UNIDADE um  Organização política e economia mundial

Fotografia. Vista horizontal para um amplo boulevard entrecortado por uma rua e uma avenida. No centro da foto, uma multidão de pessoas circula pela calçada larga do boulevard entre placas de propaganda, postes e guarda-sóis fechados. Na avenida há um automóvel amarelo e no cruzamento com a rua, algumas bicicletas. Nas laterais, diversos edifícios ocupados por estabelecimentos comerciais, cuja fachada é composta por grandes painéis e placas coloridas e luminosas. Ao fundo, edifícios e arranha-céus espelhados com grandes painéis e placas coloridas e luminosas.
Pessoas caminham pela Times Square, uma das áreas mais conhecidas da cidade de Nova iórque, Estados Unidos (2021), cidade que é considerada o centro do capitalismo mundial.
Fotografia. Destaque para uma manifestação, composta por diversas pessoas usando máscaras de proteção no rosto e segurando cartazes em tons de roxo, preto e amarelo com as mensagens: Respect Black Lives; Respect Home Care; Home Care Workers Care for America; entre outras.
Profissionais da saúde e ativistas realizam manifestação em Washington, Estados Unidos (2021). Em países capitalistas como os Estados Unidos, o setor privado é o principal provedor de bens e serviços, mas o Estado ainda exerce bastante influência na vida da população por meio de leis e regulamentações.

Ao final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os Estados Unidos e a União Soviética despontaram como as duas superpotências mundiais. Os dois Estados confrontavam regimes diferentes em termos políticos, sociais e econômicos, pois a União Soviética era um país socialista, e os Estados Unidos tinham se consolidado como o maior representante global do capitalismo.

Apesar da aliança na luta contra os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, com o fim do conflito as diferenças ideológicas entre Estados Unidos e União Soviética tornaram-se evidentes, levando as duas potências à disputa pela hegemonia mundial.

Você sabe quais são as características do capitalismo e do socialismo? Nesta Unidade, vamos estudar como esses dois sistemas vigoraram no mundo e como chegamos à atual economia e sociedade globais.

Você verá nesta Unidade:

O capitalismo e suas características

O socialismo e suas características

A ordem bipolar

A economia global

A globalização e a mundialização

CAPÍTULO 1  O capitalismo, o socialismo e suas características

Após a segunda metade do século vinte, o mundo estava dividido em dois blocos com sistemas políticos, sociais e econômicos opostos: o bloco capitalista e o bloco socialista.

O bloco dos países capitalistas alinhava-se a um sistema econômico caracterizado pela propriedade privada dos meios de produçãoglossário e pelo trabalho assalariado, que é o pagamento pela atividade desempenhada pelo trabalhador. Esse bloco era influenciado principalmente pelos Estados Unidos.

Já o bloco dos países socialistas adotava, entre outras políticas, a estatização, sistema em que as terras e os meios de produção pertencem ao Estado, e o pleno emprego, isto é, a garantia de emprego a todos os trabalhadores. Esse bloco era influenciado principalmente pela União Soviética.

Ao longo deste Capítulo, vamos conhecer as principais características dos sistemas capitalista e socialista. Vamos também estudar a bipolaridade da ordem política mundial, a divisão entre os países europeus e a dissolução do bloco socialista.

Fotografia. No centro da imagem, em destaque, o perfil de um muro alto e grafitado dividindo duas paisagens urbanas distintas. À esquerda do muro, duas pessoas vestidas com um uniforme azul caminham sobre uma calçada de concreto. À direita do muro, uma pessoa vestindo um agasalho rosa, máscara de proteção e gorro caminha com as mãos no bolso sobre uma calçada de concreto com gramado margeando à direita e à esquerda.
Pessoas caminham em trecho remanescente do Muro de Berlim, símbolo da divisão do mundo em dois blocos opostos. Berlim, Alemanha (2020).

O sistema capitalista

O sistema econômico e social capitalista, ou capitalismo, desenvolveu-se na Europa durante o declínio do feudalismo no final do século quinze. Lentamente, ele se sobrepôs ao feudalismo e tornou-se predominante a partir do século dezoito.

A sociedade capitalista se estruturou pela relação entre duas classes sociais: a burguesia e o proletariado. A burguesia detém os meios de produção necessários à produção de bens e mercadorias. Já o proletariado é constituído pelos trabalhadores, que, por não possuírem meios de produção, vendem sua fôrça de trabalho por meio do trabalho assalariado.

Fases do capitalismo

Considerando seu processo de desenvolvimento, o capitalismo é classificado em três fases: capitalismo comercial, capitalismo industrial e capitalismo financeiro.

Capitalismo comercial

Essa fase foi marcada pela produção artesanal, pelo desenvolvimento da manufatura e pela expansão marítima – com as Grandes Navegações iniciadas no final do século quinze –, que possibilitou aos europeus a exploração de territórios que até então desconheciam.

O artesanato e a manufatura

As principais fórmas de produção de mercadorias no capitalismo comercial eram o artesanato e a manufatura. No artesanato, o artesão trabalhava sozinho, manualmente, usando as próprias ferramentas. Ele era, portanto, dono dos meios de produção e do resultado de seu trabalho.

Na manufatura, a técnica também era artesanal, mas as tarefas eram desempenhadas por grande número de trabalhadores sob a direção de uma pessoa, que era dona dos meios de produção e do produto final. Nessa etapa, intermediária entre o artesanato e a indústria, tiveram início a divisão de tarefas e o emprego de máquinas simples.

Ilustração. No primeiro plano, um homem vestindo uma boina cinza, avental azul e camiseta bege está sentado de frente para uma mesa baixa, pintando um vaso de cerâmica marrom com o auxílio do pincel. Sobre a mesa, há pequenos recipientes de cerâmica marrom e um pano branco. Ao lado da mesa, diversos vasos de cerâmica marrom enfeitados com pintura. No segundo plano, uma estante com diversos vasos de cerâmica marrom sem pintura dispostos nas prateleiras e um lustre na parede.
Ilustração. No primeiro plano, quatro homens de camiseta e avental ao redor de uma bancada manuseiam sapatos e ferramentas. Sobre a bancada, há outros pares de sapato, recipientes de cerâmica marrom, linhas e ferramentas. No segundo plano, um homem segurando um par de sapato em frente a uma estante com prateleiras e diversos outros pares dispostos.
Na primeira ilustração, observe a produção artesanal de cerâmica. Na segunda, observe uma manufatura de sapatos, com maior número de trabalhadores.

As Grandes Navegações propiciaram às principais potências europeias da época implantar o sistema colonial em diversas regiões do mundo. Os territórios colonizados se tornaram fornecedores de mão de obra escravizada, de matérias-primas e de metais preciosos e consumidores dos bens produzidos nos países europeus (metrópoles).

O comércio de mercadorias e a exploração das colônias, ao longo dos séculos dezesseis a dezoito, possibilitaram a ampliação da acumulação de capitalglossário pela burguesia europeia. Observe no mapa a seguir as principais rotas comerciais do período.

PLANISFÉRIO: PRINCIPAIS ROTAS COMERCIAIS (SÉCULOS dezesseis A dezoito)

Mapa. Planisfério: principais rotas comerciais - séculos 16 a 18. Mapa apresentando as principais rotas da prata, do açúcar, das especiarias e de escravizados no período retratado. Rota da prata: Seta de direção dupla entre Peru e o Sul da América Central pelo Oceano Pacífico. Seta parte do Sul da América Central em direção à Portugal e Espanha, atravessando as ilhas do Caribe e o Oceano Atlântico Norte. Rota do açúcar: Seta parte da costa Nordeste do Brasil em direção à Portugal e Espanha, atravessando Oceano Atlântico Sul e Norte. Rota das especiarias: Setas partem da África em direção à Ásia, contornando o litoral oeste, sul e leste do continente africano. Destaque para São Tomé e Benguela na costa oeste e Zanzibar na costa leste da África. De Zanzibar a seta segue em direção à Goa, na costa oeste da Índia. Setas partem da costa Nordeste da Índia e seguem em direção ao Ceilão (atual Sri Lanka) e Tailândia. Seta parte do Ceilão em direção à Indonésia, China, Filipinas e Oceania. Seta de direção dupla entre Ceilão e Sul da África. Rota de escravizados: Seta parte da costa Sudeste da África em direção à costa Sudeste brasileira, atravessando o Oceano Atlântico Sul. Seta parte da costa Leste da África em direção à costa Nordeste brasileira, atravessando o Oceano Atlântico Sul. Seta parte da costa Noroeste da África em direção à América Central e ilhas do Caribe. Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.465 quilômetros.
Fonte: MORAES, Ana M. de; RESENDE, Maria E. Lage de. Atlas histórico do Brasil. Belo Horizonte: Vigília, 1987. página 24.

A partir do fim do século dezenove, as potências europeias decidiram controlar definitivamente territórios asiáticos e africanos, de menor desenvolvimento econômico, em um processo denominado neocolonialismo. Dessa maneira, conquistaram territórios – por intermédio de relações diplomáticas, cooptação de líderes locais e das fôrças militares – e impuseram seus interesses econômicos, políticos e culturais.

Com o neocolonialismo, consolidou-se a divisão do mundo em Ocidente e Oriente, marcada pela relação de poder e de dominação europeia sobre os Estados orientais. A intensificação dessa relação favoreceu maior intercâmbio entre os povos dessas duas grandes regiões do mundo. Porém, o conhecimento sobre os orientais foi construído com base em estereótipos, fruto de uma visão eurocêntricaglossário sobre as características culturais, isto é, línguas, costumes, história etcétera.

Ciência e Tecnologia.
Capitalismo industrial

Durante a fase do capitalismo comercial, a acumulação de capital e o mercado consumidor crescente levaram os donos de oficinas manufatureiras a introduzir inovações na fórma de produzir mercadorias. Essas inovações foram responsáveis pelo surgimento do que hoje conhecemos como indústria. Leia o boxe.

A Revolução Industrial

No século dezoito, teve início na Grã-Bretanha a chamada Revolução Industrial, caracterizada pelo intenso uso de máquinas movidas a vapor, pela divisão de tarefas como resultado da especialização do trabalhador e pelo emprego de mão de obra assalariada.

Como consequência, ocorreu grande aumento da produção de mercadorias, o que multiplicou os lucros e elevou a concentração do capital. A indústria tornou-se a principal atividade econômica do sistema capitalista. Com o desenvolvimento do capitalismo industrial, ampliaram-se as relações comerciais internacionais, uma vez que o aumento da produção tornou necessária a busca de novos mercados consumidores e de matérias-primas.

Capitalismo financeiro

É a fase atual, caracterizada pela integração entre capital industrial e capital bancário: indústrias incorporam ou criam bancos; bancos incorporam indústrias. O capitalismo financeiro começou a se estruturar na segunda metade do século dezenove, quando as empresas associadas às instituições financeiras aumentaram sua influência na economia.

