursos minerais).

Fotografia. Em primeiro plano, várias construções baixas de concreto e metal e em diferentes formatos, como galpões e pequenos prédios. Ao centro, uma torre branca com detalhes vermelhos, muito alta, fálica e soltando fumaça. Em segundo plano, árvores, vegetação baixa e terreno elevado sem cobertura vegetal.
Área de mineração em Marikana, África do Sul (2020).

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Elabore o mapa de uso do solo do continente africano com base na imagem de satélite. Para isso, observe as orientações:
    • Utilize um papel vegetal e coloque-o sobre a imagem.
    • Desenhe os polígonos referentes a cada tipo de uso, considerando as diferentes tonalidades e texturas apresentadas.
    • De acordo com a escala utilizada na imagem, os tipos de uso poderão ser: deserto; floresta; corpo-d’água; áreas de transição (entre desertos e florestas).
    • Não se esqueça de criar a legenda indicando os tipos de uso, bem como de inserir o título e a rosa dos ventos.
    • Apresente o material elaborado e compare seu mapa com os dos seus colegas.
Imagem de satélite.
A imagem focaliza a África, parte da Península Arábica, à leste do continente, e o sul da Europa, à norte. Ao norte do continente, tons claros e amarronzados, no centro, tons verdes claros e escuros e, ao sul e à leste, tons marrons mais escuros e alaranjados. Ao redor do continente, uma área escura representando as águas oceânicas.
Imagem de satélite compreendendo o continente africano.
Versão adaptada acessível

1. Elabore o mapa de uso do solo do continente africano com base na imagem de satélite.

Para isso, observe as orientações:

  • Utilize linhas ou barbantes para fazer os contornos da África.
  • Represente cada tipo de uso com um material de textura diferente, considerando a imagem de satélite.
  • De acordo com a escala utilizada na imagem, os tipos de uso poderão ser: deserto; floresta; corpo-d’água; áreas de transição (entre desertos e florestas).
  • Não se esqueça de criar a legenda indicando os tipos de uso, bem como de inserir o título e a rosa dos ventos.
  • Apresente o material elaborado e compare seu mapa com os dos seus colegas.
  1. Imagine que você seja o responsável pelo ordenamento territorial da cidade de Maputo, capital de Moçambique, localizada no continente africano. Uma das tarefas é dividir a cidade em zonas onde são permitidos determinados tipos de uso do solo. Interprete a imagem de satélite a seguir, que ilustra o centro dessa cidade. Utilize um papel vegetal e crie polígonos indicando diferentes tipos de uso. Seguem algumas possibilidades:
    • Áreas para uso residencial
    • Áreas destinadas ao uso portuário
    • Áreas associadas à presença de cobertura vegetal
    • Áreas onde são permitidas edificações mais altas
    • Áreas destinadas à expansão urbana
    • Áreas voltadas ao lazer e a práticas esportivas

Em seguida, pinte os polígonos com cores diferentes e crie a legenda no canto inferior do papel vegetal. Insira também um título e a direção do norte no mapa. Apresente o material elaborado e compare o resultado com o de seus colegas.

Imagem de satélite. A imagem representa uma área urbanizada e adensada margeada por um rio. Na área da cidade, é possível notar a presença de casas, prédios, campos de futebol e outras construções baixas, além de um corredor arborizado que se estende do centro à margem do rio.
Imagem de satélite retratando trecho de Maputo, Moçambique, 2018.
Versão adaptada acessível
  1. Imagine que você seja o responsável pelo ordenamento territorial da cidade de Maputo, capital de Moçambique, localizada no continente africano. Uma das tarefas é dividir a cidade em zonas onde são permitidos determinados tipos de uso do solo. Interprete a imagem de satélite, que ilustra o centro dessa cidade. Para criar um mapa tátil, utilize materiais como botões, tecidos, papéis, barbante, entre outros, indicando diferentes tipos de uso. Seguem algumas possibilidades:
    • Áreas para uso residencial
    • Áreas destinadas ao uso portuário
    • Áreas associadas à presença de cobertura vegetal
    • Áreas onde são permitidas edificações mais altas
    • Áreas destinadas à expansão urbana
    • Áreas voltadas ao lazer e a práticas esportivas

Em seguida, preencha as áreas com diferentes texturas e crie a legenda no canto inferior mapa. Insira também um título e a direção do norte no mapa. Apresente o material elaborado e compare o resultado com o de seus colegas.

