UNIDADE oito  População e economia da África

Fotografia. Vista aérea de uma avenida larga com duas pistas em sentidos opostos, separadas por um canteiro central com palmeiras, com poucos automóveis circulando. À esquerda da imagem, um calçadão amplo para pedestres, várias palmeiras enfileiradas na calçada, construções baixas, um pedaço da orla e do mar. Ao fundo e margeando o lado direito da foto, diversos prédios modernos (alguns espelhados), gruas de construção civil, automóveis estacionados, postes e casas baixas com telhados alaranjados.
Vista da cidade de Luanda, capital de Angola (2021), onde há boa infraestrutura urbana e prédios modernos.
Fotografia. Vista ampla de um espaço aberto no qual estão, na parte direita, gruas altas penduradas sobre o canteiro de uma obra, que ocorre à esquerda. Do lado esquerdo da imagem e em cima do canteiro de obra, diversos funcionários com capacetes e coletes verdes em meio a máquinas, cones, barreiras e outras estruturas. Ao fundo, um prédio muito alto com várias janelas e uma cobertura de colunas mais afinadas. As bordas externas do sol aparecem atrás de um prédio menor no lado esquerdo da foto.
Obras de ampliação das linhas de metrô do Cairo, Egito (2020).

Além da grande extensão territorial, o continente africano apresenta um elevado número populacional, composto de diferentes grupos étnicos, que formam um mosaico de culturas nesse território.

A baixa qualidade de vida de grande parte da população contrasta com o modo de vida de determinados grupos em países com melhores índices econômicos e sociais. O que você conhece sobre a cultura dos povos do continente africano? E sobre as disparidades econômicas e sociais no continente?

Como as atividades extrativas, a urbanização e a integração econômica do continente no contexto global têm afetado a economia dos países e a população?

Você verá nesta Unidade:

Condições de vida na África

Transformações no continente africano

Diversidade cultural e religiosa

Urbanização e economia africanas

Recursos minerais e sua exploração

Industrialização na África

África no cenário global

CAPÍTULO 17  População, condições sociais e diversidade cultural

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Saúde’, composto de uma tarja retangular de fundo vermelho, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Saúde’ grafada em letras maiúsculas brancas.

O continente africano é o segundo mais populoso do mundo. Em 2020, contava com pouco mais de 1,3 bilhão de habitantes, o que corresponde a 16,6% da população mundial.

A população se distribui de fórma desigual pelo território, uma vez que as grandes extensões de desertos e florestas dificultam a ocupação humana. Mais de 80% da população vive ao sul do deserto do Saara.

Ao longo do século vinte, a população africana apresentou intenso crescimento, impulsionado pelas elevadas taxas de natalidade e pela queda das taxas de mortalidade, decorrentes dos avanços da medicina no continente. Estima-se que em 2050 o número de habitantes do continente se aproxime de dois bilhões de pessoas.

O continente registra grandes deslocamentos populacionais, que ocorrem, sobretudo, de países ao sul do Saara em direção à Europa. Conflitos, guerras civis e falta de perspectivas de trabalho levam muitos africanos a abandonar sua terra natal em busca de melhores condições de vida. Muitas vezes, os imigrantes se sujeitam a perigosas travessias pelo mar e pelo deserto para entrar de fórma ilegal na Europa.

Fotografia. 
Cruzamento de duas rua congestionadas de carros e pedestres. No meio do cruzamento há várias vans amarelas de passageiros e diversos carros. Há muitos pedestres andando pelas  ruas, entre os veículos. Nas laterais das ruas há muitos comerciantes ambulantes com barracas com guarda-sóis. Ao fundo mais vans amarelas de passageiros  estacionadas do outro lado da rua, no sentido oposto, e outros veículos.
A Nigéria é o país africano com maior população absoluta, somando mais de 206 milhões de pessoas em 2020. Na fotografia, a capital, Lagos (2020).

Condições de vida no continente

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Cidadania e Civismo’, composto de uma tarja retangular de fundo azul escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Cidadania e Civismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Apesar dos avanços no continente, a maioria dos países africanos apresenta indicadores sociais e econômicos que revelam as precárias condições de vida de grande parte de seus habitantes. Essa situação aparece, por exemplo, no Índice de Desenvolvimento Humano (í dê agá), dado importante para orientar as políticas dos Estados em relação à melhoria dos sistemas públicos, como o de saúde – buscando promover, entre outros aspectos, o aumento da esperança de vida – e o de educação – reduzindo o número de analfabetos e elevando a média de anos de estudo da população.

O Produto Interno Bruto (Píbi) per cápita é, em geral, baixo na África.

Os altos índices de contaminação pelo vírus da aids, a incidência de outras doenças e as guerras civis, além da má administração dos recursos por alguns governos considerados corruptos, contribuem para que uma parcela significativa da população tenha condições de vida muito ruins.

De acordo com as Nações Unidas, 811 milhões de pessoas passaram fome no mundo em 2020. Na África, esse quadro é agravado não apenas pela pobreza, mas também por elevados níveis de violência. Observe o mapa a seguir, que apresenta dados sobre a fome crônica glossário no continente.

ÁFRICA: FOME CRÔNICA (2017-2019)

Mapa. África: fome crônica (de 2017 a 2019)
Mapa temático da África com indicação do predomínio de fome crônica na população total dos países, em porcentagem. Há seis categorias, diferenciadas por cores que variam do verde claro para o vermelho, sendo os tons mais claros para representar valores menores e os mais escuros para representar valores maiores. Há também uma categoria para representar países sem dados disponíveis sobre o tema.
Predomínio de menos de 2,5 por cento: Tunísia. 
Predomínio de 2,5 a 4,9 por cento: Gâmbia, Marrocos, Argélia, Egito, Djibuti. 
Predomínio de 5,0 a 14,9 por cento: Mauritânia, Mali, Senegal, Gana, Benin, Nigéria, Camarões, Sudão, Namíbia, África do Sul. 
Predomínio de 15,0 a 24,9 por cento: Costa do Marfim, Burkina Faso, Togo, Gabão, Angola, Botsuana, Quênia, Etiópia, Malawi, Eswatini. 
Predomínio de 25,0 a 34,9 por cento: Moçambique, Tanzânia, Serra Leoa. 
Predomínio de mais de 35,0: Libéria, Chade, Madagascar, Ruanda. 
Sem dados: Saara Ocidental, Guiné, Guiné-Bissau, Níger, Líbia, Sudão do Sul, Eritreia, Somália, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Zâmbia, Uganda, Burundi, Zimbábue. 
Na parte inferior esquerda rosa dos ventos e escala de 0 a 795 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: PROGRAMA MUNDIAL DE ALIMENTOS. Mapa del hambre de 2020. Roma: dáblio éfe pê, 2020. Disponível em: https://oeds.link/3EfkzK. Acesso em: 28 março. 2022.

A questão da aids

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Saúde’, composto de uma tarja retangular de fundo vermelho, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Saúde’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Um dos indícios da piora do nível de vida das populações africanas é a epidemia de aids (sigla em inglês para síndrome da imunodeficiência adquirida). De acordo com o Unaids (programa conjunto das Nações Unidas), em 2020 a África Oriental e a Meridional tinham quase 55% das pessoas contaminadas por essa doença no mundo inteiro, o que corresponde a mais de 20 milhões de infectados.

No entanto, estudos da ônu indicam que, em anos recentes, o percentual de portadores de agá í vê aumentou em países europeus e asiáticos e foi reduzido em parte significativa dos países africanos. Senegal e Uganda, por exemplo, têm conseguido melhorar esse quadro com investimentos em campanhas de prevenção.

Fotografia. 
Em primeiro plano, um homem de cabelo curto, usando máscara de proteção sobre a boca e o nariz, avental azul e luvas, está sentado diante de uma mesa com materiais, cadernos e caixas vermelhas. Ele aplica uma agulha no dedo de uma mulher. Ela usa lenço na cabeça, máscara de proteção sobre boca e nariz e roupa verde e laranja. Ao fundo, há outras pessoas usando avental azul e máscara de proteção sobre a boca e o nariz.
Mulher faz teste de aids em campanha realizada em Lagos, Nigéria (2021).

A pandemia de Covid-19 na África

No início da pandemia, havia grande receio das consequências que ela provocaria na África, um continente com estrutura médico-hospitalar precária.

Com o passar do tempo, os efeitos negativos da proliferação da doença foram sentidos, com mortes e declínio na economia africana. Porém, comparativamente aos demais continentes, os impactos da covíd-19 na África foram menos graves. No final de 2021, por exemplo, o continente africano inteiro tinha registrado oficialmente cêrca de 225 mil mortes relacionadas à doença desde o início da pandemia, quase três vezes menos que o Brasil no mesmo período.

Entre as hipóteses que tentam explicar esse quadro estão o predomínio da população jovem, a menos suscetível aos sintomas mais perigosos da doença, e a demora para a doença avançar pelo continente, onde a integração física entre os países é menor. Essa propagação mais lenta teria dado mais tempo de os governos se prepararem para enfrentar a doença.

Fotografia. 
Uma mulher em pé, usando máscara de proteção sobre a boca e o nariz, blusa azul sobre uma peça branca e saia escura  despeja conteúdo de um frasco nas mãos de um homem sentado. As mãos dele estão à frente do corpo, abertas e juntas.
Há outros homens sentados em cadeiras enfileiradas ao lado. Atrás deles, uma mulher usando saia azul, camisa branca e colete azul, com máscara de proteção sobre a boca e o nariz, observa a cena em pé. Ao fundo, chão de terra, um portão vermelho e um carro branco estacionado.
Idosos esperam para receber a vacina contra a covíd-19, polocuâne, África do Sul (2021).