As indústrias faziam grandes operações de crédito a fim de obter capital para desenvolver inovações tecnológicas e ampliar a capacidade de produção. Com isso, o capital deixou de pertencer exclusivamente a elas ou aos bancos.

Uma fórma de os empresários garantirem dinheiro para investimentos é vender cotas de suas empresas — as ações — nas bolsas de valores. A compra de ações possibilita ao investidor obter rendimentos sem participar diretamente da produção das mercadorias.

Fotografia. Destaque para o ambiente interno de uma Bolsa de Valores. No primeiro plano, dois homens vestindo terno e máscara de proteção no rosto estão de pé manuseando um dispositivo eletrônico. Ao lado dos homens, há uma bandeira nacional dos Estados Unidos e outro homem em pé e de frente para uma bancada. No segundo plano, há pessoas observando os diversos televisores e painéis eletrônicos modernos espalhados pelo ambiente.
As bolsas de valores são um dos grandes símbolos do capitalismo financeiro e um termômetro da economia mundial. Na fotografia, Bolsa de Valores de Nova iórque, Estados Unidos (2022).
Economia.

As características do capitalismo

Além da divisão da sociedade em classes, conheça outros aspectos essenciais que definem o sistema capitalista:

  • Propriedade privada dos meios de produção. Os meios de produção pertencem predominantemente a empresas privadas, que são controladas por uma pequena fatia da sociedade (a classe capitalista ou burguesa). Em muitos países capitalistas, o Estado também detém parte minoritária dos meios de produção por intermédio de empresas estatais, que atuam em áreas como a da telefonia e a da mineração.
  • Economia de mercado. Caracteriza-se pela atuação das empresas, que decidem como, quando, quanto e onde produzir, estabelecendo o preço e as condições de circulação das mercadorias, de acordo com a lei da oferta e da procura.
  • Lei da oferta e da procura. Os preços das mercadorias variam de acordo com a procura do consumidor e com a quantidade do produto em oferta, isto é, à venda. Se há grande produção, o preço das mercadorias tende a cair; se a produção é pequena e há muita procura, tende a aumentar.
  • Produção voltada para o lucro. O principal objetivo das empresas capitalistas é a obtenção de lucro, pagando salários inferiores ao valor produzido pelos trabalhadores e vendendo mercadorias a preços superiores ao custo de produção.
  • Concorrência. Para obter a maior rentabilidade possível, as empresas buscam diversificar os produtos oferecidos e atrair mais consumidores. A ampliação das opções de compra para o consumidor pode acarretar na redução dos preços. Porém, com o capitalismo financeiro, grupos empresariais passaram a se fundir e a comprar empresas menores, reduzindo a concorrência.
  • Trabalho assalariado. Por sua atividade, o trabalhador recebe um salário, que lhe possibilita adquirir bens e serviços, estimulando a produtividade do trabalho e gerando lucro às empresas.
Fotografia. Vista da parte interna de um supermercado, destacando um corredor. À esquerda, uma grande prateleira com diversos produtos e pequenas placas com os preços e promoções. À direita, um carrinho de supermercado com diversos tipos de produtos dentro. Atrás do carrinho, uma mulher manuseando o celular. Ao fundo, outras prateleiras com produtos.
Interior de hipermercado em São Paulo, São Paulo (2019).

Ler a fotografia

Na fotografia, é possível identificar variedades de um mesmo produto. Você conhece outros produtos que possuem grande variedade de tipos e de marcas? Qual aspecto do capitalismo está relacionado à grande quantidade de oferta?

Ciência e Tecnologia.

O capitalismo e sua expansão no mundo

Até o fim da Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945, os países com maior desenvolvimento vendiam produtos industrializados para os países em desenvolvimento e compravam destes matérias-primas. Essa relação é chamada de Divisão Internacional do Trabalho (díti).

Após o término do conflito, as grandes empresas dos países com maior desenvolvimento precisavam expandir o mercado consumidor e reduzir custos de produção, por isso começaram a instalar filiais fabris transnacionais em alguns países em desenvolvimento. Brasil, México, Argentina, África do Sul e Índia, que dispunham de matérias-primas e mão de obra baratas, além de grande mercado consumidor e de fontes de energia, foram alguns dos países escolhidos para abrigar essas empresas. Observe o mapa a seguir.

PLANISFÉRIO: séde DAS quinhentas MAIORES TRANSNACIONAIS (2015)

Mapa. Planisfério: sede das 500 maiores transnacionais -2015. Mapa de círculos proporcionais do valor de mercado em bilhões de dólares das empresas transnacionais por países do mundo. 16.000 bilhões de dólares: Estados Unidos. 10.000 bilhões de dólares: Reino Unido, França e Japão. 2.000 bilhões de dólares: Alemanha, Suíça, China e Rússia. 500 bilhões de dólares: Brasil, Austrália, Índia, Espanha, Itália, Canadá, Países Baixos, Hong Kong, Suécia. 100 bilhões de dólares: Argentina, México, Israel, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Cingapura, Indonésia. Na parte inferior, a rosa dos ventos e a escala de 0 a 2.430 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 51.

Essa dispersão do processo produtivo provocou uma série de mudanças técnicas e científicas nos dois grupos de países. Isso gerou novos arranjos do sistema capitalista, alterando a competitividade das empresas no mundo e os mecanismos de integração entre os países. Entre essas mudanças, destacam-se a implantação de processos produtivos automatizados; a qualificação da mão de obra para atender aos novos mercados de trabalho; a implantação de infraestruturas para ampliar a circulação de mercadorias; e a homogeneização cultural, graças à maior circulação de pessoas, informações, mercadorias e serviços entre diferentes países.

Já inseridos no contexto da economia global, alguns países em desenvolvimento passaram a exportar produtos industrializados, grande parte de baixo valor agregado. Essa nova relação comercial passou a ser chamada de Nova Divisão Internacional do Trabalho.

O sistema socialista

Podemos definir o socialismo como um sistema de organização política, social e econômica cujo objetivo é construir uma sociedade sem classes e sem desigualdade.

Para atingir esse fim, o sistema socialista defende a extinção da propriedade privada e a coletivização dos meios de produção. Assim, o Estado é responsável pelo contrôle da produção, com o compromisso de garantir a todas as pessoas a distribuição justa de bens e serviços, como saúde, educação e habitação.

Economia.

As características do socialismo

O socialismo prevê a adoção das seguintes políticas:

  • Estatização. As terras e os meios de produção devem pertencer ao Estado, que também define o salário dos trabalhadores.
  • Economia planificada. As atividades econômicas devem seguir uma planificação idealizada e executada pelo Estado, que decide o que e como produzir para atender às necessidades da população.
  • Pleno emprego. Para executar suas várias funções e diminuir as desigualdades sociais, o Estado deve garantir emprego a todos.

Atualmente, esse sistema é adotado em poucos países, como China, Cuba, Vietnã e Coreia do Norte. Observe, na sequência, material de divulgação ressaltando o trabalho coletivo na União Soviética, que foi o principal país socialista no século vinte antes de entrar em colapso na década de 1990.

Cartaz. Composição em cartaz de fotografias em preto e branco e texto. À esquerda, quatro fotografias dispostas verticalmente de homens e mulheres trabalhando em atividades agropecuárias, manejando animais, manuseando ferramentas e operando máquinas agrícolas. À direita, duas pessoas manuseando uma peça de ferro redonda. Na parte superior direita, um texto no alfabeto russo.
Cartaz soviético da década de 1930 sobre o trabalho agrícola em fazendas coletivas.
Cartaz. Composição em cartaz de partes de fotografias em preto e branco, mostrando mulheres trabalhando em atividades agrícolas, operando um trator e manuseando máquinas industriais. Ao redor das fotos, há textos em russo.
Cartaz de 1932 celebrando o Dia Internacional da Mulher, com imagens de trabalhadoras em diferentes atividades na União Soviética.

O socialismo na União Soviética e no Leste Europeu

O primeiro país a adotar o socialismo como sistema socioeconômico foi a Rússia, após a Revolução Russa, em 1917. Em 1922, formou-se a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (u érre ésse ésse), constituída por 15 repúblicas, cujo poder central se concentrava em Moscou, capital da Rússia. Após a Segunda Guerra Mundial, diferentes países do Leste Europeu se aliaram ao regime soviético.

O modelo de governo instaurado na União Soviética e no Leste Europeu implementou a estatização, a economia planificada e promoveu o crescimento da indústria de base. Por algumas décadas, houve um crescimento dos indicadores econômicos e sociais, mas também ocorreu o fortalecimento de uma classe de burocratas estatais e a perseguição de opositores.

O socialismo na China

Em 1949 a China viveu uma Revolução Comunista que instaurou as bases do regime político vigente até hoje, no qual não há eleições (como nos países democráticos) e as decisões são centralizadas nas mãos dos dirigentes do Partido Comunista Chinês.

Após a revolução, o país passou a adotar políticas de desenvolvimento apoiadas na industrialização de base, na coletivização de terras e na planificação da economia. No entanto, a partir de 1978 o Estado chinês passou a incorporar iniciativas típicas do capitalismo, visando ao crescimento econômico do país.

Uma dessas medidas foi a criação de Zonas Econômicas Especiais (zê ê ê) em pontos estratégicos do país, onde são permitidas relações capitalistas de produção. As zê ê ê atraíram muitas empresas transnacionais, que passaram a atuar na China.

Atualmente, a China é a segunda maior economia mundial e possui características híbridas, com a permanência de elementos típicos do socialismo associada à entrada crescente de medidas econômicas capitalistas.

Fotografia. Vista para uma multidão reunida em um espaço amplo a céu aberto. Essas pessoas aparecem segurando e agitando pequenas bandeiras vermelhas. Sobre a multidão, um grande arco vermelho suspenso com uma escultura da foice e o martelo cruzados ou entrelaçados em amarelo, símbolo do Partido Comunista. À esquerda desse símbolo, uma escultura formando o ano de 1921, e à direita, uma escultura formando o ano de 2021. Atrás do arco, bandeiras da China hasteadas. Ao fundo, alguns edifícios históricos. Acima, céu com muitos papéis coloridos no ar.
Comemoração na festa de aniversário do Partido Comunista Chinês, que completou 100 anos de sua fundação, em Pequim, China (2021).

A ordem bipolar

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os países dividiram-se em virtude das diferenças entre seus sistemas políticos, sociais e econômicos. Surgiram, assim, dois polos de influência: um capitalista e outro socialista.

De um lado estavam os Estados Unidos e outros países adotantes do sistema capitalista; do outro, a União Soviética e os países que adotaram o sistema socialista. Com isso, a ordem política mundial adquiriu um caráter bipolar.

Ciência e Tecnologia.

