UNIDADE sete  Ásia: Índia e Oriente Médio

Fotografia. Vista aérea para um conjunto de edifícios de uma cidade à beira mar. No primeiro plano, mar ocupado por uma marina com diversas embarcações estacionadas. No segundo plano, uma via pública à beira mar e diversos edifícios modernos e espelhados na orla. Destaque para o edifício mais alto em construção no centro da imagem.
Área com muitos edifícios em Dubai, Emirados Árabes Unidos (2021). Parte da riqueza proveniente da produção de petróleo no Oriente Médio foi investida em construções modernas em cidades como Dubai.
Fotografia. Vista para uma superfície plana ocupada por moradias precárias construídas com diversos tipos de material: concreto, madeira e lonas. Entre as moradias, há varais com roupas penduradas e fios de eletricidade. Ao fundo, árvores e edifícios altos e modernos.
Área com moradias precárias, no primeiro plano, em contraste com os prédios ao fundo, evidenciando a desigualdade socioeconômica em Mumbai, Índia (2020). Tanto na Índia como no Oriente Médio coexistem áreas de pobreza e de riqueza.

A Índia é um país emergente e marcado por grandes contrastes. No território indiano há centros de produção de tecnologias avançadas, universidades de alto nível e áreas modernas de produção industrial; ao mesmo tempo, grande parte de sua população vive em condições precárias.

Na região do Oriente Médio, localizam-se países que são grandes produtores mundiais de petróleo e cidades com conjuntos modernos de edifícios, em ritmo ainda crescente de construção. Tanto por causa do petróleo como por sua posição geográfica (que liga os continentes da Europa, Ásia e África), o Oriente Médio é marcado por conflitos e também é alvo de interesse das grandes potências mundiais.

O que você conhece sobre a Índia, sua história e economia? E sobre os países da região do Oriente Médio? O que você sabe sobre as disputas territoriais nessa região? Além do petróleo, quais fatores podem explicar os conflitos no Oriente Médio?

Você verá nesta Unidade:

Índia: do imperialismo britânico a país emergente

Economia, população e conflitos na Índia

O petróleo e a riqueza no Oriente Médio

Conflitos no Oriente Médio

CAPÍTULO 14 Índia: país emergente

Localizada no sul do continente asiático e banhada pelo oceano Índico, a Índia possui a sétima maior extensão territorial do mundo e faz fronteira terrestre com seis países: Paquistão, China, Nepal, Butão, bãngladéch e miãnmár.

A Índia é uma república federativa constituída por 28 estados e sete uniões territoriais. cêrca de um terço da enorme população indiana vive nas cidades. Há grandes aglomerações urbanas no país, como Mumbai (ex-Bombaim) e Calcutá, além da capital, Nova Délhi.

No século dezesseis, países europeus disputavam a região que hoje compreende a Índia, principalmente em razão das especiarias nela encontradas. Atualmente, a Índia é um país com crescente desenvolvimento econômico.

O parque industrial indiano é diversificado. Apesar disso, é a agricultura que ainda emprega a maior parte da população. Outro setor que passou a ganhar muito destaque no século vinte e um é o de serviços, como as empresas de telemarketing e de alta tecnologia.

Apesar do desenvolvimento econômico que acompanha as transformações do sistema produtivo do país, a Índia ainda registra baixos índices sociais, e grande parte da população vive na miséria, sem acesso a serviços essenciais, como saneamento básico e saúde. O país também vivencia conflitos territoriais, como a disputa da Caxemira com o Paquistão.

Fotografia. Destaque para um homem de barba e com máscara de proteção sentado em uma mesa em frente a um notebook. O homem manuseia o mouse e observa a tela do computador, que apresenta um projeto de tecnologia.
Homem trabalha em empresa de tecnologia instalada em tchênái, Índia (2021).

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Transcrição do áudio

A expansão das empresas de call center pela Índia

[Locutora]: Com os avanços nos  setores  de  transportes  e  de  telecomunicações, característicos  da  globalização,  muitas das grandes empresas multinacionais estão transferindo parte de suas atividades produtivas para outros locais, preferencialmente para países em desenvolvimento.

Além de explorarem novos mercados consumidores, essas empresas buscam diminuir os custos de produção, já que a terceirização da mão de obra em países em desenvolvimento é mais barata e as tarifas alfandegárias cobradas são mais baixas.

No início dos anos 2000, a Índia tornou-se um dos principais locais de destino dos call centers [som de teclas] de multinacionais estadunidenses e britânicas.

A mão de obra barata, abundante e qualificada, o inglês como a segunda língua oficial da população e o desenvolvimento avançado de tecnologias de informação e do setor das telecomunicações contribuíram como fortes atrativos para a transferência das operações das centrais de atendimento para diversas regiões da Índia. 

Localizadas próximo às principais cidades do país, como Nova Délhi e Bangalore, essas empresas estão relacionadas sobretudo aos setores de suporte, vendas e cobranças.

A média dos salários pagos no país foi significativamente inferior à média dos valores praticados no Reino Unido, o que evidencia as vantagens econômicas da terceirização do serviço. 

Se o panorama é vantajoso para os investidores, o mesmo não se pode dizer sobre os trabalhadores do setor de atendimento, em sua maioria jovens, para os quais essa oportunidade tem se tornado cada vez mais algo temporário.

Com o aprimoramento do setor de tecnologia da informação, associado aos grandes investimentos nas universidades da Índia na última década, muitos jovens têm buscado postos de trabalho que exigem mais qualificação e pagam salários maiores, como a área de desenvolvimento de softwares, economicamente forte e em ascendência no país.

Imperialismo britânico e independência

A Inglaterra consolidou seu domínio sobre a Índia no século dezessete, após disputas com portugueses, franceses e holandeses. A colonização britânica direcionou a produção do país para atender ao mercado externo, colocando em segundo plano as necessidades do mercado interno.

Como em diversas outras colônias europeias, incluindo o Brasil, foram implantadas na Índia as plantations, grandes propriedades monocultoras com produção destinada à exportação. Além da fome causada pela falta de alimentos no país, esse sistema provocou alterações no modelo social e produtivo, inviabilizando a industrialização e a modernização da sociedade indiana.

No início do século vinte, o quadro de miséria impulsionou um movimento nacionalista liderado por Morrândas Gândi, também conhecido como Marrátma (Grande Alma). Gândi defendia a desobediência civil não violenta – que incluía boicotes aos produtos ingleses e recusa ao pagamento de impostos – como fórma de protesto e demonstração da insatisfação diante da ocupação estrangeira, da miséria social e da estagnação econômica do país.

As mobilizações desencadeadas por Gândi, somadas aos efeitos da Segunda Guerra Mundial sobre os países europeus, facilitaram a independência da Índia em 1947. No processo de independência, a Inglaterra promoveu a partilha do território (então denominado União Indiana) entre elites regionais, dando surgimento ao Paquistão, de maioria muçulmana. Essa partilha provocou o deslocamento regional de grupos étnicos e religiosos, causando indefinições territoriais entre Paquistão e Índia, que até hoje disputam territórios da região da Caxemira.

ÍNDIA: POLÍTICO

Mapa. Índia: político. Mapa representando a divisão política na Índia e os territórios em disputa na região. A Índia faz fronteira a oeste com o Paquistão e ao norte com China e Nepal. A nordeste, o território da Índia avança e forma uma área que faz fronteira com Bangladesh, Mianmar, Butão e China. O território indiano é formado pelas províncias de Tâmil Nadu e Kerala no extremo sul, Goa, Karnataka e Andra Pradesh ao sul, Maharashtra e Madhya Pradesh no centro, Gujarat a oeste, Rajastão, Haryana, Punjab e Himadal Pradesh a noroeste, Uttar Pradesh ao norte, Orissa a leste e, na porção nordeste, as províncias Bihar, Sikkin, Meghalaya, Tripura, Mizoram, Manipur, Nagaland, Assam e Arunachal Pradesh. Território sob controle do Paquistão e reivindicado pela Índia: área na porção noroeste da Caxemira. Território sob controle da Índia e reivindicado pelo Paquistão: área na porção sudeste e central da Caxemira. Território sob controle da China e reivindicado pela Índia: faixa na porção da Caxemira que faz fronteira com a China e denominada Aksai Chin. Linha de cessar-fogo Índia/Paquistão: linha que separa as porções noroeste e da sudeste da Caxemira. Na parte superior direita, mapa-múndi com destaque para a Índia. Na parte inferior esquerda, a rosa dos ventos e a escala de 0 a 335 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 101.
Ícone. Sugestão de vídeo.

