UNIDADE um Organização política e economia mundial
Ao final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os Estados Unidos e a União Soviética despontaram como as duas superpotências mundiais. Os dois Estados confrontavam regimes diferentes em termos políticos, sociais e econômicos, pois a União Soviética era um país socialista, e os Estados Unidos tinham se consolidado como o maior representante global do capitalismo.
Apesar da aliança na luta contra os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, com o fim do conflito as diferenças ideológicas entre Estados Unidos e União Soviética tornaram-se evidentes, levando as duas potências à disputa pela hegemonia mundial.
Você sabe quais são as características do capitalismo e do socialismo? Nesta Unidade, vamos estudar como esses dois sistemas vigoraram no mundo e como chegamos à atual economia e sociedade globais.
Você verá nesta Unidade:
O capitalismo e suas características
O socialismo e suas características
A ordem bipolar
A economia global
A globalização e a mundialização
CAPÍTULO 1 O capitalismo, o socialismo e suas características
Após a segunda metade do século vinte, o mundo estava dividido em dois blocos com sistemas políticos, sociais e econômicos opostos: o bloco capitalista e o bloco socialista.
O bloco dos países capitalistas alinhava-se a um sistema econômico caracterizado pela propriedade privada dos meios de produçãoglossário e pelo trabalho assalariado, que é o pagamento pela atividade desempenhada pelo trabalhador. Esse bloco era influenciado principalmente pelos Estados Unidos.
Já o bloco dos países socialistas adotava, entre outras políticas, a estatização, sistema em que as terras e os meios de produção pertencem ao Estado, e o pleno emprego, isto é, a garantia de emprego a todos os trabalhadores. Esse bloco era influenciado principalmente pela União Soviética.
Ao longo deste Capítulo, vamos conhecer as principais características dos sistemas capitalista e socialista. Vamos também estudar a bipolaridade da ordem política mundial, a divisão entre os países europeus e a dissolução do bloco socialista.
O sistema capitalista
O sistema econômico e social capitalista, ou capitalismo, desenvolveu-se na Europa durante o declínio do feudalismo no final do século quinze. Lentamente, ele se sobrepôs ao feudalismo e tornou-se predominante a partir do século dezoito.
A sociedade capitalista se estruturou pela relação entre duas classes sociais: a burguesia e o proletariado. A burguesia detém os meios de produção necessários à produção de bens e mercadorias. Já o proletariado é constituído pelos trabalhadores, que, por não possuírem meios de produção, vendem sua fôrça de trabalho por meio do trabalho assalariado.
Fases do capitalismo
Considerando seu processo de desenvolvimento, o capitalismo é classificado em três fases: capitalismo comercial, capitalismo industrial e capitalismo financeiro.
Capitalismo comercial
Essa fase foi marcada pela produção artesanal, pelo desenvolvimento da manufatura e pela expansão marítima – com as Grandes Navegações iniciadas no final do século quinze –, que possibilitou aos europeus a exploração de territórios que até então desconheciam.
O artesanato e a manufatura
As principais fórmas de produção de mercadorias no capitalismo comercial eram o artesanato e a manufatura. No artesanato, o artesão trabalhava sozinho, manualmente, usando as próprias ferramentas. Ele era, portanto, dono dos meios de produção e do resultado de seu trabalho.
Na manufatura, a técnica também era artesanal, mas as tarefas eram desempenhadas por grande número de trabalhadores sob a direção de uma pessoa, que era dona dos meios de produção e do produto final. Nessa etapa, intermediária entre o artesanato e a indústria, tiveram início a divisão de tarefas e o emprego de máquinas simples.
As Grandes Navegações propiciaram às principais potências europeias da época implantar o sistema colonial em diversas regiões do mundo. Os territórios colonizados se tornaram fornecedores de mão de obra escravizada, de matérias-primas e de metais preciosos e consumidores dos bens produzidos nos países europeus (metrópoles).
O comércio de mercadorias e a exploração das colônias, ao longo dos séculos dezesseis a dezoito, possibilitaram a ampliação da acumulação de capitalglossário pela burguesia europeia. Observe no mapa a seguir as principais rotas comerciais do período.
PLANISFÉRIO: PRINCIPAIS ROTAS COMERCIAIS (SÉCULOS dezesseis A dezoito)
A partir do fim do século dezenove, as potências europeias decidiram controlar definitivamente territórios asiáticos e africanos, de menor desenvolvimento econômico, em um processo denominado neocolonialismo. Dessa maneira, conquistaram territórios – por intermédio de relações diplomáticas, cooptação de líderes locais e das fôrças militares – e impuseram seus interesses econômicos, políticos e culturais.
Com o neocolonialismo, consolidou-se a divisão do mundo em Ocidente e Oriente, marcada pela relação de poder e de dominação europeia sobre os Estados orientais. A intensificação dessa relação favoreceu maior intercâmbio entre os povos dessas duas grandes regiões do mundo. Porém, o conhecimento sobre os orientais foi construído com base em estereótipos, fruto de uma visão eurocêntricaglossário sobre as características culturais, isto é, línguas, costumes, história etcétera.
Capitalismo industrial
Durante a fase do capitalismo comercial, a acumulação de capital e o mercado consumidor crescente levaram os donos de oficinas manufatureiras a introduzir inovações na fórma de produzir mercadorias. Essas inovações foram responsáveis pelo surgimento do que hoje conhecemos como indústria. Leia o boxe.
A Revolução Industrial
No século dezoito, teve início na Grã-Bretanha a chamada Revolução Industrial, caracterizada pelo intenso uso de máquinas movidas a vapor, pela divisão de tarefas como resultado da especialização do trabalhador e pelo emprego de mão de obra assalariada.
Como consequência, ocorreu grande aumento da produção de mercadorias, o que multiplicou os lucros e elevou a concentração do capital. A indústria tornou-se a principal atividade econômica do sistema capitalista. Com o desenvolvimento do capitalismo industrial, ampliaram-se as relações comerciais internacionais, uma vez que o aumento da produção tornou necessária a busca de novos mercados consumidores e de matérias-primas.
Capitalismo financeiro
É a fase atual, caracterizada pela integração entre capital industrial e capital bancário: indústrias incorporam ou criam bancos; bancos incorporam indústrias. O capitalismo financeiro começou a se estruturar na segunda metade do século dezenove, quando as empresas associadas às instituições financeiras aumentaram sua influência na economia.
As indústrias faziam grandes operações de crédito a fim de obter capital para desenvolver inovações tecnológicas e ampliar a capacidade de produção. Com isso, o capital deixou de pertencer exclusivamente a elas ou aos bancos.