Corridas armamentista e espacial

Os dois blocos investiram progressivamente em aparatos bélico-militares – incluindo arsenais nucleares – como fórma de intimidação aos oponentes. Essa crescente militarização das duas superpotências foi chamada de corrida armamentista. A consequência foi a ameaça constante e não efetivada da eclosão de outra guerra mundial, com utilização de armas nucleares, o que seria catastrófico para a humanidade.

Também havia disputa pela supremacia na exploração do espaço, a qual ficou conhecida como corrida espacial. Essa disputa era considerada muito importante para a defesa territorial e simbolizava a superioridade tecnológica e ideológica. Com a corrida espacial, o ser humano chegou à Lua e foram investidos volumes enormes de recursos em pesquisas que geraram novas tecnologias e grandes avanços científicos.

Fotografia. Destaque para uma cadela branca de orelhas escuras, focinho médio e escuro. A cadela está sentada em uma estrutura quadrangular e cinza.
A cadela Laika tornou-se o primeiro ser vivo a orbitar o planeta, em espaçonave lançada pela União Soviética em 1957.
Fotografia em preto e branco. Vista para um ambiente fechado. No centro, uma televisão com antenas abertas. Ao redor da televisão, uma concentração de pessoas atrás de um balcão olhando para a televisão. À esquerda do aparelho, estantes pregadas na parede apoiando equipamentos eletrônicos.
Em 1969, o estadunidense Nil Armstrong tornou-se o primeiro ser humano a chegar à Lua. Na fotografia, pessoas assistem pela televisão aos primeiros passos do astronauta ao realizar o feito. Sydney, Austrália (1969).

Guerra Fria

O período de tensão e conflito entre Estados Unidos e União Soviética ficou conhecido como Guerra Fria. As relações internacionais eram tensas em consequência da disputa por áreas de influência. Apesar da grande hostilidade, jamais existiu confronto militar direto entre as superpotências, que se enfrentavam indiretamente por meio de seus aliados, aos quais forneciam armas, dinheiro e apôio político para guerras e disputas locais.

Fotografia em preto e branco. No primeiro plano, no centro da imagem, há dois soldados de costas usando capacete, mochila e outros equipamentos militares. Eles observam um conjunto de helicópteros que sobrevoam, em segundo plano, uma área descampada, com árvores caídas e poeira suspensa. Ao redor dessa área, coqueiros e outras árvores.
A Guerra do Vietnã (1963-1975), no Sudeste Asiático, foi um exemplo do confronto indireto entre as potências da Guerra Fria. Na fotografia, de 1967, helicópteros e soldados dos Estados Unidos avançam em apôio aos sul-vietnamitas, que lutavam contra os norte-vietnamitas, alinhados à União Soviética.

As áreas de influência

As fronteiras entre os blocos capitalista e socialista na Europa correspondiam, em linhas gerais, às posições atingidas pelos exércitos anglo-americano e soviético em suas ofensivas finais na Segunda Guerra Mundial, em 1945. A União Soviética exercia influência sobre o Leste Europeu (Europa oriental), região cujos países se tornaram socialistas. A fronteira ideológica que separava a Europa capitalista da socialista ficou conhecida como Cortina de Ferro.

A China, por sua vez, aderiu ao socialismo em 1949, com apôio dos soviéticos.

As principais áreas de influência dos Estados Unidos eram a Europa ocidental e o Japão, que se rendeu na guerra após o lançamento, pelos estadunidenses, de duas bombas atômicas que arrasaram as cidades de iroshíma e Nagasaki em agosto de 1945.

Por meio do Plano márchal, os Estados Unidos investiram centenas de milhões de dólares na reconstrução das economias europeias arrasadas pela guerra. Também fizeram grandes investimentos para impedir a difusão do socialismo pela Ásia.

Ícone. Seção Integrar conhecimentos. Composto por uma mão segurando um globo formado de peças de quebra-cabeça.

Integrar conhecimentos

Geografia e História

A Europa dividida na Guerra Fria

Do final da Segunda Guerra até 1949, os países da Europa alinharam-se em relação aos blocos rivais, determinando-se, assim, a Europa Ocidental capitalista, sob influência dos Estados Unidos, e a Europa Oriental socialista, sob influência da União Soviética.

Nesse mesmo ano, o território alemão, ainda ocupado pelos vencedores do conflito mundial, foi dividido em dois Estados: a República Federal da Alemanha (érre éfe a), ou Alemanha Ocidental, capitalista, e a República Democrática Alemã (érre dê a), ou Alemanha Oriental, socialista. Tal divisão permaneceu até 1990.

A EUROPA DIVIDIDA (1945-1990)

Mapa. A Europa dividida - 1945 a 1990. Mapa do continente europeu dividido entre países capitalistas e socialistas durante a Guerra Fria. Países capitalistas: Portugal, Espanha, Andorra, França, Luxemburgo, Bélgica, Grã-Bretanha, Irlanda, Noruega, Suécia, Dinamarca, Países Baixos, Finlândia, Suíça, Áustria, Itália, Albânia, Grécia e República Federal da Alemanha (RFA). Países socialistas: União Soviética, Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Iugoslávia, República Democrática da Alemanha (RDA) e Albânia. Uma linha em destaque representa o limite da região sob influência soviética. A linha está situada na fronteira leste da União Soviética, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária e República Democrática da Alemanha (RDA). Na parte de baixo, à direita, a rosa dos ventos e a escala de 0 a 570 km.
Fonte: scálzarêto, Reinaldo; manhóli, Demétrio. Atlas geopolítico. São Paulo: Cipiône, 1996.

O maior símbolo da divisão do mundo entre capitalistas e socialistas foi a construção do Muro de Berlim, em 1961. A cidade de Berlim ficou dividida em duas partes, a Berlim Oriental (pertencente à União Soviética) e a Berlim Ocidental (dividida em três zonas: a estadunidense, a britânica e a francesa). O muro foi erguido pelo governo da Alemanha Oriental, para impedir a fuga de seus habitantes para o lado ocidental.

Durante décadas, a União Soviética investiu grande parte de seus recursos financeiros na indústria espacial e de armamentos, em prejuízo de outros setores da economia. Além disso, ajudou financeiramente outros países socialistas (Cuba, por exemplo) a sustentar a economia, o que acarretou grandes gastos ao tesouro público.

Em 1985, micaíl gorbatchóv assumiu o governo soviético e iniciou a abertura do sistema político (glasnóst) e a reestruturação econômica (perestróica). Essas mudanças se alastraram pelo bloco socialista e culminaram na dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e na queda dos regimes pró-soviéticos da Europa Oriental.

Na Alemanha, em 1989, foi derrubado o Muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria. Depois disso, vários países deixaram o bloco socialista e aderiram à economia de mercado. Em 1991, a União Soviética deixou de existir, e suas repúblicas se tornaram países independentes.

Pesquise: como a construção do Muro de Berlim impactou a paisagem e o espaço geográfico de Berlim?

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

1. Analise a charge, que representa uma das consequências do atual arranjo do sistema capitalista, e indique a crítica realizada por ela.

Charge. À direita, uma superfície inclinada e um homem vestindo terno e gravata está em pé, segurando uma folha branca e falando em um megafone. Atrás dele, dois outros homens com a mesma vestimenta, segurando nas mãos de duas pessoas. À esquerda, representação de uma multidão clamando para o homem com megafone em uma superfície plana mais baixa. Alguns seguram uma folha branca. Ao fundo, um caminhão despeja mais pessoas na multidão. Na porção inferior da charge, texto informativo: Torneiro: uma vaga. Motoboy: duas vagas. Garçom...
Charge de Angelí sobre o desemprego. Publicada em uól Notícias, em 27 janeiro. 2009.

2. Após a Segunda Guerra Mundial, grandes empresas de países desenvolvidos, como os Estados Unidos, transferiram ou abriram novas unidades produtivas em alguns países em desenvolvimento, como Brasil, México, Argentina, África do Sul e Índia.

As alternativas a seguir indicam os interesses dessas grandes empresas em expandir seus negócios para os países em desenvolvimento no período pós-guerra, exceto no item:

  1. Ampliar o mercado consumidor.
  2. Buscar novas fontes de matérias-primas.
  3. Buscar locais que dispunham de tecnologia de ponta.
  4. Buscar novas fontes de energia.
  5. Contratar mão de obra mais barata.

3. A charge a seguir ilustra a divisão da China pelas principais potências europeias durante o século dezenove, de acordo com seus interesses. Com base na charge e no que foi estudado neste Capítulo, responda às questões.

Pintura. No primeiro plano, uma mesa redonda com a palavra Chine escrita no tampo. Sentados juntos à mesa, da esquerda para a direita: uma mulher de cabelo branco, usando coroa dourada e lenço na cabeça está sentada à mesa e segura uma faca. Ela olha firmemente para o homem ao seu lado, que veste roupa e chapéu militar e segura com as duas mãos uma faca fincada na mesa. Na sequência, um homem de chapéu branco está sentado e segura uma faca, olhando para o centro da mesa; atrás dele, mas de pé, uma mulher de cabelo preso e chapéu vermelho olha para o centro da mesa. Ao lado direito, um homem de olhos puxados, com o cabelo preso em formato de coque, observa a mesa com expressão séria. Atrás de todos esses, um homem representando um chinês usando roupa de panos vermelhos e amarelos, chapéu preto arredondado, olhos puxados e bigode branco, está com as duas mãos levantadas, a boca entreaberta e os olhos arregalados.
méier. The chinese cake, 1898. Divisão da China ocorrida no século dezenove pelas principais potências europeias da época.
  1. Como podemos denominar esse período?
  2. Quais eram os interesses europeus em dividir a China naquela época?

4. Observe o mapa e responda à questão.

Mapa. Mapa do mundo com destaque para os países considerados ocidentais e para a Linha do Equador, os trópicos de Câncer e Capricórnio e o Meridiano de Greenwich. Em destaque estão os países da América do Norte, da América Central, da América do Sul, a maior parte da Europa, a África do Sul e a Oceania. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.830 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: THE WESTERN world after the Cold War. Alternatehistory.com, 14 dezembro. 2016. Seção fôrãms. Disponível em: https://oeds.link/Eh1qZZ. Acesso em: 25 abril. 2022.

O mapa destaca os países considerados ocidentais.Podemos afirmar que essa divisão obedece apenas ao critério geográfico, no qual a divisão do mundo em Ocidente e Oriente é marcada pelo meridiano de Greenwich?

CAPÍTULO 2  Economia global e organizações econômicas mundiais

O fim da Guerra Fria, no início da década de 1990, marcou o começo da chamada Nova Ordem Mundial, em que os fluxos de mercadorias, serviços e capitais se tornaram ainda mais intensos com a integração dos países que eram socialistas ao mercado internacional.

