UNIDADE seis Ásia: China, Japão e Tigres Asiáticos
Nesta Unidade, estudaremos alguns países e territórios que são destaque no continente asiático: a China, o Japão e os que compõem o grupo chamado de “Tigres Asiáticos”.
O Japão passou por uma ampla reconstrução após a Segunda Guerra Mundial e se tornou um país com elevado nível de desenvolvimento econômico e social. Na China, o desenvolvimento econômico é mais recente, ganhando impulso nas últimas décadas. Os países e territórios que ficaram conhecidos como Tigres Asiáticos, por sua vez, tiveram um grande desenvolvimento econômico nas décadas de 1980 e de 1990.
Você sabe como a China, um país socialista, tornou-se uma potência econômica no século vinte e um, superando o Japão? E sabe dizer quais são os Tigres Asiáticos? Você usa produtos fabricados em alguns desses países?
Você verá nesta Unidade:
Da China socialista à abertura econômica
Economia, população e a China como potência regional
Economia e população do Japão
Aspectos gerais dos Tigres Asiáticos
CAPÍTULO 12 A China no século vinte e um
A China é o terceiro maior país do mundo em extensão e abrigava em 2022 a maior população do planeta, com mais de 1,4 bilhão de pessoas – número até então pouco maior que o da população da Índia e muito superior ao de habitantes dos Estados Unidos, terceiro país mais populoso, com menos de 330 milhões de pessoas.
Com mais de 5 mil anos de história, a China passou do artesanato e da agricultura rudimentar aos projetos aeroespaciais do século vinte e um, enfrentou interesses de países imperialistas e viveu uma revolução que implantou o socialismo no país.
O socialismo na China foi instituído após uma guerra civil que levou Mao tsé tungui ao poder. Com a morte de Mao, em 1976, assumiu o poder dãn chiáo pín, que promoveu uma série de reformas econômicas a partir da década de 1980. Tais reformas proporcionaram à China altas taxas de crescimento econômico e aumentos significativos da renda per cápita, tirando milhões de chineses da situação de pobreza. Contudo, não houve mudanças no sistema político, e o poder permanece centralizado no Partido Comunista.
O processo de modernização chinês
A partir do século treze, a China passou a estabelecer contato com o Ocidente por rotas comerciais até a Europa. Com as Grandes Navegações, os europeus passaram a se interessar cada vez mais pelo Oriente. No século dezesseis, os portugueses estabeleceram a colônia de Macau, no litoral sul da China. No início do século dezenove, o domínio ocidental instalou-se efetivamente na região. Os britânicos conseguiram impor o comércio de ópioglossário ao mercado consumidor chinês, após vencerem a China nas Guerras do Ópio.
O Império Chinês havia passado por grande desenvolvimento cultural entre os séculos dezessete e dezoito, com o expansionismo manchuglossário . Porém, a partir da segunda metade do século dezenove, o crescimento populacional, o aumento dos impostos e a corrupção levaram o grande império à decadência e à fragmentação de parte do seu território – controlado por rebeldes, com o apoio de potências europeias (como a Inglaterra e a França), e pelo Japão.
Movimentos nacionalistas contrários à ocupação estrangeira intensificaram-se e, em 1912, o imperador foi deposto. Iniciou-se então um período republicano. Porém, os problemas econômicos, políticos e sociais persistiram, pois a China continuava muito dependente das potências estrangeiras.
A crise social conduziu o país a uma longa guerra civil, opondo nacionalistas, liderados por chiân cái chéqui, e comunistas, sob o comando de Mao tsé tungui e do Partido Comunista Chinês. A guerra civil chegou ao fim em 1949, quando os comunistas implantaram a República Popular da China, com um modelo político e econômico socialista.
chiân cái chéqui e seus comandados refugiaram-se em Formosa, no arquipélago de taiuã, onde fundaram a República da China ou China Nacionalista, de economia capitalista.
Da China socialista à abertura econômica
Inicialmente, o modelo chinês baseou-se no exemplo da União Soviética, sua aliada até o final da década de 1950, quando ocorreu o rompimento político com a então superpotência mundial.
Durante toda a década de 1960, a China viveu um isolamento internacional. A partir de 1966, o governo promoveu a chamada Revolução Cultural, uma campanha que levou à radicalização do regime comunista e ao fortalecimento do poder pessoal de Mao tsé tungui. Para isso, estimulou a população, em especial a juventude, a se rebelar contra seus adversários dentro do Partido Comunista Chinês. cêrca de 20 milhões de estudantes formavam as Guardas Vermelhas, perseguindo a todos os que não seguiam os ideais do “Livro Vermelho”.