Uma fórma de os empresários garantirem dinheiro para investimentos é vender cotas de suas empresas — as ações — nas bolsas de valores. A compra de ações possibilita ao investidor obter rendimentos sem participar diretamente da produção das mercadorias.
As características do capitalismo
Além da divisão da sociedade em classes, conheça outros aspectos essenciais que definem o sistema capitalista:
- Propriedade privada dos meios de produção. Os meios de produção pertencem predominantemente a empresas privadas, que são controladas por uma pequena fatia da sociedade (a classe capitalista ou burguesa). Em muitos países capitalistas, o Estado também detém parte minoritária dos meios de produção por intermédio de empresas estatais, que atuam em áreas como a da telefonia e a da mineração.
- Economia de mercado. Caracteriza-se pela atuação das empresas, que decidem como, quando, quanto e onde produzir, estabelecendo o preço e as condições de circulação das mercadorias, de acordo com a lei da oferta e da procura.
- Lei da oferta e da procura. Os preços das mercadorias variam de acordo com a procura do consumidor e com a quantidade do produto em oferta, isto é, à venda. Se há grande produção, o preço das mercadorias tende a cair; se a produção é pequena e há muita procura, tende a aumentar.
- Produção voltada para o lucro. O principal objetivo das empresas capitalistas é a obtenção de lucro, pagando salários inferiores ao valor produzido pelos trabalhadores e vendendo mercadorias a preços superiores ao custo de produção.
- Concorrência. Para obter a maior rentabilidade possível, as empresas buscam diversificar os produtos oferecidos e atrair mais consumidores. A ampliação das opções de compra para o consumidor pode acarretar na redução dos preços. Porém, com o capitalismo financeiro, grupos empresariais passaram a se fundir e a comprar empresas menores, reduzindo a concorrência.
- Trabalho assalariado. Por sua atividade, o trabalhador recebe um salário, que lhe possibilita adquirir bens e serviços, estimulando a produtividade do trabalho e gerando lucro às empresas.
Ler a fotografia
• Na fotografia, é possível identificar variedades de um mesmo produto. Você conhece outros produtos que possuem grande variedade de tipos e de marcas? Qual aspecto do capitalismo está relacionado à grande quantidade de oferta?
O capitalismo e sua expansão no mundo
Até o fim da Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945, os países com maior desenvolvimento vendiam produtos industrializados para os países em desenvolvimento e compravam destes matérias-primas. Essa relação é chamada de Divisão Internacional do Trabalho ( díti).
Após o término do conflito, as grandes empresas dos países com maior desenvolvimento precisavam expandir o mercado consumidor e reduzir custos de produção, por isso começaram a instalar filiais fabris transnacionais em alguns países em desenvolvimento. Brasil, México, Argentina, África do Sul e Índia, que dispunham de matérias-primas e mão de obra baratas, além de grande mercado consumidor e de fontes de energia, foram alguns dos países escolhidos para abrigar essas empresas. Observe o mapa a seguir.
PLANISFÉRIO: séde DAS quinhentas MAIORES TRANSNACIONAIS (2015)
Essa dispersão do processo produtivo provocou uma série de mudanças técnicas e científicas nos dois grupos de países. Isso gerou novos arranjos do sistema capitalista, alterando a competitividade das empresas no mundo e os mecanismos de integração entre os países. Entre essas mudanças, destacam-se a implantação de processos produtivos automatizados; a qualificação da mão de obra para atender aos novos mercados de trabalho; a implantação de infraestruturas para ampliar a circulação de mercadorias; e a homogeneização cultural, graças à maior circulação de pessoas, informações, mercadorias e serviços entre diferentes países.
Já inseridos no contexto da economia global, alguns países em desenvolvimento passaram a exportar produtos industrializados, grande parte de baixo valor agregado. Essa nova relação comercial passou a ser chamada de Nova Divisão Internacional do Trabalho.
O sistema socialista
Podemos definir o socialismo como um sistema de organização política, social e econômica cujo objetivo é construir uma sociedade sem classes e sem desigualdade.
Para atingir esse fim, o sistema socialista defende a extinção da propriedade privada e a coletivização dos meios de produção. Assim, o Estado é responsável pelo contrôle da produção, com o compromisso de garantir a todas as pessoas a distribuição justa de bens e serviços, como saúde, educação e habitação.
As características do socialismo
O socialismo prevê a adoção das seguintes políticas:
- Estatização. As terras e os meios de produção devem pertencer ao Estado, que também define o salário dos trabalhadores.
- Economia planificada. As atividades econômicas devem seguir uma planificação idealizada e executada pelo Estado, que decide o que e como produzir para atender às necessidades da população.
- Pleno emprego. Para executar suas várias funções e diminuir as desigualdades sociais, o Estado deve garantir emprego a todos.
Atualmente, esse sistema é adotado em poucos países, como China, Cuba, Vietnã e Coreia do Norte. Observe, na sequência, material de divulgação ressaltando o trabalho coletivo na União Soviética, que foi o principal país socialista no século vinte antes de entrar em colapso na década de 1990.
O socialismo na União Soviética e no Leste Europeu
O primeiro país a adotar o socialismo como sistema socioeconômico foi a Rússia, após a Revolução Russa, em 1917. Em 1922, formou-se a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ( u érre ésse ésse), constituída por 15 repúblicas, cujo poder central se concentrava em Moscou, capital da Rússia. Após a Segunda Guerra Mundial, diferentes países do Leste Europeu se aliaram ao regime soviético.
O modelo de governo instaurado na União Soviética e no Leste Europeu implementou a estatização, a economia planificada e promoveu o crescimento da indústria de base. Por algumas décadas, houve um crescimento dos indicadores econômicos e sociais, mas também ocorreu o fortalecimento de uma classe de burocratas estatais e a perseguição de opositores.
O socialismo na China
Em 1949 a China viveu uma Revolução Comunista que instaurou as bases do regime político vigente até hoje, no qual não há eleições (como nos países democráticos) e as decisões são centralizadas nas mãos dos dirigentes do Partido Comunista Chinês.
Após a revolução, o país passou a adotar políticas de desenvolvimento apoiadas na industrialização de base, na coletivização de terras e na planificação da economia. No entanto, a partir de 1978 o Estado chinês passou a incorporar iniciativas típicas do capitalismo, visando ao crescimento econômico do país.
Uma dessas medidas foi a criação de Zonas Econômicas Especiais ( zê ê ê) em pontos estratégicos do país, onde são permitidas relações capitalistas de produção. As zê ê ê atraíram muitas empresas transnacionais, que passaram a atuar na China.
