UNIDADEtrês SOCIEDADES ANTIGAS DO ORIENTE

Fotografia. Vista de um caminho feito de pedra sobre uma muralha,  também de pedra, que acompanha as curvas de uma região montanhosa, coberta de vegetação. A estrada corta a fotografia verticalmente a partir do centro. À direita e à esquerda,  o caminho é ladeado por uma estrutura contínua com recortes em formato quadrado. Ao fundo, as montanhas cortadas pela muralha estão cobertas de vegetação verde escura.
Muralha da China, extensa obra arquitetônica declarada Patrimônio Mundial da Humanidade pêla unêsco e uma das sete maravilhas do mundo. O início de sua construção data do século três antes de Cristo Fotografia de 2020.

Você estudará nesta Unidade:

Como se formaram as sociedades da Mesopotâmia e quais eram suas características

A organização social de outros povos que se estabeleceram no Oriente Médio: hebreus, fenícios e persas

As características da China e da Índia na Antiguidade

Respostas e comentários

Apresentação

Esta Unidade, intitulada “Sociedades antigas do Oriente”, relaciona-se às seguintes Unidades Temáticas da Bê êne cê cê do 6º ano: A invenção do mundo clássico e o contraponto com outras sociedades e Trabalho e fórmas de organização social e cultural.

Em consonância com a Competência Geral da Educação Básica número9, esta Unidade propicia ao estudante reconhecer e valorizar a diversidade de indivíduos e de grupos sociais.

Os conteúdos trabalhados nesta Unidade buscam contribuir para o desenvolvimento das seguintes Competências Específicas do Componente Curricular História: Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo (1), Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e proposições em relação a documentos, interpretações e contextos históricos específicos, recorrendo a diferentes linguagens e mídias, exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos, a cooperação e o respeito (3) e Identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e povos com relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários (4).

Fotografia. Sob um o céu azul com nuvens brancas, uma construção de cor amarelada cuja estrutura tem formato arredondado. Na base dessa estrutura, em forma de semicírculo, há um friso lateral que a contorna em toda a sua extensão. No entorno da construção, entre o chão e o friso, há um muro que contorna a estrutura, com diversas colunas dispostas na vertical e cilindros, entre as colunas, dispostos na horizontal, uns sobre os outros. À direita, há um pórtico alto, feito de pedra, com duas colunas que sustentam três traves, todas elas ricamente adornadas com figuras em alto relevo representando mulheres, exércitos e animais. Entre essas figuras, há dois elefantes no topo de cada coluna do pórtico. Em segundo plano à direita, vê-se alguma vegetação com folhas verdes.
Grande stchúpa de sentchi, monumento budista localizado no topo de uma colina em sentchi, na Índia. Construído no século três antes de Cristo, é considerado Patrimônio Mundial da Humanidade pêla unêsco. Fotografia de 2021.
Fotografia. Vista parcial de um muro de pedras de cor cinza com partes em bege claro. Sobre as pedras, há figuras em relevo. À esquerda,  marcada por uma linha inclinada no topo, há, abaixo da linha, uma figura com a forma de um leão, visto de costas, atacando as ancas de um animal quadrúpede, que se contorce. 
À direita, separada por uma linha vertical de pedra, há uma figura representando um homem de barba, em pé, voltado para a direita, segurando um bastão, que é mais alto que ele próprio. À esquerda dessa figura humana,  há uma outra, de uma pessoa de pé, vista apenas parcialmente.
Ruínas dos Palácios de Apadana e de Tachara, na antiga Persépolis, atual cidade de chirraz, no Irã. Também declaradas Patrimônio Mundial da Humanidade pêla unêsco, datam do século seisantes de Cristo Fotografia de 2021.

Como você já sabe, uma das periodizações mais utilizadas pelos estudiosos divide a História, a partir do surgimento da escrita, em quatro períodos: Idade Antiga, ou Antiguidade, Idade Medieval, ou Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.

A sociedade mesopotâmica, que se formou entre os rios Tigre e Eufrates, na região hoje chamada de Oriente Médio, é considerada uma das primeiras civilizações da Antiguidade. Nessa mesma região, muitos séculos depois, organizaram-se os povos hebreus, fenícios e persas.

Outras importantes sociedades antigas, a chinesa e a indiana, desenvolveram-se no continente asiático, mais ou menos ao mesmo tempo que se formava a Mesopotâmia.

O legado dessas culturas que começaram a florescer na Antiguidade ainda pode ser observado nos dias de hoje, nos costumes de diversos povos e em monumentos antigos que resistiram ao longo do tempo.

Nesta Unidade, estudaremos um pouco de cada uma dessas primeiras sociedades da Antiguidade, que deixaram vestígios materiais e importantes marcas culturais. O que você já sabe sôbre elas?