A morte de Mao tsé tungui, em 1976, abriu caminho para a ascensão do político dãn chiáo pín. Com a mudança no poder, em 1977, a Revolução Cultural foi oficialmente encerrada.
dãn chiáo pín iniciou amplas reformas econômicas na China, visando à abertura para o modelo capitalista. Na década de 1980, foram criadas as Zonas Econômicas Especiais ( zê ê ês). Elas atrairiam capitais, tecnologia e know-howglossário de empresas estrangeiras para estimular a exportação e, ao mesmo tempo, a expansão do mercado doméstico. As empresas estrangeiras foram atraídas pela farta mão de obra barata e pela possibilidade de venda de seus produtos para o imenso mercado consumidor chinês.
Economia e desenvolvimento
No final da década de 1950, a China lançou a política econômica denominada Grande Salto para a Frente. O projeto, inspirado no modelo econômico e industrial soviético, estabeleceu a criação de um pátio industrial diversificado, com indústrias de base e bélicas. As indústrias mecânica e siderúrgica receberam atenção especial e passaram a se desenvolver de fórma acentuada.
No entanto, outras políticas econômicas fracassaram. A implantação de uma reforma agrária estatal, com a criação das Comunas Populares, desorganizou a produção de alimentos e contribuiu para a grande fome que, entre 1959 e 1962, matou cêrca de 20 milhões de chineses.
Em 1966, a economia chinesa sofreu o impacto de nova crise, dessa vez associada à Revolução Cultural; como consequência, o modelo industrial apresentou graves problemas na década de 1970: um quadro geral de obsolescênciaglossário , queda de qualidade e produtividade, péssimas condições de trabalho, baixa remuneração, falta de leis trabalhistas e de proteção sindical.
Com as reformas econômicas introduzidas por dãn chiáo pín, a atividade industrial voltou a se expandir, possibilitando o desenvolvimento das indústrias de bens de consumo, que, atualmente, têm recebido vultosos investimentos de empresas estrangeiras com filiais instaladas nas zê ê ês – principalmente as de Xangai (o mais importante centro industrial chinês) e guanzú.
Em 2001, a China entrou na Organização Mundial do Comércio ( ó ême cê), sinalizando o desenvolvimento de uma economia competitiva e de caráter nitidamente capitalista.
CHINA: INDÚSTRIA
Recursos minerais e energia
A industrialização exige grande quantidade de recursos minerais. A China possui muitas reservas de carvão, sua principal fonte de energia, e de petróleo, embora esteja entre os maiores importadores de petróleo do mundo. O país também extrai outros minérios, como tungstênio, estanho, cobre, chumbo, zinco, ferro e urânio, que favorece a implantação de usinas nucleares.
O grande potencial hidrelétrico chinês passou a ser intensamente explorado com a construção da hidrelétrica de Três Gargantas, no rio iãn sei (Azul). No entanto, a maior parte da energia consumida na China é produzida por termelétricas, que empregam o carvão mineral e geram intensa poluição nos grandes centros urbanos chineses.
Agricultura e pecuária
A grande extensão do território chinês, associada à diversidade de solos e climas, favoreceu o desenvolvimento de diferentes culturas agrícolas. As principais áreas produtoras estão na parte oriental do país, onde o relevo pouco acentuado e a abundância de água favorecem o desenvolvimento da agricultura.
A China é o maior produtor mundial de arroz, cultivado principalmente no vale do rio Y. O trigo é cultivado em associação com a soja no vale do rio ruãng rô (Amarelo). O algodão sustenta a maior produção têxtil do mercado mundial. Outros produtos importantes são o chá, o milho e a seda.
Na pecuária, a criação de suínos é a mais importante – a China tem o maior rebanho do mundo. Também têm destaque os rebanhos de equinos, ovinos, bovinos e a criação de aves.
CHINA: USO DA TERRA
População e desenvolvimento social
A população da China caracteriza-se pela diversidade étnica e cultural. Existem no país 56 etnias reconhecidas oficialmente, embora 91,6% dos chineses pertençam à etnia rã. São falados no país diversos idiomas, e as diferenças religiosas também são consideráveis.
