UNIDADE sete Ásia: Índia e Oriente Médio
A Índia é um país emergente e marcado por grandes contrastes. No território indiano há centros de produção de tecnologias avançadas, universidades de alto nível e áreas modernas de produção industrial; ao mesmo tempo, grande parte de sua população vive em condições precárias.
Na região do Oriente Médio, localizam-se países que são grandes produtores mundiais de petróleo e cidades com conjuntos modernos de edifícios, em ritmo ainda crescente de construção. Tanto por causa do petróleo como por sua posição geográfica (que liga os continentes da Europa, Ásia e África), o Oriente Médio é marcado por conflitos e também é alvo de interesse das grandes potências mundiais.
O que você conhece sobre a Índia, sua história e economia? E sobre os países da região do Oriente Médio? O que você sabe sobre as disputas territoriais nessa região? Além do petróleo, quais fatores podem explicar os conflitos no Oriente Médio?
Você verá nesta Unidade:
Índia: do imperialismo britânico a país emergente
Economia, população e conflitos na Índia
O petróleo e a riqueza no Oriente Médio
Conflitos no Oriente Médio
CAPÍTULO 14 Índia: país emergente
Localizada no sul do continente asiático e banhada pelo oceano Índico, a Índia possui a sétima maior extensão territorial do mundo e faz fronteira terrestre com seis países: Paquistão, China, Nepal, Butão, bãngladéch e miãnmár.
A Índia é uma república federativa constituída por 28 estados e sete uniões territoriais. cêrca de um terço da enorme população indiana vive nas cidades. Há grandes aglomerações urbanas no país, como Mumbai (ex-Bombaim) e Calcutá, além da capital, Nova Délhi.
No século dezesseis, países europeus disputavam a região que hoje compreende a Índia, principalmente em razão das especiarias nela encontradas. Atualmente, a Índia é um país com crescente desenvolvimento econômico.
O parque industrial indiano é diversificado. Apesar disso, é a agricultura que ainda emprega a maior parte da população. Outro setor que passou a ganhar muito destaque no século vinte e um é o de serviços, como as empresas de telemarketing e de alta tecnologia.
Apesar do desenvolvimento econômico que acompanha as transformações do sistema produtivo do país, a Índia ainda registra baixos índices sociais, e grande parte da população vive na miséria, sem acesso a serviços essenciais, como saneamento básico e saúde. O país também vivencia conflitos territoriais, como a disputa da Caxemira com o Paquistão.
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Transcrição do áudio
A expansão das empresas de call center pela Índia
[Locutora]: Com os avanços nos setores de transportes e de telecomunicações, característicos da globalização, muitas das grandes empresas multinacionais estão transferindo parte de suas atividades produtivas para outros locais, preferencialmente para países em desenvolvimento.
Além de explorarem novos mercados consumidores, essas empresas buscam diminuir os custos de produção, já que a terceirização da mão de obra em países em desenvolvimento é mais barata e as tarifas alfandegárias cobradas são mais baixas.
No início dos anos 2000, a Índia tornou-se um dos principais locais de destino dos call centers [som de teclas] de multinacionais estadunidenses e britânicas.
A mão de obra barata, abundante e qualificada, o inglês como a segunda língua oficial da população e o desenvolvimento avançado de tecnologias de informação e do setor das telecomunicações contribuíram como fortes atrativos para a transferência das operações das centrais de atendimento para diversas regiões da Índia.
Localizadas próximo às principais cidades do país, como Nova Délhi e Bangalore, essas empresas estão relacionadas sobretudo aos setores de suporte, vendas e cobranças.
A média dos salários pagos no país foi significativamente inferior à média dos valores praticados no Reino Unido, o que evidencia as vantagens econômicas da terceirização do serviço.
Se o panorama é vantajoso para os investidores, o mesmo não se pode dizer sobre os trabalhadores do setor de atendimento, em sua maioria jovens, para os quais essa oportunidade tem se tornado cada vez mais algo temporário.
Com o aprimoramento do setor de tecnologia da informação, associado aos grandes investimentos nas universidades da Índia na última década, muitos jovens têm buscado postos de trabalho que exigem mais qualificação e pagam salários maiores, como a área de desenvolvimento de softwares, economicamente forte e em ascendência no país.
Imperialismo britânico e independência
A Inglaterra consolidou seu domínio sobre a Índia no século dezessete, após disputas com portugueses, franceses e holandeses. A colonização britânica direcionou a produção do país para atender ao mercado externo, colocando em segundo plano as necessidades do mercado interno.
Como em diversas outras colônias europeias, incluindo o Brasil, foram implantadas na Índia as plantations, grandes propriedades monocultoras com produção destinada à exportação. Além da fome causada pela falta de alimentos no país, esse sistema provocou alterações no modelo social e produtivo, inviabilizando a industrialização e a modernização da sociedade indiana.
No início do século vinte, o quadro de miséria impulsionou um movimento nacionalista liderado por Morrândas Gândi, também conhecido como Marrátma (Grande Alma). Gândi defendia a desobediência civil não violenta – que incluía boicotes aos produtos ingleses e recusa ao pagamento de impostos – como fórma de protesto e demonstração da insatisfação diante da ocupação estrangeira, da miséria social e da estagnação econômica do país.
