UNIDADE quatro  Leste Europeu e sei

Fotografia. No primeiro plano, destaque para uma mulher de jaqueta, calça e tênis, em pé, nas margens de uma rodovia, segurando diversas sacolas e mochila nas costas. Ao redor dela, sacolas no chão e diversos adultos e crianças agasalhados. Acima dela, uma placa azul com a bandeira da Polônia e da União Europeia e texto escrito em polonês, inglês e russo. Ao fundo, rodovia e a outra margem ocupada por árvores de aspecto seco.
Em 2022, milhões de pessoas abandonaram a Ucrânia após ataques da Rússia. Na fotografia do mesmo ano, refugiados ucranianos recém-chegados a crôstiênco, no território da Polônia, onde se vê o símbolo da União Europeia ao lado da bandeira polonesa, um indício da aproximação de antigos países socialistas à Europa Ocidental. Durante a Guerra Fria, o Leste Europeu foi o reduto do bloco socialista e se opunha à Europa Ocidental e aos Estados Unidos, centro do bloco capitalista.
Fotografia. Vista para um vale cujas vertentes apresentam alto grau de inclinação. No primeiro plano, vista para um curso de águas cristalinas e margens cobertas por mata ciliar. No segundo plano, ponte de pedra sobre o curso de água e margens esquerda e direita ocupadas por construções antigas de pedra e outras mais recentes. No terceiro plano, superfície da vertente inclinada coberta por vegetação rasteira e rocha exposta e céu azul.
A Ponte Velha (stári môst) é uma ponte localizada na cidade de môstar, na Bósnia-Herzegovina. A construção original, do século dezesseis, foi destruída na Guerra da Bósnia, em 1993. Ela foi reconstruída em 2004 e, em 2005, foi tombada pela unêsco como Patrimônio da Humanidade, assim como o conjunto arquitetônico da cidade. A ponte se tornou símbolo da reconciliação, da cooperação internacional e da diversidade étnica, cultural e religiosa da região. Fotografia de 2020.

A divisão da Europa em dois blocos, Ocidental e Oriental, ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, quando o mundo ficou dividido entre a influência de duas grandes potências: os Estados Unidos e a União Soviética.

O bloco soviético acabou em 1991, mas ainda hoje a divisão entre Europa Ocidental e Europa Oriental é utilizada.

Você acha que as mudanças territoriais que ocorreram no Leste Europeu com a dissolução do bloco socialista se deram de fórma pacífica ou com conflitos? Quais outras transformações ocorreram nessa região? Qual foi o impacto dessas transformações nas relações econômicas desses países? Algum novo bloco surgiu?

Você verá nesta Unidade:

Os países do Leste Europeu

A dominação russa e soviética

O fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e as mudanças políticas e econômicas na Europa Oriental

A Comunidade dos Estados Independentes (sei)

A Rússia

CAPÍTULO 8  O Leste Europeu e a organização da sei

Além de regionalizar o território europeu segundo critérios de localização geográfica, como você estudou na unidade anterior, é possível dividi-lo com base em aspectos culturais e históricos em apenas duas regiões: Europa Ocidental e Europa Oriental (ou Leste Europeu). Essa classificação se tornou comum após a Segunda Guerra Mundial, quando teve início a Guerra Fria, que colocou em oposição países capitalistas e países socialistas. Atualmente, todos os países europeus são capitalistas, mas, durante a Guerra Fria, apenas os países da Europa Ocidental adotavam o capitalismo. Por sua vez, o Leste Europeu era constituído por países socialistas, alinhados à União Soviética.

Com a extinção da União Soviética ao final da Guerra Fria, alguns países do Leste Europeu se somaram à Rússia e a antigas repúblicas soviéticas asiáticas em um grupo que trata de interesses comuns, a Comunidade dos Estados Independentes (sei).

LESTE EUROPEU E sei

Mapa. Leste Europeu e CEI. Mapa de localização dos países do Leste Europeu, dos países asiáticos da CEI e países do Leste Europeu e da CEI. Países do Leste Europeu: Estônia, Letônia, Lituânia, Hungria, Polônia, Eslováquia, República Tcheca, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Croácia, Sérvia, Montenegro, Albânia, Macedônia, Bulgária, Romênia e Geórgia. Países asiáticos da CEI:  Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Azerbaijão, Armênia, Moldávia, Ucrânia e Belarus. Países do Leste Europeu e da CEI: porção oeste da Rússia, Belarus, Ucrânia, Moldávia, Azerbaijão e Armênia. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 850 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. oitava edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página. 43 e 47.

Mesmo com o fim da União Soviética, a Rússia, país que a encabeçava, ainda exerce uma influência importante no Leste Europeu sobretudo nos aspectos político, econômico e militar. Culturalmente, a região é marcada pela influência de povos de origem germânica, muçulmana e eslava.

A influência soviética no pós-guerra

Durante a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética alargou suas fronteiras mediante a ocupação militar das repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia). A partir de 1944, à medida que o exército soviético derrotava as fôrças alemãs na guerra, diversos países do Leste Europeu eram libertados pela União Soviética, que, aos poucos, estendia sobre eles sua influência e contrôle. Desse modo, os soviéticos ampliavam o bloco socialista, que lideravam em oposição ao bloco capitalista, sob a hegemonia dos Estados Unidos.

A reação e os levantes populares

Os países da Europa Oriental foram ingressando no bloco soviético, em diversos casos, contra a vontade da maioria dos povos centro-europeus. Em reação à dominação soviética, ocorreram levantes populares, como na Hungria, em 1956, e na Tchécoslováquia, em 1968 – episódio que ficou conhecido como Primavera de Praga –, ambos sufocados pelas tropas militares do Pacto de Varsóviaglossário . No final da década de 1970, o descontentamento com as políticas soviéticas tomou conta da Polônia. Apoiado pela Santa Sé (o papa era o polonês Carol Voitilá, que adotou o nome de João Paulo segundo), formou-se o sindicato Solidariedade, cujo líder principal, Lér Valéssa, desafiou o governo soviético.

Fotografia em preto e branco. No centro, diversas pessoas de casacos estão em pé sobre um tanque de guerra. Algumas delas seguram bandeiras. Ao redor do tanque, há uma multidão de pessoas em pé. Ao fundo, fachada de construções históricas.
População protestando contra o domínio soviético em Budapeste, Hungria (1956).

A era Gorbatchóvi e o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

Em 1985, micaíl gorbatchóv chegou ao poder na União Soviética, dando início a uma série de reformas estruturais. Com elas, as relações dos soviéticos com os países ocidentais sofreram grandes mudanças: foram assinados acordos para a redução de armamentos e eliminaram-se alguns entraves à liberdade de expressão e de informação. A perestróica (reestruturação econômica) e a glasnóst (transparência e abertura do sistema político) foram políticas que trouxeram perspectivas de liberdade para muitos países do bloco socialista europeu.

Os governos da Hungria e da então Tchécoslováquiaabriram suas fronteiras com a Europa Ocidental, e assim teve início uma migração em massa de cidadãos da Alemanha Oriental para a Alemanha Ocidental. A tensão política e social no lado oriental chegou a tal ponto que o governo comunista decidiu abrir suas fronteiras com o lado ocidental. Em poucas semanas, em 1989, o Muro de Berlim foi derrubado e, um ano mais tarde, as duas Alemanhas se reunificaram. Com a queda do muro, a União Soviética enfraqueceu-se do ponto de vista geopolítico, deixando de ser uma potência.

Em 1991, a Guerra Fria chegou definitivamente ao fim, com o desmantelamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (u érre ésse ésse). Acabava, portanto, a divisão da Europa entre o bloco capitalista e o bloco socialista.

As repúblicas socialistas do Leste Europeu e da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas passaram por mudanças políticas e econômicas para efetivar sua inserção na lógica da Nova Ordem Mundial. Muitos países da Europa Oriental aproximaram-se da União Europeia, que se expandiu com a aceitação de vários novos membros. Por outro lado, grande parte dos países da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas juntou-se e formou, sob a liderança russa, a Comunidade de Estados Independentes (sei), baseada no estabelecimento de políticas de empenho mútuo para a inserção na economia de mercado.

Fotografia. Destaque para uma criança de jaqueta e gorro verde, de pé, sorrindo e apontando para um muro alto, coberto de grafite colorido. Em cima do muro, há diversos soldados de uniforme militar e com as mãos para trás, posicionados um ao lado do outro.
O Muro de Berlim foi derrubado em novembro de 1989. A queda do muro simbolizou o declínio do socialismo e o fim de uma era, pois possibilitou a reunificação da Alemanha e pôs fim à Guerra Fria. Fotografia de 11 de novembro de 1989.

A modernização das ex-repúblicas soviéticas

Os países da extinta União Soviética não estavam preparados para o cenário econômico e tecnológico mundial do final do século vinte, principalmente no que se refere à tecnologia da informação.