O processo de aprofundamento da integração econômica, social e cultural e da comunicação entre os países é chamado de globalização. Ao mesmo tempo que proporcionou maior interação entre pessoas de diferentes lugares e culturas, a globalização generalizou mundialmente uma série de hábitos de consumo, como ingerir bebidas das mesmas marcas, alimentar-se nas mesmas redes de fast food, assistir aos mesmos filmes e programas de televisão, usar os mesmos aplicativos ou, ainda, vestir-se e comportar-se socialmente da mesma maneira. O mundo nunca se viu tão próximo – e por vezes tão parecido –, como se pode constatar, por exemplo, nas diversas redes sociais da internet.

Fotografia. Vista para um espaço aberto com casas ao fundo e bandeiras rosas penduradas entre os postes. No primeiro plano, um grupo de mulheres vestindo roupas e máscaras de proteção rosa se reúne em pé para registrar um autorretrato. Uma das mulheres segura o bastão que suporta o celular com o braço levantado. Ao redor do grupo, outras pessoas de pé, vestindo roupa rosa.
Os celulares se tornaram parte da vida de grande parcela da população mundial, sendo utilizados não apenas para comunicação, mas também para diversas fórmas de entretenimento. Na fotografia, pessoas tiram selfie com o celular em Malabôm, Filipinas (2021).

Nova Ordem Mundial

No início dos anos 1990, o mundo passou a se configurar de acordo com a chamada Nova Ordem Mundial, que substituiria o extinto mundo bipolar da Guerra Fria. Nesse novo contexto político, os Estados Unidos surgiram como grande potência econômica e militar.

Outros países mantiveram importância no cenário mundial (Alemanha e Japão, por exemplo), mas sem condições de contrapor a influência dos Estados Unidos nas decisões de organizações internacionais. Esse fator também contribuiu para a difusão do modo de vida estadunidense, sobretudo por intermédio do cinema, influenciando padrões de conduta em todo o mundo.

A globalização e a mundialização

A partir da segunda metade do século vinte, grandes empresas industriais, comerciais e de prestação de serviços (bancos, hotéis, redes de restaurantes e companhias de telecomunicações, por exemplo) começaram a instalar filiais em vários países. Esse processo ficou conhecido como mundialização ou internacionalização do capital e da produção.

O processo de expansão do capitalismo constituiu a chamada economia global, que teve a tecnologia como propulsora. Dentre suas características, estão o crescimento do comércio internacional, a rápida expansão dos fluxos e o aumento da inter-relação dos países.

O termo mundialização tem sido usado para denominar a atual fase de internacionalização do capital. Algumas leituras consideram globalização e mundialização como sinônimos. Outras utilizam o termo mundialização para denominar o processo de fusão do capital distribuído entre os diferentes países, por meio da atuação das empresas transnacionais. Por fim, há leituras que consideram a globalização como a atual fase da mundialização, inserida em um processo histórico mais amplo, iniciado com as Grandes Navegações dos séculos quinze e dezesseis, e que provocou profundas mudanças nas relações sociais e econômicas entre os países.

PLANISFÉRIO: PRINCIPAIS FLUXOS COMERCIAIS (2019)

Mapa. Planisfério: principais fluxos comerciais - 2019. Mapa mostrando a direção e a intensidade dos fluxos comerciais, em dólares. 50 bilhões de dólares: do Brasil em direção aos Estados Unidos; do Chile em direção à China; de Angola em direção à China; da África do Sul em direção à China; da Austrália em direção à Coreia do Sul; da Malásia em direção à China; da Indonésia em direção à China; da Índia em direção aos Estados Unidos; da Rússia em direção aos Estados Unidos; dos Estados Unidos em direção ao Reino Unido; dos Estados Unidos em direção ao Japão; dos Estados Unidos em direção à Coreia do Sul; dos Estados Unidos em direção à Índia; do Canadá em direção à China; da Rússia em direção aos Países Baixos; da Rússia em direção à Itália; da Rússia em direção à Turquia; da Arábia Saudita em direção à Índia; da Noruega em direção ao Reino Unido; da Rússia em direção à Alemanha. 100 bilhões de dólares: do Brasil em direção à China; da Austrália em direção ao Japão; da Rússia em direção à China; dos Estados Unidos em direção à China; dos Estados Unidos em direção ao México; do México em direção aos Estados Unidos; dos Estados Unidos em direção ao Canadá. 200 bilhões de dólares: do Canadá em direção aos Estados Unidos; da Austrália em direção à China. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.405 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: CHATAM HOUSE. Resource Trade – Earth, 2020. Disponível em: https://oeds.link/c47VNl. Acesso em: 25 abril. 2022.

Ler o mapa

  1. Quais foram os países com maior fluxo comercial internacional em 2019?
  2. E quais eram os principais parceiros comerciais do Brasil?
Ciência e Tecnologia.

Características da economia global

Nas últimas décadas, o fluxo de mercadorias entre os países cresceu vertiginosamente. O valor total das exportações mundiais, que em 1948 era de 59 bilhões de dólares, em 2020 alcançou a marca de 22,4 trilhões de dólares. As importações, que em 1948 somaram 62 bilhões de dólares, em 2020 totalizaram 21,7 trilhões de dólares. Esse fluxo ocorre principalmente entre países da América do Norte, da Europa e alguns da Ásia.

Observe a ilustração a seguir, que demonstra as transformações na produção e caracteriza a economia global atual.

TRANSFORMAÇÕES NA PRODUÇÃO

Ilustração. Transformações na produção. Ilustração composta por caixas de texto e representações de zonas urbanas, industriais e portuárias, conectadas por rodovias. Na porção superior esquerda, ilustração de zona urbana composta por uma superfície verde e um aglomerado de edifícios e arranha-céus. Alguns deles com torres de rádios e antenas. Acima da ilustração, caixa de texto descritivo: Mundialização da produção. Empresas sediadas em países ricos, mas com filiais em outros países, tomam decisões estratégicas sobre a produção: o que, quando e onde fabricar. Também investem em propaganda com o objetivo de despertar no consumidor o desejo de comprar o que elas vendem e estabelecer uma identidade entre produto e cliente. Ao lado esquerdo da ilustração, duas caixas de texto descritivo: País A, sede da empresa X; X busca instalar suas fábricas em lugares onde possa ter baixos custos de produção e, desse modo, conseguir altas margens de lucro. Ao lado direito da ilustração, caixa de texto descritivo: A empresa X, instalada no país A, decide produzir um novo modelo de tênis. Em sua matriz, desenvolve um projeto com as características do novo produto. Após aprová-lo, encaminha modelos (geralmente virtuais) para a empresa Y. Na porção superior direita, ilustração de zona urbana e industrial composta por uma superfície verde e quarteirões com galpões, casas, ruas internas, árvores isoladas e um satélite sobrevoando a área. Acima da ilustração, caixa de texto descritivo: Telecomunicações. A expansão das telecomunicações com o emprego de satélites e outras inovações permite a transmissão de dados em altíssima velocidade. Informações sobre o processo produtivo são encaminhadas em tempo real a qualquer ponto do planeta. Ao lado direito da ilustração, caixa de texto descritivo: País B, empresa Y, filial de X. Na porção inferior esquerda, ilustração de zona urbana e industrial composta por uma superfície verde e edifícios baixos, galpões, vias asfaltadas internas e um fragmento florestal. Ao lado da ilustração, caixa de texto descritivo: País C, empresa Z, filial de X Atrativos. Abaixo da ilustração, caixa de texto descritivo: Atrativos. O país C, pobre ou emergente, fabrica o tênis com a matéria-prima recebida ou originária do próprio país. As empresas estrangeiras instaladas no território se beneficiam da mão de obra e das matérias-primas baratas, da redução de impostos oferecida pelos governos locais, da legislação e da fiscalização pouco rigorosas sobre as condições de produção e, por fim, de um crescente mercado consumidor em escala local e global. Na porção inferior direita, ilustração de um rio com um navio cargueiro e uma zona portuária, na margem, com contêineres e guindaste e galpão. Acima da ilustração, caixa de texto descritivo: Desenvolvimento de protótipos. Y, instalada no país B, recebe os modelos, fabrica os protótipos e os encaminha para a produção na empresa Z, instalada no país C. Abaixo da ilustração, duas caixas de texto descritivo: Transporte. Os produtos já acabados são colocados em contêineres e embarcados para os centros de distribuição da empresa X, que pode ser em um ou nos três países (A, B e C); Mercados. Tênis do novo modelo são vendidos em vários mercados, incluindo os dos países A, B e C.

As grandes corporações e as transnacionais

Hoje há grandes empresas que atuam ao redor do mundo, as transnacionais. Essas corporações geralmente têm séde em um país com maior desenvolvimento e filiais distribuídas por outros países. Elas podem ser de diversos ramos: montadoras de automóveis, petrolíferas, indústrias de bebidas, empresas de fast food, de roupas esportivas, entre outros.

Os países onde são instaladas suas filiais oferecem uma série de vantagens que reduzem o custo de produção das mercadorias, como mão de obra e matérias-primas baratas. Em troca, as transnacionais oferecem emprego e geração de renda local. No entanto, as decisões dessas empresas são tomadas na séde, e os direitos dos trabalhadores nos países que recebem as filiais, em geral, são mais restritos que nos países ricos.

A expansão das transnacionais ampliou a produção em escala global e o comércio mundial de mercadorias e de serviços. Por vezes, o faturamento dessas empresas globais é maior do que o Produto Interno Bruto (Píbi) de muitos países, o que lhes confere grande poder de influência sobre os governos nacionais.

MUNDO: FATURAMENTO DAS MAIORES EMPRESAS (2021)

Gráfico. Mundo: faturamento das maiores empresas – 2021. Gráfico de barras mostrando a receita das maiores empresas mundiais em 2021. O nome das empresas está no eixo vertical e as receitas em bilhões de dólares estão no eixo horizontal. Walmart: 523,9 bilhões de dólares. State Grid: 383, 9 bilhões de dólares. Amazon: 280,5 bilhões de dólares. China National Petroleum: 379,1 bilhões de dólares. Sinopec Group: 407,0 bilhões de dólares. Apple: 260,2 bilhões de dólares. CVS Health: 256,8 bilhões de dólares. UnitedHealth Group: 242,2 bilhões de dólares. Toyota Motor: 275,3 bilhões de dólares. Volkswagen: 282,8 bilhões de dólares.
Elaborado com base em dados obtidos em: glôbal fáive rândred: the toptem. Fortune, 2021. Disponível em: https://oeds.link/Zk2jCB. Acesso em: 25 abril. 2022.

A influência das transnacionais na economia global

A globalização do capital e da produção possibilitou expandir e consolidar a influência das empresas transnacionais na economia global.