As mobilizações desencadeadas por Gândi, somadas aos efeitos da Segunda Guerra Mundial sobre os países europeus, facilitaram a independência da Índia em 1947. No processo de independência, a Inglaterra promoveu a partilha do território (então denominado União Indiana) entre elites regionais, dando surgimento ao Paquistão, de maioria muçulmana. Essa partilha provocou o deslocamento regional de grupos étnicos e religiosos, causando indefinições territoriais entre Paquistão e Índia, que até hoje disputam territórios da região da Caxemira.
ÍNDIA: POLÍTICO
Gândi. Direção: ríchardi atenborou. Reino Unido/Índia, 1982. Duração: 188 minutos. O filme retrata a vida de Morrândas Marrátma Gândi, desde sua juventude até se tornar um grande líder espiritual e importante figura na luta pela independência da Índia.
Índia, um país emergente
Desde a década de 1990, a Índia apresenta taxas elevadas de crescimento econômico, resultado de investimentos e do estabelecimento de acordos bilaterais em escalas regional e global. O comércio regional é intenso, e os principais parceiros são a China, o Japão e a Coreia do Sul. Na última década, o país também tem intensificado as relações comerciais com a África e a América do Sul.
Caracterizada como um país emergente, a Índia fórma, com Brasil, Rússia, China e África do Sul, o grupo conhecido como bríquis.
Outro fator que coloca a Índia em posição de destaque no cenário internacional é seu arsenal nuclear, desenvolvido no contexto das disputas territoriais com o Paquistão, o que gera preocupações em relação à possibilidade de conflitos com alto poder destrutivo.
Os bríquis
Em 2001, o economista inglês djim , chefe de pesquisa em economia global de um dos maiores bancos de investimento do mundo – o Gôudmãn –, observou que quatro países do globo, apesar de separados cultural e geograficamente, estavam despontando devido a suas economias e, o mais importante, tinham potencial para crescer. Foi assim que surgiu o termo bríc, sigla criada com as iniciais destes quatro países: Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, a África do Sul (South Africa) foi admitida no grupo, que então passou a ser denominado bríquis.
PER CAPITA (2020)
Embora o grupo ainda tenha caráter informal, seus membros têm buscado aproximação em assuntos de interesse comum.
De fato, esses países apresentaram um crescimento econômico significativo nos anos 2000. A partir da década seguinte, porém, houve uma perda de desempenho, o que se agravou com a pandemia de covíd-19.
bríquis: PERCENTUAL DE Taxa de crescimento do Píbi
Economia e presença estatal
Após a independência da Índia, em 1947, houve elevados investimentos do Estado em ramos industriais, como o siderúrgico, o bélico, o automotivo e o de máquinas e equipamentos, visando substituir as importações e tornar o país mais autossuficiente.
Graças à oferta e à extração de recursos naturais (sobretudo combustíveis fósseis), intensificaram-se as obras de infraestrutura, como rodovias, ferrovias, usinas para a produção de energia elétrica etcétera.
A fim de superar uma crise econômica, a partir de 1991, o governo indiano tomou uma série de medidas que redimensionaram a presença estatal e desencadearam o crescimento econômico. A Índia passou a receber grandes investimentos estrangeiros associados à indústria nacional, mantendo o Estado como acionista majoritário em empresas de áreas estratégicas, ligadas à indústria de base e à geração de energia.
Atualmente, a economia indiana é diversificada. Além de contar com um parque industrial espalhado pelos núcleos urbanos (Calcutá, Mumbai, tchênái e Nova Délhi), o país dispõe de reservas de petróleo, carvão e ferro – recursos fundamentais para os setores siderúrgico e petroquímico. A agricultura, praticada em vastas áreas do território, é o setor que mais emprega na Índia. O setor de serviços tem promovido a integração indiana no mercado global por meio do desenvolvimento de empresas de alta tecnologia.
ÍNDIA: ECONOMIA
As empresas de alta tecnologia
Nas últimas décadas, a Índia conquistou o mercado de atividades ligadas à Tecnologia da Informação (TI)glossário , desenvolvidas em escritórios situados, em sua maioria, na cidade de Bangalore, no sul do país. Empresas indianas prestam serviços a grandes corporações transnacionais, criando aplicativos, programas e outros produtos.
Um dos fatores que contribuem para essa expansão é o forte movimento de retorno ao país de jovens indianos que se especializaram em áreas voltadas à informática e à engenharia em grandes universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido. Essa mão de obra altamente qualificada tem sido fundamental para o desenvolvimento da indústria ligada à informática e para a criação de escolas de engenharia de excelente nível na Índia.
Bollywood e a indústria do entretenimento
Criada no início do século vinte, a maior indústria de entretenimento do mundo, conhecida como Bollywood, localiza-se na cidade de Mumbai, na Índia. Seu nome deriva da mistura entre Bombaim (como a cidade era chamada) e Hollywood, famoso complexo cinematográfico dos Estados Unidos.