Um grande desafio para o governo chinês consiste em manter a unidade nacional diante das desigualdades sociais e disparidades regionais.
Religiões populares chinesas |
30,8% |
Budismo |
16,6% |
Cristianismo |
7,4% |
Islamismo |
1,8% |
Outros |
4,8% |
Ateus, agnósticos e pessoas sem religião específica |
38,6% |
Elaborado com base em dados obtidos em: , Eleanor; álbert Religion in China. Council on Foreign Relations, 25 . 2020. Disponível em: setembro https://oeds.link/Zf3xf1. Acesso em: 25 . 2022. abril
CHINA: LÍNGUAS
A população chinesa está distribuída de fórma desigual no território. A parte oeste apresenta vazios demográficos. As maiores concentrações demográficas estão nas planícies costeiras e na região oriental, ao longo dos vales dos grandes rios. Xangai e bêijim (ou Pequim, capital do país), as duas cidades mais importantes e populosas, somavam em 2020 mais de 48 milhões de habitantes. A alta densidade demográfica gera problemas ambientais, como poluição atmosférica, contaminação dos rios e das áreas costeiras, desflorestamento e perda de solos agrícolas.
CHINA: POPULAÇÃO (2018)
A distribuição de riqueza na China também é desigual. Os índices mais altos do Produto Interno Bruto ( Píbi) per cápita, por exemplo, mostram que a riqueza do país está muito mais concentrada nas áreas costeiras, onde se encontram as zê ê ês e as indústrias de alta tecnologia. O interior do país apresenta os menores índices.
CHINA: Píbi per cápita(2021)
Política interna
O sistema político da China permanece sob um regime fechado e centralizado na estrutura de um partido único. Desde a Revolução Chinesa, o país reprimiu manifestações populares em favor de maior liberdade de expressão e da democracia e perseguiu aqueles que eram contra as políticas de governo.
Também são reprimidos os movimentos em prol da democracia e da liberdade nas regiões que defendem a separação em relação à China, seja por razões econômicas e políticas, como Róng Kóng e taiuã, seja por razões culturais e religiosas, como a região autônoma de chindjá, de maioria muçulmana, e o Tibete, de maioria budista.
Essas questões locais contribuem para fragilizar a imagem da China no cenário internacional, o que é aproveitado estrategicamente por competidores no mercado global. Nesse sentido, como defendem os chineses, o apôio dos Estados Unidos e de outros países ocidentais a manifestações populares contra o governo da China não se resumiria à defesa da democracia no mundo, seria também uma fórma de estimular fontes de desgaste ao país que mais cresceu economicamente nas últimas décadas.
Tibete livre
O Tibete, localizado no sudoeste da China, é uma região que guarda costumes milenares e abriga população de maioria étnica tibetana e de religião budista. Foi invadido pelo exército de Mao tsé tungui e incorporado ao território chinês em 1950, por interesses econômicos e geopolíticos.
Com a invasão chinesa, muitas rebeliões foram lideradas por monges budistas tibetanos, que tiveram de se refugiar em outras regiões, sobretudo no norte da Índia, com o intuito de manter suas práticas religiosas.
Mesmo tendo se tornado oficialmente uma região autônoma, o Tibete luta pela independência política. O governo chinês não reconhece as demandas do movimento separatista e justifica a ocupação em virtude dos investimentos econômicos destinados à região nos últimos anos.
TRAMONTINA, Carlos. A morada dos deuses: um repórter nas trilhas do Himalaia. São Paulo: Sá Editora, 2004. O livro narra a experiência do jornalista brasileiro ao escalar a mais alta montanha do planeta. Nele, o autor revela os hábitos dos moradores do Tibete, a cultura local e as belezas dos lugares por onde passou nessa aventura.
Potência em ascensão
A China se consolidou recentemente como a principal economia do continente asiático, superando o Japão, e cada vez mais se projeta como uma potência econômica global. Regionalmente, a China exerce liderança sobre o grupo de países chamado de Tigres Asiáticos (que estudaremos no Capítulo seguinte), estabelece importantes relações comerciais com a Austrália e a Nova Zelândia, os dois maiores países da Oceania, dos quais importa alimentos e matérias-primas essenciais para o desenvolvimento do país, além de ser o principal aliado da Coreia do Norte, país de orientação socialista com grande nível de isolamento externo.