A expansão e a consolidação das transnacionais ocorreram principalmente após a Segunda Guerra Mundial, quando essas empresas, que geralmente atuavam nos países com maior desenvolvimento, passaram a investir em países menos desenvolvidos. Além de encontrar matérias-primas e mão de obra baratas e abundantes, havia uma busca por sistemas fiscais favoráveis, legislações trabalhistas e ambientais moderadas ou inexistentes, economia de impostos por meio de estratégias fiscais, mercados consumidores em potencial e energia de baixo custo.

Na atualidade, além das empresas transnacionais dos países com maior desenvolvimento, existem milhares de empresas com séde em outros países, por exempo sul-coreanas, indianas, mexicanas e brasileiras. As empresas transnacionais concentram um poder capaz de influenciar governos nacionais e de condicionar relações entre países.

Em razão do poderio econômico das transnacionais na economia global, é cada vez mais difícil para os governos estabelecer regras para a atuação dessas empresas.

Transnacionais ou multinacionais?

As empresas podem ser transnacionais ou multinacionais. As transnacionais são aquelas cujas estruturas ultrapassam o país de origem, uma vez que instalam filiais em outros países, geralmente em desenvolvimento, onde exploram recursos e mão de obra. O termo multinacionais é utilizado para caracterizar empresas controladas por grupos de várias nacionalidades.

Fotografia. Vista para um salão de restaurante. No primeiro plano, três mesas retangulares dispostas entre bancos e pessoas fazendo refeição. Sobre as mesas, lustres pendurados no teto. Ao lado, uma grande vitrine com adesivos de animais e pessoas colados. No segundo plano, a área externa do restaurante, possível de ser visualizada pela transparência da vitrine.
Na fotografia, podemos ver a filial de uma empresa ocidental de fast food em Xangai, China (2021).
Ícone. Sugestão de livro.

BARBOSA, Alexandre de Freitas. O mundo globalizado: política, sociedade e economia. São Paulo: Contexto, 2010. O que é a globalização? Quais são seus antecedentes históricos? Como ela interfere na política, na sociedade e na economia? Essas e outras perguntas são respondidas nesse livro introdutório em uma linguagem acessível.

Transnacionais: concorrência e parceria

A mundialização da economia favoreceu a concentração de capitais e do sistema produtivo sob o contrôle de grandes grupos empresariais atuantes globalmente. Além de reduzir o número de concorrentes, esse processo gerou diferentes modelos de parcerias entre as empresas, como trustes, holdings e cartéis.

Truste é a fusão e incorporação de empresas para dominar determinada oferta de produtos ou serviços. Um exemplo é o grupo WarnerMedia, gigante da área de comunicações.

Holding é uma empresa criada para administrar diversas empresas, formando-se um grupo. A holding possui a maioria das ações do grupo. A empresa chinesa de energia elétrica State Grid é um exemplo de holding que detém concessionárias de transmissão de energia em diferentes países, inclusive no Brasil.

Cartel é uma associação ou combinação entre empresas, em geral de um mesmo segmento, para garantir o contrôle da produção e dos preços. Cada empresa conserva sua administração independente. A ôpép, Organização dos Países Exportadores de Petróleo (ôpéqui em inglês), é um exemplo de cartel formado para definir o preço do óleo no mercado mundial, garantindo elevados lucros aos proprietários.

Fotografia. Vista para bancada de madeira escrito: OPEC. Atrás da bancada, há bandeiras nacionais nas laterais e um painel eletrônico no centro, com texto indicativo: Joint Press Conferente. 7th OPEC and non-OPEC Ministerial Meeting. Há homens sentados na bancada: no centro, um homem usando roupa azul e um lenço branco na cabeça; à direita e à esquerda dele, outros homens usando terno e gravata. Sobre a bancada, microfones, garrafas de água e vasos de flores. Na frente da bancada, diversas pessoas estão sentadas e assistem aos homens. Algumas delas seguram smartphones e câmeras fotográficas.
séde da ôpépem Viena, Áustria (2019).
Petrobras: uma transnacional brasileira

Criada em outubro de 1952, a Petrobrás (Petróleo Brasileirosociedade anônima) é uma das maiores empresas brasileiras. Atua em várias áreas do setor energético, desde a exploração de gás e petróleo até a distribuição, passando pelo refino e abastecimento. A empresa é detentora de uma das tecnologias mais avançadas na exploração de petróleo em águas profundas.

Em 1996, a Petrobrás colocou o Brasil no seleto grupo dos 16 países que produzem mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia. Em 2020, a produção diária chegou a 2,28 milhões de barris de petróleo.

Crises econômicas e globalização

Com a crescente integração e dependência entre os países, caso ocorra uma recessão econômica em um país ou em um grupo de países, principalmente em grandes potências políticas e econômicas, como os Estados Unidos e a União Europeia, o mundo inteiro pode sofrer as consequências.

Um exemplo disso foi a crise financeira iniciada em 2008 nos Estados Unidos. Famílias empobrecidas não conseguiam mais pagar o financiamento de imóveis, o que levou à redução dos valores dos títulos de alguns bancos estadunidenses. Como consequência, esses bancos foram à falência. Houve também redução dos investimentos, associada à insegurança de investidores, o que desacelerou a economia internacional em um processo que se refletiu fortemente na Europa e ainda mais em outros países de economia mais fraca. No Reino Unido, por exemplo, um grande número de imóveis foi posto à venda em consequência da crise iniciada nos Estados Unidos.

Fotografia. Vista de uma rua com calçada estreita. No primeiro plano, as fachadas de diversas casas com paredes brancas e de tijolos e placas azuis escrito For sale sobre as portas. No segundo plano, um homem de calça e casaco caminhando na rua, de costas para a imagem.
Anúncios de casas à venda por causa da recessão econômica global em Macclesfield, Reino Unido (2008).

A crise gerou queda no poder de compra, o que aumentou o desemprego, e o setor público dos países atingidos passou a adotar estratégias para redução de gastos.

Ícone. Seção Mundo em escalas. Composto por dois pinos de localização conectados por setas.

Mundo em escalas

Globalização e dependência econômica

Na economia global, as relações cada vez mais profundas entre os países resultam em associações que podem apresentar aspectos negativos.

Se, por um lado, há maior integração econômica e monetária entre os países, por outro essas iniciativas acabam reforçando a dependência de economias frágeis em relação às economias mais dinâmicas.

A abertura do México para empresas transnacionais dos Estados Unidos e do Canadá, por exemplo, criou uma forte dependência da economia mexicana em relação a esses países. Atualmente, mais de 75% das exportações do México têm como destino os Estados Unidos. Os principais destinos das exportações mexicanas em 2019 foram: Estados Unidos (361 bilhões de dólares); Canadá (21,3 bilhões de dólares); China ( 8,86 bilhões de dólares); Alemanha (8,73 bilhões de dólares) e taiuã ( 6,98 bilhões de dólares). Observe o gráfico.

MÉXICO: DESTINAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES (2019)

Gráfico. México: destinação das exportações – 2019. Gráfico de linhas mostrando a evolução das exportações mexicanas por local de destino. O volume das exportações em bilhões de dólares está no eixo vertical e os anos no eixo horizontal. América do Norte 2010: 250 bilhões de dólares. 2011: 280 bilhões de dólares. 2012: 290 bilhões de dólares. 2013: 300 bilhões de dólares. 2014 a 2016: 320 bilhões de dólares por ano. 2017: 350 bilhões de dólares. 2018: 380 bilhões de dólares. 2019: 390 bilhões de dólares. Europa 2010: 20 bilhões de dólares. 2011 a 2015: 25 bilhões de dólares por ano. 2016 a 2018: 20 bilhões de dólares por ano. 2019: 30 bilhões de dólares. Ásia 2010: 10 bilhões de dólares. 2011 a 2015: 15 bilhões de dólares por ano. 2016: 10 bilhões de dólares. 2017: 20 bilhões de dólares. 2018: 20 bilhões de dólares. 2019: 40 bilhões de dólares. América do. Sul 2010 a 2012: 10 bilhões de dólares por ano. 2013: 8 bilhões de dólares. 2014: 7 bilhões de dólares. 2015: 5 bilhões de dólares. 2016: 3 bilhões de dólares. 2017: 5 bilhões de dólares. 2018: 5 bilhões de dólares. 2019: 10 bilhões de dólares. Oceania 2010 a 2017: 5 bilhões de dólares por ano. 2018: 10 bilhões de dólares. 2019: 5 bilhões de dólares. África 2010 a 2019: 5 bilhões de dólares por ano.
Elaborado com base em dados obtidos em: OBSERVATORY OF ECONOMIC COMPLEXITY. México. Seção Profiles. Disponível em: https://oeds.link/yH6KaS. Acesso em: 25 abril. 2022.
  1. Com base nas informações presentes no texto e no gráfico, responda: além dos Estados Unidos, para quais países o México exporta?
  2. Calcule a diferença de valor entre o primeiro e o segundo destino das exportações mexicanas.
  3. Além da abertura para empresas transnacionais no México, indique outro motivo para o país depender tanto dos Estados Unidos.
  4. Em sua opinião, que impactos a economia mexicana poderia sofrer caso as relações comerciais com os Estados Unidos se rompessem?

Economia.

A economia global e o aumento do desemprego

Atualmente, as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores exigem cada vez mais qualificação; as empresas querem funcionários capazes de se adaptar às novas tecnologias introduzidas no processo de produção. Em alguns setores, as jornadas de trabalho e os salários ficaram mais flexíveis, com cargas horárias variáveis e pagamentos ajustados à produtividade de cada trabalhador. A pandemia de Covid-19, quando houve restrições à circulação de pessoas, acelerou esse processo com a ampliação do trabalho remoto ou home office.

Cada vez mais, as atividades repetitivas que exigem pequena ou nenhuma qualificação do trabalhador, e até mesmo as de nível técnico, como as de pintor industrial ou as de torneiro mecânico, estão sendo substituídas por máquinas ou robôs. Muitas tarefas exigem das pessoas melhor formação e qualificação, capacidade de pesquisar e de aprender continuamente.

Os trabalhadores sem qualificação são os mais prejudicados pelas inovações tecnológicas na agricultura, na indústria, no comércio e na prestação de serviços. Esses fatores causam desemprego no mundo todo, embora de modo diferente em cada local e grupo populacional.

O que parece ser uma tendência mundial, no entanto, é o crescente desemprego entre os jovens, principalmente nos países em desenvolvimento, onde eles constituem uma proporção muito maior da fôrça de trabalho que nos países com maior desenvolvimento. Nesses países, os jovens são mais vulneráveis ao subemprego e à pobreza.

Não são apenas as inovações tecnológicas que provocam o aumento do desemprego no mundo. Há outras causas, que podem ser estruturais ou conjunturais.

