UNIDADE seis ROMA ANTIGA
Você estudará nesta Unidade:
A formação e a expansão de Roma
A república romana
O apogeu do Império Romano
A crise do império
A origem do cristianismo
O Império Romano do Oriente
A cidade de Roma, na atual Itália, foi fundada no século oito antes de Cristo Foi a partir dessa cidade que a civilização romana se formou.
A história da Roma Antiga nos fascina até hoje. Da monarquia à república, e desta ao império que dominou grande parte da Europa Ocidental e das áreas ao redor de todo o mar Mediterrâneo, a civilização romana tem um passado marcado por opulência e poder.
Ao caminhar pêlas ruas da cidade de Roma, podemos ver marcas desse passado, tanto nas ruínas de antigas edificações como nos arcos do triunfo, nas colunas imponentes de pedra e nas construções monumentais, ainda parcialmente preservadas.
A herança da Roma Antiga vai muito além de sua riqueza arquitetônica. Você sabia que o idioma falado pelos romanos, o latim, deu origem a várias línguas modernas, como o português? Você saberia citar outros exemplos da importância da civilização romana para a sociedade atual?
CAPÍTULO 13 FORMAÇÃO E EXPANSÃO DE ROMA
Ao longo de sua história, Roma passou por transformações bastante profundas. De um pequeno povoado à capital de um vasto império; de principal centro de perseguição aos cristãos à séde da primeira igreja cristã criada no mundo; de uma cidade-Estado à capital do Estado italiano moderno.
Roma teria sido fundada no século oito , antes de Cristo no centro da península Itálica, às margens do rio Tibre. Vestígios encontrados no monte Palatino indicam que, àquela época, ali se formou uma comunidade composta de várias aldeias de latinos – um dos povos que começaram a entrar na península Itálica por volta de 2200 antes de Cristo (assim como os samnitas, os etruscos, os gregos e os cartagineses). Essa comunidade se beneficiava do acesso rápido às águas do Tibre e do mar Tirreno, além da proximidade das cordilheiras dos Alpes, que formavam uma barreira natural contra a entrada de invasores.
A monarquia (753 antes de Cristo-509 antes de Cristo)
No século sete antes de Cristo os etruscos se espalharam pêla Planície do Lácio e incorporaram Roma a seus domínios, tornando-a, então, o centro comercial e a cidade-Estado mais importante da região.
Nesse período, Roma foi governada por reis, que eram escolhidos pelo Senado, um conselho formado pelos chefes das famílias aristocráticas.
Camadas sociais
As famílias aristocráticas, que se consideravam descendentes dos fundadores de Roma, compunham a camada social dos patrícios, que eram muito ricos e possuíam gado e terras. Algumas famílias que tinham origem em Roma, mas não possuíam terras nem meios de subsistência, ligavam-se aos patrícios e estabeleciam com eles uma relação de dependência. Prestavam-lhes diversos serviços em troca de sua proteção e ajuda. Eram os clientes.
Além desses dois grupos, faziam parte da sociedade romana os plebeus e os escravos. Acredita-se que os plebeus tiveram origem em povos estrangeiros ou que foram subjugados pelos romanos. Trabalhavam no comércio, no artesanato, na agricultura e na criação de rebanhos. Tinham poucos direitos políticos, mas eram obrigados a servir no exército. Os escravos, pouco numerosos no período monárquico, eram, em geral, prisioneiros de guerra ou pessoas que não conseguiam pagar suas dívidas. Eram considerados propriedade do seu senhor e faziam trabalhos braçais.
A república (509 antes de Cristo-27 antes de Cristo)
O domínio etrusco em Roma terminou no final do século seis antes de Cristo O mais provável é que os reis etruscos tenham se enfraquecido após perder o apôio da aristocracia. Com o fim da monarquia, em 509 antes de Cristo, o govêrno de Roma passou a ser uma rés pública, que em latim significa “coisa pública”. Contudo, essa “coisa pública” tinha um sentido diferente do que conhecemos.
Hoje, um bem público é aquele que pertence a uma coletividade. Um parque público, por exemplo, pode ser utilizado por todas as pessoas, enquanto um bem privado pertence a um ou mais indivíduos. Na república romana, por sua vez, “coisa pública” significava que o Estado deixava de pertencer ao rei para ser administrado pelos cidadãos, que no início eram apenas os patrícios.
Nova ordem política
No período republicano, os antigos reis foram substituídos por dois cônsules. Eles eram escolhidos patrícios no Senado e auxiliados por magistrados, que tinham diversas funções, e pelas assembleias, que estavam divididas em:
- Assembleia por cúrias: os cidadãos eram divididos pelo local de origem ou de residência. Era integrada apenas por patrícios.
- Assembleia por centúrias: participavam os moradores de Roma, de acôrdo com a riqueza e a atividade no exército. Era composta de patrícios e plebeus, mas estes últimos tinham menor poder de decisão.
- Assembleia da plebe: formada apenas por plebeus, que podiam eleger os magistrados, mas não podiam exercer cargos políticos, direito que era exclusivo dos patrícios.
O esquema a seguir mostra os principais magistrados e suas funções.
principais magistrados
A voz dos plebeus
Os plebeus não participavam do Senado e tinham pouco pêso nas assembleias por centúrias. Além disso, muitos plebeus, em geral pequenos proprietários rurais, eram convocados para a guerra em plena época de plantio e colheita. Ao voltar da guerra, com a produção agrícola prejudicada, viam-se obrigados a contrair empréstimos, usando sua propriedade como garantia. Já os plebeus mais ricos estavam descontentes por não terem acesso às magistraturas e por serem proibidos de se casar com patrícios.
O descontentamento da plebe transformou-se em rebeliões e resultou em mudanças na organização política de Roma. Em 494 antes de Cristo, por exemplo, os plebeus conquistaram o direito de eleger um magistrado para defender seus interesses, o tribuno da plebe.
Em 450 antes de Cristo, foram publicadas as Leis das Doze Tábuas, fixando, por escrito, vários direitos reivindicados pelos plebeus.
As primeiras leis escritas de Roma, porém, reafirmaram a submissão das mulheres e dos escravos e a proibição do casamento entre patrícios e plebeus. Somente após muitos anos de lutas, as principais reivindicações dos plebeus, como o acesso às magistraturas, foram atendidas, como mostra a linha do tempo a seguir.
TUFANO, Douglas. Egito, Grécia e Roma: um almanaque de história da arte. São Paulo: Moderna, 2017. O livro oferece um panorama bastante completo sôbre a produção artística em três sociedades antigas: egípcia, grega e romana.
A expansão territorial
Mesmo enfrentando conflitos internos, os romanos, ao longo do século dois antes de Cristo, conseguiram dominar, de maneira agressiva ou por meio de acôrdos políticos, os diferentes povos que habitavam a península Itálica.
As guerras travadas com os povos vizinhos garantiram aos romanos terras para a agricultura, o contrôle de rótas comerciais, soldados para o exército e novas fontes de renda, pois os habitantes dos territórios conquistados nas guerras eram obrigados a pagar tributos. Impulsionados pelo sucesso do empreendimento, os romanos passaram então a buscar a conquista de terras para além da península Itálica.
O contínuo avanço dos romanos, porém, esbarraria em um adversário muito poderoso, a cidade de Cartago, uma potência comercial marítima situada no norte da África. A disputa pêlas rótas comerciais no Mediterrâneo levou Roma e Cartago à guerra, em uma série de batalhas conhecidas como Guerras Púnicas. Esse conflito, finalizado em 146 antes de Cristo, foi vencido pelos romanos, que transformaram Cartago em uma província de Roma.
