UNIDADEcinco A GRÉCIA ANTIGA

Fotografia. Sob um céu azul sem nuvens, vista geral de um local aberto onde há um teatro de arena, visto parcialmente. No centro da fotografia, há um palco arredondado e cinza. À direita, uma arquibancada cinza feita de pedras envolve o palco, em semicírculo. Inclinada, com dezenas de degraus e capacidade para centenas de pessoas. De pé, no palco e próxima à arquibancada, há uma pessoa em pé. Diante dela, há cerca de dez pessoas, algumas sentadas nas arquibancadas, e outras em pé. Elas usam casacos e calças de frio. Ao fundo do palco, há ruínas, com blocos de pedras. À direita, ao lado da arquibancada, três colunas claras sustentam uma cobertura, também em ruínas. Ao fundo, muitas árvores com folhas verdes e amareladas, e um monte com vegetação rasteira amarelada.
Teatro de Epidauro, no Peloponeso, na Grécia, construído no século quatroantes de Cristo Um dos teatros mais famosos na região, é conhecido pêla sua acústica, que faz pequenos sons, como um estalo de dedo, serem ouvidos por todos os presentes. Foi declarado Patrimônio Mundial pêla Fotografia de 2020.

Você estudará nesta Unidade:

A formação da Grécia Antiga

A organização da pólis

Características das cidades-Estado de Esparta e Atenas

O surgimento da democracia

A conquista macedônica

Características da religião e da cultura na Grécia Antiga

Fotografia. Dentro de uma sala, com paredes de vidro com vista para o céu e a cidade, ao fundo, à direita, três pessoas observam as peças de um museu, que estão à esquerda, em linha vertical. Todas as peças são esculturas ou parte de esculturas, brancas ou amareladas. Há pedaços de esculturas e fragmentos de frisos de construções, com relevos. À direita, há um cadeirante de camiseta rosa, com o braço esquerdo erguido em direção às peças; atrás dele, uma mulher com roupa branca empurra com as mãos, um carrinho de bebê vermelho; à frente dele, uma menina com o braço esquerdo engessado observa os objetos.
Museu da Acrópole de Atenas, na Grécia. Inaugurado em 2009, reúne as descobertas encontradas nos sítios arqueológicos da região. Fotografia de 2021.

A partir de 1200 antes de Cristo, a civilização grega começou a se formar na península Balcânica. Com o passar do tempo, essa civilização exerceria poder político e econômico, além de grande influência cultural, sôbre uma vasta região banhada pelo mar Mediterrâneo.

Muitos dos valores e da cultura da Grécia Antiga perduraram e se difundiram para outros povos e sociedades. A democracia, os Jogos Olímpicos e a filosofia, por exemplo, nasceram na Grécia Antiga.

O que você sabe sôbre esse assunto? Você consegue identificar características culturais ou políticas de nossa sociedade que têm relação com a história e a trajetória da Grécia Antiga?

Fotografia. Vista parcial em local aberto. Sob um céu em azul claro com nuvens brancas, à esquerda, vistas de lado, quatro colunas esculpidas com as formas de mulheres, em tom de bege sustentam o teto de um templo, em ruínas. As mulheres estão vestidas com túnicas longas e drapeadas, em ruínas, sem braços e narizes.
Esculturas de figuras femininas do templo de erecteiôn, um dos mais famosos de Atenas, na Grécia, construído no século cincoantes de CristoFotografia de 2021.

CAPÍTULO 11  SOCIEDADE E POLÍTICA NA GRÉCIA ANTIGA

A chamada Grécia Antiga era um conjunto de cidades independentes espalhadas pelo mar Mediterrâneo e pelo mar Egeu, em uma vasta região que os gregos chamavam de Hélade. As cidades gregas localizavam-se em campos férteis, mas eram separadas por montanhas difíceis de atravessar. Por isso, o principal contato entre as cidades se estabelecia pelo mar, em um litoral formado por baías, golfos e portos naturais. Essa característica geográfica explica a importância que a navegação, a pesca e o comércio marítimo tiveram para os antigos gregos.

Ao iniciarmos os estudos deste Capítulo, é importante ter em mente que, na Antiguidade, a Grécia não era, como hoje, um país. Contudo, todos os habitantes falavam a mesma língua, o grego (apesar da existência de diferentes dialetos), e compartilhavam aspectos culturais e religiosos.

A maior parte dos povos gregos vivia na região dos Bálcãs, no sudeste da Europa. Esse território pode ser dividido em três partes: a Grécia continental, a Grécia peninsular e a Grécia insular. Mas, a partir do século oitoantes de Cristo, os gregos passaram a habitar também regiões da península Itálica e da Ásia.

GRÉCIA ANTIGA (séculos oito .-seis)

Mapa. Grécia Antiga (séculos oito antes de Cristo a seis antes de Cristo). Mapa representando a Sicília e parte da Península Itálica, a leste do Mar Jônico, a Península do Peloponeso, a Península Balcânica, a Ática e parte da Ásia Menor, entre o Mar Egeu e o Mar Mediterrâneo.  Há algumas cidades destacadas e territórios destacados em diferentes cores. Em verde 'Grécia continental', estendendo-se pelo sul da Península Balcânica, pela a Ática, com destaque para a cidade de Atenas; abarcando todo o litoral do Mar Egeu, até a região do Estreito de Dardanelos e do Bósforo. Limitada ao norte pelas regiões da Macedônia e da Trácia. Em lilás, 'Grécia peninsular', estendendo-se pela Península do Peloponeso. Com destaque para a cidade de Esparta. Em laranja, 'Grécia insular', estendendo-se pela Ilha de Creta, com destaque para as cidades de Cnossos, Mália e Faístos; pela Ilha de Rodes, com destaque para a cidade de Rodes; pelas diversas ilhas do Mar Egeu e outras duas no Mar Jônico, Cefalônia e Zaquintos. Em vermelho, 'Grécia asiática', estendendo-se por todo o litoral da Ásia Menor, com destaque para a cidade de Troia. Em amarelo, 'Magna Grécia', estendendo-se pelo litoral sul da Península Itálica, por uma pequena área no oeste da península, onde hoje se localiza a cidade de Nápoles, e pelo litoral sul e sudeste da ilha da Sicília. No canto esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 110 quilômetros.

Fonte: Atlas histórico. São Paulo: Encyclopaedia Britannica, 1977. página 16.

A formação da Grécia Antiga

Você pode estar se perguntando: como é que habitantes de cidades tão distantes podiam falar a mesma língua e compartilhar elementos culturais e costumes? Na realidade, os gregos antigos nem sempre viveram espalhados por áreas diferentes. Sua cultura surgiu na península Balcânica e dali se difundiu para outras regiões, em um processo sempre marcado pêla manutenção dos laços culturais formados por esses povos.

Antes de as primeiras evidências de uma cultura grega surgirem na região, existia, na parte insular da Grécia, uma grande civilização, que tinha como centro a Ilha de Creta. Por volta de 1450 antes de Cristo, os palácios cretenses foram destruídos, provavelmente quando houve a invasão de outros povos.

E como ocorreu, necessariamente, a formação da Grécia Antiga? A civilização grega, de modo geral, originou-se de diferentes povos que se dirigiram para a península Balcânica em diversos momentos; entre eles, estavam aqueus, jônios, eólios e dórios. Os aqueus foram os primeiros dos povos nômades indo-europeus que começaram a migrar para os Bálcãs e que se estabeleceram na região do Peloponeso em cêrcade 1600 antes de Cristo O centro dessa nova sociedade era a cidade de Micenas. Por isso, a civilização criada pelos aqueus ficou conhecida como micênica.

Os micênicos desenvolveram o comércio marítimo e adotaram uma organização política centrada no poder de dois reis, que governavam cada qual em seu palácio. Criaram e utilizaram uma fórma escrita de registro, preservada em tabuinhas e vasos de cerâmica encontrados por arqueólogos.

Os palácios micênicos foram destruídos por volta de 1200 antes de CristoÉ possível que dificuldades econômicas e terremotos, somados à chegada dos dórios, tenham provocado o fim dessa civilização.

Pintura, Sobre uma parede cinza, detalhe de uma pintura em ruínas, que representa uma mulher vista de lado,  voltada para a esquerda, com longos cabelos pretos presos com uma fita vermelha e branca. Ela veste uma roupa de cor laranja com detalhes em vermelho e branco e usa pulseiras vermelhas. Na mão direita, erguida, ela segura uma espécie de colar vermelho e laranja, para o qual ela olha.  O fundo, descascado, está pintado na cor azul.
A senhora de Micenas. Século trezeantes de Cristo Afresco. Museu Arqueológico Nacional, Atenas, Grécia.
Fotografia. Vista geral de local aberto em ruínas, com um pátio aberto com piso de pedras grandes de cor cinza. Há paredes de pedra, de tamanhos diversos, pela metade. Ao fundo, em posição elevada, uma construção retangular, sustentada por três colunas vermelhas, e aberta. Ao fundo, sobre a parede atrás das colunas, há um afresco nas cores azul e vermelha. À esquerda, local com grama, vegetação, árvores e outras ruínas.
Ruínas do Palácio de Cnossos, em Creta, um dos maiores sítios arqueológicos na Grécia. Fotografia de 2020.

A Grécia pós-micênica

Os dórios eram povos também indo-europeus que, no século dozeantes de Cristo, chegaram à região dos Bálcãs e se estabeleceram em Creta e na Grécia peninsular. No mesmo período, os jônios e os eólios, também indo-europeus, ocuparam a Grécia continental.

A sociedade que se formou entre os séculos dozeantes de Cristo e oitoantes de Cristo, e que finalmente daria origem à civilização grega, era muito diferente da micênica. As novas comunidades estavam organizadas em propriedades familiares que incluíam escravos, animais, terras e casas, chamadas de oikos. O govêrno era exercido por uma assembleia composta de membros de famílias nobres.