Transformações no continente

A partir do início do século vinte e um, a África passou por transformações demográficas, econômicas, tecnológicas, ambientais, urbanas e sociopolíticas que refletiram na trajetória de desenvolvimento de grande parte dos países e no reposicionamento estratégico do continente no contexto mundial.

O crescimento da população implica grandes desafios para todo o continente nas próximas décadas. Esse crescimento ocorre em ritmo acelerado, como pode ser observado no gráfico a seguir.

ÁFRICA: CRESCIMENTO POPULACIONAL (1950-2095)

Gráfico. África: crescimento populacional (de 1950 a 2095). 
Gráfico de linha mostrando a curva de crescimento populacional do continente africano. No eixo vertical do gráfico, a população do continente em milhões de habitantes, variando de 0 a 4.500. No eixo horizontal, a linha do tempo, de 1950 a 2094.
Em 1950: 300 milhões de habitantes. 
Em 1966: 330 milhões de habitantes. 
Em 1982: 500 milhões de habitantes. 
Em 1998: 800 milhões de habitantes. 
Em 2014: 1.164 bilhão de habitantes. 
Em 2030: estimativa de 1.703 bilhão de habitantes. 
Em 2062: estimativa de 3.051 bilhão de habitantes. 
Em 2094: estimativa de 4.290 bilhão de habitantes.
Elaborado com base em dados obtidos em: WORLD POPULATION REVIEW. Africa population. Walnut, CAvírgulacêrca de 2022. Disponível em: https://oeds.link/FBXSCk. Acesso em: 28 março. 2022.

Calcula-se que em 2040 metade da população da África será urbana. Planejar esse crescimento é um desafio principalmente para as maiores cidades africanas. Apesar do crescimento econômico verificado na última década, quase metade dos africanos ainda vive com menos de 2 dólares por dia.

Apesar do histórico de governos autoritários e corruptos, além de numerosos conflitos internos e de guerras civis que marcaram as últimas décadas, o continente africano tem dado exemplos de que a democracia e a liberdade são demandas da população.

Na África, ainda há um longo caminho a ser percorrido rumo à democracia plena, condição necessária para que muitos países obtenham empréstimos de organizações multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (éfe ême í) e o Banco Mundial, que investem no desenvolvimento de infraestrutura nos países (como construção de portos, rodovias, ferrovias e aeroportos) e financiam a produção agrícola e a extração de recursos naturais. É importante lembrar que, nos últimos anos, os investimentos chineses têm crescido significativamente no continente.

Diversidade cultural e religiosa

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

A África é marcada pela diversidade cultural. No continente, habitam diversas etnias, que desenvolveram, ao longo dos séculos, suas próprias línguas, alfabetos, manifestações religiosas, ritmos musicais, danças, festas e práticas cotidianas. A tradição oralglossário é uma característica importante das culturas africanas, principalmente ao sul do Saara.

Calcula-se que existam mais de .1500 línguas no continente africano, agrupadas segundo critérios de proximidade geográfica e estrutura. No entanto, o fato de diferentes etnias falarem línguas e dialetos do mesmo agrupamento linguístico não significa que a comunicação entre elas seja fluida.

Apesar de muito diferentes umas das outras no que diz respeito à cosmogoniaglossário , à hierarquia e às cerimônias, as religiões tradicionais africanas apresentam duas características comuns de grande importância:

  • a crença na ancestralidade, ou seja, na ideia de que os membros das famílias, ao falecerem, permanecem presentes no mundo de fórma imaterial, como uma espécie de espírito, ajudando a conduzir os problemas daqueles que estão vivos;
  • a crença em deuses que representam as fôrças dos elementos e dos fenômenos da natureza – a chuva, o vento, as matas, as águas do mar e dos rios e o fogo.

Existem religiões politeístasglossário e monoteístasglossário no continente. Vale destacar que duas religiões monoteístas – o islamismo e o cristianismo – desempenharam grande influência na transformação cultural de muitas etnias africanas.

Fotografia. Em um ambiente interno, homens e mulheres sentados lado a lado em cadeiras brancas de plástico. Todos seguram um instrumento longo, de base redonda e amarela e com um braço de madeira com cordas amarradas.
O griô é uma mistura de poeta, cantor e músico ambulante pertencente a uma casta especial que atua no Sudão, em Burkina Faso, na Gâmbia e em parte da República da Guiné-Bissau. Além de cronista, o griô exerce a importante função de transmitir aos mais novos aspectos fundamentais da cultura de determinado grupo, contribuindo para preservar a tradição oral dos povos. Na fotografia, griôs tocando kora na séde da Assembleia Nacional em Conacri, República da Guiné-Bissau (2016).

Islamismo

O islamismo é atualmente uma das principais religiões da África, com cêrca de 400 milhões de seguidores. A expansão do Islã começou no Norte da África no século sete e prosseguiu gradativamente em direção ao sul do Saara. No território africano, o islamismo deixou marcas tanto nas paisagens, com suas mesquitas, quanto na cultura, com a difusão da tradição escrita entre muitas populações.

Atualmente, a presença de muçulmanos é superior a 50% em países como Egito, Sudão, Líbia, Chade, Tunísia, Argélia, Níger, Mali, Mauritânia, Marrocos e Somália.

ÁFRICA: PERCENTUAL DE MUÇULMANOS (2020)

Mapa. África: percentual de muçulmanos (2020)
Mapa temático do continente africano indicando o percentual da população muçulmana presente em cada país. Há cinco categorias, diferenciadas por tons de verde, sendo os tons mais claros para representar valores menores e os mais escuros para representar valores maiores.
De 0,0 a 19,9 por cento: Libéria, Gana, Togo, Benin, Camarões, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe, Gabão, Congo, Angola, Namíbia, África do Sul, Lesoto, Botsuana, Zimbábue, Zâmbia, Moçambique, Madagascar, Malawi, Quênia, Ruanda, Burundi, Uganda, Sudão do Sul, República Centro-Africana, República Democrática do Congo. 
De 20,0 a 39,9 por cento: Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Eritreia, Etiópia, Tanzânia. 
De 40,0 a 59,9 por cento: Nigéria, Chade. 
De 60,0 a 79,9 por cento: Burkina Faso. 
De 80,0 a 100,0 por cento: Guiné, Senegal, Mauritânia, Saara Ocidental, Marrocos, Mali, Argélia, Tunísia, Níger, Líbia, Egito, Sudão, Djibuti, Somália. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 790 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: SHARIAH law in Africa has many faces. DW, 28 janeiro. 2022. Disponível em: https://oeds.link/uROqQ6 Acesso em: 28 março. 2022.

Cristianismo

O cristianismo, difundido pelos colonizadores europeus, sobretudo a partir do final do século dezenove, é dominante em países como África do Sul, Angola, República Democrática do Congo, Camarões e Sudão do Sul, onde mais de 50% da população é cristã.

No entanto, a intensa influência do islamismo e do cristianismo não ocorreu sem adequações às culturas locais. Apesar de grande parcela da população ter adotado oficialmente uma dessas religiões, não houve o completo abandono das cerimônias e das crenças praticadas anteriormente, vinculadas à ancestralidade e à natureza.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Sobre a aids na África, que países alcançaram algum êxito no combate à doença? O que foi feito para isso?
  2. Leia o texto a seguir e, depois, responda às questões propostas.

Disparidade de rendimento entre ricos e pobres aumenta na África, alerta Unctad

As Nações Unidas publicaram um novo relatório destacando que em 17 dos 49 países africanos ocorreu um crescimento inclusivo.

O Relatório de Desenvolvimento Econômico em África 2021 revela que outras 14 nações carecem de inclusão. Houve ainda um acréscimo da desigualdade.

reticências

No total, em 18 dos Estados monitorados, o crescimento levou à redução da pobreza, mas aumentou a desigualdade reticências.

A Conferência da ônu sobre o Comércio e Desenvolvimento, Unctad, lembra que, nos anos 2000, houve um crescimento na África, mas sem melhorias para a maioria dos africanos. A diferença de renda entre ricos e pobres aumentou na região.

Riqueza

cêrca de 34% das famílias africanas vivem abaixo da linha de pobreza de um vírgula nove dólares por dia. E 40% da riqueza total pertencem a cêrca de 0,1% da população do continente.

Na pandemia, e com as fronteiras fechadas, as desigualdades e vulnerabilidades de grupos marginalizados lançaram 37 milhões de africanos subsaarianos na extrema pobreza.

reticências

NAÇÕES UNIDAS. Disparidade de rendimento entre ricos e pobres aumenta na África, alerta Unctad. ônu News. Brasília, Distrito Federal: ônu, 10 dezembro. 2021. Disponível em: https://oeds.link/adthAv. Acesso em: 28 março. 2022.

  1. De acordo com o texto, é possível concluir que o crescimento econômico da África é suficiente para resolver os problemas sociais do continente? Justifique sua resposta.
  2. Localize no texto e registre em seu caderno informações que confirmem a existência de desigualdade de rendimento no continente africano.

3. Analise o gráfico de barras e responda à questão proposta.

REGIÕES SELECIONADAS: PESSOAS VIVENDO EM EXTREMA POBREZA (2018)

Gráfico. Regiões selecionadas: pessoas vivendo em extrema pobreza (2018)
Gráfico de barras horizontais indicando a quantidade de pessoas vivendo em extrema pobreza em regiões específicas do continente. 
No eixo vertical do gráfico, as regiões selecionadas e, no eixo horizontal, o número de pessoas em milhões.
Leste da Ásia e Pacífico: 24,5 milhões de pessoas. 
Europa e Ásia Central: 5,6 milhões de pessoas. 
América Latina: 24,2 milhões de pessoas. 
Oriente Médio e Norte da África: 28 milhões de pessoas. 
África Subsaariana: 433,4 milhões de pessoas.
Fonte: WORDL BANK. Poverty and shared prosperity 2020 – Reversals of fortune. Washington, DC: World Bank, 2020. Disponível em: https://oeds.link/v65l0v. Acesso em: 28 março. 2022.