REGIÕES: PERCENTUAL DE EMPREGO VULNERÁVEL (2020)*

Gráfico. Regiões: percentual de emprego vulnerável – 2020. Gráfico de barras mostrando o percentual de emprego vulnerável por região do mundo. O nome das regiões está no eixo vertical e os percentuais estão no eixo horizontal. Todas as barras estão na cor laranja, exceto a que representa o percentual mundial, que está em destaque, na cor marrom. África Subsaariana: 73,2%. Sul da Ásia: 69,3%. Mundo: 43,6%. Leste da Ásia e Pacífico: 41,1%. América Latina: 33,5%. Norte da Ásia e Oriente Médio: 31,4%. Ásia Central e Europa: 13,8%. África do Sul: 10,7%.
* Para fins didáticos, alguns dados foram reagrupados por regiões. Elaborado com base em dados obtidos em: INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION. World employment and social outlook: trends 2021. Genebra: ILO, 2021. Disponível em: https://oeds.link/tqP6ac. Acesso em: 25 abril. 2022. Empregos vulneráveis são aqueles nos quais os trabalhadores estão sujeitos a elevados níveis de precariedade, com limitado acesso às proteções sociais e baixa perspectiva de melhorias dessas condições.

Ler o gráfico

De acordo com o gráfico, quais regiões apresentam os maiores índices de empregos considerados vulneráveis?

O desemprego estrutural

O desemprego estrutural é resultante da modernização das estruturas produtivas e de trabalho, que ocorre com a mecanização e a automação nos processos de produção e com o aprimoramento dos processos de trabalho.

Como vimos, o uso de máquinas e robôs nas linhas de produção tornou dispensável o emprego de muitas pessoas, na medida em que poucos funcionários podem operar várias máquinas ao mesmo tempo. Como consequência, postos de trabalho deixaram de existir.

O desenvolvimento e a utilização de serviços de autoatendimento, como terminais bancários e bombas de combustíveis, também contribuem para diminuir o número de empregos, uma vez que os próprios consumidores passam a executar parte do trabalho. Todos esses fatores caracterizam o chamado desemprego estrutural.

Fotografia. Vista mostrando o ambiente interno de uma fábrica, totalmente compartimentado em espaços menores e demarcados por divisórias feitas com grades de cor cinza. Em cada um desses espaços existem equipamentos autônomos empregados na montagem de automóveis, destacando-se grandes braços robóticos de cor laranja.
A automação da produção é responsável pela substituição de trabalhadores por máquinas. Na fotografia, linha de montagem de automóveis robotizada em Munique, Alemanha (2021).

O desemprego conjuntural

O desemprego conjuntural é provocado por situações temporárias. Por exemplo, quando um país enfrenta dificuldades econômicas, podem ocorrer queda da produção industrial e agrícola e diminuição das vendas no comércio e na prestação de serviços. O resultado é a eliminação de muitos postos de trabalho e o aumento do desemprego.

Os postos de trabalho perdidos durante um período econômico desfavorável tendem a ser recuperados com o fim da crise. Quando a economia volta a crescer, as vendas e a produção aumentam e as empresas contratam novamente.

Ícone. Sugestão de site.

ORGANIZAÇÃO Internacional do Trabalho. Conheça a ó í tê. ó í tê Brasília, Brasília, Distrito Federal. Disponível em: https://oeds.link/gJ9j12. Acesso em: 25 abril. 2022. Apresenta informações relacionadas às questões de trabalho e emprego, como trabalho infantil e os jovens e o mundo do trabalho.

Globalização e organizações econômicas

A reorganização mundial ocorrida após o fim da Guerra Fria deu origem a blocos regionais em diferentes partes do mundo. Neles, os países-membros buscam estabelecer condições privilegiadas de circulação de mercadorias e/ou de pessoas. As iniciativas de integração econômica e monetária visam facilitar e ampliar o comércio envolvendo os membros e reduzir os custos de produção e de transporte, gerando maiores lucros. Também asseguram a redução ou eliminação total das alíquotas de importação entre os integrantes.

O primeiro bloco econômico a se formar foi a Comunidade Econômica Europeia (cê ê ê), em 1957. A maior parte dos blocos econômicos, porém, se constituiu depois da Guerra Fria, com a extinção dos blocos socialista e capitalista. Em cada bloco, tratados econômicos regem os acordos e podem estipular diferentes tipos de relações econômicas.

Fotografia. Vista para um amplo salão, com destaque para diversos homens vestindo terno e gravata sentados à mesa branca e comprida, apoiando microfones e papéis. Outros homens vestindo terno e gravata estão sentados e em pé ao redor da mesa. No fundo da sala, uma grande porta de entrada e as paredes cobertas por pinturas.
Representantes de países europeus se reúnem para a instituição da Comunidade Econômica Europeia, em Roma, Itália (1957).

Blocos regionais e interesses nacionais

Os blocos regionais nem sempre representam plenamente os interesses de cada país integrante, ou mesmo os interesses do conjunto da população dos países-membros, ou conseguem atender às expectativas de desenvolvimento associadas a eles.

Outros impasses podem dificultar a organização ou a expansão de alguns blocos. Há casos de blocos que fazem objeção à integração de países que abrigam grupos étnicos e religiosos indesejados por parte dos membros. Isso ocorreu na União Europeia, entre setores da população francesa e da alemã, ressentidos com a presença de imigrantes turcos e de outros grupos muçulmanos no continente. Na ocasião, alegou-se que o eventual ingresso da Turquia no bloco intensificaria o uso de mão de obra imigrante barata, gerando desemprego — ou uma suposta islamização da Europa, manifestando-se a xenofobiaglossário dos europeus contra os grupos provenientes do Oriente Médio, da Ásia Central ou da África.

Observe o mapa com os principais blocos econômicos da atualidade.

PLANISFÉRIO: PRINCIPAIS BLOCOS ECONÔMICOS (2018)

Mapa. Planisfério: principais blocos econômicos – 2018. Mapa do mundo mostrando os principais blocos econômicos. Mercosul – Mercado Comum do Sul: Brasil, Venezuela, Paraguai, Uruguai, Argentina. SADC – Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral: Lesoto, Angola, República Democrática do Congo, Namíbia, África do Sul, Botsuana, Zimbábue, Madagascar, Moçambique, Zâmbia, Malauí, Maurício, Seychelles, Suazilândia, Tanzânia. CEI – Comunidade dos Estados Independentes: Armênia, Azerbaijão, Rússia, Bielorrússia, Moldávia, Ucrânia, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirquistão, Tadjiquistão e Turcomenistão. Comunidade Andina: Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. USMCA – Acordo Estados Unidos-México-Canadá: Canadá, Estados Unidos e México. UE – União Europeia: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia e Suécia. APEC – Cooperação Econômica Ásia-Pacífico: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Cingapura, Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Rússia, Tailândia e Vietnã. Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e a escala de 0 a 2.505 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página. 79; BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Saiba mais sobre o Mercosúl. Brasília, Distrito Federal: ême érre ê, 2021. Disponível em: Mercosúl. Países do Mercosúl. Disponível em: https://oeds.link/0Y71fy; União Europeia. Perfil dos países. Bruxelas: União Europeia. Disponível em: https://oeds.link/4M7dKM. Acessos em: 25 abril. 2022.

u ésse ême cê á – Acordo Estados Unidos-México-Canadá (United States-Mexico-Canada Agreement, em inglês)

Membros: Canadá, Estados Unidos e México.

Acordo firmado em 2020 que estabelece livre comércio entre Estados Unidos, México e Canadá. O u ésse ême cê á substituiu o náfta, acordo firmado por Estados Unidos e Canadá em 1988 e que, em 1992, recebeu a adesão do México.

Comunidade Andina

Membros: Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.

Formado com o objetivo de aumentar a integração econômica entre os países-membros. Em 1993, começou a vigorar como zona de livre-comércio.

Mercosúl – Mercado Comum do Sul

Membros plenos: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai. Membros associados: Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru.

Criado em 1991, o Mercosúl permitia que 95% de todas as mercadorias fabricadas nos países-membros circulassem sem nenhuma tarifa de importação.

Em 2012, a Venezuela foi integrada ao bloco, porém, no final de 2016, após descumprir compromissos atrelados ao Protocolo de Adesão do Mercosúl, foi suspensa.

ésse a dê cê – Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (Southern Africa Development Community, em inglês)

Membros: África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagascar, Malauí, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seichéles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue.

O bloco pretende constituir um mercado comum e estabelecer uma zona de livre-comércio.

u ê – União Europeia

Membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, República Tchéca, Romênia e Suécia. No ano de 2020, o Reino Unido saiu da União Europeia.

A União Europeia é o bloco com o maior volume comercial do planeta. Em 1992, foram abolidas barreiras alfandegárias entre os países-membros. Também foi definida, por tratado, a criação da união política e da união monetária. Em 2022, o euro era a moeda oficial de 19 dos 27 países do bloco, compondo a chamada Zona do Euro. Nesse mesmo ano, cinco países eram candidatos ao bloco: Albânia, Macedônia, Montenegro, Sérvia e Turquia.

sei – Comunidade dos Estados Independentes

Membros: Armênia, Azerbaijão, Belarus, Cazaquistão, Moldávia, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão.

Criada em 1991, a sei constitui-se em um bloco político-econômico que reúne 11 das 15 repúblicas que formavam a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (u érre ésse ésse).

Com uma população de cêrca de 278 milhões de habitantes, está organizada em uma confederação de Estados, o que preserva a soberania de cada um. A Comunidade prevê a centralização de fôrças armadas e o uso de uma moeda comum: o rublo.

apéqui – Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Asian-Pacific Economic Cooperation, em inglês)

Membros: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Cingapura, Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Rússia, Tailândia e Vietnã.

Associação entre países que busca facilitar as trocas comerciais, os fluxos de investimentos e a integração econômica regional por meio de acordos de cooperação econômica e técnica.

Ícone. Seção Em prática. Composto por um mapa e um pino de localização sobre o mapa.

Em prática

Economia.

Crise financeira na União Europeia e aumento do desemprego

A crise financeira que atingiu a União Europeia (União Europeia) no fim da década de 2000 provocou a diminuição do ritmo de crescimento econômico dos países do bloco e a queda no poder de compra da população, contribuindo significativamente para a redução das ofertas de emprego. Os países que estavam em situação mais frágil, como Espanha, Portugal, Grécia, Irlanda e Itália, registraram os índices mais preocupantes e tiveram de receber mais apôio da União Europeia, em especial dos países que possuíam mais recursos para lidar com a situação econômica desfavorável, como Alemanha, França e Reino Unido (membro do bloco até 2020).

Tal conjuntura pode ser observada no gráfico de distribuição a seguir, que apresenta o cres­cimento econômico de algumas cidades europeias em seu eixo vertical e as taxas de crescimento de emprego no eixo horizontal durante o período mais agudo da crise, isto é, entre 2007 e 2012.