Gândi. Direção: ríchardi atenborou. Reino Unido/Índia, 1982. Duração: 188 minutos. O filme retrata a vida de Morrândas Marrátma Gândi, desde sua juventude até se tornar um grande líder espiritual e importante figura na luta pela independência da Índia.

Índia, um país emergente

Desde a década de 1990, a Índia apresenta taxas elevadas de crescimento econômico, resultado de investimentos e do estabelecimento de acordos bilaterais em escalas regional e global. O comércio regional é intenso, e os principais parceiros são a China, o Japão e a Coreia do Sul. Na última década, o país também tem intensificado as relações comerciais com a África e a América do Sul.

Caracterizada como um país emergente, a Índia fórma, com Brasil, Rússia, China e África do Sul, o grupo conhecido como bríquis.

Outro fator que coloca a Índia em posição de destaque no cenário internacional é seu arsenal nuclear, desenvolvido no contexto das disputas territoriais com o Paquistão, o que gera preocupações em relação à possibilidade de conflitos com alto poder destrutivo.

Os bríquis

Em 2001, o economista inglês djim , chefe de pesquisa em economia global de um dos maiores bancos de investimento do mundo – o Gôudmãn –, observou que quatro países do globo, apesar de separados cultural e geograficamente, estavam despontando devido a suas economias e, o mais importante, tinham potencial para crescer. Foi assim que surgiu o termo bríc, sigla criada com as iniciais destes quatro países: Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, a África do Sul (South Africa) foi admitida no grupo, que então passou a ser denominado bríquis.

PER CAPITA (2020)

Gráfico. BRICS: PIB per capita, 2020. Gráfico de barras mostrando o PIB per capita de cada um dos países do BRICS. Os países estão apresentados no eixo vertical e o PIB per capita (em dólar) no eixo horizontal. Brasil: 6.796,8 dólares; Rússia: 10.126,7 dólares; Índia: 1.927,7 dólares; China: 10.434,8 dólares; África do Sul: 5.655,9 dólares.
Elaborado com base em dados obtidos em: THE WORLD BANK. World Development Indicators. Data Bank, Washington, D.C.Disponível em: https://oeds.link/4nB9OZ. Acesso em: 16 março. 2022.

Embora o grupo ainda tenha caráter informal, seus membros têm buscado aproximação em assuntos de interesse comum.

De fato, esses países apresentaram um crescimento econômico significativo nos anos 2000. A partir da década seguinte, porém, houve uma perda de desempenho, o que se agravou com a pandemia de covíd-19.

bríquis: PERCENTUAL DE Taxa de crescimento do Píbi

Gráfico. BRICS: percentual de taxa de crescimento do PIB. Gráfico de linhas mostrando a evolução da taxa de crescimento do PIB dos países do BRICS. No eixo vertical, a informação: Taxa de crescimento em porcentagem; no eixo horizontal: os anos. Cada país é representado por uma linha de cor diferente. Brasil, linha verde-claro. 2000: 4%; 2001: 2%; 2002: 3%. 2003: 1%. 2004: 6%. 2005: 3%. 2006: 4%. 2007: 6%. 2008: 5%. 2009: 0%. 2010: 7%. 2011: 4%. 2012: 3%. 2013: 4%. 2014: 0%. 2015: menos 3%; 2016: menos 3%; 2017: 2%; 2018: 3%; 2019: 2%. 2020: menos 4,1%. Rússia, linha laranja. 2000: 10%. 2001: 5%. 2002: 5%. 2003: 7%. 2004: 7%. 2005: 6%. 2006: 7%. 2007: 8%. 2008: 5%. 2009: menos 7%. 2010: 4%. 2011: 4%. 2012: 4%. 2013: 3%. 2014: 1%. 2015: menos 2%. 2016: 0%. 2017: 2%. 2018: 3%. 2019: 2%. 2020: menos 3,0%. Índia, linha verde-escura. 2000: 4%. 2001: 5%. 2002: 4%. 2003: 7%. 2004: 7%. 2005: 7%. 2006: 7%. 2007: 7%. 2008: 4%. 2009: 7%. 2010: 8%. 2011: 5%. 2012: 5%. 2013: 6%. 2014: 7%. 2015: 7%. 2016: 8%. 2017: 7%. 2018: 6%. 2019: 4%. 2020: menos 7,3%. China, linha vermelha. 2000: 8%. 2001: 8%. 2002: 10%. 2003: 10%. 2004: 10%. 2005: 12%. 2006: 13%. 2007: 14%. 2008: 10%. 2009: 10%. 2010: 10%. 2011: 10%. 2012: 8%. 2013: 8%. 2014: 7%. 2015: 7%. 2016: 7%. 2017: 7%. 2018: 6%. 2019: 6%. 2020: 2,3%. África do Sul, linha azul. 2000: 4%. 2001: 3%. 2002: 4%. 2003: 3%. 2004: 5%. 2005: 5%. 2006: 6%. 2007: 6%. 2008: 3%. 2009: menos 1%. 2010: 3%. 2011: 3%. 2012: 3%. 2013: 3%. 2014: 3%. 2015: 3%. 2016: 2%. 2017: 3%. 2018: 3%. 2019: 0%. 2020: menos 6,4%.
Gráficos elaborados com base em dados obtidos em: THE WORLD BANK. World Development Indicators. Data Bank, Washington, D.C.Disponível em: https://oeds.link/mLZ6Qd. Acesso em: 30 abril. 2022.
Ciência e Tecnologia.

Economia e presença estatal

Após a independência da Índia, em 1947, houve elevados investimentos do Estado em ramos industriais, como o siderúrgico, o bélico, o automotivo e o de máquinas e equipamentos, visando substituir as importações e tornar o país mais autossuficiente.

Graças à oferta e à extração de recursos naturais (sobretudo combustíveis fósseis), intensificaram-se as obras de infraestrutura, como rodovias, ferrovias, usinas para a produção de energia elétrica etcétera.

A fim de superar uma crise econômica, a partir de 1991, o governo indiano tomou uma série de medidas que redimensionaram a presença estatal e desencadearam o crescimento econômico. A Índia passou a receber grandes investimentos estrangeiros associados à indústria nacional, mantendo o Estado como acionista majoritário em empresas de áreas estratégicas, ligadas à indústria de base e à geração de energia.

Atualmente, a economia indiana é diversificada. Além de contar com um parque industrial espalhado pelos núcleos urbanos (Calcutá, Mumbai, tchênái e Nova Délhi), o país dispõe de reservas de petróleo, carvão e ferro – recursos fundamentais para os setores siderúrgico e petroquímico. A agricultura, praticada em vastas áreas do território, é o setor que mais emprega na Índia. O setor de serviços tem promovido a integração indiana no mercado global por meio do desenvolvimento de empresas de alta tecnologia.

ÍNDIA: ECONOMIA

Mapa. Índia: economia. Mapa mostrando atividades econômicas no território indiano. Petróleo: exploração na costa oeste, na região de Ahmadabad e Mumbai (Bombaim), e no extremo da porção nordeste do país. Carvão: exploração na porção nordeste e central, próximo à Jamshedpur e à Hyderabad, respectivamente. Ferro: exploração na porção sul, próximo a Bangalore, e no nordeste, próximo a Calcutá. Alta tecnologia: centro situado na cidade de Bangalore, ao sul do país. Centro industrial importante: destaque para as cidades de Mumbai, Surat, Cochin, Madurai, Pune, Bangalore, Chennai (Madras), Vadodara, Ahmadabad, Hyderabad, Kanpur, Délhi, Calcutá, Jamshedpur e Vishakhapatnam. Área desértica: Deserto de Thar, localizado na porção noroeste, na fronteira com o Paquistão. Criação extensiva de gado: na porção noroeste. Culturas variadas: extensa área nas porções oeste e central do país. Arroz: no litoral oeste e leste, e em toda a porção nordeste do país. Trigo: ao norte e parte do noroeste do país. Chá: algumas áreas na porção nordeste. Algodão: áreas na porção centro-oeste do país. Juta: área na porção nordeste, próximo a Calcutá, na fronteira com Bangladesh. Cana-de-açúcar: áreas nas porções norte e noroeste do país. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 305 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 101.
Economia.