Como você definiria a situação da África Subsaariana em relação a outras regiões do mundo, considerando a população em extrema pobreza (que vive com até 1,90 dólar por dia)?

CAPÍTULO 18  Urbanização e economia africanas

De acordo com um relatório publicado pela ônu, até 2025, as áreas urbanas no continente africano reunirão cêrca de 65 milhões de pessoas. As estimativas indicam que esse valor passará dos 900 milhões antes de 2040.

Contribui para isso o crescente êxodo rural no continente, motivado por diversos fatores: crescimento populacional, pouca oferta de emprego nas áreas rurais, falta de medidas que fixem a população no campo e condições naturais adversas, como a ocorrência de secas prolongadas em algumas regiões.

O crescimento acelerado das cidades, porém, não significa desenvolvimento econômico. As áreas urbanas são pouco conectadas e não têm capacidade para acolher a todos, o que eleva o desemprego e obriga grande parte da população a se fixar em locais onde as condições de vida são precárias.

Embora a porção norte seja a mais urbanizada do continente, o maior crescimento urbano tem ocorrido nos países que compõem a África Subsaariana.

Fotografia. 
Pessoas com máscaras de proteção sobre a boca e o nariz estão aglomeradas em uma rua comercial. A maioria está parada na calçada; algumas andam pela rua. À direita, há um ônibus amarelo cercado de pessoas em um dos lados.
Pessoas aguardam ônibus em Nairóbi, Quênia (2021).

Urbanização no Norte da África

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

No século vinte e um, a população do Norte da África superou as duas centenas de milhões de pessoas. Desse total, grande parte se concentra em cidades à beira do mar Mediterrâneo e no delta do rio Nilo. A tendência em todo o continente é de crescimento acelerado da população urbana.

O Cairo, capital do Egito, é a maior cidade do Norte da África. Localizado no delta do rio Nilo, fórma com Alexandria, outra cidade egípcia, a maior concentração populacional da região. Estima-se que em 2025 essas duas cidades somarão mais de 21 milhões de habitantes.

NORTE DA ÁFRICA: POPULAÇÃO URBANA (2020)

Mapa. Norte da África: população urbana (2020). 
Mapa de parte da África destacando a taxa de urbanização, em porcentagem, de países do  norte do continente.
Uma linha roxa representa o limite entre a África Setentrional e  África Subsaariana.
Taxa de urbanização dos países do Norte da África: 
40,0 a 59,9%: Mauritânia, Egito; 60,0 a 79,9%: Marrocos, Argélia, Tunísia; acima de 80,0%: Líbia.  
Sem dados: Saara Ocidental.  
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 510 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: WORLD BANK. Data. Urban population – Middle East & North Africa. Disponível em: https://oeds.link/TeRKBj; OXFORD. Our World in Data. Disponível em: https://oeds.link/gUOGaB. Acessos em: 28 março. 2022.

Desigualdade e pobreza

Nas áreas urbanas do Norte da África, uma parcela significativa da população não tem acesso a saneamento básico, escolas, hospitais, transportes e áreas de lazer. Além disso, os empregos formais são escassos e, mesmo nas principais cidades, como o Cairo, grande parte dos habitantes vive com baixa renda.

Embora haja esforços para reduzir a população que vive em locais com infraestrutura precária e resultados satisfatórios já tenham sido obtidos, a questão ainda está longe de ser solucionada. De acordo com a Organização das Nações Unidas, metade da área do município do Cairo tem problemas de moradia e infraestrutura, e o reassentamento de famílias ocorreu em regiões periféricas distantes de onde as pessoas trabalhavam, fazendo com que muitas delas voltassem a morar em áreas centrais da capital egípcia.

Urbanização na África Subsaariana

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Historicamente, as cidades da África Subsaariana desempenharam importante papel econômico e político. Nos séculos dezenove e vinte, com a colonização europeia, desenvolveram-se algumas cidades litorâneas, cujas funções portuárias e administrativas garantiam as exportações de produtos vindos das áreas rurais do continente africano.

Atualmente, os portos e as estradas para acessá-los dispõem de moderna infraestrutura para garantir a entrada de mercadorias industrializadas e a exportação de produtos agrícolas e minerais. Esse aspecto pode ser observado nas principais cidades da região, a maioria delas localizada nas zonas costeiras: Lagos, Acra, Dacar, Dar és Salám, Cidade do Cabo e Johanesburgo.

Amplia-se na África Subsaariana a quantidade de pessoas empregadas em atividades mais comumente desenvolvidas em áreas urbanas, sobretudo no setor de serviços.

Nas áreas centrais das maiores cidades da região subsaariana, há maior infraestrutura de transporte, telecomunicações e edifícios governamentais, além de escritórios de multinacionais estadunidenses, europeias e asiáticas.

As poucas indústrias da região, que, em geral, produzem alimentos e roupas ou processam matérias-primas (siderúrgicas, metalúrgicas e petroquímicas), também se localizam próximo às zonas portuárias, beneficiando-se da infraestrutura existente.

ÁFRICA SUBSAARIANA: POPULAÇÃO URBANA (2020)

Mapa. África Subsaariana: população urbana (2020). 
Mapa temático referente à população urbana dos países da África Subsaariana.
Mapa da África destacando a taxa de urbanização, em porcentagem, de países da África Subsaariana.
Uma linha roxa representa o limite entre a África Subsaariana e a África Setentrional.
Taxa de urbanização dos países da África Subsaariana: Abaixo de 19,9%: Níger, Ruanda, Burundi, Malawi; de 20,0 a 39,9%: Guiné, Burkina Faso, Chade, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia, Uganda, Quênia, Tanzânia, Moçambique, Zimbábue, Madagascar, Lesoto, Eswatini; de 40,0 a 59,9%: 
Senegal, Mali, Libéria, Costa Do Marfim, Gana, Benin, Nigéria, Camarões, Somália, Zâmbia, Namíbia, República Centro-Africana, República Democrática do Congo; de 60,0 a 79,9%: Togo, Congo, Angola, Botsuana, África do Sul, Guiné-Bissau; acima de 80,0%: Guiné Equatorial, Gabão; sem dados: Eritreia. 
Na parte inferior esquerda,  rosa dos ventos e escala de 0 a 795 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: WORLD BANK. Data. Urban population – Sub-Saharan Africa. Disponível em: https://oeds.link/KQqBrN; OXFORD. Our World in Data. Disponível em: https://oeds.link/gUOGaB. Acessos em: 28 março. 2022.

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Em prática’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por um pino de localização sobre um mapa dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo vermelho com a inscrição ‘Em prática’ grafada em letras brancas.

Em prática

Periferias das cidades africanas

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Saúde’, composto de uma tarja retangular de fundo vermelho, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Saúde’ grafada em letras maiúsculas brancas.

O espaço urbano dos países subsaarianos é marcado pela precariedade do acesso a habitação, emprego, infraestrutura e serviços públicos, sobretudo nas áreas mais distantes dos centros. Nesse cenário, grande parcela da população urbana da África Subsaariana, por exemplo, não é servida por rede de saneamento básico, o que sobrecarrega o sistema público de saúde, uma vez que esgoto a céu aberto e água não tratada são vetoresglossário da transmissão de muitas doenças, como cólera e tifo.

Assim como ocorre na porção norte do continente, a população que migra do campo para a cidade, ao encontrar escassez de infraestrutura nos centros urbanos, acaba se instalando em habitações precárias. Na maioria dos países africanos, é grande a proporção de pessoas vivendo nessas condições.

A África Subsaariana é menos urbanizada que o Norte da África, e sua população urbana é mais marcada pela pobreza. Em 2018, aproximadamente 238 milhões de pessoas viviam em favelas e outros tipos de habitações precárias, segundo a ônu.

Nos últimos anos, a economia dos países subsaarianos começou a crescer mais rapidamente, impulsionada, principalmente, por investimentos chineses, sobretudo nos países detentores de petróleo, gás, ouro e outros minerais, como Nigéria, Gana, Costa do Marfim e Serra Leoa. Esse fator contribuiu para criar uma classe média urbana; porém, pouco influenciou a melhoria das condições de vida da maioria das pessoas que vive em cidades.

O quadro a seguir apresenta a quantidade de população urbana vivendo em favelas em regiões do mundo que estão em desenvolvimento. Observe os dados de cada região e, em seguida, elabore um mapa temático, no qual os fenômenos quantitativos devem ser apresentados por meio de cores. Siga o roteiro.

Regiões selecionadas: população urbana vivendo em favelas (2018)

Região

Milhões de pessoas

América Latina

109,9

Oriente Médio e Norte da África

82,1

África Subsaariana

237,8

Ásia Central e Meridional

221,1

Leste e Sudeste Asiático

368,9

Elaborada com base em dados obtidos em: UNITED NATIONS HUMAN SETTLEMENTS PROGRAMME. World cities report 2020 – The value of sustainable urbanization. Nairóbi: UN-Habitat, 2020. Disponível em: https://oeds.link/6yfOhN. Acesso em: 28 março. 2022.