CIDADES EUROPEIAS: CRESCIMENTO ECONÔMICO E CRESCIMENTO DE EMPREGOS (2007-2012)

Gráfico. Cidades europeias: crescimento econômico e crescimento de empregos - 2007 a 2012. Gráfico de círculos proporcionais que indicam o tamanho da população das principais cidades europeias e o respectivo crescimento econômico e crescimento de empregos. O crescimento econômico em porcentagem está no eixo vertical e o crescimento de emprego em porcentagem está no eixo horizontal. A cidades estão listadas em ordem crescente, das menores para as maiores populações, conforme os círculos proporcionais representados. Dublin: crescimento econômico de menos 7% e crescimento do emprego de menos 14%. Helsinke: crescimento econômico de menos 4% e crescimento do emprego de 4%. Zurique: crescimento econômico de 6% e crescimento do emprego de 8%. Estocolmo: crescimento econômico de 12% e crescimento do emprego de 8%. Varsóvia: crescimento econômico de 16% e crescimento do emprego de 4%. Roma: crescimento econômico de menos 6% e crescimento do emprego de 2%. Berlim: crescimento econômico de 10% e crescimento do emprego de 8%. Munique: crescimento econômico de 4% e crescimento do emprego de 9%. Lisboa: crescimento econômico de menos 2% e crescimento do emprego de menos 7%. Budapeste: crescimento econômico de menos 4% e crescimento do emprego de 2%. Nápoles: crescimento econômico de menos 8% e crescimento do emprego de menos 6%. Atenas: crescimento econômico de menos 18% e crescimento do emprego de menos 18%. Barcelona: crescimento econômico de menos 4% e crescimento do emprego de menos 15%. Frankfurt: crescimento econômico de 5% e crescimento do emprego de 5%. Milão: crescimento econômico de menos 3% e crescimento do emprego de menos 2%. Manchester/Liverpool: crescimento econômico de menos 4% e crescimento do emprego de menos 3%. Madri: crescimento econômico de menos 1% e crescimento do emprego de menos 10%. Istambul: crescimento econômico de 10% e crescimento do emprego de 12%. Moscou: crescimento econômico de 8% e crescimento do emprego de 5%. Londres: crescimento econômico de 2% e crescimento do emprego de 5%. Paris: crescimento econômico de 0% e crescimento do emprego de 0%.
Elaborado com base em dados obtidos em: Pãrbérg ÉssThis great bubble chart shows how Europe's major cities have fared since the financial crisis. Business Insider, 29 outubro. 2013. Disponível em: https://oeds.link/Tne4c3. Acesso em: 25 abril. 2022.

Esse tipo de gráfico é uma representação que exibe valores comparativos que podem ser expressos por círculos de diversos diâmetros. Nesse caso, cada círculo representa uma cidade, e a área que os círculos ocupam no gráfico está relacionada à sua população, ou seja, quanto maior o círculo, maior a população  da cidade.

Uma década após o início da crise, alguns países registravam índices demonstrando recuperação da economia, como taxas de crescimento positivas e diminuição dos níveis de desemprego. No entanto, a União Europeia reconheceu que alguns integrantes, como a Grécia, ainda enfrentavam graves problemas sociais, como aumento das taxas de pobreza, e ainda necessitavam recorrer a socorro financeiro do bloco. Leia o texto a seguir.

Após sete anos, crise na Grécia vira depressão

Dentro do governo grego, economistas não disfarçam: o país pode ter de esperar até 2050 para voltar aos mesmos níveis de desenvolvimento social que estava em 2008. “Fala-se muito em outras regiões do mundo em década perdida. Na Grécia, o que temos são gerações perdidas”, disse reticências o economista Daniel Munevar, que trabalhou ao lado do ex-ministro de Finanças do país, Iânis Varufáquis. reticências

Dados de diversos institutos de pesquisa de Atenas e do restante da Europa revelam que as taxas de pobreza na sociedade grega avançam no ritmo mais elevado em toda a União Europeia. reticências

O desemprego, que chegou a 28%, hoje está em 23%. Mas a queda não ocorreu por conta da criação de postos de trabalho. Muitos simplesmente deixaram de buscar empregos e saíram dos indicadores de desempregados. No total, o Píbi grego já perdeu 25% de seu tamanho desde 2009 e 75% das famílias viram uma redução em sua renda. Mas é pelas ruas de Atenas que a crise é visível. À noite, são centenas de pessoas dormindo nas ruas, enquanto voluntários percorrem a cidade com cobertores e até máquinas de lavar roupa para ajudar “a manter a dignidade”.

APÓS sete anos, crise na Grécia vira depressão. Estado de Minas, Belo Horizonte, 6 maio 2017. Seção Economia. Disponível em: https://oeds.link/BCikmn. Acesso em: 25 abril. 2022.

Fotografia. Vista da calçada de uma rua. No centro da imagem, destaque para um banco e uma pessoa deitada e coberta sobre ele. O banco está situado entre duas árvores. Ao redor do banco, há papéis e papelão na calçada. Atrás do banco, a vitrine de uma loja com portas fechadas.
Pessoa dorme em banco público em Atenas, Grécia (2022).

Leia novamente o gráfico Cidades europeias: crescimento econômico e crescimento de empregos (2007-2012) e responda:

  1. Quais cidades se destacam pelo tamanho da população?
  2. Quais cidades apresentaram maior declínio da economia e maior desemprego no período?
  3. Quais cidades apresentaram os maiores índices de crescimento econômico no período?
  4. Atenas, na Grécia, foi a cidade que apresentou o pior desempenho econômico e na oferta de empregos no período. Essa situação motivou o apôio financeiro da União Europeia ao país em um processo concluído em 2018. Pesquise sobre a situação atual da Grécia e sua relação com a União Europeia. Registre no caderno as suas conclusões.

Economia global e o mundo predominantemente urbano

As transformações sociais, econômicas e políticas influenciadas pela globalização também podem ser observadas no território.

Em meados do século vinte, em torno de 700 milhões de pessoas viviam em cidades. Atualmente, mais da metade da população mundial reside nas áreas urbanas, e as estimativas da Organização das Nações Unidas (ônu) indicam que a proporção tende a aumentar para 68% em 2050. O gráfico a seguir demonstra o intenso processo de urbanização ocorrido ao longo do século vinte. Observe que a população urbana ultrapassou a rural entre 2005 e 2010.

Mundo: população urbana e rural (1950-2050)

Gráfico. Mundo: população urbana e rural – 1950 a 2050. Gráfico de linhas que mostram o crescimento da população urbana e rural ao longo do século 20 e a projeção para o século 21. A população em milhões está no eixo vertical e os anos estão no eixo horizontal. População urbana Crescimento de 1950 a 2018: de 800 milhões para 4.200 milhões. Projeção de 2018 a 2050: de 4.200 milhões para 6.400 milhões. População rural Crescimento de 1950 a 2018: de 1.800 milhões para 3.400 milhões. Projeção de 2018 a 2050: de 3.400 milhões para 3.200 milhões.
Elaborado com base em dados obtidos em: UNITED NATIONS. Department of Economic and Social Affairs. World Urbanization Prospectstuenti eitim : highlights. Nova York: UN, 2019. Disponível em: https://oeds.link/T6RycJ. Acesso em: 25 abril. 2022.

A industrialização das cidades e o exôdo rural foram os principais indutores do intenso processo de urbanização no mundo. Os diversos fluxos migratórios que partiram do campo em direção às cidades foram provocados pelas mudanças produtivas e pelos avanços tecnológicos que também marcaram as atividades rurais. A mecanização da produção agrícola e, no caso do Brasil, a forte concentração de terras contribuíram para o aumento do desemprego estrutural no campo, o que motivou muitos trabalhadores dessas áreas a se deslocarem para as cidades em busca de oportunidades de emprego e condições mínimas de sobrevivência.

No Brasil, esse processo ocorreu mais intensamente entre as décadas de 1970 e 1980, e, acompanhando a tendência verificada no âmbito mundial, o país também se tornou predominantemente urbano. A população que vive nas cidades, atualmente, representa mais de 85% do total, contribuindo para a formação de regiões metropolitanas em torno de grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Pôrto Alegre, Salvador e Belo Horizonte.

Cidades: centros financeiros da economia global

As cidades, atualmente, possuem um papel fundamental para a economia global, pois se configuram como centros de contrôle sobre a circulação de capitais e sobre as cadeias de produção de mercadorias.

Nova iórque, Tóquio, Londres, Xangai, Cingapura, Paris, Fránquifut, los angêlis, Milão, Madri, Zurique, Sydney, entre outras tantas cidades, destacam-se no cenário internacional por concentrar uma ampla rede de infraestruturas e serviços, mercado consumidor e mão de obra qualificada, capaz de atrair unidades administrativas de empresas transnacionais e conectar fluxos internacionais de capital financeiro da economia global.

São Paulo e Rio de Janeiro são as cidades brasileiras mais competitivas internacionalmente, destacando-se na América Latina e alcançando projeção relevante na economia mundial, ainda que em posição inferior à das principais cidades dos países desenvolvidos. Ao longo das últimas décadas, essas cidades criaram estratégias para atrair os fluxos de capital, com a implantação de novos centros financeiros, modernização das infraestruturas urbanas e ampliação de oportunidades lucrativas em novos negócios.

Fotografia. À esquerda, vista ampla do curso do rio. À direita, margem do rio ocupada por vegetação rasteira, ciclovia, ferrovia e estação com trem vermelho e cinza estacionado. Ao lado da ferrovia, avenida com circulação de  automóveis e edifícios altos de diversos estilos arquitetônicos. Acima, o céu azul com algumas nuvens.
A expansão do eixo financeiro da cidade de São Paulo, a partir das avenidas Paulista e Faria Lima, impulsionou a construção recente de edifícios em uma nova zona empresarial entre a marginal do rio Pinheiros e a avenida Luís Carlos Berrini. Fotografia de 2020.
Ícone. Sugestão de vídeo.

ENCONTRO com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá. Direção: Silvio Tendler. Brasil: Caliban, 2006. Por meio de diálogos com o renomado geógrafo brasileiro Milton Santos, o documentário discute o que é a globalização, como ela tem ocorrido e como poderia ser diferente se os excluídos por ela pudessem participar desse processo.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Por que muitos países se organizam em blocos econômicos regionais?
  2. Analise a ilustração.
Ilustração. Ilustração composta por quatro planisférios de escalas e dimensões diferentes. Os planisférios estão dispostos verticalmente dentro de uma geometria similar a um funil translúcido. O primeiro planisfério é o maior de todos. Ao lado dele, o texto informativo: 1500 a 1840. Velocidade das carruagens e dos barcos a vela: 16 quilômetros por hora. Abaixo, um primeiro planisfério de dimensão e escala um pouco menor. Ao lado dele, o texto informativo: 1850 a 1930. Velocidade das locomotivas a vapor: 100 quilômetros por hora; barcos a vapor: 57 quilômetros por hora. Abaixo, outro planisfério de dimensão e escala ainda menor. Ao lado dele, o texto informativo: Anos 1950. Aviões a propulsão: 480 a 640 quilômetros por hora. Abaixo, o último planisfério de dimensão e escala ainda menor. Ao lado dele, o texto informativo: Anos 1960. Jatos de passageiros: 800 a 1100 quilômetros por hora.
Fonte: rárvi, dêividi. A condição pós-moderna. vigésima primeira edição. São Paulo: Loyola, 2011. página. 220.
  1. Explique o processo responsável pela sensação de “encolhimento do mapa-múndi”.
  2. Cite outros avanços tecnológicos que contribuem para o fenômeno ilustrado.