CAPÍTULO 16  As fronteiras africanas

Multiculturalismo

A África chegou ao século vinte e um com o desafio de superar séculos de exploração colonial e divergências políticas, étnicas e culturais.

Os choques sociais, políticos e culturais causados pela exploração comercial e pela divisão do território pelos países europeus desde o século dezesseis explicam, em grande parte, a fragilidade dos Estados nacionais africanos. A demarcação das fronteiras durante o Imperialismo não respeitou as populações nativas: grupos rivais ficaram confinados nas mesmas áreas, enquanto grupos etnicamente relacionados foram separados por limites estabelecidos arbitrariamente.

A ação dos colonizadores portugueses, ingleses, belgas, alemães, italianos, espanhóis, franceses e holandeses – sendo a partilha do território formalizada pela Conferência de Berlimglossário –, combinada a outros fatores, resultou em diversos problemas econômicos, sociais e territoriais, tais como:

  • impedimento de um desenvolvimento autossustentado pelos povoados e pelas comunidades africanas;
  • grande exploração de minérios para exportação, visando ao abastecimento das indústrias europeias.

ÁFRICA: COLONIZAÇÃO (1900)

Mapa. África: colonização (1900)
Mapa temática sobre os domínios coloniais europeus no território africano em 1990. Cada domínio está representado por uma cor diferente.
Domínio alemão: Camarões, Togo, África Oriental Alemã, Sudoeste Africano. 
Domínio belga: Congo Belga. 
Domínio britânico: Serra Leoa, Costa do Ouro, Nigéria, União Sul-Africana, Bechuanalândia, Rodésia do Sul, Rodésia do Norte, África Oriental, Uganda, Sudão, Egito, Somália Britânica, Seychelles. 
Domínio espanhol: Rio de Ouro, Saara Espanhol, Ifni, Marrocos Espanhol. 
Domínio francês: Marrocos, Argélia, Tunísia, África Ocidental Francesa, Gâmbia, África Equatorial Francesa, Djibuti, Comores, Madagascar. 
Domínio italiano: Somália Italiana, Eritreia, Líbia. 
Domínio português: Angola, Moçambique, Niassalândia, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe. 
Países independentes: Libéria, Abissínia. 
Na parte superior direita, rosa dos ventos; na parte inferior, escala de 0 a 980 quilômetros.
Fonte: parquer djéfri. Atlas Verbo de História universal. Lisboa: Verbo, 1997. página. 104.

Ler o mapa

Como pode ser caracterizado o continente africano no período apresentado?

O redesenho do continente

A retirada das potências europeias do território africano foi em grande parte ocasionada pela situação econômica desastrosa em que elas se encontravam após a Segunda Guerra Mundial. Manter a administração e a segurança militar das colônias tornou-se muito oneroso. Essa situação desencadeou um redesenho do continente africano. Estados corruptos, liderados por elites tribais e alinhados aos interesses dos ex-colonizadores e de outros grupos estrangeiros, implantavam projetos de industrialização e modernização por meio de governos opressores e com forte contrôle estatal.

Paralelamente a essa política, alguns intelectuais africanos, como cuâni crumá, de Gana, um dos idealizadores do pan-africanismoglossário , e Edem Kodjo, ex-primeiro-ministro do Togo e ex-secretário-geral da então Organização da Unidade Africana (OUA), defendiam o reordenamento das fronteiras, mas sem interferir nas fronteiras dos Estados vizinhos.

A política de não interferência no traçado das fronteiras gerou grandes instabilidades e deixou desafios a serem enfrentados pelos novos países: lidar com os conflitos causados pela concentração de populações pertencentes a etnias distintas – muitas vezes inimigas – em um mesmo território e superar o quadro de pobreza e exploração resultante da colonização.