Atualmente, a China é a segunda maior economia mundial e possui características híbridas, com a permanência de elementos típicos do socialismo associada à entrada crescente de medidas econômicas capitalistas.
A ordem bipolar
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os países dividiram-se em virtude das diferenças entre seus sistemas políticos, sociais e econômicos. Surgiram, assim, dois polos de influência: um capitalista e outro socialista.
De um lado estavam os Estados Unidos e outros países adotantes do sistema capitalista; do outro, a União Soviética e os países que adotaram o sistema socialista. Com isso, a ordem política mundial adquiriu um caráter bipolar.
Corridas armamentista e espacial
Os dois blocos investiram progressivamente em aparatos bélico-militares – incluindo arsenais nucleares – como fórma de intimidação aos oponentes. Essa crescente militarização das duas superpotências foi chamada de corrida armamentista. A consequência foi a ameaça constante e não efetivada da eclosão de outra guerra mundial, com utilização de armas nucleares, o que seria catastrófico para a humanidade.
Também havia disputa pela supremacia na exploração do espaço, a qual ficou conhecida como corrida espacial. Essa disputa era considerada muito importante para a defesa territorial e simbolizava a superioridade tecnológica e ideológica. Com a corrida espacial, o ser humano chegou à Lua e foram investidos volumes enormes de recursos em pesquisas que geraram novas tecnologias e grandes avanços científicos.
Guerra Fria
O período de tensão e conflito entre Estados Unidos e União Soviética ficou conhecido como Guerra Fria. As relações internacionais eram tensas em consequência da disputa por áreas de influência. Apesar da grande hostilidade, jamais existiu confronto militar direto entre as superpotências, que se enfrentavam indiretamente por meio de seus aliados, aos quais forneciam armas, dinheiro e apôio político para guerras e disputas locais.
As áreas de influência
As fronteiras entre os blocos capitalista e socialista na Europa correspondiam, em linhas gerais, às posições atingidas pelos exércitos anglo-americano e soviético em suas ofensivas finais na Segunda Guerra Mundial, em 1945. A União Soviética exercia influência sobre o Leste Europeu (Europa oriental), região cujos países se tornaram socialistas. A fronteira ideológica que separava a Europa capitalista da socialista ficou conhecida como Cortina de Ferro.
A China, por sua vez, aderiu ao socialismo em 1949, com apôio dos soviéticos.
As principais áreas de influência dos Estados Unidos eram a Europa ocidental e o Japão, que se rendeu na guerra após o lançamento, pelos estadunidenses, de duas bombas atômicas que arrasaram as cidades de iroshíma e Nagasaki em agosto de 1945.
Por meio do Plano márchal, os Estados Unidos investiram centenas de milhões de dólares na reconstrução das economias europeias arrasadas pela guerra. Também fizeram grandes investimentos para impedir a difusão do socialismo pela Ásia.
Integrar conhecimentos
Geografia e História
A Europa dividida na Guerra Fria
Do final da Segunda Guerra até 1949, os países da Europa alinharam-se em relação aos blocos rivais, determinando-se, assim, a Europa Ocidental capitalista, sob influência dos Estados Unidos, e a Europa Oriental socialista, sob influência da União Soviética.
Nesse mesmo ano, o território alemão, ainda ocupado pelos vencedores do conflito mundial, foi dividido em dois Estados: a República Federal da Alemanha ( érre éfe a), ou Alemanha Ocidental, capitalista, e a República Democrática Alemã ( érre dê a), ou Alemanha Oriental, socialista. Tal divisão permaneceu até 1990.
A EUROPA DIVIDIDA (1945-1990)
O maior símbolo da divisão do mundo entre capitalistas e socialistas foi a construção do Muro de Berlim, em 1961. A cidade de Berlim ficou dividida em duas partes, a Berlim Oriental (pertencente à União Soviética) e a Berlim Ocidental (dividida em três zonas: a estadunidense, a britânica e a francesa). O muro foi erguido pelo governo da Alemanha Oriental, para impedir a fuga de seus habitantes para o lado ocidental.
Durante décadas, a União Soviética investiu grande parte de seus recursos financeiros na indústria espacial e de armamentos, em prejuízo de outros setores da economia. Além disso, ajudou financeiramente outros países socialistas (Cuba, por exemplo) a sustentar a economia, o que acarretou grandes gastos ao tesouro público.
Em 1985, micaíl gorbatchóv assumiu o governo soviético e iniciou a abertura do sistema político ( glasnóst) e a reestruturação econômica ( perestróica). Essas mudanças se alastraram pelo bloco socialista e culminaram na dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e na queda dos regimes pró-soviéticos da Europa Oriental.
Na Alemanha, em 1989, foi derrubado o Muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria. Depois disso, vários países deixaram o bloco socialista e aderiram à economia de mercado. Em 1991, a União Soviética deixou de existir, e suas repúblicas se tornaram países independentes.
• Pesquise: como a construção do Muro de Berlim impactou a paisagem e o espaço geográfico de Berlim?
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
1. Analise a charge, que representa uma das consequências do atual arranjo do sistema capitalista, e indique a crítica realizada por ela.
2. Após a Segunda Guerra Mundial, grandes empresas de países desenvolvidos, como os Estados Unidos, transferiram ou abriram novas unidades produtivas em alguns países em desenvolvimento, como Brasil, México, Argentina, África do Sul e Índia.
As alternativas a seguir indicam os interesses dessas grandes empresas em expandir seus negócios para os países em desenvolvimento no período pós-guerra, exceto no item:
- Ampliar o mercado consumidor.
- Buscar novas fontes de matérias-primas.
- Buscar locais que dispunham de tecnologia de ponta.
- Buscar novas fontes de energia.
- Contratar mão de obra mais barata.
3. A charge a seguir ilustra a divisão da China pelas principais potências europeias durante o século dezenove, de acordo com seus interesses. Com base na charge e no que foi estudado neste Capítulo, responda às questões.
- Como podemos denominar esse período?
- Quais eram os interesses europeus em dividir a China naquela época?
4. Observe o mapa e responda à questão.
• O mapa destaca os países considerados ocidentais.Podemos afirmar que essa divisão obedece apenas ao critério geográfico, no qual a divisão do mundo em Ocidente e Oriente é marcada pelo meridiano de Greenwich?
CAPÍTULO 2 Economia global e organizações econômicas mundiais
O fim da Guerra Fria, no início da década de 1990, marcou o começo da chamada Nova Ordem Mundial, em que os fluxos de mercadorias, serviços e capitais se tornaram ainda mais intensos com a integração dos países que eram socialistas ao mercado internacional.
