UNIDADE três  O continente europeu

Fotografia. Vista para a área interna de um auditório. No primeiro plano, mesas dispostas em semicírculo, com microfones e pequenas telas apoiadas sobre elas. Diversas pessoas de costas, sentam-se às mesas e observam a bancada e o púlpito situadas no centro do auditório. No plano de fundo, uma mulher está em pé sobre o púlpito. Atrás dela, uma bancada larga com algumas pessoas sentadas. E atrás da bancada, a bandeira da União Europeia no centro e diversas bandeiras de países nas laterais.
Reunião de líderes no parlamento da União Europeia, em Estrasburgo, França (2022).
Fotografia. Uma multidão de pessoas reunidas em um espaço público aberto, durante a noite, vestindo agasalhos e gorros. Elas parecem estar cantando e algumas seguram a bandeira do Reino Unido e da Inglaterra.
Um grupo de britânicos comemora a saída do Reino Unido da União Europeia em Londres, 2020.
Fotografia. Vista de um curso d’água sob uma ponte pênsil iluminada de vermelho. As margens do curso d’água são ocupadas por uma densa área urbana. No plano de fundo, a área urbana é composta por edifícios altos e grande avenida que dá acesso à ponte. O céu tem cor alaranjada e há pouca luminosidade natural; as luzes das construções estão acesas.
A Turquia possui parte de seu território no continente europeu e parte na Ásia, e é candidata a tornar-se membro da União Europeia. Na fotografia, é possível observar uma ponte em Istambul que faz a ligação entre os trechos europeu e asiático do país (2021).

Os países que constituem o continente europeu são diferentes entre si, não apenas nos aspectos natural, populacional e cultural, mas também no socioeconômico. Alguns desses países são grandes potências econômicas, enquanto outros apresentam economias mais frágeis, mas são reconhecidos por seus bons indicadores sociais.

Mesmo assim, o continente europeu também enfrenta problemas.

Você sabe quais são os países europeus de maior destaque na economia? E os países com melhores indicadores sociais? Que problemas você acha que o continente europeu enfrenta?

Você verá nesta Unidade:

Aspectos físicos gerais do continente europeu

Aspectos culturais

Problemas ambientais e sustentabilidade

Matriz energética europeia

Regionalização do continente

Aspectos econômicos das regiões e de alguns países do continente

Aspectos gerais da população

Política e crise da União Europeia

CAPÍTULO 5  Europa: quadro natural e regionalização

O continente europeu está situado no hemisfério norte, quase totalmente na Zona Temperada, com exceção do extremo norte, localizado na Zona Polar. É possível regionalizá-lo em quatro grandes regiões: Europa Ocidental, Europa Setentrional, Europa Centro-Oriental e Europa Mediterrânea.

Na imagem de satélite a seguir, é possível observar que a Europa está ligada à Ásia por terras continentais contínuas. Há, inclusive, países cujos territórios estão divididos entre os dois continentes, como a Rússia e a Turquia.

O relevo do continente europeu é marcado por montanhas e planícies. A hidrografia é densa, com variados cursos de água, usados para diversos fins econômicos. O clima predominante é o temperado. A vegetação é variada, com predomínio de Florestas Temperadas. Entretanto, grande parte dessas florestas já foi derrubada, e o continente sofre com o desmatamento.

A Europa vem buscando, nos últimos anos, novas políticas sustentáveis, principalmente no campo energético, para diminuir suas emissões de cê ó dois. Porém, ainda é muito dependente de fontes de energia não renováveis e altamente poluentes, como o petróleo e o carvão, e da importação de petróleo e gás natural.

Imagem de satélite. Vista do planeta Terra com destaque para o continente europeu, norte da África, Península Arábica e o Ártico. Os oceanos e mares são apresentados em azul.
Imagem de satélite do planeta Terra em que o continente europeu aparece ao centro (2017).

O relevo e a hidrografia

Três unidades de relevo destacam-se no continente europeu. Observe o mapa.

EUROPA: FÍSICO

Mapa. Europa: físico. Mapa físico da Europa, indicando as diversas altitudes da superfície do continente, que variam de zero a 2.000 metros. Altitudes de 2.000 metros concentram-se principalmente nos Alpes Escandinavos, Pirineus, Alpes, Apeninos, Cárpatos, Cáucaso e Pindo. As terras mais baixas, com altitudes entre zero e 500 metros concentram-se na Planície Germano-Polonesa, Planalto Central Russo, Montes Urais, Planície Sarmática, Planalto Lacustre da Finlândia, Ilha da Grã-Bretanha e Planície da Hungria. A maior parte da Península Ibérica, os Bálcãs e o Maciço Central Francês têm altitudes entre 500 e 2.000 metros. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 460 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 88.
  • Maciços antigos. Montanhas muito antigas, que se situam no centro-norte e no leste do continente, dentre as quais se destacam os montes Urais – que separam a Europa da Ásia, a leste – e os Alpes Escandinavos.
  • Planícies centrais. Localizadas na região central, apresentam grande extensão e solos muito férteis, onde predominam o cultivo de cereais e a criação de gado.
  • Cordilheiras recentes. Montanhas jovens e de elevada altitude: os Pireneus, os Cárpatos, os Alpes, os Apeninos, os Alpes Dináricos, os Bálcãs e a cadeia do Cáucaso.

Também são encontradas no continente algumas áreas de depressão, ou seja, que estão abaixo do nível do mar. A mais conhecida é a dos Países Baixos, país famoso pelos seus diques e pôlderesglossário .

Em áreas de clima de alta montanha ou próximas às regiões polares, há vazios demográficos.

Outra característica física que se destaca na Europa é seu aspecto recortado e irregular devido aos mares interiores e ao grande número de penínsulas e arquipélagos.

A rede hidrográfica europeia é densa e apresenta numerosos cursos de água. Seus rios e mares são utilizados para geração de energia, irrigação, comércio e navegação. Além disso, constituem importantes eixos de integração entre os países do continente. Dentre os rios europeus, destacam-se o Volga – o mais extenso, na Rússia – e o Reno, que nasce nos Alpes suíços e deságua no Mar do Norte, junto ao Pôrto de Roterdã (Países Baixos).

O clima e as paisagens

Com base nos aspectos naturais, é possível distinguir três grandes regiões europeias com características climáticas e formações vegetais bem definidas.

  • Europa do norte. Nas latitudes superiores a 60grausnorte, predominam os climas frio e polar, onde ocorrem a Floresta Boreal e a Tundra, e há menor densidade demográfica.
  • Europa das planícies. Destaca-se pelo clima temperado oceânico (com temperaturas amenas e chuvas bem distribuídas ao longo do ano) e continental (mais seco que o oceânico e com grandes variações de temperatura). A vegetação típica é a Floresta Temperada. Na porção leste da região, ocorrem o clima semiárido e as Pradarias.
  • Europa do sul. As terras voltadas para o mar Mediterrâneo apresentam as médias térmicas mais altas da Europa, com verões secos e invernos chuvosos, principais características do clima mediterrâneo. Lá encontramos formações vegetais arbóreas e arbustivas que constituem a Vegetação Mediterrânea. Nessa região há também cadeias montanhosas, que apresentam clima frio de montanha e Vegetação de Altitude.

EUROPA: CLIMA

Mapa. Europa: clima. Mapa dos tipos de clima do continente europeu. Temperado: porção central do continente. Mediterrâneo: porção litorânea banhada pelo Mar Mediterrâneo e Negro. Semiárido: porção leste e sudeste do continente. Frio: porção norte e nordeste do continente. Polar: extremo norte do continente e Islândia. Frio de montanha: norte da Itália, faixa na Escandinávia e no Cáucaso. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 705 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 20.

EUROPA: VEGETAÇÃO

Mapa. Europa: vegetação. Mapa dos tipos de vegetação do continente europeu. Tundra: extremo norte do continente e Islândia. Floresta Boreal (Coníferas/Taiga): porção norte e nordeste do continente. Floresta Temperada e Subtropical: porção central, parte da porção leste e norte e Ilhas Britânicas. Vegetação de Deserto: pequena área na porção sudeste. Vegetação Mediterrânea: na porção sul- litorânea do continente. Pradarias: parte da porção sul e no sudeste. Vegetação de altitude: área na porção sudeste, norte da península italiana e faixa na Escandinávia. Regiões cultivadas: predominante em toda a porção central, parte do norte, parte do sul e sudeste. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 705 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar: Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2010. página. 106.
Multiculturalismo.

As paisagens e os aspectos culturais

Apesar de ter uma área menor que a de outros continentes, a Europa é reconhecida pela grande diversidade dos aspectos culturais de sua população. Abriga idiomas, modos de vida, hábitos e costumes variados.

As diferentes paisagens que se formam com base na interação da sociedade com o espaço desempenham um papel fundamental para que cada região europeia apresente características culturais próprias.

Na Islândia, onde predomina o clima polar, caracterizado pelas baixas temperaturas o ano todo e pela ocorrência de precipitações em fórma de neve, é comum encontrar casas com telhados de turfa, isto é, um conglomerado de vários tipos de plantas. Há séculos, a população utiliza esse recurso para aquecer e isolar termicamente as moradias e aguentar as baixas temperaturas ao longo do ano. Observe a fotografia de casas com telhados de turfa.

Fotografia. No primeiro plano, superfície plana, coberta por gramíneas. No segundo plano, pequeno curso d’água e três casas com revestimento escuro, janelas brancas e telhados de turfas em tons de verde e marrom. No terceiro plano, árvores altas e sem folhas e montanhas cobertas de neve.
Casas com telhados de turfa, alternativa utilizada em residências da Islândia para ajudar os moradores a suportar o clima rigoroso. Scúgar, Islândia (2021).

Na região mediterrânea, os verões são quentes e secos e os invernos são úmidos e com temperaturas amenas. Essas características são favoráveis ao desenvolvimento da agricultura, com cultivo de uva, trigo, oliva, batata, beterraba e frutas cítricas. Também nessa região é relevante a prática da pesca. Peixes e frutos do mar retirados do mar Mediterrâneo são utilizados amplamente na alimentação da população local.

Fotografia. No primeiro plano, destaque para uma grande panela com arroz e mexilhões. Atrás da panela, um homem de boné, camiseta branca e avental preto serve a comida em um prato branco com uma escumadeira. No segundo plano, espaço público aberto com mesas, cadeiras e pessoas sentadas.
Homem serve paella, prato feito com arroz e frutos do mar típico da região mediterrânea. Ilha de Tenerife, Espanha (2021).
Meio ambiente.

Os problemas ambientais

Apesar de os governos e as organizações internacionais terem criado planos de contrôle para diminuição de danos ao ambiente – como a reciclagem de resíduos sólidos, a proibição da gasolina com chumbo e da fabricação de cê éfe cê –, os problemas ambientais são uma questão com a qual os países europeus têm se preocupado cada vez mais.

Veremos, a seguir, os principais problemas ambientais da Europa.

  • Chuva ácida. O uso de combustíveis fósseis, sobretudo carvão, contribui para a formação e emissão de compostos que reagem na atmosfera formando soluções ácidas que precipitam com as chuvas. As chuvas ácidas podem causar corrosões, por exemplo, em peças metálicas ao ar livre.
  • Desertificação. Processo de degradação do solo causado por recorrentes incêndios, pelas mudanças climáticas e pela ação humana. Tem atingido principalmente o sul da Europa.
Fotografia. No primeiro plano, destaque para uma superfície plana com solo exposto seco e com rachaduras, na cor areia. No segundo plano, um muro arredondado e fragmento de vegetação rasteira. No terceiro plano, montanha com vegetação arbustiva e árvores.
A estiagem no sul da Espanha causou o esgotamento de algumas barragens, agravando a desertificação na região. Fotografia do município de Múrcia (2017).
  • Exploração dos recursos pesqueiros. Bastante concentrada no Mediterrâneo e no Atlântico, tem posto em risco de extinção algumas espécies de peixes.
  • Resíduos nucleares. Além de gerar resíduos, a energia nuclear traz riscos de vazamentos e explosões.
  • Destruição da vegetação nativa. Os incêndios florestais têm dizimado espécies animais típicas do continente, como o lince e o bisão europeu.