ÁFRICA: INDEPENDÊNCIAS (SÉCULO vinte)

Mapa. África: independências (século vinte).
Mapa do continente africano com destaque para as divisões políticas dos países e o ano em que conquistaram suas independências. Os territórios estão representados por cores.
Marrocos, 1956. Argélia, 1962. Tunísia, 1956. Líbia, 1951. Egito, 1954. Sudão, 1956. Cabo Verde, 1975. Mauritânia, 1960. Senegal, 1960. Gâmbia, 1965. Guiné-Bissau, 1974. Guiné, 1958. Serra Leoa, 1961. Costa do Marfim, 1960. Burkina Faso, 1960. Mali, 1960. Níger, 1960. Gana, 1957. Togo, 1960. Benin, 1960. Nigéria, 1960. Chade, 1960. Camarões, 1960. República Centro-Africana, 1960. Gabão, 1960. Guiné equatorial, 1968. São Tomé e Príncipe, 1975. Gabão, 1960. Congo, 1960. República Democrática do Congo, 1960. Angola, 1975. Eritreia, 1993. Sudão do Sul, 2011. Uganda, 1962. Etiópia, Djibuti, 1977. Somália, 1960. Quênia, 1963. Ruanda, 1962. Burundi, 1962. Tanzânia, 1964. Malawi, 1964. Madagascar, 1960. Seychelles, 1976. Maurício, 1968. Moçambique, 1975. Zâmbia, 1964. Zimbábue, 1980. Eswatini, 1968. Lesoto, 1966. África do Sul, 1961. Botsuana, 1966. Namíbia, 1990. 
Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 805 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: parquer djéfri. Atlas Verbo de História universal. Lisboa: Verbo, 1997. página. 44.

Apartheid: segregação étnica

Cidadania e civismo.

Uma das marcas do colonialismo europeu no continente africano foi a segregação. Na África do Sul, essa prática ficou conhecida pelo nome de apartheid, palavra da língua africânder, originada do holandês do século dezesseis, que significa “separação”. Tratou-se de um regime de segregação racial em que se negava à população negra o acesso a espaços ocupados e frequentados pelas comunidades brancas. A ideia de superioridade racial do branco europeu sobre os povos africanos foi imposta para justificar as estratégias de dominação, a expropriação de terras e riquezas e a escravização.

Na África do Sul, o apartheid, existente na prática desde 1910, foi oficializado por uma lei em 1948 e vigorou até 1994. Nesse país, o racismo era ostensivo a ponto de impedir que os negros, embora constituindo a maioria da população, tivessem propriedades territoriais e participassem da política. Além disso, eles eram obrigados a viver em zonas residenciais separadas (os bantustões) das reservadas aos brancos.

Após muitos anos de luta da população negra pela igualdade de direitos, com massacres e prisões de líderes, a situação do país tornou-se insustentável, em vista do apoio internacional à causa anti-apartheid. Fortes pressões da ônu e de vários países levaram à realização de eleições multirraciais em 1994. Nelson Mandela, um dos mais importantes líderes do movimento contra o apartheid, que ficou preso por 27 anos, foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul.

Fotografia. Em uma praia, fincada sobre uma uma rocha, às margens de águas marítimas, em destaque, uma placa na cor branca com um texto, na parte superior em inglês, na parte inferior em africâner, que significa: 'Área branca'.
Placa da época do apartheid indicando que a área era somente para os brancos, em uma praia próxima à Cidade do Cabo, África do Sul (1976).
Ícone. Sugestão de vídeo.
MANDELA: luta pela liberdade. Direção: bili august. Estados Unidos, 2007. Duração: 118 minutos. A obra se baseia nos anos de prisão de Nelson Mandela. Um guarda da prisão, sul-africano branco e racista, tem sua vida modificada por meio da convivência com Mandela, tornando-se defensor dos direitos da população negra. UM GRITO de liberdade. Direção: ríchardi atenborou. Inglaterra, 1987. Duração: 157 minutos. A história de istíve bíco, um dos líderes da luta contra o apartheid na África do Sul, contada por um jornalista branco que se envolve no movimento e também passa a ser perseguido.

Conflitos no continente africano

Cidadania e civismo.

Faça a leitura do infográfico, analisando as principais áreas de conflitos e tensões no continente africano nos séculos vinte e vinte e um.