O processo de aprofundamento da integração econômica, social e cultural e da comunicação entre os países é chamado de globalização. Ao mesmo tempo que proporcionou maior interação entre pessoas de diferentes lugares e culturas, a globalização generalizou mundialmente uma série de hábitos de consumo, como ingerir bebidas das mesmas marcas, alimentar-se nas mesmas redes de fast food, assistir aos mesmos filmes e programas de televisão, usar os mesmos aplicativos ou, ainda, vestir-se e comportar-se socialmente da mesma maneira. O mundo nunca se viu tão próximo – e por vezes tão parecido –, como se pode constatar, por exemplo, nas diversas redes sociais da internet.
Nova Ordem Mundial
No início dos anos 1990, o mundo passou a se configurar de acordo com a chamada Nova Ordem Mundial, que substituiria o extinto mundo bipolar da Guerra Fria. Nesse novo contexto político, os Estados Unidos surgiram como grande potência econômica e militar.
Outros países mantiveram importância no cenário mundial (Alemanha e Japão, por exemplo), mas sem condições de contrapor a influência dos Estados Unidos nas decisões de organizações internacionais. Esse fator também contribuiu para a difusão do modo de vida estadunidense, sobretudo por intermédio do cinema, influenciando padrões de conduta em todo o mundo.
A globalização e a mundialização
A partir da segunda metade do século vinte, grandes empresas industriais, comerciais e de prestação de serviços (bancos, hotéis, redes de restaurantes e companhias de telecomunicações, por exemplo) começaram a instalar filiais em vários países. Esse processo ficou conhecido como mundialização ou internacionalização do capital e da produção.
O processo de expansão do capitalismo constituiu a chamada economia global, que teve a tecnologia como propulsora. Dentre suas características, estão o crescimento do comércio internacional, a rápida expansão dos fluxos e o aumento da inter-relação dos países.
O termo mundialização tem sido usado para denominar a atual fase de internacionalização do capital. Algumas leituras consideram globalização e mundialização como sinônimos. Outras utilizam o termo mundialização para denominar o processo de fusão do capital distribuído entre os diferentes países, por meio da atuação das empresas transnacionais. Por fim, há leituras que consideram a globalização como a atual fase da mundialização, inserida em um processo histórico mais amplo, iniciado com as Grandes Navegações dos séculos quinze e dezesseis, e que provocou profundas mudanças nas relações sociais e econômicas entre os países.
PLANISFÉRIO: PRINCIPAIS FLUXOS COMERCIAIS (2019)
Ler o mapa
- Quais foram os países com maior fluxo comercial internacional em 2019?
- E quais eram os principais parceiros comerciais do Brasil?
Características da economia global
Nas últimas décadas, o fluxo de mercadorias entre os países cresceu vertiginosamente. O valor total das exportações mundiais, que em 1948 era de 59 bilhões de dólares, em 2020 alcançou a marca de 22,4 trilhões de dólares. As importações, que em 1948 somaram 62 bilhões de dólares, em 2020 totalizaram 21,7 trilhões de dólares. Esse fluxo ocorre principalmente entre países da América do Norte, da Europa e alguns da Ásia.
Observe a ilustração a seguir, que demonstra as transformações na produção e caracteriza a economia global atual.
TRANSFORMAÇÕES NA PRODUÇÃO
As grandes corporações e as transnacionais
Hoje há grandes empresas que atuam ao redor do mundo, as transnacionais. Essas corporações geralmente têm séde em um país com maior desenvolvimento e filiais distribuídas por outros países. Elas podem ser de diversos ramos: montadoras de automóveis, petrolíferas, indústrias de bebidas, empresas de fast food, de roupas esportivas, entre outros.
Os países onde são instaladas suas filiais oferecem uma série de vantagens que reduzem o custo de produção das mercadorias, como mão de obra e matérias-primas baratas. Em troca, as transnacionais oferecem emprego e geração de renda local. No entanto, as decisões dessas empresas são tomadas na séde, e os direitos dos trabalhadores nos países que recebem as filiais, em geral, são mais restritos que nos países ricos.
A expansão das transnacionais ampliou a produção em escala global e o comércio mundial de mercadorias e de serviços. Por vezes, o faturamento dessas empresas globais é maior do que o Produto Interno Bruto ( Píbi) de muitos países, o que lhes confere grande poder de influência sobre os governos nacionais.
MUNDO: FATURAMENTO DAS MAIORES EMPRESAS (2021)
A influência das transnacionais na economia global
A globalização do capital e da produção possibilitou expandir e consolidar a influência das empresas transnacionais na economia global.
A expansão e a consolidação das transnacionais ocorreram principalmente após a Segunda Guerra Mundial, quando essas empresas, que geralmente atuavam nos países com maior desenvolvimento, passaram a investir em países menos desenvolvidos. Além de encontrar matérias-primas e mão de obra baratas e abundantes, havia uma busca por sistemas fiscais favoráveis, legislações trabalhistas e ambientais moderadas ou inexistentes, economia de impostos por meio de estratégias fiscais, mercados consumidores em potencial e energia de baixo custo.
Na atualidade, além das empresas transnacionais dos países com maior desenvolvimento, existem milhares de empresas com séde em outros países, por exempo sul-coreanas, indianas, mexicanas e brasileiras. As empresas transnacionais concentram um poder capaz de influenciar governos nacionais e de condicionar relações entre países.
Em razão do poderio econômico das transnacionais na economia global, é cada vez mais difícil para os governos estabelecer regras para a atuação dessas empresas.
Transnacionais ou multinacionais?
As empresas podem ser transnacionais ou multinacionais. As transnacionais são aquelas cujas estruturas ultrapassam o país de origem, uma vez que instalam filiais em outros países, geralmente em desenvolvimento, onde exploram recursos e mão de obra. O termo multinacionais é utilizado para caracterizar empresas controladas por grupos de várias nacionalidades.
BARBOSA, Alexandre de Freitas. O mundo globalizado: política, sociedade e economia. São Paulo: Contexto, 2010. O que é a globalização? Quais são seus antecedentes históricos? Como ela interfere na política, na sociedade e na economia? Essas e outras perguntas são respondidas nesse livro introdutório em uma linguagem acessível.
Transnacionais: concorrência e parceria
A mundialização da economia favoreceu a concentração de capitais e do sistema produtivo sob o contrôle de grandes grupos empresariais atuantes globalmente. Além de reduzir o número de concorrentes, esse processo gerou diferentes modelos de parcerias entre as empresas, como trustes, holdings e cartéis.
Truste é a fusão e incorporação de empresas para dominar determinada oferta de produtos ou serviços. Um exemplo é o grupo WarnerMedia, gigante da área de comunicações.