Atualmente, o maior desafio ambiental para os países europeus é reduzir os níveis de emissão de gases que contribuem para o aquecimento global, como o cê ó dois. Entre os países europeus com mais emissões de gases de efeito estufa, estão Rússia, Alemanha e Reino Unido.

O desastre de xernobíl

O mais grave acidente nuclear em território europeu ocorreu em abril de 1986, quando um dos quatro reatores da usina de xernobíl, na Ucrânia (então parte da União Soviética), explodiu. Além de 47 funcionários mortos, a explosão provocou doenças e a morte de muitos habitantes da região nos anos posteriores, em consequência da radiação espalhada na atmosfera.

Em busca da sustentabilidade

A queima de combustíveis fósseis é o principal responsável pela emissão de gases de efeito estufa. O petróleo é usado como combustível para os veículos e também nas indústrias, enquanto o carvão é empregado basicamente em termelétricas.

Em resposta aos problemas ambientais que vem enfrentando, a Europa adotou uma nova postura em relação à produção e ao consumo de combustíveis, entre outros aspectos. Em 2021, a União Europeia (u ê) estabeleceu como meta cortar 55% das emissões de gases de efeito estufa em comparação com os níveis de 1990 e aumentar a participação das fontes renováveis na matriz energética para 45% até 2030.

A estratégia sustentável dos países europeus está atrelada a políticas ambientais mais rígidas e à implementação de infraestruturas que possibilitem modos de vida menos poluidores.

As cidades inteligentes

Atualmente, muitas cidades se voltam para o crescimento econômico sustentável e para a conectividade entre diferentes serviços. São as chamadas cidades inteligentes.

Santander, na Espanha, é um modelo de cidade inteligente. A instalação de sensores em diversos pontos desse centro urbano possibilita o recolhimento de informações sobre qualidade do ar, coleta de lixo, situação do trânsito e iluminação pública. Os sensores enviam dados que possibilitam saber, por exemplo, onde há acidentes de trânsito, congestionamentos ou lixo para recolher; em que locais é necessário aumentar ou diminuir a intensidade da iluminação pública; itinerários e horários de ônibus etcétera. Informações sobre trânsito, pontos turísticos e zonas de poluição são disponibilizadas em tempo real para os cidadãos por meio de um aplicativo.

Fotografia. No primeiro plano, destaque para uma bancada com dois monitores de computadores ligados, teclados, mouses e outros objetos. No segundo plano, diversos monitores retangulares compõem um grande painel com a fotografia de uma área urbana. Nas laterais do painel, há relatórios e gráficos.
Sistema inteligente de operações para gestão urbana apresentado em um congresso sobre cidades inteligentes e mobilidade urbana realizado em Barcelona, Espanha (2018).

Matriz energética europeia

As principais fontes de energia que constituem a matriz energética da Europa são:

  • gás e petróleo: a exploração e a produção desses recursos energéticos em território europeu ocorrem no Mar do Norte, na costa da Dinamarca, da Escócia, da Inglaterra e da Noruega, a principal produtora. No entanto, essa produção é incapaz de suprir a demanda europeia, e alguns países são obrigados a importar grandes quantidades desses recursos;
  • carvão: embora ainda seja bastante utilizado nas termelétricas, sua produção vem desacelerando, em virtude do esgotamento e das limitações na exploração das jazidas carboníferas, além da pouca viabilidade econômica dessa fonte de energia altamente poluente. Os maiores produtores em 2019 eram a Alemanha, a Polônia e a Turquia;
  • energia nuclear: é a principal fonte de energia usada na Europa. O uso de energia nuclear foi antes uma opção política do que tecnológica, em decorrência do preço do petróleo, que disparou na década de 1970. Além disso, essa fonte de energia é considerada limpa, pois não libera gases poluentes. Em 2019, o país com maior fornecimento de energia nuclear na Europa era a França.
Fotografia. No primeiro plano, rodovia com carro circulando e margens cobertas de floresta densa e árvores com folhas verdes. No segundo plano, reservatórios e galpões de usina termelétrica com fumaça densa sendo lançada pelas chaminés e cobrindo grande parte do céu.
A Alemanha é um dos países que mais poluem na União Europeia. Parte significativa dessa poluição está atrelada às usinas termelétricas, que utilizam o carvão como fonte de energia. Na fotografia, usina termelétrica em Boxberg, Alemanha (2022).

A importação de fontes de energia

Um dos principais problemas da maior parte dos países da Europa é a dependência em relação a seus poucos fornecedores de gás natural e de petróleo. A maior parte do gás utilizado em 2019 na União Europeia, por exemplo, vinha da Rússia e, em seguida, da Noruega e da Argélia. O petróleo era importado principalmente da Rússia, do Iraque, da Nigéria e da Arábia Saudita.

O gás natural russo atravessa diversos países europeus. Alguns deles, como a Ucrânia, encontram-se em uma situação estratégica para a definição do fluxo desse recurso e de possíveis restrições. Isso demonstra a fragilidade desses países diante de recursos fundamentais para sua economia e sobrevivência, já que os sistemas de aquecimento das casas no inverno dependem desse recurso.

Observe o mapa a seguir, que apresenta os principais gasodutos na Europa.

EUROPA: PRINCIPAIS GASODUTOS PARA ABASTECIMENTO (2019)

Mapa. Europa: principais gasodutos para abastecimento – 2019. Mapa mostrando os países produtores de gás consumido pela Europa e a distribuição dos gasodutos existentes no continente. Países produtores de gás: Rússia, Noruega, Argélia, Líbia, Egito, Irã, Azerbaijão. Gasodutos existentes da Rússia em direção ao Cazaquistão, Ucrânia, Belarus, Polônia, Ucrânia, Moldávia, Romênia, Bulgária, Turquia, Macedônia, Belarus, Eslováquia, República Tcheca, Alemanha, Albânia, Itália e Estônia. Da Noruega em direção à Dinamarca, Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Países Baixos. Da Argélia em direção à Espanha, Malta e Itália. Da Líbia em direção à Malta e Itália. Na porção inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 385 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: The battle over Nord Stream: gas pipelines and LNG carriers. Le Monde diplomatique, Paris, maio, 2021. Seção Maps. Disponível em: https://oeds.link/46i8pt. Acesso em: 25 abril. 2022.
Meio ambiente.

A revisão das políticas energéticas

A Europa produz metade da energia que consome, e mais da metade de sua matriz energética é composta de combustíveis fósseis. Preocupados com a dependência externa em relação a essas fontes de energia e com os altos níveis de poluição provocados pela queima desses combustíveis, os europeus têm se voltado para a revisão de suas políticas energéticas e o desenvolvimento de energias renováveis.

Entre as opções de fontes renováveis estão:

  • a biomassa, que pode ser convertida em combustível de alta qualidade, como o biodiesel, produzido a partir de óleos vegetais extraídos do girassol, do trigo e da soja; o bioetanol, obtido da fermentação controlada e da destilação de resíduos orgânicos, como o bagaço da cana-de-açúcar e da beterraba; e o biogás, produzido a partir de dejetos animais e restos vegetais;
  • a geração de energia por meio de hidrelétricas, insuficiente para abastecer a demanda europeia;
  • a energia geotérmica, produzida por meio do aproveitamento do calor existente no interior do planeta, que eventualmente se encontra próximo à superfície terrestre. Esse tipo de ocorrência se restringe a locais onde há fontes de água quente e gases, como a Islândia;
  • a energia eólica e a energia solar, cuja produção aumentou nos últimos anos, mas ainda em velocidade muito pequena em relação à demanda.

Também se buscam alternativas para reduzir o nível das emissões dos gases de efeito estufa, como o incentivo à utilização da bicicleta como meio de locomoção e a viabilização comercial do carro elétrico. As indústrias têm de obedecer a legislações rigorosas, com valores-limite de emissão de substâncias poluentes e normas que garantam a proteção do solo, da água e do ar, por exemplo.

Fotografia. No primeiro plano, vista para as pistas de uma avenida com automóveis em circulação, ciclovia com diversos ciclistas passando vestindo agasalhos e capacetes e calçada da rua. No segundo plano, ponto de ônibus, edifícios baixos e árvores.
O incentivo aos meios de transporte alternativos não poluentes, como a construção de ciclovias, tem obtido sucesso em diversas cidades europeias. Na fotografia, ciclistas em Copenhague, Dinamarca (2021).

Ícone. Seção Integrar conhecimentos. Composto por uma mão segurando um globo formado de peças de quebra-cabeça.

Integrar conhecimentos

Geografia e Ciências

Meio ambiente.

Cidades e desenvolvimento sustentável

O compromisso com o desenvolvimento sustentável assumido por países europeus pode ser verificado também nas áreas urbanas. O continente se destaca pelos variados programas de inovação para incentivar o uso de fontes de energia consideradas limpas e tornar as cidades europeias mais sustentáveis.

Em 2010, a Comissão da União Europeia criou um prêmio para reconhecer cidades que promovem iniciativas sustentáveis. Ele é destinado a cada ano a cidades com mais de 100 mil habitantes nos estados-membros da União Europeia, países candidatos à União Europeia, Islândia, lichten stáin, Noruega e Suíça. Leia o texto a seguir.

A Capital Verde da Europa trata-se de uma iniciativa da Comissão Europeia que visa à melhoria do ambiente e ao desenvolvimento sustentável, bem como o seu potencial enquanto modelo a seguir e promotor de boas práticas.

A Comissão Europeia há muito que reconhece o papel importante que as autoridades locais desempenham na melhoria do ambiente e o seu elevado nível de compromisso para com um progresso sustentável. Este prêmio destina-se a promover e a recompensar esses esforços, para estimular as cidades a se comprometerem com novas ações, incentivando o intercâmbio de boas práticas noutras cidades europeias.

A primeira Capital Verde Europeia foi premiada em 2010 e, seguidamente, outras cidades foram distinguidas sob o slogan da campanha de divulgação: Green Cities fit for Life (Cidades Verdes aptas para a Vida).

Objetivos

  • Premiar cidades que tenham um registo consistente em alcançar altos padrões ambientais;
    • Encorajar cidades a alcançar objetivos ambiciosos no que diz respeito a melhorias ambientais e desenvolvimento sustentável;
    • Proporcionar um modelo para inspirar outras cidades e promover boas práticas e experiências em todas as cidades europeias.

UNIÃO EUROPEIA. Informação Europeia ao Cidadão. Capitais Verdes Europeias. Enquadramento e objetivos. Seção á bê cê da União Europeia. Disponível em: https://oeds.link/bZFVZx. Acesso em: 25 abril. 2022.

Fotografia. No centro, vista para uma ciclovia vermelha entre duas calçadas. Na calçada direita, placa de trânsito e fachada de edifício. Na calçada esquerda, pessoas em pé no ponto de ônibus. Ao lado esquerdo, rua com ônibus estacionado no ponto.
A cidade de Tálim, na Estônia, foi eleita a Capital Verde da Europa 2023. Entre as iniciativas sustentáveis promovidas pela cidade, destaca-se o fornecimento de transporte público gratuito desde 2013. Fotografia de 2021.

Em sua opinião, que iniciativas deveriam ser consideradas para escolher uma cidade de acordo com os objetivos da premiação apresentada?

Regionalização da Europa

Apesar das diferenças internas dos países europeus, o continente pode ser regionalizado de acordo com os critérios geográficos de localização.