Respostas e comentários

Nesta Unidade

Esta Unidade apresenta estudos sôbre a região situada entre os rios Tigre e Eufrates, conhecida como Mesopotâmia (localizada na região hoje chamada de Oriente Médio). Nesse local, desenvolveu-se a agricultura, formaram-se as primeiras cidades e as primeiras fórmas de govêrno de que se tem notícia, foi inventado um sistema de registros escritos e tiveram início a produção de excedentes e as primeiras fórmas de comércio. Posteriormente, mais ou menos na mesma região, organizaram-se os povos hebreus, fenícios e persas.

Esta Unidade também mostra que, mais ou menos simultaneamente, os chineses e os indianos se estabeleceram às margens de importantes rios (o Amarelo, na China, e o Indo, na Índia, respectivamente) e passaram a cultivar as planícies férteis. Durante o terceiro milênio antes de Cristo, já existiam grandes cidades nessas regiões.

Objetos de conhecimento trabalhados na Unidade

Povos da Antiguidade na África (egípcios), no Oriente Médio (mesopotâmicos) e nas Américas (pré-colombianos).

Senhores e servos no mundo antigo e no medieval.

CAPÍTULO 6  A TERRA ENTRE RIOS

As primeiras civilizações conhecidas surgiram na região entre os rios Tigre e Eufrates. Esses dois rios nascem no território da atual Turquia, atravessam a Síria e o Iraque e deságuam no Golfo Pérsico. A região era chamada pelos gregos antigos de Mesopotâmia (que significa “terra entre rios”).

Os grupos humanos que se estabeleceram na região desenvolveram tecnologias para garantir o maior aproveitamento dos recursos hídricos que a natureza oferecia: construíram barragens e canais para represar e distribuir as águas para áreas mais sêcas e criaram sistemas de drenagem para os campos alagados. Desse modo, a agricultura e a criação de animais se desenvolveram na região, a população cresceu e, nas proximidades dos rios, surgiram as primeiras aldeias e cidades.

Por volta de 3000 antes de Cristo, havia várias cidades na Mesopotâmia. Elas eram independentes entre si, ou seja, cada uma delas tinha seu rei, seu palácio e suas leis. Por isso, elas são chamadas de cidades-Estado.

A LOCALIZAÇÃO DA Mesopotâmia

Mapa. A localização da Mesopotâmia. Mapa representando parte do continente asiático, com a Península Arábica no centro, entre o Mar Vermelho, a oeste, o Golfo de Áden e o Mar Arábico ao sul, e o Golfo Pérsico, a leste. A oeste da península, parte do continente africano, a leste dela, a região do Planalto do Irã, com o Mar Cáspio ao norte. A noroeste da península, o Mar Mediterrâneo e a região da Anatólia. Algumas áreas estão destacadas com cores diferentes. Em rosa, 'Mesopotâmia', no vale do Rio Eufrates e na porção sul do vale do Rio Tigre, o território se estende, no norte, desde o sudeste da região que hoje corresponde à Turquia e ao nordeste da atual Síria (atingindo o extremo leste do Mar Mediterrâneo);  até, no sul, a área central e sul do território que hoje corresponde ao Iraque, parte do leste do Irã (no litoral do Golfo Pérsico) e o norte do território que hoje corresponde ao Kwait (no norte do Golfo Pérsico). Em verde, 'Países atuais'. Destaque para a Arábia Saudita e o Kwait na Península Arábica, para o Iraque, a leste e a Jordânia, ao norte da Arábia Saudita. Ao norte da Jordânia, Israel, Líbano, Síria e Turquia (todos com litoral banhado pelo Mar Mediterrâneo). A leste da Turquia, a Armênia e o Azerbaijão, a oeste do Mar Cáspio; e ao sul do Azerbaijão, o Irã, a leste do Golfo Pérsico, banhado pelo Mar Cáspio e pelo Mar Arábico. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 330 quilômetros.

Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Fundação de Assistência ao Estudante. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página83.

Respostas e comentários

sôbre o Capítulo

As antigas civilizações estudadas neste Capítulo se desenvolveram no Oriente, nas margens de grandes rios. Por isso, também ficaram conhecidas como “civilizações fluviais”.

A capacidade de evidenciar processos históricos de longa duração deve ser incentivada entre os estudantes no estudo deste Capítulo e ao longo de toda a Unidade. Noções como a de mudança histórica, por exemplo, podem ser amplamente exploradas.

Você também pode traçar algumas relações entre passado e presente. Na época de desenvolvimento das civilizações estudadas neste Capítulo, por exemplo, a região entre os rios Tigre e Eufrates era muito fértil. Hoje em dia, a extensiva exploração dos recursos naturais do planeta, e dessa região em especial, produziu mudanças climáticas que fizeram de grande parte do Crescente Fértil um árido e inóspito deserto.