  1. Elabore um mapa com a divisão regional apresentada.
  2. Adote intervalos que representem as diferenças entre as regiões. Exemplos: de 80 a 200 milhões; de 201 a 300 milhões; acima de 300 milhões.
  3. Cada intervalo deve ser associado a uma cor diferente, apresentada na legenda. Utilize a mesma cor, com três tons diferentes para cada categoria. O tom mais claro deve ser usado para a categoria que apresenta valores mais baixos e o tom mais escuro, para os valores mais altos.
  4. Insira título, fonte e rosa dos ventos no mapa.
  5. Por fim, elabore um pequeno texto comparando as regiões africanas com as demais presentes no mapa.
Versão adaptada acessível

Os procedimentos listados para realização da atividade de elaboração do mapa podem ser adaptados para a construção de uma versão tátil. Para isso, materiais como papéis, tecidos, linhas de diferentes espessuras e botões, entre outros, podem ser usados para criar contornos e preencher formas. Cada intervalo de valores pode ser associado no mapa e na legenda a uma textura diferente. As texturas mais lisas representam valores menores e as mais ásperas, valores maiores.

Agropecuária

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

O espaço rural é central na vida de grande parte da população na África, onde é numerosa a quantidade de pessoas que vivem no campo e de trabalhadores dedicados às atividades agropecuárias. Desse modo, o setor primário da economia, que compreende a agricultura, a pecuária e o extrativismo, é a base do Píbi da maioria dos países da África Subsaariana.

No entanto, em razão do predomínio dos climas árido e semiárido em algumas áreas, grandes extensões de terra são inadequadas para as práticas agrícolas.

Além disso, a distribuição desigual de terras é um grave problema na maior parte dos países africanos: os terrenos mais férteis se concentram nas mãos de uma elite minoritária, que produz para o mercado externo em grandes propriedades, enquanto o mercado interno de alimentos é abastecido precariamente por pequenos agricultores, que cultivam as terras menos produtivas. Nessas propriedades, são produzidos diversos tipos de alimentos, como pimenta, banana, abacaxi e inhame.

Geralmente, os pequenos produtores utilizam técnicas e sabedorias tradicionais. Em muitas localidades, os recursos materiais à disposição dos produtores não são suficientes para evitar a baixa produtividade e os problemas ambientais, como a degradação do solo.

Nas áreas de clima mais seco, onde predominam as estepes rasteiras e a vegetação desértica, desenvolve-se principalmente a criação de cabras.

Fotografia. 
Em uma área aberta, plana e seca, de terra batida, destaque para diversas cabras de cabeça preta e corpo branco, juntas, e uma pessoa logo atrás observando-as. Ao fundo, pessoas em pé usando roupas de tecidos avermelhados ao redor de outro grupo de animais e construções circulares  cobertas de palha.
O Sudão apresenta climas árido e semiárido em grande parte de seu território, o que dificulta a atividade agrícola. No entanto, reúne um dos maiores rebanhos de cabras do mundo. Na fotografia, cabras à venda em Gode, Etiópia (2019).
Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

A pecuária bovina extensiva é expressiva ao sul do Saara, com destaque para a região da África Oriental, como pode ser observado no mapa.

ÁFRICA: REBANHO BOVINO (2020)

Mapa. África: Rebanho bovino (2020). 
Mapa representando o número absoluto de cabeças de gado dos países do continente africano.
Número de cabeças de gado (em milhões). 
Mais de 50 milhões: Etiópia; de 20 a 50 milhões: Sudão; de 10 a 20 milhões: Nígerioa, Uganda, Quênia, África do Sul; de 5 a 10 milhões: Mali, Burkina Faso, Níger, Chade, Zimbábue, Madagascar; abaixo de 5 milhões: Libéria, Serra Leoa, Guiné, Senegal, Mauritânia, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Camarões, Gabão, Angola, Namíbia, Zâmbia, Botsuana, Moçambique, Somália, República Centro-Africana. 
Sem dados: República Democrática do Congo, Congo, Tanzânia, Sudão do Sul, Egito, Costa do Marfim, Eritreia.
Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 685 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: LIVESTOCK DATA FOR DECISIONS. Global livestock populations, 21 janeiro. 2020. Disponível em: https://oeds.link/BHj1F1. Acesso em: 28 março. 2022.

Os impactos da agricultura comercial

No final do século dezenove, as metrópoles europeias instalaram nas colônias africanas um sistema de produção de gêneros tropicais voltado para a exportação. A principal demanda do mercado externo era por espécies vegetais oleaginosas (como o dendê e o amendoim, muito utilizados nas fábricas europeias e na iluminação pública das cidades), além de chá e algodão (para a indústria têxtil). Nas áreas onde não havia recursos minerais, optou-se pela produção agrícola em latifúndios monocultores.

Os gêneros agrícolas tropicais ainda representam importantes fontes de riqueza para muitos países do continente, sobretudo na África Ocidental: o cacau, na Costa do Marfim, em Gana e na Nigéria; o amendoim, no Senegal; a palma (da qual se produz óleo) e o algodão, no Benin e no Togo.

Apesar de movimentar a economia, a agricultura comercial não contribui para diminuir o problema da fome em diversos países do continente, pois limita o acesso à terra, principalmente às mais produtivas.

A falta de investimento nos modos de produção familiar e de subsistência agrava o problema, pois as terras ocupadas por pequenos produtores apresentam infraestrutura precária, solos pouco férteis e, consequentemente, baixa produtividade.

A importância dos rios para a agricultura

Além de serem utilizados como vias de circulação e para fornecimento de energia, os rios desempenham papel fundamental na agricultura africana, pois abastecem os sistemas de irrigação de plantações. É o caso do rio Níger (na África Ocidental) e do rio Congo (na África Central).

Um dos exemplos mais representativos da importância dos rios para a economia agrícola é o rio Nilo, no Egito. Os solos férteis do vale e do delta do rio Nilo, ao longo dos séculos, têm sido aproveitados para a produção agrícola destinada ao mercado interno, para as plantações de algodão que abastecem a indústria têxtil nacional e para a produção voltada ao mercado externo.

No entanto, antes de chegar ao Egito, esse rio cruza outros países africanos, o que exige o estabelecimento de acordos sobre a gestão da água entre os Estados que possuem partes de seus territórios nessa bacia hidrográfica.

Eventualmente, esses acordos geram tensões diplomáticas devido aos múltiplos usos do Nilo. Isso demonstra que, além de sua importância econômica, a gestão dos recursos hídricos desse rio pode criar disputas políticas.

ÁFRICA: BACIA DO RIO NILO

Mapa. África: Bacia do Rio Nilo. Mapa de parte da África com destaque para a região que abrange a bacia do Rio Nilo, no nordeste da África, barragens e cataratas. Uma  mancha verde indica a região da bacia do Rio Nilo, que se estende desde a região do Lago Vitória, no norte da Tanzânia, abrange todo o Sudão do Sul, oeste da Etiópia, leste do Sudão, e leste do Egito, até a desembocadura do Rio Nilo, no Mar Mediterrâneo, região norte do Egito, próximo às cidades de Alexandria, Damieta e Port Said.
As cataratas foram representadas por um retângulo fino azul.  Primeira catarata: Em Assuã, no Egito. Segunda catarata: Wadi Halfa, na fronteira entre o Egito e o Sudão. Terceira catarata: na proximidades de Dongola, no Sudão. Quarta catarata: na proximidades de Merowe, no Sudão. Quinta catarata: entre Abu Hamad e Atbara, no Sudão. 
As barragens foram representadas por um retângulo fino vermelho. No Egito: barragens em Assui, Sohag, Luxor, Assuã. No Sudão: barragens em  Cartum (capital do Sudão), nas proximidades de Wadi Medani, no Rio Nilo Azul, no Rio Tekeze (proximidades de Kassala).
Na Etiópia: barragens no Lago Tana (Bahr Dar) e nas proximidades de Adis-Abeba.
Na Uganda: barragem em Campala (capital da Uganda), próximo ao Lago Vitória. 
Áreas de inundação no Sudão do Sul: na região dos rios Bahr El Ghazal, Bahr El Jabal, Bahr El Zaraf; Rio Sabat. 
Na parte superior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 315 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: STIENNE, Agnès. Barrages le long du Nil. Le Monde Diplomatique: cartes & graphiques, julho. 2013. Disponível em: https://oeds.link/irodjr. Acesso em: 28 março. 2022.

Ler o mapa

Que países podem influenciar a vazão do rio antes de ele chegar ao Egito? Por qual motivo?

Extrativismo mineral

A extração de recursos naturais, como petróleo, ferro, fosfato, ouro e diamantes, ocorre, em muitos casos, em espaços rurais e é responsável pela geração de riqueza em muitos países.

O petróleo e o gás natural são riquezas fundamentais para Tunísia, Líbia e Nigéria, grandes produtores e exportadores desses recursos. Em países como Angola, Nigéria, Mauritânia, Líbia, República Democrática do Congo e Zâmbia, os produtos minerais chegam a representar mais da metade das exportações, embora a exploração ocupe uma parcela pequena da População Economicamente Ativa (péa).

As disputas pela exploração desses recursos naturais (sobretudo diamante e petróleo) também contribuíram para a ocorrência de diversos conflitos na África. No final do século vinte, as áreas rurais de países como Serra Leoa, República Democrática do Congo e Angola se transformaram em campos de batalha.

Além dos conflitos, a exploração dos recursos minerais tem destruído significativamente o meio ambiente no continente. Observe o mapa a seguir, que apresenta os principais locais de conflito ambiental classificados por tipo de recurso explorado.