  • Europa Ocidental: onde se encontram as principais economias do continente, algumas com grande destaque no mundo, como Alemanha, Reino Unido e França. Foi nessa região que se iniciou o processo de industrialização, com a Revolução Industrial na Inglaterra no século dezenove;
  • Europa Setentrional: constituída pela península Escandinava, os países bálticos (ex-socialistas), a Dinamarca, a Islândia e a Finlândia. A economia desses países se destaca pela exploração madeireira das Florestas de Coníferas e pela pesca;
  • Europa Centro-Oriental: também chamada de Leste Europeu, a região é composta de países ex-socialistas e uma parte da Rússia. Na região central, estão as economias mais industrializadas, como a República Tchéca e a Polônia. Na parte mais oriental, estão parte dos países que formam, com a Rússia, a Comunidade dos Estados Independentes (sei);
  • Europa Mediterrânea: engloba três penínsulas: a Ibérica, a Itálica e a Balcânica. Na região, formaram-se civilizações como a grega e a romana, cujas ruínas atraem milhares de turistas do mundo inteiro. A atividade agrícola ainda é forte nessa região. O país com melhores índices econômicos é a Itália.

EUROPA: REGIONALIZAÇÃO

Mapa. Europa: Regionalização. Mapa mostrando a regionalização do continente europeu. Europa Ocidental: Irlanda, Reino Unido, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, França, Suíça, Áustria, Luxemburgo, Mônaco e Liechtenstein. Europa Setentrional: Islândia, Noruega, Suécia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Dinamarca. Europa Centro-Oriental: Rússia (parte europeia), Belarus, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Macedônia, Albânia, Bulgária, Kosovo, Romênia, Sérvia, Moldávia, Ucrânia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão. Europa Mediterrânea: Portugal, Espanha, Andorra, Itália, San Marino, Vaticano, Malta, Grécia e Turquia (parte europeia). Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 395 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: Atlante geografico metodico De Agostini. Novara: Istituto De Agostini, 2011. página. 138.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Observe, novamente, o mapa “Europa: Físico” e liste as três principais unidades do relevo europeu. Cite dois exemplos de cada uma delas.
  2. Qual é a importância econômica dos rios e dos mares europeus? Justifique sua resposta.
  3. Observe o mapa e os gráficos. Eles indicam duas cidades que se localizam aproximadamente na mesma latitude, mas possuem diferenças climáticas significativas. Que diferenças são essas? Que elementos influenciadores do clima podem explicar essas diferenças?

REINO UNIDO E RÚSSIA

Mapa. Reino Unido e Rússia. Mapa de localização do Reino Unido e da Rússia no continente europeu e climograma das cidades de Edimburgo e Moscou. Na porção superior mapa do continente europeu, destaque para o Reino Unido (em lilás) e a localização da cidade de Edimburgo no norte do país; e destaque para a porção europeia da Rússia (em vermelho), com destaque para a cidade de Moscou. Na parte inferior, os climogramas. Climograma de Edimburgo. Gráfico de colunas para representar a precipitação em milímetros e de linha para representar a temperatura em graus Celsius. No eixo vertical da esquerda, os valores de temperatura. No eixo vertical da direita, os valores de precipitação. No eixo horizontal, cada mês do ano. Janeiro: 4 graus Celsius e 60 milímetros de precipitação. Fevereiro: 5 graus Celsius e 40 milímetros de precipitação. Março: 6 graus Celsius e 40 milímetros de precipitação. Abril: 7 graus Celsius e 40 milímetros de precipitação. Maio: 10 graus Celsius e 60 milímetros de precipitação. Junho: 12 graus Celsius e 45 milímetros de precipitação. Julho: 15 graus Celsius e 80 milímetros de precipitação. Agosto: 15 graus Celsius e 70 milímetros de precipitação. Setembro: 12 graus Celsius e 65 milímetros de precipitação. Outubro: 9 graus Celsius e 66 milímetros de chuva. Novembro: 8 graus Celsius e 65 milímetros de precipitação. Dezembro: 7 graus Celsius e 60 milímetros de precipitação. Climograma de Moscou Gráfico de colunas para representar a precipitação em milímetros e de linha para representar a temperatura em graus Celsius. No eixo vertical da esquerda, os valores de temperatura. No eixo vertical da direita, os valores de precipitação. No eixo horizontal, cada mês do ano. Janeiro: menos 10 graus Celsius e 35 milímetros de precipitação. Fevereiro: menos 8 graus Celsius e 32 milímetros de chuva. Março: menos 4 graus Celsius e 36 milímetros de precipitação. Abril: 2 graus Celsius e 38 milímetros de precipitação. Maio: 10 graus Celsius e 52 milímetros de precipitação. Junho: 15 graus Celsius e 68 milímetros de precipitação. Julho: 18 graus Celsius e 75 milímetros de precipitação. Agosto: 17 graus Celsius e 76 milímetros de precipitação. Setembro: 12 graus Celsius e 60 milímetros de precipitação. Outubro: 3 graus Celsius e 50 milímetros de precipitação. Novembro: menos 5 graus Celsius e 40 milímetros de precipitação. Dezembro: menos 10 graus Celsius e 40 milímetros de precipitação. No mapa, rosa dos ventos e escala de 0 a 355 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: Atlas National Geographic: Europaum e dois. Portugal: érre bê á Coleccionables, 2005. página. 52; 86; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página. 32; 58.

4. Observe o gráfico.

EUROPA: PAÍSES COM GÁS FORNECIDO PELA RÚSSIA (2020)

Gráfico. Europa: países com gás fornecido pela Rússia, 2020. Gráfico de colunas com a porcentagem de gás russo por país da Europa. O percentual está apresentado no eixo vertical e os países estão no eixo horizontal. Bósnia-Herzegovina: 100%. Dado de 2019. Macedônia: 100%. Dado de 2019. Moldávia: 100%. Dado de 2019. Finlândia: 94%. Letônia: 93%. Sérvia: 89%. Dado de 2019. Estônia: 79%. Dado de 2019. Bulgária: 77%. Eslováquia: 70%. Croácia: 68%. República Tcheca: 66%. Áustria: 64%. Dado de 2019. Grécia: 51%. Alemanha: 49%. Dado de 2019. Itália: 46%. Lituânia: 41%. Polônia: 40%. Hungria: 40%. Eslovênia: 40%. França: 24%. Dado de 2019. Países Baixos: 11%. Dado de 2019. Romênia: 10%. Geórgia: 6%. Dado de 2019.
Elaborado com base em dados obtidos em: SHARE of gas supply from Russia in Europe in 2020, by selected country. Statista, 3 março. 2021. Seção Statistics. Disponível em: https://oeds.link/9OvP3J. Acesso em: 25 abril. 2022. * Países com dados de 2019.

Do ponto de vista geopolítico, como as reservas de gás natural permitem à Rússia estabelecer seu poder na Europa?

CAPÍTULO 6  Europa: economia e população

Embora o continente europeu seja conhecido pelos indicadores econômicos e sociais elevados, existem grandes diferenças entre os países que o constituem.

Há países que se destacam economicamente no continente e possuem projeção e peso em decisões internacionais relacionadas a política, economia e meio ambiente, como Alemanha, Reino Unido e França. Atualmente, a Alemanha é a maior economia da Europa e uma das maiores do mundo.

Também há países com economias menos destacadas em relação aos citados anteriormente, mas com altos Índices de Desenvolvimento Humano (í dê agá), como Noruega, Dinamarca e Suécia.

Por outro lado, há os países com economias menos dinâmicas e mais frágeis, como Portugal, Espanha e Grécia, que apresentam indústria menos desenvolvida e forte presença da agricultura na economia. Neles, o setor de serviços cresceu devido ao turismo, atividade que se tornou importante para a economia desses países.

A população europeia concentra-se nas grandes cidades e nas áreas mais urbanizadas do continente. De maneira geral, ela vem apresentando baixo crescimento nas últimas décadas, o que deve levar a um crescimento vegetativo negativo.

Fotografia. À direita, Fonte de Trevi composta por um espelho d’água ao lado de uma construção histórica, cuja fachada possui diversas janelas nas laterais e um portal com estátuas e colunas greco-romanas no centro. À esquerda, diversas pessoas em pé e sentadas, segurando câmeras fotográficas e celulares observam a fonte. Ao fundo, edifícios baixos e acima, céu azul com nuvens.
O turismo é uma importante fonte de renda para o setor terciário em vários países do continente europeu. Na fotografia, Fonte de Trevi (Fontana di Trevi), Roma (2021), um dos principais pontos turísticos da Itália.

A agricultura, a pecuária e a pesca

Na economia europeia, o uso intensivo de tecnologia e a contínua inovação dos processos permitem a otimização de recursos e levam à redução do número de trabalhadores empregados no campo e a um elevado índice de produtividade.

A agricultura europeia em geral é produtiva por causa do desenvolvimento técnico e da intensa mecanização de seus processos. A maior parte da produção agrícola é consumida no próprio continente.

De acordo com as condições naturais, ao longo dos séculos, cada país foi se especializando na produção de determinados produtos agropecuários. Os países do sul, que dispõem de maior quantidade de horas de sol ao ano, são os principais fornecedores de frutas e hortaliças, enquanto os países do centro-norte são os maiores produtores de cereais e leite (observe o mapa a seguir). Essa especialização regional é facilitada pela boa rede comercial existente entre eles. Veremos adiante que os produtores agrícolas de alguns países recebem subsídios da União Europeia por meio da Política Agrícola Comum (pác).

No norte do continente, a pecuária bovina e suína recebe destaque com a produção intensiva para atender à demanda de carne e leite da população.

A pesca também é muito importante para a economia europeia. Nessa atividade, destacam-se Rússia, Noruega, Islândia, Portugal e Espanha.

EUROPA: AGROPECUÁRIA

Mapa. Europa: agropecuária. Mapa do continente europeu mostrando a distribuição dos modelos de produção agrícola e pecuária. Criação nômade de gado (pastoreio): extremo norte do continente. Criação extensiva de gado: porção sudeste do continente. Criação intensiva de gado: norte da Itália, Ilhas Britânicas, norte do continente e sul da península Escandinava. Agricultura associada à criação de gado: porção central e nordeste do continente e norte da Península Ibérica. Agricultura comercial de cereais: porção sudeste do continente. Agricultura mediterrânea: porção sul-litorânea. Áreas não utilizadas pela agropecuária: parte da porção norte, Islândia e faixa ao sul entre o Mar Negro e o Mar Cáspio. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 545 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 46.

A indústria

O continente europeu, pioneiro no desenvolvimento da indústria com a Revolução Industrial, mantém um papel de destaque mundial no setor.

Observe, no mapa Europa: organização do espaço econômico, que Alemanha, França, Reino Unido e Itália, que abrigam os principais centros e regiões industriais, compõem o espaço mais dinâmico da economia europeia.

A Europa Centro-Oriental, embora menos desenvolvida, passa por uma reestruturação que tem contribuído para que a indústria europeia seja uma das mais desenvolvidas do mundo.

O setor de serviços

O setor de serviços europeu gera mais de metade da riqueza do continente e abriga a maior parte da população economicamente ativa.

  • Comércio. As principais relações comerciais do continente são realizadas com os países desenvolvidos, principalmente os Estados Unidos e o Japão. O comércio contribui para o desenvolvimento de uma série de outros serviços, como os transportes e os serviços bancários.
  • Turismo. A Europa é o principal mercado turístico mundial, responsável por metade da renda gerada pela atividade no mundo. Os principais polos de atração turística são França, Espanha, Itália, Reino Unido, Alemanha e Áustria.