ÁFRICA: CONFLITOS (SÉCULOS vinte E vinte e um)

Mapa. África: conflitos (séculos vinte e vinte e um) Mapa temático do continente africano, localizando os países independentes antes de depois de 1955, um território ocupado, as guerras civis, as guerras entre nações e as nações africanas envolvidas na Primavera Árabe. Países independentes após 1955: A maioria dos países africanos, com exceção de Egito, Líbia, Libéria, Etiópia, Seychelles, Comores e Maurício., que já eram independentes em 1955. Território ocupado em 2002: Saara Ocidental. Países com ocorrência de Guerra civil (indicados com um ícone em forma de labareda vermelha): Marrocos, Argélia, Tunísia, Saara Ocidental, Senegal, Guiné-Bissau, Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim, Gana, Togo, Nigéria, Níger, Camarões, Chade, Egito, Sudão, Eritreia, Etiópia, Djibuti, Somália, Uganda, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Ruanda, Burundi, Congo, Angola, Moçambique, África do Sul, Madagascar. Países envolvidos em Guerra entre nações (indicados com ícone de labareda na cor roxa): Mauritânia, Senegal, Egito, Chade, Nigéria, Sudão, Eritreia, Etiópia, Uganda, Ruanda, República Democrática do Congo, Angola, Tanzânia, Zimbábue, Namíbia, África do Sul, Lesoto. Países em que houve manifestações relacionadas à Primavera Árabe (delimitados por um contorno vermelho): Mauritânia, Argélia, Marrocos, Líbia, Egito, Saara Ocidental. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 600 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: Ismíf, Dan. Atlas dos conflitos mundiais. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2007. página. 86-93.

Independente em 1961, Serra Leoa esteve em guerra civil entre 1991 e 2002. A revolta, promovida pela Frente Revolucionária Unida (FRU), tinha o objetivo de controlar o comércio de diamantes.

Na fotografia, soldado em posto de votação em Freetown, Serra Leoa (1996).

Fotografia. Em uma rua de terra batida, várias pessoas enfileiradas na frente de casas pequenas. Destaque para um homem negro usando roupa camuflada militar e segurando uma arma.

Em dezembro de 2010, o vendedor de rua tunisiano Mohamed Bouazizi pôs fogo no próprio corpo como fórma de protesto contra as duras condições sociais em seu país. Esse episódio abriu espaço para uma resposta popular em massa contra a repressão na Tunísia, que estava sob o comando de Zine Él Abidine Ben Ali havia 23 anos. Como consequência, outros países árabes do norte da África e do Oriente Médio também viveram protestos populares, que derrubaram governos autoritários e ficaram conhecidos como Primavera Árabe. No Oriente Médio, Síria, Líbano, Jordânia, Iêmen, Omã, cuáit, Iraque e Arábia Saudita tiveram protestos populares. Na África, Argélia, Marrocos e Mauritânia também foram palco de revoltas; na Tunísia, no Egito e na Líbia, os protestos culminaram na derrubada dos governos de Ben Ali, Hosni Mubarak e Muamar Kadafi, respectivamente. No caso de Kadafi, que permaneceu no poder por 42 anos, a Otan interveio e os rebeldes oposicionistas anunciaram sua morte em 20 de outubro de 2011, na cidade de Sirte.

Na fotografia, egípcios comemoram, após um ano, a queda de Hosni Mubarak, que governou o país por quase 30 anos (praça Tahrir, no Cairo, 2012). Após quase 6 anos preso, o ex-ditador foi absolvido da acusação de assassinar centenas de manifestantes e foi solto em 2017.

Fotografia. Um homem usando touca e agasalho escuros está em pé e segura um microfone próximo à boca com a mão direita, enquanto mantém o braço esquerdo levantado para cima. Ao fundo, uma rua com prédios tomada por uma multidão de pessoas hasteando bandeiras iguais, com listras horizontais vermelhas, brancas e pretas. No alto, o céu azul.

Independente desde 1956, no Sudão 1,5 milhão de pessoas morrerem até o nascimento de um novo país, em julho de 2011: o Sudão do Sul. A população do sul, majoritariamente cristã e animista, esteve em guerra civil durante décadas com o norte, de maioria muçulmana e de origem árabe. Grandes reservas de petróleo se encontram no território do Sudão do Sul, fazendo com que as relações entre os dois países ainda sejam bastante delicadas. Em 2003 teve início o conflito de Darfur, na porção oeste do território sudanês. Grupos rebeldes se levantaram contra o governo, reivindicando melhores condições de vida para a província. Segundo dados da ONU, entre 180 mil e trezentas mil pessoas morreram no conflito. Vários campos se formaram para abrigar os refugiados.

Na fotografia, mulheres construindo abrigos no campo de Abu chúqui, no norte de Darfur, Sudão (2010).