No mesmo período das guerras contra Cartago, os exércitos romanos avançaram em direção ao Mediterrâneo Oriental e dominaram o Egito, a Síria, a Macedônia, a Grécia, a Ásia Menor e a Judeia.
Ler o mapa
• Ao observar o mapa a seguir, o que é possível concluir a respeito das conquistas de Roma e das terras que circundavam o mar Mediterrâneo?
As conquistas de Roma (201 -31 )
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 46-47.
Integrar conhecimentos
História e Geografia
Mediterrâneo: encruzilhada de civilizações
Se há um caminho de águas que esteve presente na história das primeiras civilizações do Oriente Médio e da Europa, esse caminho foi o mar Mediterrâneo. Por ele, comerciantes e navegadores egípcios, mesopotâmicos, fenícios, persas e gregos transportaram seus produtos, costumes e conhecimentos. Entretanto, o mar Mediterrâneo tornou-se, com o tempo, um "lago romano". O mapa a seguir representa as principais rótas e produtos comercializados no mundo romano do século um antes de Cristo
- Localize no mapa a península Ibérica, a península Balcânica e a região da Gália. Faça uma lista com os itens produzidos em cada um desses locais.
- Identifique, no mapa, mercadorias que não eram produzidas nos domínios romanos. Em sua opinião, o fato de essas mercadorias não serem produzidas nos domínios romanos as tornava mais caras ou mais baratas?
- Que cidades podem ser consideradas pontos de cruzamento de rótas comerciais no século um antes de Cristo? O fato de ser ponto de encontro de rótas comerciais causaria algum impacto na vida dessas cidades?
- Agora, levante uma hipótese: Qual seria o papel desempenhado pelo mar Mediterrâneo para a economia romana desse período?
Principais rótas e produtos comercializados no mundo romano (século um )
Elaborado com base em dados obtidos em: Quínder, Rírman; Rilgamán Véarná. Atlas Historique. Paris: Perrin, 1987. página 100; Historical atlas of the world. Bath: Parragon, 2010. página 79; World History Atlas. Londres: Dorling Kindersley, 2008. página 180-181.
Consequências da expansão
A expansão territorial transformou profundamente Roma. Os espólios de guerra e os tributos pagos pelos povos vencidos enriqueceram a cidade, que recebia cada vez mais pessoas e produtos de todos os municípios e províncias. Além disso, novas construções foram erguidas em Roma, como aquedutos, pontes, templos e banhos públicos.
A obtenção de terras e de escravos, capturados entre os povos conquistados, levou ao surgimento de grandes propriedades escravistas, que produziam principalmente vinho e azeite. Os escravos podiam ser vendidos, alugados e até mesmo mortos pelos próprios donos. Os filhos de escravos também nasciam na condição de escravos. À medida que o número de prisioneiros de guerra aumentava em Roma, os escravos começaram a fazer parte da vida urbana, realizando tarefas domésticas ou trabalhando em oficinas como artesãos.
As conquistas possibilitaram ainda a formação de um novo grupo social: os cavaleiros, plebeus que enriqueceram com a cobrança de impostos, a atuação em cargos públicos e a exploração econômica das áreas conquistadas. Alguns desses plebeus enriquecidos, assim como os membros das elites conquistadas pelos romanos, conseguiam participar do Senado e chegar ao Consulado. Surgia, assim, a nobilitas, uma nova aristocracia romana, reunindo as antigas famílias patrícias e os novos ricos, nascidos em Roma ou vindos de outras regiões da Itália.
Espártaco
Os escravos organizaram diversas revoltas no mundo romano. As primeiras ocorreram na Sicília entre 136 antes de Cristo e 132 antes de Cristo Contudo, a mais famosa delas ocorreu em 73 antes de Cristo, em Cápua, no sul da península Itálica. Segundo relatos da época, a revolta foi liderada por Espártaco, um escravo gladiadorglossário . A princípio, a rebelião reunia apenas escravos gladiadores, mas, aos poucos, ela ganhou a adesão de plebeus, desempregados e outros escravos. Após mais de dois anos de combates, os rebeldes foram vencidos pêlas forças romanas.
Em debate
Escravidão e trabalho livre na Roma Antiga
Muitos historiadores defendem que, na Roma Antiga, não se distinguiam com precisão escravos de trabalhadores livres pobres, pois os tipos de trabalho que faziam eram semelhantes. Sobre esse assunto, leia o texto a seguir.
Em algumas cidades-Estado e regiões do Mediterrâneo, como a Itália central ou a Sicília, a escravidão mercadoria adquiriu uma importância considerável. reticências Os escravos tornaram-se uma parcela significativa da população: algo perto de um terço da população total reticências. Tornaram-se, igualmente, a principal fôrça de trabalho dentro dessas comunidades. reticências
A escravidão era, para os romanos dessa época, um fato normal da vida, como o trabalho assalariado é para nós. reticências Mais importante ainda: ser escravo era apenas uma circunstância da vida, uma posição específica dentro da sociedade e não uma anomalia. Escravos e livres não se separavam, a não ser por sua condição jurídica. Esta última não podia, obviamente, ser transgredida impunemente. Mas a condição jurídica era apenas uma das dimensões do espaço da vida cotidiana. Nesta, livres e escravos conviviam lado a lado, exerciam ofícios semelhantes, compartilhavam desejos, aspirações, reivindicações, teciam redes de vizinhança e de amizade. Várias fontes sugerem que não havia uma separação tão nítida entre mundo escravo e mundo livre como se costuma supor. reticências
reticências Muitos homens livres ligavam-se às grandes casas da cidade de Roma, como os clientes à procura de um bom patrono, de quem esperavam ajuda no sustento diário e, se possível, alguma promoção social. Faziam filas de madrugada à soleira de seu senhor, dispostos em ordem segundo sua condição e seu prestígio social, para saudá-lo quando acordasse, para acompanhá-lo ao fórum, em troca de uma pequena cesta de alimento, de um convite para jantar, de uma indicação política. Eram livres, mas não tinham vergonha de depender.
GUARINELLO, Norberto Luiz. Escravos sem senhores: escravidão, trabalho e poder no mundo romano. Revista Brasileira de História, São Paulo, volume 26, número 52, 2006. Disponível em: https://oeds.link/68WMik. Acesso em: 14 abril 2022.
- Em seu caderno, responda: quais são as diferenças e as semelhanças entre as condições de homens livres e escravos no Império Romano?
- O autor do texto afirma que muitos homens eram livres, porém dependentes de outros. Que grupo social exemplifica essa relação? Justifique sua resposta.
A outra face das conquistas
Somente os patrícios e alguns plebeus enriqueceram com a expansão territorial de Roma. Os pequenos agricultores, por sua vez, ficaram cada vez mais pobres, pois, ao retornar das guerras de conquista, encontravam suas propriedades tomadas. Dessa fórma, muitos camponeses se deslocavam para as cidades à procura de trabalho. Ao mesmo tempo, como a oferta de escravos era grande na península Itálica e na Sicília, o número de plebeus sem trabalho cresceu. Nas cidades, um ambiente caótico de criminalidade, fome e doenças revelava que a prosperidade romana não era para todos.
Diante dessa situação, Tibério Graco, eleito tribuno da plebe em 133 antes de Cristo, propôs várias medidas para tentar conter a crise que se agravava em Roma. Uma das medidas estabelecia uma ampla reforma agrária que limitava o tamanho das propriedades rurais e distribuía terras aos camponeses pobres que lutavam nas guerras. Apesar de aprovada pelo Senado, a proposta teve forte resistência das elites. Assim, em uma rebelião liderada pelos patrícios, Tibério acabou sendo assassinado.