No final da década de 1980, a economia planificada já mostrava indícios de sua falência. Durante a Guerra Fria, a então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas realizou investimentos pesados nas indústrias de bens de produção e na indústria bélica, porém não investiu na indústria de bens de consumo. Essa situação gerou a carência de produtos básicos, como alimentícios e de higiene. As populações enfrentavam longas filas para adquirir produtos de primeira necessidade. Os bens de consumo ficavam restritos a uma pequena elite dominante ou só podiam ser comprados no mercado paralelo. Embora o Estado garantisse o mínimo vital para os cidadãos, muitos se sentiam insatisfeitos com o modelo econômico.

Além disso, a economia planificada fracassou devido à falta de incentivos governamentais que estimulassem a eficiência e a inovação dos setores produtivos.

Atualmente, investimentos nos setores de bens de consumo das antigas repúblicas soviéticas, já convertidas ao capitalismo, possibilitaram a adoção de tecnologias modernas e o aumento significativo da competitividade de seus produtos no comércio internacional, incorporando-lhes maior valor agregado.

Fotografia. Vista para a área interna de uma indústria, com destaque para a carroceria de um caminhão em montagem na linha de produção. Na frente da cabine do caminhão, um homem em pé, de uniforme escuro e capacete laranja. Ao fundo, outro caminhão na linha de produção e diversas máquinas e equipamentos industriais.
Funcionários trabalham em linha de montagem de caminhões em tcheliabinski, Rússia (2021).

A privatização das empresas públicas, praticada nesses países na década de 1990 como fórma de inserir-se no mercado mundial, teve como consequência a formação de uma camada de novos ricos, pessoas que se aproveitaram de seus contatos políticos no regime anterior para enriquecer.

A corrupção, já muito presente na época soviética, continuou a ser praticada nos regimes democráticos. Surgiram, ainda, grupos mafiosos que passaram a interferir no funcionamento da economia de mercado e na democracia representativa.

Economia.

Europa Oriental: economia e sociedade

Atualmente, os países da Europa Oriental ainda buscam introduzir-se na economia de mercado. De acordo com suas características específicas, vivem níveis diferenciados de desenvolvimento econômico, e grande parte dos países já integra a União Europeia.

A seguir, você vai conhecer uma síntese da economia de alguns países do Leste Europeu.

Leste Europeu

Mapa. Leste Europeu. Mapa da Europa com destaque para os países do Leste Europeu, porção ocidental da Rússia e respectivas capitais. Rússia: Moscou Estônia: Tallin Letônia: Riga Belarus: Minsk Lituânia: Vilna Polônia: Varsóvia Ucrânia: Kiev Moldávia: Chisinau Eslováquia: Bratislava República Tcheca: Praga Hungria: Budapeste Romênia: Bucareste Albânia: Tirana Bulgária: Sófia Geórgia: Tbilisi Arménia: Ierevan Azerbaijão: Baku Os seguintes países e Kosovo estão numerados no mapa: 1. Eslovênia: Liubliana 2. Croácia: Zagreb 3. Bósnia-Herzegovina: Sarajevo 4. Sérvia: Belgrado 5. Montenegro: Podgorica 6. Macedônia: Skopje 7. Kosovo Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 330 quilômetros.

RÚSSIA

Apoiada na exportação de recursos energéticos como petróleo e gás natural, a Rússia vivenciou no século XXI um processo de significativo crescimento econômico com a valorização desses produtos no mercado internacional. Industrialmente, no entanto, excluindo a produção armamentista, o país não apresenta um dinamismo comparável ao dos principais países capitalistas.

Fotografia. No primeiro plano, superfície plana sem cobertura vegetal. No segundo plano, destaque para tanques das usinas de gás natural, redondos e iluminados.
Usina de gás natural. Sabetta, Rússia, 2021.

REPÚBLICA TCHECA

Com uma economia dinâmica, o país se destaca na produção de alimentos, motores a combustão, bebidas e eletrodomésticos e direciona mais da metade de suas exportações à União Europeia.

HUNGRIA

Seus principais produtos de exportação são máquinas, produtos mecânicos e alimentos industrializados. A população tem elevado padrão de vida.

Fotografia. Vista para rua comercial, cuja pista é de paralelepípedo e ocupada por pedestres. Nas calçadas, outros pedestres, postes antigos de iluminação, relógio antigo de rua e fachada de lojas em edifícios históricos.
Centro comercial em Budapeste, Hungria, 2021.

ALBÂNIA

País essencialmente agrícola, com economia centralizada no Estado, que apresenta dificuldades para promover a modernização e a abertura aos mercados internacionais.

Fotografia. Vista para uma superfície plana ocupada por cultivo rasteiro e flores. Pessoas de agasalho e lenço na cabeça, de pé, inclinadas e agachadas estão colhendo as flores.
Plantação em Shkrel, Albânia, 2021.

UCRÂNIA

Hoje, a maior parte do PIB provém dos serviços, mas a produção mineral e a agricultura continuam sendo atividades importantes. A existência de amplos solos férteis beneficia o plantio de produtos de exportação, como o trigo e o milho. Na indústria, destacam-se os setores químico, farmacêutico e alimentício.

Fotografia. À direita, superfície plana coberta por vegetação rasteira. À esquerda, grandes silos arredondados e de metal e estruturas industriais. Na frente dos silos, ferrovia e trem em circulação.
Silos de grãos em Pyriatyn, Ucrânia, 2021.

GEÓRGIA

Destaca-se na mineração de cobre e manganês. Na agricultura, o país produz uvas e frutas cítricas. Tem deficit de produção de energia e, por isso, precisa importar gás natural, petróleo e derivados. O país tem realizado esforços para abrir mais sua economia e atrair investimentos estrangeiros.

Fotografia. No primeiro plano, vista para uma superfície plana ocupada por plantação. Há pessoas entre os cultivos. Na frente da plantação, diversas caixas empilhadas e pessoas em pé. Ao fundo, região montanhosa.
Cultivo de uvas em Kakheti, Geórgia, 2021.

ESTÔNIA

Importante centro industrial, produtor de derivados de madeira, alcatrão, benzina e gás. Entre as ex-repúblicas soviéticas, é a mais integrada ao mercado internacional e tem elevada renda per capita. Enfrenta o problema da poluição do mar Báltico, que prejudica a pesca.

Fotografia. Vista aérea para uma superfície plana ocupada por uma zona industrial. No primeiro plano, fragmento florestal. No segundo plano, diversos galpões, construções industriais e torre alta. No terceiro plano, superfície plana e mar.
Área industrial nas bordas de Tallinn, Estônia, 2019.

KOSOVO

Independente em 2008, o Kosovo ainda despende muitos esforços para a consolidação de sua autonomia. Entre as principais fontes de recursos, está a extração de minerais metálicos e de carvão mineral.

SÉRVIA

A economia sofreu o impacto do bloqueio comercial imposto pela ONU durante a Guerra da Bósnia. Depois disso, o país deu sinais de recuperação com bom crescimento do PIB em períodos subsequentes.

Ícone. Seção Lugar e cultura. Composto por um vaso colorido.

Lugar e cultura

Multiculturalismo.

Diversidade cultural e conflitos étnicos nos Bálcãs

Situada no sudeste da Europa, a região dos Bálcãs é caracterizada pelas transformações territoriais que ocorreram ao longo da história. A queda do regime comunista instaurado nos países sob influência da União Soviética culminou na dissolução de um dos maiores países da região, a antiga Iugoslávia, e na redefinição de fronteiras com a independência de países como Sérvia, Eslovênia, Croácia, Montenegro, Bósnia-Herzegovina e Macedônia.

O estabelecimento desses novos territórios durante as décadas de 1990 e 2000 foi acompanhado de muitos conflitos (em grande parte violentos) decorrentes de disputas territoriais, divergências étnicas, religiosas e culturais e opressão do Estado, provocando a morte de milhares de pessoas e um fluxo de refugiados para outras regiões da Europa e demais países.

EX-IUGOSLÁVIA: REDISTRIBUIÇÃO ÉTNICA

Mapa. Ex-Iugoslávia: redistribuição étnica. Mapa das região dos Bálcãs destacando etnias existentes nos países da região e nos países oriundos da dissolução da Iugoslávia. Eslovenos: predominantemente na Eslovênia. Croatas: predominantes na Croácia; porção oeste da Bósnia-Herzegovina; ponto no noroeste da Sérvia; sul do Kosovo. Bósnios: região central, noroeste e sudeste da Bósnia-Herzegovina; sudoeste da Sérvia. Sérvios: predominantes na Sérvia; no leste, sul e norte da Bósnia-Herzegovina; pontos do norte da Macedônia e pontos espalhados pelo Kosovo. Montenegrinos: predominantes em Montenegro; norte da Albânia. Macedônios: predominantes na Macedônia; sudoeste da Bulgária. Albaneses: predominantes na Albânia e Kosovo; áreas do oeste e leste da Macedônia. Búlgaros: predominantes na Bulgária. Romenos: predominantes na Romênia. Húngaros: áreas do centro e noroeste da Romênia; áreas do norte da Sérvia. Gregos: predominantes na Grécia. Turcos: predominantes na Turquia; áreas do sul e leste da Bulgária e do nordeste da Grécia. Alemães (Al): região central e oeste da Romênia; norte da Sérvia. Valáquios e Aromenos (VA): leste da Sérvia; sul da Albânia; pontos espalhados pela Macedônia; noroeste da Bulgária; norte da Grécia. Pomaks (Po): sul da Bulgária, nordeste da Grécia. Italianos (It): oeste da Croácia. Rutenos (Ru): leste da Croácia; oeste da Sérvia. Torbesh e Gorani (TG): sul de Kosovo; norte da Macedônia. Gregos (Gr): norte da Turquia (Istambul). À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 90 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: Redistribution ethnique dans l’ ex-Yougoslave. Le Monde diplomatique, Paris, janeiro. 2008. Seção Cartes. Disponível em: https://oeds.link/M4AF0l. Acesso em: 25 abril. 2022.