ÁFRICA: CONFLITOS AMBIENTAIS POR EXPLORAÇÃO DE MINÉRIOS (2017)

Mapa. África: conflitos ambientais por exploração de minérios (2017). 
Mapa da África com a indicação de conflitos envolvendo exploração de recursos, de acordo com o tipo explorado.
Ocorrência de conflitos por recursos nucleares: Níger, Namíbia, África do Sul, Malawi, Egito. 
Ocorrência de conflitos por minérios associados à construção civil: Senegal, Gâmbia, Guiné, Libéria, Gana, Togo, Burkina Faso, Togo, Gabão, Nigéria, República Democrática do Congo, Zâmbia, Tanzânia, Moçambique, Botsuana, África do Sul, Madagascar, Ruanda, Quênia, Sudão, Marrocos, Malawi, Saara Ocidental. 
Ocorrência de conflitos associados à gestão de água: Serra Leoa, Guiné, Níger, Nigéria, Camarões, Congo, Angola, Uganda, Quênia, Sudão, Egito, Líbia, Marrocos, Etiópia, Lesoto, Tanzânia, Botsuana, Zimbábue. 
Ocorrência de conflitos relativos a combustíveis fósseis: Saara Ocidental, Mauritânia, Mali, Senegal, Argélia, Marrocos, Tunísia, Líbia, Egito, Sudão do Sul, Nigéria, Benin, Guiné Equatorial, Gabão, Congo,  Uganda, Ruanda, Camarões, Tanzânia, Quênia, Moçambique, Madagascar, África do Sul. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 765 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: ENVIRONMENTAL Justice Atlas. Disponível em: https://oeds.link/FJ7uV5. Acesso em: 28 março. 2022.

Ler o mapa

  1. Quais são as áreas onde há maior número de conflitos relacionados à exploração mineral?
  2. Na sua opinião, por que isso ocorre?
Ícone. Sugestão de livro.
SILVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013. Respondendo às perguntas dos filhos, o historiador Alberto da Costa e Silva explica o que é a África, revelando a eles as maiores belezas e os maiores problemas do continente africano.

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Mundo em escalas’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por dois pinos de localização conectados por setas, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo verde claro com a inscrição ‘Mundo em escalas’ grafada em letras brancas.

Mundo em escalas

Desenvolvimento urbano e custo social

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Cidadania e Civismo’, composto de uma tarja retangular de fundo azul escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Cidadania e Civismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

O custo humano trágico das novas megacidades da África

Nas últimas duas décadas [2000 e 2010], a narrativa africana mudou fenomenalmente. A história extensa, em grande parte tecida em torno dos estereótipos da pobreza, doenças e de guerras civis sangrentas, foi substituída por uma que celebrava o crescimento econômico sem precedentes do continente e uma relativa estabilidade política. Esta nova narrativa é também sobre os arranha-céus brilhantes da África, os enormes shoppings e as cidades ambiciosas “inteligentes” sendo projetadas e construídas a partir do zero reticências.

As condições de vida nesses bairros sofisticados são radicalmente diferentes das encontradas nas comunidades de baixa renda, que muitas vezes carecem de infraestrutura básica: vias, um abastecimento público de água, até mesmo sistemas eficientes de gerenciamento de resíduos. Esta distribuição desigual das comodidades públicas tornou-se terrivelmente típica na maioria das cidades africanas. E, como se isso não fosse suficientemente ruim, muitas comunidades pobres estão agora sendo anexadas impiedosamente e seus moradores empurrados para abrir caminho a esses novos desenvolvimentos.

reticências impapê, um bairro pobre em Abuja, faz fronteira com dois dos bairros mais ricos da capital. reticências

Devido à sua proximidade com o centro da cidade, impapê ocupa terrenos muito valiosos. A favela também se tornou uma fonte crucial de habitação a preços acessíveis para o grande exército de trabalhadores de Abuja, funcionários públicos de baixa qualidade, motoristas de táxi e artesãos. Hoje, uma determinação judicial é tudo o que está entre a liquidação e as escavadeiras da Autoridade de Desenvolvimento de Capital Federal (FCDA). reticências

AGBO Júnior., Mathias. O custo humano trágico das novas megacidades da África. Arch Daily, 22 junho. 2017. Disponível em: https://oeds.link/PKRKSB. Acesso em: 28 março. 2022.

Fotografia. Em área aberta, ampla e arenosa, um canteiro de obra onde há um homem usando colete verde inclinado para a frente, com uma mão estendida na direção de uma pequena mureta de concreto. Atrás, algumas tubulações de concreto. Ao fundo, uma escavadeira amarela, dois prédios altos em construção com guindastes no topo;  alguns postes elevados a esquerda; céu azul.
Canteiro de obras em área de terra recuperada do oceano Atlântico para a construção de imóveis. Lagos, Nigéria (2016).
  1. Qual é o custo social para os trabalhadores nos locais onde está prevista a implantação de projetos de desenvolvimento urbano de alto padrão?
  2. No Brasil há problemas semelhantes ao discutido no texto? Busque em jornais e revistas atuais materiais que exemplifiquem situações similares e traga-os para a sala de aula para serem debatidos com o professor e seus colegas.

A industrialização tardia e incompleta

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

O processo de industrialização na África iniciou-se após a descolonização, nas décadas de 1950 e 1960. Nos países onde ocorreu algum desenvolvimento industrial, criaram-se condições para o fortalecimento das economias nacionais e o aumento do grau de beneficiamento das mercadorias, com o objetivo de aumentar a lucratividade dos setores voltados para a exportação.

Atualmente, o setor industrial dos países africanos, de modo geral, não apresenta diversificação nem dinamismo suficientes para sustentar um desenvolvimento econômico autônomo. As exceções são o Egito e a África do Sul.

De modo geral, as nações africanas são compradoras de produtos industrializados de países de maior desenvolvimento e exportadoras de matérias-primas (minerais e produtos agrícolas). A grande necessidade de produtos industrializados e a baixa disponibilidade interna impedem a acumulação de capitais no continente, pois a maioria dos escassos recursos financeiros acaba sendo canalizada para o exterior com as importações.

Boa parte das indústrias que atuam em solo africano é composta de transnacionais ou de empresas ligadas a grupos tradicionais da elite africana que concentram os lucros.

Fotografia. 
Destaque para uma rua com prédio grande, largo, cinza e espelhado. Ao redor, um cruzamento com diversos semáforos e postes de luz, carros estacionados, uma motocicleta aguardando passagem. Do lado direito, uma placa elevada de publicidade e a calçada com um trecho gramado.
séde de empresa multinacional alemã que trabalha com os ramos químico e energético. Johanesburgo, África do Sul (2021).

Obstáculos à industrialização

Apesar do crescente interesse na exploração de recursos e do aumento dos investimentos no continente, alguns fatores ainda podem ser considerados entraves ao processo de industrialização em diferentes regiões africanas, como:

  • menor participação no comércio mundial – as exportações africanas ainda são reduzidas;
  • escassez de capital – as nações africanas são obrigadas a recorrer a empréstimos de países e organizações internacionais, elevando suas dívidas externas e reduzindo o poder de investimentos internos em produção industrial;
  • remessa de lucros – as transnacionais estabelecidas na África remetem os lucros para seus países de origem, em vez de reinvestirem em áreas produtivas;
  • escassez de mão de obra qualificada – a falta de interesse das empresas em investir na qualificação dos trabalhadores africanos dificulta a instalação de indústrias modernas no continente, aumentando a desigualdade;
  • mercado interno restrito – grande parte da população africana ainda tem reduzido poder de compra;
  • guerras civis – as guerras interétnicas e intertribais abalam economias e populações em diversos países da África.
Fotografia. Destaque para uma mulher negra de avental branco e luvas azuis, fones de proteção auricular, cabelo preso e óculos de armação quadrada. Ela está sentada em um cadeira, dentro da sala de um laboratório, e utiliza um microscópio que está sobre uma bancada. Sobre a bancada há diversos equipamentos, entre eles um computador e outro microscópio. Ao fundo, armários baixos azuis e uma janela com iluminação natural que clareia o ambiente.
Cientista realiza estudos em centro de pesquisas em Nairóbi, Quênia (2020). Esse é um exemplo de investimento em pesquisa e qualificação de trabalhadores em um país do continente africano.

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Transcrição do áudio

Desenvolvimento científico e inovação na África

[locução] Os últimos anos têm sido marcados por diversas transformações sociais, econômicas e políticas ocorridas no continente africano.

[locução] As transformações são decorrentes de muitos fatores, tais como os índices positivos de crescimento econômico, a urbanização acelerada, o aumento dos investimentos nos setores de infraestruturas, a diversificação industrial, os avanços sociais e a adoção de medidas que visam à preservação dos recursos naturais do continente.

[locução] Os governos de diversos países, com o auxílio de empresas privadas e de organizações mundiais, como a Organização das Nações Unidas, a ONU, e o Banco Mundial, passaram a investir recursos no setor de pesquisas científicas e inovação, a fim de superar a ausência de mão de obra especializada e a baixa competitividade das indústrias africanas no cenário mundial.

[locução] Assim, analogamente a outras regiões do mundo, centros de pesquisas e de inovação tecnológica passaram a surgir em diversos países da África.

[locução] Esses centros, em geral, são vinculados às universidades locais e às redes de startups e hubs de inovação. São destinados a desenvolver pesquisas científicas em saúde, educação, agropecuária, infraestruturas urbanas, entre outras áreas.

[locução] Dos países da África subsaariana, destacam-se Ruanda, Senegal, Uganda, Moçambique, Malaui e Quênia; sendo este último o que mais investe em inovação desde 2011.