Holding é uma empresa criada para administrar diversas empresas, formando-se um grupo. A holding possui a maioria das ações do grupo. A empresa chinesa de energia elétrica State Grid é um exemplo de holding que detém concessionárias de transmissão de energia em diferentes países, inclusive no Brasil.
Cartel é uma associação ou combinação entre empresas, em geral de um mesmo segmento, para garantir o contrôle da produção e dos preços. Cada empresa conserva sua administração independente. A ôpép, Organização dos Países Exportadores de Petróleo ( ôpéqui em inglês), é um exemplo de cartel formado para definir o preço do óleo no mercado mundial, garantindo elevados lucros aos proprietários.
Petrobras: uma transnacional brasileira
Criada em outubro de 1952, a Petrobrás (Petróleo Brasileiro sociedade anônima) é uma das maiores empresas brasileiras. Atua em várias áreas do setor energético, desde a exploração de gás e petróleo até a distribuição, passando pelo refino e abastecimento. A empresa é detentora de uma das tecnologias mais avançadas na exploração de petróleo em águas profundas.
Em 1996, a Petrobrás colocou o Brasil no seleto grupo dos 16 países que produzem mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia. Em 2020, a produção diária chegou a 2,28 milhões de barris de petróleo.
Crises econômicas e globalização
Com a crescente integração e dependência entre os países, caso ocorra uma recessão econômica em um país ou em um grupo de países, principalmente em grandes potências políticas e econômicas, como os Estados Unidos e a União Europeia, o mundo inteiro pode sofrer as consequências.
Um exemplo disso foi a crise financeira iniciada em 2008 nos Estados Unidos. Famílias empobrecidas não conseguiam mais pagar o financiamento de imóveis, o que levou à redução dos valores dos títulos de alguns bancos estadunidenses. Como consequência, esses bancos foram à falência. Houve também redução dos investimentos, associada à insegurança de investidores, o que desacelerou a economia internacional em um processo que se refletiu fortemente na Europa e ainda mais em outros países de economia mais fraca. No Reino Unido, por exemplo, um grande número de imóveis foi posto à venda em consequência da crise iniciada nos Estados Unidos.
A crise gerou queda no poder de compra, o que aumentou o desemprego, e o setor público dos países atingidos passou a adotar estratégias para redução de gastos.
Mundo em escalas
Globalização e dependência econômica
Na economia global, as relações cada vez mais profundas entre os países resultam em associações que podem apresentar aspectos negativos.
Se, por um lado, há maior integração econômica e monetária entre os países, por outro essas iniciativas acabam reforçando a dependência de economias frágeis em relação às economias mais dinâmicas.
A abertura do México para empresas transnacionais dos Estados Unidos e do Canadá, por exemplo, criou uma forte dependência da economia mexicana em relação a esses países. Atualmente, mais de 75% das exportações do México têm como destino os Estados Unidos. Os principais destinos das exportações mexicanas em 2019 foram: Estados Unidos ( 361 bilhões de dólares); Canadá ( 21,3 bilhões de dólares); China () 8,86 bilhões de dólares; Alemanha ( 8,73 bilhões de dólares) e taiuã ( 6,98 bilhões de dólares). Observe o gráfico.
MÉXICO: DESTINAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES (2019)
- Com base nas informações presentes no texto e no gráfico, responda: além dos Estados Unidos, para quais países o México exporta?
- Calcule a diferença de valor entre o primeiro e o segundo destino das exportações mexicanas.
- Além da abertura para empresas transnacionais no México, indique outro motivo para o país depender tanto dos Estados Unidos.
- Em sua opinião, que impactos a economia mexicana poderia sofrer caso as relações comerciais com os Estados Unidos se rompessem?
A economia global e o aumento do desemprego
Atualmente, as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores exigem cada vez mais qualificação; as empresas querem funcionários capazes de se adaptar às novas tecnologias introduzidas no processo de produção. Em alguns setores, as jornadas de trabalho e os salários ficaram mais flexíveis, com cargas horárias variáveis e pagamentos ajustados à produtividade de cada trabalhador. A pandemia de Covid-19, quando houve restrições à circulação de pessoas, acelerou esse processo com a ampliação do trabalho remoto ou home office.
Cada vez mais, as atividades repetitivas que exigem pequena ou nenhuma qualificação do trabalhador, e até mesmo as de nível técnico, como as de pintor industrial ou as de torneiro mecânico, estão sendo substituídas por máquinas ou robôs. Muitas tarefas exigem das pessoas melhor formação e qualificação, capacidade de pesquisar e de aprender continuamente.
Os trabalhadores sem qualificação são os mais prejudicados pelas inovações tecnológicas na agricultura, na indústria, no comércio e na prestação de serviços. Esses fatores causam desemprego no mundo todo, embora de modo diferente em cada local e grupo populacional.
O que parece ser uma tendência mundial, no entanto, é o crescente desemprego entre os jovens, principalmente nos países em desenvolvimento, onde eles constituem uma proporção muito maior da fôrça de trabalho que nos países com maior desenvolvimento. Nesses países, os jovens são mais vulneráveis ao subemprego e à pobreza.
Não são apenas as inovações tecnológicas que provocam o aumento do desemprego no mundo. Há outras causas, que podem ser estruturais ou conjunturais.
REGIÕES: PERCENTUAL DE EMPREGO VULNERÁVEL (2020)*
Ler o gráfico
• De acordo com o gráfico, quais regiões apresentam os maiores índices de empregos considerados vulneráveis?
O desemprego estrutural
O desemprego estrutural é resultante da modernização das estruturas produtivas e de trabalho, que ocorre com a mecanização e a automação nos processos de produção e com o aprimoramento dos processos de trabalho.
Como vimos, o uso de máquinas e robôs nas linhas de produção tornou dispensável o emprego de muitas pessoas, na medida em que poucos funcionários podem operar várias máquinas ao mesmo tempo. Como consequência, postos de trabalho deixaram de existir.
O desenvolvimento e a utilização de serviços de autoatendimento, como terminais bancários e bombas de combustíveis, também contribuem para diminuir o número de empregos, uma vez que os próprios consumidores passam a executar parte do trabalho. Todos esses fatores caracterizam o chamado desemprego estrutural.
O desemprego conjuntural
O desemprego conjuntural é provocado por situações temporárias. Por exemplo, quando um país enfrenta dificuldades econômicas, podem ocorrer queda da produção industrial e agrícola e diminuição das vendas no comércio e na prestação de serviços. O resultado é a eliminação de muitos postos de trabalho e o aumento do desemprego.