Um dos efeitos da fragmentação territorial e dos fluxos populacionais forçados foi a ocorrência de mudanças na distribuição dos grupos étnicos. Observe no mapa Ex-Iugoslávia: redistribuição étnica como ficou a configuração étnica na região dos Bálcãs após a divisão da Iugoslávia em novos países.

A grande diversidade étnica propicia à região dos Bálcãs uma riqueza de identidades culturais, hábitos e costumes. Entre os aspectos peculiares, destaca-se a língua sérvia como única do continente europeu a usar dois alfabetos diferentes. Além disso, em alguns locais do país são falados diversos idiomas, como na cidade de noví séd, onde, oficialmente, se fala húngaro, croata, rúsins, sérvio, eslovaco e romeno.

Fotografia. Na porção superior, destaque para uma placa branca com um emblema composto por uma âncora e a bandeira da Sérvia. Ao lado, texto escrito em inglês e outros idiomas (russo e sérvio). Na parte inferior, esquema de uma paisagem com um rio, navios e uma ilha com vegetação alta e fotografias menores espalhadas sobre a paisagem.
Placas de localização escritas em diferentes idiomas em rua da cidade de Belgrado, Sérvia (2021).

Se, por um lado, a diversidade étnica torna a região rica do ponto de vista cultural, por outro, os conflitos das décadas passadas ainda se refletem nos dias atuais.

Leia a notícia a seguir.

Um comboioglossário desperta a tensão entre o Kosovo e a Sérvia

A palavra “guerra” voltou a ser utilizada ao lado de Sérvia e Kosovo. Para já, trata-se de uma guerra de palavras e de símbolos, mas o aumento da tensão ameaça romper o frágil equilíbrio que tem mantido os Bálcãs em paz nos últimos anos. E tudo por causa de um comboio.

No sábado, um comboio saiu de Belgrado com destino a Mitrovica, a principal cidade na região Norte do Kosovo, onde a maioria da população é sérvia. Por fóra, nas carruagens podia ler-se a frase “Kosovo é Sérvia” em línguas diferentes e o interior estava decorado com imagens de ícones ortodoxos que se encontram em mosteiros no Kosovo uma prova da partilha de uma herança cultural entre as duas nações.

As autoridades sérvias dizem que travaram a entrada do comboio em território kosovar para impedir potenciais retaliações contra a população de Mitrovica. Mas o presidente sérvio, tômilsáv nicolíqui, não deixou de fazer um aviso perturbador: “Não queremos guerra, mas se for necessário proteger sérvios de serem mortos, iremos enviar um exército para o Kosovo”.

RIBEIRO, João Ruela. Um comboio desperta a tensão entre o Kosovo e a Sérvia. Público, 17 janeiro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/eim6NA. Acesso em: 25 abril. 2022.

  1. Quais transformações territoriais ocorreram na região dos Bálcãs nas últimas décadas?
  2. Na sua opinião, qual é a importância de as diversas línguas faladas nas cidades da Sérvia serem consideradas oficiais?

A Comunidade dos Estados Independentes (sei)

No fim de 1991, Rússia, Ucrânia e Belarus, as três repúblicas mais importantes da extinta União Soviética, fundaram a sei, uma organização confederativa com o objetivo formal de manter a soberania dos Estados-membros, com autonomia política e econômica. Nos anos seguintes, vários outros países que integravam a antiga União Soviética aderiram à organização.

Parte dos membros da sei está situada na Europa, outra parte compõe o continente asiático. A Geórgia, que se integrou à sei em 1994, deixou o grupo em 2009, por ser contra o apôio da Rússia aos movimentos separatistas da Abcácia e da Ossétia do Sul. A Ucrânia, também envolvida em conflitos com a Rússia desde 2014, é outro país que sinaliza a possibilidade de deixar a sei.

O fim da União Soviética e a formação da sei

Em 1991, após a desagregação da União Soviética, iniciaram-se esforços para a criação da sei. Era essencial para a Rússia manter relações com as outras repúblicas independentes, tanto por interesses militares (pois parte do arsenal nuclear e da frota da extinta União Soviética havia ficado em território de nações agora independentes) como por questões energéticas (para manter o fornecimento dos oleodutos e dos gasodutos que atravessam várias dessas repúblicas). Essa postura da Rússia gerou diversos conflitos entre os grupos pró-russos e os mais abertos à influência da Europa Ocidental.

sei: POLÍTICO

Mapa. CEI: político. Mapa mostrando os países da CEI, as respectivas capitais, principais cidades e províncias autônomas. Rússia. Capital: Moscou. Cidades principais: São Petersburgo, Nijni-Novgorod, Arkhangelsk, Murmansk, Perm, Ufa, Ekaterinburgo, Chelyabinsk, Omsk, Krasnoiarsk, Novosibirsk, Norilsk, Bratsk, Irkutsk, Vladivostock, Khabarovsk, Iakutsk, Verkoiansk, Petropavlovski-Kamtchatski, Anadyr, Kaliningrado. Principal divisão administrativa - Repúblicas autônomas: ADIGUEIA; KHARATCHEVO-TCHERKÁSSIA; KABARDINO-BALKÁRIA; OSSÉTIA DO NORTE; INGUCHÉTIA;  TCHETCHÊNIA; DAGUESTÃO;  KALMÍKIA;  MORDÓVIA;  TCHUVÁCHIA;  MARIS;  TARTÁRIA;  UDMÚRTIA;  BASHKORTOSTÃO;  CARÉLIA;  KOMIS;  ALTAI;  KHAKÁSSIA; TUVA;  BURIÁTIA;  IAKÚTIA. Província autônoma: Juive. Belarus. Capital: Minsk. Ucrânia. Capital: Kiev. Cidades principais: Kharkov, Odessa, Donetsk. Principal divisão administrativa - República autônoma: Crimeia. Moldávia. Capital: Chisinau. Armênia. Capital: Ierevan. Azerbaijão. Capital: Baku. Principal divisão administrativa - República autônoma:  NAKHITCHEVAN. Província autônoma:  NAGORNO-KARABAKH Turcomenistão. Capital: Achkhabad. Uzbequistão. Capital: Tachkent. Principal divisão administrativa - República autônoma:  KARAKALPÁKIA. Cazaquistão. Capital: Astana. Cidades principais: Almaty e Karaganda. Tadjiquistão. Capital: Duchambe. Principal divisão administrativa - Repúblicas autônomas: GORNO-BADAKHCHAN. Quirguistão. Capital: Bichkek. Na porção superior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 550 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 58.
Economia.

Relações econômicas antes da sei

Embora a sei tenha sido fundada em 1991, a integração entre os países-membros precede o surgimento do bloco. As relações econômicas do Leste Europeu foram construídas ao longo das décadas anteriores.

Durante o regime socialista, as economias do bloco oriental fortaleceram o sistema baseado na reforma agrária, realizada a partir de 1917 para obter contrôle total dos setores agrícola e industrial, e se tornarem autossuficientes e independentes do comércio com países capitalistas. Esse sistema promoveu a coletivização das propriedades agrícolas, que passaram a ser controladas pelos governos. Criaram-se, assim, cooperativas de propriedades privadas – denominadas colcózes – e fazendas coletivas altamente mecanizadas e gerenciadas diretamente pelo governo – chamadas sovcózes – para controlar toda a produção agrícola e aumentar o excedente do setor.

Com a desagregação da União Soviética, esse sistema foi praticamente abolido. As propriedades agrícolas foram privatizadas, tal como outras áreas da economia.

A criação do Conselho de Assistência Econômica Mútua (Comecôm), em 1949, também representou o aprimoramento das relações comerciais anteriores ao surgimento da sei. O intuito era contrabalancear o Plano Marshall, isto é, a aliança capitalista edificada pelos Estados Unidos para apoiar a reconstrução da Europa, arrasada pela Segunda Guerra Mundial, além de promover a integração econômica. A maior parte das trocas comerciais ocorria de maneira bilateral, e os demais países influenciados pelo regime socialista orbitavam a União Soviética.

O Comecôm também foi desfeito no começo da década de 1990, após a desagregação da União Soviética.

Fotografia em preto e branco. Vista para uma superfície plana ocupada por terreno, cujo solo está sendo arado por máquinas agrícolas pilotadas por pessoas.
em área da União Soviética, 1925.
Ícone. Sugestão de vídeo.