Mão de obra e mercado interno
A Índia passou a atrair nas últimas décadas empresas de vários países (principalmente dos Estados Unidos e do Japão), por diversos motivos:
- mão de obra qualificada, composta de técnicos e engenheiros formados em universidades e escolas técnicas do país e do exterior;
- excedente de mão de obra com baixa qualificação, que ocupa os postos de trabalho que exigem pouca especialização;
- mercado consumidor com elevado potencial (com o aumento da renda per cápitaocorrido nos últimos anos, houve ampliação da demanda por bens de consumo).
Lugar e cultura
O sistema de castas: uma ordem hinduísta
Os princípios do hinduísmo favoreceram a formação, na Índia, do sistema de castas. Em uma sociedade com esse tipo de sistema, a posição do indivíduo é definida pelo nascimento, sem que haja espaço para qualquer tipo de mobilidade social ao longo da vida. O sistema de castas na Índia é dividido em quatro castas. Segundo o Rig Veda, escritura sagrada do hinduísmo, cada uma delas se originou de uma parte do corpo de brãma, o deus supremo.
No topo da hierarquia estava a casta dos sacerdotes, denominados brâmanes. Em seguida, vinham: a dos xátrias, que eram os militares; a dos vaixias, composta de comerciantes, artesãos e camponeses; e a dos sudras, trabalhadores rudimentares que serviam às demais castas. Excluídos socialmente estavam os intocáveis (dalits), grupo totalmente desprovido de direitos. Esses indivíduos eram considerados impuros por não terem origem no corpo de Brahma; formavam um grupo à parte, extremamente segregado e discriminado.
Existem, ainda, milhares de subcastas, o que torna esse sistema muito complexo.
Em 1947, o sistema de castas foi extinto oficialmente. Porém, ele está arraigado na sociedade indiana, e os grupos excluídos continuam sendo vítimas do preconceito. Como fórma de se libertar dessa realidade, muitos se converteram ao islamismo e ao budismo.
- Como é composto o sistema de castas na Índia?
- Por que os intocáveis (dalits) sofrem discriminação por parte da sociedade indiana?
População
Com cêrca de 1,4 bilhão de habitantes, a maioria vivendo no campo, a Índia é um dos países mais populosos do mundo. Embora o crescimento demográfico esteja em declínio nos últimos anos, a ônu prevê que, em 2030, a população desse país será a maior do planeta, com 1,5 bilhão de pessoas. Mais da metade da população indiana se concentra no vale do rio Ganges, onde estão situadas algumas das maiores cidades do país, como Calcutá, Patna e Nova Délhi.
Há uma grande diversidade cultural no país, pois existe uma multiplicidade de religiões praticadas (hinduísmo, islamismo, cristianismo, siquísmo, entre outras) e de línguas faladas (hindi, bengali, inglês etcétera.).
Um grande número de indianos vive em situação de pobreza e miséria, com precariedade de saneamento básico, eletricidade, transporte e habitação. No que diz respeito à saúde e à educação, os serviços de qualidade são escassos.
Conflitos étnicos e separatistas
Alguns conflitos étnicos e separatistas ameaçam a unidade territorial da Índia. Entre eles, estão a disputa com o Paquistão pela Caxemira, território localizado ao norte do país; os confrontos entre hinduístas e síquis, grupo étnico-religioso do estado do Punjab (situado a noroeste do território indiano) que reivindica sua independência política; e a luta entre indianos e chineses pelas regiões de ácsai tchin (dominada pela China e reclamada pela Índia) e de arunátchal prádêchi (dominada pelos indianos e reivindicada pelos chineses).
Com relação à disputa pelo território da Caxemira, desde sua independência, a Índia travou três guerras com o Paquistão: em 1947, em 1965 e em 1999. Houve ainda uma guerra travada em 1971, quando a Índia apoiou a independência de bãngladéch.
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
- A respeito do processo de independência da colônia britânica denominada União Indiana, responda:
- Quem foi o líder da independência e quais aspectos marcaram as mobilizações desencadeadas por ele?
- A independência da União Indiana resultou na formação de quais países?
- Qual território é disputado por esses países?
- Quais são as principais atividades econômicas da Índia?
- Em grupo, pesquisem informações em jornais, revistas e na internet sobre as tensões entre Índia e China. Anotem os principais dados e, em data previamente agendada pelo professor, apresentem a pesquisa aos demais grupos. Compartilhem informações com os colegas e, se necessário, complementem a pesquisa. Ao final, elaborem um quadro ou uma tabela mencionando os conflitos e as respectivas datas de início e término (se houver).
- Observe o quadro e responda.
2016 |
2050 (projeção) |
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1. China |
1. China |
2. Estados Unidos |
2. Índia |
3. Índia |
3. Estados Unidos |
4. Japão |
4. Indonésia |
5. Alemanha |
5. Brasil |
6. Rússia |
6. Rússia |
7. Brasil |
7. México |
8. Indonésia |
8. Japão |
9. Reino Unido |
9. Alemanha |
10. França |
10. Reino Unido |
PWC. The Long View How will the global economic order change by 2050? Reino Unido: , 2017. Disponível em: pê dábliu cê https://oeds.link/iVnnXk. Acesso em: 5 maio 2022.
- Qual é a posição projetada dos países dos Brics na lista das dez maiores economias em 2050?