Entre os séculos noveantes de Cristo e oitoantes de Cristo, o crescimento da população grega fez com que as terras agrícolas disponíveis se tornassem insuficientes. Enquanto os que tinham mais poder ficaram com mais terras, os camponeses pobres se viram obrigados a trabalhar para eles. Muitos camponeses, endividados, tornaram-se escravos.

Essa situação levou vários grupos da população grega a ocupar terras ao longo do mar Mediterrâneo e do mar Negro. Assim, entre os séculos oitoantes de Cristo e seisantes de Cristo, os gregos fundaram colônias no sul da Europa, no norte da África, na Ásia Menor e na costa do mar Negro. A expansão colonial grega estimulou o comércio marítimo e a utilização de moedas.

Além de provocar o fenômeno da colonização, o crescimento da população grega estimulou as trocas comerciais e o aparecimento de várias cidades na Grécia, isoladas umas das outras. Chamadas de pólis pelos gregos (póleis, no plural), cada uma delas transformou-se em um Estado independente, com leis e govêrno próprios. Por isso, elas também são conhecidas como cidades-Estado.

Fotografia. Uma vitrine de vidro transparente e, dentro dela, pedaços de vasos de cor marrom, com pinturas em preto representando pessoas, cavalos e soldados. Mais ao fundo, outros vasos de cor bege.
Cerâmicas gregas em museu em Palermo, na Itália. Fotografia de 2020.

Os reis, as póleis e a participação política

Ainda que fossem governadas por reis, nas póleis os cidadãos (politikos) interferiam nos assuntos do govêrno. A discussão e a participação dos cidadãos nas decisões sôbre os rumos da pólis deram origem à palavra "política", utilizada por nós até hoje. Nas primeiras póleis, porém, poucas pessoas, vindas de famílias privilegiadas, tinham cidadania, ou seja, o direito de participar da vida política da cidade.

Esparta

Entre os séculos seteantes de Cristo e seisantes de Cristo, a pólis de Esparta exerceu hegemonia sôbre as demais cidades gregas e tornou-se modêlo para elas.

A pólis de Esparta tem sua origem com a chegada dos dórios à península do Peloponeso. Eles dominaram toda a região, apropriaram-se das melhores terras e fundaram a cidade de Esparta. Seus descendentes, chamados de esparciatas, controlavam as instituições políticas da cidade e se dedicavam às atividades militares durante a maior parte da vida.

A educação em Esparta era mais rígida do que em outras póleis gregas. Os cidadãos eram submetidos às mais duras provas desde a infância. Aos 7 anos de idade, os meninos espartanos passavam a viver em quartéis. Lá se dedicavam ao exercício militar e se habituavam a suportar a dor, a fome e o frio.

Após o período de treinos, os jovens espartanos eram submetidos a um ritual de passagem. Os que não fossem considerados aptos para a guerra eram rebaixados para uma condição inferior. Voltados para a guerra, os cidadãos espartanos sobreviviam basicamente dos produtos cultivados em suas terras.

Você talvez se pergunte: se os esparciatas viviam para a guerra, quem produzia alimentos e outros bens necessários à sobrevivência da população? Essa tarefa era exercida pelos hilotas, antigos habitantes da região que foram dominados pelos dórios e despojados de terras e direitos políticos. Ainda que não fossem escravos, os hilotas não eram livres, pois eram obrigados a cultivar a terra dos esparciatas e a entregar a eles parte do que produziam.

Os habitantes dos arredores de Esparta que não eram descendentes dos dórios nem hilotas formavam um grupo de homens livres chamados periecos. Eles se dedicavam à agricultura, ao artesanato e ao comércio e, como os hilotas, não tinham direitos políticos.

Os esparciatas

Pertenciam ao grupo dos esparciatas todos aqueles que fossem filhos de pai e mãe espartanos. Eram os únicos a possuir direitos políticos. Permaneciam à disposição do exército ou das atividades políticas da vida pública de Esparta.

Fotografia. Sob um céu azul com nuvens brancas, à frente de morros cobertos com vegetação verde, vista de baixo e de costas, uma estátua representando um guerreiro sobre um pedestal de cor cinza. No braço esquerdo, ele carrega um escudo redondo de cor verde. Na mão direita, com o braço erguido e flexionado, ele segura uma lança longa, em posição de ataque. Sobre a cabeça, usa  um elmo com adorno em forma de leque sobre o topo, que se alonga na parte de trás da cabeça e termina nas costas da estátua.
Estátua de Leônidas. Rei de Esparta entre 491 e antes de Cristo 480antes de Cristo, Leônidas morreu em uma batalha no desfiladeiro das Termópilas, na Grécia. Nesse local, há uma estátua em homenagem a ele, como vemos nesta fotografia.
A oligarquia espartana

Como os espartanos governavam a cidade? Em Esparta, apenas os esparciatas tinham direitos políticos, e somente os membros das famílias mais importantes podiam ser eleitos para as funções de comando. Por isso, o regime político de Esparta é chamado de oligárquico (ôlígos, poucos; arquê, govêrno).

Esparta, ao contrário de outras cidades gregas importantes, preservou a monarquia. Na cidade, dois reis comandavam o exército e cuidavam das tarefas sacerdotais. As leis eram formuladas pêla Gerúsia, um conselho formado pelos dois reis e por 28 cidadãos com mais de 60 anos. Um comitê de cinco cidadãos, os éforos, era eleito todo ano pêla assembleia para supervisionar as atividades políticas e julgar crimes importantes.

Os cidadãos maiores de 20 anos podiam participar da Ápela, assembleia que se reunia periodicamente para votar as leis propostaspêla Gerúsia. Mas o poder da assembleia era limitado; quem comandava a cidade, de fato, eram os dois reis e os 28 anciãos da Gerúsia, que tinham o poder de rejeitar as decisões da assembleia.

Ícone. Sugestão de site.

PORTAL Grécia Antiga. Disponível em: https://oeds.link/ZHuqmC. Acesso em: 10 janeiro2022. Neste site, criado em 1997 e constantemente renovado até os dias de hoje, é possível encontrar uma enorme variedade de textos e imagens sôbre a Grécia Antiga.

Ícone. Ilustração de uma lupa sobre uma folha de papel amarelada com a ponta superior direita dobrada, indicando a seção Documento.

Documento

Cidadania e Civismo

A educação espartana

O historiador e biógrafo greco-romano Plutarco viveu no início da Era Cristã, quando a Grécia já tinha sido conquistada por Roma. No texto a seguir, ele fala sôbre a educação dos meninos em Esparta.

Os anciãos vigiavam os jogos das crianças. Não perdiam uma ocasião para suscitar entre eles brigas e rivalidades. Tinham, assim, meios de estudar, em cada um, as disposições naturais para a audácia e a intrepidez na luta. Ensinavam a ler e escrever apenas o estritamente necessário. O resto da educação visava acostumá-los à obediência, torná-los duros à adversidade e fazê-los vencer no combate. Do mesmo modo, quando cresciam, eles recebiam um treinamento mais severo reticências. Quando completavam doze anos, não usavam mais camisa. Só recebiam um agasalho por ano.reticências.

PLUTARCO. A vida de Licurgo. In: . 100 textos de História Antiga. São Paulo: Contexto, 2009. página 108-110.

  1. De acôrdo com Plutarco, qual era o principal objetivo da educação dos meninos espartanos?
  2. Você considera correto estimular a rivalidade ou a cooperação na educação das crianças?

Atenas

Enquanto Esparta se estruturava como uma sociedade oligárquica e fortemente militarizada, mais ao norte, na região da Ática, a pólis de Atenas desenvolveu um modêlo de cidade bem diferente.

Até o séculoseisantes de Cristo, Atenas foi governada por uma aristocracia de grandes proprietários rurais, que elegiam, entre si, magistrados encarregados de comandar o exército e fazer cumprir as leis. Os aristocratas também possuíam muitos escravos, em sua maioria prisioneiros de guerra e seus descendentes. Trabalhando nas minas, na agricultura, no artesanato e nas tarefas domésticas, os escravos possibilitavam que os homens ricos e livres se dedicassem à política e ao ócioglossário .

A maioria da sociedade ateniense era composta de camponeses, artesãos e comerciantes. Havia ainda os metecos, como eram chamados os estrangeiros e seus descendentes. Excluídos da vida política, esses grupos foram, pouco a pouco, demonstrando seu descontentamento com o govêrno aristocrático.

No início do século seis antes de Cristo, as tensões sociais se agravaram e, para contê-las, o magistrado Sólon implantou uma reforma nas leis da cidade. Entre as medidas tomadas por ele, destacam-se o fim da escravidão por dívidas e a criação de um tribunal popular. Sólon também instituiu uma assembleia chamada Eclésia, da qual podiam participar todos os cidadãos atenienses maiores de 18 anos, e a Bulé, um conselho de 400 homens eleitos que preparavam as leis votadas pêla assembleia.

Fotografia. Vista geral de local aberto. No alto, céu em azul-claro e muitas nuvens em cinza. No centro da imagem, em uma colina rochosa elevada de cume plano, elevado, no ponto mais alto, uma construção retangular sustentada por colunas de cor bege, com partes no topo em ruínas. À esquerda, na colina e na base dela, algumas outras construções de mesma cor. A localizada na base é formada por vários andares de arcos, e também está em ruínas. Ao fundo, observa-se a cidade e alguns morros. Na parte inferior, há vegetação verde, árvores, e casas à direita.
Vista da acrópole (parte alta da cidade) de Atenas, na Grécia. No centro, podemos observar o Partenon, templo construído em homenagem à deusa Atena, patrona da cidade. Fotografia de 2019.