Os postos de trabalho perdidos durante um período econômico desfavorável tendem a ser recuperados com o fim da crise. Quando a economia volta a crescer, as vendas e a produção aumentam e as empresas contratam novamente.
ORGANIZAÇÃO Internacional do Trabalho. Conheça a ó í tê. ó í tê Brasília, Brasília, Distrito Federal. Disponível em: https://oeds.link/gJ9j12. Acesso em: 25 abril. 2022. Apresenta informações relacionadas às questões de trabalho e emprego, como trabalho infantil e os jovens e o mundo do trabalho.
Globalização e organizações econômicas
A reorganização mundial ocorrida após o fim da Guerra Fria deu origem a blocos regionais em diferentes partes do mundo. Neles, os países-membros buscam estabelecer condições privilegiadas de circulação de mercadorias e/ou de pessoas. As iniciativas de integração econômica e monetária visam facilitar e ampliar o comércio envolvendo os membros e reduzir os custos de produção e de transporte, gerando maiores lucros. Também asseguram a redução ou eliminação total das alíquotas de importação entre os integrantes.
O primeiro bloco econômico a se formar foi a Comunidade Econômica Europeia ( cê ê ê), em 1957. A maior parte dos blocos econômicos, porém, se constituiu depois da Guerra Fria, com a extinção dos blocos socialista e capitalista. Em cada bloco, tratados econômicos regem os acordos e podem estipular diferentes tipos de relações econômicas.
Blocos regionais e interesses nacionais
Os blocos regionais nem sempre representam plenamente os interesses de cada país integrante, ou mesmo os interesses do conjunto da população dos países-membros, ou conseguem atender às expectativas de desenvolvimento associadas a eles.
Outros impasses podem dificultar a organização ou a expansão de alguns blocos. Há casos de blocos que fazem objeção à integração de países que abrigam grupos étnicos e religiosos indesejados por parte dos membros. Isso ocorreu na União Europeia, entre setores da população francesa e da alemã, ressentidos com a presença de imigrantes turcos e de outros grupos muçulmanos no continente. Na ocasião, alegou-se que o eventual ingresso da Turquia no bloco intensificaria o uso de mão de obra imigrante barata, gerando desemprego — ou uma suposta islamização da Europa, manifestando-se a xenofobiaglossário dos europeus contra os grupos provenientes do Oriente Médio, da Ásia Central ou da África.
Observe o mapa com os principais blocos econômicos da atualidade.
PLANISFÉRIO: PRINCIPAIS BLOCOS ECONÔMICOS (2018)
u ésse ême cê á – Acordo Estados Unidos-México-Canadá (United States-Mexico-Canada Agreement, em inglês)
Membros: Canadá, Estados Unidos e México.
Acordo firmado em 2020 que estabelece livre comércio entre Estados Unidos, México e Canadá. O u ésse ême cê á substituiu o náfta, acordo firmado por Estados Unidos e Canadá em 1988 e que, em 1992, recebeu a adesão do México.
Comunidade Andina
Membros: Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.
Formado com o objetivo de aumentar a integração econômica entre os países-membros. Em 1993, começou a vigorar como zona de livre-comércio.
Mercosúl – Mercado Comum do Sul
Membros plenos: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai. Membros associados: Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru.
Criado em 1991, o Mercosúl permitia que 95% de todas as mercadorias fabricadas nos países-membros circulassem sem nenhuma tarifa de importação.
Em 2012, a Venezuela foi integrada ao bloco, porém, no final de 2016, após descumprir compromissos atrelados ao Protocolo de Adesão do Mercosúl, foi suspensa.
ésse a dê cê – Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (Southern Africa Development Community, em inglês)
Membros: África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagascar, Malauí, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seichéles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue.
O bloco pretende constituir um mercado comum e estabelecer uma zona de livre-comércio.
u ê – União Europeia
Membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, República Tchéca, Romênia e Suécia. No ano de 2020, o Reino Unido saiu da União Europeia.
A União Europeia é o bloco com o maior volume comercial do planeta. Em 1992, foram abolidas barreiras alfandegárias entre os países-membros. Também foi definida, por tratado, a criação da união política e da união monetária. Em 2022, o euro era a moeda oficial de 19 dos 27 países do bloco, compondo a chamada Zona do Euro. Nesse mesmo ano, cinco países eram candidatos ao bloco: Albânia, Macedônia, Montenegro, Sérvia e Turquia.
sei – Comunidade dos Estados Independentes
Membros: Armênia, Azerbaijão, Belarus, Cazaquistão, Moldávia, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão.
Criada em 1991, a sei constitui-se em um bloco político-econômico que reúne 11 das 15 repúblicas que formavam a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ( u érre ésse ésse).
Com uma população de cêrca de 278 milhões de habitantes, está organizada em uma confederação de Estados, o que preserva a soberania de cada um. A Comunidade prevê a centralização de fôrças armadas e o uso de uma moeda comum: o rublo.
apéqui – Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Asian-Pacific Economic Cooperation, em inglês)
Membros: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Cingapura, Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Rússia, Tailândia e Vietnã.
Associação entre países que busca facilitar as trocas comerciais, os fluxos de investimentos e a integração econômica regional por meio de acordos de cooperação econômica e técnica.
Em prática
Crise financeira na União Europeia e aumento do desemprego
A crise financeira que atingiu a União Europeia ( União Europeia) no fim da década de 2000 provocou a diminuição do ritmo de crescimento econômico dos países do bloco e a queda no poder de compra da população, contribuindo significativamente para a redução das ofertas de emprego. Os países que estavam em situação mais frágil, como Espanha, Portugal, Grécia, Irlanda e Itália, registraram os índices mais preocupantes e tiveram de receber mais apôio da União Europeia, em especial dos países que possuíam mais recursos para lidar com a situação econômica desfavorável, como Alemanha, França e Reino Unido (membro do bloco até 2020).
Tal conjuntura pode ser observada no gráfico de distribuição a seguir, que apresenta o crescimento econômico de algumas cidades europeias em seu eixo vertical e as taxas de crescimento de emprego no eixo horizontal durante o período mais agudo da crise, isto é, entre 2007 e 2012.
CIDADES EUROPEIAS: CRESCIMENTO ECONÔMICO E CRESCIMENTO DE EMPREGOS (2007-2012)
Esse tipo de gráfico é uma representação que exibe valores comparativos que podem ser expressos por círculos de diversos diâmetros. Nesse caso, cada círculo representa uma cidade, e a área que os círculos ocupam no gráfico está relacionada à sua população, ou seja, quanto maior o círculo, maior a população da cidade.