- O que representam os bríquis na nova ordem política e econômica mundial?
- Por que a Índia está inserida no grupo dos bríquis?
5. Quais conclusões sobre a dinâmica populacional da Índia podem ser tiradas da pirâmide etária do país?
ÍNDIA: PIRÂMIDE ETÁRIA (2020)
CAPÍTULO 15 Oriente Médio: região estratégica
O Oriente Médio é uma região estratégica em termos econômicos e geopolíticos, visto que conecta a Ásia, a Europa e a África. Além disso, nesse território estão localizadas as maiores jazidas de petróleo do mundo, que enriqueceram monarcas e xeques e transformaram áreas desérticas em cidades com centros de alto luxo.
A região é composta de 15 países, que somam uma área de 6,8 milhões de quilômetros quadrados ocupada por uma população composta majoritariamente de árabes de religião muçulmana. Israel, cuja população é predominantemente judaica, é uma exceção.
No Oriente Médio ocorrem constantes tensões e conflitos, como entre israelitas (judeus) e árabes (muçulmanos). A posse das jazidas de petróleo e o contrôle do seu fluxo também motivam tensões entre os países da região.
Aspectos físicos
Grande parte do relevo do Oriente Médio é constituída de planaltos circundados por montanhas. As planícies estão situadas, em geral, entre o litoral e os conjuntos montanhosos. No interior da região, entre os rios Tigre e Eufrates, localiza-se a planície da Mesopotâmia, de grande valor histórico-cultural.
Em virtude do predomínio dos climas desértico e semiárido, os desertos marcam presença na maioria das paisagens. A grande amplitude térmica é característica da região, o que levou a população a se concentrar em cidades como Damasco, na Síria, e Riad, na Arábia Saudita. Nessas localidades, há presença de oásis.
O Oriente Médio é a região que enfrenta o maior estresse hídrico do planeta. Com o aumento do consumo e a expansão das áreas irrigadas, a ônu projeta para o futuro próximo problemas como o agravamento da contaminação dos aquíferos, o desperdício e o surgimento de disputas pelo uso da água em zonas fronteiriças.
Petróleo
A região concentra as maiores reservas petrolíferas do mundo e é a principal exportadora do produto. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo ( ôpép) reúne Estados responsáveis pela extração e refino do produto, exercendo grande influência sobre a oferta e o preço do petróleo no mercado internacional.
As alianças e as mudanças envolvendo os países do Oriente Médio são acompanhadas de perto pelas potências mundiais, uma vez que alterações políticas nessa região podem ter reflexos globais.
PLANISFÉRIO: ôpép – FLUXO DE PETRÓLEO BRUTO, 1.000 BARRIS/DIA (2020)
Lugar e cultura
Povos beduínos do Oriente Médio
Se, por um lado, o Oriente Médio abriga centros urbanos modernos e passa por um processo de ocidentalização das populações locais, por outro, a região também conta com a presença de populações com modos de vida tradicionais. Entre esses povos estão os beduínos, nome derivado de expressões árabes que, traduzidas, correspondem a “povos que vivem no deserto”.
Esses habitantes mais antigos da região têm como principal característica o nomadismo. Estima-se que surgiram na Antiguidade, no norte da atual Arábia Saudita, porém se espalharam para outras regiões do deserto do Oriente Médio e do Norte da África, onde está situado o deserto do Saara.
ÁFRICA E ÁSIA: LOCALIZAÇÃO DOS POVOS BEDUÍNOS
Como os beduínos vivem em uma região onde predominam os climas Desértico e Semiárido, eles desenvolveram um modo de vida adaptado às condições do deserto, isto é, com escassez de água, grande amplitude térmica e ausência de solos favoráveis às práticas agrícolas. Dessa fórma, a maioria deles sobrevive do pastoreio nômade, isto é, da criação de animais, que são a base da alimentação e do sustento, sobretudo nos períodos das migrações.
Os povos beduínos são bastante diversos entre si e, em geral, se diferenciam pelas espécies de animais que empregam no pastoreio. Alguns povos criam camelos e, por isso, ocupam grandes extensões de terra onde o clima é mais rigoroso. Esses são considerados os grupos de maior prestígio. Outros são conhecidos pela criação de cabras ou ovelhas, que são espécies animais que necessitam de locais mais úmidos. Por isso, em geral, esses povos ocupam áreas onde o clima é mais ameno, como as regiões cultivadas da Jordânia, da Síria e do Iraque.
Como os beduínos são povos nômades, suas moradias são tendas organizadas em acampamentos temporários, facilmente montados e desmontados. De modo geral, essas tendas são feitas com tecidos de pele de camelo ou de cabra, por serem capazes de suportar a grande amplitude térmica diária característica dessas áreas e os ventos fortes característicos dos desertos.
Outra característica peculiar desses povos se refere ao modo de organização social. A estrutura da sociedade é hierárquica e patriarcal, composta de famílias extensas. O chefe de família é chamado de xeque ou xeique e é auxiliado por um conselho tribal informal de homens idosos.