ADEUS, Lênin! Direção: Vôlfigan Béquer, Alemanha, 2003. Duração: 121 minutos. Uma comunista ferrenha, moradora de Berlim Oriental, adoece e entra em coma no período em que a Alemanha ainda está dividida. Enquanto isso, ocorre a queda do Muro de Berlim. Quando recupera a consciência, seu filho fará de tudo para que ela não perceba as diversas mudanças ocorridas após o triunfo capitalista.

Ícone. Sugestão de livro.

gorênder, jacó. O fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas: origens e fracasso da perestróica. São Paulo: Atual, 2003. O autor analisa as causas que levaram ao fim o regime socialista na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em 1991.

A burocratização e a falta de competitividade

O contrôle estatal sobre todos os ramos da economia e da política soviética consolidou uma enorme e ineficiente estrutura burocrática governamental. A planificação centralizada levou à criação de um sistema hierárquico que tornava lentas as tomadas de decisão e dificultava a transmissão de informações relevantes sobre a situação econômica e social. Assim, a implementação de medidas sociais, econômicas e políticas envolvia um processo demorado.

Os países-membros da sei apresentavam um sistema produtivo pouco diversificado e tecnologicamente atrasado. Diante dessa defasagem, muitos setores produtivos desse bloco tiveram de se adaptar à estrutura competitiva do mercado internacional. A conversão das economias planificadas em economias de mercado provocou, em um curto prazo, desemprego e diminuição de renda das camadas sociais mais desfavorecidas.

A falta de competitividade e de investimentos em pesquisa, em setores como o automobilístico e o de eletrodomésticos, provocou uma estagnação das economias do Leste Europeu, somando-se à limitada produtividade e à baixa qualidade dos bens de consumo. No mesmo período, a produtividade dos países do bloco ocidental crescia rapidamente.

Apesar dessas limitações, alguns países da sei são grandes produtores agrícolas, especialmente de grãos. É o caso, por exemplo, da Ucrânia, que está entre os maiores produtores de trigo e milho do mundo.

Fotografia. Vista para uma superfície levemente inclinada ocupada por plantação de milho. No primeiro plano, destaque para uma máquina agrícola carregando a caçamba da carreta com o milho colhido.
Maquinário para colheita de milho próximo à cidade de lutcs, Ucrânia (2021).

O comércio entre os países da sei

O contrôle rigoroso exercido pela Rússia, que antes garantia o equilíbrio entre as demandas e as ofertas do comércio regional, promoveu o rompimento dos vínculos existentes entre os países que depois vieram a constituir a sei, especialmente em relação às trocas comerciais, que sofreram uma queda drástica. Com o fim da centralização, cada país procurou se integrar ao comércio internacional da maneira mais favorável aos próprios interesses.

Desde sua criação, a sei encontra dificuldades para se manter. Buscando novas possibilidades de parceria, algumas das repúblicas que a integram se aproximaram da União Europeia. Apesar disso, a Rússia tenta manter certa hegemonia sobre esse bloco, muitas vezes à custa de conflitos, como nos casos envolvendo a Geórgia e a Ucrânia. Sobre isso, observe o quadro a seguir.

A Revolução Laranja

Um exemplo da luta pela hegemonia sobre as antigas repúblicas soviéticas foi a Revolução Laranja. Em 2004, nas eleições presidenciais da Ucrânia, houve uma fraude para evitar que o candidato pró-europeu chegasse à Presidência.

Como resposta, a população organizou diversos protestos e ocorreram atos de desobediência civil, além de greves.

O partido pró-russo tentou evitar de todas as fórmas que víctor iuchênco ocupasse o poder em Kiev. A eleição teve de ser refeita, e a vitória do partido europeísta foi reconhecida.

Confrontos semelhantes entre pró-russos e pró-europeus ocorreram em outras ex-repúblicas soviéticas.

Fotografia. Destaque para uma multidão de pessoas em pé, segurando faixas e cartazes
Manifestantes empunham bandeiras e cartazes na praça da Independência, em Kiev, durante a Revolução Laranja na Ucrânia (2004).

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Cite fatores que levaram à crise da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e do modelo de socialismo lá implantado.
  2. Por que a Europa foi dividida em Europa Ocidental e Europa Oriental?
  3. Quais acontecimentos anteciparam a derrubada do Muro de Berlim?
  4. Observe as fotografias e responda ao que se pede.
Fotografia. Uma sonda lunar branca dentro de um saguão, com diversos mecanismos em tons de cinza. A ponta lança possui forma arredondada cinza. Ao fundo, painéis fotográficos e teto do saguão.
A sonda soviética Luna 9 foi a primeira nave a pousar na Lua, em 1966.
Fotografia. No primeiro plano, dois tanques de guerra verdes sobre uma superfície plana. No segundo plano, muro, árvores e céu azul.
Os tanques soviéticos utilizados durante a Segunda Guerra Mundial estão expostos em Posnânia, Polônia (2020).
  1. Os instrumentos mostrados nas imagens relacionam-se a duas áreas de forte investimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas durante a Guerra Fria. Quais?
  2. Explique como esses investimentos afetaram a população dos países socialistas.

5. Leia a seguir o trecho de um discurso pronunciado por micaíl gorbatchóv e responda às questões.

“O povo tem uma excelente qualidade: jamais se deixa enganar. Quando pintávamos a vida em cor-de-rosa, o povo via tudo e perdia o interesse pela imprensa e pela vida social. Pensava, com razão, que o humilhavam e insultavam quando os fatos eram falsificados.”

GODOY, Ivan. glasnóst e perestróica: a era Gorbatchóvi. São Paulo: Alfa-Omega, 1998. página. 15.

  1. Qual liberdade é referida no discurso?
  2. Descreva uma situação recente, ocorrida no Brasil, em que um meio de comunicação tenha manipulado uma informação.

6. Leia o texto abaixo e responda às questões.

reticências A revolta húngara aconteceu logo após o vinte Congresso do Partido Comunista da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. reticências Duas propostas do Partido Comunista húngaro chamavam a atenção: a formação de um governo que representasse todas as tendências políticas do país e a retirada da Hungria do Pacto de Varsóvia. reticênciasDoze anos mais tarde, em 1968, acontecimentos mais ou menos semelhantes ocorreram na Tchécoslováquia.

reticências A terceira grande crise no Leste Europeu ocorreu no início dos anos 1980 e teve lugar na Polônia reticências.

Essas três crises mostraram que, enquanto a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas fosse forte, o modelo por ela imposto aos países do Leste Europeu permaneceria com poucas modificações. Mas começava a ficar claro que, se fracassos ocorressem no interior do sistema soviético, isso aceleraria o desgaste da doutrina socialista como elo unificador desses países.

OLIC, Nelson Bacic. A desintegração do Leste: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Iugoslávia, Europa Oriental. São Paulo: Moderna, 1997. página. 15-18.

  1. É possível estabelecer uma relação entre as três crises descritas no texto? Justifique.
  2. Apenas a doutrina socialista era suficiente como “elo unificador”? Justifique.

7. Observe o esquema a seguir. Ele ilustra duas visões diferentes sobre a definição de território.

Esquema. Em um quadrante superior está escrito Território. Abaixo, dois quadrantes com informações textuais. À esquerda, Visão política "Espaço de exercício do poder estatal". À direita, Visão antropológica "Um lugar associado a uma identidade cultural".
Elaborado com base em dados obtidos em: MORAES, Antônio Carlos róbert de. Território e História no Brasil. São Paulo: Annablume, 2005. página. 53.

Antropológicoglossário

Reflita sobre o esquema e responda à pergunta: Por que Kosovo declarou sua independência, apesar de não ser reconhecido como Estado por alguns países?

  1. Em grupo, realizem uma discussão para escolher dois pontos positivos e dois pontos negativos do socialismo que foi implantado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Entreguem ao professor um trabalho escrito justificando suas escolhas e apresentem seus argumentos para a turma.
  2. Aponte:
    1. mudanças na política interna da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas depois que micaíl gorbatchóv assumiu o poder;
    2. os fatores que provocam o atraso na economia dos países do Leste Europeu após sua inserção na economia de mercado mundial.
  3. Quais países surgiram após a desagregação da Iugoslávia? Todos foram reconhecidos pela comunidade internacional?
  4. Observe o quadro a seguir e responda às questões.
Países selecionados – IDH (2020)

País

IDH

Nível

República Tcheca

0,900

Muito elevado

Estônia

0,892

Muito elevado

Polônia

0,880

Muito elevado

Hungria

0,854

Muito elevado

Belarus

0,823

Muito elevado

Bulgária

0,816

Muito elevado

Ucrânia

0,779

Elevado

Turcomenistão

0,715

Elevado

Quirguistão

0,697

Médio

Tadjiquistão

0,668

Médio

Elaborado com base em dados obtidos em: UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME Global Human Development Indicators. Human Development Reports, Nova iórque. Seção Country Profiles. Disponível em: https://oeds.link/0vGWCg. Acesso em: 25 abril. 2022.

  1. Qual é a situação dos países da sei em relação ao í dê agá?
  2. Os países da sei com os piores níveis de í dê agá situam-se na Europa ou na Ásia?
  3. Por que a República Tchéca, a Estônia e a Polônia têm os melhores índices de í dê agá entre as ex-nações socialistas da Europa?