O sistema democrático

Apesar das reformas de Sólon, o poder permaneceu concentrado nas mãos dos magistrados, e as camadas médias e baixas da população de Atenas continuaram sem participar plenamente da política, pois a Eclésia quase nunca se reunia. Assim, as reivindicações da população ateniense continuaram, e logo foram conquistadas novas mudanças na organização da pólis.

Clístenes, escolhido magistrado em 509 antes de Cristo, implantou leis que garantiram a participação política a todos os habitantes dos demos que fossem considerados cidadãos atenienses. Os demos eram unidades administrativo-políticas de Atenas, mas o termo adquiriu, nesse contexto, o sentido de povo, e o regime implantado por Clístenes ficou conhecido como democracia (govêrno do povo).

A Eclésia, que se reunia em um espaço aberto chamado pinix, adquiriu plenos poderes em Atenas e pôde opinar sôbre todos os assuntos. A Bulé passou a contar com 500 membros, os quais não eram mais eleitos, e sim sorteados entre aqueles que eram considerados cidadãos.

A democracia ateniense baseava-se na noção de cidadania, que permitia a uma pessoa participar das decisões políticas da pólis. Contudo, em Atenas, somente os homens adultos, filhos de pais atenienses, eram cidadãos e, portanto, podiam votar nas assembleias e ser magistrados. Mulheres, estrangeiros e escravos não eram considerados cidadãos. Estima-se que os cidadãos representavam pouco mais de 10% dos habitantes de Atenas.

Fotografia. Vista geral de local aberto com vegetação rasteira seca. Sobre a vegetação, pedras de cor cinza formam uma plataforma. Em segundo plano, à esquerda, árvores de folhas verdes. No alto, céu de cor azul com nuvens esparsas.
Ruínas de pinix, em Atenas, na Grécia. Neste local, reunia-se a Eclésia no século cincoantes de Cristo Fotografia de 2019.

O funcionamento da Eclésia

Os participantes da Eclésia, isto é, todos os cidadãos maiores de dezoito anos que se reunissem na pinix, tinham direito à voz e ao voto. A assembleia reunia-se, em média, quatro vezes por pritaniaglossário . Na primeira, e mais importante, discutia-se e votava-se acerca da atuação dos magistrados em seus cargos, informava-se sôbre o estoque de cereais e a segurança pública, faziam-se denúncias públicas, lia-se uma lista de confiscação e reclamação de heranças reticências. Na segunda reunião, eram feitas solicitações de caráter público e privado. Na terceira e quarta assembleias, cuidava-se de assuntos religiosos. Apesar de a Eclésia votar projetos feitos na Boulé, seus membros poderiam recusar os projetos, emendá-los ou, ainda, propor outros.

môrbék, Guilherme. O campo político de Atenas no século cincoantes de Cristofínix, Rio de Janeiro, volume15,número 1,página114-134, 2009.

As mulheres na Grécia

Na Grécia Antiga, as mulheres não possuíam direitos políticos, mas desempenhavam papéis importantes em várias áreas da vida privada, cívica e comunitária, como mães, donas de casa, poetisas, trabalhadoras, comerciantes, entre outras atividades.

Em suas casas, as mulheres da elite viviam separadas dos homens em cômodos chamados de gineceus. Ali, as meninas brincavam com objetos associados às tarefas que teriam quando adultas (costura da lã, cuidado dos filhos e comando dos escravos domésticos). Algumas jovens com mais recursos podiam aprender a ler, escrever, recitar poemas e cantar ou tocar um instrumento musical.

As mulheres da elite casavam-se quando tinham entre 15 e 20 anos de idade. Os casamentos eram arranjados pelos pais. Após o casamento, a esposa passava a fazer parte da família do marido, bem como os filhos que seriam gerados. O principal objetivo do casamento era gerar herdeiros; por isso, a ausência de filhos podia ser motivo para um pedido de divórcio.

As mulheres das camadas mais pobres não viviam confinadas. Com base em estudos recentes, alguns historiadores acreditam que os casamentos não eram arranjados entre os membros desses grupos sociais.

As esposas dos camponeses pobres tinham maior liberdade e exerciam tarefas variadas. Muitas vendiam, na Ágora ou em seus arredores, ervas do próprio quintal, fitas e perfumes. Trabalhavam como babás, na colheita de uva ou costuravam com lã. Algumas possuíam pequenos comércios.

Safo, uma poetisa na Antiguidade

Safo foi uma importante poetisa grega, nascida entre 630 antes de Cristo e 604 antes de Cristo, na ilha de Lesbos. Tornou-se conhecida por sua poesia escrita, que deveria ser, geralmente, cantada ao som da lira.

A obra de Safo se perdeu ao longo do tempo (como ocorreu com a obra da maior parte dos escritores e pensadores da Antiguidade), e hoje conhecemos seus registros poéticos por meio de fragmentos. Contudo, seu poema intitulado “Ode a Afrodite” permaneceu completo até nossos dias. Em 2014, novos fragmentos de poemas de Safo foram descobertos em uma coleção particular e esse conjunto recebeu o nome de “Os irmãos”.

Pintura. Sobre um fundo bege e quadrado, um círculo de cor rosa, sobre o círculo, retrato de uma mulher vista de frente, de cabelos de cor castanha, curtos encaracolados e até a nuca,  cobertos por uma rede dourada, no topo de sua cabeça. Ela tem os olhos grandes e castanhos, o nariz fino e as sobrancelhas  castanhas. Nas orelhas, usa um par de brincos de argolas pequenos e dourados e, sobre os ombros, usa uma túnica avermelhado. Sob a túnica, usa uma blusa verde. Na mão direita, ela segura uma haste fina na posição vertical à frente dos lábios dela. Na mão esquerda, ela segura uma tabuleta em forma de livro, pequena e marrom.
A poetisa grega Safo. Século um Depois de CristoPintura mural (detalhe), 38 por 37 centímetros. Museu Arqueológico Nacional, Nápoles, Itália.

A conquista macedônica

No século seisantes de Cristo o antigo povo persa dominava um vasto império, que abrangia o Oriente Médio, o Egito, a Mesopotâmia e toda a região da Ásia Menor, que incluía póleis como Mileto e Éfeso. Em 490 antes de Cristo, os persas avançaram mais a oeste e desembarcaram em Maratona, na Ática. Começaram, assim, as Guerras Greco-Pérsicas.

As cidades gregas, sob o comando de Atenas, formaram a Liga de Delos. Seus membros se comprometiam a fornecer aos atenienses recursos financeiros e militares para combater o inimigo, o que fortaleceu Atenas politicamente. Assim, quando as Guerras Greco-Pérsicas terminaram, em 448 antes de Cristo, Atenas era a cidade mais poderosa da Grécia.

Descontentes com a hegemonia ateniense, os espartanos reuniram outras póleis gregas, criando a Liga do Peloponeso. Em 431 antes de Cristo, esses dois blocos entraram em conflito, em uma disputa que envolveu praticamente todas as cidades gregas e ficou conhecida como Guerra do Peloponeso.

Em 404 antes de Cristo, os espartanos derrotaram Atenas e impuseram a hegemonia sôbre a Grécia. A liderança espartana, porém, não durou muito. Enfraquecida pêla guerra, Esparta foi dominada pêla cidade de Tebasglossário .

A partir de então, iniciaram-se intensas lutas entre as diversas cidades gregas, o que permitiu que elas fossem facilmente dominadas por outros povos. Primeiramente pelos persas, que retomaram o domínio sôbre as póleis gregas da Ásia Menor.

Em 338 antes de Cristo, os macedôniosglossário , comandados pelo rei Felipe segundo, conquistaram toda a Grécia continental e entraram em guerra contra os persas para expulsá-los da Ásia Menor. Os persas foram derrotados, mas Felipe segundo morreu em combate, deixando o trono para seu filho Alexandre.

Fotografia. Escultura em alto relevo, em formato retangular e vertical, feita de  pedra na cor cinza. À esquerda, em relevo, a figura de um homem em pé, visto parcialmente dos ombros até os pés, vestido com túnica drapeada até os joelhos. Ele segura um escudo circular atrás de si e está com um dos joelhos flexionados. À direita, agachado no chão, um homem com barba, um elmo sobre a cabeça e o peito nu  segura uma faca pequena na mão direita e olha para cima em direção ao outro homem.
Lápide com imagem de soldados em combate durante a Guerra do Peloponeso. Século cincoantes de CristoEscultura esculpida em pedra, 53,4 por 40,6 centímetros.
Ícone. Sugestão de livro.

SILVA, Flavia Lins e. Diário de Pilar na Grécia. Rio de Janeiro: Pequena zarrár, 2010. O livro conta a história de Pilar e seus amigos, que descobrem o fascinante mundo grego, ao lado de heróis e deuses, em uma viagem no tempo.

A cultura helenística

Alexandre preservou o império fundado por seu pai e ampliou seus domínios, conquistando o Oriente. Após onze anos de batalhas, dominou a Síria, a Palestina, o Egito, a Mesopotâmia, a Pérsia e a Índia. A vastidão de seu império o levou a se tornar conhecido como Alexandre, o Grande.

Por onde passou, Alexandre submeteu os povos locais e fundou novas cidades, mais de trinta delas batizadas de Alexandria. O objetivo do imperador macedônico era transformar as cidades em grandes centros de difusão cultural.

Muitos soldados gregos e macedônios se fixaram nas regiões conquistadas. Ali difundiram o grego, que se tornou a língua oficial do império, embora as populações locais continuassem a falar seus idiomas. Também construíram templos, ágoras e ginásios bem parecidos com os das cidades gregas.

A síntese da cultura grega com a dos povos do Oriente conquistados por Alexandre deu origem à cultura helenística (do grego rélenizain, aquele que fala ou vive como os Helenosglossário ). O centro dessa cultura era a cidade de Alexandria, no Egito. Ali foi construída a maior biblioteca da Antiguidade, um museu e o famoso Farol de Alexandria, que, de tão grande, podia ser avistado pelos navegantes a mais de 50 quilômetros de distância.