[locução] Uma das formas de alavancar o desenvolvimento das pesquisas realizadas nos países do continente é por meio do aproveitamento dos recursos e do conhecimento das comunidades locais com o objetivo de buscar e compartilhar novas soluções.

[locução] Um exemplo é o Ushahidi , uma plataforma digital desenvolvida por uma empresa de tecnologia situada no Quênia que mapeia dados fornecidos por qualquer pessoa a respeito de locais onde estejam ocorrendo conflitos ou desastres. Trata-se de uma importante ferramenta usada para salvar vidas.

[locução] No entanto, ainda há muitos desafios a serem enfrentados para que o continente possa promover o desenvolvimento científico e ampliar e diversificar o setor da inovação.

[locução] Do ponto de vista da fundadora da ONG Rede da África e do Caribe para a Ciência e a Tecnologia, Elizabeth Rasekoala, em entrevista à revista Ciência e Cultura, entre os desafios destacam-se a ampliação da vontade política do governo de cada país para promover o desenvolvimento da inovação e o aumento dos investimentos financeiros destinados à ciência.

[locução] Além disso, segundo Rasekoala, é necessário formar melhor a força de trabalho científica e evitar a fuga de cérebros, fenômeno que ocorre quando a mão de obra qualificada busca emprego no exterior devido à falta de oportunidades no país de origem.

[locução] Com o aumento da vontade política dos países africanos no intuito de promover o desenvolvimento da inovação e o aumento dos investimentos em ciência e tecnologia, é possível criar novos mecanismos para aproximar as pesquisas científicas do cotidiano das pessoas.

A África no cenário global

Nas duas primeiras décadas do século vinte e um, a economia africana apresentou um crescimento significativo. Contribuíram para isso a redução dos conflitos armados e a implantação de novas políticas de desenvolvimento socioeconômico em diversos países, que buscam, por exemplo, novas oportunidades de investimentos externos. No mapa, é possível analisar o desempenho econômico dos países africanos de 2000 até 2017, pouco antes do início da pandemia de covíd-19, quando o Píbi da África e de todo o mundo sofreu uma forte queda.

ÁFRICA: CRESCIMENTO MÉDIO DO Píbi (2000–2017)

Mapa. África: crescimento médio do Produto Interno Bruto (de 2000 a 2017). 
PIB (em milhões de dólares). 
Mapa com destaque para o Produto Interno Bruto dos países africanos. O Produto Interno Bruto é representado por círculos proporcionais que indicam valores em milhões. Os países com os maiores valores são Egito, África do Sul, Nigéria, Argélia e Marrocos. Os círculos estão preenchidos por cores, que representam o crescimento médio anual do Produto Interno Bruto nos países africanos.
Crescimento negativo: Libéria, Líbia, República Centro-Africana, Zimbábue. 
De 0,0 a 1,9 por cento ao ano: Guiné-Bissau, Costa do Marfim, Gabão, Sudão do Sul, Eritreia, Somália. 
De 2,0 a 4,9 por cento ao ano: Egito, Marrocos, Argélia, Mauritânia, Senegal, Gâmbia, Mali, Togo, Benin, Camarões, Congo, República Democrática do Congo, Quênia, Tanzânia, Malawi, Namíbia, Lesoto, Eswatini, África do Sul, Madagascar, Quênia, Burundi. 
De 5,0 a 8,9 por cento ao ano: Serra Leoa, Gana, Burkina Faso, Chade, Nigéria, Níger, Sudão, Etiópia, Angola, Zâmbia, Uganda, Ruanda, Etiópia, Moçambique, Botsuana. 
Na parte inferior, a rosa dos ventos e escala de 0 a 795 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página. 52.

Integração econômica

Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos se firmaram como o principal parceiro econômico da África, estabelecendo acordos inclusive com os países mais pobres, localizados, em sua maioria, ao sul do deserto do Saara.

Nos últimos anos, os Estados Unidos exportaram maquinários, veículos, aeronaves, petróleo e cereais para o continente africano, sobretudo para África do Sul, Nigéria, Angola, Gana e Etiópia. Em contrapartida, o país importou produtos como petróleo bruto, pedras preciosas e cacau, fornecidos principalmente por Nigéria, Angola, África do Sul, Chade e Gabão.

Ainda existem intensas relações entre os ex-colonizadores e suas ex-colônias. O Reino Unido, por exemplo, mantém influência política e econômica por meio da Commonwealth – organização intergovernamental formada predominantemente por ex-colônias do Império Britânico no mundo, que, no continente africano, são representadas por Nigéria, Gana, Zâmbia, Zimbábue, Tanzânia e África do Sul, entre outras. A organização tem como objetivo a promoção da democracia, dos direitos humanos, da liberdade individual, do igualitarismo, do livre-comércio e da paz mundial. Além disso, garante, efetivamente, o escoamento dos produtos britânicos para as ex-colônias que são dependentes da importação de bens industrializados.

A França também mantém fortes relações econômicas e militares com suas ex-colônias, inclusive enviando tropas para resolver eventuais conflitos civis no continente africano (como ocorreu em 2013, para conter rebeldes no Mali).

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Integrar conhecimentos’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por uma mão segurando um globo formado de peças de quebra-cabeça, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo laranja com a inscrição ‘Integrar conhecimentos’ grafada em letras brancas.

Integrar conhecimentos

Geografia e Ciências

O extrativismo e suas consequências ambientais e sociais

Na porção ocidental da África, encontram-se as principais plantations, nas quais se cultivam cacau, amendoim, óleo de palma e algodão. Costa do Marfim e Gana são os dois maiores produtores mundiais de cacau e abastecem grandes indústrias de chocolate da Europa e dos Estados Unidos.

A extração de minérios ocorre sobretudo no sul da África, de onde são retirados cromo, ouro, platina, cobalto, cobre e urânio.

A partir de meados do século vinte, com o desenvolvimento das indústrias petroquímicas no continente, o petróleo ganhou destaque. Hoje, esse recurso natural é extraído principalmente na região do delta do rio Níger, na Nigéria, além de ser encontrado em países como Gana, Angola, Gabão, Egito, Líbia e Argélia, funcionando como importante fonte de recursos financeiros.

Se, por um lado, essas atividades extrativas são importantes para o desenvolvimento econômico dos espaços rurais dos países africanos, por outro, podem provocar uma série de consequências ambientais e sociais.

Leia o trecho do texto a seguir.

O desenvolvimento das indústrias extrativas e o impacto sobre as comunidades

As comunidades rurais da África Central dependem muito dos recursos naturais para sua subsistência. Os projetos extrativos costumam ser desenvolvidos em áreas rurais, e devem coexistir com a população. reticências

Também se observa, muitas vezes, que a instalação de projetos de mineração em territórios comunitários provoca mudanças profundas na vida da população. Por exemplo, em Ebome, uma vila de pescadores que costumava ser próspera, situada a poucos quilômetros de Kribi, na costa atlântica de Camarões, as condições de vida mudaram radicalmente quando as obras de construção de um oleoduto destruíram um recife rico em peixes, localizado a dois quilômetros da costa, forçando a transferência da pesca a outra área, a mais de oito quilômetros dali. Como isso aumentou o custo de produção, os pescadores se tornaram menos competitivos em relação aos das comunidades vizinhas e se viram em uma situação precária. reticências

inguifô, Samuel; JOUNDA, edvíge. O desenvolvimento do setor extrativo e os impactos sobre as comunidades e a biodiversidade nos países da Bacia do Congo, na África Central. Boletim dáblio érre ême 215, 13 julho. 2015. Disponível em: https://oeds.link/XgQWZn. Acesso em: 28 março. 2022.

De acordo com o trecho apresentado, como a construção de um oleoduto prejudicou as condições ambientais e o trabalho dos pescadores na vila de Ebome, em Camarões?

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Economia’, composto de uma tarja retangular de fundo verde escuro, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Economia’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Crescimento das relações com a China

Na atualidade, é cada vez mais próxima a relação da África com a China, que é considerada um dos principais concorrentes econômicos dos Estados Unidos.

Observe, nos mapas a seguir, como as mudanças no comércio externo nas duas primeiras décadas do século vinte e um levaram a China a passar os Estados Unidos nas relações bilaterais com os países africanos.

ÁFRICA: COMÉRCIO EXTERIOR PREDOMINANTE COM A CHINA OU ESTADOS UNIDOS (2000 e 2019)

Mapa. África: comércio exterior predominante com a China ou Estados Unidos (2000 e 2019)
Dois mapas destacando o comércio bilateral da África com China e Estados Unidos em 2000, do lado esquerdo, e 2019, do lado direito. Os países nos quais predominou comércio com os Estados Unidos estão representados em verde, enquanto o comércio predominante com a China está representado em laranja.
Mauritânia: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Senegal: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Cabo Verde: 2000 Estados Unidos. 2019 China. 
Gâmbia: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Guiné-Bissau: 2000 China. 2019 China.
Guiné: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Serra Leoa: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Libéria: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Costa do Marfim: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Gana: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Mali: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Burkina Faso: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Níger: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Argélia: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Marrocos: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Togo: 2000 China. 2019 China.
Benin: 2000 China. 2019 China.
Tunísia: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Líbia: China 2000. 2019 China.
Egito: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Chade: 2000 Estados Unidos. 2019 Estados Unidos.
Nigéria: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Guiné Equatorial: 2000 China. 2019 Estados Unidos.
Camarões: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Gabão: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Congo: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Angola: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
República Centro-Africana: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Sudão: China 2000. 2019 China.
Eritreia: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Etiópia: China 2000. 2019 China.
Djibuti: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Somália: 2000 Estados Unidos. 2019 Estados Unidos.
Quênia: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Uganda: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Ruanda: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Burundi: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Tanzânia: 2000 China. 2019 China.
Zâmbia: China 2000. 2019 China.
Malawi: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Moçambique: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Zimbábue: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Namíbia: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Botsuana: 2000 Estados Unidos. 2019 Estados Unidos.
África do Sul: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Lesoto: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Eswatini: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Madagascar: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Maurício: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Comores: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
Seychelles: 2000 Estados Unidos. 2019 China.
República Democrática do Congo e Sudão do Sul: Sem dados 
Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e, na direita, escalas de 0 a 960 quilômetros.
Elaborados com base em dados obtidos em: quinoêma. Global Economic Trends: US Overtaken by China as a Global Trade Power. Nova iórque, 14 dezembro. 2020. Disponível em: https://oeds.link/BrbSBe. Acesso em: 28 março. 2022.