12. Leia o trecho de reportagem a seguir.

Autoridade Geral de Fornecimento de Commodities (Gasc, na sigla em inglês) do Egito comprou quatrocentas e vinte mil toneladas de trigo da Rússia, Ucrânia e França em leilão realizado na quarta-feira []. São sete carregamentos. Deste total, 300 mil toneladas são da Rússia, 60 mil toneladas da Ucrânia e outro volume igual a este da França.

EGITO compra, em leilão, quatrocentas e vinte mil toneladas de trigo da Rússia, Ucrânia e França. IstoÉ, São Paulo, 16 março. 2017. Disponível em: https://oeds.link/231vic. Acesso em: 25 abril. 2022.

Considerando o cenário econômico retratado na reportagem, o que é possível afirmar em relação aos países do Leste Europeu?

CAPÍTULO 9  Rússia

A Rússia (ou Federação Russa) é o país com a maior extensão territorial do mundo. Devido à grande extensão leste-oeste, seu território compreende onze fusos horários.

Mesmo com o fim da União Soviética, a Rússia ainda é um país importante no cenário internacional. Contribuem para essa condição o poderio bélico que herdou da estrutura soviética, incluindo armas nucleares, e o status de membro permanente do Conselho de Segurança da ônu.

Esses atributos possibilitam à Rússia participar ativamente de questões estratégicas para a geopolítica mundial e, sobretudo, influenciar os países vizinhos em temas de seu interesse, construindo alianças ou exercendo sua fôrça.

Do ponto de vista econômico, a Rússia não se equipara aos países mais ricos da Europa Ocidental e está bem distante dos patamares de Estados Unidos e China, mas obteve avanços relevantes nas últimas duas décadas com a valorização dos produtos energéticos que exporta. O país possui também grandes jazidas de petróleo e gás natural, que abastecem muitos países da União Europeia e do Leste Europeu.

Fotografia. Vista área noturna para uma área urbana adensada composta por grandes edifícios e arranha-céus, ruas e avenidas iluminadas. Ao lado direito, curso de água e pontes.
Vista da cidade de Moscou (Rússia), com a presença de prédios modernos como indício do desenvolvimento econômico do país. Fotografia de 2022.

Aspectos físicos

O gigantesco território da Rússia, maior país do mundo, distribui-se entre dois continentes. cêrca de dois terços do seu território estão situados na Ásia, mas a capital do país, Moscou, localiza-se na porção que compõe o continente europeu.

Os montes Urais estabelecem a divisão entre a parte europeia e a parte asiática do território russo. Neles, estão localizadas jazidas minerais, especialmente de carvão.

Em seu relevo (observe o mapa Rússia: relevo), destacam-se duas grandes planícies: a Russa, situada no noroeste, e da Sibéria, na porção centro-ocidental. A leste da planície da Sibéria está localizado o planalto Central Siberiano, em que há cadeias montanhosas antigas, com concentração de minerais, como ouro e diamantes.

Na parte asiática do território russo, predominam climas frios. Ao norte, ao longo do litoral, a Tundra aparece associada ao clima polar. À medida que as latitudes diminuem, o clima é frio e há predomínio da Taiga ou Floresta de Coníferas. Ao sul, onde o clima se torna mais seco, ocorrem as Estepes.

A leste dos montes Urais, na porção europeia, o clima é temperado e o bioma característico é a Floresta de Coníferas, que abastece as indústrias de papel e de madeira. Ao sul, verifica-se um clima temperado mais ameno e a presença da Floresta Temperada e da Pradaria. Essa área é a mais populosa, e nela ocorre o maior aproveitamento da terra para a agricultura no solo tiernossion.

RÚSSIA: RELEVO

Mapa. Rússia: relevo. Mapa físico da Rússia, indicando as diversas altitudes da superfície do país, que variam de zero a 4.000 metros. Altitudes de 4.000 metros ou mais concentram-se no Cáucaso, onde está situado o Pico de Elbrus, com 5.633 metros de altitude. Altitudes entre 1.500 metros e 4.000 metros: Montes Urais, Montes Saian, Montes Iablonovi, Montes Stanovoi, Montes Kolima e Península Kamtchatka. Altitudes entre 500 metros e 1.500 metros: Planalto central siberiano, porção sul e oriental do país, abrangendo os Montes Verkoiansk; áreas do entorno dos Montes Urais; área na Península de Taimir. As terras com altitudes ente 200 e 500 metros ocorrem no Planalto Central Russo, Planalto do Volga e Península de Kola, na porção oeste da Rússia; áreas na porção centro-oriental. Altitudes entre zero e 200 metros concentram-se na porção centro-oeste do país: Planície Sarmática, Planície Russa e Planície da Sibéria. A Depressão Caspiana ocorre na porção oeste. Na parte inferior direita do mapa, rosa dos ventos e escala de 0 a 500 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 88; 94.

População

A diversidade física da Rússia contribui para explicar a distribuição irregular da população – que ultrapassava os 145 milhões de pessoas em 2022 – pelo vasto território. A maioria dos habitantes reside na parte europeia do país, onde estão localizados o centro econômico e as principais cidades da Rússia, Moscou e São Petersburgo.

Embora seja formada por diversas etnias, a maioria da população é composta de russos (78%). Um dos grandes problemas do país está relacionado à evolução da população absoluta, que tem apresentado decréscimo nos últimos anos (em 2020, a evolução negativa foi de 0,2%). O cenário populacional também envolve a diminuição da taxa de fecundidade (menos de dois filhos por mulher) e o envelhecimento da população, o que restringe a oferta de mão de obra, por exemplo. O governo encara essa questão como prioridade nacional e oferece incentivos financeiros para que as famílias tenham mais de um filho.

Importância das migrações

O crescimento populacional não é menor porque, nos últimos anos, a Rússia tem sido polo de atração de imigrantes da Ásia Central, do Leste Europeu e de países localizados no sul do Cáucaso. Diante da crise demográfica e da necessidade de mão de obra, o governo russo flexibilizou a entrada de imigrantes e a migração de habitantes do extremo leste de sua porção asiática, região mais pobre do país.

RÚSSIA: MIGRAÇÕES (2013)

Mapa. Rússia: migrações, 2013. Mapa da Rússia mostrando a direção dos fluxos migratórios e as áreas de atração e repulsão do território. Emigração de russos (número de emigrados): do noroeste da Rússia para a Alemanha, 49.600 emigrantes; do sudoeste da Rússia para Israel, 5.700 emigrantes; do leste da Rússia para os Estados Unidos, 6.700 emigrantes. Imigração: da Ásia Central para a região oeste e centro-sul da Rússia; do sul do Cáucaso para o sudoeste da Rússia; da Ucrânia e Moldávia para o noroeste da Rússia. Migração interna: da porção leste para a oeste da Rússia. Área de repulsão: predominantemente nas porções centro-oriental e sul do território russo. Área de atração: predominantemente na porção centro-ocidental, com exceção de algumas áreas. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 740 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quarta edição. São Paulo: Moderna, 2013. página. 99.

Ler o mapa

Caracterize os fluxos de migração entre a Rússia e países da Europa.

Ciência e Tecnologia.

A transição para a economia de mercado

A desagregação da União Soviética deu origem ao processo de modernização industrial da Rússia e à abertura econômica para o mundo, porém aumentou a pobreza e a concentração de renda da população.

A transição da economia planificada para a capitalista provocou várias mudanças, como a privatização das antigas empresas estatais, a introdução da concorrência, a busca do lucro como meta da produção, a liberação de preços e a abertura ao capital estrangeiro.

Em linhas gerais, a modernização russa segue políticas semelhantes às aplicadas nos demais países em desenvolvimento: prioriza os investimentos em infraestrutura para instalação de transnacionais e reduz as verbas estatais destinadas ao desenvolvimento social da população. Com a redução de verbas destinadas a pesquisas, muitos cientistas têm buscado oportunidades de trabalho em outros países.

Na atualidade, um dos grandes desafios que o governo russo enfrenta é o de modernizar e acelerar a economia em uma sociedade culturalmente ligada a um passado socialista, planificado e “estável”.

RÚSSIA: INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA EFETUADOS OU PLANEJADOS (2014-2030)

Mapa. Rússia: investimentos em infraestrutura efetuados ou planejados, 2014 a 2030. Mapa mostrando a concentração de investimentos em infraestrutura efetuados ou planejados no território russo, no período de 2014 a 2030. Investimentos em infraestrutura. Alta concentração: alguns territórios na porção oeste e no extremo sudeste do país. Média concentração: alguns territórios na porção centro-oeste do país. Baixa concentração: praticamente toda a porção centro-leste (exceto o extremo sudeste) e maior parte da porção centro-oeste do país. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 520 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: Ernst & YoungRUSSIAN infrastructure in the global context. In: EY. The road to 2030: a survey of infrastructure development in Russia. EY, 2014. Disponível em: https://oeds.link/82hQVP. Acesso em: 29 abril. 2022.