Outro destaque da Grécia do período helenístico foram as esculturas, como a de Laocoonte e seus filhos. Podemos perceber que a obra é bem mais realista que as esculturas gregas de épocas anteriores. Isso porque a intenção dos artistas desse novo período era representar o ser humano com suas emoções, dores e angústias.

Fotografia, Escultura feita de mármore na cor branca, representando um homem maior no centro, com uma serpente enrolada em seu corpo, e dois homens menores ao lado dele, um à direita e outro à esquerda. O homem no centro, é forte e musculoso, está nu e sentado em um pedestal quadrado, coberto por um tecido drapeado. Ele tem cabelos encaracolados até a nuca e usa barba. Seu braço direito está erguido e não tem a mão direita, danificada pelo tempo. O braço esquerdo está flexionado ao lado de seu corpo. Sua expressão é dramática, de angústia e dor, com a cabeça inclinada, os olhos arregalados e a boca aberta. Há uma serpente enrolada em suas pernas, subindo por seu corpo, até chegar às suas costas, passando por baixo de seu braço esquerdo. O homem segura a cabeça da serpente com a mão esquerda. A serpente está com a boca aberta. À direita e à esquerda, representados em tamanho menor, dois jovens com cabelos cacheados e curtos, nus. A serpente também entrelaça seus corpos. A figura da esquerda está com o corpo pendendo para trás. A figura da direita está com os joelhos flexionados, uma das pernas levantadas, e observa a figura central, com uma expressão angustiada. As três figuras foram representadas de maneira contorcida.
Laocoonte e seus filhos. Séculoum antes de Cristo Escultura em mármore, 2,08 por 1,63 por 1,12 métros. Museus do Vaticano, Cidade do Vaticano. Laocoonte é um personagem mítico que foi castigado pelos deuses por ter arremessado uma lança contra o cavalo de Troia.

Ler a escultura

Que sentimentos Laocoonte e seus filhos expressam nessa escultura? Observe o rosto e o corpo de cada um com atenção antes de responder à pergunta.

Ícone. Ilustração de três pessoas e dois balões de fala indicando a seção Em debate.

Em debate

Multiculturalismo

O caldeirão cultural mediterrânico

Quando o cristianismo começou a se formar, no século um, recebeu forte influência dos hebreus, seguidores do judaísmo.

Contudo, as culturas dos povos que viviam próximos ao mar Mediterrâneo eram interligadas e desenvolveram-se, em parte, de modo mútuo. Assim, em um mesmo ambiente cultural floresceram as culturas grega, suméria, egípcia, hebraica etcétera, com certas características em comum, como alguns aspectos de suas crenças. Esse ambiente cultural mediterrânico permaneceu por muito tempo, mesmo com as sucessões de impérios e dominações, atravessando também o período helenístico.

Assim, o cristianismo se formou não de fórma isolada, mas nesse contexto de intenso intercâmbio, incorporando características de povos com que os judeus conviviam.

Constata-se reticências que a comunidade judaica, principalmente aquela localizada em Jerusalém, já estava plenamente mergulhada no processo de helenização, e a cidade santa era uma das mais helenizadas no Mediterrâneo oriental. Havia pouquíssimas áreas e povos, ao longo do terceiro e segundo séculos, imunes ao processo de helenização. Este, porém, não era o caso das populações citadinas da Judeia. reticências Alexandre não introduziu a cultura grega na Palestina; ele a encontrou lá reticências. Por outro lado, o fato de um autor bíblico escrever em hebraico ou aramaico não é garantia de que ele esteja mais imune ao helenismo do que aquele que optou por escrever em grego. reticências Muito mais do que sugerir uma adesão ao helenismo reticências, tal fato deixa transparecer dois fortes indícios:

1º um intenso processo de interação cultural – sob o ponto de vista das ideias e dos conceitos presentes no helenismo – envolvendo muitos judeus situados não apenas na Palestina, como, também em toda a bacia mediterrânea;

2º a própria incapacidade de muitos judeus de lerem os textos sagrados em hebraico, por já não conhecerem mais esta língua.

quevitarése, André Leonardo; CORNELLI, Gabriele. Judaísmo, cristianismo e helenismo: ensaios acerca das interações culturais no Mediterrâneo Antigo. São Paulo: Annablume: fapésp, 2007. página 37-38.

  1. Que característica mencionada no texto citado evidencia o intercâmbio cultural entre os gregos e os demais povos mediterrânicos?
  2. De que fórmas essa característica cultural poderia ter alcançado toda a região do Mediterrâneo?
Fotografia. Vista geral de local aberto, a partir do alto. No alto, céu azul e nuvens brancas. No centro, uma praia de areia branca e, ao redor da praia, residências baixas com telhado de cor marrom e, mais ao fundo, morros com vegetação. Na parte inferior, a água do mar, de cor azul. À esquerda, sobre as águas, um píer corta a imagem em uma linha diagonal. À direita, na costa, formando um "U", um atracadouro, com algumas embarcações pequenas de cor branca.
Ilha de lefikáda, na Grécia, banhada pelo mar Mediterrâneo. Fotografia de 2021.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. No caderno, construa um quadro comparativo com duas colunas, uma para Esparta e a outra para Atenas, e complete-o com as frases a seguir.

a) A educação estava voltada para a guerra. Aos 7 anos de idade, os meninos deixavam as famílias para viver em quartéis, onde eram treinados para combater no exército.

b) A sociedade estava dividida em cidadãos, metecos e escravos. Somente no início do século seisantes de Cristo, por pressões sociais, a escravidão por dívidas foi abolida na cidade.

c) A elite da pólis era representadapêla aristocracia guerreira, que descendia dos antigos fundadores da cidade.

d) Criou um regime político chamado democracia, no qual as decisões eram tomadas pelo conjunto dos cidadãos da cidade. Era o centro artístico e cultural do mundo grego.

2. Com um colega, leiam a charge e respondam às questões.

Quadrinhos. História em seis quadros. Um homem de cabelos curtos, castanho e barba longa castanha, vestido com uma túnica vermelha com saiote amarelo, e tamancos. Ele está sobre um palanque com uma coluna grega de cor azul-claro, à esquerda. Diante do palanque em um patamar mais baixo, uma multidão composta de uma criança, mulheres e homens, todos em tons de amarelo. PRIMEIRO QUADRO. O homem de cabelos castanhos discursa com o braço esquerdo elevado para frente e olhos fechados e o seguinte balão de fala: 'TODOS TÊM DIREITO AO VOTO!'. À frente dele, a multidão com um balão de fala. OBA!! BRAVO!! SEGUNDO QUADRO. O homem continua discursando, com os olhos abertos,o  cenho franzido, cuspindo, e com o dedo indicador para frente, com o balão de fala 'MENOS AS MULHERES OBVIAMENTE!'. A multidão à frente diminui um pouco, com os balões de fala 'OBA!' e 'BRAVO!'. TERCEIRO QUADRO. O homem discursa ainda com os olhos fechados e o braço erguido para frente, com o balão de fala: 'CLARO QUE MENOS OS POBRES TAMBÉM'. A multidão diminui mais, ainda com os balões de fala 'OBA!' e 'BRAVO!'. QUARTO QUADRO. O homem continua discursando, com o braço estendido para frente o balão de fala: 'MENOS OS ESCRAVOS, TÁ CERTO?'. À frente, a multidão ainda menor com os balões de fala 'OBA!' e 'BRAVO!'. QUINTO QUADRO. O homem discursa com os olhos abertos, cuspindo, com a mão para frente e o balão de fala: 'E MENOS OS MENORES DE 18 ANOS, CLARO!' Quatro pessoas à frente dele, om os balões de fala 'OBA!' e 'BRAVO!'. SEXTO QUADRO, o homem com os olhos fechados e as duas mãos para frente, com o balão de fala: 'FORA ESSES DETALHES, TODOS PODEM VOTAR!' À frente dele, apenas um homem, com o balão de fala: 'BRAVO!'.
GILMAR. Todos têm direito ao voto, 2010.

a) A charge exprime uma visão positiva ou negativa da democracia ateniense? Justifiquem.

b) Recriem essa charge adaptando-a para outro contexto: uma reunião da Ápela, a assembleia que votava as leis propostaspêla Gerúsia, em Esparta. Não se esqueçam de garantir a ironia.

3. Na Grécia Antiga, a democracia era direta. Isso significava que os próprios cidadãos decidiam diretamente sôbre os assuntos públicos da cidade, nas assembleias, sem eleger pessoas para representá-los no govêrno. É importante lembrar que, hoje, elegemos pessoas (vereadores, deputados etcétera) para nos representar no govêrno e no Poder Legislativo.

• Você acha que a democracia direta, como na Grécia Antiga, funcionaria em uma grande cidade brasileira dos dias de hoje, com milhares – ou até mesmo milhões – de habitantes? Considere as vantagens e as desvantagens que esse sistema acarretaria.

CAPÍTULO 12  RELIGIÃO E ARTE NA GRÉCIA ANTIGA

As póleis gregas, como Esparta, Atenas, Tebas, Mileto, Corinto, Delfos e Olímpia, possuíam fórmas de govêrno, leis e costumes muito diversos, e algumas vezes essas cidades até guerreavam entre si. Contudo, dois elementos principais eram compartilhados por todas elas: seus habitantes falavam o mesmo idioma (o grego) e cultuavam deuses em comum, embora cada cidade tivesse também os próprios deuses protetores.

Assim como outros povos da Antiguidade, os gregos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. As características dos deuses eram semelhantes às dos humanos: viviam e se comportavam como eles, com qualidades e defeitos, alegrias e sofrimentos. A diferença é que não envelheciam, não adoeciam e eram imortais, além de muito poderosos.