Fotografia. Uma área de terra em tons de marrom e laranja, com escavações pouco profundas e vários blocos de tijolos empilhados. Destaque para uma mulher usando um lenço na cabeça, camisa e calça em tons claros. Ela está inclinada e segura uma material semelhante à terra. Ao seu lado há recipientes e tijolos de barro. Ao fundo, mulheres caminhando e trabalhando nas escavações.

Ruanda e Burundi tornaram-se países independentes em 1962. A principal causa dos conflitos é a disputa pelo poder, que teve início nessa época com a rivalidade étnica entre hutus e tutsis. A minoria tutsi foi massacrada em 1994. cêrca de 800 mil ruandeses foram assassinados em um mês e meio. Foi um dos piores atos de genocídio que o mundo já vivenciou.

Ao longo do século vinte e um, persistiram diversos ciclos de violência envolvendo fôrças governamentais e rebeldes e atritos entre países, como Ruanda e a República Democrática do Congo.

Na fotografia, local próximo à fronteira com Ruanda onde ocorreu um dos massacres aos tutsis. Miriki, República Democrática do Congo (2016).

Fotografia. Vista de um local aberto. Em primeiro plano, pessoas agrupadas em um chão de terra batida, gramado, um trecho de estrada de terra e algumas casas e árvores. Em segundo plano, várias casas sobre uma área de morro ao redor da mesma estrada de terra vista no primeiro plano. Em terceiro plano, serra sob um dia de sol entre nuvens.

País com muitas riquezas minerais, como petróleo, minérios, metais preciosos e diamantes, a República Democrática do Congo está, desde sua independência, em 1960, mergulhada em conflitos internos. A partir de meados dos anos 1990, a situação se agravou com a participação de Ruanda e Uganda em conflitos que surgiram com a guerra civil em Ruanda.

Na fotografia, campo de deslocados internos em Bunia, República Democrática do Congo (2019).

Fotografia. No primeiro plano, uma aglomeração de adultos e crianças lado a lado, utilizando trajes simples. As pessoas estão na frente de uma área com barracas brancas e azuis. Ao fundo, um rio com alguns embarcações e, na outra margem, algumas construções baixas, vegetação com árvores de grande e médio porte sob céu nublado.

A África na nova divisão internacional do trabalho

Cidadania e civismo.

Na nova Divisão Internacional do Trabalho (dê í tê), a participação dos países com menor desenvolvimento e baixa industrialização se dá pela produção de manufaturas que empregam pouca tecnologia, mão de obra barata e em geral pouco regulamentada pelo Estado, muita matéria-prima e energia, em atividades frequentemente insalubres e poluidoras, rejeitadas em países desenvolvidos. Estes, por sua vez, produzem bens industriais de alto valor agregado, em geral das áreas de informação e comunicação, e serviços de apoio à produção.

A posição da África na nova divisão internacional do trabalho é ainda mais desfavorável que a dos países de baixa industrialização, porque apresenta maior exploração não apenas dos recursos naturais, mas também da mão de obra. As exportações de produtos industrializados no continente são pouco expressivas e estão concentradas no Saara Ocidental e em oito países: África do Sul, Marrocos, Tunísia, Togo, Namíbia, Botsuana, Zimbábue e Madagascar.

O continente carece, em geral, de modernização da infraestrutura, com a qual poderia dinamizar as atividades econômicas. Além disso, a infraestrutura existente está ligada aos setores de exportação de bens primários e é mais utilizada para o escoamento de produtos do que para a circulação de pessoas e bens dentro do próprio continente. O processo africano de modernização e industrialização esbarrou, portanto, na falta de uma infraestrutura competitiva, de recursos humanos qualificados e de maiores investimentos de capital.

Estatais ligadas a governos corruptos dificultaram a distribuição da renda para a população. Essa situação tem se traduzido em péssimos indicadores sociais em muitas partes do continente, principalmente na África Subsaariana.

Quanto ao comércio mundial, as relações estabelecidas entre países da África e seus parceiros comerciais refletem a dificuldade de gerar riquezas no continente com base em potencialidades locais e regionais. Apesar disso, nos últimos anos há aumento significativo de exportações para a China e também ampliação dos investimentos desse país no continente, expandindo não apenas o comércio, mas também as redes de produção e distribuição: a China ampliou seus investimentos de 10 bilhões de dólares no ano 2000 para cêrca de 30 bilhões de dólares no ano de 2016. Entre 2000 e 2019, também houve um volume expressivo de empréstimos chineses para países africanos na ordem de 150 bilhões de dólares. Estima-se ainda um crescimento contínuo das diferentes modalidades de investimentos chineses na África nas próximas décadas, o que pode transformar a China no principal investidor no continente africano.