“Fuga de cérebros”

Atualmente, a Rússia enfrenta a chamada “fuga de cérebros”. Seus cientistas e intelectuais buscam melhores condições de trabalho em outros países ou são convidados por universidades e centros de pesquisa estrangeiros para desenvolver e coordenar projetos que não são empreendidos no país. Esse fenômeno também ocorre em países como Brasil e Índia.

Quadro econômico

Até 1917, ano em que ocorreu a Revolução Socialista, a economia russa destacava-se pelo uso de seus recursos minerais e agrícolas. Após a revolução, durante várias décadas, o país priorizou as indústrias de bens de produção (máquinas e equipamentos). Desde a década de 1980, porém, passou a investir nas indústrias de bens de consumo, como alimentos, vestuário e eletrodomésticos.

A agropecuária

A agropecuária é uma atividade importante para a economia russa, apesar das dificuldades enfrentadas com os invernos prolongados e rigorosos.

Os principais cultivos são: trigo, centeio, beterraba açucareira, linho, algodão, girassol e cevada. Na atividade pecuária, destacam-se os rebanhos bovino, ovino e suíno.

Recursos minerais

A vastidão do território russo e a variada formação geológica são responsáveis pela presença de um rico subsolo. As jazidas de petróleo e de gás são abundantes e fazem da Rússia a terceira maior produtora de petróleo e a segunda produtora de gás natural do mundo. Esses recursos são fundamentais para o abastecimento de energia e matéria-prima às indústrias química, mecânica e pesada russas. A Rússia também se tornou grande fornecedora de gás natural aos países europeus. A distribuição do gás ocorre por meio de gasodutos.

O país também está entre os cinco maiores produtores mundiais de diamantes, minério de ferro, níquel, potássio e urânio.

RÚSSIA: ATIVIDADES ECONÔMICAS

Mapa. Rússia: atividades econômicas. Mapa da Rússia representando os principais usos da terra, as reservas minerais e tipos de indústria no território russo. Uso da terra. Centeio, aveia, batata, linho, criação intensiva de gado: porção noroeste e pequenas áreas no centro do país. Milho, trigo, girassol, beterraba açucareira: porção sudoeste e sul, além de pequeno trecho do sudeste do país. Criação extensiva de carneiros e cabras: pequena área na porção sudoeste do país, próximo a cidade de Volgogrado. Outros usos: grande parte da porção centro-oriental e noroeste do país. Minerais. Cromo: no centro-norte, próximo à Norilsk e no sudoeste, em Chelyabinsk. Bauxita: no extremo noroeste, próximo à São Petersburgo. Níquel: porções central, oeste e sudoeste do país. Ferro: porção oeste, próximo à Samara, e no centro-sul, próximo a Novokuznetsk. Platina: porção centro-norte do país. Ouro: na porção leste, próximo à Iakutsk e porção oeste, próximo a Nijni Novgorod. Chumbo: no sul do país, próximo à Novokuznetsk. Petróleo/gás natural: norte da porção central e oeste, próximo a Saratov; pequenas áreas na porção leste. Carvão: diversas áreas na porção centro-leste e algumas na porção oeste do país. Indústria. Aeronáutica: em Saratov, na porção oeste do país. Automobilística: Moscou, Nijni Novgorod e Chelyabinsk, na porção oeste. Química: Khabarovsk, no extremo leste; São Peterburgo, Moscou, Rostov, Tula, Samara, Nijni Novgorod, Ufa, Perm, Ekaterinburgo, Chelyabinsk, no oeste do país;  Novosibirsk, Kemerovo, Krasnoiarsk, Novokuznetsk, na porção centro-sul. Carvão: Iakutsk,  Khabarovsk, Vladivostok, no sudeste; Novosibirsk, Novokuznetsk, Irkutsk, Krasnoiarsk, Kemerovo, no centro-sul. Mecânica: Moscou, Tula, Nijni Novgorod, Rostov, Saratov, Samara, Ufa, Perm, Ekaterimburgo, Chelyabinsk, na porção oeste; Novosibirsk, Novokuznetsk, Krasnoiarsk, Kemerovo, Irkutsk, no centro-sul; Khabarovsk e Vladivostok no sudeste. Alimentícia: Vladivostok, no sudeste; Novosibirsk, no centro-sul; Moscou, Volgogrado, Samara, no oeste. Mineração: Vladivostok, no sudeste; Kemerovo, no centro-sul; Chelyabinsk, no oeste. Petróleo e gás: Iakutsk, no leste; vários pontos no norte da porção central e no extremo leste; Samara e Rostov, no oeste. Armamento: São Petersburgo e Tula, no oeste. Naval: Vladivostok, no sudeste;  Krasnoiarsk, no centro-sul. Têxtil: Iaroslavl e Moscou, no oeste. Madeira: Moscou, Nijni Novgorod, Samara, Volgogrado, Ufa, no oeste; Krasnoiarsk e Kemerovo, no centro-sul; Khabarovsk e Vladivostok, no sudeste. Eletrônica: Iaroslavl, Moscou, Samara, no oeste; Krasnoiarsk no centro-sul. Na parte superior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 560 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quarta edição. São Paulo: Moderna, 2013. página. 98-99; L’ATLAS Gallimard Jeunesse. Paris: Gallimard Jeunesse, 2002. página. 46; 74.
Ciência e Tecnologia.

A industrialização russa

A industrialização da Rússia ocorreu mais intensamente na época da Guerra Fria, durante a corrida armamentista entre a extinta União Soviética e os Estados Unidos. Priorizou-se então a indústria bélica, com o desenvolvimento de equipamentos de guerra cada vez mais avançados. Paralelamente, as indústrias química, metalúrgica, petrolífera, naval e de máquinas e equipamentos apresentaram forte crescimento resultante dos investimentos do Estado soviético.

A União Soviética concentrou seus esforços para equiparar-se militarmente aos Estados Unidos, mas não conseguiu acompanhar os avanços tecnológicos dos países capitalistas nos demais setores industriais. Seu parque industrial tornou-se obsoleto e defasado, com dificuldades de produzir bens de consumo em quantidade e qualidade suficientes para abastecer o mercado interno.

Fotografia. No primeiro plano, superfície plana sem cobertura vegetal. No segundo plano, diversos galpões, estruturas industriais e chaminés lançando fumaça na atmosfera, além de casas e árvores isoladas.
Refinaria de petróleo instalada em ômsqui, Rússia. Fotografia de 2020.
As reformas

Com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o governo russo estabeleceu reformas político-econômicas e abriu o país ao capital estrangeiro, buscando parcerias com grandes empresas transnacionais estadunidenses, japonesas e europeias. Apesar dos investimentos nas indústrias de bens de consumo, as indústrias de bens de produção ainda prevalecem no país.

A indústria russa está concentrada principalmente na parte europeia do território, com destaque para as cidades de Moscou e São Petersburgo. A capital destaca-se pela disponibilidade de mão de obra, por recursos técnicos e pelo mercado consumidor. Em São Petersburgo, sobressai a indústria petroquímica.

O setor aeroespacial russo comanda parte considerável do processo de modernização tecnológica, fazendo parcerias com outras agências espaciais no âmbito internacional, para o desenvolvimento de satélites e espaçonaves destinados a pesquisas científicas.

Ícone. Sugestão de site.

PRAVDA. Moscou: Partido Comunista da Federação Russa: 1912- . Disponível em: https://oeds.link/VGfLDk. Acesso em: 25 abril. 2022. Versão digital, em língua portuguesa, de um dos jornais russos mais importantes, o Pravda, com notícias da atualidade. Clique em “Ciência” para ler notícias sobre pesquisas realizadas pela Rússia e em parceria com outros países.

Cidadania e civismo.

Quadro geopolítico

O fato de a Rússia ser membro permanente do Conselho de Segurança da ônu confere ao país o poder de veto. Esse direito, também exercido por outros quatro membros permanentes (Estados Unidos, Reino Unido, França e China), possibilita ao país impedir, apenas com o seu voto, a aprovação de resoluções capazes de impactar determinados países ou mesmo gerar efeitos globais.

Além do papel de destaque na ônu, a Rússia mantém sua hegemonia na Ásia Central, entre os países integrantes da sei, uma região considerada estratégica pela abundância de reservas energéticas. Os russos consideram importante manter sua influência nesses países para garantir acesso prioritário aos recursos naturais e ao mercado consumidor que eles detêm e, ao mesmo tempo, restringir o avanço de concorrentes, em especial dos Estados Unidos.

Por meio de outros artifícios, desde negociações diplomáticas a confrontos armados, a Rússia também exerce influência no Leste Europeu e em outras partes do mundo, como no Oriente Médio, onde, por exemplo, apoiou militarmente o governo da Síria em conflitos internos.

Fotografia. Vista para a área interna de um salão. No centro, uma grande bancada em semicírculo, no meio do qual há uma câmera móvel. Sobre a bancada há equipamentos eletrônicos, folhas de papel, microfone e outros objetos. Atrás da bancada, diversas cadeiras com pessoas sentadas. Ao fundo, na lateral direita do salão, há cadeiras vermelhas vazias e portas de madeira e, na lateral esquerda há um grande telão na parede com duas pessoas em transmissão.
Reunião do Conselho de Segurança da ônu na sede, em Nova iórque, Estados Unidos, em fevereiro de 2022, quando foram debatidas alternativas para encerrar a crise militar entre a Rússia e a Ucrânia.