Uma década após o início da crise, alguns países registravam índices demonstrando recuperação da economia, como taxas de crescimento positivas e diminuição dos níveis de desemprego. No entanto, a União Europeia reconheceu que alguns integrantes, como a Grécia, ainda enfrentavam graves problemas sociais, como aumento das taxas de pobreza, e ainda necessitavam recorrer a socorro financeiro do bloco. Leia o texto a seguir.
Após sete anos, crise na Grécia vira depressão
Dentro do governo grego, economistas não disfarçam: o país pode ter de esperar até 2050 para voltar aos mesmos níveis de desenvolvimento social que estava em 2008. “Fala-se muito em outras regiões do mundo em década perdida. Na Grécia, o que temos são gerações perdidas”, disse reticências o economista Daniel Munevar, que trabalhou ao lado do ex-ministro de Finanças do país, Iânis Varufáquis. reticências
Dados de diversos institutos de pesquisa de Atenas e do restante da Europa revelam que as taxas de pobreza na sociedade grega avançam no ritmo mais elevado em toda a União Europeia. reticências
O desemprego, que chegou a 28%, hoje está em 23%. Mas a queda não ocorreu por conta da criação de postos de trabalho. Muitos simplesmente deixaram de buscar empregos e saíram dos indicadores de desempregados. No total, o Píbi grego já perdeu 25% de seu tamanho desde 2009 e 75% das famílias viram uma redução em sua renda. Mas é pelas ruas de Atenas que a crise é visível. À noite, são centenas de pessoas dormindo nas ruas, enquanto voluntários percorrem a cidade com cobertores e até máquinas de lavar roupa para ajudar “a manter a dignidade”.
APÓS sete anos, crise na Grécia vira depressão. Estado de Minas, Belo Horizonte, 6 maio 2017. Seção Economia. Disponível em: https://oeds.link/BCikmn. Acesso em: 25 abril. 2022.
Leia novamente o gráfico “Cidades europeias: crescimento econômico e crescimento de empregos (2007-2012)” e responda:
- Quais cidades se destacam pelo tamanho da população?
- Quais cidades apresentaram maior declínio da economia e maior desemprego no período?
- Quais cidades apresentaram os maiores índices de crescimento econômico no período?
- Atenas, na Grécia, foi a cidade que apresentou o pior desempenho econômico e na oferta de empregos no período. Essa situação motivou o apôio financeiro da União Europeia ao país em um processo concluído em 2018. Pesquise sobre a situação atual da Grécia e sua relação com a União Europeia. Registre no caderno as suas conclusões.
Economia global e o mundo predominantemente urbano
As transformações sociais, econômicas e políticas influenciadas pela globalização também podem ser observadas no território.
Em meados do século vinte, em torno de 700 milhões de pessoas viviam em cidades. Atualmente, mais da metade da população mundial reside nas áreas urbanas, e as estimativas da Organização das Nações Unidas ( ônu) indicam que a proporção tende a aumentar para 68% em 2050. O gráfico a seguir demonstra o intenso processo de urbanização ocorrido ao longo do século vinte. Observe que a população urbana ultrapassou a rural entre 2005 e 2010.
Mundo: população urbana e rural (1950-2050)
A industrialização das cidades e o exôdo rural foram os principais indutores do intenso processo de urbanização no mundo. Os diversos fluxos migratórios que partiram do campo em direção às cidades foram provocados pelas mudanças produtivas e pelos avanços tecnológicos que também marcaram as atividades rurais. A mecanização da produção agrícola e, no caso do Brasil, a forte concentração de terras contribuíram para o aumento do desemprego estrutural no campo, o que motivou muitos trabalhadores dessas áreas a se deslocarem para as cidades em busca de oportunidades de emprego e condições mínimas de sobrevivência.
No Brasil, esse processo ocorreu mais intensamente entre as décadas de 1970 e 1980, e, acompanhando a tendência verificada no âmbito mundial, o país também se tornou predominantemente urbano. A população que vive nas cidades, atualmente, representa mais de 85% do total, contribuindo para a formação de regiões metropolitanas em torno de grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Pôrto Alegre, Salvador e Belo Horizonte.
Cidades: centros financeiros da economia global
As cidades, atualmente, possuem um papel fundamental para a economia global, pois se configuram como centros de contrôle sobre a circulação de capitais e sobre as cadeias de produção de mercadorias.
Nova iórque, Tóquio, Londres, Xangai, Cingapura, Paris, Fránquifut, los angêlis, Milão, Madri, Zurique, Sydney, entre outras tantas cidades, destacam-se no cenário internacional por concentrar uma ampla rede de infraestruturas e serviços, mercado consumidor e mão de obra qualificada, capaz de atrair unidades administrativas de empresas transnacionais e conectar fluxos internacionais de capital financeiro da economia global.
São Paulo e Rio de Janeiro são as cidades brasileiras mais competitivas internacionalmente, destacando-se na América Latina e alcançando projeção relevante na economia mundial, ainda que em posição inferior à das principais cidades dos países desenvolvidos. Ao longo das últimas décadas, essas cidades criaram estratégias para atrair os fluxos de capital, com a implantação de novos centros financeiros, modernização das infraestruturas urbanas e ampliação de oportunidades lucrativas em novos negócios.
ENCONTRO com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá. Direção: Silvio Tendler. Brasil: Caliban, 2006. Por meio de diálogos com o renomado geógrafo brasileiro Milton Santos, o documentário discute o que é a globalização, como ela tem ocorrido e como poderia ser diferente se os excluídos por ela pudessem participar desse processo.
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
- Por que muitos países se organizam em blocos econômicos regionais?
- Analise a ilustração.
- Explique o processo responsável pela sensação de “encolhimento do mapa-múndi”.
- Cite outros avanços tecnológicos que contribuem para o fenômeno ilustrado.
3. Escreva em seu caderno a relação existente entre os aspectos da globalização mencionados a seguir.
crescimento econômico internacional — rápida expansão dos fluxos financeiros — mundialização da produção — inter-relação dos países
4. Observe o mapa e elabore um texto com pelo menos dois parágrafos analisando a atuação dos blocos regionais no processo de integração econômica do continente africano. Se necessário, pesquise informações adicionais.