EUROPA: ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO ECONÔMICO

Mapa. Europa: organização do espaço econômico. Mapa mostrando as áreas centrais e periféricas da economia europeia, bem como a localização e tamanho das metrópoles, os principais eixos de circulação e trocas, os fluxos de investimentos e os portos mais movimentados do continente. Centro: espaço de economia dinâmica: porção central do continente, incluindo cidades da Inglaterra, Países Baixos, França, Alemanha, Suíça, Áustria, Bélgica e Itália, tais como Amsterdã, Rotterdã, Antuérpia, Dusseldorf, Frankfurt, Munique, Milão, Turim, Zurique, Colônia, Bruxelas, Paris, Lyon, Le Havre e Londres. Periferia muito integrada ao centro: porção do entorno mais próximo ao centro, incluindo cidades da Itália, França, Espanha, Inglaterra, Irlanda, Áustria, Alemanha, República Tcheca, Finlândia, Suécia e Noruega, tais como Madri, Barcelona, Toulouse, Marselha, Gênova, Florença, Roma, Dublin, Bremen, Copenhague, Oslo, Bergen, Estocolmo, Helsinki, Hamburgo, Berlim, Praga, Viena, Trieste. Periferia dinamizada por deslocalizações e investimentos: porções situadas no sul de Portugal e Espanha e países do nordeste do continente, incluindo cidades como Lisboa, Sevilha, Budapeste e Varsóvia. Periferia de dinamismo localizado: porções situadas no norte de Portugal e Espanha, sul da Itália e Grécia, e Malta, incluindo cidades como Porto, Nápoles, Atenas. Periferia em vias de integração: inclui os territórios da Romênia e Bulgária e Chipre. Periferia aguardando integração: inclui os territórios dos países desmembrados da ex-Iugoslávia, e a porção europeia da Turquia, com destaque para a cidade de Istambul. Metrópole mundial: Londres e Paris. Metrópole europeia: Viena, Madri, Barcelona, Roma, Estocolmo, Istambul. Metrópole nacional: Lisboa, Milão, Munique, Berlim, Amsterdã e Bruxelas. Outras cidades: Porto, Toulouse, Sevilha, Marselha, Lyon, Turim, Florença, Nápoles, Zurique, Atenas, Budapeste, Varsóvia, Helsinki, Praga, Oslo, Copenhague, Frankfurt, Dusseldorf, Antuérpia, Dublin e Bremen. Principal eixo de circulação e trocas: eixos existentes entre as cidades do espaço de economia dinâmica e da periferia muito integrada ao centro, incluindo Amsterdã, Paris, Madri; Bruxelas, Zurique, Barcelona, Marselha; Antuérpia, Frankfurt, Milão. Fluxo de investimento: do espaço de economia dinâmica em direção aos países do Leste Europeu e Reino Unido. Porto movimentado: em Marselha, Le Havre, Hamburgo, Amsterdã, Bruxelas, Antuérpia, Roterdã, Gênova e Trieste. À direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 390 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 92. A representação não inclui informações sobre Rússia (parte europeia), Belarus, Ucrânia, Moldávia, Georgia, Armênia e Azerbaijão.

Nível de desenvolvimento diferenciado

O continente europeu, como um todo, apresenta elevado nível de desenvolvimento econômico e tecnológico e contrastes entre os diferentes países e regiões, em consequência de suas características históricas, políticas e econômicas. Há países com indústrias modernas, agricultura mecanizada e produtiva e prestação de serviços muito eficiente, como Reino Unido, França, Alemanha e Itália; há outros com menor desenvolvimento industrial e agricultura menos produtiva, como Portugal e Grécia; e, ainda, alguns com fraca industrialização e agricultura tradicional, como Romênia e Albânia.

A indústria do Reino Unido

No atual espaço produtivo do Reino Unido, convivem a tradição industrial, representada pelos setores de base, e os setores modernos.

  • Grandes indústrias têxteis. O Reino Unido possui um longo histórico de desenvolvimento da indústria têxtil. Nas últimas décadas, em virtude do reduzido custo da mão de obra dos países asiáticos, um número crescente de fábricas desse setor industrial tem sido transferido para esse continente.
  • Siderurgia. A atividade siderúrgica obteve êxito em razão da grande quantidade de carvão e de minério de ferro encontrada no país.
  • Indústria de transformação. Com o sucesso da siderurgia de base, as indústrias eletromecânica, de construção naval, automobilística, aeronáutica e de máquinas têxteis também puderam se destacar na economia do país.

Alguns setores da indústria britânica desenvolveram-se em um período mais recente, já no final do século passado. A partir da década de 1970, a indústria e o comércio incorporaram novos aparatos técnicos, modernizando alguns setores, como a indústria petroquímica, a eletroeletrônica e a alimentícia.

REINO UNIDO: PRINCIPAIS REGIÕES INDUSTRIAIS

Mapa. Reino Unido: principais regiões industriais. Mapa do Reino Unido mostrando a localização dos principais parques industriais e dos tipos de indústrias existentes no país. Região industrial: áreas no entorno de Londres (na Inglaterra), Glasglow e Edimburgo (na Escócia), Newcastle e Upon Tyne (Inglaterra), Manchester, Liverpool, Leeds, Sheffield, Nottingham e Birmingham (Inglaterra e País de Gales) e Newport, Cardiff e Bristol (País de Gales e Inglaterra). Principais indústrias Siderúrgica: nas regiões industriais de Upon Tyne, Leeds, Birmingham e Newport. Metalúrgica: nas regiões industriais próximas a Glasgow, Newcastle, Liverpool, Manchester, Londres e Newport e Bristol e em Portsmouth. Naval: na região industrial de Glasgow, próximo a Belfast, Liverpool, Newcastle, e Cardiff. Automobilística: em Birmingham e Oxford. Aeronáutica: próximo a Bristol e ao sul de Liverpool. Química: na região industrial de Glasgow e próximo a Upon Tyne, Manchester, Leeds, Cardiff, Southampton e Londres. Têxtil: na Irlanda do Norte, próximo a Belfast, na região industrial de Edimburgo, Manchester, Notthingham, e Londres. Eletroeletrônica: nas regiões industriais de Leeds, Edimburgo, Birmingham e Londres. Indústria de ponta: em Londres e Cambridge. Na parte superior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 130 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: Charliê Jác (Organização.). Atlas du 21e siècle. Paris: natãn, 2010. página. 58.

A economia da França

A extensão territorial e as características físicas do território francês, como diferentes tipos de clima e de relevo, contribuem para a diversidade de suas atividades econômicas.

A França tem uma das maiores áreas agricultáveis da Europa. Com exceção de produtos tipicamente tropicais, cujo cultivo não é adequado às suas condições climáticas, o país supre as necessidades da população e produz excedentes para exportar para os demais países europeus.

Os produtos mais cultivados na França são a beterraba, empregada na fabricação de açúcar, e o trigo. A pecuária, desenvolvida de fórma intensiva, garante o abastecimento de carnes e laticínios.

No setor secundário, destaca-se a indústria metalúrgica. Além disso, modernas indústrias dos setores aeroespacial, automobilístico, têxtil, químico e de produção de máquinas respondem por grande parte do dinamismo industrial francês.

Outra atividade econômica importante para o país é o turismo. A França figura entre os países que mais recebem turistas. O país apresenta dois grandes polos de atração: a cidade de Paris, por seu apelo histórico-artístico, e o litoral mediterrâneo, com alguns dos centros mais valorizados da Europa (cãne, nís e o conjunto da Costa Azul, ou Côte d’Azur).

Energia

Um dos problemas da economia francesa é a falta de recursos naturais essenciais para a produção de energia, o que leva o país a importar grande parte do carvão mineral, do petróleo e do gás natural que consome.

Para suprir os deficits energéticos, o governo investiu na geração de energia termonuclear. Essa medida fez da França o país da Europa Ocidental com maior número de usinas nucleares, que são responsáveis pela maior parte da energia gerada no país.

Fotografia. Destaque para uma paisagem composta pela presença de usina nuclear. No primeiro plano, superfície levemente inclinada coberta por vegetação rasteira. No segundo plano, presença de casas e árvores isoladas. No terceiro plano, quatro torres de resfriamento altas, brancas e de forma arredondada, sendo que duas lançam fumaça densa na atmosfera.
Vista de chaminés da Usina Nuclear de Saint-Vulbas, França (2022).

Alemanha: indústria e tecnologia

O setor industrial alemão é muito desenvolvido – em especial o siderúrgico – graças a um conjunto de fatores, entre eles:

  • abundância de carvão mineral: garante ao país o atendimento a grande parte da demanda de suas indústrias, servindo para a geração de energia termelétrica;
  • densa rede hidrográfica: favorece o escoamento da produção dentro da Alemanha e para os demais países europeus, sendo o Reno o principal rio do país.

Apesar de a Alemanha possuir certas condições naturais favoráveis, sua produção agropecuária é deficitária em produtos hortifrutigranjeiros. Principalmente após a Segunda Guerra Mundial, o governo alemão passou a incentivar a indústria e as exportações. Os recursos obtidos com as exportações foram investidos sobretudo no aprimoramento de infraestruturas de transporte, o que favoreceu a importação de alimentos e matérias-primas em geral. Os países do sul da Europa, em especial a Espanha e a Itália, tornaram-se os principais fornecedores de frutas e verduras para o mercado alemão.

As indústrias química, farmacêutica, eletromecânica e de construção mecânica representam os setores modernos da indústria alemã, tendo se tornado referências mundiais em seus respectivos ramos de atividade. Observe o mapa a seguir.

ALEMANHA: PRINCIPAIS REGIÕES INDUSTRIAIS

Mapa. Alemanha: principais regiões industriais. Mapa da Alemanha mostrando a localização dos principais parques industriais e dos tipos de indústrias existentes no país. Região industrial: regiões do entorno de Bremen (ao norte), Hamburgo (ao norte), Hannover (norte), Berlim e Potsdam (nordeste), Magdeburgo e Leipzig (nordeste), Dresden e Chemmitz (leste), Nuremberg (sudeste), Frankfurt, Mannheim, Karlsruhe e Stuttgart (sudoeste),  Saarbrucken (sudoeste), Munique (sul), Essen, Dortmund, Dusseldorf e Colônia (oeste). Principais indústrias. Siderúrgica: Bremen, Berlim, Hannover. Metalúrgica: Hamburgo, Bremen, Hannover, Essen, Dortmund, Leipzig, Potsdam, Chemmitz, Nuremberg, Frankfurt, Karlsruhe, Munique. Naval: Bremen, Kiel, Rostock, Hamburgo. Automobilística: Potsdam, Hannover, Dortmund, Frankfurt, Leipzig, Frankfurt, Stuttgart, Munique. Aeronáutica: Munique, Hamburgo. Química: Hamburgo, Berlim, Dresden, Leipzig, Dortmund, Colônia, Mannheim, Saarbrucken, Munique. Têxtil: Dusseldorf, Stuttgart, Munique, Chemmitz. Eletroeletrônica: nas regiões industriais de Hamburgo, Berlim, Leipzig, Colônia, Frankfurt, Nuremberg, Mannheim, Munique. Indústria de ponta: ao norte de Munique. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 85 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: Charliê Jác (Organização.). Atlas du 21e siècle. Paris: natãn, 2010. página. 58.

Países mediterrâneos

Do ponto de vista dos aspectos naturais, os países da Europa Mediterrânea contam com clima e vegetação bastante semelhantes, uma vez que estão situados próximo ao mar Mediterrâneo e em latitudes similares. Os tipos de solo também são muito parecidos.

Os países mediterrâneos apresentam pontos comuns em sua estrutura econômica. Portugal, Espanha e Itália, por exemplo, têm relevante produção têxtil, calçadista e de revestimentos cerâmicos. No que se refere à produção de alimentos, a predominância do relevo montanhoso, principalmente na Itália e na Espanha, gera dificuldades para a produção e para a circulação interna.

O setor turístico também é uma importante fonte de riqueza para os países dessa região. Nos meses de verão, milhares de pessoas do norte da Europa viajam para o sul, atraídas pelo calor e pelas paisagens litorâneas. A concentração de turistas nessa estação, no entanto, gera danos ao meio ambiente com a intensa ocupação. A sazonalidade da atividade turística também provoca desemprego no setor em mais da metade do ano.

Portugal e Espanha

A industrialização de Portugal, em relação a outros países europeus, ocorreu mais tardiamente, por volta do século dezenove, e não se deu intensamente. A economia portuguesa experimentou um crescimento notável, em especial no setor turístico, com a entrada na União Europeia.