Dez anos depois, as ideias de Tibério sôbre a reforma agrária foram retomadas por seu irmão Caio Graco, também tribuno da plebe. Ele propôs ainda estender a cidadania romana aos povos aliados da península Itálica. A resistência às propostas de Caio Graco foi geral. Temendo ser assassinado por seus inimigos, ele determinou que um escravo o matasse.
CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma Antiga. São Paulo: Saraiva, 2011. O livro trata do cotidiano e das instituições políticas da Roma Antiga, fornecendo, com texto dinâmico e acessível, muitas informações aos jovens leitores.
O exército e seus líderes
Com as constantes guerras de conquista, o exército romano se fortaleceu politicamente e se profissionalizou. Nesse cenário, líderes militares começaram a ganhar popularidade e poder político. Foi o caso do general Júlio César, que soube manipular a situação para formar o Primeiro Triunvirato. Tratava-se de um acôrdo pelo qual César e outros dois generais romanos (Pompeu e Crasso) comprometiam-se a se auxiliar mutuamente para monopolizar o poder em Roma.
Com a morte de Crasso, o Triunvirato chegou ao fim. A disputa pelo poder transformou-se então em verdadeira guerra civil, resultando na derrota de Pompeu para Júlio César, que foi declarado ditador pelo Senado.
Em 44 antes de Cristo, César foi morto a mando de senadores que temiam o retorno da monarquia. Então, formou-se o Segundo Triunvirato, composto dos generais Marco Antônio, Otávio e Lépido, todos seguidores de César. Depois de uma luta sangrenta entre exércitos rivais, Otávio venceu Marco Antônio. O acontecimento marcou o fim da república e o início do Império Romano, em 27 antes de Cristo
Ditador
Na república romana, o ditador era um magistrado nomeado em situações extraordinárias (como guerras ou revoltas internas, por exemplo) e tinha mais poder que qualquer outro magistrado, podendo tomar decisões, em alguns casos, sem consultar o Senado.
. Rio de Janeiro: asterics Record, 1959-2013. (Coleção de 39 álbuns.) A série de livros, no formato de história em quadrinhos, traz as aventuras de , morador de uma aldeia gaulesa que resiste à dominação do Império Romano. asterics
Atividades
Faça as atividades no caderno.
- sôbre a organização da sociedade romana no início da república, responda.
- Que grupos compunham essa sociedade?
- Quais eram as principais características de cada um deles?
- Qual desses grupos passou por grandes mudanças com o advento da república e a expansão territorial? Justifique.
- sôbre as lutas dos plebeus iniciadas nos primeiros anos da república em Roma, identifique as afirmativas incorretas e, em seu caderno, corrija-as.
- Todos os plebeus eram pobres e não tinham direito a nenhuma participação política.
- Entre as conquistas da plebe, estava o direito de se candidatar ao cargo de cônsul.
- A Lei das Doze Tábuas foi importante para os plebeus porque registrava, na fórma escrita, alguns direitos conquistados.
- A escravidão por dívidas, a principal queixa dos plebeus, foi mantida ao longo de toda a história romana.
- Se em Roma o escravo podia ser vendido, alugado e até mesmo morto por seu dono, qual era, então, a condição do escravo perante as leis romanas? Como ele era visto naquela sociedade?
- Na rés pública (coisa pública) romana, o Estado deixava de pertencer ao rei para ser administrado pelos cidadãos, para atender aos seus interesses. Em grupo, discutam: até que ponto a república brasileira atual é mesmo uma “coisa pública”, atendendo às necessidades e aos interesses de todos os cidadãos? Registrem as conclusões no caderno.
- Leia o texto a seguir, de um importante historiador francês, e responda às questões.
O que é o Mediterrâneo? Mil coisas ao mesmo tempo. Não uma paisagem, mas inúmeras paisagens. Não um mar, mas uma sucessão de mares. Não uma civilização, mas civilizações sobrepostas umas às outras. Viajar pelo Mediterrâneo é encontrar o mundo romano no Líbano, a Pré-história na Sardenha, o islã turco na Iugoslávia. É mergulhar nas profundezas dos séculos, até construções megalíticas de Malta ou até as pirâmides do Egito. reticências. É ao mesmo tempo reticências surpreender-se diante da extrema juventude das cidades muito antigas, abertas a todos os ventos da cultura e do lucro, e que, há séculos, vigiam e comem o mar.
Tudo porque o Mediterrâneo é uma encruzilhada muito antiga. Há milênios tudo converge em sua direção, confundindo e enriquecendo sua história: homens, animais de carga, veículos, mercadorias, navios, ideias, religiões, artes de viver. E até mesmo plantas. reticências
reticências O Mediterrâneo é uma boa ocasião para apresentar uma “outra” maneira de abordar a história. Pois o mar, tal como podemos vê-lo e amá-lo, é, acerca de seu passado mais surpreendente, o mais claro de todos os testemunhos.
Broudel, Fernan. O espaço e a história no Mediterrâneo. São Paulo: Martins Fontes, 1988. página 2-4.
- Como o mar Mediterrâneo é descrito no texto de fernã brôdél?
- O que seria mais correto afirmar sôbre o Mediterrâneo do século um antes de Cristo: um mar romano ou um mar de múltiplos povos?
CAPÍTULO 14 A ROMA IMPERIAL
O primeiro imperador romano, Otávio, recebeu o título de Augusto, que significa “magnífico”. Otávio Augusto concentrou todos os poderes em suas mãos. As instituições republicanas continuaram existindo, mas o imperador tinha o poder de vetar leis, nomear os magistrados e comandar o exército. Seu govêrno, que durou cêrca de 40 anos, marcou o início de um período conhecido como romana, que se estenderia até o século dois depois de Cristo
A romana foi um período de relativa calmaria e prosperidade vivenciado no império. Otávio Augusto procurou conservar a paz nos territórios conquistados, prática mantida por seus sucessores por quase duzentos anos. As guerras de conquista não foram interrompidas nesses anos, mas os principais objetivos dos imperadores foram a proteção das fronteiras e a repressão das revoltas populares. Uma complexa rede de estradas pavimentadas se expandiu para facilitar a circulação de correspondências, produtos e soldados.
Os sucessores de Augusto, procurando associar a riqueza de Roma com a própria imagem, embelezavam a cidade encomendando a construção de praças, aquedutos e centros de lazer (termas, circo e anfiteatros). O Fórum, centro da vida pública romana, ganhou novos edifícios, e os mais antigos foram remodelados.
O Império Romano (27 antes de Cristo-476 depois de Cristo)
O Império Romano incluía muitas regiões, como podemos observar no mapa “O Império Romano em sua máxima extensão (século dois depois de Cristo)”. Os romanos deixaram marcas na arquitetura, na legislação, nas artes e nos costumes de diversos povos, em diferentes localidades.
O latim vulgar, falado pelos colonos e soldados nas províncias, misturou-se aos dialetos das populações dominadas, o que deu origem às línguas neolatinas, como o francês, o espanhol, o português e o italiano.
As leis romanas que regulamentavam os atos dos cidadãos e dos estrangeiros foram aperfeiçoadas ao longo da história de Roma e ainda hoje são uma das bases da legislação de muitos países do Ocidente, entre eles, o Brasil.
A arquitetura romana, inspirada nos modelos grego e etrusco, ficou famosa pêla grandiosidade de seus templos, anfiteatros, aquedutos, pontes e estradas. Seu estilo expandiu-se pelos territórios conquistados e ainda hoje está presente em muitas construções do Ocidente.