Cada um dos deuses gregos estava associado a um aspecto da natureza ou da vida humana. Zeus comandava os céus; Poseidon reinava sôbre os mares; Hades, sôbre o mundo dos mortos. Desses três irmãos, descendiam várias outras divindades gregas: Afrodite, deusa da beleza e da fertilidade; Atena, deusa da sabedoria; Apolo, deus das artes; Dionísio, deus do vinho; entre outros. Os deuses gregos se relacionavam com os humanos e com eles podiam gerar filhos. Da união entre um deus e um mortal, nasciam os heróis, semideuses capazes de feitos impossíveis para os humanos, mas que eram mortais como eles.

Fotografia. Visão frontal de um vaso oval, com base pequena e redonda, duas alças pequenas e simétricas na parte superior, com uma abertura superior também de formato arredondado e a parte central mais larga, com algumas figuras humanas pintadas sobre ela. O vaso é feito de cerâmica marrom clara com detalhes pintados em marrom escuro. Na base e na faixa superior, há grafismos formando frisos. Na faixa central, no centro, à esquerda, há a figura de um homem, pintada em preto. Ele tem uma espada na mão e está de frente para uma criatura com corpo de homem e cabeça de touro, golpeando-o. A figura com cabeça de touro está agachada, e leva uma das mãos ao ventre. Cada um deles tem um figura feminina ao seu lado, com braços, rostos e pés pintados de branco, os cabelos longos e pretos amarrados com uma fita vermelha sobre a testa. Elas vestem túnicas longas, vermelhas com detalhes pretos. Atrás delas, duas outras figuras masculinas pintadas em preto.
Vaso ateniense. cêrca de 550 antes de Cristo Terracota, 18,7 por 14,5 centímetros. Museu Jêi Pol Guéti, Califórnia, Estados Unidos. Neste vaso, as figuras decorativas representam a luta entre o herói Teseu e o Minotauro, criatura com cabeça de touro e corpo humano.

Os oráculos

Para aconselhar-se com os deuses, os gregos consultavam os oráculos, sacerdotes que tinham o poder de se comunicar com as divindades. A palavra "oráculo" indica, também, o templo onde essas consultas eram realizadas. O mais famoso oráculo da Grécia ficava na cidade de Delfos e era constantemente consultado pelos gregos antes de iniciarem uma guerra, de fazerem uma viagem ou mesmo de tomarem decisões na vida pessoal.

Rituais e festividades religiosas

Os habitantes da Grécia Antiga realizavam festividades em homenagem aos seus deuses ou para marcar momentos importantes da sua vida. Alguns cultos eram privados, como os realizados diante de altares domésticos, nos quais eram feitas oferendas e libações (derramamento de líquidos). Outros eram públicos, como as procissões. Uma das mais famosas era a realizada a cada quatro anos em Atenas, em homenagem à deusa que dava nome à cidade.

Mulheres e religião

As mulheres gregas atuavam na vida religiosa como sacerdotisas, e participavam de cêrca de 40 cultos públicos. Um dos mais importantes era a Tesmofória, ritual exclusivamente feminino em homenagem a Deméter, deusa da fertilidade.

Jogos Olímpicos

Certos rituais eram tão longos e animados que se transformavam em verdadeiras festividades, como era o caso dos Jogos Olímpicos. Realizados a cada quatro anos na cidade de Olímpia, em homenagem a Zeus, os Jogos Olímpicos duravam vários dias e reuniam atletas de todas as cidades gregas. Ao longo da competição, eram disputadas provas de corrida, salto, arremesso de disco, luta, arremesso de dardo, entre outras. Ao final das provas, os vencedores recebiam coroas de louro.

Os jogos eram tão importantes que até mesmo as guerras eram suspensas para que os gregos pudessem competir ou assistir às competições. A ideia de fazer das competições esportivas um estímulo à convivência pacífica entre os povos inspirou a criação dos Jogos Olímpicos modernos.

Fotografia. Vista lateral de uma jovem esqueitista sobre um skate de prancha rosa, fazendo uma manobra sobre um corrimão inclinado de cor marrom.  Ela tem os cabelos longos, cachados e castanhos, e usa capacete e tênis brancos, uma camisa polo azul escura com a bandeira do Brasil do lado direito do peito, calças de cor bege com bolsos laterais e cinto de lona preto. Ela é vista com o corpo de lado, os dois pés sobre a prancha do skate, os braços esticados ao lado do corpo, um para cada lado. Ao fundo, arquibancadas azuis e vazias, co faixas nas cores lilás e rosa. Nessas faixas, em branco, os cinco círculos que simbolizam os jogos olímpicos e o texto, originalmente em inglês: 'Tóquio. 2020'.
Os Jogos Olímpicos modernos foram criados em 1894 como fórma de celebrar a paz entre as nações. Em razão da pandemia da côvid dezenóve, iniciada em 2020, os Jogos Olímpicos previstos para aquele ano ocorreram somente em 2021. Na fotografia, a brasileira raíssa Leal, vice-campeã olímpica de skate feminino nos jogos de 2021, que ocorreram em Tóquio, no Japão.
Ícone. Sugestão de site.

OLIVEIRA, Rebeca. A história das Olimpíadas. Folha de S. Paulo. Disponível em: https://oeds.link/hQWM1N. Acesso em: 15 fevereiro 2022. O web stories traz a história das Olimpíadas, com destaque para fatos importantes na competição ao longo do tempo.

Ícone. Sugestão de livro.

ros stuart. Grécia Antiga. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2019. O livro apresenta, em quadrinhos, a trajetória de Cinésias, um atleta de Atenas que pretende disputar os Jogos Olímpicos de 416 antes de Cristo, e expõe informações sôbre a produção cultural, o cotidiano, as relações sociais e a política na Grécia Antiga.

Os mitos

No Capítulo 2, estudamos que os mitos são narrativas que passam de geração em geração por meio de transmissão oral. De autoria desconhecida, fazem parte do imaginário de uma sociedade.

Os mitos também faziam parte do cotidiano da Grécia Antiga. Eles eram contados ao público por poetas, chamados aedos.

Os mitos gregos procuravam explicar a origem do Universo, da natureza e dos deuses. Explicavam também a condição humana, os sentimentos, a conduta das pessoas e o caráter inevitável da morte. Por tratarem de questões universais como o amor, a inveja, o mêdo ou a morte, até hoje essas histórias nos fascinam e nos emocionam.

As histórias contadas pelos mitos centravam-se nas aventuras de deuses e heróis; estes últimos, mesmo sendo mortais, tinham grandes poderes. Era o caso de Héracles, mais conhecido pelo nome latino de Hércules. Após matar seus filhos e sua esposa em um acesso de loucura, o famoso herói foi condenado pelos deuses a realizar doze tarefas extremamente difíceis. A pintura a seguir refere-se a uma delas. Nela, Hércules foi representado pronto para liquidar, com suas flechas envenenadas, as gigantescas e monstruosas aves que bloqueavam a luz do Sol e devoravam todos os frutos e as colheitas.

Pintura. À direita, em primeiro plano, sobre um terreno elevado, com pedrinhas e grama nas laterais, um homem em pé, vestido com um pano bege ao redor do quadril, apoiado sobre uma das pernas, segurando um arco vermelho e apontando uma flecha, em posição de ataque, para a esquerda. Ele é visto de costas. Tem cabelos loiros, cacheados,  longos e esvoaçantes. Está descalço e carrega um feixe de flechas nas costas, pendurado por uma alça fina azul sobre o ombro esquerdo. Entre as pernas dele, no solo, há uma espécie de tacape de madeira marrom. Sobre uma das pernas dele, a pele de um animal morto, de pelo castanho. Sobre a outra perna, leva um escudo amarelo com adornos pretos e vermelhos. À esquerda, à frente do homem, duas figuras com cabeça e torso humanos, cabelos castanhos em madeixas levantadas para o alto e expressão assustada. Elas têm asas vermelhas e pontudas, garras e a parte inferior do corpo similares as de um dragão. Em segundo plano, ao fundo, à esquerda, uma praia de águas azuis, com construções de cores claras e uma ponte com arcos. À direita, um local arborizado com muitos tons de verde. Na parte superior, o céu em azul com nuvens brancas.
durrár, . Hércules caçando os pássaros estínfalos. 1600. Óleo sôbre tela, 90 por 113centímetros. Museu de História da Arte, Viena, Áustria.

Quem eram os aedos?

Muitos séculos antes de se adaptar a escrita fenícia à língua grega e de se criar assim esse prodigioso instrumento de comunicação que é o alfabeto, os aedos gregos já compunham e sabiam de cór muitas e longas canções. Aedo em grego antigo significa “cantor”; os aedos eram os poetas que, antes da invenção do alfabeto, praticavam o culto da deusa Memória e das musas e recebiam dessas divindades o dom de compor canções ao som da lira.

TORRANO, Jaa. A teogonia de Hesíodo. Cult. Disponível em: https://oeds.link/QKoe86. Acesso em: 15fevereiro 2022.

Ícone. Sugestão de livro.

róufiorni nafâniél. Mitos gregos para jovens leitores. São Paulo: Principis, 2020. O livro apresenta diversos mitos da Grécia Antiga, recontados com criatividade.

Teatro, escultura e arquitetura

O teatro, da fórma como conhecemos hoje, é uma invenção grega. Inicialmente era um ritual religioso organizado por populações rurais gregas, no qual um coro de Sátirosglossário cantava em honra a Dionísio, deus do vinho.

No século seisantes de Cristo, esses rituais foram levados para Atenas, passando a ocorrer em festivais de coros que disputavam competições, as chamadas Grandes Dionisíacas. A representação de falas e de atos de personagens por meio de gestos e expressões faciais foi introduzida no teatro pelos atenienses.