Habilidades trabalhadas ao longo deste Capítulo

ê éfe zero seis agá ih zero sete: Identificar aspectos e fórmas de registro das sociedades antigas na África, no Oriente Médio e nas Américas, distinguindo alguns significados presentes na cultura material e na tradição oral dessas sociedades.

ê éfe zero seis agá ih um sete: Diferenciar escravidão, servidão e trabalho livre no mundo antigo.

Observação

Os conteúdos desta página possibilitam um trabalho inicial com aspectos da habilidade ê éfe zero seis agá ih um sete.

Os sumérios

Não se sabe ao certo a origem dos sumérios nem quando eles migraram para a Mesopotâmia. O que é possível afirmar é que, por volta de 3000 antes de Cristo, esse povo já estava estabelecido no sul da região. Os sumérios foram os fundadores das mais antigas cidades mesopotâmicas. As principais eram quíchi, lagach, uruc e Eridu.

É provável que os sumérios tenham sido os primeiros a construir canais e outras obras para a utilização das águas dos rios. Também são atribuídas a eles invenções importantes para o desenvolvimento da agricultura, como o arado e a roda.

Os registros escritos mais antigos conhecidos até o momento foram encontrados em ruínas de um templo na cidade de uruc, onde hoje se encontra o Iraque, com data aproximada de 4000 antes de Cristo São sinais com aspecto de um prego de cabeça larga, lembrando uma cunhaglossário , gravados na argila. Por isso, a escrita suméria ficou conhecida como cuneiforme.

Inicialmente, a escrita suméria era utilizada apenas em atividades contábeis: registros de pagamentos e recebimentos, contrôle de estoques e circulação de produtos, arrecadação de impostos etcétera Com o passar do tempo, a escrita foi aprimorada e começou a ser usada também na elaboração de contratos, declarações reais, cartas e poemas.

Fotografia. Tabuleta em argila, na cor bege, com formato quadrado e vértices arredondados. A tabuleta está dividida em quatro colunas, cada uma com blocos retangulares sobre os quais símbolos foram inscritos. Esses símbolos têm formas variadas: linhas horizontais, verticais e diagonais de diversos tamanhos, formando figuras cujas extremidades, são, em geral, mais grossas, devido à pressão da cunha sobre a argila ainda mole.
Comunicado real em escrita cuneiforme. 2350 a.C. 6,7 × 6,2 × 2centímetros. Museu de Idlib, Síria. 

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Respostas e comentários

Orientações

Segundo estudiosos, a escrita suméria inicialmente era composta de marcas (ou fórmas) chamadas pictogramas; posteriormente, essas marcas tornaram-se mais simples e abstratas.

Os primeiros documentos, gravados em tabuletas de argila, eram registrados em sequências verticais de escrita. O uso de linhas tornou-se bastante comum e, com o tempo, os escribas passaram a registrar as informações em sequências horizontais.

As tabuletas de argila contendo as inscrições eram, geralmente, cozidas em fornos para que o registro se tornasse permanente. É interessante notar que muitas das tabuletas encontradas por pesquisadores, arqueólogos e demais estudiosos estavam bem preservadas justamente porque foram “cozidas”, inclusive durante incêndios causados por ataques de povos e exércitos inimigos.

A escrita suméria foi usada de fórma intensa na Mesopotâmia durante aproximadamente 3 mil anos. Esse tipo de escrita foi adotado por muitos outros povos, como hititas, assírios, acadianos e babilônicos.

O processo de decifração dessa escrita deve-se ao soldado, cônsul e orientalista britânico renri rróulinsân, que encontrou a chamada rocha de berristun (ou inscrição de berristun) no território que hoje compreende o Irã. Segundo especialistas, havia, na rocha, o mesmo texto gravado em três línguas: persa antigo, elamítico e acádio. Com base na comparação entre os registros escritos, pôde “decifrar” que o texto da rocha é uma declaração de Dario primeiro, governante da Pérsia.

Observação

Conhecer aspectos da escrita suméria possibilita que a habilidade ê éfe zero seis agá ih zero sete seja contemplada, uma vez que o estudante é incentivado a conhecer e a identificar uma das fórmas de registro das sociedades antigas no Oriente Médio.

Ícone. Sugestão de site.

Sugestão para o professor:

, Gabriel A origem da escrita na Mesopotâmia como problema interdisciplinar. Revista téu, Irati, volume11, número1, página 26-50, janeiro até junho 2020. Disponível em: https://oeds.link/VJTHzb. Acesso em: 14 abril 2022.

Artigo acerca da origem da escrita e da descoberta dos tabletes cuneiformes da perspectiva da Linguística, da História e da Antropologia.