Por outro lado, os romanos também absorveram elementos das culturas dos povos dominados, como as crenças religiosas. No princípio, os romanos cultuavam vários deuses, entre eles, Vulcano. O convívio com etruscos e gregos alterou esses rituais. Muitas práticas foram incorporadas. Vulcano, por exemplo, passou a ser comparado ao deus grego Hefesto, e Zeus passou a ser cultuado com o nome de Júpiter. Com a expansão territorial, os romanos incorporaram também deuses cultuados na África e na Ásia, como os egípcios Ísis e Osíris.
O império romano em sua máxima extensão (século dois Dona)
Elaborado com base em dados obtidos em: Atlas of World HistoryConcise EditionYorkOxford University, 2007. página 54-55.
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Transcrição do áudio
[LOCUTOR 1]: O latim e a língua portuguesa
[LOCUTOR 2]: Quando se pensa na Roma Imperial, logo vem à mente o legado cultural deixado pelos romanos. É de grande importância lembrar que também a língua nos foi herdada. O latim foi levado para todo o império durante o movimento de conquista e expansão e, assim, entrou em contato com as línguas das populações locais, originando outras. Na entrevista a seguir, a professora Patrícia Prata, do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, dá mais detalhes sobre a cultura latina e o latim e fala sobre sua importância na formação da língua portuguesa.
[LOCUTOR 2]: Por que você se interessou em estudar o latim?
[PATRÍCIA PRATA]: Essa pergunta lembra muito a minha infância. Eu tinha um tio padre, o padre João. Ele lia a Bíblia em latim e eu achava isso muito curioso. E foi engraçado que minha primeira aula, quando eu ingressei no curso de linguística na Unicamp, foi latim. Eu adorei o professor Paulo Sérgio e o conteúdo da disciplina fez todo o sentido para mim. Todas as curiosidades que eu tinha sobre o latim, sobre a gramática e, também, sobre a língua portuguesa ficaram claros. Naquele momento um mundo novo se abriu para mim.
[LOCUTOR 2]: Você poderia falar sobre algumas especificidades do latim?
[PATRÍCIA PRATA]: A estrutura da língua. A estrutura da língua latina é muito diferente da língua portuguesa, pois ela é uma língua de caso. O que que seria isso? Pensemos: em português, a função das palavras na frase é marcada pela ordem delas. Se eu digo que “a menina vê a pomba”, eu sei que a menina é quem realiza a ação de ver a pomba, por que ela aparece, essa palavra aparece antes do verbo – ver; e a pomba, por sua vez, é quem é vista, é o objeto da ação – porque ela aparece depois do verbo. Em latim, não é a ordem que determina essa função de ser o sujeito da frase, por exemplo, mas, sim, a terminação da palavra que indica o caso, a função. Traduzindo essa frase para o latim temos femina videt palomam. Em latim, não importa a ordem, como eu disse. Então se eu disser videt femina palomam, palomam femina videt, femina palomam videt etc., sempre essa frase vai significar que “a menina vê a pomba”. Pois a terminação “a” de femina indica que ela realiza a ação de ver e o “am” de palomam que ela é objeto da frase. Ou seja, ela que é vista. Já em português, a mudança na ordem das palavras altera todo o sentido. “A menina viu a pomba” não é igual a “a pomba viu a menina”.
[LOCUTOR 2]: Qual a influência da cultura latina no pensamento ocidental? Você poderia dar exemplos?
[PATRÍCIA PRATA]: Os latinos nos legaram muito. Veja a língua que é mãe de muitas outras línguas ocidentais, como o português, o italiano, o francês etc., bem como a nossa identidade cultural. A cultura grega, por exemplo, tão reconhecida como a origem da cultura ocidental nos foi passada por meio da leitura, do olhar dos romanos. Assim, por exemplo, na literatura, eles nos deixaram os textos épicos, a história de grandes heróis, como Eneias, o herói da Eneida, de Virgílio, que é um texto que toma como base os épicos gregos Ilíada e Odisseia de Homero, e que influenciou muito Camões ao escrever Os Lusíadas, que é um grande épico português. A mitologia greco-romana… Não podemos esquecer a presença por exemplo dos nomes dos deuses na astronomia, são eles que dão nome aos planetas, como Júpiter, Vênus, Marte, Saturno etc. Nas ciências naturais o latim também se faz muito presente... Por exemplo na nomenclatura utilizada: os nomes dos elementos químicos, os nomes das bactérias e de vírus, nosso Direito é baseado no Direito romano, entre tantas outras coisas.
[LOCUTOR 2]: Qual é a origem da língua portuguesa? Como podemos relacioná-la à expansão territorial do Império Romano?
[PATRÍCIA PRATA]: Segundo os estudiosos, a língua portuguesa surge do desenvolvimento do latim, mais especificamente do latim vulgar, que era o latim falado pela camada menos letrada da população, como, por exemplo, os homens de negócios, os colonos, os soldados, que foram por sua vez os maiores responsáveis por levar o latim para todo o Império durante a expansão. Após a conquista da península Ibérica pelos romanos, eles chegaram lá em 218 a.C., no período da Segunda Guerra Púnica, todos os povos, menos os bascos, adotaram a língua latina. Esse latim, por sua vez, entrou em contato com as línguas locais da península, gerando outras, como galego-português, o castelhano e o catalão. O português então, como todas as línguas originadas do latim, chamadas línguas românicas, porque são filhas da língua falada em Roma, é, podemos dizer, uma continuação do latim vulgar.
[LOCUTOR 2]: E qual a relação do galego com o latim e com a língua portuguesa?
[PATRÍCIA PRATA]: Nas origens, o português não se distinguia do galego. Havia uma língua comum, o galego-português ou galaico-português, forma que o latim tomou na parte norte da península Ibérica, onde é hoje a Galícia espanhola. O português, contudo, teve um desenvolvimento à parte, se diferenciando do galego. A partir do século XI, quando da conquista pelos cristãos da península Ibérica, que havia sido dominada pelos árabes em 711 d.C., o galego-português é levado para o restante da província. No século XII, temos a formação do estado português, o qual se separa da região da Galícia, o que também ajuda na separação das línguas. Desse modo, na região da Galícia ficou o galego. E onde é hoje Portugal, o galego português se desenvolveu no português.
[LOCUTOR 2]: Estudar o latim pode nos ajudar a entender o funcionamento da língua portuguesa?
[PATRÍCIA PRATA]: A motivação para o ensino do latim sempre esteve atrelada à utilidade da língua latina, ou seja, pensa-se sempre, por exemplo, que ela pode ajudar o aluno a entender melhor a sua língua mãe, a aprender melhor a língua portuguesa, seu funcionamento. Isso é de fato verdade, o latim ajuda a entender melhor a etimologia, a origem de muitas das palavras da língua portuguesa, por exemplo, mas a importância do estudo do latim ultrapassa isso. Estudar latim nos permite ter acesso a uma vasta produção textual que foi escrita nessa língua, permite-nos entender melhor nossos hábitos culturais e, por consequência, também a língua portuguesa e outras que se originaram do latim.
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História e Geografia
A ideia de territorialidade na Roma imperial
Você já sabe que, especialmente no período do império, Roma dominou um território enorme. E por bastante tempo. Mas você sabia que existe uma ideia usada pelos estudiosos da Geografia que pode nos ajudar a compreender como os romanos controlavam e mantinham seus domínios? É a ideia de territorialidade:
A territorialidade corresponde às táticas expressas em ações aplicadas por indivíduos sôbre [...] determinado grupo objetivando seu contrôle. As ações materializam as relações de poder exercidas no espaço, conformando assim um território.