As empresas de alta tecnologia

Nas últimas décadas, a Índia conquistou o mercado de atividades ligadas à Tecnologia da Informação (TI)glossário , desenvolvidas em escritórios situados, em sua maioria, na cidade de Bangalore, no sul do país. Empresas indianas prestam serviços a grandes corporações transnacionais, criando aplicativos, programas e outros produtos.

Um dos fatores que contribuem para essa expansão é o forte movimento de retorno ao país de jovens indianos que se especializaram em áreas voltadas à informática e à engenharia em grandes universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido. Essa mão de obra altamente qualificada tem sido fundamental para o desenvolvimento da indústria ligada à informática e para a criação de escolas de engenharia de excelente nível na Índia.

Bollywood e a indústria do entretenimento

Criada no início do século vinte, a maior indústria de entretenimento do mundo, conhecida como Bollywood, localiza-se na cidade de Mumbai, na Índia. Seu nome deriva da mistura entre Bombaim (como a cidade era chamada) e Hollywood, famoso complexo cinematográfico dos Estados Unidos.

Fotografia. No primeiro plano, destaque para um muro com placas publicitárias e pôsteres de filmes indianos em uma via pública. Ao fundo, prédios baixos e com letreiros e céu azul com nuvens.
Embora os filmes de Bollywood se destinem predominantemente ao público indiano, é possível encontrar sua distribuição em vários países. Na fotografia, placas publicitárias de filmes indianos em Kerala, Índia (2019).

Mão de obra e mercado interno

A Índia passou a atrair nas últimas décadas empresas de vários países (principalmente dos Estados Unidos e do Japão), por diversos motivos:

  • mão de obra qualificada, composta de técnicos e engenheiros formados em universidades e escolas técnicas do país e do exterior;
  • excedente de mão de obra com baixa qualificação, que ocupa os postos de trabalho que exigem pouca especialização;
  • mercado consumidor com elevado potencial (com o aumento da renda per cápitaocorrido nos últimos anos, houve ampliação da demanda por bens de consumo).

Ícone. Seção Lugar e cultura. Composto por um vaso colorido.

Lugar e cultura

Cidadania e civismo.

O sistema de castas: uma ordem hinduísta

Os princípios do hinduísmo favoreceram a formação, na Índia, do sistema de castas. Em uma sociedade com esse tipo de sistema, a posição do indivíduo é definida pelo nascimento, sem que haja espaço para qualquer tipo de mobilidade social ao longo da vida. O sistema de castas na Índia é dividido em quatro castas. Segundo o Rig Veda, escritura sagrada do hinduísmo, cada uma delas se originou de uma parte do corpo de brãma, o deus supremo.

No topo da hierarquia estava a casta dos sacerdotes, denominados brâmanes. Em seguida, vinham: a dos xátrias, que eram os militares; a dos vaixias, composta de comerciantes, artesãos e camponeses; e a dos sudras, trabalhadores rudimentares que serviam às demais castas. Excluídos socialmente estavam os intocáveis (dalits), grupo totalmente desprovido de direitos. Esses indivíduos eram considerados impuros por não terem origem no corpo de Brahma; formavam um grupo à parte, extremamente segregado e discriminado.

Existem, ainda, milhares de subcastas, o que torna esse sistema muito complexo.

Em 1947, o sistema de castas foi extinto oficialmente. Porém, ele está arraigado na sociedade indiana, e os grupos excluídos continuam sendo vítimas do preconceito. Como fórma de se libertar dessa realidade, muitos se converteram ao islamismo e ao budismo.

Litogravura. Destaque para duas mulheres agachadas e de frente uma para a outra, dentro de uma sala. A mulher da esquerda tem o cabelo preso, veste roupa branca e estende a mão direita para a outra. A mulher da direita tem o cabelo solto e comprido, veste roupa rosa e joias e estende a mão esquerda para a outra. Ao fundo, a porta da sala.
Duas mulheres de diferentes castas na Índia. 1837. Litogravura. Biblioteca Britânica, Londres, Inglaterra.
  1. Como é composto o sistema de castas na Índia?
  2. Por que os intocáveis (dalits) sofrem discriminação por parte da sociedade indiana?
Cidadania e civismo.

População

Com cêrca de 1,4 bilhão de habitantes, a maioria vivendo no campo, a Índia é um dos países mais populosos do mundo. Embora o crescimento demográfico esteja em declínio nos últimos anos, a ônu prevê que, em 2030, a população desse país será a maior do planeta, com 1,5 bilhão de pessoas. Mais da metade da população indiana se concentra no vale do rio Ganges, onde estão situadas algumas das maiores cidades do país, como Calcutá, Patna e Nova Délhi.

Há uma grande diversidade cultural no país, pois existe uma multiplicidade de religiões praticadas (hinduísmo, islamismo, cristianismo, siquísmo, entre outras) e de línguas faladas (hindi, bengali, inglês etcétera.).

Um grande número de indianos vive em situação de pobreza e miséria, com precariedade de saneamento básico, eletricidade, transporte e habitação. No que diz respeito à saúde e à educação, os serviços de qualidade são escassos.

Fotografia. No primeiro plano, destaque para uma multidão de pessoas na margem de um rio. As pessoas vestem lenços e roupas coloridas. Algumas delas estão dentro da água e outras seguram cestos com alimentos e ramos de plantas compridas. Ao fundo, edificações e árvores esparsas.
Parte significativa da população indiana peregrina até o rio Ganges, considerado por muitos como local sagrado, para a realização de rituais religiosos. Varanasi, Índia (2020).

Conflitos étnicos e separatistas

Alguns conflitos étnicos e separatistas ameaçam a unidade territorial da Índia. Entre eles, estão a disputa com o Paquistão pela Caxemira, território localizado ao norte do país; os confrontos entre hinduístas e síquis, grupo étnico-religioso do estado do Punjab (situado a noroeste do território indiano) que reivindica sua independência política; e a luta entre indianos e chineses pelas regiões de ácsai tchin (dominada pela China e reclamada pela Índia) e de arunátchal prádêchi (dominada pelos indianos e reivindicada pelos chineses).

Com relação à disputa pelo território da Caxemira, desde sua independência, a Índia travou três guerras com o Paquistão: em 1947, em 1965 e em 1999. Houve ainda uma guerra travada em 1971, quando a Índia apoiou a independência de bãngladéch.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. A respeito do processo de independência da colônia britânica denominada União Indiana, responda:
    1. Quem foi o líder da independência e quais aspectos marcaram as mobilizações desencadeadas por ele?
    2. A independência da União Indiana resultou na formação de quais países?
    3. Qual território é disputado por esses países?
  2. Quais são as principais atividades econômicas da Índia?
  3. Em grupo, pesquisem informações em jornais, revistas e na internet sobre as tensões entre Índia e China. Anotem os principais dados e, em data previamente agendada pelo professor, apresentem a pesquisa aos demais grupos. Compartilhem informações com os colegas e, se necessário, complementem a pesquisa. Ao final, elaborem um quadro ou uma tabela mencionando os conflitos e as respectivas datas de início e término (se houver).
  4. Observe o quadro e responda.
Países selecionados: maiores economias do mundo

2016

2050 (projeção)

1. China

1. China

2. Estados Unidos

2. Índia

3. Índia

3. Estados Unidos

4. Japão

4. Indonésia

5. Alemanha

5. Brasil

6. Rússia

6. Rússia

7. Brasil

7. México

8. Indonésia

8. Japão

9. Reino Unido

9. Alemanha

10. França

10. Reino Unido

PWC. The Long View How will the global economic order change by 2050? Reino Unido: pê dábliu cê, 2017. Disponível em: https://oeds.link/iVnnXk. Acesso em: 5 maio 2022.

  1. Qual é a posição projetada dos países dos Brics na lista das dez maiores economias em 2050?
  2. O que representam os bríquis na nova ordem política e econômica mundial?
  3. Por que a Índia está inserida no grupo dos bríquis?