Apesar das intensas relações comerciais entre China e Japão, também há divergências entre eles, que competem comercialmente no leste e no sudeste do continente asiático e ainda travam disputas territoriais. Uma dessas disputas envolve o domínio sobre as ilhas sencácu (para o Japão) ou djáôiutái (para a China). A China também disputa ilhas com outros países da região.
CHINA: INTERESSES E DISPUTAS REGIONAIS
China e África
O acelerado crescimento econômico chinês implica demanda crescente de matérias-primas e fontes de energia. Por esse motivo, a China passou a ter grande interesse nas relações com países africanos, uma vez que o subsolo da África é rico em minérios e algumas fontes energéticas, especialmente petróleo.
Nos últimos anos, a China se aproximou de diversos países africanos, como República Democrática do Congo, Sudão, África do Sul, Angola e Moçambique. Esses países receberam financiamento chinês para investir em instalação de empresas, obras de infraestrutura e empreendimentos locais de grande vulto. Em contrapartida, fornecem parte importante dos recursos naturais que abastecem a população e as indústrias da China, além de garantir a ampliação do mercado externo chinês.
Influência global
Por ser o país que atualmente mais se aproxima do patamar econômico dos Estados Unidos, posicionados há muito tempo no topo do ranking mundial do Píbi, bem acima dos demais, a China exerce papel fundamental nas relações internacionais. A China desponta hoje como o principal parceiro comercial de inúmeros países em todos os continentes habitados na condição de grande importador de recursos naturais e de gêneros agropecuários e de grande exportador de produtos industrializados. As parcerias comerciais chinesas também abarcam os Estados Unidos. Apesar de competidores no mercado internacional, os países movimentam entre eles enormes volumes de mercadorias e capitais.
A China procura manter uma posição de independência em relação a conflitos e a outras questões mundiais. Como membro permanente do Conselho de Segurança da ônu, sua participação nos assuntos de interesse global é importante para manter o equilíbrio de fôrças entre as nações.
Para se firmar no cenário internacional como potência do século vinte e um, a China vem destinando investimentos em diversos setores, tanto internos como em outras regiões do planeta. Entre eles, está a implantação de uma ampla rede de transportes terrestres e marítimos, denominada Nova Rota da Seda, que visa ampliar a interligação do país com parceiros comerciais em todo o mundo, sobretudo com os situados no continente europeu. Dessa fórma, a China espera obter maior inserção política e econômica em diversas regiões, investindo capital e gerando empregos em locais onde há carência de infraestrutura e mão de obra abundante. Dessa fórma, o projeto também contribui para impulsionar a economia dos países com quem a China estabelece parcerias.
A China tem se destacado ainda no investimento em fontes de energia limpa e no desenvolvimento de novas tecnologias. O país criou, por exemplo, seu próprio sistema de navegação por satélite, detém o maior radiotelescópio do mundo e avança nos planos para levar o ser humano novamente à Lua e a Marte.
EMBAIXADA da República Popular da China no Brasil. Disponível em: https://oeds.link/mCYEnk. Acesso em: 30 abril. 2022. A página oficial da Embaixada da China traz informações sobre o país e sobre intercâmbio comercial com o Brasil, cooperação científica e tecnológica, cultural e educacional.
Integrar conhecimentos
Geografia e Ciências
Poluição na China
O governo chinês priorizou o crescimento econômico em detrimento da conservação do meio ambiente. Assim, a China se depara atualmente com sérios problemas ambientais decorrentes da poluição.
Contaminação das águas
Há anos a contaminação das águas vem sendo apontada como um dos mais graves problemas ambientais e de saúde pública na China. Os produtos químicos lançados nos rios e lagos constituem a principal fonte de contaminação e atingem os reservatórios subterrâneos. Muitos desses produtos são tóxicos e nocivos à saúde humana.
Diante da gravidade da situação, as autoridades chinesas pretendem investir maciçamente na limpeza de rios e fontes de água potável nos próximos anos, endurecendo as leis ambientais e intensificando a fiscalização.
Poluição atmosférica
Em virtude do alto consumo de combustíveis fósseis em indústrias e termelétricas e do aumento considerável do número de veículos automotores que circulam pelas populosas cidades chinesas, a poluição atmosférica se agravou. As ruas e avenidas são as chaminés das cidades modernas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde ( ó ême ésse), a poluição do ar provoca, anualmente, a morte de mais de 7 milhões de habitantes das grandes cidades do mundo. Lentamente, a vida nos grandes centros urbanos transforma pessoas saudáveis em doentes crônicos, podendo causar sua morte em decorrência da exposição aos poluentes lançados na atmosfera pelos escapamentos de veículos.