FREITAS, João Carlos de Mattos. Território e territorialidade no Império Romano: a utilização do padrão urbanístico das cidades construídas enquanto tática de romanização. Revista Tamoios, São Gonçalo, volume 5, número 2, página 61-74, 2009.
Na Roma imperial, por exemplo, uma das táticas de territorialidade era o domínio militar após a conquista efetiva de um território; outra tática consistia na introdução de costumes romanos nesse território (cultura, religião, leis do direito romano etc.). O texto a seguir fala um pouco mais sôbre isso:
Os romanos buscavam ao máximo reproduzir nas cidades provinciais o modêlo de sua capital, construindo réplicas das edificações e distribuindo-as ao longo das cidades como em Roma. reticências Após uma conquista os romanos buscavam estabelecer sua política de romanização, começando pêla fundação ou reconstrução da cidade nos seus moldes. Com os edifícios romanos prontos iniciava-se a introdução do seu modo de vida reticências.
FREITAS, João Carlos de Mattos. Território e territorialidade no Império Romano: a utilização do padrão urbanístico das cidades construídas enquanto tática de romanização. Revista Tamoios, São Gonçalo, volume 5, número 2, página 61-74, 2009.
- Que tática de territorialidade, além do domínio militar, está sendo tratada no texto que você acabou de ler? Responda em seu caderno.
- Com base no que você estudou sôbre Roma, você acha que essa tática de territorialidade foi bem-sucedida? Por quê?
- Em sua opinião, o traçado urbano e os tipos de edifício em uma cidade podem influenciar o cotidiano de seus habitantes? Justifique sua resposta.
Mulheres e crianças na Roma Antiga
As mulheres romanas eram educadas primeiro para serem esposas e mães. As mulheres ricas tinham a responsabilidade de administrar a casa, os escravos e a criação dos filhos. Já as menos favorecidas podiam trabalhar ao lado de seus maridos ou, se fossem solteiras, podiam administrar o próprio negócio. Contudo, as mulheres não tinham direitos políticos; por isso, não podiam votar nem exercer cargos na administração pública.
A participação feminina na vida pública da cidade era admitida em certas festas e atividades. Algumas chegavam a adquirir propriedades rurais. As senhoras casadas saíam pouco de casa e, quando apareciam em público, vestiam roupas que encobriam o corpo.
Para os romanos, os filhos eram sempre vistos como garantia importante para a continuidade da família. A educação das crianças variava conforme o grupo social e o sexo.
Os filhos das famílias mais pobres em Roma geralmente cresciam analfabetos, ou seja, sem conhecimentos sôbre leitura e escrita. Alguns desses jovens conseguiam adquirir noções de leitura e escrita, especialmente para trabalhar.
Já as meninas das camadas sociais mais altas recebiam lições de cálculo, escrita e leitura até a adolescência. Entre 12 e 13 anos de idade, elas paravam de estudar e podiam se casar. Com o tempo, elas aprendiam com outras mulheres da família a cozinhar, a fiar e a tear lã, além de ajudar suas mães a cuidar dos irmãos.
Por sua vez, os rapazes de famílias ricas em Roma deviam, geralmente, prosseguir nos estudos, iniciados já na infância. Com o auxílio de um professor de gramática ou de literatura, eles estudavam as obras e as heranças culturais dos grandes autores gregos e romanos. Estudavam também noções de agricultura, astronomia, religião, matemática, arquitetura, geografia, história e retóricaglossário .
Ler a imagem
- Em que ambiente a mulher e a criança romanas foram representadas na pintura?
- Por que a mulher foi representada nesse ambiente? Como isso se relaciona com a atuação das mulheres na Roma Antiga?
Cultura e entretenimento
A produção literária foi uma importante expressão cultural da civilização romana. Inspirados nas técnicas e nos temas da literatura grega, os romanos produziram grandes obras escritas, como Eneida, de Virgílio, e História de Roma, de Tito Lívio.
Em Roma, havia uma variedade de espetáculos de entretenimento, como os teatrais, que mostravam ao público cenas baseadas nos costumes romanos da época. Havia também as corridas de quadrigas (carros puxados por animais), o circo e as lutas de gladiadores (geralmente escravos). As lutas eram uma paixão coletiva, e esses eventos eram financiados pelos patrícios. Muitos plebeus e escravos preenchiam as plateias dos anfiteatros para torcer pelos lutadores.
Documento
Sêneca e os gladiadores
Sêneca, filósofo romano que viveu no século um depois de Cristo, descreve as lutas de gladiadores.
Encontrei-me, por acaso, em um espetáculo de meio-dia; esperava jogos e divertimentos, um espetáculo agradável aos olhos, cansados de ver o sangue humano, mas foi o contrário. Os combates antigos eram misericordiosos, mas, agora, reticências ocorrem verdadeiros assassinatos. Nada têm para usar como defesa. Seus corpos expostos aos golpes, não há combate sem morte. reticências Pela manhã, homens são opostos aos leões e aos ursos, ao meio-dia, aos seus espectadores. Ordenam que os que acabaram de matar sejam expostos aos seus matadores, preservando o vencedor para novo massacre. O único fim do combate é a morte.
SÊNECA apud FUNARI, Pedro Paulo A. Antiguidade Clássica: a história e a cultura a partir dos documentos. Campinas: Editora Unicamp, 1995. página 70.
- Como Sêneca descreve o combate de gladiadores? Que tipo de posição ele expressa em relação a essas lutas? Justifique.
- Muitas pessoas criticam modalidades esportivas como o ême ême á, o vale-tudo e o boxe, argumentando que elas estimulam uma cultura de violência e o culto à fôrça. O que você pensa sôbre o assunto? Discuta essa questão com os colegas.
O cristianismo
Na Unidade você estudou a história do povo hebreu, que mais tarde passou a ser conhecido como judeu. Na tradição religiosa dos judeus, havia uma profecia sôbre a vinda de um messias para a Terra que salvaria os pecadores e pacificaria a humanidade. Foi a partir da crença dos judeus na vinda do messias que surgiu uma nova religião: o cristianismo.
Jesus de Nazaré nasceu há cêrca de 2 mil anos, em Belém, cidade da província romana da Judeia (onde hoje se localizam Israel, a Palestina e a Jordânia). Quando começou a pregar, seus seguidores acreditaram que seria o messias, e por isso ele passou a ser chamado de Jesus Cristo (Cristo tem o significado de ungido, messias). Praticamente tudo o que sabemos sôbre a vida de Jesus e seus ensinamentos está escrito no Novo Testamento da Bíblia cristã, livro sagrado dos cristãos.
Crença e ensinamentos
Segundo o Novo Testamento, Jesus de Nazaré pregava a existência de um Deus único, o amor ao próximo, a compaixão e a humildade. Além disso, anunciava que todos os homens que seguissem seus ensinamentos alcançariam a vida eterna.
Por se colocar como o enviado de Deus em suas pregações, Jesus desagradou a autoridades judaicas e romanas. Os judeus o acusavam de insultar Deus, e os romanos temiam que ele incitasse seus seguidores contra o domínio romano. Preso, Jesus foi julgado e condenado a morrer na cruz, pena aplicada aos criminosos e rebeldes da época. No entanto, depois de sua morte, seus ensinamentos continuaram sendo transmitidos pelos apóstolos, grupo de fiéis que o acompanhava em suas pregações.
De crença perseguida a religião oficial do Império Romano
Os primeiros cristãos expandiram suas pregações para praticamente toda a região do mar Mediterrâneo. Inicialmente, a nova crença conquistou muitos adeptos entre a população mais pobre e os escravos. Eles eram atraídos pêla ideia da igualdade de todos os homens perante Deus e pêla esperança de uma vida melhor após a morte, como pregava Jesus.