Na Espanha, a indústria concentrou-se na Catalunha e no País Basco, com predomínio dos setores têxtil, siderúrgico, metalúrgico e químico. Nas Astúrias e no norte da Andaluzia, regiões mineradoras, destaca-se a exploração de carvão, ferro e outros minerais. A partir da segunda metade do século vinte, Madri tornou-se um importante centro financeiro e industrial.

Fotografia. Vista para uma praia. À direita, o mar com pedalinhos e pessoas se banhando. À esquerda, faixa de areia com pessoas, guarda-sóis e cadeiras de praia. Ao fundo, edificações na beira e morros ocupados por vegetação e edificações.
As praias portuguesas e espanholas costumam receber um grande número de turistas durante o verão europeu. Na fotografia, praia em Ibiza, Espanha (2021).
A economia da Itália

A Itália foi o primeiro país mediterrâneo a alcançar um importante desenvolvimento industrial, que não ocorreu de fórma homogênea no território. Dessa fórma, o país pode ser dividido em três regiões com perfis econômicos distintos, conforme indicado a seguir:

  • Regiões norte e nordeste. São as mais desenvolvidas, por apresentarem elevado nível de industrialização e urbanização. A cadeia dos Alpes possibilitou a construção de usinas hidrelétricas ao norte, com aproveitamento da água proveniente do degelo dos cumes das montanhas. A região também possui diversas jazidas de gás natural, aproveitado pelas indústrias.
  • Região central. Alcançou recentemente grande dinamismo devido ao crescimento das médias e pequenas empresas dos ramos de calçados, tecidos e vestuário, que se destacam pelo emprego de alta tecnologia e por sua efetiva consolidação no mercado internacional.
  • Região sul. Permanece majoritariamente agrária. O desenvolvimento da indústria turística e a ajuda econômica da União Europeia têm melhorado os indicadores socioeconômicos dessa região.

Países da Europa Setentrional

No norte da Europa, localizam-se Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia e Islândia, países considerados de desenvolvimento elevado.

Mais da metade dos territórios dos países da Europa Setentrional é ocupada por formações florestais e tem regiões íngremes ou montanhosas, esculpidas pelas águas do degelo, o que dificulta o desenvolvimento das atividades agropecuárias em algumas dessas áreas.

As atividades econômicas que predominam no norte europeu são a pesca, a indústria madeireira e a produção de energia hidrelétrica.

Observe no mapa as indústrias dessa região.

NORTE EUROPEU: PRINCIPAIS REGIÕES INDUSTRIAIS

Mapa. Norte europeu: principais regiões industriais. Mapa dos países do norte da Europa (Islândia, Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca) mostrando a localização dos principais parques industriais e dos tipos de indústrias existentes na região. Região industrial: predominante no sul da península escandinava, no entorno de Copenhague (Dinamarca), Malmo (Suécia), Oslo (Noruega), Estocolmo (Suécia) e Helsinki (Finlândia). Principais indústrias. Automobilística: Estocolmo. Química: Copenhague, Goteborg, Estocolmo, Helsinki. Mecânica: próximo a Odense, Malmo, Kristiansund, Linköping, Estocolmo, Helsinki, Tampere, Lulea, Oslo, Trondheim, Narvik, Reykjavik. Pesqueira: Stavanger, Bergen, Alesund, Trondheim, Reykjavik, Akureyri. Hidrelétrica: sul da Islândia, Oslo, Bergen, Sundsvall, Umea, Lulea, Narvik. Naval: Malmo, Kristiansund, Stavanger, Bergen, Oslo, Estocolmo, Helsinki, Arhus. Madeireira: Jönkoping, Oslo, Sundsvall, Umea, Lulea, Kemi, Tromso, Oulu, Jyväskyla, Tampere, Lappeenranta. Turismo: Arhus, Copenhague, Kristiansund, Oslo. Na parte superior, rosa dos ventos e escala de 0 a 185 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: Charliê Jác (Organização.). Atlas du 21e siècle. Paris: natãn, 2010. página. 58.
A Suécia e as transnacionais

A Suécia tem indústrias químicas e siderúrgicas importantes e é uma das principais economias europeias. Além disso, o país é séde de grandes empresas transnacionais que atuam nos ramos automobilístico, de telecomunicações e eletrodomésticos, gerando parte significativa dos empregos.

Devido aos custos internos e à competitividade, algumas empresas suecas empregam mais funcionários em outros países do que na própria Suécia.

Finlândia: terra dos mil lagos

A Finlândia possui mais de 180 mil lagos, e mais de três quartos de sua superfície estão cobertos por florestas. Uma das principais atividades econômicas do país é a exploração das Florestas de Coníferas. A silvicultura permitiu que a indústria madeireira se desenvolvesse, com a produção de móveis, papel e celulose.

Islândia, Noruega e Dinamarca

Historicamente, a economia da Islândia e da Noruega é baseada na pesca, sendo a Noruega a maior produtora de pescado da Europa Ocidental. Nesses países, há tanto a pesca comercial quanto em comunidades tradicionais, cuja atividade está ligada à subsistência da população local. Entre os motivos pelos quais os dois países não aderiram, até o momento, à União Europeia, está a medida de proteção à atividade pesqueira. Na Noruega, destacam-se também a indústria madeireira, a de exploração de gás natural e a de petróleo. Na Dinamarca, com suas diversas ilhas e sua porção continental localizada na península da Jutlândia, são importantes as indústrias química e de máquinas e ferramentas, além de um significativo e pioneiro parque eólico.

Fotografia. Destaque para um parque eólico. No primeiro plano, mar azul. No segundo plano, aerogeradores instalados no mar. Ao fundo, uma ponte sobre o mar.
Parque eólico instalado na Dinamarca. Fotografia de 2020.

Características demográficas

A Europa tem mais de 740 milhões de habitantes distribuídos de maneira irregular pelo território. Na porção centro-ocidental, a densidade demográficaglossário é bastante elevada. A maior parte da população está concentrada nas cidades. Em áreas de relevo muito montanhoso ou próximas às regiões polares, há vazios demográficos.

Nas últimas décadas, a Europa tem apresentado baixos níveis de crescimento populacional em decorrência da queda da taxa de natalidade, cujas principais causas são a participação da mulher no mercado de trabalho, o alto custo de vida e o planejamento familiar facilitado pelos meios contraceptivos.

A expectativa de vida da população europeia está acima dos 78 anos; melhorias nas condições de saúde e no saneamento básico reduzem as taxas de mortalidade. Em alguns países, como Itália, a população de idosos é superior à de jovens. O aumento da expectativa de vida exige políticas voltadas aos serviços de saúde e de assistência à população idosa.

Atualmente, o crescimento vegetativoglossário europeu é negativo, porém o crescimento populacional se mantém relativamente estável graças à imigração.

Variedade étnica e linguística

A população europeia é formada basicamente por povos germânicos, latinos e eslavos, que migraram para o continente europeu vindos de diferentes regiões da Ásia. A variedade étnica europeia deu origem às diferentes línguas presentes no território.

São 24 línguas oficiais faladas na Europa, além de 60 línguas regionais ou minoritárias. Na Bélgica, por exemplo, fala-se oficialmente francês, holandês e alemão.

BÉLGICA: LÍNGUAS

Mapa. Bélgica: Línguas. Mapa representando as áreas de domínio das línguas francesa, holandesa e alemã no território belga. Zona bilíngue de Bruxelas (Línguas holandesa e francesa): Bruxelas (área na porção central do país). Língua francesa: região de Valônia (porção sul do país), onde está a cidade de Liège. Língua holandesa: região de Flandres (porção norte do país), onde está a cidade de Antuérpia. Língua alemã: na porção leste do país (na fronteira com a Alemanha). Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 40 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 92.
Cidadania e civismo.

A Europa e os fluxos migratórios

Até a primeira metade do século vinte, milhões de europeus saíram do continente. Depois da Segunda Guerra Mundial, o fluxo começou a se inverter.

Dados da ônu mostram que cêrca de 86,7 milhões de imigrantes viviam na Europa em 2020, colocando-a entre os principais polos de atração de imigrantes do mundo. Observe o mapa Europa: imigrantes na população (2018).

A Europa atrai imigrantes em busca de melhores condições de vida, oportunidades de emprego e salários, além de acesso a serviços públicos de saúde e educação oferecidos pelos governos.

A maior parte dos imigrantes é de países da África, da Ásia e da América Latina, mas nem todos eles conseguem regularizar sua situação migratória ao entrarem na Europa.

Dentro do próprio continente europeu ocorrem migrações de um país para outro, principalmente do Leste da Europa para a Europa Ocidental. Esses movimentos migratórios são resultantes das desigualdades entre as regiões.

Na União Europeia, os principais países que receberam imigrantes em 2019 foram Alemanha (21%), Espanha (18%) e França (9%).

No período de 2014 a 2019, os principais países dos imigrantes que conseguiram cidadania na União Europeia foram Marrocos, Albânia e Turquia. Em 2019, também aumentaram muito os imigrantes provenientes do Reino Unido por causa da saída desse país da União Europeia, que foi decidida em 2016 e se efetivou em 2020.

EUROPA: IMIGRANTES NA POPULAÇÃO (2018)

Mapa. Europa: imigrantes na população, 2018. Mapa do continente europeu representando o número e a porcentagem de imigrantes na população total do país. O número de imigrantes é representado por meio de círculos proporcionais e a porcentagem em tons de laranja. Número de imigrantes 12.000: Alemanha, Rússia. 10.000: Reino Unido e França. Entre 5 e 1.001 mil: Espanha, Ucrânia, Países Baixos e Itália. 1.000: Suécia, Irlanda, Áustria, Suíça, Bélgica, Portugal, Turquia, Grécia. 500: Noruega, Dinamarca e diversos países do leste europeu. 100: Finlândia, Luxemburgo, Chipre, e diversos países do leste europeu. Menos de 50: Islândia, Malta e outros países do continente. Parte de imigrantes na população total do país (porcentagem). Menos de 5,0%: Polônia e outros países do Leste Europeu. De 5,0% a 10,0%: Rússia, Portugal, Itália, Turquia, Finlândia, Malta e países do Leste Europeu. De 10,1% a 15,0%: Reino Unido, Bélgica, Países Baixos, França, Espanha, Alemanha, Islândia, Dinamarca, Grécia, Ucrânia e outros países do Leste Europeu. Mais de 15,0%: Irlanda, Noruega, Suécia, Luxemburgo, Chipre, Suíça e Áustria. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 375 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 93.

Perseguições políticas, conflitos étnicos e guerras também motivam a entrada de imigrantes na Europa. Em geral, essas pessoas ingressam como refugiados nos países de destino.

A crise humanitária no Afeganistão e os conflitos, como os da Síria desde 2011 e da Ucrânia desde 2022, fizeram com que o número de refugiados na Europa crescesse muito.

Desde 2016, a União Europeia intensificou o contrôle das fronteiras externas para buscar combater a entrada e a permanência de imigrantes em seus territórios sem a permissão oficial do Estado, criando políticas mais rígidas de contrôlede entrada e leis de migração mais rigorosas.

Mesmo com uma política de imigração restritiva, os governos europeus não são capazes de conter o grande fluxo de estrangeiros que entram clandestinamente em seus países. A restrição, muitas vezes, é justificada pelo fato de os países europeus não terem condições estruturais e econômicas para comportar a grande quantidade de imigrantes.

Depois de entrar na Europa, muitos imigrantes ilegais vão trabalhar em locais cuja fiscalização é pouco rigorosa ou que exigem baixa qualificação profissional, como o setor informal da economia e a construção civil. Grande parte desses trabalhadores habita as periferias das metrópoles, onde a moradia costuma ser mais barata.

Fotografia. Destaque para um barco azul repleto de pessoas. Ao redor, o mar.
Muitos dos refugiados e imigrantes da África tentam chegar à Europa fazendo viagens perigosas pelo mar, principalmente o Mediterrâneo. Na fotografia, imigrantes ilegais são vistos em barco na costa da Líbia (2021).