- Explique a frase: “As ruas e avenidas são as chaminés das cidades modernas”.
- Na sua opinião, de que fórma a contaminação das águas e a poluição atmosférica podem ser revertidas?
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
- Responda às questões.
- Na China, quais são as peculiaridades dos importantes centros costeiros?
- É possível afirmar que o crescimento econômico chinês ocorre em todo o país? Justifique sua resposta.
- Reflita sobre as diferenças entre “crescimento econômico” e “desenvolvimento socioeconômico” e elabore um pequeno texto abordando o caso da China.
- Quais foram as implicações políticas da Revolução Chinesa de 1949?
- Explique a contradição existente no modelo político-econômico adotado pela China.
- Analise os dados do quadro e, com base neles, construa um gráfico de barras no seu caderno. Depois, responda:
Como o crescimento da população chinesa evoluiu entre 2000 e 2020? Que fatores explicam essa evolução?
Taxa de crescimento |
Ano |
---|---|
0,57% |
2000 |
0,54% |
2005 |
0,47% |
2010 |
0,45% |
2015 |
0,30% |
2020 |
Fonte: POPULAÇÃO: taxa de crescimento – China. Indexmundi. Disponível em: https://oeds.link/4qo3Rh. Acesso em: 30 . 2022. abril
6. Observe o mapa a seguir.
CHINA: POLUIÇÃO DO AR (13 DE DEZEMBRO DE 2015)
• Compare este mapa com o mapa “China: indústria” e relacione a localização das indústrias com as áreas com mais poluição atmosférica no país.
CAPÍTULO 13 Japão e Tigres Asiáticos
O Japão é uma das maiores economias do mundo. O país apresentou notável desenvolvimento tecnológico e industrial na segunda metade do século vinte e foi um dos responsáveis pelo grande crescimento econômico dos chamados Tigres Asiáticos – grupo formado inicialmente por Cingapura, taiuã, Róng Kóng e Coreia do Sul. Essa denominação provém do rápido crescimento industrial e desenvolvimento social que o grupo obteve, especialmente após a década de 1980, em decorrência de seu alinhamento com a economia do Japão e do Ocidente.
A partir da década de 1990, outros países se juntaram ao grupo e foram chamados de Tigres Asiáticos de Segunda Geração: Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã.
JAPÃO E TIGRES ASIÁTICOS
Japão: população e economia
País-arquipélago de tradições milenares, o Japão tem apenas .378000 km² de extensão. É constituído por milhares de ilhas, entre as quais se destacam quatro: rônchu, rocáido, quiushú e shikóku. O país sobressai pela longevidade de sua população, pelos altos índices socioeconômicos e pelo desenvolvimento de tecnologia de ponta.
O Japão abrigava em 2020 uma população de aproximadamente 126 milhões de habitantes e uma densidade demográfica de cêrca de 345 habitantes por quilômetro quadrado, considerada elevada. A população japonesa é predominantemente urbana (92%), concentrando-se em cidades como Tóquio (capital do país), iôcorrâma, Osaka, nagóia, Sapporo, Kobe, quiôto e Fukuoka. Na faixa que se estende de Tóquio a quiôto, encontra-se uma das maiores aglomerações urbanas do mundo, com mais de 80 milhões de habitantes. A concentração populacional em grandes áreas urbanas dificulta a solução, por parte do governo, do problema de espaço para moradia e trabalho.
A população japonesa apresenta queda constante da taxa de natalidade, há alguns anos, e elevada expectativa de vida (84,4 anos em 2019). Esse quadro aponta para o envelhecimento da população e para a necessidade da destinação de verbas públicas a um número cada vez maior de aposentadorias.
O alto nível educacional da população, a maior inserção da mulher no mercado de trabalho e a formação de uma sociedade informatizada e altamente competitiva contribuíram para a queda das taxas de natalidade.
Uma das consequências da queda do crescimento vegetativo é a carência de mão de obra. Com isso, muitos imigrantes foram para o Japão em busca de emprego e melhores salários, incluindo brasileiros descendentes de japoneses, em um movimento que teve início na década de 1980 e persiste até os dias atuais.