5. Quais conclusões sobre a dinâmica populacional da Índia podem ser tiradas da pirâmide etária do país?

ÍNDIA: PIRÂMIDE ETÁRIA (2020)

Gráfico. Índia: pirâmide etária, 2020. Pirâmide etária representando as porcentagens de homens e de mulheres por faixas de idade na população indiana. 0 a 4 anos. homens: 4,2%, mulheres 4%. 5 a 9 anos: homens: 4,3%; mulheres: 4,1%. 10 a 14 anos: homens: 4,8%, mulheres 4,3%. 15 a 19 anos: homens: 4,8%, mulheres: 4,3%. 20 a 24 anos: homens: 4,7%, mulheres: 4,2%. 25 a 29 anos: homens: 4,5%, mulheres: 4%. 30 a 34 anos: homens: 4,2%, mulheres: 3,8%. 35 a 39 anos: homens: 3,8%; mulheres: 3,5%. 40 a 44 anos: homens: 3,5%, mulheres: 3,2%. 45 a 49 anos: homens: 3,2%; mulheres: 2,5%. 50 a 54 anos: homens 2,5%, mulheres: 2,2 %. 55 a 59 anos: homens, 2,2%, mulheres: 2,1%. 60 a 64 anos: homens: 1,8%, mulheres: 1,8%. 65 a 69 anos: homens: 1,6%, mulheres: 1,6%. 70 a 74 anos: homens: 1 %, mulheres: 1,2%. 75 a 79 anos: homens: 0,7%, mulheres: 0,9%. 80 a 84 anos: homens: 0,5%, mulheres: 0,6%. 85 a 89 anos: homens: 0,2%, mulheres: 0,3%. 90 a 94 anos: homens: 0,1%, mulheres: 0,1%. 95 a 99 anos: homens: 0%, mulheres, 0%. 100 anos ou mais: homens: 0%, mulheres, 0%.
Elaborado com base em dados obtidos em: POPULATION Pyramids of the World from 1950 to 2100. #PopulationPyramid.net, dezembro. 2019. Disponível em: https://oeds.link/iNxXyB. Acesso em: 30 abril. 2022.

CAPÍTULO 15 Oriente Médio: região estratégica

O Oriente Médio é uma região estratégica em termos econômicos e geopolíticos, visto que conecta a Ásia, a Europa e a África. Além disso, nesse território estão localizadas as maiores jazidas de petróleo do mundo, que enriqueceram monarcas e xeques e transformaram áreas desérticas em cidades com centros de alto luxo.

A região é composta de 15 países, que somam uma área de 6,8 milhões de quilômetros quadrados ocupada por uma população composta majoritariamente de árabes de religião muçulmana. Israel, cuja população é predominantemente judaica, é uma exceção.

No Oriente Médio ocorrem constantes tensões e conflitos, como entre israelitas (judeus) e árabes (muçulmanos). A posse das jazidas de petróleo e o contrôle do seu fluxo também motivam tensões entre os países da região.

Fotografia. Vista para um estádio em formato oval, com cobertura semiaberta branca e com estruturas metálicas e prateadas. O estádio possui um portal marrom e está situado em uma superfície plana, cujo piso possui figuras triangulares. Ao redor do estádio, área urbana predominantemente horizontal.
dôrra, capital do Catar, é uma das cidades que receberam grandes investimentos para garantir a atração de consumidores das classes médias e altas de países europeus, americanos e asiáticos. Esse “Novo Oriente Médio” também passou a receber importantes eventos esportivos. Na fotografia, área do Estádio Internacional calífa (2021).

Aspectos físicos

Grande parte do relevo do Oriente Médio é constituída de planaltos circundados por montanhas. As planícies estão situadas, em geral, entre o litoral e os conjuntos montanhosos. No interior da região, entre os rios Tigre e Eufrates, localiza-se a planície da Mesopotâmia, de grande valor histórico-cultural.

Em virtude do predomínio dos climas desértico e semiárido, os desertos marcam presença na maioria das paisagens. A grande amplitude térmica é característica da região, o que levou a população a se concentrar em cidades como Damasco, na Síria, e Riad, na Arábia Saudita. Nessas localidades, há presença de oásis.

O Oriente Médio é a região que enfrenta o maior estresse hídrico do planeta. Com o aumento do consumo e a expansão das áreas irrigadas, a ônu projeta para o futuro próximo problemas como o agravamento da contaminação dos aquíferos, o desperdício e o surgimento de disputas pelo uso da água em zonas fronteiriças.

Petróleo

A região concentra as maiores reservas petrolíferas do mundo e é a principal exportadora do produto. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (ôpép) reúne Estados responsáveis pela extração e refino do produto, exercendo grande influência sobre a oferta e o preço do petróleo no mercado internacional.

As alianças e as mudanças envolvendo os países do Oriente Médio são acompanhadas de perto pelas potências mundiais, uma vez que alterações políticas nessa região podem ter reflexos globais.

PLANISFÉRIO: ôpép – FLUXO DE PETRÓLEO BRUTO, 1.000 BARRIS/DIA (2020)

Mapa. Planisfério: Opep, fluxo de petróleo bruto, 1.000 barris por dia, 2020. Mapa representando a localização dos países membros da Opep e os fluxos de venda de petróleo bruto entre o grupo e outros países do mundo. Países membros da Opep: Venezuela, Argélia, Líbia, Nigéria, Gabão, Angola, Arábia Saudita, Iraque, Irã e Kuwait. Opep África: 487 mil barris por dia para América Latina; 110 mil barris por dia para Índia; 281 mil barris por dia para o Sudeste Asiático; 14 mil barris por dia para China; 39 mil barris por dia para Reino Unido; 2 mil barris por dia para Rússia. Opep Oriente Médio: 689 mil barris por dia para Estados Unidos; 1.551 mil barris por dia para Europa Ocidental; 239 mil barris por dia para Rússia; 80 mil barris por dia para Rússia; 3.738 mil barris por dia para Japão; 2.284 mil barris por dia para Índia; 3.982 mil barris por dia para China; 454 mil barris por dia para África. Opep América Latina: 37 mil barris por dia para Brasil; 19 mil barris por dia para Brasil; 1.014 mil barris por dia para Europa; 27 mil barris por dia para Estados Unidos; 129 mil barris por dia para Estados Unidos; 334 mil barris por dia para África; 20 mil barris por dia para Israel; 527 mil barris por dia para Europa; 70 mil barris por dia para China; 81 mil barris por dia para China; 37 mil barris por dia para Coreia do Sul; 81 mil barris por dia para Índia. 409 mil barris por dia para Índia. 379 mil barris por dia para Sudeste Asiático. 1.300 mil barris por dia para Sudeste Asiático. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.600 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: ORGANIZATION OF THE PETROLEUM EXPORTING COUNTRIES. OPEC Members' flows of crude oil, 2020. Annual Statistical Bulletin, Vienna, 2020. Seção Maps. Disponível em: https://oeds.link/6XolDg. Acesso em: 30 abril. 2022.

Ícone. Seção Lugar e cultura. Composto por um vaso colorido.

Lugar e cultura

Multiculturalismo

Povos beduínos do Oriente Médio

Se, por um lado, o Oriente Médio abriga centros urbanos modernos e passa por um processo de ocidentalização das populações locais, por outro, a região também conta com a presença de populações com modos de vida tradicionais. Entre esses povos estão os beduínos, nome derivado de expressões árabes que, traduzidas, correspondem a “povos que vivem no deserto”.

Esses habitantes mais antigos da região têm como principal característica o nomadismo. Estima-se que surgiram na Antiguidade, no norte da atual Arábia Saudita, porém se espalharam para outras regiões do deserto do Oriente Médio e do Norte da África, onde está situado o deserto do Saara.

ÁFRICA E ÁSIA: LOCALIZAÇÃO DOS POVOS BEDUÍNOS

Mapa. África e Ásia: localização dos povos beduínos. Mapa político da África e de parte do continente asiático com a localização da área habitada pelos povos beduínos. Áreas habitadas por povos beduínos: norte da África e grande parte do Oriente Médio, abrangendo o território de parte do Saara Ocidental, Mauritânia, Argélia, norte de Mali, norte de Níger, norte de Chade, Líbia, Egito, Tunísia, norte e centro do Sudão, Jordânia, Síria, Iraque, Arábia Saudita, Kuwait, Bahrein, Catar, Iêmen, Omã e Emirados Árabes Unidos. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 615 quilômetros.
Elaborado com base em dados obtidos em: FRONTIER VENTURES. Arab World. Joshua Project. Disponível em: https://oeds.link/R6CPZl. Acesso em: 30 abril. 2022.