Xenofobia e racismo

Com a redução do crescimento vegetativo, a Europa tem cada vez menos mão de obra disponível. Apesar disso, vários governos europeus tentam restringir a entrada de imigrantes em seus países. A atual situação econômica do continente tem favorecido discursos nacionalistas e o surgimento de movimentos xenófobos e racistas.

Charge. No centro, uma mulher idosa de cabelos brancos e presos, semblante franzido e vestindo a bandeira da União Europeia está abraçando o mapa do continente europeu. Com as pernas, ela chuta um homem de terno e calça, uma mulher de lenço e saia e uma criança de cabelo curto e camiseta amarela. O homem segura uma mala escrito: imigrantes.
Charge produzida por Carlos Latuff publicada em 2008 para representar a postura da União Europeia de resistência à entrada de imigrantes.

Os discursos de intolerância, no entanto, devem ser constantemente problematizados considerando que a mão de obra imigrante é de grande importância para vários setores da economia da Europa.

Ícone. Seção Em prática. Composto por um mapa e um pino de localização sobre o mapa.

Em prática

Mapas de fluxos com setas proporcionais

Mapas de fluxos com setas proporcionais são mapas dinâmicos que mostram a fluidez e o movimento de diversos fenômenos que envolvem deslocamento, como migrações, importações e exportações e massas de ar. Além de indicar o tipo de fluxo, esses mapas indicam a origem, o destino e a intensidade dele.

A base das setas indica a origem dos fluxos, e a ponta, o destino. A intensidade é dada pela espessura das setas, que varia de modo proporcional às quantidades representadas.

As diferentes larguras possibilitam o estabelecimento de comparações entre fluxos, contribuindo para o entendimento de diversos fenômenos.

A União Europeia possui um órgão específico para a gestão das fronteiras externas aos países que fazem parte do Espaço Chenguen, que é uma área de livre circulação de pessoas entre um grupo de países da União Europeia ou associados a ela. O mapa abaixo representa os fluxos de migrantes ilegais para a União Europeia de acordo com a fiscalização desse órgao em 2018. As setas indicam a origem e a direção dos fluxos e o número aproximado de imigrantes de uma região para outra.

UNIÃO EUROPEIA: MIGRAÇÃO ILEGAL (2018)

Mapa. União Europeia: migração ilegal, 2018. Mapa mostrando as rotas dos fluxos de migrantes e a localização das operações terrestres e marítimas. Operações terrestres Frontex, em rosa: linha na fronteira entre a Grécia e a Turquia e os países dos Bálcãs; linha na fronteira entre a Bulgária e a Turquia; linha na fronteira entre a Romênia, Moldávia, Hungria, Eslováquia, Polônia, Lituânia, Letônia, Estônia, Bielorrússia, Rússia e Finlândia Operações marítimas Frontex, em azul: linha na porção oeste do Mar Negro; linha no Mar Mediterrâneo entre a África e a Itália, e próximo ao litoral do Chipre, Grécia, França, Espanha e Portugal; linha no Mar do Norte próximo ao litoral da Inglaterra, Bélgica, Países Baixos, Alemanha e Polônia; e linha no Mar Báltico, próximo à fronteira da Finlândia. Fluxo de migrantes, em verde: seta do Mediterrâneo Central em direção à Itália: 118.962 migrantes; seta do Mediterrâneo Ocidental em direção à Espanha: 23.143 migrantes; seta da África Ocidental em direção à Espanha: 421 migrantes; seta dos Balcãs em direção ao norte da Europa: 12.178 migrantes; seta do Balcãs em direção à Grécia: 6.396 migrantes; seta do Mediterrâneo Oriental em direção ao Leste Europeu: 42.305 migrantes; seta do Mar Negro em direção ao Leste Europeu: 537 migrantes; seta da Fronteira Oriental em direção à Polônia: 776 migrantes. Na parte superior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 500 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 93.
  1. De acordo com o mapa, quais eram as duas maiores rotas usadas pelos imigrantes ilegais para entrar na União Europeia? De onde partiam esses fluxos de imigrantes?
  2. Como são as condições de travessia dos imigrantes pelo mar Mediterrâneo?
  3. Há imigrantes na sua família? Converse com seus familiares ou pessoas próximas e faça um levantamento da origem deles e de seus ascendentes.
    1. Junte-se a alguns colegas e confeccionem uma tabela ou um quadro com os dados levantados pelo grupo. Depois, calculem a porcentagem de cada fluxo migratório.
    2. Utilizem um planisfério ou um mapa do Brasil impresso e indiquem a direção dos fluxos utilizando setas proporcionais aos dados levantados.
    3. Apresentem o mapa elaborado pelo grupo em sala de aula na data indicada pelo professor.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Com base no mapa “Europa: organização do espaço econômico”, responda.
    1. Por que se denomina “centro” o espaço mais dinâmico da economia europeia?
    2. Quais são as metrópoles mundiais europeias?
    3. Quais são a origem e o destino dos fluxos de investimento evidenciados no mapa?
  2. Apesar da resistência de alguns governos e da população europeia, a imigração é um fator importante para o crescimento populacional e para o desenvolvimento econômico de alguns países. Indique as razões.
  3. Observe a fotografia e responda às questões.
Fotografia. Destaque para duas torres de resfriamento de usinas nucleares sobre uma superfície inclinada. Ao lado direito, há uma torre de eletricidade. Ao fundo, montanha e acima, céu azul.
Usina nuclear de Chooz, França (2022).
  1. Por que podemos afirmar que a França tem muita necessidade desse tipo de energia?
  2. Esse tipo de usina gera que tipo de problema ambiental?

4. O gráfico representa os países com mais pedidos de refúgio na União Europeia em 2020.

UNIÃO EUROPEIA: PEDIDOS DE REFÚGIO, POR PAÍS DE ORIGEM (2020)

Gráfico. União Europeia: pedidos de refúgio, por país de origem, 2020. Gráfico de colunas mostrando número de pedidos de refúgio no eixo vertical e os países de origem no eixo horizontal. Número de pedidos de refúgio (por mil) Síria: 62.000. Afeganistão: 42.000. Venezuela: 30.000. Iraque e Paquistão: 17.000. Turquia: 15.000. Bangladesh, Somália e Nigéria: 10.000. Guiné, Eritreia, Geórgia, Marrocos e Argélia: 8.000.
Fonte: UNIÃO EUROPEIA. Comissão Europeia. Statistics on migration to Europe, 1 janeiro. 2021. Seção Estrategy. Disponível em: https://oeds.link/iT1iQQ. Acesso em: 25 abril. 2022.
  1. Por que os sírios foram um dos principais contingentes de imigrantes que tentaram refúgio na Europa?
  2. Quais são as principais motivações que atraem os refugiados para o continente europeu?

CAPÍTULO 7  União Europeia

A União Europeia (u ê) é um bloco formado por 27 países integrados economicamente, com atuação conjunta em diversas ações políticas e livre circulação de mercadorias e pessoas.

Esse bloco representa uma poderosa fôrça econômica e política no cenário mundial. Com a crise financeira de 2008, alguns países integrantes da União Europeia com economias mais frágeis e que haviam recebido pesados investimentos externos, como Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha, viram-se em sérias dificuldades para honrar seus compromissos financeiros. A instabilidade econômica criada gerou incertezas sobre a permanência de alguns desses países no bloco e sobre a coesão da própria União Europeia.

Em 2016, o Reino Unido realizou um plebiscito para decidir se continuaria na União Europeia. O episódio ficou conhecido como Brexit, que vem das palavras em inglês Britain (Grã-Bretanha) e exit (saída). Com 52% dos votos, a população britânica optou pela saída da União Europeia, que se efetivou em 2020.

Fotografia. No primeiro plano, destaque para três mastros com as bandeiras da União Europeia sobre um pequeno jardim. Ao fundo, fachada de vidro do edifício-sede da Comissão Europeia.
Bandeiras da União Europeia em edifício que abriga a séde da Comissão Europeia (órgão da União Europeia), em Bruxelas, Bélgica (2022). A quantidade de estrelas não se refere ao número de países, e sim aos ideais de unidade, solidariedade e harmonia entre os povos europeus. O formato de círculo significa a unidade do bloco.

A origem da União Europeia

A necessidade de estabilização política e econômica de uma Europa instável e debilitada após a Segunda Guerra Mundial foi o fator determinante da construção histórica da União Europeia (u ê).

Em sua origem, esteve a Comunidade do Carvão e do Aço (céca), que em 1951 reuniu seis países europeus: a França, a Alemanha, a Itália e os integrantes do grupo chamado benelúcs (Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo). Em 1957, com a assinatura do Tratado de Roma, a céca passou a denominar-se Comunidade Econômica Europeia (cê ê ê) e previa a livre circulação de mercadorias, capitais, serviços e pessoas entre os países­‑membros. O objetivo era, posteriormente, transformar a Comunidade Econômica Europeia em um bloco regional de livre-comércio, com tarifas de importação unificadas.

A evolução do bloco econômico

Em 1973, incorporaram-se à Comunidade Econômica Europeia (cê ê ê) o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca; em 1981, a Grécia; e, em 1986, Espanha e Portugal. Nesse último ano, foi assinado o Ato Único Europeu, que assentou as bases de uma futura unidade política dos países do bloco.

Em 1992, com o Tratado de mastríchi, a Comunidade Econômica Europeia passou a se chamar União Europeia e fixaram-se os critérios para a adoção da futura moeda única pelos países-membros. Três anos depois, ingressaram no bloco a Áustria, a Suécia e a Finlândia. A Noruega chegou a negociar seu ingresso, mas preferiu não participar do bloco. Em 1999, surgiu o euro, moeda comum dos países-membros da União Europeia; Dinamarca, Suécia e Reino Unido não o adotaram.

Fotografia. Vista para o salão interno de um auditório, composto por pessoas sentadas em uma bancada disposta em semicírculo. No centro, uma mesa retangular com livro apoiado e flores ao lado. Ao fundo, homem falando no púlpito. Atrás dele, bandeiras de diversos países europeus e três pessoas em pé ao lado dos mastros.
Assinatura do Tratado de mastríchi, em mastríchi, nos Países Baixos, em 1992.

Mais países

Em 2004, a União Europeia incorporou dez novos países do leste e do sul da Europa: Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tchéca, Eslováquia, Eslovênia, Hungria, Malta e Chipre. Bulgária e Romênia ingressaram formalmente no bloco em 2007, e a Croácia, em 2013 (ver o mapa Evolução da União Europeia (1957-2021). Em 2020, foi a vez de o Reino Unido retirar-se do bloco, concluindo o processo iniciado em 2016.

Os países candidatos a ingressar na União Europeia até o início de 2022 eram Turquia, Macedônia, Albânia, Sérvia e Montenegro. Para ingressar no bloco, os candidatos precisam atender a três condições básicas: ter uma economia desenvolvida, manter um regime político democrático que respeite os direitos humanos e aceitar a legislação da União Europeia.

A possível entrada da Turquia na União Europeia

Caso já pertencesse à União Europeia, a Turquia seria o único país do bloco de maioria muçulmana e com território majoritariamente localizado na Ásia. Uma das principais dificuldades para a entrada da Turquia na União Europeia é o fato de ocupar a parte norte da ilha de Chipre, membro do bloco desde 2004.

Outros empecilhos são:

  • o regime turco não garante suficiente proteção aos direitos humanos;
  • exceto a parte europeia e a do litoral do mar Egeu, todo o restante do território turco apresenta índices econômicos e sociais muito baixos.