A atividade agrícola
A atividade agrícola no Japão enfrenta enormes desafios, entre os quais o relevo montanhoso, com vários vulcões ativos, e a pequena extensão territorial, fatores que dificultam a produção e, consequentemente, o abastecimento alimentar da população. Isso leva o país a recorrer à importação de alimentos.
Para superar essa limitação, os japoneses têm investido em recursos tecnológicos e técnicas agrícolas modernas e cada vez mais mecanizadas, obtendo alta produtividade com boa qualidade. Os principais produtos da agricultura japonesa são o arroz, o trigo e o chá-verde.
A atividade industrial
É na atividade industrial que se concentra a fôrça econômica do Japão.
O governo busca aliar valores tradicionais aos processos industriais do Ocidente, formando pactos com suas antigas elites (os zaibatsusglossário ) para investir maciçamente na criação da infraestrutura necessária às grandes indústrias.
Ramos industriais
O Japão está entre os mais importantes produtores mundiais em quase todos os ramos industriais, como:
- siderúrgico: dependente de importações de matéria-prima, principalmente da Ásia, da América do Sul e da Austrália;
- automobilístico: com um sistema de produção que emprega robótica e oferece alta qualidade, é um dos líderes de venda para os Estados Unidos;
- eletroeletrônico: com grande produção de equipamentos de imagem e som, transmissão de dados digitais e microcircuitos;
- naval: o país é um dos maiores construtores de navios do mundo;
- têxtil: desenvolvimento de novas fibras têxteis artificiais.
Como as áreas montanhosas impedem a expansão para o interior, os japoneses construíram pôlderes (diques) e ilhas artificiais à beira-mar para a instalação de indústrias.
O tsunami de 2011 e a questão energética
No dia 22 de março de 2011, um tremor de 8,9 graus na escala Richter, seguido de um tsunami, atingiu a costa nordeste do Japão. A usina nuclear de Fucuchima foi fortemente abalada, obrigando as autoridades a evacuar a população em um raio de 20 quilômetros ao redor da central nuclear. Mais de 13 mil pessoas morreram em decorrência do desastre.
Em março de 2012, cêrca de trezentas e quarenta mil pessoas ainda ocupavam residências temporárias na região afetada pelo terremoto e pelo tsunami, apesar dos grandes esforços governamentais em limpar e reconstruir as áreas arruinadas – a prioridade foi a rápida reconstrução das infraestruturas de transporte.
Após o acidente nuclear, o Japão tem discutido sua política energética, enfrentando grande resistência popular à construção de novas usinas termonucleares.
Poderio militar e relações exteriores
O Japão tem grande poderio militar. Grandes investimentos têm sido feitos para modernizar as fôrças armadas, parte deles destinada à construção de mísseis capazes de interceptar armas ofensivas de longo alcance, bem como à compra de equipamentos, como navios e aviões militares. As fôrças armadas japonesas contavam, em 2021, com um orçamento de mais de 53 bilhões de dólares.
O Japão realiza operações de treinamento em conjunto com a Coreia do Sul. Nos últimos anos, os testes nucleares e os lançamentos de mísseis balísticos efetuados pela Coreia do Norte têm preocupado as autoridades japonesas. As fôrças armadas do Japão também temem as ações militares da vizinha China, pois os dois países mantêm uma disputa territorial no Mar da China Oriental. A Constituição do país limita o uso das fôrças armadas em conflitos internacionais.
MUSEU Histórico da Imigração Japonesa no Brasil. Disponível em: https://oeds.link/RONd7B. Acesso em: 30 abril. 2022. Nesse site é possível ter acesso a uma parte do acervo desse museu, incluindo fotografias e outros documentos dos imigrantes japoneses que começaram a chegar ao Brasil em 1908.
Os Tigres Asiáticos
Na década de 1980, Cingapura, taiuã (Formosa), Róng Kóng e Coreia do Sul receberam a denominação de Tigres Asiáticos.
Esse grupo apresentou grande desenvolvimento socioeconômico em decorrência da forte atuação do Estado na proteção da indústria local, inspirado nos modelos político e econômico japonês e estadunidense. Essa proteção se concretizou na fórma de pesados impostos sobre os produtos importados e na implantação de estratégias para atrair investimentos estrangeiros. Houve ainda investimentos maciços na qualificação da mão de obra, ainda que barata, no incentivo às exportações e na melhoria na distribuição de renda.
Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã se juntaram ao grupo a partir da década de 1990, sendo chamados de Tigres Asiáticos de Segunda Geração.