Embora o número de beduínos tenha declinado nas últimas décadas, estima-se que, atualmente, eles representem cêrca de 10% da população total presente no Oriente Médio. As transformações políticas, sociais e econômicas, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, vêm pressionando a preservação desse modo de vida tradicional. Muitos beduínos, hoje, se tornaram sedentários e vivem de novas atividades, como a agricultura e o treinamento de camelos utilizados em corridas.
- Como as condições naturais presentes onde vivem os beduínos influenciam diretamente o modo de vida desses povos?
- No Brasil, quais grupos você conhece cujo modo de vida esteja fortemente associado às características climáticas locais?
- No lugar onde você mora, há grupos de pessoas cujo modo de vida esteja fortemente associado ao clima local? Explique, com suas palavras, o modo de vida desses grupos.
A riqueza do petróleo
Desde o final do século vinte, alguns dos maiores produtores de petróleo do Oriente Médio passaram a diversificar a economia de seus territórios, investindo volumosos recursos no desenvolvimento do setor de serviços, em especial o turismo de luxo. Dubai e abú dábi, ambas localizadas nos Emirados Árabes Unidos, foram as primeiras cidades a chamar a atenção pelos seus modernos conjuntos de edifícios. Posteriormente, Omã, Catar, cuáit, barêin e Arábia Saudita buscaram seguir o modelo dos Emirados Árabes Unidos, modernizando seus centros urbanos.
Projetadas principalmente por arquitetos europeus e estadunidenses, as novas construções foram concebidas para abrigar hotéis e condomínios extremamente luxuosos, shopping centers com as principais lojas de grife do mundo ocidental e escritórios de empresas transnacionais, além de museus e parques temáticos.
As mudanças trazidas pelo recente processo de modernização acarretaram certa ocidentalização das populações locais. A língua inglesa, por exemplo, passou a ser utilizada por grande parte dos habitantes na comunicação com turistas estrangeiros e no consumo de grifes estadunidenses, francesas e inglesas que se disseminaram no mercado. Além disso, o crescimento da indústria da construção civil transformou a região em polo de atração de empregos, motivando a vinda de trabalhadores não só da Ásia, mas também do continente africano.
No entanto, existem denúncias feitas por jornalistas e ônguis internacionais de que a maior parte das suntuosas construções é erguida com base na exploração irregular da mão de obra imigrante, composta majoritariamente de operários provenientes da Índia, do Paquistão, de bãngladéch, do Nepal, do Irã, das Filipinas e, em menor quantidade, da China e da Etiópia.
Os conflitos no Oriente Médio
O Oriente Médio é marcado por grandes conflitos geopolíticos, como a disputa entre Israel e Palestina, em que judeus e árabes consideram ter direitos históricos.
Desde o começo do século vinte, o movimento sionistaglossário passou a demonstrar sua pretensão em construir um Estado judeu em Israel, terra de onde os judeus foram expulsos pelos romanos no ano 70 Depois de Cristo. O drama dos sobreviventes do holocaustoglossário nazista motivou a comunidade internacional a dividir o então protetorado britânico da Palestina em dois Estados: um para os judeus e outro para os árabes, que haviam ocupado a região no século sete.
A questão palestina
O conflito na Palestina teve origem com a criação do Estado de Israel, em 1948, e a não criação de um Estado árabe na região, como previa o plano de partilha da ônu de 1947. Com a criação do novo Estado de Israel, grande parte dos palestinos que ali viviam se refugiou na Faixa de Gaza, na Jordânia, na Síria, no Líbano, no Iraque e no Egito.
A proposta de criação do Estado de Israel foi aceita pela Assembleia Geral da ônu, mas rejeitada pelos árabes palestinos e por países próximos, como Egito, Síria, Iraque, Líbano e Jordânia. A partir de 1948, os conflitos se multiplicaram.
As sucessivas derrotas árabes na Guerra da Partilha, na Guerra dos Seis Dias e na Guerra do iôn kipúr consolidaram territorialmente Israel e dificultaram a criação do Estado Palestino.
Guerras contra o Estado de Israel |
Opositores |
Resultado |
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Guerra da Partilha – 1947-1949 |
Egito, Síria, Iraque, Jordânia e Líbano |
Israel vence e avança sobre territórios que seriam destinados ao Estado Palestino. Egito e Jordânia também se apropriam de áreas palestinas. |
Guerra dos Seis Dias – 1967 |
Egito, Jordânia e Síria |
Israel ataca os três países e amplia seus territórios para a península do Sinai, Faixa de Gaza (Egito), Cisjordânia (Jordânia) e Colinas de Golan (Síria). A península do Sinai é devolvida ao Egito em 1979 (com o Acordo de Camp David, intermediado pelos Estados Unidos). |
Guerra do Yom Kippur – 1973 |
Egito e Síria |
Países árabes reivindicam os territórios perdidos desde 1967. Israel recusa a devolução e é atacado no dia do feriado judaico do Yom Kippur (Dia do Perdão). O país contra-ataca e sai vitorioso, mantendo sua extensão territorial. |
Fonte: OLIC, Nelson Bacic; CANEPA, Beatriz. Oriente Médio: uma região de conflitos. São Paulo: Moderna, 2012.