A Rússia vem se firmando, portanto, como um dos principais atores do cenário geopolítico mundial, ainda marcado pela hegemonia dos Estados Unidos, a grande potência global. Em várias ocasiões, a Rússia tem apresentado posição divergente às estratégias adotadas não apenas pelos Estados Unidos, mas também pelos países da Europa Ocidental.  

Por seu peso geopolítico, a Rússia – como a China, por seu potencial de desenvolvimento econômico – é um dos países que atualmente apresentam mais condições de diluir a influência dos Estados Unidos e, assim, buscar alternativas para uma ordem mundial efetivamente multipolar, o que significa ter mais de um país constituindo grandes zonas de influência.

Participação na Guerra da Síria

A participação da Rússia na Guerra da Síria também é uma estratégia importante para manter seus interesses na região do Oriente Médio e se firmar no cenário mundial. O país sempre prestou apôio diplomático à Síria e, em 2015, interveio militarmente no conflito deflagrado pela crise político-institucional entre o governo de Bachár al Assád, grupos opositores e insurgentes radicais.

De acordo com a Rússia, os ataques aéreos em defesa do governo de Bachár al Assád tinham como objetivo derrotar o grupo terrorista Estado Islâmico (ê í), uma vez que a coalizão liderada pelos Estados Unidos não teria se mostrado capaz de conter a expansão da organização extremista.

Fotografia. Destaque para pista de pouso e uma aeronave militar estampada de verde e marrom e com o número 90 em vermelho abaixo das janelas. Ao redor, há um terreno com vegetação rasteira e céu azul.
Caça da fôrça aérea russa que integrou missão realizada na Síria. Fotografia de 2018.

O separatismo chechêno

O país ao qual se dá o nome de Rússia é, na verdade, uma federação de repúblicas, províncias autônomas e territórios. A Chechênia é uma dessas repúblicas autônomas. Com uma população de maioria muçulmana, desde 1991 vem lutando por sua independência. Em 1996, guerrilheiros chechênos invadiram a república autônoma vizinha do Daguestão, também de maioria muçulmana, com o objetivo de criar um Estado islâmico único.

O separatismo da Chechênia representa também uma ameaça ao domínio da Rússia sobre outras repúblicas autônomas, que poderiam passar a reivindicar independência.

A guerra na Ucrânia

Em fevereiro de 2022, a Rússia invadiu o território da Ucrânia, dando início a uma guerra cujas condições estavam sendo desenhadas havia vários anos. As justificativas conjugam motivações locais a questões geopolíticas globais. Enquanto os fatores locais envolvem disputas territoriais, os globais têm como essência a relação dos antigos países do bloco socialista com os Estados Unidos e seus aliados da Europa Ocidental.

A Rússia e a Ucrânia são parceiros na fundação da sei na década de 1990 e têm relações históricas profundas, mas passaram a vivenciar atritos crescentes no século vinte e um. Desde os anos 2000, cresceu entre parte dos ucranianos o anseio de aproximação com a Europa Ocidental, gerando pressões, por exemplo, para que o país se candidatasse a membro da União Europeia.

A população ucraniana, no entanto, não é homogênea politicamente nem em relação à identidade nacional e elegeu em diferentes momentos governantes simpáticos à União Europeia e outros alinhados à Rússia, gerando descontentamentos ora de uma parte da população, ora de outra.

Em 2014, víctor ianucovích, que até então governava a Ucrânia em sintonia com os interesses russos, foi deposto do poder após interromper negociações para a entrada da Ucrânia na União Europeia e de ter sido o alvo de fortes protestos. Por sua vez, a população de origem russa, concentrada no leste da Ucrânia, rebelou-se contra a situação e promoveu violentas manifestações separatistas apoiadas pela Rússia, que anexou o território da Crimeia e passou a apoiar a independência dos territórios de Lurránsc e de donétiski.

Em 2019, foi eleito para presidente da Ucrânia o candidato pró-Ocidente Volodimir Zelênski, que passou a promover esforços para levar o país não só à União Europeia como também à Organização do Tratado do Atlântico Norte (otâm), o que gerou profundo descontentamento no governo russo, liderado por Vladimir Putin. A otâm é uma aliança militar encabeçada pelos Estados Unidos, criada para fazer frente ao bloco socialista durante a Guerra Fria. Com a dissolução desse bloco, porém, a otâm continuou ativa e ajustou seu foco para defender a consolidação da hegemonia global dos estadunidenses e os interesses de seus aliados na Europa Ocidental.

A partir do fim da Guerra Fria, a otâm incorporou vários países do antigo bloco socialista no Leste Europeu, aproximando suas bases militares do território da Rússia, que interpreta o movimento como ameaça. Esse fato forneceu ao governo russo o argumento de que a invasão da Ucrânia representava uma reação ao cêrco da otâm ao seu país.

Apesar das justificativas, Putin recebeu severas críticas em todo o mundo por sua postura arbitrária na guerra, que, além de provocar a morte de muitos militares e civis, representou a violação da soberania de um Estado autônomo, que tem o direito à autodeterminação. Esse princípio significa que o país deve ter o poder de realizar as próprias escolhas, como a de aceitar ou não aderir a organizações internacionais. Contudo, o governo russo rebateu as críticas com base na compreensão de que a Ucrânia tem agido nos últimos anos influenciada pelo assédio dos países ocidentais para prejudicar a Rússia.

Observe o mapa no qual estão identificadas as áreas da Ucrânia invadidas e atacadas pelas fôrças russas nos primeiros dias de conflito em 2022.

UCRÂNIA: ÁREAS INVADIDAS E ATACADAS PELA RÚSSIA (março de 2022)

Mapa. Ucrânia: áreas invadidas e atacadas pela Rússia, março de 2022. Mapa mostrando a dinâmica de invasão russa no território da Ucrânia. Áreas ocupadas por forças russas: porção norte da Ucrânia, na região entre Chernobyl e Sumy;  entre Kherson e Mariupol, na porção sul do país; na Criméia, ao sul. Áreas autodeclaradas independentes em 2014: Donetsk e Lugansk, no extremo leste do país. Território anexado pela Rússia em 2014: Crimeia, ao sul. Batalhas terrestres:nas proximidades de Kiev (capital do país) e Sumy,  no extremo norte da Ucrânia; em Lugansk e Donetsk  no extremo leste; em Energodar, Mariupol, Kherson e Odessa, no sul do país. Explosões: em Kherson e Energodar, no sul do país. Ataques aéreos: áreas situadas no extremo norte, nas proximidades de Kiev;  em Lviv e outras áreas do oeste do país; no sudeste, em Kherson e Odessa, no sul do país; porção leste, em Energodar e Mariupol. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 130 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: GUERRA da Rússia-Ucrânia. uól, 10 março. 2022. Disponível em: https://oeds.link/i1qnEJ. Acesso em: 25 abril. 2022.

Ícone. Seção Mundo em escalas. Composto por dois pinos de localização conectados por setas.

Mundo em escalas

Meio ambiente.

A irrigação e o Mar de Aral

O Mar de Aral, localizado na Ásia Central, entre o Uzbequistão e o Cazaquistão, já foi o quarto maior mar interior da Terra, com 66 100 quilômetros quadrados de extensão. Hoje, ele apresenta apenas um terço do tamanho original.

A diminuição do volume do Mar de Aral teve início nos anos 1970, quando a União Soviética implantou grandiosos projetos de irrigação, desviando o curso dos principais rios que o abasteciam para irrigar plantações de algodão no Uzbequistão, no Cazaquistão e no Turcomenistão.

Como resultado, cêrca de 27 mil quilômetros quadrados secaram, a concentração de sal na água aumentou em 50%, o volume de água diminuiu em 60% e a indústria da pesca entrou em crise. Observe as imagens a seguir.

Imagem A (1973): vista vertical de uma superfície plana coberta por uma porção de água no centro, representada de azul escuro, e por solo seco e sem cobertura vegetal ao redor.
Imagem B (1999): vista vertical de uma superfície plana coberta por uma porção de água no centro, cuja área é menor do que na imagem A e o tom de azul é mais claro, e por solo seco e sem cobertura vegetal ao redor.
Imagem C (2007): vista vertical de uma superfície plana coberta por pequenas porções de água de cor verde no centro, menores do que na imagem B, entrecortadas por solo seco e sem cobertura vegetal.
Imagem D (2021): vista vertical de uma superfície plana coberta por pequenas porções de água no centro, de tamanhos menores do que na imagem C, entrecortadas por solo seco e sem cobertura vegetal.
Sequência de imagens de satélite do Mar de Aral em quatro momentos: 1973 (A), 1999 (B), 2007 (C) e 2021 (D).
  1. Como ocorreu a diminuição do volume do Mar de Aral?
  2. Quais impactos socioeconômicos foram provocados pela diminuição do volume e pela elevada concentração de sal no Mar de Aral?
  3. Como é possível identificar a diminuição do volume do Mar de Aral por meio das imagens de satélites apresentadas?