Como os beduínos vivem em uma região onde predominam os climas Desértico e Semiárido, eles desenvolveram um modo de vida adaptado às condições do deserto, isto é, com escassez de água, grande amplitude térmica e ausência de solos favoráveis às práticas agrícolas. Dessa fórma, a maioria deles sobrevive do pastoreio nômade, isto é, da criação de animais, que são a base da alimentação e do sustento, sobretudo nos períodos das migrações.

Os povos beduínos são bastante diversos entre si e, em geral, se diferenciam pelas espécies de animais que empregam no pastoreio. Alguns povos criam camelos e, por isso, ocupam grandes extensões de terra onde o clima é mais rigoroso. Esses são considerados os grupos de maior prestígio. Outros são conhecidos pela criação de cabras ou ovelhas, que são espécies animais que necessitam de locais mais úmidos. Por isso, em geral, esses povos ocupam áreas onde o clima é mais ameno, como as regiões cultivadas da Jordânia, da Síria e do Iraque.

Fotografia. Interior de uma tenda beduína. Destaque para um homem de pé no centro, vestindo uma roupa marrom, uma túnica laranja sobre o corpo e lenço vermelho sobre a cabeça. Ao lado dele, uma pilastra com diversos artesanatos pendurados e atrás, um homem em pé de roupa e lenço verde. Nas laterais da tenda, diversas pessoas sentadas vestindo túnicas e lenços sobre a cabeça. O piso da tenda é coberto por diversos tapetes coloridos com desenhos geométricos. A lateral direita da tenda está aberta, por onde entra a luminosidade do dia.
Beduínos sírios se reúnem em um acampamento durante um encontro de tribos perto da cidade de rramúria, nos arredores da capital Damasco, Síria (2017).

Como os beduínos são povos nômades, suas moradias são tendas organizadas em acampamentos temporários, facilmente montados e desmontados. De modo geral, essas tendas são feitas com tecidos de pele de camelo ou de cabra, por serem capazes de suportar a grande amplitude térmica diária característica dessas áreas e os ventos fortes característicos dos desertos.

Outra característica peculiar desses povos se refere ao modo de organização social. A estrutura da sociedade é hierárquica e patriarcal, composta de famílias extensas. O chefe de família é chamado de xeque ou xeique e é auxiliado por um conselho tribal informal de homens idosos.

Embora o número de beduínos tenha declinado nas últimas décadas, estima-se que, atualmente, eles representem cêrca de 10% da população total presente no Oriente Médio. As transformações políticas, sociais e econômicas, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, vêm pressionando a preservação desse modo de vida tradicional. Muitos beduínos, hoje, se tornaram sedentários e vivem de novas atividades, como a agricultura e o treinamento de camelos utilizados em corridas.

  1. Como as condições naturais presentes onde vivem os beduínos influenciam diretamente o modo de vida desses povos?
  2. No Brasil, quais grupos você conhece cujo modo de vida esteja fortemente associado às características climáticas locais?
  3. No lugar onde você mora, há grupos de pessoas cujo modo de vida esteja fortemente associado ao clima local? Explique, com suas palavras, o modo de vida desses grupos.

A riqueza do petróleo

Desde o final do século vinte, alguns dos maiores produtores de petróleo do Oriente Médio passaram a diversificar a economia de seus territórios, investindo volumosos recursos no desenvolvimento do setor de serviços, em especial o turismo de luxo. Dubai e abú dábi, ambas localizadas nos Emirados Árabes Unidos, foram as primeiras cidades a chamar a atenção pelos seus modernos conjuntos de edifícios. Posteriormente, Omã, Catar, cuáit, barêin e Arábia Saudita buscaram seguir o modelo dos Emirados Árabes Unidos, modernizando seus centros urbanos.

Projetadas principalmente por arquitetos europeus e estadunidenses, as novas construções foram concebidas para abrigar hotéis e condomínios extremamente luxuosos, shopping centers com as principais lojas de grife do mundo ocidental e escritórios de empresas transnacionais, além de museus e parques temáticos.

As mudanças trazidas pelo recente processo de modernização acarretaram certa ocidentalização das populações locais. A língua inglesa, por exemplo, passou a ser utilizada por grande parte dos habitantes na comunicação com turistas estrangeiros e no consumo de grifes estadunidenses, francesas e inglesas que se disseminaram no mercado. Além disso, o crescimento da indústria da construção civil transformou a região em polo de atração de empregos, motivando a vinda de trabalhadores não só da Ásia, mas também do continente africano.

No entanto, existem denúncias feitas por jornalistas e ônguis internacionais de que a maior parte das suntuosas construções é erguida com base na exploração irregular da mão de obra imigrante, composta majoritariamente de operários provenientes da Índia, do Paquistão, de bãngladéch, do Nepal, do Irã, das Filipinas e, em menor quantidade, da China e da Etiópia.

Fotografia. Vista aérea para uma ilha artificial no centro e o mar ao redor dela. A ilha é formada por um eixo de ocupação urbana principal no centro de onde saem faixas terrestres envoltas por uma faixa terrestre em semicírculo. As áreas são ocupadas por edificações. Ao fundo, um aglomerado de edifícios e céu azul.
Vista parcial do luxuoso residencial páulm djumíra, arquipélago artificial em Dubai, construído em fórma de palmeira, que se tornou uma das principais atrações turísticas do local por seu requintado estilo arquitetônico. Dubai, Emirados Árabes Unidos (2020).

Os conflitos no Oriente Médio

O Oriente Médio é marcado por grandes conflitos geopolíticos, como a disputa entre Israel e Palestina, em que judeus e árabes consideram ter direitos históricos.

Desde o começo do século vinte, o movimento sionistaglossário passou a demonstrar sua pretensão em construir um Estado judeu em Israel, terra de onde os judeus foram expulsos pelos romanos no ano 70 Depois de Cristo. O drama dos sobreviventes do holocaustoglossário nazista motivou a comunidade internacional a dividir o então protetorado britânico da Palestina em dois Estados: um para os judeus e outro para os árabes, que haviam ocupado a região no século sete.

A questão palestina

O conflito na Palestina teve origem com a criação do Estado de Israel, em 1948, e a não criação de um Estado árabe na região, como previa o plano de partilha da ônu de 1947. Com a criação do novo Estado de Israel, grande parte dos palestinos que ali viviam se refugiou na Faixa de Gaza, na Jordânia, na Síria, no Líbano, no Iraque e no Egito.

A proposta de criação do Estado de Israel foi aceita pela Assembleia Geral da ônu, mas rejeitada pelos árabes palestinos e por países próximos, como Egito, Síria, Iraque, Líbano e Jordânia. A partir de 1948, os conflitos se multiplicaram.

As sucessivas derrotas árabes na Guerra da Partilha, na Guerra dos Seis Dias e na Guerra do iôn kipúr consolidaram territorialmente Israel e dificultaram a criação do Estado Palestino.

Conflitos entre Israel e países vizinhos (1947-1973)

Guerras contra o Estado de Israel

Opositores

Resultado

Guerra da Partilha – 1947-1949

Egito, Síria, Iraque, Jordânia e Líbano

Israel vence e avança sobre territórios que seriam destinados ao Estado Palestino. Egito e Jordânia também se apropriam de áreas palestinas.

Guerra dos Seis Dias – 1967

Egito, Jordânia e Síria

Israel ataca os três países e amplia seus territórios para a península do Sinai, Faixa de Gaza (Egito), Cisjordânia (Jordânia) e Colinas de Golan (Síria). A península do Sinai é devolvida ao Egito em 1979 (com o Acordo de Camp David, intermediado pelos Estados Unidos).

Guerra do Yom Kippur – 1973

Egito e Síria

Países árabes reivindicam os territórios perdidos desde 1967. Israel recusa a devolução e é atacado no dia do feriado judaico do Yom Kippur (Dia do Perdão). O país contra-ataca e sai vitorioso, mantendo sua extensão territorial.

Fonte: OLIC, Nelson Bacic; CANEPA, Beatriz. Oriente Médio: uma região de conflitos. São Paulo: Moderna, 2012.