A tragédia e a comédia

O principal gênero dos espetáculos teatrais gregos era a tragédia. As tragédias envolviam o sofrimento e os problemas que deveriam ser resolvidos racionalmente pelos cidadãos. Abordavam o conflito entre a vontade humana (representada pelos heróis) e a vontade divina (representada pelos deuses). Os dramaturgos mais importantes foram Eurípedes (autor de medéia e As Bacantes), Ésquilo (autor de Prometeu acorrentado) e Sófocles (autor de Antígona, Édipo rei e Electra).

A comédia surgiu depois da tragédia. Ela provocava o riso, ridicularizando os vícios da população, dos governantes, dos artistas e até mesmo dos deuses. O grande autor de comédias do século cincoantes de Cristo foi Aristófanes (autor de Assembleia de mulheres).

Quando iam ao teatro, os gregos viam os próprios conflitos representados no palco. Identificando-se com os personagens, rindo ou sofrendo com eles, o público refletia sôbre as próprias atitudes no dia a dia. Por isso, o teatro era considerado parte da educação dos gregos.

Quem ia ao teatro?

Com exceção dos escravos, todas as pessoas podiam assistir aos espetáculos de teatro, mas apenas algumas podiam encená-los. As mulheres, por exemplo, não atuavam nas peças. Os homens, ao representar papéis femininos, usavam máscaras.

Fotografia. Vista aérea de um teatro de arena feito de pedras cor de areia. No centro, o palco arredondado e, em torno dele, uma arquibancada circular, íngreme em formato de u, com dezenas de degraus. Mais ao fundo, atrás do palco, ruínas de uma construção em pedra com dois pavimentos, de cor bege, com dois andares de arcos. Em segundo plano, uma cidade e árvores de folhas verdes.
Teatro de Dionísio, em Atenas, Grécia, construído no séculocincoantes de CristoFotografia de 2019.
O realismo das esculturas

A escultura é, sem dúvida, a mais conhecida e estudada manifestação artística grega. As primeiras esculturas começaram a ser produzidas em grande quantidade com o surgimento das póleis. Eram feitas de pedra, e suas fórmas rígidas se pareciam com as das antigas esculturas egípcias. O tema mais importante representado nas esculturas era o corpo humano, principalmente o masculino.

Com o passar do tempo, os artistas gregos começaram a representar as fórmas humanas da maneira mais realista possível. Passaram a usar o bronze e o mármore, materiais que permitiam criar superfícies mais lisas e com grande riqueza de detalhes. As estátuas passaram a dar a impressão de movimento, e as curvas tornaram-se mais suaves. A intenção era criar obras que tivessem as mesmas proporções do corpo humano.

Fotografia. Uma estátua de metal marrom representando um homem em pé, nu, de curtos e barba longa, voltado para a direita. O braço esquerdo está estendido na altura do ombro, com a mão voltada para baixo; o braço direito está erguido, a mão voltada para cima, em posição de lançamento de um objeto.
Estátua grega representando possivelmente possêidon ou Zeus. Séculocincoantes de Cristo Escultura em bronze. Altura: 2,09 métros. Museu Arqueológico Nacional, Atenas, Grécia.
Arquitetura: a dimensão humana dos deuses

Os templos da Grécia Antiga, dos quais restaram muitos vestígios, abrigavam a estátua de um deus e serviam como moradia terrena para a divindade. Os templos não eram locais de culto, pois as orações e os sacrifícios eram feitos nos altares, que normalmente ficavam do lado de fóra do edifício. Por isso, essas construções eram concebidas para serem vistas do exterior, provocando grande impacto por sua beleza e pelo equilíbrio de suas fórmas.

Segundo o historiador da arte érnést gombrit, uma das principais características dos templos gregos eram suas dimensões humanas. Embora fossem imponentes, eles não faziam os homens se sentirem minúsculos ao seu lado.

Sente-se que foram edificados por seres humanos, e para seres humanos. De fato, não existia um governante divino imperando sôbre os gregos que pudesse forçar – ou tivesse forçado – todo um povo a trabalhar como escravo para ele.

. A história da arte. décima sétima edição Rio de Janeiro: éle tê cê, 1999. página 77.

Fotografia. Sob um céu claro, azul, com poucas nuvens brancas, sobre uma plataforma baixa, uma construção retangular, de cor bege, sustentada por colunas. A construção está em ruínas, sem teto. Algumas colunas ao fundo estão corroídas. O solo, claro, está repleto de pedras e areia. Há pessoas visitando o local.
Ruínas do Partenon, em Atenas, na Grécia. Fotografia de 2021. O partenôn, erguido em homenagem à deusa Atena, foi construído no séculocincoantes de Cristo Como ocorria nos demais templos gregos, somente os sacerdotes tinham acesso ao interior da construção.
Ícone. Ilustração de um círculo de quatro cores, montado como um quebra-cabeça, sobre uma mão, indicando a seção Integrar conhecimentos.

Integrar conhecimentos

História e Arte

Multiculturalismo

A pintura nos vasos gregos

Os vasos gregos são importantes fontes de pesquisa para os historiadores. Muitos valores, costumes domésticos e crenças dos antigos gregos são conhecidos hoje graças aos estudos sôbre o uso desses objetos.

A cena mostrada na pintura que decora o vaso a seguir representa um episódio da odisséia, poema que conta a história da volta do herói Ulisses para sua terra natal após participar de uma guerra. Por muitos anos, essa obra foi atribuída a Homero, que teria vivido na Grécia por volta do ano 800 antes de Cristo Hoje, contudo, os pesquisadores tendem a defender que a odisséia resulta de uma longa tradição de poesias cantadas e transmitidas oralmente ao longo das gerações.

Fotografia, Vaso de cor preta, de formato oval, com duas alças pequenas e simétricas, de base e topo estreitos, arredondados. Na faixa central do vaso, uma pintura de cor bege. A pintura é rodeada por uma moldura quadrada. A moldura está destacada por uma seta com o texto: 'O estilo de pintura mostrado nesse vaso é conhecido como figura vermelha: o fundo era pintado de preto e as figuras conservavam a cor natural da argila'. No centro da pintura, uma embarcação à vela em alto mar. No casco da embarcação, na popa, à esquerda, o desenho de um olho. A embarcação tem apenas um mastro de velas. As velas, presas por um feixe de cordas, estão recolhidas no alto do mastro. Há um homem de cabelo curto e preto e barba longa preta, de peito nu, em pé, amarrado ao mastro pelos punhos. Ao lado dele, uma seta com o texto: 'Ulisses está amarrado ao mastro do navio, livre de tampões no ouvido, para ouvir o canto das sereias sem sucumbir à sedução. Ele ordenara aos marinheiros que não o soltassem mesmo que implorasse'. Há marinheiros sentados e remando, usando remos que passam por buracos redondos no costado da embarcação. O marinheiro no centro está destacado com uma seta com o texto: 'Os marinheiros usavam tampões de cera nos ouvidos para não escutar o canto traiçoeiro das sereias'. Na proa do barco, que tem uma carranca em forma de ave, há um homem sentado, voltado para a esquerda, com um dos braços estendido à frente de seu corpo segurando uma espécie de leme. Há uma figura com cabeça humana e corpo de ave, de ponta-cabeça, que mergulha em direção aos marinheiros. Essa  figura está destacada por uma seta com o texto: 'No imaginário mítico grego, as sereias eram monstros alados que cantavam melodias encantadoras para atrair e devorar todos que se aproximavam'. À esquerda e à direita, sobre rochedos nas laterais da pintura, há duas figuras com corpo de ave e cabeça humana pousadas, cada uma em um canto da cena. Abaixo da linha do mar, um friso inferior decorado com grafismos geométricos.
Ulisses e as sereias. cêrca de 480 antes de Cristo-470 antes de Cristo istáminos (vaso de cerâmica) com figuras vermelhas, 18,7por 14,5centímetros. Museu Britânico, Londres, Inglaterra.
  1. Identifique em seu caderno elementos da imagem que revelam o protagonismoglossário de Ulisses e o antagonismoglossário da sereia.
  2. Sabemos que Ulisses é o herói da odisséia. Aponte os elementos da pintura que evidenciam o heroísmo do personagem.

O pensamento filosófico e as ciências

Ao fundar colônias em todo o Mediterrâneo e estabelecer relações comerciais com regiões distantes, os antigos gregos tomaram contato com povos e culturas muito diferentes da sua. Assim, conheceram as diversas maneiras de cada povo ver, compreender e explicar o mundo, e passaram a questionar a validade das próprias explicações.

Com esses questionamentos, e possivelmente inspirados no que tinham aprendido com outros povos, os gregos buscaram respostas às questões sôbre o mundo e a vida na observação da realidade, e não apenas nas explicações míticas.

Essa vontade de conhecer o mundo por meio da razão humana fez surgir importantes filósofos. Em grego, filosofia quer dizer amor (fílos) à sabedoria (sofía).

O surgimento da filosofia entre os gregos não significa que eles tenham abandonado seus mitos e deuses. Filosofia e religião conviveram por muito tempo na Grécia Antiga.

História em quadrinhos. História em dez quadros, dispostos em duas tiras de quadro quadros pequenos, e dois quadros maiores. Um  no início, outro no final da história.
Calvin, menino de cabelo loiro e espetado para cima, veste uma camiseta vermelha com listras pretas, calça preta e calçado marrom claro. E Haroldo, um tigre de cor laranja com listras pretas, com barriga e rosto em branco. Haroldo caminha como um bípede.

Primeiro quadro. Dentro de um retângulo com moldura grossa de cor preta, na vertical. Em branco e preto, um pássaro , com bico e patas pequenas.