Graças a seu elevado crescimento econômico, a China se tornou a segunda maior economia do planeta, com base na atividade industrial. O país importa volumosas quantidades de matérias-primas minerais e energéticas de países africanos, que, em contrapartida, importam produtos industrializados chineses.

Empresas chinesas vêm investindo fortemente no continente africano, principalmente em infraestrutura, modernização urbana, construção civil e extração mineral.

Ícone. Sugestão de site.
A ônu e a África. Disponível em: https://oeds.link/myGCUb. Acesso em: 28 março. 2022. O site apresenta uma série de informações e notícias sobre o continente africano.

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Em prática’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por um pino de localização sobre um mapa dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo vermelho com a inscrição ‘Em prática’ grafada em letras brancas.

Em prática

Relações culturais África-China

Ícone. Ícone indicativo do tema contemporâneo transversal ‘Multiculturalismo’, composto de uma tarja retangular de fundo lilás, dentada nas laterais direita e esquerda, com a inscrição ‘Multiculturalismo’ grafada em letras maiúsculas brancas.

Como estudamos anteriormente, as relações comerciais entre a China e os países africanos aumentaram nas últimas décadas. As empresas chinesas vêm investindo em diversos setores do continente africano, notadamente em infraestruturas, mineração e desenvolvimento urbano.

Contudo, a influência chinesa é verificada não apenas nos setores econômicos, mas também nos aspectos culturais. Na segunda década do atual século, para disseminar a cultura chinesa e promover o idioma mandarim, o país vem implantando diversos institutos ao redor do mundo, muitos deles na África.

África: institutos de ensino de mandarim (2018)

País

Institutos

Seychelles

1

Comores

1

Tunísia

1

Tanzânia

2

Senegal

1

Serra Leoa

1

Namíbia

1

Moçambique

1

Malawi

1

Gana

2

Congo

1

Eritreia

1

Egito

2

Botsuana

1

Zimbábue

1

Camarões

1

Quênia

4

Libéria

1

Ruanda

1

Madagascar

2

África do Sul

6

Nigéria

2

Sudão

1

Marrocos

3

Togo

1

Benim

1

Etiópia

2

Zâmbia

1

Mali

0

Burundi

1

Angola

1

Uganda

1

Guiné Equatorial

1

Cabo Verde

1

Costa do Marfim

1

Lesoto

0

Maurício

1

Elaborado com base em dados obtidos em: STATISTA. Number of Confucius Institutes in Africa as of December 2018, by country. Hamburgo, dezembro. 2018. Disponível em: https://oeds.link/jIiIGZ. Acesso em: 28 março. 2022.

Faça um mapa dos institutos de ensino de mandarim na África. Para isso, siga o roteiro.

  1. Utilize os dados do quadro para mapear os institutos de ensino de mandarim em alguns países do continente africano em 2018. Para isso, use um mapa que contenha todos os países da África, tendo um atlas como referência.
  2. Estabeleça símbolos com a variável visual tamanho (variando de tamanho conforme a quantidade apresentada no quadro) para representar os institutos (como círculos). Insira os símbolos e seus respectivos tamanhos em cada país.
  3. Em seguida, elabore uma legenda na porção inferior do mapa e insira o título e a fonte dos dados. Lembre-se de que o país que não apresenta institutos deve ser representado sem a respectiva variável visual.
  4. Por fim, leve para a sala de aula o mapa elaborado para comparar os resultados e discutir as informações com seus colegas.
Versão adaptada acessível

Os procedimentos listados para realização da atividade de elaboração do mapa podem ser adaptados para a construção de uma versão tátil. Para isso, materiais como papéis, tecidos, linhas de diferentes espessuras e botões, entre outros, podem ser usados para criar contornos e preencher formas. Os institutos podem ser representados por meio de botões ou outros materiais circulares de diferentes tamanhos, de acordo com a quantidade indicada no quadro para cada país.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Observe o mapa com as projeções de crescimento das cidades africanas e responda às questões propostas.

ÁFRICA: CRESCIMENTO PERCENTUAL DAS CIDADES (2010-2025asterisco)

Mapa. África. Crescimento percentual das cidades (2010 e 2025
O mapa destaca o crescimento das grandes cidades do continente africano entre os anos de 2010 e a projeção para o ano de 2025. A informação é representada por círculos proporcionais nos valores de zero a 10 milhões de habitantes, e o ano indicado pelas cores laranja (2010) e vermelho (2025). Os valores aproximados por cidade são:
Casablanca: 2010. 3 milhões; 2025. 3,5 milhões.
Argel: 2010. 2,5 milhões; 2025. 3 milhões.
Dacar: 2010. 2,5 milhões; 2025. 4 milhões.
Acra: 2010. 2 milhões; 2025. 3 milhões.
Kinshasa: 2010. 9 milhões; 2025. 14 milhões.
Douala: 2010. 2 milhões; 2025. 3 milhões.
Abidjan: 2010. 4 milhões; 2025. 5 milhões.
Lagos: 2010. 10 milhões; 2025. 14 milhões.
Ibadã: 2010. 2 milhões; 2025. 3,5 milhões.
Luanda: 2010. 5 milhões; 2025. 8 milhões.
Alexandria: 2010. 4 milhões; 2025. 5 milhões.
Cairo: 2010. 10 milhões; 2025. 12 milhões.
Adis-Abeda: 2010. 3 milhões; 2025. 4 milhões.
Nairóbi: 2010. 3 milhões; 2025. 6 milhões.
Dar Es Salaam: 2010. 3 milhões; 2025. 6 milhões.
Johanesburgo: 2010. 3 milhões; 2025. 4 milhões.
Durban: 2010. 2 milhões; 2025. 2,5 milhões.
Cidade do Cabo: 2010. 3 milhões; 2025. 3,5 milhões.
Na parte superior, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.230 quilômetros.
asteriscoPrevisões. Elaborado com base em dados obtidos em: GROWTH areas. The urbanisation of Africa. The Economist, 13 dezembro. 2010. Disponível em: https://oeds.link/UpcU2w. Acesso em: 28 março. 2022.
  1. Quais cidades apresentarão o maior crescimento populacional no período entre 2010 e 2025?
  2. Quais são as razões do ritmo intenso do crescimento populacional de algumas cidades africanas?

2. Leia o texto a seguir e, depois, responda à questão proposta.

reticências Hoje, os dirigentes ocidentais convidam a África a fazer como eles. Mas, se o mundo inteiro fizesse como os americanos, o ecossistema planetário seria rompido devido ao consumo excessivo de energia. Propor este modelo é um embuste, um discurso mentiroso. Sabemos que os países do Sul nunca poderão aproximar-se dos países industrializados. No entanto, continuam a dizer: “Aproximem-se de nós! Façam como nós!”. Tomo o caso de Burkina Faso hoje. Vemos cenas incríveis: embora este país figure entre os mais pobres do mundo, há engarrafamentos de Mercedes-Benz durante todo o dia. Ao mesmo tempo, pessoas morrem de fome e de todo tipo de doenças. É certo que o aumento de pneumopatias em Uagadugu tem algo a ver com o aumento da poluição, provocado pela ampliação de vendas de produtos europeus de segunda mão (veículos, medicamentos, roupas usadas, armas etcétera.). Isso mostra que o que se chama de desenvolvimento precisa ser revisto e corrigido. reticências

KI-ZERBO, Joséf. Para quando a África? Entrevista com René rôlenstain. Tradução: Carlos Aboim de Brito. Rio de Janeiro: Pallas, 2006. página. 135.

Qual é a principal crítica apresentada pelo texto?

3. Observe o mapa a seguir e responda às questões propostas.

ÁFRICA: FERROVIAS

Mapa. África: ferrovias
Destaque para o continente africano e a distribuição das ferrovias. Elas são representadas por linhas pretas com pequenos traços que as atravessam. A concentração das ferrovias ocorre na faixa litorânea da África, com destaque para a porção sudeste e países localizados na costa atlântica. Também há linhas férreas no extremo noroeste e nordeste do continente, novamente na próximas à faixa litorânea. Há algumas ferrovias no interior do continente, com destaque para as localizadas na porção centro-sul. À norte, de oeste à leste do continente, há um extenso território que não apresenta nenhuma ferrovia. 
Na parte superior direita, rosa dos ventos e,  na inferior, escala de 0 a 1.185 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: INVESTIMENTO em infraestrutura: um paralelo entre Brasil e África. Brasil debate, 5 abril. 2019. Disponível em: https://oeds.link/STPHFb. Acesso em: 10 agosto. 2022.
  1. Relacione o traçado das ferrovias representadas no mapa com a noção de exploração dos recursos naturais do território africano.
  2. Por que motivo a rede de transportes apresenta essa configuração no continente africano?