3. Escreva em seu caderno a relação existente entre os aspectos da globalização mencionados a seguir.

crescimento econômico internacional — rápida expansão dos fluxos financeiros — mundialização da produção — inter-relação dos países

4. Observe o mapa e elabore um texto com pelo menos dois parágrafos analisando a atuação dos blocos regionais no processo de integração econômica do continente africano. Se necessário, pesquise informações adicionais.

ÁFRICA: BLOCOS REGIONAIS (2017)

Mapa. África: blocos regionais – 2017. Mapa da África mostrando a distribuição dos blocos regionais do continente. UMA – União do Magreb Árabe: Mauritânia, Saara Ocidental, Marrocos, Argélia e Líbia. CEDEAO – Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental: Cabo Verde, Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné, Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim, Burkina Faso, Nigéria, Togo e Níger. CEN-SAD – Comunidade dos Estados Sahelo-Saarianos: Mauritânia, Saara ocidental, Marrocos, Senegal, Guiné, Serra Leoa, Mali, Costa do Marfim, Burkina Faso, Nigéria, Níger, Líbia, Egito, Chade, República Centro-Africana, Sudão, Somália e Quênia. UEMAO – União Econômica e Monetária da África Ocidental: Senegal, Guiné-Bissau, Costa do Marfim, Burkina Faso, Níger e Mali. CEMAC – Comunidade Econômica e Monetária da África Central: Gabão, Congo, Camarões, República Centro-Africana e Chade. CEEAC – Comunidade Econômica dos Estados da África Central: Chade, República Centro-Africana, Camarões, Gabão, Congo, República Democrática do Congo e Angola. SACU – União Aduaneira da África Austral: Namíbia, Botswana, África do Sul, Lesoto e Eswatini. SADC – Comunidade de Desenvolvimento da África Austral: República Democrática do Congo Angola, Tanzânia, Malawi, Zâmbia, Zimbábue, Moçambique, Botswana, Namíbia, África do Sul e Madagascar. IGAD – Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento: Sudão, Sudão do Sul, Uganda, Quênia, Somália, Etiópia e Eritreia. EAC – Comunidade da África Oriental: Tanzânia, Ruanda, Burundi, Quênia, Uganda, Sudão do Sul. COI – Comissão do Oceano Índico: Madagascar, Comores, Seychelles, Maurício (França). COMESA – Mercado Comum da África Oriental e Austral: Zimbábue, Zâmbia, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Uganda, Quênia, Etiópia, Eritreia e Sudão. Na parte inferior, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.090 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: ScienCesPo. Cartothèque, Bibliothèque Numèrique, Paris. Disponível em: https://oeds.link/NXzNSo. Acesso em: 25 abril. 2022.

5. Leia o texto e faça as atividades.

trãmp determina saída dos Estados Unidos da América de acordo comercial com países do Pacífico

dônald trãmp assina decreto que retira os Estados Unidos do Acordo Transpacífico, assinado em outubro de 2015 por mais 11 países. reticências

Durante a campanha, o presidente trãmp já havia anunciado que iria abandonar formalmente a Parceria Transpacífico, por considerar o acordo ruim para os trabalhadores americanos. reticências

A saída dos Estados Unidos da parceria com os países do Pacífico representa uma inversão na tendência de décadas de política econômica internacional reticências de reduzir as barreiras comerciais e expandir o comércio em todo o mundo. Embora os candidatos muitas vezes tenham criticado acordos comerciais na campanha, aqueles que chegaram à Casa Branca, incluindo o [ex-]presidente baráqui Obama, acabaram ampliando o alcance dessas relações.

reticências

Assessores de trãmp afirmam que o novo presidente pretende avançar rapidamente na renegociação do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (náfta). reticências

O acordo tem sido um dos principais motores do comércio americano há quase duas décadas, mas há algum tempo tem sido questionado por, supostamente, diminuir a oferta de emprego e reduzir os salários do trabalhador norte-americano.

ROMILDO, José. trãmp determina saída dos Estados Unidos da América de acordo comercial com países do Pacífico. Agência Brasil, Brasília, Distrito Federal, 23 janeiro. 2017. Seção Últimas Notícias – Internacional. Disponível em: https://oeds.link/lHs83y. Acesso em: 25 abril. 2022.

  1. Por que o ex-presidente dos Estados Unidos baráqui Obama tinha interesse em reduzir as barreiras comerciais e expandir o comércio com outros países?
  2. De acordo com a reportagem, quais razões levaram o então presidente dos Estados Unidos, dônald tramp, a retirar o país do Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (tê pê pê)?

6. Observe o quadro.

MUNDO: Países com usuários com maior tempo gasto em redes sociais (2018)

País

Tempo

Filipinas

3 h 57 min

Brasil

3 h 39 min

Indonésia

3 h 23 min

Tailândia

3 h 10 min

Argentina

3 h 09 min

Egito

3 h 09 min

México

3 h 07 min

Nigéria

3 h 02 min

Malásia

3 h 00 min

Emirados Árabes

2 h 56 min

Elaborado com base em dados obtidos em: Digital in 2018: world's internet users pass the 4 billion mark. We are social, London, 30 janeiro. 2018. Disponível em: https://oeds.link/bjtqjR. Acesso em: 25 abril. 2022.

  1. Qual é a participação dos brasileiros na lista dos países com maior tempo gasto em redes sociais?
  2. Além da maior comunicação entre as pessoas, quais consequências, em termos culturais, são provocadas pelo contexto atual da globalização?

Ícone. Seção Ser no mundo. Composto por um globo terrestre e uma linha laranja ao seu redor.

Ser no mundo

Meio ambiente.

Consumo global, impactos locais

Na economia globalizada, as empresas transnacionais criam diversas estratégias de marketing para vender a imensa quantidade de bens e serviços produzidos em determinado local e ofertados em diversas outras regiões do mundo.

No entanto, esses padrões de consumo massificados implicam consequências negativas para o meio ambiente e até para a saúde da população. Leia o texto a seguir.

A ‘globalização’ da poluição afeta a saúde das pessoas em todo o mundo

Com ampla oferta de mão de obra e regulações e infraestrutura que facilitam as exportações, a China se transformou no maior centro industrial do mundo. Bens por lá produzidos são distribuídos por todo o planeta, assim como a poluição. reticências

Pesquisadores da Universidade deEast Anglia, na Inglaterra, utilizaram modelos para estimar a mortalidade prematura relacionada com a poluição por material particulado fino (pê ême 2.5) em 13 regiões, que englobam 228 países. O foco foi nos óbitos por doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica. Das 3,45 milhões de mortes prematuras registradas em 2007, cêrca de 12% ou 411.100 foram provocadas por poluentes emitidos em outra região do mundo.

“Isso indica que a mortalidade prematura relacionada com a poluição do ar é mais que uma questão local”, disse Dabo Guãn, coautor do estudo e professor da Escola de Desenvolvimento Internacional de East Anglia. “Nossos resultados quantificam a extensão da poluição do ar como um problema global.”

Consumo num país, poluição em outro

reticências os pesquisadores estimaram que 22% das mortes prematuras, ou setecentas e sessenta e duas.quatrocentas, estavam associadas com a poluição gerada na produção de bens e serviços numa região, mas consumidos em outra. Produtos consumidos nos Estados Unidos da América, por exemplo, provocam mortes na China, onde eles foram fabricados. Dessa fórma, alertam os cientistas, a economia gerada pelo custo menor de produção em países onde os contrôles sobre a emissão de poluentes é mais frouxa resulta em perdas de vidas em outros locais.

“O comércio internacional está globalizando a questão da mortalidade provocada pela poluição do ar, por permitir que as atividades de produção e consumo sejam fisicamente separadas”, destacou Guãn. “Na nossa economia global, bens e serviços consumidos em uma região podem envolver a geração de grandes quantidades de poluentes, e a mortalidade relacionada, em outras regiões.”

reticências

Os autores sugerem que a adoção de políticas regionais para regular a qualidade do ar pela imposição de um preço para a emissão de poluentes pode ser eficaz, e em alguns casos os custos de tais políticas poderiam ser compartilhados por consumidores em outras regiões. Entretanto, existem evidências de que indústrias poluentes tendem a migrar para países com regulações mais frouxas, o que provoca uma tensão entre a necessidade de melhorar a qualidade do ar e de atrair investimentos internacionais diretos.

“A melhoria de contrôle de poluentes na China, na Índia e no resto da Ásia traria um imenso benefício para a saúde pública naquelas regiões e em todo o mundo, e uma cooperação internacional para apoiar esses esforços na redução da poluição e do ‘vazamento’ das emissões pelo comércio internacional é de interesse global”, dizem os pesquisadores.

A ‘GLOBALIZAÇÃO’ da poluição afeta a saúde das pessoas em todo o mundo. O Globo, Rio de Janeiro, 29 março. 2017. Seção Saúde.

Fotografia. Vista para um cruzamento de avenidas. No primeiro plano, bicicletas e motocicletas cruzam a pista asfaltada e com a faixa da ciclovia sinalizada em vermelho. Os ciclistas e motociclistas usam máscara de proteção no rosto. No segundo plano, automóveis e ônibus parados no sinal vermelho e edifícios encobertos por uma densa camada de fumaça.
Pessoas enfrentam poluição atmosférica excessiva na cidade de Pequim, China (2021).
  1. Com base na discussão apresentada no texto, você identifica aspectos da integração mundial característicos de uma economia globalizada?
  2. A discussão proporcionada pelo texto indica uma interpretação mais associada ao termo globalização ou mundialização? Justifique sua conclusão.

Glossário

Meios de produção
Máquinas, equipamentos, matérias--primas, terras, entre outros elementos necessários ao processo de produção de mercadorias.
Voltar para o texto
Capital
Riqueza, patrimônio. Também se refere aos recursos destinados ao investimento em uma produção.
Voltar para o texto
Visão eurocêntrica
Aquela que considera apenas os valores europeus, por colocar a Europa em uma posição central em relação ao restante do mundo.
Voltar para o texto
Xenofobia
Sentimento de aversão a povos estrangeiros, alimentado por questões religiosas, culturais ou até mesmo sociais e econômicas e muitas vezes ligado a preconceitos e ideologias racistas.
Voltar para o texto