O difícil processo de paz

Ao longo dos anos, houve momentos de muita tensão entre árabes e judeus na região, e a radicalização de setores de ambos os lados dificultou ainda mais qualquer possibilidade de paz. A permanência de assentamentos israelenses em áreas da Cisjordânia, território ocupado por Israel em 1967, dificulta as negociações de paz. Por outro lado, grupos palestinos não reconhecem a existência do Estado de Israel e pregam sua destruição com o uso da fôrça.

O primeiro processo de paz, iniciado em Madri, em 1991, foi abortado com o assassinato, em 1995, do primeiro-ministro de Israel, ítzác rábin, por um extremista judeu. Nos anos posteriores, radicalizou-se a violência entre as duas partes.

Tempos depois, líderes de Israel e da Palestina voltaram às negociações de paz, com a intermediação dos Estados Unidos. Porém, ainda há muitos obstáculos para a paz, como a determinação de limites para Israel, a criação de um Estado Palestino e a garantia de segurança para ambos, e conflitos periódicos continuaram a ocorrer até a atualidade.

Em setembro de 2011, marmúd ábas, presidente da Autoridade Palestina, foi a Nova iórque entregar o pedido formal de adesão do Estado Palestino à ônu. Em 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu a Palestina como Estado observador. Na votação, 138 membros foram favoráveis à proposta, nove foram contra (Israel, Estados Unidos, Canadá, República Tchéca, Panamá, Palau, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru) e 41 se abstiveram. A partir da mudança de estatuto de “entidade observadora” para “Estado observador”, a Palestina (Cisjordânia e Faixa de Gaza) passou a ter permissão de solicitar ingresso em agências e órgãos ligados à ônu, incluindo o Tribunal Penal Internacional. O Brasil reconhece oficialmente a Palestina desde 2010.

PLANO DE PARTILHA DA ônu (1947)

Mapa. Plano de partilha da ONU, 1947. Mapa representando as fronteiras do Estado judeu e árabe em 1947.
Estado judeu (Israel, 1947): áreas ao norte, no litoral e ao sul da porção continental situada entre o Mar Mediterrâneo, o Líbano, a Síria, a Transjordânia e o Egito.  
Estado árabe (Palestina, 1947): áreas no norte, centro e sudoeste de porção continental situada entre o Mar Mediterrâneo, o Líbano, a Síria, a Transjordânia e o Egito. No centro dessa área, a cidade de Jerusalém (zona internacional).
Outros países árabes: Líbano, Síria, Transjordânia e Egito (Sinai).
Na parte superior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 57 quilômetros.

ISRAEL E PALESTINA (2009)

Mapa. Israel e Palestina, 2009. Mapa representando a situação das fronteiras de Israel e Palestina em 1967 e em 2009. Israel em 1967: predomínio da área situada entre o Mar Mediterrâneo, Líbano, Síria, Jordânia e Egito (península de Sinai). Território ocupado por Israel desde 1967: porção central da área situada entre o Mar Mediterrâneo, Líbano, Síria, Jordânia e Egito (Sinai) e área no sudoeste da Síria (Golan). Território devolvido por Israel ao Egito em 1982: Sinai Situação em 2009. Território sob controle israelense: porção central da área situada entre o Mar Mediterrâneo, Líbano, Síria, Jordânia e Egito (Sinai) e área no sudoeste da Síria (Golan). Território sob controle palestino: pequenos fragmentos da porção central  da área situada entre o Mar Mediterrâneo, Líbano, Síria, Jordânia e Egito (Sinai) e faixa no oeste de Israel (Gaza). Território sob controle israelense e palestino: pequenos fragmentos da porção central da área situada entre o Mar Mediterrâneo, Líbano, Síria, Jordânia e Egito (Sinai). Na parte superior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 68 quilômetros.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição. São Paulo: Moderna, 2019. página. 103.

Os conflitos e o petróleo

Além dos conflitos na Palestina, há outro aspecto a considerar com relação ao Oriente Médio. A região foi responsável por mais de 30% da produção mundial de petróleo em 2020 e concentra algumas das maiores reservas desse recurso, concentradas, principalmente, na Arábia Saudita, no Irã, no Iraque, nos Emirados Árabes Unidos e no cuáit. Essa riqueza atraiu interesses externos e foi a motivação de vários conflitos. Observe, na linha do tempo, os conflitos no Oriente Médio após a Segunda Guerra Mundial.

Cronologia dos conflitos no Oriente Médio

Linha do tempo. Linha na cor azul, com as datas demarcadas por bolinhas vermelhas. De cada bolinha, sai um fio preto com texto.  
1947-1948: Guerra entre árabes e judeus motivada pela criação do Estado de Israel. 
1956: Guerra entre árabes e judeus pela posse do Canal de Suez, no Egito. 
1967: Guerra dos Seis Dias, entre árabes e judeus. 
1973: Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão), entre árabes e judeus. 
1980-1988: Guerra Irã-Iraque. 
1990-1991: Guerra do Golfo, Iraque-Kuwait. 
2001: Início da invasão dos Estados Unidos ao Afeganistão. 
2003-2010: Invasão dos Estados Unidos ao Iraque. 
2010: Primavera Árabe. 
2011: Início da guerra civil na Síria.
Cidadania e civismo.

A Primavera Árabe e a guerra civil na Síria

Em dezembro de 2010, uma série de manifestações e protestos contra regimes autoritários que controlavam a vida política de alguns países árabes do Oriente Médio e do Norte da África tomou conta das ruas. A internet e as redes sociais tiveram importante papel nesse conjunto de manifestações, que ficou conhecido como Primavera Árabe.

Essas revoltas populares tiveram início na Tunísia, país africano, e inspiraram movimentos semelhantes no mesmo continente e também em países do Oriente Médio, como barêin, Jordânia, Síria, Omã, Iêmen, Arábia Saudita, cuáit e Síria.

Os manifestantes na Síria foram reprimidos com violência pelo governo de Bachár al Assád. Desde 2011, a situação evoluiu para uma guerra civil, com grupos armados empenhados em derrubar o governo ou ao menos dominar porções do território. Entre esses grupos, a organização terrorista Estado Islâmico chegou a ocupar grande parte do país, cujo contrôle só foi oficialmente revertido em 2019, após a intensa atuação de combatentes locais apoiados pelo governo e por fôrças estrangeiras, compostas, entre outros países, dos Estados Unidos e da Rússia. Os conflitos na Síria, contudo, envolvendo grupos favoráveis e contrários ao governo, incluindo o Estado Islâmico, continuaram a ocorrer nos anos seguintes.

Fotografia. No centro, vista para uma superfície plana coberta por destroços de uma construção em ruínas e algumas pessoas circulando pelos entulhos. Ao redor, alguns edifícios e casas destruídos.
Na fotografia, ruínas após ataque aéreo realizado na área de Arbin, Damasco, Síria (2018).

Ícone. Seção Em prática. Composto por um mapa e um pino de localização sobre o mapa.

Em prática

Guerra civil na Síria

O trecho do texto a seguir relata alguns detalhes da guerra civil na Síria, iniciada em 2011. Leia-o e elabore um mapa esquemático, de acordo com as orientações descritas na sequência.

Por que há uma guerra civil na Síria: 7 perguntas para entender o conflito

Um levante pacífico contra o presidente da Síria que teve início há sete anos [2011]transformou-se em uma guerra civil que já deixou mais de 350 mil mortos, devastou cidades e envolveu outros países.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (áquinur) calcula que mais de 5 milhões já deixaram o país.

Entenda a seguir a origem desse conflito e suas consequências até agora.

1. Como a guerra começou?

Mesmo antes de o conflito começar, muitos sírios reclamavam dos altos índices de desemprego, corrupção e falta de liberdade política sob o presidente Bachár al Assád, que sucedeu seu pai, rrafés, após sua morte, em 2000.

Em março de 2011, protestos pró-democracia eclodiram na cidade de derá, ao sul do país, inspirados pelos levantes da Primavera Árabe em países vizinhos.

Quando o governo empregou fôrça letal contra dissidentes, houve manifestações em todo o país exigindo a renúncia do presidente. O clima de revolta se espalhou, e a repressão se intensificou. Apoiadores da oposição pegaram em armas, primeiro para defender a si mesmos e depois para expulsar fôrças de segurança das áreas onde viviam. Assad prometeu acabar com o que chamou de “terrorismo apoiado por estrangeiros”.

Seguiu-se uma rápida escalada de violência, e o país mergulhou em uma guerra civil.