4. O gráfico a seguir revela a competitividade global de alguns países africanos entre os períodos de 2011-2012 e 2016-2017. Observe-o e, depois, responda às questões propostas.

PAÍSES AFRICANOS: ÍNDICE DE COMPETITIVIDADE GLOBAL (2011-2017)

Gráfico. Países africanos: índice de competitividade global (de 2011 a 2017)
Gráfico de colunas duplas revelando o índice de competitividade global de países selecionados do continente africano. O eixo vertical demonstra o índice em porcentagem, variando de 0 a 5. No eixo horizontal, estão os países selecionados e para cada um deles estão representadas uma barra azul, que indica o período entre 2011 e 2012, e uma barra roxa, que mostra o período entre 2016 e 2017. 
Ruanda. Entre 2011 e 2012: 4,19 por cento. Entre 2016 e 2017: 4,49 por cento.
Quênia. Entre 2011 e 2012: 3,82 por cento. Entre 2016 e 2017: 3,90 por cento. 
Ilhas Maurício. Entre 2011 e 2012: 4,31 por cento. Entre 2016 e 2017: 4,49 por cento. 
Gana. Entre 2011 e 2012: 3,65 por cento. Entre 2016 e 2017: 3,67 por cento. 
Senegal. Entre 2011 e 2012: 3,70 por cento.  Entre 2016 e 2017: 3,74 por cento. 
Botsuana. Entre 2011 e 2012: 4,05 por cento. Entre 2016 e 2017: 4,29 por cento. 
Costa do Marfim. Entre 2011 e 2012: 3,37 por cento. Entre 2016 e 2017: 3,70 por cento. 
Etiópia. Entre 2011 e 2012: 3,76 por cento. Entre 2016 e 2017: 3,77 por cento.
Elaborado com base em dados obtidos em: ô ê cê dê iLibrary. Perspetivas económicas en África 2017: empreendedorismo e industrialização. Paris: ô ê cê dê Publishing, 2017. Disponível em: https://oeds.link/q27xNv. Acesso em: 28 março. 2022.
  1. De acordo com o gráfico, quais países apresentaram maior aumento de competitividade global?
  2. Apesar do aumento na competitividade global, alguns fatores ainda podem ser considerados como entraves ao processo de industrialização no continente. Indique os principais fatores.

5. Leia o trecho de reportagem a seguir e, em seguida, e responda à questão proposta.

Uneca: rápida urbanização da África pode ser um motor de industrialização

Em 2035, metade da população africana será urbana em comparação com apenas um terço em 1990.

Esta rápida urbanização cria desafios crescentes em termos de necessidades de infraestrutura e serviços, mas também pode ser um motor de desenvolvimento industrial, sob o quadro político correto.

reticências

Neste contexto, o último Relatório Econômico sobre África pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a África, Uneca, “Industrialização e Urbanização para a Transformação de África”, faz recomendações concretas para aproveitar a rápida transição urbana.

Durante o lançamento do informe, a secretária executiva adjunta do Uneca, Giovanie Biha, enfatizou que “a urbanização africana não foi impulsionada pela melhoria da produtividade agrícola ou pelo aumento da produção industrial”.

reticências

Segundo ela, a urbanização tem sido dominada pela expansão do setor informal. Para promover o crescimento aprimorado e a erradicação da pobreza, os países africanos devem implementar políticas industriais que gerem empregos qualificados e ganhos de produtividade necessários para a transformação estrutural de suas economias.

COSTA, Denise. Uneca: Rápida urbanização da África pode ser um motor de industrialização. ônu News, 23 outubro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/zhdQDL. Acesso em: 28 março. 2022.

De acordo com o texto, como a rápida urbanização das cidades africanas pode contribuir para o desenvolvimento dos países do continente?

Ícone. Ícone indicativo da seção ‘Para refletir’. O ícone corresponde a uma ilustração colorida composta por silhueta de uma cabeça com engrenagens em seu interior, dentro de um balão de diálogo que, por sua vez, está dentro de uma tarja retangular de fundo verde escuro com a inscrição ‘Para refletir’ grafada em letras brancas.

Para refletir

Presença chinesa na África: um novo colonialismo?

Nos últimos anos, o continente africano tem se destacado por receber variados investimentos externos de diversas fontes. A China, por exemplo, vem ampliando sua participação em setores considerados estratégicos, o que leva muitos especialistas a afirmar que se trata de uma nova faceta do colonialismo na África.

Sobre esse tema, leia os trechos dos textos a seguir.

A estratégia da China na África

Comparadas ao expansionismo do Japão, as intervenções militares externas da China, excetuando-se o entorno imediato de suas fronteiras, sempre foram mais contidas. reticências Todavia, o envolvimento acelerado de companhias e empresários chineses mundo afora induz o governo de Pequim a preparar ações mais decisivas no estrangeiro, e em particular na África.

Resultado de migrações seculares, a diáspora chinesa conta com 35 milhões de indivíduos vivendo em 151 países e representa a maior soma de migrantes do mundo. Mais concretamente, há um contingente de 1 a 5 milhões de trabalhadores, comerciantes, empresários e técnicos chineses que exercem atividades temporárias no exterior. Tais atividades levam Pequim a organizar progressivamente a proteção de seus cidadãos e de suas empresas ultramarinas.

Um acordo com o governo de Djibuti, pequeno país do Chifre da África, permitirá que a China estabeleça sua primeira base naval africana. Principal parceiro comercial da China, a África vê a presença naval chinesa acentuar-se, sobretudo no litoral do Oceano Índico. Atualmente, navios de guerra chineses já estão na região participando de operações internacionais antipirataria na costa da Somália. As intervenções navais chinesas na região inquietam a Índia, a qual está decidida a impedir que o Oceano Índico se transforme num “lago chinês” reticências.

reticências Com presença em vários países, a China Railway é notadamente a principal interessada na ligação interoceânica entre o litoral brasileiro e a costa peruana, através da Bolívia. No Mali, num investimento de 1,5 bilhão de dólares, a companhia vai renovar a ferrovia Bamako-Dakar, que permitirá a exportação de ferro malinês pelo porto da capital senegalesa. Numa empreitada ainda maior, de 8 bilhões de dólares, outra companhia ferroviária chinesa ligará Bamako ao porto de Conacri, capital da Guiné, exportando mais ferro do território encravado do Mali.

Atualmente, a China dispõe de poucas opções estratégicas. Ao contrário dos Estados Unidos, do Reino Unido e da França, o governo chinês não deslancha operações militares na África sem o aval do Conselho de Segurança da ONU. Mas é só uma questão de tempo. Cedo ou tarde a China implantará suas bases militares no interior do continente africano, como acabou de fazer agora no litoral de Djibuti.

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. A estratégia da China na África. uól, 29 dezembro. 2015. Disponível em: https://oeds.link/tdzmqA. Acesso em: 28 março. 2022.

Ensino de mandarim explode no continente africano

Uma reportagem publicada na revista semanal francesa lóbis se interessou pelo desenvolvimento do ensino de mandarim na África. O texto mostra como as escolas do idioma se multiplicaram no continente africano, confirmando a influência e o interesse cada vez maiores da China na região.

A reportagem de três páginas começa em Lomé, no Togo. Na capital do país francófono, mais de mil alunos fazem duas horas diárias de aulas de mandarim no Instituto Confucius, entidade conhecida por divulgar a língua e a cultura chinesas pelo mundo. Segundo uma das professoras entrevistadas, a maior parte dos estudantes quer se tornar intérprete.

O texto explica que esse fenômeno vem se sentindo desde 2005, quando o primeiro Instituto Confucius do continente africano foi aberto em Nairóbi, no Quênia. Desde então, os números não param de crescer e das trezentas antenas da escola no mundo, 40 são na África. reticências

MENDES, Silvano. Ensino de mandarim explode no continente africano. érre éfe i, 24 março. 2017. Disponível em: https://oeds.link/b4qEn2. Acesso em: 28 março. 2022.

Fotografia. Destaque para um homem negro usando touca vermelha com listras coloridas, roupa preta com um colete e gravata com linhas coloridas e máscara azul de proteção facial. Ele está sentado e com um livro laranja aberto à sua frente. Ao seu lado, uma mulher de cabelo preto, usando terno azul, está em pé e aponta para o livro. Ao fundo há uma sala iluminada.
Homem participa de programa de treinamento em mandarim oferecido pelo Instituto Confúcio da Universidade de Tecnologia de Johanesburgo-Nanjing, em Pretória, África do Sul (2021).
  1. De acordo com os textos apresentados, quais estratégias adotadas pela China podem ser consideradas novas facetas do colonialismo no continente africano?
  2. Em sua opinião, as iniciativas econômicas do governo chinês podem provocar que tipo de consequência no continente africano?
  3. De acordo com seus conhecimentos geopolíticos, os interesses chineses na África podem representar uma ameaça à posição de liderança global exercida pelos Estados Unidos?

Glossário

Fome crônica
A ônu considera que a situação de fome crônica ocorre quando uma pessoa está em estágio avançado de desnutrição e sua alimentação é insuficiente para suprir as necessidades básicas de saúde.
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Tradição oral
Prática de transmissão de conhecimentos, mitos, crenças e valores por meio da comunicação oral.
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Cosmogonia
Conjunto de narrativas sobre as origens do Universo na visão de determinado povo, geralmente apresentando aspectos religiosos (como a participação dos deuses) e transmitindo valores.
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Politeísta
Relativo ao politeísmo, sistema ou crença religiosa que admite mais de um deus.
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Monoteísta
Relativo ao monoteísmo, doutrina religiosa que crê na existência de uma única divindade.
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Vetor
Veículo condutor; que traz algo como consequência.
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