O difícil processo de paz
Ao longo dos anos, houve momentos de muita tensão entre árabes e judeus na região, e a radicalização de setores de ambos os lados dificultou ainda mais qualquer possibilidade de paz. A permanência de assentamentos israelenses em áreas da Cisjordânia, território ocupado por Israel em 1967, dificulta as negociações de paz. Por outro lado, grupos palestinos não reconhecem a existência do Estado de Israel e pregam sua destruição com o uso da fôrça.
O primeiro processo de paz, iniciado em Madri, em 1991, foi abortado com o assassinato, em 1995, do primeiro-ministro de Israel, ítzác rábin, por um extremista judeu. Nos anos posteriores, radicalizou-se a violência entre as duas partes.
Tempos depois, líderes de Israel e da Palestina voltaram às negociações de paz, com a intermediação dos Estados Unidos. Porém, ainda há muitos obstáculos para a paz, como a determinação de limites para Israel, a criação de um Estado Palestino e a garantia de segurança para ambos, e conflitos periódicos continuaram a ocorrer até a atualidade.
Em setembro de 2011, marmúd ábas, presidente da Autoridade Palestina, foi a Nova iórque entregar o pedido formal de adesão do Estado Palestino à ônu. Em 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu a Palestina como Estado observador. Na votação, 138 membros foram favoráveis à proposta, nove foram contra (Israel, Estados Unidos, Canadá, República Tchéca, Panamá, Palau, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru) e 41 se abstiveram. A partir da mudança de estatuto de “entidade observadora” para “Estado observador”, a Palestina (Cisjordânia e Faixa de Gaza) passou a ter permissão de solicitar ingresso em agências e órgãos ligados à ônu, incluindo o Tribunal Penal Internacional. O Brasil reconhece oficialmente a Palestina desde 2010.
PLANO DE PARTILHA DA ônu (1947)
ISRAEL E PALESTINA (2009)
Os conflitos e o petróleo
Além dos conflitos na Palestina, há outro aspecto a considerar com relação ao Oriente Médio. A região foi responsável por mais de 30% da produção mundial de petróleo em 2020 e concentra algumas das maiores reservas desse recurso, concentradas, principalmente, na Arábia Saudita, no Irã, no Iraque, nos Emirados Árabes Unidos e no cuáit. Essa riqueza atraiu interesses externos e foi a motivação de vários conflitos. Observe, na linha do tempo, os conflitos no Oriente Médio após a Segunda Guerra Mundial.
Cronologia dos conflitos no Oriente Médio
A Primavera Árabe e a guerra civil na Síria
Em dezembro de 2010, uma série de manifestações e protestos contra regimes autoritários que controlavam a vida política de alguns países árabes do Oriente Médio e do Norte da África tomou conta das ruas. A internet e as redes sociais tiveram importante papel nesse conjunto de manifestações, que ficou conhecido como Primavera Árabe.
Essas revoltas populares tiveram início na Tunísia, país africano, e inspiraram movimentos semelhantes no mesmo continente e também em países do Oriente Médio, como barêin, Jordânia, Síria, Omã, Iêmen, Arábia Saudita, cuáit e Síria.
Os manifestantes na Síria foram reprimidos com violência pelo governo de Bachár al Assád. Desde 2011, a situação evoluiu para uma guerra civil, com grupos armados empenhados em derrubar o governo ou ao menos dominar porções do território. Entre esses grupos, a organização terrorista Estado Islâmico chegou a ocupar grande parte do país, cujo contrôle só foi oficialmente revertido em 2019, após a intensa atuação de combatentes locais apoiados pelo governo e por fôrças estrangeiras, compostas, entre outros países, dos Estados Unidos e da Rússia. Os conflitos na Síria, contudo, envolvendo grupos favoráveis e contrários ao governo, incluindo o Estado Islâmico, continuaram a ocorrer nos anos seguintes.
Em prática
Guerra civil na Síria
O trecho do texto a seguir relata alguns detalhes da guerra civil na Síria, iniciada em 2011. Leia-o e elabore um mapa esquemático, de acordo com as orientações descritas na sequência.
Por que há uma guerra civil na Síria: 7 perguntas para entender o conflito
Um levante pacífico contra o presidente da Síria que teve início há sete anos [2011]transformou-se em uma guerra civil que já deixou mais de 350 mil mortos, devastou cidades e envolveu outros países.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados ( áquinur) calcula que mais de 5 milhões já deixaram o país.
Entenda a seguir a origem desse conflito e suas consequências até agora.
1. Como a guerra começou?
Mesmo antes de o conflito começar, muitos sírios reclamavam dos altos índices de desemprego, corrupção e falta de liberdade política sob o presidente Bachár al Assád, que sucedeu seu pai, rrafés, após sua morte, em 2000.
Em março de 2011, protestos pró-democracia eclodiram na cidade de derá, ao sul do país, inspirados pelos levantes da Primavera Árabe em países vizinhos.
Quando o governo empregou fôrça letal contra dissidentes, houve manifestações em todo o país exigindo a renúncia do presidente. O clima de revolta se espalhou, e a repressão se intensificou. Apoiadores da oposição pegaram em armas, primeiro para defender a si mesmos e depois para expulsar fôrças de segurança das áreas onde viviam. Assad prometeu acabar com o que chamou de “terrorismo apoiado por estrangeiros”.