2. Quantas pessoas já morreram?

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, uma ôngui britânica que monitora o conflito com base em uma rede de fontes locais, registrou trezentas e cinquenta e três.novecentas mortes até março de 2018, incluindo 106 mil civis.

reticências

3. Do que se trata a guerra?

reticências

Muitos grupos e países, cada um com suas próprias agendas, estão envolvidos, tornando a situação muito mais complexa e prolongando a guerra.

reticências

Também permitiram que grupos jihadistas como o autodenominado Estado Islâmico e a Al Caedaflorescessem.

Os curdos sírios, que querem ter o direito de governar a si próprios mas não combatem as fôrças de Assad, acrescentam outra dimensão ao conflito.

4. Quem está envolvido?

Os principais apoiadores do governo são a Rússia e o Irã, enquanto os Estados Unidos, a Turquia e a Arábia Saudita apoiam os rebeldes.

reticências

Os Estados Unidos, Reino Unido, França e outros países ocidentais forneceram variados graus de apôio para o que consideram ser rebeldes “moderados”.

Uma coalizão global liderada por eles também realiza ataques contra militantes do Estado Islâmico na Síria desde 2014 e ajudou uma aliança entre milícias árabes e curdas chamada fôrças Democráticas Sírias (éfe dê ésse) a assumir o contrôle de territórios antes dominados por jihadistas.

A Turquia apoia há tempos os rebeldes, mas concentrou esforços em usá-los para conter a milícia curda que domina a éfe dê ésse, acusando-a de ser uma extensão de um grupo rebelde curdo banido do território turco.

reticências

5. Como o país tem sido afetado?

reticências

A ônu estima que 13,1 milhões de pessoas necessitarão de algum tipo de ajuda humanitária na Síria em 2018.

Os dois lados do conflito pioraram essa situação ao se recusar a permitir o acesso de agências com fins humanitários a quem precisa de auxílio. Quase 3 milhões de pessoas vivem em áreas alvos de cêrco e de difícil acesso.

reticências

6. Como o país está dividido?

O governo reassumiu o contrôle das maiores cidades sírias, mas grandes partes do país ainda estão sob o comando de grupos rebeldes e da éfe dê ésse.

reticências

7. A guerra vai acabar algum dia?

Não há qualquer sinal de que o conflito chegará ao fim em breve, mas todos os lados envolvidos concordam que uma solução política é necessária.

O Conselho de Segurança da ônu pediu a implementação de um governo de transição “formado com base em consentimento mútuo”.

reticências

Assad parece cada vez menos disposto a negociar com a oposição. Rebeldes ainda insistem que ele renuncie como parte de qualquer acordo.

POR que há uma guerra civil na Síria: 7 perguntas para entender o conflito. uól, 15 março. 2018. Seção Notícias. Disponível em: https://oeds.link/bB5yzU. Acesso em: 30 abril. 2022.

Com base nas informações contidas no texto, reúnam-se em duplas ou trios e elaborem um mapa esquemático (croqui) que represente a guerra civil iniciada na Síria em 2011. Sigam o roteiro.

  1. Utilizem um mapa-múndi para auxiliar o trabalho de vocês, localizando os países.
  2. Vocês poderão empregar diversos recursos, como setas para representar os fluxos, fórmas geométricas como círculos para representar os países envolvidos, símbolos para representar as frentes envolvidas, cores etcétera.
  3. Não se esqueçam de elaborar uma legenda que descreva todos os recursos usados no mapa.
  4. Ao final, é possível pesquisar mais informações sobre os conflitos e compartilhar o resultado com os demais colegas e o professor.

ATIVIDADES

Faça as atividades no caderno.

  1. Por que o Oriente Médio é considerado uma das principais áreas estratégicas do mundo?
  2. Observe o mapa sobre a escassez hídrica no mundo e responda às questões propostas.

PLANISFÉRIO: ESCASSEZ HÍDRICA (2015)

Mapa. Planisfério: escassez hídrica , 2015. Mapa representando a porcentagem de estresse hídrico e de nível de água por país. Estresse hídrico severo (de 75% a 7.512%). Líbia: 718%; Egito: 141%; Jordânia: 129%; Arábia Saudita: 1.097%; Iêmen: 196%; Omã: 133%; Emirados Árabes Unidos: 4.297%; Catar: 2.674%; Barein: 398%; Kuwait: 7.512%. Estresse hídrico grande (de 60% a 75%): Irã, Sudão, Tadjiquistão e República Dominicana. Estresse hídrico moderado (de 25% a 60%): Argélia, Marrocos, Somália, Índia, Afeganistão, Quirguistão, Coreia do Sul, Bulgária, Espanha, Itália e Bélgica. Nível de água suficiente (10% a 25%): Groenlândia, Estados Unidos, México, Portugal, França, Alemanha, Polônia, Turquia, Cazaquistão, China, Japão, Mauritânia, entre outros países. Nível de água abundante (menos de 10%): Brasil, Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Chile, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Argentina, Canadá, Angola, Moçambique, Madagascar, Etiópia, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Nigéria, Níger, Costa do Marfim, Serra Leoa, Guiné, Zimbábue, Austrália, Indonésia, Malásia, Vietnã, Rússia, Mongólia, entre outros países. Na parte inferior direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.740 quilômetros.
Os dez países mais ameaçados pela escassez de água concentram-se no Oriente Médio. Elaborado com base em dados obtidos em: Water stress will drive government cooperation. Oxford Analytica: Daily Breaf, 11 agosto. 2015. Seção Sectors. Disponível em: https://oeds.link/23kq37. Acesso em: 30 abril. 2022.
  1. Quais países do Oriente Médio estão entre os mais ameaçados pela escassez hídrica?
  2. Quais problemas relacionados à escassez hídrica esses países poderão enfrentar futuramente?
  1. Qual é a origem dos conflitos entre árabes e judeus na Palestina? O que representa a decisão estabelecida em 2012 pela Assembleia Geral das Nações Unidas?
  2. Que tipo de atividade econômica é indicado na ilustração de locais e atividades praticadas em Dubai? Qual é a importância desse tipo de atividade para a economia da cidade, localizada nos Emirados Árabes Unidos?
Ilustração. Ilustração mostrando o mapa de Dubai com diversos símbolos que representam os principais locais e atividades turísticas. Na porção sudeste da cidade: aviões e saguão de aeroporto, tenda árabe e uma pessoa sobre um camelo. Na porção sul, van e vasos artesanais. Na porção sudoeste, balão e uma pessoa vestindo túnica branca. Na porção oeste, guarda-sóis no litoral, ilha artificial em formato de palmeira e mergulhador no oceano. Na porção noroeste, monumento histórico e ilhas artificiais em formato de palmeira, tubarão e embarcações no mar. Na porção nordeste, barras de ouro, arranha-céu, monotrilho e ônibus.
Ilustração de locais e atividades praticadas em Dubai, Emirados Árabes Unidos.

5. Analise o mapa, que apresenta diversos pontos de poluição provocada por acidentes industriais ao longo do século vinte, e responda às questões.

PLANISFÉRIO: POLUIÇÃO PROVOCADA POR ACIDENTES INDUSTRIAIS (SÉCULO vinte)