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. A respeito dos aspectos naturais e econômicos da Rússia, faça o que se pede.
    1. Aponte as principais características do relevo do país.
    2. Identifique o aspecto natural que marca a divisão do território russo entre a Europa e a Ásia.
    3. Identifique os principais recursos minerais.
    4. Escreva quais são os principais produtos agropecuários.
    5. Faça um pequeno texto sobre a industrialização russa.
  2. Aponte as mudanças ocorridas na Rússia durante a transição da economia planificada para a capitalista.
  3. Indique, em seu caderno, a descrição que caracteriza o continente europeu de maneira correta. Em seguida, explique por que as outras alternativas estão incorretas.
    1. Com o fim da Guerra Fria, os países do Leste Europeu se consolidaram como as maiores potências do continente.
    2. De acordo com os aspectos naturais, a Europa se estende do Atlântico aos montes Urais, que são um marco divisório entre a Europa e a Ásia.
    3. Considerando a diversidade étnica e linguística, pode-se dizer que a Europa compreende os países da península europeia e todos os territórios da Turquia e da Rússia.
    4. Dos pontos de vista cultural e político, a Europa é delimitada, a leste, pelos montes Urais, pelo rio Ural, pelo mar Cáspio, pela cadeia do Cáucaso e pelo mar Negro.
  4. O gráfico indica as taxas de natalidade e de mortalidade da Rússia.

RÚSSIA: TAXAS DE NATALIDADE E DE MORTALIDADE, POR 1.000 PESSOAS (1960-2019)

Gráfico. Rússia: taxas de natalidade e de mortalidade, por 1.000 pessoas, de  1960 a 2019. Gráfico de linhas mostrando a evolução das taxas de natalidade e de mortalidade na Rússia. Os valores das taxas de natalidade e de mortalidade, por 1.000 pessoas, estão no eixo vertical e os anos no eixo horizontal. Taxa de mortalidade 1960: 8 mortes por mil pessoas. 1970: 9 mortes por mil pessoas. 1980: 12 mortes por mil pessoas. 1990: 12 mortes por mil pessoas. 2000: 17 mortes por mil pessoas. 2010: 16 mortes por mil pessoas. 2019: 13 mortes por mil pessoas. Taxa de natalidade 1960: 24 nascimentos por mil pessoas. 1970: 15 nascimentos por mil pessoas. 1980: 16 nascimentos por mil pessoas. 1990: 12 nascimentos por mil pessoas. 2000: 10 nascimentos por mil pessoas. 2010: 14 nascimentos por mil pessoas. 2019: 10 nascimentos por mil pessoas.
Elaborado com base em dados obtidos em: THE WORLD BANK. Word development indicator. Data Bank, Washington, D.C., 2022. Disponível em: https://oeds.link/7O1i0C. Acesso em: 25 abril. 2022.
  1. O que é possível afirmar sobre a população russa? Por quê?
  2. Quais medidas do governo russo tentam reverter essa situação?
  1. De que maneira a Rússia vem se consolidando como potência no cenário geopolítico internacional?
  2. Leia a reportagem a seguir.

Rússia lança ataques aéreos na Síria

A Rússia começou nesta quarta-feira [30 de setembro de 2015] a realizar ataques aéreos na Síria tendo como alvo o grupo Estado Islâmico, horas após seu Parlamento autorizar o uso de tropas russas no país. Segundo o Ministério da Defesa russo, foram realizados cêrca de 20 ataques a alvos como equipamentos militares, comunicações e depósitos de armas, munição e combustível, informou a agência Interfax.

RÚSSIA lança ataques aéreos na Síria. gê um, 30 setembro. 2015. Disponível em: https://oeds.link/auZx2b. Acesso em: 25 abril. 2022.

Qual é o interesse da Rússia em prestar apôio diplomático e militar à Síria?

7. Observe a imagem e a legenda e responda às questões.

Fotografia. Manifestação de rua com multidão de pessoas em pé, segurando bandeiras, cartazes e faixas com textos no idioma estrangeiro.
População da Crimeia comemora terceiro ano da anexação pela Rússia na cidade de vládivostók (2017).
  1. A quem pertencia a península da Crimeia antes de ser anexada ao território russo?
  2. Como é composta a população da Crimeia atualmente?
  3. Quais dificuldades são enfrentadas pela população da Crimeia no período de transição de governo durante os últimos anos?

8. Apresente os fatores locais e os globais relacionados à invasão da Rússia ao território ucraniano em 2022.

Ícone. Seção Para refletir. Composto por silhueta de uma cabeça com engrenagens em seu interior.

Para refletir

Multiculturalismo.

Os desafios enfrentados pelos povos indígenas na Rússia

O maior país do mundo, a atual Federação Russa, se destaca pela grande variedade de grupos étnicos e nacionalidades que vivem em seu território. O expansionismo territorial ocorrido ao longo de vários séculos, bem como a unificação das repúblicas soviéticas durante a Guerra Fria, foram os principais fatores que propiciaram tal diversidade, ao agregar cada vez mais novas etnias no mesmo território.

Estima-se que há mais de 180 etnias diferentes entre os povos russos, sendo cêrca de 77% de russos étnicos, seguido de 3,72% de tártaros, 1,35% de ucranianos, 1,11% de basquires e 1% de chechênos, entre outros, como bielorussos, chuvaches e mordovos.

GRUPOS ÉTNICOS MAIS REPRESENTATIVOS DA RÚSSIA

Infográfico. Grupos étnicos mais representativos da Rússia. Infográfico composto por círculos proporcionais na parte superior, que mostram a porcentagem dos principais grupos étnicos no território russo, e por gráfico de barras na parte inferior, que mostra a porcentagem de pessoas praticantes das principais religiões do país. Principais grupos étnicos representados por círculos proporcionais: Russos étnicos (predomínio de cristãos): 77,7%. Tártaros (predomínio de mulçumanos): 3,72%. Ucranianos (predomínio de cristãos):1,35%. Bashkires (predomínio de mulçumanos): 1,11%. Tchetchenos (predomínio de mulçumanos): 1% Gráfico de barras: Cristãos ortodoxos praticantes: 41%. Cristãos ortodoxos não praticantes: 5,5%. Cristãos staroveri (adeptos de antigos rituais da religião ortodoxa: 0,2%. Muçulmanos: 6,5%. Seguidores do tangriismo: 1,2%. Budistas: 0,4%. Outros: 54,78%.
Fonte: GRUPOS étnicos mais representativos da Rússia. Rússia Beyond, 16 agosto. 2013. Disponível em: https://oeds.link/YVrc0i. Acesso em: 25 abril. 2022.

Indígenas russos reivindicam mais do que sobrevivência de caça e pesca

Os indígenas da Rússia têm direito a desenvolvimento e não se conformam apenas em sobreviver de caça e pesca, ressaltou em entrevista à Agência éfe o presidente da Associação dos Povos Indígenas da Rússia, gênádi chuquím.

A organização em questão tem como missão proteger os direitos de mais de 40 grupos étnicos espalhados pelo norte do território russo, incluindo a parte europeia, a Sibéria e o Extremo Oriente.

reticências

Convidado a participar de uma conferência regional da Organização das Nações Unidas (ônu) na cidade de voronéji, chuquím criticou o fato de que, para uns povos que têm entre as suas principais ocupações a pesca, a caça e a criação de renas, está cada vez mais difícil utilizar os recursos naturais.

reticências

Em Taimir, a exploração do solo para encontrar jazidas de gás e petróleo alterou a rota dos cervos e os testes sismológicos afastaram os peixes, uma situação que indígenas como chuquím observam com preocupação. Sem falar no aquecimento global, que está deixando sua marca por lá, reduzindo a camada de gelo permanente e deslocando os peixes para águas mais profundas e as renas para o norte, entre outros tantos efeitos, segundo ele.

DELGADO, Belém. Indígenas russos reivindicam mais do que sobrevivência de caça e pesca. Agência éfe, 20 maio 2018. Disponível em: https://oeds.link/2u9ubR. Acesso em: 21 junho. 2022.

Fotografia. Vista para um grupo de pessoas de agasalhos, gorros, saias, luvas e botas, em pé e ao lado de uma pequena placa. Atrás delas, três cabanas em formato triangular, feitas de madeira e cobertas por tecido. Ao redor, paisagem coberta de neve.
Família de grupo étnico nativo do Norte e do Extremo Norte da Rússia. iamálo-nenets, Rússia (2018).
  1. Quais fatores levaram à grande diversidade étnica da Rússia?
  2. Segundo o texto, que fatores estão prejudicando o acesso de alguns povos indígenas aos recursos naturais?
  3. Na sua opinião, que medidas podem ser adotadas para proteger os povos que dependem da caça e da pesca para a manutenção de seu modo de vida?

Glossário

Pacto de Varsóvia
 Acordo militar firmado em 1955 entre os países socialistas do Leste Europeu e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas para estabelecer um compromisso de ajuda mútua em caso de possíveis agressões militares resultantes da Guerra Fria.
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Comboio
 Trem.
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Antropológico
 Relativo à Antropologia, ciência que estuda o ser humano no sentido material e cultural, bem como seus costumes sociais, suas crenças etcétera.
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