ÁFRICA: BLOCOS REGIONAIS (2017)
5. Leia o texto e faça as atividades.
trãmp determina saída dos Estados Unidos da América de acordo comercial com países do Pacífico
dônald trãmp assina decreto que retira os Estados Unidos do Acordo Transpacífico, assinado em outubro de 2015 por mais 11 países. reticências
Durante a campanha, o presidente trãmp já havia anunciado que iria abandonar formalmente a Parceria Transpacífico, por considerar o acordo ruim para os trabalhadores americanos. reticências
A saída dos Estados Unidos da parceria com os países do Pacífico representa uma inversão na tendência de décadas de política econômica internacional reticências de reduzir as barreiras comerciais e expandir o comércio em todo o mundo. Embora os candidatos muitas vezes tenham criticado acordos comerciais na campanha, aqueles que chegaram à Casa Branca, incluindo o [ex-]presidente baráqui Obama, acabaram ampliando o alcance dessas relações.
reticências
Assessores de trãmp afirmam que o novo presidente pretende avançar rapidamente na renegociação do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte ( náfta). reticências
O acordo tem sido um dos principais motores do comércio americano há quase duas décadas, mas há algum tempo tem sido questionado por, supostamente, diminuir a oferta de emprego e reduzir os salários do trabalhador norte-americano.
ROMILDO, José. trãmp determina saída dos Estados Unidos da América de acordo comercial com países do Pacífico. Agência Brasil, Brasília, Distrito Federal, 23 janeiro. 2017. Seção Últimas Notícias – Internacional. Disponível em: https://oeds.link/lHs83y. Acesso em: 25 abril. 2022.
- Por que o ex-presidente dos Estados Unidos baráqui Obama tinha interesse em reduzir as barreiras comerciais e expandir o comércio com outros países?
- De acordo com a reportagem, quais razões levaram o então presidente dos Estados Unidos, dônald tramp, a retirar o país do Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica ( tê pê pê)?
6. Observe o quadro.
País |
Tempo |
---|---|
Filipinas |
3 h 57 min |
Brasil |
3 h 39 min |
Indonésia |
3 h 23 min |
Tailândia |
3 h 10 min |
Argentina |
3 h 09 min |
Egito |
3 h 09 min |
México |
3 h 07 min |
Nigéria |
3 h 02 min |
Malásia |
3 h 00 min |
Emirados Árabes |
2 h 56 min |
Elaborado com base em dados obtidos em: Digital in 2018: world's internet users pass the 4 billion mark. We are social, London, 30 . 2018. Disponível em: janeiro https://oeds.link/bjtqjR. Acesso em: 25 . 2022. abril
- Qual é a participação dos brasileiros na lista dos países com maior tempo gasto em redes sociais?
- Além da maior comunicação entre as pessoas, quais consequências, em termos culturais, são provocadas pelo contexto atual da globalização?
Ser no mundo
Consumo global, impactos locais
Na economia globalizada, as empresas transnacionais criam diversas estratégias de marketing para vender a imensa quantidade de bens e serviços produzidos em determinado local e ofertados em diversas outras regiões do mundo.
No entanto, esses padrões de consumo massificados implicam consequências negativas para o meio ambiente e até para a saúde da população. Leia o texto a seguir.
A ‘globalização’ da poluição afeta a saúde das pessoas em todo o mundo
Com ampla oferta de mão de obra e regulações e infraestrutura que facilitam as exportações, a China se transformou no maior centro industrial do mundo. Bens por lá produzidos são distribuídos por todo o planeta, assim como a poluição. reticências
Pesquisadores da Universidade deEast Anglia, na Inglaterra, utilizaram modelos para estimar a mortalidade prematura relacionada com a poluição por material particulado fino ( pê ême 2.5) em 13 regiões, que englobam 228 países. O foco foi nos óbitos por doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica. Das 3,45 milhões de mortes prematuras registradas em 2007, cêrca de 12% ou 411.100 foram provocadas por poluentes emitidos em outra região do mundo.
“Isso indica que a mortalidade prematura relacionada com a poluição do ar é mais que uma questão local”, disse Dabo Guãn, coautor do estudo e professor da Escola de Desenvolvimento Internacional de East Anglia. “Nossos resultados quantificam a extensão da poluição do ar como um problema global.”
Consumo num país, poluição em outro
reticências os pesquisadores estimaram que 22% das mortes prematuras, ou . setecentas e sessenta e duas quatrocentas, estavam associadas com a poluição gerada na produção de bens e serviços numa região, mas consumidos em outra. Produtos consumidos nos Estados Unidos da América, por exemplo, provocam mortes na China, onde eles foram fabricados. Dessa fórma, alertam os cientistas, a economia gerada pelo custo menor de produção em países onde os contrôles sobre a emissão de poluentes é mais frouxa resulta em perdas de vidas em outros locais.
“O comércio internacional está globalizando a questão da mortalidade provocada pela poluição do ar, por permitir que as atividades de produção e consumo sejam fisicamente separadas”, destacou Guãn. “Na nossa economia global, bens e serviços consumidos em uma região podem envolver a geração de grandes quantidades de poluentes, e a mortalidade relacionada, em outras regiões.”
reticências
Os autores sugerem que a adoção de políticas regionais para regular a qualidade do ar pela imposição de um preço para a emissão de poluentes pode ser eficaz, e em alguns casos os custos de tais políticas poderiam ser compartilhados por consumidores em outras regiões. Entretanto, existem evidências de que indústrias poluentes tendem a migrar para países com regulações mais frouxas, o que provoca uma tensão entre a necessidade de melhorar a qualidade do ar e de atrair investimentos internacionais diretos.
“A melhoria de contrôle de poluentes na China, na Índia e no resto da Ásia traria um imenso benefício para a saúde pública naquelas regiões e em todo o mundo, e uma cooperação internacional para apoiar esses esforços na redução da poluição e do ‘vazamento’ das emissões pelo comércio internacional é de interesse global”, dizem os pesquisadores.
A ‘GLOBALIZAÇÃO’ da poluição afeta a saúde das pessoas em todo o mundo. O Globo, Rio de Janeiro, 29 março. 2017. Seção Saúde.
- Com base na discussão apresentada no texto, você identifica aspectos da integração mundial característicos de uma economia globalizada?
- A discussão proporcionada pelo texto indica uma interpretação mais associada ao termo globalização ou mundialização? Justifique sua conclusão.
Glossário
- Meios de produção
- Máquinas, equipamentos, matérias--primas, terras, entre outros elementos necessários ao processo de produção de mercadorias.
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- Capital
- Riqueza, patrimônio. Também se refere aos recursos destinados ao investimento em uma produção.
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- Visão eurocêntrica
- Aquela que considera apenas os valores europeus, por colocar a Europa em uma posição central em relação ao restante do mundo.
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- Xenofobia
- Sentimento de aversão a povos estrangeiros, alimentado por questões religiosas, culturais ou até mesmo sociais e econômicas e muitas vezes ligado a preconceitos e ideologias racistas.
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