Mapa. Planisfério: poluição provocada por acidentes industriais - século XX. Mapa representando a localização e o volume dos derramamentos acidentais de hidrocarbonetos em toneladas, dos acidentes industriais e as principais zonas de acidentes industriais depois de 1901. Derramamentos acidentais de hidrocarbonetos (em toneladas). Os hidrocarbonetos são os principais componentes químicos do petróleo. 300.000 a 1.500.000 toneladas: Brasil, Golfo do México e Golfo Pérsico. 100.000 a 300.000 toneladas: África do Sul, Golfo Pérsico, Mar Mediterrâneo, costa oeste africana, costa atlântica da Europa, Caribe, entre outros locais. 50.000 a 100.000 toneladas: Moçambique, Mar Vermelho, Turquia, costa atlântica da Europa, Golfo Pérsico, Havaí, fronteira entre China e península coreana, entre outros locais. 10.000 a 50.000 toneladas: Índia, Malásia, Indonésia, Iêmen, Namíbia, Argentina, Chile, Venezuela, México, Estados Unidos, costa atlântica da Europa, Golfo Pérsico, Japão, entre outros locais. Acidentes industriais que afetaram mais de 50 mil pessoas: San Juan Ixhuatepec, no México: explosão de estoque de gás de petróleo liquefeito (1984). Minas Gerais, no Brasil: ruptura de um reservatório de produtos químicos (2003). Abidjan, na Costa do Marfim: derramamento de dejetos tóxicos (2014). Visakhapatnam, na Índia: incêndio de uma refinaria (1997). Seveso, na Itália: acidente químico (1976). Nova Délhi, na Índia: acidente químico (1985). Bhopal, na Índia: vazamento de gás tóxico (1984). Gao Qion, na China: explosão de poço de gás (2003). Tyanyuan, na China: vazamento de cloro (2004). Fukushima, no Japão: acidente nuclear (2011). Tianjin, na China: incêndio de entrepostos de produtos químicos (2015). Three Mile Island, nos Estados Unidos: acidente nuclear (1979). Mississauga, no Canadá: derramamento de produtos altamente tóxicos (1979). Principais zonas de acidentes industriais depois de 1901: Argentina, Brasil, Uruguai, México, Estados Unidos, Canadá, Nigéria, Índia, países da Europa Ocidental, China, Irã, Nova Zelândia, Austrália, entre outras regiões. Representação com escala e rosa dos ventos suprimidas.
Elaborado com base em dados obtidos em: La planète mise à mal. Le Monde Diplomatique, Paris, dezembro. 2015. Seção cárt. Disponível em: https://oeds.link/jMQhP5. Acesso em: 30 abril. 2022.
  1. Quais regiões do mundo apresentam maior número de acidentes industriais?
  2. Como é a participação do Oriente Médio segundo o mapa?

6. Leia o texto e responda às questões propostas.

Com apoio da União Europeia, FAO ajudará mais de 150 mil pessoas no Iêmen

A assistência será possível graças aos 12 milhões de euros prometidos pela União Europeia (u ê) para o país que tem agora 14 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar.

“Essa é uma das piores crises humanitárias do mundo. O acesso das pessoas à alimentação está piorando rapidamente e é preciso uma ação urgente”, disse o representante da fáo no Iêmen, salá rráji rrassãn.

“A contribuição da União Europeia reforçará consideravelmente a nossa capacidade de recolher dados críticos sobre a insegurança alimentar, de modo que medidas rápidas possam ser tomadas para evitar uma nova deterioração da situação. Os recursos também vão contribuir para aumentar a resiliência dos agricultores e pastores de gado, os ajudando a aumentar o valor de sua produção agrícola”, acrescentou.

reticências

CENTRO DE INFORMAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL. Com apôio da União Europeia, fáo ajudará mais de 150 mil pessoas no Iêmen. uníc Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 12 janeiro. 2017. Disponível em: https://oeds.link/rQDmlw. Acesso em: 30 abril. 2022.

  1. Qual é a crise humanitária enfrentada pelo Iêmen?
  2. Quais são as razões que levam o país a enfrentar essa crise?

Ícone. Seção Ser no mundo. Composto por um globo terrestre e uma linha laranja ao seu redor.

Ser no mundo

Cidadania e civismo.

Desigualdade mundial de acesso aos recursos alimentares

De acordo com a ônu, entre 720 e 811 milhões de pessoas passaram fome em 2020 mesmo com a produção mundial de alimentos superando a demanda para cada habitante do planeta. Estima-se que, depois de um declínio constante do número de pessoas subalimentadas desde a década de 1990, os últimos anos ainda foram marcados pelo crescimento da fome, quadro que se agravou com o declínio da economia global com a pandemia de Covid-19.

Além da pandemia, o aumento da fome está relacionado a diversos outros fatores: sêcas ou inundações, violência, conflitos e guerras civis, e concentração da renda e da produção. Esses fatores contribuem para que o acesso aos alimentos seja concentrado em países ou grupos populacionais considerados ricos, e a fome atinja principalmente as populações mais pobres. Observe os dados do gráfico que representa a situação da insegurança alimentar no mundo entre 2014 e 2020.

PLANISFÉRIO: INSEGURANÇA ALIMENTAR (2014-2020)

Gráfico. Planisfério: insegurança alimentar, 2014 a 2020. Gráfico de colunas mostrando a porcentagem de população em situação de insegurança alimentar no mundo entre 2014 e 2020. A porcentagem está apresentada no eixo vertical e os países e anos estão apresentados no eixo horizontal. Mundo. 2014: 22,6%. 2016: 23,6%. 2018: 25,9%. 2019: 26,6%. 2020: 30,4%. África. 2014: 47,3%. 2016: 50,9%. 2018: 52,7%. 2019: 54,2%. 2020: 59,6%. Ásia. 2014: 19,1%. 2016: 18,9%. 2018: 22,2%. 2019: 22,7%. 2020: 25,8%. América Latina e Caribe. 2014: 24,9%. 2016: 31,3%. 2018: 31,7%. 2019: 31,9%. 2020: 40,9%. América do Norte e Europa. 2014: 9,3%. 2016: 8,7%. 2018: 7,6%. 2019: 7,7%. 2020: 8,8%.
Elaborado com base em dados obtidos em: FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS; FUND FOR AGRICULTURAL DEVELOPMENT; UNITED NATIONS CHILDREN'S FUND et al. The State of Food Security and Nutrition in the World 2021. Roma: fáo, 2021. Disponível em: https://oeds.link/iec72b. Acesso em: 30 abril. 2022.

Agora leia o trecho do texto a seguir.

Mundo produz comida suficiente, mas fome ainda é uma realidade

Um estudo publicado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (fáo, na sigla em inglês) no dia 29 de abril de 2016 mostrou que a produção mundial de alimentos é suficiente para suprir a demanda das 7,3 bilhões de pessoas que habitam a Terra. Apesar disso, aproximadamente uma em cada nove dessas pessoas ainda vive a realidade da fome.

A pesquisa põe em xeque toda a política internacional de combate à subnutrição crônica colocada em prática nas últimas décadas.

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As políticas de combate à fome, adotadas até aproximadamente o início da década, focaram sobretudo na ajuda emergencial e no aumento da produção. Ou seja, acreditava-se que para acabar com a subnutrição, bastava, primordialmente, produzir mais e levar comida a populações com fome.

Depois que as metas traçadas não foram alcançadas, organizações que lidam com o tema entenderam que era necessário criar ações permanentes e estruturais. Surgiram então dois aspectos principais.

Um trata do principal motivo: a pobreza. A comida não chega a quem precisa porque, na maioria dos casos, as pessoas não têm dinheiro para comprá-la. Seja nos países mais pobres ou nos mais ricos, pessoas têm dificuldades em conseguir alimentos por serem economicamente excluídas, e não porque não têm comida suficiente.

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O outro aspecto tem a ver com a fórma de desenhar políticas em escala global. É a territorialidade. Isso significa que as organizações entenderam que o combate à fome tem que ser feito levando em conta questões específicas de cada lugar. Pessoas em cidades não passam fome pelos mesmos motivos que pessoas do campo.

As primeiras podem sofrer com falta de acesso a supermercados mais baratos, pois o transporte público é ineficiente, por exemplo; as outras, porque não têm acesso a grãos para plantar para sua família, ou porque os animais que criam não ganham peso. As políticas, para cada um desses casos, têm que ser diferentes: transporte público de qualidade e incentivos a redes de supermercados mais acessíveis na cidade, e distribuição de grãos e programas de educação agropecuária para a população rural.

IANDOLI, Rafael. Mundo produz comida suficiente, mas fome ainda é uma realidade. Nexo, 2 setembro. 2016. Seção Explicado. Disponível em: https://oeds.link/EgXtSB. Acesso em: 30 abril. 2022.

  1. De acordo com o texto, as políticas de combate à fome adotadas ao longo das últimas décadas não foram totalmente eficazes. Por quê?
  2. De acordo com o gráfico, qual é a participação dos países da Ásia entre a população em situação de insegurança alimentar no mundo?
  3. Qual é a sua visão sobre as políticas de combate à fome no lugar onde você vive?

Glossário

Tecnologia da Informação (TI)
 Conjunto de atividades que utilizam a computação como meio para produção, transmissão, armazenamento e utilização de informações, por exemplo, a criação de softwares (programas de computador).
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Sionista
 Relativo a sionismo, movimento judeu que resultou na formação do Estado de Israel.
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Holocausto
 Massacre de judeus e de outras minorias efetuado nos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
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