Fotografia. Em uma área aberta, dois grupos de homens conversando e usando capacetes vermelho, branco ou amarelo e coletes de proteção verde ou laranja. Eles estão próximos a uma estrutura metálica azul e de um caminhão. Ao fundo, parte de uma obra pequena inacabada, além de prédios altos também em obras e gruas utilizadas na construção civil.
Trabalhadores egípcios e chineses em obra realizada no Cairo, Egito (2021).

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Leia a notícia a seguir e responda à questão.

Diamante de mais de 700 quilates é encontrado em Serra Leoa

Um enorme diamante de 706 quilates foi encontrado em Serra Leoa, anunciou nesta quinta-feira a presidência, prometendo um “processo de comercialização transparente” em um país marcado pelo tráfico dos chamados “diamantes de sangue” durante a guerra civil (1991-2002).

O diamante foi encontrado na província de Kono, leste do país, por um pastor, Emmanuel Momoh, que procura ocasionalmente diamantes. A pedra foi apresentada na quarta-feira ao chefe de Estado, Ernest Bai Koroma, por um chefe tribal da região, segundo um comunicado da presidência.

Segundo o comunicado, o presidente Koroma agradeceu pelo diamante não ter sido vendido em contrabando fóra do país e garantiu que “o processo de comercialização será transparente”.

A polêmica sobre os “diamantes de sangue”, essas pedras preciosas que serviram para financiar conflitos na África, como em Angola e em Serra Leoa, resultou em 2000 em um regime de certificação das pedras, chamado químberli, apoiado pela ônu e que reúne 75 países.

O regime de químberli enumera as condições a serem cumpridas por um país para que seus diamantes possam ser exportados legalmente.

reticências

DIAMANTE de mais de 700 quilates é encontrado em Serra Leoa. Estado de Minas, 16 março. 2017. Disponível em: https://oeds.link/EgUphn. Acesso em: 28 março. 2022.

O que são os chamados “diamantes de sangue”?

2. Observe o mapa e responda.

ÁFRICA: COMÉRCIO EXTERIOR COM A CHINA (2018)

Mapa. África: comércio exterior com a China (2018). 
Mapa temático referente ao percentual de participação de cada país do continente africano nas trocas comerciais com a China. Há cinco categorias, diferenciadas por cores que variam do amarelo-claro para o laranja escuro, sendo os tons mais claros para representar valores menores e os mais escuros para representar valores maiores.
Menos de 2,0 por cento: Mauritânia, Tunísia, Mali, Burkina Faso, Costa do Marfim, Libéria, Guiné, Guiné-Bissau, Senegal, Serra Leoa, Togo, Benin, Guiné Equatorial, Níger, Chade, Camarões, República Centro-Africana, Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Gabão, Eritreia, Djibuti, Etiópia, Somália, Uganda, Quênia, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Zâmbia, Zimbábue, Moçambique, Botsuana, Namíbia, Eswatini, Lesoto Madagascar. 
De 2,0 a 5,0 por cento: Marrocos, Argélia, Líbia, Sudão, Congo. 
De 5,1 a 10,0 por cento: Nigéria, Egito. 
De 10,1 a 25,0 por cento: Angola. 
Mais de 25,0 por cento: África do Sul. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 795 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página. 87.
  1. Que país africano mais se destacou no comércio exterior (atividades de importação e exportação) com a China em 2018?
  2. Para a África, qual é a importância do comércio exterior com a China?

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Ser no mundo’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por um globo terrestre com uma linha laranja ao seu redor, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo azul claro com a inscrição ‘Ser no mundo’ grafada em letras brancas.

Ser no mundo

Indústria da mineração e trabalho

Economia.

Os países do continente africano estão situados em territórios constituídos por formações rochosas antigas, nas quais se desenvolveu uma rica variedade de recursos minerais presentes no subsolo.

Parte das atividades econômicas dos países africanos está atrelada, assim, à indústria da mineração, cujos recursos são explorados pelas grandes corporações e por empresas multinacionais de tecnologia que se ocupam em promover o desenvolvimento científico e tecnológico e produzir equipamentos eletrônicos de última geração, como smartphones, tablets e notebooks.