Segundo quadro. Sobre um fundo branco, à esquerda, Calvin e Haroldo, com os corpos inclinados para frente, observam um pássaro cinza caído sobre o solo. Calvin, apontando para o pássaro, com um balão de fala: ‘OLHA! UM PÁSSARO MORTO!’ Haroldo com a mão direita sobre a boca, com um balão de fala: ‘DEVE TER SE CHOCADO CONTRA A JANELA’.

Terceiro quadro. Sobre um fundo branco, Calvin e de Haroldo, vistos de perto, curvados. Ambos olhando fixamente para baixo. Calvin com um balão de fala: ‘NÃO É BONITO? É TÃO DELICADO!’

Quarto quadro. Sobre um fundo branco, Calvin está em pé à esquerda e Haroldo ao lado dele, à direita. Ambos, com o corpo ereto, olham para direita. Calvin com um balão de fala: ‘SEMPRE SE DÁ CONTA DEMASIADO TARDE QUE A VIDA É UM MILAGRE’. 

Quinto quadro. Sobre um fundo branco, Calvin, visto da cintura para cima. Ele está com os braços abertos e olhando para frente, com um balão de fala: ‘COMPREENDE-SE QUE A NATUREZA É CRUEL E QUE NOSSA EXISTÊNCIA É MUITO FRÁGIL, CURTA E VALIOSA’.

Sexto quadro. Sobre um fundo branco, Calvin está à esquerda e Haroldo ao lado dele. São vistos da cintura para cima. Calvin, com a cabeça reclinada e com um balão de fala: ‘MAS, OCUPADOS COM SEUS ASSUNTOS PESSOAIS, NUNCA SE PENSA NISSO’. 

Sétimo quadro. Sobre um fundo branco, Calvin é visto da cintura para cima e de frente  com um balão de fala: ‘PROVAVELMENTE POR ISSO, AS PESSOAS DÃO TUDO POR FEITO E SE COMPORTAM LOUCAMENTE’.

Oitavo quadro. Sobre um fundo branco, Calvin e Haroldo caminham juntos para à direita. Calvin  com um balão de fala: É MUITO CONFUSO.

Nono quadro. Calvin e Haroldo, lado a lado, caminham para à esquerda. Calvin com um balão de fala: ‘EU SUPONHO QUE, QUANDO CRESCER, ENCONTRAREI SENTIDO.’ Haroldo  com um balão de fala: ‘SEM DÚVIDA’.

Décimo quadro. Na base dos quadrinhos anteriores, sem bordas. Sobre um fundo branco, Calvin e Haroldo estão recostados no tronco marrom de uma árvore, cujas folhas desenhadas em preto e branco só se pode ver parcialmente. Haroldo está deitado e tem as mãos sobre a barriga, os dedos entrelaçados. Calvin está sentado. Há três passarinhos amarelos sobrevoando a cena.

uáresân bíu. Existem tesouros em todo lugar. São Paulo: cônrad, 2013. página 16.

Ler a tirinha

• Qual é a questão filosófica sugerida por Calvin nesta tirinha? Pensando na vida ou na existência humana, formule outra questão filosófica e a apresente a um colega.

Os principais filósofos gregos

Foi na cidade de Atenas, nos séculos cincoantes de Cristoe quatroantes de Cristo, que Sócrates, Platão e Aristóteles, os três principais filósofos gregos, elaboraram ideias que até hoje estão presentes no pensamento ocidental.

Sócrates (470 antes de Cristo-399 antes de Cristo) afirmava que o ser humano só poderia compreender o mundo se admitisse que nada sabia. Para estimular o autoconhecimento, Sócrates saía às ruas e praças de Atenas questionando os que acreditavam conhecer a verdade com diversas perguntas (O que é a justiça? O que é o belo? O que é o amor?). Ao ouvir as respostas que esses sábios davam, Sócrates concluiu que eles não tinham o conhecimento que afirmavam ter. Acusado de não acreditar nos deuses e de desvirtuar os jovens de Atenas, Sócrates foi condenado à morte por envenenamento com cicuta.

Sócrates não deixou nada escrito, e tudo o que sabemos sôbre ele chegou até nós por meio de seus discípulos, especialmente Platão (427 antes de Cristo-347 antes de Cristo). Além de difundir o pensamento de Sócrates, Platão formulou ideias próprias. Para ele, os sentidos (visão, audição etcétera) captam apenas a aparência das coisas, aquilo que pode ser visto, ouvido ou tocado. Mas a essência das coisas, aquilo que elas verdadeiramente são, só pode ser alcançada pelo conhecimento verdadeiro, pêla evolução da alma.

Outro importante filósofo foi Aristóteles (384 antes de Cristo-322 antes de Cristo), discípulo de Platão. Ele afirmava que, para conhecer a realidade, era preciso formular um pensamento correto, que chegasse a conclusões coerentes. Com isso, Aristóteles desenvolveu a lógica, área da filosofia que trata das leis gerais do pensamento.

A filosofia aristotélica tornou-se famosa pelos estudos de botânica, física, literatura e política. As obras de Aristóteles influenciaram os pensamentos cristão e árabe, e suas teorias sôbre a política e a literatura ainda hoje são muito discutidas.

Pintura. Diante de uma parede cinza feita de tijolos. À esquerda, um longo corredor em forma de arco, onde há um homem vestido de azul e túnica marrom, com as mãos para cima, recostado sobre a parede, negando-se a observar a cena central. No final do corredor, onde há uma estreita abertura retangular e gradeada, outras pessoas, sobem uma escada. No centro, sobre uma cama com lençóis amarelados, um homem de cabelos brancos e curtos e barba longa, sentado, vestido com uma túnica longa e branca sobre as pernas e sobre um dos braços, ergue o braço direito e tem o dedo indicador para o alto e o torso nu. Ele está voltado para frente, com o olhar a 45 graus, para a direita. A mão direita dele está acima de um recipiente redondo e marrom, que lhe é entregue por um homem vestido com túnica vermelha até os joelhos, visto de costas, com a mão esquerda sobre os olhos, e com a cabeça baixa. Atrás desta cena, há uma lamparina sobre um pedestal alto e preto. No pé da cama, sentado e nela recostado, com uma túnica branca, há um homem quase calvo, com parcos cabelos brancos e farta barba branca, cabisbaixo. No canto direito da pintura, um grupo de pessoas observa a cena. Um homem está sentado sobre uma plataforma cinza, Ele tem cabelos e barba escuros e encaracolados, pousa a mão direita sobre a perna da figura central. Atrás dele, uma outra figura, vestida com túnica azul, esconde o rosto com as duas mãos, cabisbaixa. Atrás dele, há outras duas figuras das quais só se vê o rosto e que estão igualmente cabisbaixos e sérios. Ao fundo, uma outra figura humana, de costas para a cena, olha para o alto e leva a mão esquerda sobre a testa.
Deivid, Jác luí. A morte de Sócrates. 1787. Óleo sôbre tela, 129,5 por 196centímetros. Museu Metropolitano de Arte, Nova York, Estados Unidos.
Ciência e Tecnologia
História e medicina

O desenvolvimento do pensamento racional, a partir do século seisantes de Cristo, também influenciou o modo como os gregos narravam os acontecimentos que envolviam as póleis gregas. A tentativa de construir uma narrativa dos fatos sem recorrer a deuses, heróis e mitos marcou o nascimento da história (palavra grega que significa pesquisa, investigação).

A primeira obra historiográfica de que se tem notícia é de autoria de Heródoto (484antes de Cristo-425antes de Cristo), natural da cidade grega de Halicarnasso. Sua obra História narra os acontecimentos das guerras entre gregos e persas, que terminaram cinco anos antes de seu nascimento. Ou seja, o livro apresenta fatos que ele não testemunhou, mas investigou, procurando reconstituí-los.

A primeira frase de Heródoto em seu livro História já anuncia o caráter racional de sua fórma de pensar e descrever os acontecimentos:

Os resultados das investigações reticências são apresentados aqui, para que a memória dos acontecimentos não se apague entre os homens com o passar do tempo, e para que feitos maravilhosos e admiráveis dos helenos e dos bárbaros não deixem de ser lembrados, inclusive as razões pelas quais eles se guerrearam.

HERÓDOTO. História. Brasília, Distrito Federal: editora ú êne bê, 1985. página 19.

Outro campo científico desenvolvido pelos gregos antigos foi o conhecimento sôbre o corpo humano e as doenças, que mais tarde daria origem à medicina. Um dos pensadores que mais se destacaram nessa área foi Hipócrates (460 antes de Cristo-380 antes de Cristo). Ele afirmava que as causas das diversas doenças eram naturais, e não sagradas ou mágicas.

Os estudos de Hipócrates

Hipócrates foi o primeiro a descrever, por exemplo, a epilepsia (doença até então considerada sobrenatural) como resultado de um mau funcionamento do cérebro humano. Ele estabeleceu um critério médico quase inteiramente racional e baseado na observação dos sintomas, que indicariam o diagnóstico e o tratamento adequados. Além disso, nas obras de Hipócrates há descrições clínicas de doenças como a malária, a pneumonia e a tuberculose, bem como descrições sôbre anatomia, instrumentos de dissecação e procedimentos corretos para a prática.