Cingapura
A cidade-Estado de Cingapura foi colônia britânica até 1965, quando obteve a independência, tornando-se membro da Comunidade Britânica das Nações.
A partir de 1980, Cingapura entrou em uma fase de grande crescimento econômico, firmando-se como centro financeiro e de indústrias de alta tecnologia, atraídas de outras partes do mundo pela mão de obra barata. As principais atividades econômicas do país atualmente se concentram nos serviços portuários e bancários, no turismo e nas indústrias química e de equipamentos eletroeletrônicos.
A maioria da população de Cingapura é de origem chinesa (acima de 74%). Malaios, indianos, britânicos e japoneses compõem, entre outros, as minorias do país.
O país conseguiu integrar-se aos circuitos globalizados e desenvolveu políticas internas marcadas por investimentos em inovação tecnológica, que visam atrair capitais estrangeiros. O padrão de vida da população é bastante elevado.
Hong Kong
O território chinês de Róng Kóng esteve sob administração britânica desde 1842 e foi devolvido à China em 1997. De acordo com as negociações entre os dois governos, para sua reintegração ao domínio chinês, Róng Kóng deverá manter a estrutura de governo autônoma e seu sistema socioeconômico por pelo menos meio século.
O relevo montanhoso e a escassez de água dificultam o desenvolvimento da agricultura em Róng Kóng. A indústria é bastante diversificada e voltada para a exportação, sobretudo de bens de consumo, como roupas, relógios, calculadoras, brinquedos etcétera.
Róng Kóng é um dos maiores centros financeiros e de serviços do mundo, concentrando grande quantidade de bancos, seguradoras e companhias de exportação e importação.
Taiwan
A presença chinesa em taiuã data do século treze. No século dezessete, os chineses anexaram o arquipélago, que, em 1887, passou a ser uma província da China. Desde essa época, o território é disputado por chineses e japoneses. Em 1949, com a revolução socialista na China, taiuã tornou-se um Estado à parte, capitalista, com a influência de fugitivos do regime socialista, liderados por chiân cái chéqui.
Recentemente, o governo de taiuã restabeleceu as comunicações marítimas e liberou o comércio e o transporte de passageiros entre algumas de suas ilhas e o território continental da China, mas recusa ceder ao Estado chinês, que almeja consolidar o projeto de “um país e dois sistemas”, reincorporando o território , onde permitiria que o capitalismo continuasse vigorando. Nos últimos anos, houve um aumento de tensão nas relações entre o governo chinês e taiuã, que passou a receber apôio aberto dos Estados Unidos, país interessado, por razões econômicas, na desestabilização da China.
Coreia do Sul
Por causa do relevo montanhoso do seu território, a Coreia do Sul, localizada em uma península, tem uma agricultura pouco desenvolvida, cuja produção é insuficiente para o abastecimento da população. A atividade industrial, portanto, é fundamental para a economia do país, com destaque para o setor de telecomunicações e para a produção de automóveis e eletroeletrônicos.
O desenvolvimento econômico sul-coreano decorreu do modelo econômico que tornou o país uma plataforma de exportação, como ocorreu nos demais Tigres Asiáticos. Na base desse desenvolvimento, houve uma significativa liberação do comércio externo e a diminuição dos investimentos sociais do governo.
A crise econômica mundial de 1997 atingiu a Coreia do Sul intensamente, levando à liquidação de bancos e à privatização de empresas estatais. Medidas de ajuste estrutural da economia, tomadas a partir de 1998, deram resultado, apesar de seu alto custo social. Incluíam grandes investimentos em educação e em infraestrutura, principalmente a ligada ao parque de pesquisa em ciência e tecnologia. O í dê agá da Coreia do Sul, em 2019, foi de 0,916, considerado muito elevado (o 23º na classificação dos países). Além disso, quase 100% da população acima dos 15 anos no país é alfabetizada.
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
1. Observe os mapas e responda às questões.
- De que assunto tratam os dois mapas? Verifique as informações que eles contêm e dê um título para cada um deles.
- Redija um parágrafo explicando de fórma sucinta a relação existente entre os dois mapas.
- Descubra o Tigre Asiático descrito em cada um dos itens a seguir. Escreva no caderno.
- A atividade industrial é de extrema importância para o país; seu relevo montanhoso impede maior desenvolvimento da agricultura.