A expansão da religião cristã desagradava às autoridades romanas, pois os cristãos se recusavam a servir o exército e adorar o imperador e os deuses romanos. Acusados de trair o Estado e desrespeitar as tradições, os cristãos tiveram seus cultos proibidos e passaram a ser perseguidos. Para realizar seus cultos em segurança, escondiam-se nas catacumbas, galerias subterrâneas onde pregavam, oravam e também enterravam seus mortos.
Contudo, as perseguições, ao contrário do que se esperava, fortaleceram o cristianismo. Então, no ano 313, o imperador Constantino se converteu ao cristianismo e concedeu, por meio de um documento chamado Édito de Milão, liberdade de culto a todas as crenças, incluindo a cristã. A religião fundada por Jesus acabou se tornando um instrumento de unidade do império.
Quarenta anos após o Édito de Milão, os cultos pagãos e os sacrifícios oferecidos aos deuses da antiga religião romana foram proibidos e, em 380, o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano.
Édito de Milão
O Édito de Milão foi promulgado em 13 de junho de 313. Além de garantir a liberdade religiosa, incluindo a cristã, o Édito devolveu aos cristãos seus lugares de culto e suas propriedades, que haviam sido confiscadas e vendidas em leilões públicos.
O declínio do Império Romano
A partir do século , após quase dois séculos de prosperidade, o Império Romano iniciou um processo de desestruturação que levou à sua queda. A grande extensão do império exigia cada vez mais obrigações do três , e a cada ano ficava mais difícil administrá-lo. Conservar estradas, pagar os funcionários administrativos, financiar o exército, garantir alimentos para a população e levantar muros para proteger as terras das constantes pressões dos povos bárbaros (confira boxe “Os povos bárbaros”) exigia do Estado romano muito dinheiro. govêrno
Além disso, desde o século anterior as guerras de conquista vinham diminuindo, causando a redução da mão de obra escrava. A península Itálica, principal região escravista do império, sofria com a falta de mão de obra e com a concorrência econômica exercida pêlas províncias.
Os povos bárbaros
Os romanos chamavam de bárbaros os povos que viviam fóra das fronteiras ou nas áreas limítrofes do império, não falavam latim nem grego e não estavam submetidos às leis romanas. Entre os chamados bárbaros, estavam os germânicos. Originários do norte da Europa, os germânicos pressionavam as fronteiras do Império Romano na Europa Central. O convívio entre germânicos e romanos alternava-se entre momentos pacíficos e situações de conflitos armados, em geral causados pêla disputa por terras.
Aumento dos tributos e inflação
A necessidade de financiar os altos custos da administração do império e da proteção militar nas fronteiras levou ao aumento dos tributos. Para escapar deles, as camadas pobres e as elites começaram a deixar as cidades e a se fixar nos campos mais distantes, onde era mais difícil a cobrança de impostos. Para conseguir mais dinheiro, os imperadores passaram a emitir mais moedas, o que gerou um grave processo inflacionário.
Com a ida de muitos moradores das cidades do império para os campos, as terras rurais passaram a se concentrar nas mãos das elites. Os camponeses pobres reagiram, organizando rebeliões. Para conter as rebeliões, o govêrno contratou mais soldados. Isso levou a um aumento de gastos, cobertos com novo aumento de impostos. Como resultado, a inflação se agravou.
A crise política e a nova fórma de govêrno
Esse cenário de crise no Império Romano, no século três, também marcou a relação entre o exército e o govêrno. Vários imperadores foram assassinados por suas tropas, que deixaram de servir a Roma para servir aos oficiais. Para se ter uma ideia da crise política, em um período de 50 anos (entre 235 e 285), Roma teve 26 imperadores, e apenas um deles morreu de morte natural.
Como a vastidão do império era um grande problema para Roma, a proposta de dividi-lo parecia ser a solução. Essa foi a decisão tomada pelo imperador Diocleciano (284-305), que dividiu o Império Romano em quatro regiões e nomeou imperadores para cada uma delas.
No entanto, a tetrarquia, como ficou conhecida a nova fórma de govêrno, também não solucionou os problemas. Os tetrarcas passaram a disputar o poder entre si, e o império caiu novamente em profunda crise interna. Nos governos seguintes, as disputas entre as províncias favoreceram a prática de corrupção políticaglossário .
A ruralização do império
A crise iniciada no século três provocou o esvaziamento das cidades romanas. As camadas sociais mais baixas, sem trabalho e temendo os ataques dos bárbaros, mudavam-se para o campo em busca de abrigo, trabalho e proteção.
Os ricos retiraram-se para suas propriedades rurais, onde poderiam viver do consumo dos produtos da terra e do artesanato. Com o tempo, comerciantes e artesãos também se dirigiram aos campos.
Muitos camponeses, sobrecarregados pelos impostos, colocaram-se sob a proteção de grandes proprietários rurais, em troca da prestação de trabalho. Esses camponeses passaram a trabalhar nas propriedades rurais na condição de colonos. Eles cultivavam uma parcela da terra e, como pagamento pelo seu uso, entregavam ao proprietário uma parte da colheita.
No final do século , quatro o govêrno imperial instituiu o colonato, sistema de trabalho que proibia os proprietários e os colonos de vender suas terras, e prendia o colono, sua família e seus descendentes à terra.
. báuer susan uáise A história do mundo: A Antiguidade – dos primeiros nômades ao último imperador romano. São Paulo: Filocalia, 2021. Com textos e belas imagens, este livro apresenta histórias que vão desde o início da prática da agricultura (na região do Crescente Fértil) até o fim do Império Romano do Ocidente.
A queda de Roma
Em um último esforço para assegurar a unidade do império, em 395, o imperador Teodósio o dividiu em duas partes:
- Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla (antiga Bizâncio);
- Império Romano do Ocidente, com capital em Ravena, mais tarde transferida para Milão.
A divisão, porém, não conseguiu reorganizar a economia do império nem repelir as invasões de povos germânicos. No século V, os francos dominaram Lutécia (atual cidade de Paris), os visigodos saquearam Roma e os vândalos dominaram Cartago, no norte da África. Posteriormente, em 476, os hérulos depuseram Rômulo Augústulo, o último imperador romano do Ocidente.
Alguns historiadores consideram que esse fato marcou a queda de Roma e deu início, na Europa Ocidental, ao que chamamos de Idade Média. Na divisão tradicional da história, o período medieval durou do século cinco até meados do século quinze.
A presença dos povos germânicos
No início do século vários grupos germânicos já viviam dentro das fronteiras romanas, muitas vezes com a permissão dos governantes. Alguns ingressavam no próprio exército romano. Outros, ainda, trabalhavam como agricultores e criadores de animais nas terras imperiais.
O império romano no ano 395
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 54.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
1. No século um, quando o Império Romano atingiu o apogeu, havia 80 mil quilômetros de vias públicas ligando diferentes pontos de seu território. Construídas com pedras e cimento e sempre em linha reta, as estradas romanas serviam principalmente como meio de comunicação. Através delas, mensageiros levavam ordens oficiais de um canto a outro do império. A charge a seguir dialoga com esse aspecto do passado imperial romano. Observe-a para responder às questões.
- A tirinha, embora tenha como tema a Roma Antiga, inspirou-se em um problema dos tempos atuais. Que problema é esse?
- “Todos os caminhos levam a Roma.” Este é um antigo ditado popular, que remete ao papel que essa cidade tinha durante o Império Romano. Procure interpretar o significado dessa expressão.
- As estradas romanas serviam essencialmente como um sistema de correio. Você costuma se corresponder por meio de cartas, via correio? Atualmente, quais meios as pessoas utilizam para trocar mensagens entre si?