Seguiu-se uma rápida escalada de violência, e o país mergulhou em uma guerra civil.
2. Quantas pessoas já morreram?
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, uma ôngui britânica que monitora o conflito com base em uma rede de fontes locais, registrou . trezentas e cinquenta e três novecentas mortes até março de 2018, incluindo 106 mil civis.
reticências
3. Do que se trata a guerra?
reticências
Muitos grupos e países, cada um com suas próprias agendas, estão envolvidos, tornando a situação muito mais complexa e prolongando a guerra.
reticências
Também permitiram que grupos jihadistas como o autodenominado Estado Islâmico e a Al Caedaflorescessem.
Os curdos sírios, que querem ter o direito de governar a si próprios mas não combatem as fôrças de Assad, acrescentam outra dimensão ao conflito.
4. Quem está envolvido?
Os principais apoiadores do governo são a Rússia e o Irã, enquanto os Estados Unidos, a Turquia e a Arábia Saudita apoiam os rebeldes.
reticências
Os Estados Unidos, Reino Unido, França e outros países ocidentais forneceram variados graus de apôio para o que consideram ser rebeldes “moderados”.
Uma coalizão global liderada por eles também realiza ataques contra militantes do Estado Islâmico na Síria desde 2014 e ajudou uma aliança entre milícias árabes e curdas chamada fôrças Democráticas Sírias ( éfe dê ésse) a assumir o contrôle de territórios antes dominados por jihadistas.
A Turquia apoia há tempos os rebeldes, mas concentrou esforços em usá-los para conter a milícia curda que domina a éfe dê ésse, acusando-a de ser uma extensão de um grupo rebelde curdo banido do território turco.
reticências
5. Como o país tem sido afetado?
reticências
A ônu estima que 13,1 milhões de pessoas necessitarão de algum tipo de ajuda humanitária na Síria em 2018.
Os dois lados do conflito pioraram essa situação ao se recusar a permitir o acesso de agências com fins humanitários a quem precisa de auxílio. Quase 3 milhões de pessoas vivem em áreas alvos de cêrco e de difícil acesso.
reticências
6. Como o país está dividido?
O governo reassumiu o contrôle das maiores cidades sírias, mas grandes partes do país ainda estão sob o comando de grupos rebeldes e da éfe dê ésse.
reticências
7. A guerra vai acabar algum dia?
Não há qualquer sinal de que o conflito chegará ao fim em breve, mas todos os lados envolvidos concordam que uma solução política é necessária.
O Conselho de Segurança da ônu pediu a implementação de um governo de transição “formado com base em consentimento mútuo”.
reticências
Assad parece cada vez menos disposto a negociar com a oposição. Rebeldes ainda insistem que ele renuncie como parte de qualquer acordo.
POR que há uma guerra civil na Síria: 7 perguntas para entender o conflito. uól, 15 março. 2018. Seção Notícias. Disponível em: https://oeds.link/bB5yzU. Acesso em: 30 abril. 2022.
• Com base nas informações contidas no texto, reúnam-se em duplas ou trios e elaborem um mapa esquemático (croqui) que represente a guerra civil iniciada na Síria em 2011. Sigam o roteiro.
- Utilizem um mapa-múndi para auxiliar o trabalho de vocês, localizando os países.
- Vocês poderão empregar diversos recursos, como setas para representar os fluxos, fórmas geométricas como círculos para representar os países envolvidos, símbolos para representar as frentes envolvidas, cores etcétera.
- Não se esqueçam de elaborar uma legenda que descreva todos os recursos usados no mapa.
- Ao final, é possível pesquisar mais informações sobre os conflitos e compartilhar o resultado com os demais colegas e o professor.
ATIVIDADES
Faça as atividades no caderno.
- Por que o Oriente Médio é considerado uma das principais áreas estratégicas do mundo?
- Observe o mapa sobre a escassez hídrica no mundo e responda às questões propostas.
PLANISFÉRIO: ESCASSEZ HÍDRICA (2015)
- Quais países do Oriente Médio estão entre os mais ameaçados pela escassez hídrica?
- Quais problemas relacionados à escassez hídrica esses países poderão enfrentar futuramente?
- Qual é a origem dos conflitos entre árabes e judeus na Palestina? O que representa a decisão estabelecida em 2012 pela Assembleia Geral das Nações Unidas?
- Que tipo de atividade econômica é indicado na ilustração de locais e atividades praticadas em Dubai? Qual é a importância desse tipo de atividade para a economia da cidade, localizada nos Emirados Árabes Unidos?
5. Analise o mapa, que apresenta diversos pontos de poluição provocada por acidentes industriais ao longo do século vinte, e responda às questões.
PLANISFÉRIO: POLUIÇÃO PROVOCADA POR ACIDENTES INDUSTRIAIS (SÉCULO vinte)
- Quais regiões do mundo apresentam maior número de acidentes industriais?
- Como é a participação do Oriente Médio segundo o mapa?
6. Leia o texto e responda às questões propostas.
Com apoio da União Europeia, FAO ajudará mais de 150 mil pessoas no Iêmen
A assistência será possível graças aos 12 milhões de euros prometidos pela União Europeia ( u ê) para o país que tem agora 14 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar.