- O território foi alvo de muitas disputas entre chineses e japoneses até que, em 1949, se tornou um Estado à parte, capitalista, com fugitivos do regime socialista implantado na China.
- É um dos maiores centros financeiros e de serviços do mundo. Foi devolvido à China em 1997, porém manteve sua estrutura de governo autônoma e seu sistema socioeconômico.
- Cidade-Estado membro da Comunidade Britânica das Nações. A maioria da população é de origem chinesa, mas também composta de malaios, indianos, britânicos e japoneses, formando um mosaico cultural.
- Faça a leitura do trecho a seguir.
Na Ásia, a política invariavelmente sanciona o que a economia já sabe. O Século do Pacífico começou a conhecer seu dê êne á nos jardins do palácio presidencial de Bogos, Indonésia, em 15 de novembro de 1994, quando os príncipes dos 18 países da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico ( apéqui), trajando descontraídas camisas de batik e sorvendo suco de tangerina, brindaram ao estabelecimento de total livre-comércio e investimentos no arco do Pacífico até no máximo 2020. reticências
ESCOBAR, Pepe. 21: O século da Ásia. São Paulo: Iluminuras, 1997. página 80-81.
- O texto menciona o uso da vestimenta típica da Indonésia (batik) por representantes de diferentes países em um mesmo evento. O que isso significa?
- Qual é a importância do livre-comércio para os países desse grupo?
Para refletir
As políticas ambientais adotadas localmente contribuem de fórma efetiva para a diminuição dos impactos no planeta Terra?
Apesar dos avanços verificados nas últimas décadas com relação à preservação e conservação do planeta Terra, as questões ambientais não são protagonistas nas políticas adotadas pelos países, evidenciando que ainda há um caminho longo a ser percorrido.
A Ásia sofre com as mudanças ambientais em curso, enfrentando as consequências do aquecimento global e a perda de solos férteis em virtude das práticas agrícolas que degradam excessivamente a superfície terrestre.
O mapa representa o índice de Desempenho Ambiental, elaborado pelas universidades de Columbia e Yale, nos Estados Unidos. Tal índice leva em consideração diversos aspectos, como qualidade do ar, recursos hídricos, agricultura, biodiversidade, pesca, clima, energia e desmatamento. Nesse índice os valores variam entre 0 e 100, e, quanto mais próximo de 100, mais perto da meta ambiental. Com base no índice foi possível estabelecer um ranking dos países, o qual foi dividido em 5 grupos. Os países do grupo 1 apresentam o melhor desempenho ambiental e os do grupo 5, o pior. Observe no mapa.
PLANISFÉRIO: ÍNDICE DE DESEMPENHO AMBIENTAL (2020)
No que se refere ao desmatamento, alguns países abrigam pequenas parcelas de florestas primárias, demonstrando que, ao longo do processo histórico, a manutenção da cobertura vegetal não foi uma verdadeira preocupação das autoridades. O mapa “Planisfério: percentuais de Florestas Primárias (2019)”, a seguir, demonstra os percentuais de florestas primárias em diferentes regiões do mundo.
O desmatamento é uma das causas das mudanças climáticas globais. Levando em consideração que a retirada da cobertura vegetal em determinado país é capaz de influenciar as condições ambientais do país vizinho, como pensar em políticas locais, uma vez que muitos impactos ambientais são globais?
PLANISFÉRIO: PERCENTUAIS DE FLORESTAS PRIMÁRIAS (2019)
- Compare, de modo geral, os países da Ásia com os de outros continentes em relação ao índice de desempenho ambiental e ao percentual de florestas primárias.
- De acordo com o que foi discutido, como devem ser as políticas ambientais para que haja efetivamente a diminuição dos impactos no planeta Terra?
Glossário
- Ópio
- Substância de efeito analgésico extraída dos frutos da papoula, usada na produção de medicamentos e também como narcótico.
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- Manchu
- Que é natural da Manchúria ou habita essa região.
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- Know-how
- Conhecimento de normas, métodos e procedimentos em atividades profissionais, especialmente as que exigem formação técnica ou científica; habilidade adquirida pela experiência; saber prático.
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- Obsolescência
- Condição do que é ou está prestes a se tornar obsoleto, inútil, ultrapassado.
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- Zaibatsus
- Poderosos grupos financeiros japoneses controlados por famílias tradicionais, proprietárias de grandes empresas, que se unem e buscam parceria com o Estado no desenvolvimento de suas atividades produtivas.
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