2. Monte em seu caderno uma ficha com as informações solicitadas.
- O cristianismo surgiu na Judeia na época do imperador Otávio Augusto e, séculos depois, se espalhou por todo o mundo romano. sôbre esse tema, responda às questões a seguir.
- Aponte três diferenças entre o cristianismo e a religião praticada anteriormente em Roma.
- Que motivos explicam as perseguições aos cristãos promovidas pelo Império Romano?
- Quando as perseguições aos cristãos acabaram? Levante pelo menos uma hipótese para explicar essa transformação.
- Na Unidade cinco, você estudou sôbre a situação das mulheres na Grécia. Compare a situação feminina naquela sociedade e na cultura romana, identificando semelhanças e diferenças.
CAPÍTULO 15 O MUNDO BIZANTINO
Você já ouviu falar de Istambul, a maior cidade da Turquia e um dos principais centros turísticos do mundo? Fundada pelos antigos gregos, com o nome de Bizâncio, a cidade foi mais tarde rebatizada de Constantinopla, a cidade de Constantino, e se tornou a capital do Império Romano do Oriente (ou Império Bizantino).
Durante quase mil anos, a cidade de Constantinopla foi ponto de encontro de vários povos. Por volta do ano 1000, chegou a ter quase 1 milhão de habitantes e era a mais rica e populosa cidade da Europa. Além disso, Constantinopla foi também um movimentado centro de comércio. Essa cidade estava localizada em meio a diversas rótas comerciais e por ela circulavam produtos de grande valor, como trigo, ouro, mel, marfim, porcelana, pimenta e canela.
Protegida por um cinturão duplo de muralhas, seu centro tinha grandes e majestosos edifícios públicos, como o palácio imperial, o Hipódromo, o Senado e a Basílica de Santa Sofia. A partir de Constantinopla, o cristianismo se expandiu pêla Europa Oriental.
O Império Bizantino
No Império Bizantino, o imperador comandava o Estado, o exército e a Igreja. Considerado representante de Deus na Terra, o imperador era geralmente retratado como santo.
Um dos imperadores de maior destaque do Império Bizantino foi Justiniano, que governou no século seis. Ao lado de sua influente esposa Teodora, recuperou terras ocupadas pelos germânicos, conduziu a construção de estradas e de igrejas e fortaleceu o comércio pelo Mediterrâneo. O maior símbolo da riqueza desse reinado foi a construção da majestosa Basílica de Santa Sofia, em Constantinopla.
Uma das principais obras do govêrno de Justiniano foi a criação do Código de Justiniano, produzido a partir da compilação das leis do direito romano.
Ler o mapa
• O mapa a seguir mostra os domínios do Império Bizantino no século . Compare-o com o mapa “O Império Romano no ano 395”, que mostra o Império Romano no fim do século seis . O que há em comum entre esses dois mapas? E o que há de diferente? Responda em seu caderno. quatro
O Império Bizantino no govêrno de Justiniano (527-565)
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí jórj. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987. página 38-39.
A sociedade bizantina
A sociedade bizantina era composta de grandes proprietários, altos funcionários do govêrno, comerciantes, artesãos, camponeses e um pequeno grupo de escravos. Nas grandes propriedades do interior, os camponeses cuidavam das plantações e dos animais, devendo pagar tributos ao Estado na fórma de produtos.
Por volta do século nove, Constantinopla oferecia diversas opções de lazer para seus moradores. Nos teatros, ocorriam apresentações de dança, de circo e de música. As corridas de cavalo, realizadas no Hipódromo, eram um dos divertimentos mais populares da cidade.
Em geral, os aristocratas e as camadas médias da cidade, incluindo as mulheres, sabiam ler. As mulheres, porém, se dedicavam principalmente à tecelagem e ao preparo de cosméticos. Algumas imperatrizes tiveram papel político de destaque, como Teodora e Irene, que se autodenominava basilessaglossário nos documentos oficiais.
A mulher bizantina tinha mais autonomia e autoridade na estrutura familiar do que na sociedade ocidental daquele período. Teodora, esposa de Justiniano, influenciou diretamente as decisões políticas do imperador.
BIZANTINÍSTICA.Disponível em: https://oeds.link/0QLzs0. Acesso em: 14 janeiro 2022. Site dedicado à história do Império Bizantino, com textos e imagens.
Rupturas na cristandade
Os bizantinos, inicialmente, mantinham as mesmas práticas dos cristãos do Ocidente. No entanto, mesmo submetida à autoridade do papa, a Igreja bizantina, de fato, era controlada pelo imperador. Era ele quem nomeava o patriarca, o chefe da Igreja de Constantinopla.
Ao longo do tempo, surgiram diferenças entre as práticas religiosas do cristianismo ocidental e as do cristianismo oriental. As missas bizantinas passaram a ser celebradas em grego, e não em latim; os padres começaram a usar barbas e foram autorizados a se casar.
O distanciamento entre as duas igrejas se aprofundou e levou à ruptura definitiva, em 1054, fato que ficou conhecido como Cisma do Oriente.
Separada e independente do papado romano, a Igreja bizantina passou a se chamar Igreja ortodóquissa.
A Questão Iconoclasta
Na vida religiosa bizantina, os monges tinham grande influência sôbre a população. Vivendo em mosteiros isolados, eles se dedicavam à oração e à fabricação de ícones, geralmente imagens religiosas pintadas sôbre madeira ou placas de metal. A venda dessas imagens representava uma grande fonte de renda e de poder para os mosteiros e para a Igreja bizantina.
No século oito, o imperador proibiu o culto aos ícones, por considerá-lo prática de idolatriaglossário . A decisão provocou várias revoltas populares, lideradas pelos monges. O govêrno reagiu perseguindo os monges e ordenando a destruição dos mosteiros.
O conflito ficou conhecido como Questão Iconoclasta e se estendeu até o século nove, quando o culto às imagens foi liberado, com exceção das esculturas.
Integrar conhecimentos
História e Arte
O mosaico bizantino e a doutrina cristã
As igrejas bizantinas são conhecidas por exibir, em seu interior, primorosos ícones e mosaicos. Produzidas no Império Bizantino, essas obras narram histórias e ensinamentos religiosos. Em uma sociedade em que a maioria da população era analfabeta, as imagens tinham a função de educar os fiéis na doutrina cristã. Por isso, tudo deveria ser “contado” da maneira mais clara e simples.
Os mosaicos bizantinos eram formados a partir da aplicação de pequenos cubos de pedra ou de vidro em uma superfície. A técnica do mosaico já era conhecida na Grécia e em Roma. As obras não tinham autoria e eram encomendadas por religiosos.
- Identifique no mosaico bizantino o que representam as miniaturas que Justiniano e Constantino oferecem à Maria. Com base no que você estudou na Unidade, explique por que o artista selecionou tais objetos para cada um desses imperadores.
- Em sua opinião, a posição das figuras no mosaico pode significar diferenças hierárquicas entre os personagens representados? Justifique sua resposta.
- Os artistas da época zelavam pêla simplicidade e pêla clareza ao produzirem suas obras. Quais características desse mosaico expressam essa preocupação?
Atividades
Faça as atividades no caderno.
1. O texto a seguir, de um cronista francês do século onze, descreve uma importante cidade do Império Romano do Oriente. Leia-o e responda às questões.