Desenho. Sobre um fundo dourado, um homem calvo, de barba grisalha, capa vermelha sobre cabeça e ombros, e uma túnica azul com barra dourada, está sentado sobre uma poltrona de cor marrom e tem os pés sobre uma pequena plataforma marrom. Ele segura na mão direita uma haste fina usada para escrever e, na mão direita, um livro aberto de folhas brancas com letras inscritas. No alto, um tecido em verde esticado na horizontal, com as pontas pendentes, emoldurando a figura humana.
FONOLLOSA. Hipócrates. Século vinte. Desenho.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

  1. Identifique as afirmativas incorretas e corrija-as em seu caderno.
    1. A religião pode ser considerada um elemento de unidade entre as póleis gregas porque, mesmo com independência política e econômica, elas tinham deuses em comum.
    2. Os deuses gregos eram vistos como seres superiores e perfeitos, completamente diferentes dos seres humanos.
    3. O teatro grego tinha exclusivamente a função de divertir as pessoas.
    4. A busca do conhecimento do mundo por meio da razão humana fez surgir entre os gregos importantes filósofos, e filosofia e religião conviveram por muito tempo na Grécia Antiga.
  2. O Discóbolo (ou O lançador de discos) é uma das obras de arte mais famosas da Antiguidade. Tudo indica que a escultura original tenha sido produzida em bronze no séculocincoantes de Cristo pelo grego Míron. Embora o original dessa escultura não exista mais, há várias cópias romanas em mármore, como a que você vê a seguir. Observe a imagem com atenção e responda às questões.
Fotografia. Estatueta em tons escuros de marrom representando um homem esguio que está com o torso retorcido e inclinado, com a mão esquerda sobre o joelho direito e a direita voltada para trás, com o braço esticado. Ele olha para cima, em direção à mão direita, que carrega um disco, erguido para o alto. O joelho esquerdo está flexionado; a ponta do pé esquerdo encosta no solo, enquanto o pé direito lhe dá sustentação. O corpo todo parece lhe dar impulso para girar em torno de si mesmo e lançar o disco para longe.
MÍRON. O Discóbolo (ou O lançador de discos). cêrca de450 antes de Cristo Estatueta em bronze. Altura: 21 centímetros. Gliptoteca de Munique, Alemanha.
  1. Qual é o nome da obra e onde a escultura original foi produzida?
  2. O que a figura humana representada está fazendo?

3. Leia, a seguir, as palavras do professor inglês istífen farfing sôbre os lançadores de disco e a obra de Míron e responda às questões.

Na Antiguidade, os lançadores de disco se exibiam nus, o que permitia que os artistas retratassem os músculos flexionados. Míron descreve o momento em que a figura irá lançar o disco com um realismo convincente, transmitindo uma sensação de firmeza e vigor e de delicado equilíbrio ao corpo.

fárting, istífen. Tudosôbre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. página55.

  1. Segundo o texto, a prova de lançamento de disco na Grécia Antiga permitia que os atletas fossem representados de fórma realista. Por que isso acontecia?
  2. Que características dessa escultura exprimem o realismo a que o texto se refere?
  3. Que características da obra trazem a ideia de equilíbrio e harmonia?

4. Leia o texto do historiador grego Heródoto e responda às questões.

Esta é a exposição da investigaçãoreticências para que nem os acontecimentos provocados pelos homens, com o tempo, sejam apagados, nem as obras grandes e admiráveis, trazidas à luz tanto pelos gregos quanto pelos bárbaros, se tornem sem fama: e, no mais, investigação também da causa pêla qual fizeram guerra uns contra os outros.

HERÓDOTO ápud hartog franssoá. A história de Homero a Santo Agostinho. Belo Horizonte: editora ú éfe ême gê, 2001. página 43.

  1. Qual era a função central da história para Heródoto?
  2. Consulte o Capítulo 1 deste livro e estabeleça uma semelhança e uma diferença entre a concepção atual de história e a de Heródoto.
Ícone. Ilustração do globo terrestre circundado por uma linha amarela, simulando a trajetória da Lua em torno do planeta, indicando a seção Ser no mundo.

Ser no mundo

O que é o belo?

Os gregos antigos elaboraram estudos sôbre o belo e buscavam, em suas obras de arte, proporção, equilíbrio e graça. Mas, quando se falava de beleza humana, a concepção de beleza ia além da aparência. Ela expressava um modo de vida. O grego considerado belo era aquele que praticava exercícios físicos, aprendia música, discutia sôbre política e tinha gosto pelo conhecimento e pêla arte.

Contudo, na sociedade em que vivemos, há uma grande valorização da beleza aparente, ditada por “padrões”. As pessoas podem ser consideradas feias ou belas de acôrdo com o tipo de corpo valorizado pêla sociedade.

O padrão estético de beleza atual, perseguido pêlasmulheres, é representado imageticamente pêlas modelos esquálidasglossário das passarelas e páginas de revistas segmentadas, por vezes longe de representar saúde, mas que sugerem satisfação e realização pessoal e, principalmente, aludem à eterna juventude. reticências O culto à magreza está diretamente associado à imagem de poder, beleza e mobilidade socialreticências.

bom, Camila Camacho. Um pêso, uma medida: o padrão de beleza feminina apresentado por três revistas brasileiras. São Paulo: Uniban, 2004. página 19-25.

  1. Responda em seu caderno: de acôrdo com o texto, qual seria o padrão atual de beleza veiculado pêla mídia?
  2. Segundo o texto, o padrão de beleza atual induz a uma vida saudável? Justifique.
Fotografia. Diante de um fundo de mármore de cor preta com veios brancos, uma escultura sobre uma plataforma cúbica de mármore de cor cinza com manchas em preto. A escultura é de cor branca e representa uma mulher de cabelos encaracolados e presos, com o torso nu e uma túnica sobre a cintura, que lhe cobre  as pernas e os pés. A perna esquerda está levemente flexionada, e o torso levemente inclinado. Os braços não foram conservados, e foram destruídos pela ação do tempo.
Vênus de Milo. Século dois antes de Cristo Escultura em mármore. Altura: 202 centímetros. A Vênus de Milo é uma das mais conhecidas estátuas gregas. Seus traços suaves e suas medidas proporcionais ainda constituem, para muitas pessoas, um modêlo de beleza.

Padrão de beleza e mídia

O padrão de beleza veiculado pêla mídia, contudo, está sendo discutido e questionado. Nos últimos anos, movimentos que defendem o respeito por todo e qualquer tipo de beleza, de corpo e de cultura se fortaleceram. A aceitação, o respeito e a autenticidade são valorizados e incentivados. Discussões sôbre o problema da gordofobia, por exemplo, são cada vez mais disseminadas, indicando que amplos setores da sociedade não se interessam mais em manter determinados padrões de beleza.

A indústria cosmética, por exemplo, tem mostrado mudanças em sua produção, levando em conta a chamada beleza inclusiva.

Nos últimos anos, a inclusão tem sido um dos focos importantes da indústria cosmética, que tem buscado desenvolver o seu leque de produtos, se inspirando no movimento da beleza multicultural. Isso significa, cada vez mais, encontrar facilmente no mercado produtos sem gênero, sem etnia, sem idade reticências. É a hora e a vez da beleza plural, uma beleza que desconstrói os clássicos padrões inatingíveis que vieram por anos e anos moldando a sociedade reticências.

BELEZA inclusiva. Talk Science, 16 dezembro2021. Disponível em: https://oeds.link/lpcX9z. Acesso em: 8 janeiro 2022.

Fotografia. Vista de uma passarela iluminada com vigas de metal com luminárias coloridas formando uma estrutura no alto. Há um grupo de mulheres em três filas. À frente, à esquerda, uma mulher loira de cabelos longos usa um vestido de cor cinza, com cinto e sapatos de cor bege, e tem a mão esquerda na cintura. À direita dela, uma mulher com longos cabelos castanhos, camiseta, saia, meias e tênis pretos, também tem a mão esquerda na cintura. Mais à direita, outra mulher de cabelos presos, castanhos, veste uma camiseta branca, uma camisa azul aberta por cima e uma calça cor de vinho. Atrás delas, há outras mulheres posando. À esquerda e à direita, vista parcial de pessoas assistindo ao desfile. Há muitas luzes cujo brilho (e sombras) são perceptíveis no piso da passarela. Ao fundo, vê-se parcialmente um telão para projeções.
Modelos em desfile de moda plus size, em Hamburgo, na Alemanha, em 2017.

É importante garantir espaços para discussões que questionam e colocam em xeque os padrões de beleza inatingíveis. Leia, a seguir, a opinião de uma jovem empresária e ativista.

“Quando a gente batalha por menos opressão de corpos e de padrões dissonantes, a gente não quer que todo mundo seja gordo ou seja magro. Queremos é que as pessoas tenham autonomia sôbre os seus corpos. Então, não podemos pensar em padrões e, sim, em respeito”, analisa [Flávia Durante, empresária e ativista que criou uma feira que reúne marcas de roupas plus size].

FAVALLE, Patrícia. Mulheres que inspiram: criadora da Pop Plus, Flávia Durante é pioneira na moda plus size brasileira. Harper´s Bazaar Brasil, 3 maio 2021. Disponível em: https://oeds.link/bQc3t5. Acesso em: 10 janeiro 2022.

3 . Em grupo, discutam a respeito das principais características do padrão de beleza imposto pêla sociedade atual, procurando responder: por que muitos se submetem a esses padrões? Como seria o mundo se as pessoas desconsiderassem os modelos estabelecidos? Por que é importante pensarmos em respeito e em aceitação, em vez de pensarmos em padrões? Depois de finalizada a discussão, preparem uma exposição de cartazes com frases criadas pelo grupo, destacando a importância de respeitar e valorizar o próprio corpo e o dos colegas.

Glossário

Ócio
Folga ou repouso; finalização do trabalho. Período em que se descansa.
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Pritania
Período de 35-36 dias.
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Tebas
Antiga cidade-Estado grega.
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Macedônio
Povo que vivia ao norte da Grécia.
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Heleno
Nome pelo qual os gregos antigos se chamavam. A palavra “grego” só foi criada mais tarde pelos romanos, que se referiam aos helenos como grecí.
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Sátiro
Divindade menor da mitologia grega com corpo metade homem, metade bode. No teatro, os sátiros se fantasiavam dessa fórma.
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Protagonista
Personagem principal de um livro, pintura, peça, filme ou novela.
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Antagonista
Aquele que se opõe a alguém ou a alguma coisa.
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Esquálida
Excessivamente magra.
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