EVOLUÇÃO DA UNIÃO EUROPEIA (1957-2021)

Mapa. Evolução da União Europeia, 1957 a 2021. Mapa do continente europeu destacando o ano de adesão dos países à União Europeia. Ano de adesão. 1957: França, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Itália e Luxemburgo. 1973: Irlanda e Dinamarca. 1981: Grécia 1986: Portugal e Espanha 1995: Suécia, Finlândia e Áustria 2004: Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Chipre, Eslovênia e Malta. 2007: Romênia e Bulgária. 2013: Croácia. Abaixo, texto: o Reino Unido fez parte do bloco de 1973 a 2020. Na parte inferior direita, a rosa dos ventos e a escala de 0 a 370 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: União Europeia. História da União Europeia. Seção Princípios, países, história. Disponível em: https://oeds.link/8fIoQD. Acesso em: 25 abril. 2022.
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    Economia.

    Políticas sociais da União Europeia

    Os países-membros da União Europeia desenvolveram um sistema de proteção social que, apesar de questionado por seu elevado custo, tem garantido aos cidadãos um padrão de vida elevado e diminuído as desigualdades sociais nesses países.

    O Estado de bem-estar social

    Alguns países europeus desenvolveram um sistema de proteção social conhecido como Estado de bem-estar social (Welfare State). Seguro-desemprego, previdência social, sistemas públicos de saúde e educação eficientes, crédito acessível para a compra de imóveis, atendimento a pessoas idosas e políticas de integração de pessoas com deficiência são exemplos das políticas de proteção social típicas desses países.

    As despesas com a previdência social são pagas pelas administrações públicas, por empresas e também por cotas individuais e familiares. O maior montante é destinado a aposentadorias e despesas sanitárias e educativas. Com as altas taxas de desemprego atuais, os países europeus que adotam esse sistema têm empreendido esforços para assegurar maior assistência aos desempregados. Outro tipo de proteção social praticado é o rendimento mínimo garantido aos cidadãos mais desfavorecidos, proporcionando-lhes condições de vida minimamente dignas.

    A crise do modelo social europeu

    Esse modelo social passa por dificuldades em razão do baixíssimo crescimento demográfico no continente. A alta expectativa de vida, associada ao baixo crescimento vegetativo e à diminuição da população economicamente ativa, levantou a necessidade de investimentos cada vez maiores em previdência social diante de uma arrecadação cada vez menor. Além disso, as elevadas taxas de desemprego dificultam a adoção de políticas mais favoráveis à imigração.

    Fotografia. No primeiro plano, destaque para um corredor com idosos em pé e sentados, vestindo agasalhos e segurando folhas de papel. No segundo plano, há uma porta aberta que dá acesso a outro ambiente, onde há pessoas em pé e segurando folhas de papel.
    Grupo de idosos durante um ensaio de coral em Berlim, Alemanha (2022). A população idosa na Europa tende a crescer cada vez mais.

    Prioridades das políticas sociais

    Entre as preocupações sociais europeias, há duas de grande impacto para a população: o desemprego e a falta de segurança.

    Desemprego

    Assim como as demais regiões desenvolvidas do mundo capitalista, os países da União Europeia vivem um intenso processo de incorporação de novas tecnologias em praticamente todos os setores de atividade econômica. Esse processo gera demanda de investimentos em equipamentos e tecnologia por parte das empresas e agrava o desemprego.

    A pressão da população sobre autoridades e empresas públicas para diminuir o desemprego nos países europeus é muito grande.

    Fotografia. Vista para uma rua ocupada por uma multidão de pessoas. No centro, algumas delas seguram faixas, bandeiras e cartazes. À direita, fileira de árvores.
    Manifestantes protestam contra o congelamento de salários de servidores públicos e a proposta de extinguir cêrca de 120 mil empregos públicos, em Paris, França (2017).
    Segurança pública

    A segurança pública tem sido cada vez mais relevante no conjunto de preocupações sociais da Europa. Ainda que as taxas de criminalidade no continente sejam baixas em comparação com as da América Latina ou da África, a segurança pública preocupa a população. A crescente disponibilidade de armas de pequeno porte vindas, sobretudo, de países da Europa Oriental tem contribuído para o aumento da violência. Na França, pesquisas de opinião pública mostram que a população considera o problema da segurança mais importante que a questão do desemprego. As mais diversas fórmas de violência, incluindo atentados terroristas, têm apresentado crescimento nas estatísticas dos órgãos policiais e da Justiça. Além disso, destaca-se o crescimento da extrema direita, com posturas xenófobas e contrárias à própria União Europeia.

    Impostos e taxas

    As políticas sociais europeias são financiadas por uma série de impostos e taxas cobrados da sociedade. Embora cada país tenha independência na política fiscal, a União Europeia estabelece diretrizes gerais para homogeneizar a tributação em todos os países. Parte de um imposto comum em toda a Europa, o Imposto sobre Valor Agregado (), é destinada ao financiamento das instituições europeias.

    As empresas europeias, para se tornarem mais competitivas e aumentar seus lucros, têm pressionado os governos a diminuir sua carga de tributos. Se essa redução ocorrer, outros segmentos da sociedade terão de pagar mais impostos.

    As instituições da União Europeia

    Há algumas instituições que regulam e intermedeiam a atuação da União Europeia:

    • Conselho Europeu. Encarrega-se de definir as políticas gerais da União. É formado pelos chefes de Estado ou de governo dos países-membros, pelo seu presidente e pelo presidente da Comissão Europeia. O presidente é eleito por maioria qualificada e seu mandato é de dois anos e meio, podendo ser renovado uma vez.
    • Comissão Europeia. Órgão encarregado de colocar em prática as políticas comunitárias. Com séde em Bruxelas, na Bélgica, a Comissão é formada por 27 comissários, um para cada país da União Europeia, sendo nomeado um candidato a presidente. Este, por sua vez, deverá ser aprovado pela maioria do Parlamento Europeu.
    • Parlamento Europeu. Controla a Comissão Europeia e aprova pressupostos comuns. O número de deputados que o compõem é proporcional ao número de habitantes de cada país, com no mínimo 6 e no máximo 96 deputados. São eleitos a cada cinco anos diretamente pelos cidadãos.
    • Tribunal de Justiça. Assegura o respeito às leis comuns e à aplicação dos tratados. Também atua como árbitro dos conflitos entre os órgãos da União Europeia e entre os Estados-membros. Tem séde em Luxemburgo.
    • Comitê Econômico e Social. Responsável por prestar consultoria às propostas da Comissão Europeia.
    Fotografia. Vista para o edifício-sede do Parlamento Europeu. No primeiro plano, plataforma com parapeito de vidro. No segundo plano, um edifício redondo e espelhado no centro. À direita, há diversos mastros com bandeiras em tons de azul e amarelo. À esquerda, um edifício retangular e espelhado.
    Edifício-séde do Parlamento Europeu em Estrasburgo, França (2022).

    Políticas comuns da União Europeia

    Desde o Tratado de Roma, de 1957, as barreiras comerciais entre os países-membros da União Europeia haviam sido eliminadas, e uma série de políticas comuns foi encaminhada. Seguem algumas delas:

    • Política Agrícola Comum (pác). É a base da política agrícola dos países-membros, financiada pelo Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (feôga). Seus objetivos são: evitar a competição de produtos agrícolas estrangeiros e manter o nível de vida dos agricultores europeus por meio da garantia de preços mínimos de venda dos produtos. Graças à pác, a União Europeia consegue tirar do mercado interno grandes quantidades de alimento, e parte do excedente é destinada à exportação. Com essa política, é criada uma barreira indireta à livre concorrência internacional de produtos agrários.
    • Política pesqueira. Compreende acordos para explorar as fronteiras marítimas e incentivos à modernização tanto da frota pesqueira como da indústria de navegação. Essa política incrementou o volume da pesca, mas agravou o desemprego, por ter provocado o fechamento de pequenas empresas pesqueiras.
    • Política regional. Voltada a reduzir as diferenças de desenvolvimento econômico entre os países e entre as regiões de alguns deles. Para isso, foram criados fundos de desenvolvimento que financiam a construção de infraestrutura para instalação de indústrias nas regiões menos desenvolvidas. Também foram promovidas políticas de fomento à educação, à saúde e à igualdade de oportunidades dos cidadãos.
    • Política de transportes. Por essa política, a União Europeia tem favorecido a ampliação e a modernização das principais vias de acesso entre países do continente europeu e fomentado a criação de infraestruturas para conexão dos centros econômicos mais importantes da Europa com as regiões isoladas.
    Fotografia. Vista para a fachada espelhada de uma estação de trem. No primeiro plano, calçada plana e larga. No segundo plano, a entrada da estação de trem no centro, revestida de vidro, pé direito alto e cobertura curva que avança para a calçada. Nas laterais da entrada, edifícios espelhados e estruturas metálicas aparentes. Acima, céu nublado.
    Estação de trem Hauptbahnhof, da qual saem trens que ligam a cidade a diversos outros locais da Alemanha e da Europa, em Berlim, Alemanha (2022).
    • Política industrial. Implica o incentivo à modernização das empresas e dos setores industrais em crise na União Europeia, concedendo subvenções aos setores mais modernos, buscando novos mercados e estimulando a cooperação entre os países-membros. Embora seja uma das principais zonas industriais do mundo, a União Europeia ainda enfrenta problemas de falta de modernização e menor desenvolvimento em alguns setores. A política industrial adotada visa assegurar competitividade às suas indústrias. Também existe uma política energética comum, para diversificar as fontes de energia e reduzir as importações de petróleo.
    • Política comercial. Por essa política, os produtos comercializados nos países-membros são taxados com um mesmo imposto, o . Principal potência comercial do mundo, a União Europeia vende produtos agrícolas e industriais e compra matérias-primas em geral e manufaturas de alta tecnologia.
    • Política ambiental. Visa criar uma legislação ambiental única dos países-membros. O desenvolvimento sustentável constitui um dos principais objetivos da União Europeia, baseando-se na ação preventiva e na correção de danos causados ao ambiente. Alguns exemplos disso são a proibição da gasolina com chumbo, a reciclagem de resíduos sólidos urbanos, a proibição da fabricação e do uso de cê éfe cê (clorofluorcarboneto) e o aumento da utilização de energias limpas.
    Fotografia. No primeiro plano, destaque para um homem vestindo luvas, touca, proteção auricular, uniforme escuro e um colete amarelo. Ele está em pé, segurado uma sacola e despejando garrafas  plásticas sobre uma esteira de metal. No segundo plano, vista para um ambiente interno com estruturas industriais.
    Funcionário trabalhando em centro de reciclagem em Fétsân, Noruega (2020).
    Ícone Sugestão de site.

    UNIÃO EUROPEIA. Disponível em: https://oeds.link/ouabMO. Acesso em: 25 abril. 2022. O site da União Europeia traz dados estatísticos sobre população, imigração, questões ambientais, fontes de energia e muitas outras informações disponíveis em fórma de estatísticas, gráficos e mapas, além de apresentar políticas, legislação, estratégias e metas do bloco para os próximos anos.

    Crise na União Europeia

    Na segunda década do século vinte e um, uma série de problemas socioeconômicos ainda atingia alguns países europeus, em especial da União Europeia. A crise financeira de 2008, o endividamento de muitas economias da União Europeia e a discrepância entre os níveis de desenvolvimento econômico e humano dos países da Zona do Euro haviam deixado Estados à beira da falência. Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, grandes captadores de empréstimos, foram afetados, mas, graças às medidas econômico-sociais implementadas, boa parte desses países se recuperou ou está em recuperação. É o caso de Portugal, que investiu fortemente no setor de turismo, entre outras medidas. A instabilidade financeira gerou incertezas sobre a permanência de alguns desses países no bloco, como visto no início deste Capítulo.

    Crise de 2008 e impactos sociais

    A crise econômica de 2008 teve início nos Estados Unidos, a partir da “bolha imobiliária” criada pela valorização dos imóveis com base em empréstimos hipotecários. Como muitos estadunidenses não conseguiam quitar as dívidas criadas pela compra da casa própria, muitas empresas e instituições destinadas a oferecer crédito tiveram altos prejuízos e, por um efeito dominó, a crise atingiu bancos e bolsas de valores do país.