Que cidade esplêndida, quanta imponência, quanta formosura, quantos mosteiros em seu interior, quantos palácios erguidos pelo trabalho escarpado em suas ruas e transversais, quantas obras de arte, maravilhas a contemplar: seria enfadonho falar da abundância de todas as coisas boas; do ouro e da prata, das vestimentas de inúmeros tipos e de suas relíquias sagradas. A todo o instante os navios descarregam em seu porto, de modo que não há nada que o homem queira que para lá não seja levado.
charrtre fuchêrde [século onze] apud cráoulei ródjer. 1453: a guerra santa por Constantinopla e o confronto entre o islã e o Ocidente. São Paulo: Rosari, 2009. página 32.
- Qual cidade foi descrita no texto? Em quais informações do texto você se baseou para chegar a essa conclusão?
- Quais trechos dessa descrição revelam a cultura cristã presente na cidade?
- Como você explica a admiração do autor diante da cidade que ele visitava?
- Observe novamente o mosaico Justiniano primeiro e sua côrte reproduzido anteriormente neste Capítulo, e responda:
- Que elementos ligam os personagens da imagem ao cristianismo?
- Como a santidade do imperador foi representada?
- As imagens da Virgem Maria, do menino Jesus e de santos foram muito representadas na pintura bizantina, como a que você pode ver na pintura A Virgem Maria e o menino Jesus.
- Descreva as características dessa imagem: figuras humanas, cores, técnica utilizada, data de produção etcétera.
- Por que essa imagem era considerada um ícone?
- Que relação é possível estabelecer entre esse ícone bizantino e o texto a seguir?
reticências era a religião que fornecia a fundamentação do poder imperial, a motivação básica e a justificativa da política exterior, os temas e o significado da produção cultural. Era ela que absorvia parte considerável dos recursos econômicos, que determinava o cotidiano dos indivíduos do nascimento à morte reticências.
FRANCO JÚNIOR, Hilário; ANDRADE FILHO, Ruy de Oliveira. O Império Bizantino. São Paulo: Brasiliense, 1985. página 12-13.
- O ícone reforça ou contradiz a ideia defendida no texto?
- A função que os ícones tinham para a sociedade bizantina é a mesma que eles têm para os historiadores? Explique.
Para refletir
Qual é a relação entre a Antiguidade Clássica e o mundo ocidental?
Você já sabe que, para organizar os estudos de História, os estudiosos buscam fazer periodizações. Na fórma mais comum de periodização, criada no século dezenove por estudiosos franceses, a Antiguidade é o período que vai do surgimento das primeiras sociedades humanas até o fim do Império Romano. E o período que engloba a formação e a história da Grécia e de Roma é conhecido como Antiguidade Clássica.
Para entender o significado da expressão Antiguidade Clássica, vamos primeiro nos perguntar: o que é um clássico? Acompanhe algumas definições que um dicionário traz:
Clássico
4. Que serve de exemplo à realização de algo: O arquiteto guiava-se por um gósto clássico. reticências
6. Que se mantém ao longo dos tempos; que vigora ou é preservado por várias gerações: Depois da cerimônia, seguiam-se os festejos clássicos.
CLÁSSICO. In: DICIONÁRIO Caldas Aulete Digital. Rio de Janeiro: Lexicon Editora Digital, 2008. Disponível em: https://oeds.link/c2tVgt. Acesso em: 14 janeiro 2022.
1. Organizem-se em grupos e realizem as atividades a seguir.
- Levantem uma hipótese: por que esse período da Antiguidade seria chamado de clássico? Para isso, procurem, nas Unidades cincoe seis, aspectos dos mundos grego e romano que, de alguma fórma, estariam presentes ainda hoje ou serviriam como modêlo.
- Pensando nos aspectos que vocês encontraram, discutam: eles, de fato, servem de modêlo a ser imitado? Registrem no caderno suas conclusões.
Na Antiguidade Clássica é possível identificar o surgimento do que se chama hoje de “valores ocidentais”, uma fórma de pensar a sociedade.
A ideia de cultura ou mundo ocidental, ou simplesmente Ocidente, é muito presente na mídia. Observe dois exemplos:
O Ocidente contra-ataca: na estreia global de Báiden, a China foi o alvo
reticências É um objetivo que não mudou na transição entre Báiden e trãmp: garantir que o Ocidente seja um rival à altura do crescimento da China. Os chineses podem ultrapassar os Estados Unidos da América como maior economia do mundo já nesta década e a economia da China foi a única entre as grandes a crescer em meio à pandemia [de , iniciada em 2020].
RIVEIRA, Carolina. O Ocidente contra-ataca: na estreia global de Báiden, a China foi o alvo. Exame, 18 junho 2021. Disponível em: https://oeds.link/y5OlgR. Acesso em: 12 janeiro 2022.
“O mundo ocidental há muito tempo perdeu o monopólio do poder que exerceu durante cinco séculos”. Entrevista com Pascal Boniface
Talvez o mundo ocidental deixe de ser o protagonista na formação geopolítica que poderá se efetivar em consequência da pandemia do vírus sárs cóv dois. Esta é a suspeita de Pascal Boniface, diretor do Instituto Francês de Relações Internacionais e Estratégicas, embora ainda se mostre cauteloso com o seu diagnóstico.
Ainda que o coronavírus tenha tido a sua origem na China, os países asiáticos demonstraram maior eficácia no momento de controlar a sua circulação. reticências a presença da China como o único país que demonstra uma economia sólida diante dos desdobramentos da pandemia podem ser lidos em paralelo à destreza demonstrada pêla Rússia em criar sua vacina reticências em pouco tempo reticências.
“O MUNDO ocidental há muito tempo perdeu o monopólio do poder que exerceu durante cinco séculos”: entrevista com Pascal Boniface. Revista í agá ú ônláine, 11 maio 2021. Disponível em: https://oeds.link/wxVQV2. Acesso em: 13 janeiro 2022.
2. No trecho de reportagem “O Ocidente contra-ataca: na estreia global de Báiden, a China foi o alvo” o termo “Ocidente” está sendo usado para se referir aos Estados Unidos e ao conjunto de países que apoiam o govêrno estadunidense. E no trecho de reportagem “‘O MUNDO ocidental há muito tempo perdeu o monopólio do poder que exerceu durante cinco séculos’: entrevista com Pascal Boniface” com qual sentido está sendo usado o termo “mundo ocidental”?
Ao se referir ao Ocidente e seus valores, os jornais utilizam um conceito complexo, que envolve referências geográficas, mas que diz respeito principalmente a um conjunto de países que têm em comum aspectos de sua história, cultura e fórma de pensar. sôbre esse assunto, leia o texto a seguir.
De fato, a civilização ocidental pode definir-se, numa primeira abordagem, pelo Estado de direito, a democracia, as liberdades intelectuais, a racionalidade crítica, a ciência e uma economia de liberdade fundada na propriedade privada. Ora, nada disto é “natural”. Estes valores e estas instituições são o fruto de uma longa construção histórica.
NEMO, Filípe. O que é o Ocidente? São Paulo: Martins Fontes, 2005. página9.
- Com base nos textos lidos nesta seção, responda em seu caderno: qual é a relação entre a Antiguidade Clássica e o mundo ocidental?
- Que valores do mundo ocidental você destacaria como positivos? Em sua opinião, o que significaria no mundo de hoje não estar inserido no modêlo ocidental?
Glossário
- Gladiador
- Pessoa que lutava com outras pessoas ou animais, na Roma Antiga, em espetáculo público.
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- Retórica
- Arte de falar bem; conjunto de regras para produzir um bom discurso.
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- Corrupção política
- Uso do poder público para proveito, promoção ou prestígio particular ou em benefício de um grupo.
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- Basilessa
- Feminino de basileu, título dado ao imperador bizantino.
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- Idolatria
- Culto às imagens que representam materialmente uma divindade.
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