Fotografia. Em uma área plana de um local aberto, diversas pessoas caminham escorando bacias sobre a cabeça com materiais metálicos e pequenos dentro. Ao redor, diversas pilhas desse mesmo material sobre um solo de terra. Ao fundo, grupo de pessoas interagindo, vegetação rarefeita, muita poeira em suspensão e incidência de raios solares.
Garimpeiros carregam granito em área de mineração de Uagadugu, Burkina Faso (2022).

Se, por um lado, a indústria da mineração é importante para gerar divisas para esses países, por outro, pode provocar uma série de impactos socioambientais. Em alguns locais, por exemplo, a exploração dos recursos minerais é feita sem fiscalização das leis trabalhistas, o que pode possibilitar a presença do trabalho análogo à escravidão e o trabalho infantil. Leia o texto a seguir.

Seu celular foi produzido com trabalho escravo infantil? ôngui revela violações nas minas de cobalto da República Democrática do Congo

Uma investigação da Anistia Internacional e da Afrewatch seguiu o rastro do cobalto obtido das minas artesanais da República Democrática do Congo, onde centenas de menores são explorados. A equipe de ambas as organizações perseguiu os veículos que transportam

o material até os mercados onde acabam sendo comprados por empresas maiores que, por sua vez, afirmam fornecer a conhecidas multinacionais.

reticências

“Os abusos cometidos nas minas são como o dito ‘o que os olhos não veem, o coração não sente’, porque no mercado global de nossos dias os consumidores nem têm ideia das condições existentes na mina, na fábrica, na linha de montagem. Comprovamos que o cobalto é comprado sem que se façam perguntas sobre como e onde foi extraído”, sustenta Emmanuel Umpula, diretor-executivo da Afrewatch.

reticências a Anistia Internacional Catalunha está fazendo uma campanha para cobrar das empresas de tecnologia um posicionamento sobre o uso de cobalto proveniente das minas artesanais da érre dê cê.

SÁNCHEZ, Gabriela. Seu celular foi produzido com trabalho escravo infantil? reticências. Opera Mundi, 21 janeiro. 2016. Disponível em: https://oeds.link/tpjmIX. Acesso em: 28 março. 2022.

PLANISFÉRIO: ESTIMATIVA DE TRABALHO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO (2018)

Mapa. Planisfério: estimativa de trabalho análogo à escravidão (2018). 
Mapa temático sobre a estimativa de pessoas submetidas ao trabalho similar à escravidão. Há uma gradação de cores, das mais claras para as mais escuras, que categorizam as estimativas mais baixas e mais altas.
Países com baixa estimativa de escravização moderna: países da América, com exceção de Venezuela e Colômbia, da Europa Ocidental e do norte, do noroeste africano, do Oriente Médio, além de Austrália e China.
Países com média estimativa de escravidão moderna: Colômbia, Venezuela, Rússia, Turquia, Síria, Cazaquistão, Índia, Indonésia, Malásia, Vietnã, Egito, Moçambique, Angola, Etiópia, Ucrânia. 
Países com alta estimativa de escravidão moderna: diversos países do continente africano, com destaque para Sudão do Sul, República Centro-Africana, Mauritânia, Eritreia e Somália, além de Iraque, Afeganistão, Paquistão Mongólia, Mianmar, Tailândia, Laos, Filipinas e Belarus,
Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.415 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: THE GLOBAL Slavery Index 2018. Disponível em: https://oeds.link/r5QxJH. Acesso em: 28 março. 2022.
  1. Você saberia dizer o que caracteriza o trabalho em situação análoga à escravidão?
  2. De acordo com o mapa, quais continentes registraram índices elevados de condições de trabalho análogas à escravidão? Por que alguns países são mais propensos a registrar condições de trabalho análogas à escravidão?
  3. Quais meios podem ser utilizados para conscientizar empresas e consumidores a respeito do combate ao trabalho análogo à escravidão e ao trabalho infantil?

Glossário

Conferência de Berlim
Conferência realizada em Berlim, entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885, que contou com doze países, entre os quais: Alemanha, Inglaterra, França, Espanha, Itália, Bélgica e Portugal. Os participantes, nesse encontro, estabeleceram regras para manter e ampliar suas áreas de domínio na África.
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Pan-africanismo
Movimento político, filosófico e social que promove a união entre os povos africanos e a defesa de seus direitos.
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