    Logo as instituições financeiras da União Europeia também foram afetadas, o que gerou uma onda de desemprego, com diminuição do consumo e falência de bancos e empresas do setor produtivo.

    Para socorrer as instituições afetadas pela crise, os governos europeus adotaram medidas consideradas rígidas para conter os gastos públicos, com alto impacto sobre a população. Assim, além da falta de emprego, os europeus enfrentaram córte de benefícios sociais, diminuição de investimentos em setores como saúde e educação, aumento de impostos, aprofundamento das desigualdades sociais, sobretudo em países como Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, cuja economia é mais dependente dos repasses financeiros da União Europeia.

    Fotografia. No primeiro plano, manifestação de algumas pessoas, com destaque para um homem de agasalho, mão direita erguida e boca aberta. Na frente e atrás das pessoas, a bandeira da Grécia, azul e branca.
    Protesto em Atenas, Grécia (2012), contra o pacote de austeridade fiscal apresentado pela União Europeia aos países mais endividados.
    Economia.

    Desemprego na União Europeia

    Na média, o conjunto de países da União Europeia apresenta altos indicadores socioeconômicos, mas isso não garante que haja equilíbrio entre os integrantes do bloco.

    Durante os períodos de crise econômica, as parcelas da população mais atingidas são as compostas de jovens, imigrantes e trabalhadores menos qualificados.

    O risco de pobreza

    O risco de pobreza é um indicador que reflete a exclusão social, utilizado na União Europeia para fins estatísticos. Consideram-se em risco de pobreza as pessoas que recebem mensalmente menos de 60% do rendimento médio mensal per cápita do país onde vivem. Em 2020, 21,9% da população da União Europeia se encontrava em risco de pobreza ou de exclusão social. Observe o mapa a seguir.

    UNIÃO EUROPEIA: RISCO DE POBREZA (2020)

    Mapa. União Europeia: risco de pobreza, 2020. Mapa do continente europeu mostrando a porcentagem de população em risco de pobreza por país. De 8,8% a 12,0%: República Tcheca e Eslováquia. De 12,1% a 15,0%: Irlanda (dados mais atualizados de 2019 ou 2018), Finlândia, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, França, Polônia, Áustria, Hungria, Eslovênia, Chipre. De 15,1% a 20,0%: Portugal, Malta, Grécia, Alemanha e Suécia. De 20,1% a 22,0%: Espanha, Itália (dados mais atualizados de 2019 ou 2018), Estônia, Letônia e Lituânia. De 22,1% a 23,8%: Romênia e Bulgária. Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 370 quilômetros.
    Elaborado com base em dados obtidos em: UNIÃO EUROPEIA. Comissão Europeia. Serviço de Estatísticas da União Europeia. At-risk-of-poverty rate by poverty threshold, age and sex, Eurostat, 11 abril. 2022. Disponível em: https://oeds.link/QzptX3. Acesso em: 25 abril. 2022. * Dados mais atualizados de 2019 ou 2018.

    Ler o mapa

    Retome o conceito de risco de pobreza e explique por que não podemos afirmar, com base na leitura do mapa, que os rendimentos das pessoas em risco de pobreza na Espanha e na Letônia são parecidos.

    O Brexit e o discurso contra a União Europeia

    Após o plebiscito de junho de 2016, no qual a maioria dos britânicos optou pela saída do Reino Unido da União Europeia (52% dos votos), foi previsto um período de negociações até se obter consenso sobre o acordo final do Brexit. Como até aquele momento nenhum país havia se retirado da União Europeia, a ausência de precedentes gerou a necessidade de se debater como ficariam os acordos comerciais vigentes e como seria a transição para a saída do bloco. Por isso, a saída oficial ocorreu apenas em janeiro de 2020.

    Desde o plebiscito, o Brexit vem contribuindo para que grupos radicais contra a União Europeia apareçam na cena política de outros países, mostrando que não há mais a unidade que se via antes em relação ao bloco.

    Partidos políticos com formações populistas e nacionalistas vêm ganhando fôrça em diversos países ao contestar os atuais moldes do bloco e incentivar a criação de movimentos neonazistas e xenófobos. O discurso antimigração, que permeia o Brexit, já é predominante onde a extrema direita compõe atualmente os partidos mais influentes do sistema político. Na França, Alemanha, Áustria, Itália, Finlândia, Polônia, por exemplo, as alas políticas mais conservadoras já discutem uma possível desintegração do bloco nos próximos anos.

    Fotografia. Manifestação de pessoas na rua, com destaque para duas pessoas segurando faixas azuis escrito: NO EURO e um xis na letra O.
    Manifestantes em Roma, Itália (2017), protestando contra a União Europeia.

    ATIVIDADES

    Faça as atividades no caderno.

    1. Faça o que se pede.

    a) Quais são as condições básicas para um país ingressar no bloco que fórma a União Europeia?

    b) Qual é a principal diferença entre a União Europeia e a antiga Comunidade Econômica Europeia?

    c) Cite pelo menos três países europeus que não integram a União Europeia.

    2. Reproduza o quadro em seu caderno e complete-o com o nome de países-membros da União Europeia, conforme o ano de ingresso ou saída do bloco. Para isso, consulte o mapa Evolução da União Europeia (1957-2021).

    1957

    1973

    1981

    1986

    1995

    2004

    2007

    2013

    2020

    3. Um dos grandes desafios na União Europeia e na Europa é como lidar com o crescente número de idosos. Leia a notícia a seguir.

    Nos países industrializados – e também em muitos em desenvolvimento – a mudança esperada na estrutura etária reticências levará a um aumento substancial da proporção de idosos. Isso acontecerá apesar das correntes atuais de imigração e mesmo com um aumento da fertilidade.

    “Obviamente cria problemas quando a massa de contribuintes diminui e aumenta o número daqueles que recebem aposentadoria. Isso cria problemas de sustentabilidade, assim como os sistemas de saúde serão mais demandados pelos idosos”, explica Duarte Nuno Semedo Leite, doutor em economia pela Universidade do Pôrto e professor do Instituto Max Planck, na Alemanha.

    reticências Pesquisa do Instituto Máks Plenk, de Munique, revela que o envelhecimento da população irá moldar o desenvolvimento econômico de longo prazo, afetando profundamente os mercados de trabalho, financeiro e de bens.

    “Envelhecimento significa que haverá menos pessoas em idade ativa. Em essência você ainda terá a mesma quantidade de consumo, de bens e de serviços que deverão ser produzidos, mas você terá menos trabalhadores”, explica álecs bórsch chupãn.

    CARVALHO, M. P. Envelhecimento na Europa causa impacto na economia e exige reformas de aposentadorias. érre éfe i, 18 setembro. 2019. Seção Podcasts – Radar Econômico. Disponível em: https://oeds.link/tQPoEO. Acesso em: 25 abril. 2022.

    1. Quais são os desafios de uma crescente população idosa?
    2. Além do envelhecimento da população, qual outro problema apontado no texto vai influenciar negativamente o sistema previdenciário europeu? A que se deve esse problema?

    4. Nos últimos anos, grupos radicais contra a União Europeia emergiram na cena política, não só no Reino Unido, mas também em outros países. Qual é o principal discurso adotado por esses grupos?

    Ícone. Seção Ser no mundo. Composto por um globo terrestre e uma linha laranja ao seu redor.

    Ser no mundo

    Transporte na União Europeia: o uso das bicicletas nas cidades

    Como vimos, uma das políticas adotadas pela União Europeia foi a ampliação e modernização dos principais eixos de transporte do continente.

    Nas cidades, os investimentos em infraestruturas “inteligentes” e o estímulo ao uso de bicicletas têm contribuído para melhorar a mobilidade urbana. Conheça o exemplo adotado pelos Países Baixos, cujas principais cidades são consideradas locais adequados para deslocamentos por bicicletas.

    Fotografia. No primeiro plano, vista para a calçada ao lado de uma ciclovia com três ciclistas de agasalhos e sacolas penduradas na bicicleta. Ao lado da ciclovia, pista da rua com a presença de um Veículo Leve sobre Trilhos. No segundo plano, fachada de edifício histórico, calçada, paraciclos e postes com fios.
    Ciclistas na cidade de Amsterdã, Países Baixos (2022).

    Como a Holanda se tornou um país de ciclistas

    Investimentos em infraestrutura, educação e na legislação fazem do país um dos melhores, senão o melhor, lugares do mundo para se pedalar. Priorizar as bicicletas é a política pública local desde a década de 1970

    A naturalidade com que os ciclistas se integram ao trânsito nas cidades holandesas surpreende os visitantes de países que priorizam automóveis. Boa infraestrutura, investimentos em educação e leis protetivas alçaram a Holanda às primeiras posições em rankings internacionais de países mais amigáveis às bicicletas.

    De acordo com o índice elaborado pela consultoria dinamarquesa de design urbano Copenhagenize, em parceria com a revista Wired, por exemplo, três cidades holandesas – Amsterdã, utréchiti e êindrrôven – estão entre as cinco melhores do mundo para se pedalar. O estudo, que abrangeu 122 municípios com mais de 600 mil habitantes, avalia desde planejamento urbano até aspectos culturais.

    Hoje, 34% dos deslocamentos de até 7,5 quilômetros na Holanda são realizados por bicicletas, em comparação a 4% no Brasil. Mas nem sempre foi assim. Da mesma fórma que em diversos outros lugares da Europa, o uso de bicicletas como meio de transporte sofreu um forte retrocesso na Holanda por volta das décadas de 1950 e 1960, quando os carros se popularizaram. Com a economia do país em expansão, os responsáveis pelas políticas de planejamento urbano das cidades holandesas passaram a privilegiar o automóvel, considerado à época o veículo do futuro e estratégico para o crescimento econômico.

    O tráfego de carros se intensificou a partir de então, trazendo, além de congestionamentos, um excessivo aumento no número de acidentes de trânsito. No ano de 1971, mais de quatrocentas crianças morreram por causa de acidentes envolvendo automóveis. Foi o estopim para que a população saísse às ruas em um movimento que ficou conhecido como “Stop de Kindermoord” (Parem com o assassinato de crianças). Nesse contexto, grupos de ativistas reivindicando melhores condições e infraestrutura para os ciclistas ganharam cada vez mais espaço.

    Às demandas populares somou-se o fator econômico. Em 1973, o preço do petróleo quadruplicou na Holanda em decorrência do embargo de países árabes às nações que apoiaram Israel na Guerra do iôn kipúr. As aparentes desvantagens do carro causaram uma mudança de perspectivas também nos governantes, que passaram a investir em políticas de fomento ao uso de bicicletas como meio de locomoção diário.

    A busca por soluções favoráveis aos ciclistas continua até hoje, como ressalta ruth ôldenzeil, coautora do livro Cycling cities: the european experience e professora de História Europeia e Americana da Universidade Tecnológica de êindrrôven. “É uma história de movimentos sociais e trabalho político árduo. Desde os anos 1970, nós tivemos políticas de reivindicação das ruas que partiram tanto da população quanto de autoridades. E nós ainda não chegamos lá. Trata-se de um trabalho em constante andamento que requer tempo e grande empenho”, pondera.

    rid, Sarita. Como a Holanda se tornou um país de ciclistas. Nexo, 27 fevereiro. 2017. Seção Reportagem.Disponível em: https://oeds.link/YCnjOQ. Acesso em: 25 abril. 2022.

    1. De acordo com o texto, quais foram as políticas adotadas para priorizar o uso das bicicletas nas cidades dos Países Baixos?
    2. Em sua opinião, por que os Países Baixos, assim como outros países da União Europeia, adotam políticas para priorizar o uso de bicicletas como um dos principais meios de transporte urbano?

    Glossário

    Pôlder
     Sistema de contenção de água para controle de inundações.
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    Densidade demográfica
     Relação entre a população absoluta e a área total que ela ocupa.
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    Crescimento vegetativo
     Indica o crescimento populacional de determinado local, definido pela diferença entre o número de nascimentos e o número de mortes.
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