“Essa é uma das piores crises humanitárias do mundo. O acesso das pessoas à alimentação está piorando rapidamente e é preciso uma ação urgente”, disse o representante da fáo no Iêmen, salá rráji rrassãn.
“A contribuição da União Europeia reforçará consideravelmente a nossa capacidade de recolher dados críticos sobre a insegurança alimentar, de modo que medidas rápidas possam ser tomadas para evitar uma nova deterioração da situação. Os recursos também vão contribuir para aumentar a resiliência dos agricultores e pastores de gado, os ajudando a aumentar o valor de sua produção agrícola”, acrescentou.
reticências
CENTRO DE INFORMAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL. Com apôio da União Europeia, fáo ajudará mais de 150 mil pessoas no Iêmen. uníc Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 12 janeiro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/rQDmlw. Acesso em: 30 abril. 2022.
- Qual é a crise humanitária enfrentada pelo Iêmen?
- Quais são as razões que levam o país a enfrentar essa crise?
Ser no mundo
Desigualdade mundial de acesso aos recursos alimentares
De acordo com a ônu, entre 720 e 811 milhões de pessoas passaram fome em 2020 mesmo com a produção mundial de alimentos superando a demanda para cada habitante do planeta. Estima-se que, depois de um declínio constante do número de pessoas subalimentadas desde a década de 1990, os últimos anos ainda foram marcados pelo crescimento da fome, quadro que se agravou com o declínio da economia global com a pandemia de Covid-19.
Além da pandemia, o aumento da fome está relacionado a diversos outros fatores: sêcas ou inundações, violência, conflitos e guerras civis, e concentração da renda e da produção. Esses fatores contribuem para que o acesso aos alimentos seja concentrado em países ou grupos populacionais considerados ricos, e a fome atinja principalmente as populações mais pobres. Observe os dados do gráfico que representa a situação da insegurança alimentar no mundo entre 2014 e 2020.
PLANISFÉRIO: INSEGURANÇA ALIMENTAR (2014-2020)
Agora leia o trecho do texto a seguir.
Mundo produz comida suficiente, mas fome ainda é uma realidade
Um estudo publicado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação ( fáo, na sigla em inglês) no dia 29 de abril de 2016 mostrou que a produção mundial de alimentos é suficiente para suprir a demanda das 7,3 bilhões de pessoas que habitam a Terra. Apesar disso, aproximadamente uma em cada nove dessas pessoas ainda vive a realidade da fome.
A pesquisa põe em xeque toda a política internacional de combate à subnutrição crônica colocada em prática nas últimas décadas.
reticências
As políticas de combate à fome, adotadas até aproximadamente o início da década, focaram sobretudo na ajuda emergencial e no aumento da produção. Ou seja, acreditava-se que para acabar com a subnutrição, bastava, primordialmente, produzir mais e levar comida a populações com fome.
Depois que as metas traçadas não foram alcançadas, organizações que lidam com o tema entenderam que era necessário criar ações permanentes e estruturais. Surgiram então dois aspectos principais.
Um trata do principal motivo: a pobreza. A comida não chega a quem precisa porque, na maioria dos casos, as pessoas não têm dinheiro para comprá-la. Seja nos países mais pobres ou nos mais ricos, pessoas têm dificuldades em conseguir alimentos por serem economicamente excluídas, e não porque não têm comida suficiente.
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O outro aspecto tem a ver com a fórma de desenhar políticas em escala global. É a territorialidade. Isso significa que as organizações entenderam que o combate à fome tem que ser feito levando em conta questões específicas de cada lugar. Pessoas em cidades não passam fome pelos mesmos motivos que pessoas do campo.
As primeiras podem sofrer com falta de acesso a supermercados mais baratos, pois o transporte público é ineficiente, por exemplo; as outras, porque não têm acesso a grãos para plantar para sua família, ou porque os animais que criam não ganham peso. As políticas, para cada um desses casos, têm que ser diferentes: transporte público de qualidade e incentivos a redes de supermercados mais acessíveis na cidade, e distribuição de grãos e programas de educação agropecuária para a população rural.
IANDOLI, Rafael. Mundo produz comida suficiente, mas fome ainda é uma realidade. Nexo, 2 setembro. 2016. Seção Explicado. Disponível em: https://oeds.link/EgXtSB. Acesso em: 30 abril. 2022.
- De acordo com o texto, as políticas de combate à fome adotadas ao longo das últimas décadas não foram totalmente eficazes. Por quê?
- De acordo com o gráfico, qual é a participação dos países da Ásia entre a população em situação de insegurança alimentar no mundo?
- Qual é a sua visão sobre as políticas de combate à fome no lugar onde você vive?
Glossário
- Tecnologia da Informação (TI)
- Conjunto de atividades que utilizam a computação como meio para produção, transmissão, armazenamento e utilização de informações, por exemplo, a criação de softwares (programas de computador).
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- Sionista
- Relativo a sionismo, movimento judeu que resultou na formação do Estado de Israel.
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- Holocausto
- Massacre de judeus e de outras minorias efetuado nos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
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