Ícone. Ilustração de uma lupa sobre uma folha de papel amarelada com a ponta superior direita dobrada, indicando a seção Documento.

Documento

O Estandarte de Ur

Uma das peças mais importantes para o estudo da sociedade suméria é um objeto conhecido como Estandarte de Ur. A peça, produzida entre 2600 antes de Cristo e 2400 antes de Cristo, foi encontrada na década de 1920 em um túmulo da antiga cidade de Ur, no atual Iraque.

A obra é composta de dois pequenos painéis ricamente trabalhados com calcário, conchas, betume e pedras de lápis-lazúli. Eles são conhecidos como “Guerra” e “Paz”. Observe as duas imagens a seguir e descubra por quê.

Fotografia. A imagem retrata uma das faces do estandarte de Ur, feito de pedra. Sobre um fundo escuro, envolto por uma moldura, há três linhas horizontais, com frisos com losangos azuis e vermelhos separando-as. Cada uma das linhas tem figuras humanas em fila. O fundo do painel é azul e as pessoas foram representadas em bege. 
Na linha superior, as figuras representam pessoas e todas elas usam saiotes. A maior parte delas é calva. Apenas uma delas, na extrema direita, tem cabelos, que são longos. Há pessoas sentadas e em pé. As que estão em pé são representadas em tamanho menor e servem as que estão sentadas. As figuras sentadas seguram cálices em suas mãos. 
Todas as figuras sentadas estão voltadas para a esquerda, de frente para uma figura também sentada, representada em tamanho maior. No canto superior direito, uma figura em pé segura uma lira nas mãos.
Na linha central, há doze figuras calvas vestindo saiotes, que caminham para o lado direito, guiando animais, como bois e carneiros. 
Na linha inferior, as figuras calvas e com saiotes carregam sacos e feixes nas costas, e também levam animais, caminhando para o lado direito.
Fotografia. A imagem retrata a outra face do estandarte de Ur, feito de pedra. Sobre um fundo escuro, envolto por uma moldura, há três linhas horizontais, com frisos com losangos azuis e vermelhos separando-as. Cada uma das linhas tem figuras humanas em fila. O fundo do painel é azul e as pessoas foram representadas em bege. 
Na linha superior, no centro, há uma figura vestindo uma túnica longa. Ela é representada em tamanho maior que as demais e segura uma espécie de tocha em suas mãos. À esquerda dela, três pessoas seguram lanças com uma das mãos e machados com a outra mão. À esquerda desse grupo, há uma figura   menor, que está à frente de um carro puxado por cavalos conduzido por um homem que usa uma touca e um saiote, no canto superior esquerdo do estandarte. 
No canto direito, caminhando para a esquerda, na direção da figura central, há uma fila de pessoas acorrentadas, algumas também estão vendadas. Elas estão vestidas com túnicas curtas esfarrapadas. 
Na linha central, à esquerda, há uma fila de soldados voltados para a direita, com mantos sobre os ombros, elmos sobre a cabeça e armas curtas nas mãos; na parte direita dessa linha, há pessoas caídas diante de soldados. Algumas das pessoas à direita estão quase nuas, todas estão desarmadas.
Na linha inferior, há uma fila de carros de combate vermelhos puxados por cavalos e conduzidos por soldados com elmos sobre a cabeça, alguns portando lanças. No centro dessa linha, há pessoas caídas no chão na frente dos carros.
Estandarte de Ur. c. 2600antes de Cristo-2400 antes de Cristo Painéis em calcário, conchas, betume e lápis–lazúli, 21 por 49 centímetros. Museu Britânico, Londres, Inglaterra.
  1. Observe as imagens e responda.
    1. Qual dos dois painéis corresponderia à “Guerra”? Justifique com base nos elementos da imagem.
    2. Descreva o que está representado no painel conhecido como “Paz”.
    3. Que informações sôbre a sociedade suméria essa fonte pode nos oferecer?
  2. Na sua opinião, que monumento, construção ou obra de arte poderia representar a sociedade brasileira atual? Apresente e defenda sua escolha para os colegas e ouça a deles.
Respostas e comentários

Respostas

1. a) A imagem inferior do painel é a que corresponde à guerra. Analisando-a de cima para baixo, verificamos na primeira fileira uma figura central representada com maior estatura que as demais. Trata-se do rei de Ur. Atrás dele estão uma comitiva de oficiais e um veículo com carga puxado por animais. Prisioneiros nus são conduzidos por soldados até a presença do rei. Na faixa central, do lado esquerdo, verificam-se soldados utilizando elmos (um tipo de capacete), capas e uma espécie de arma curta, provavelmente, espadas. No centro dessa faixa, um inimigo é degolado e outros prisioneiros são levados por soldados. Na última linha, estão representados veículos de combate com soldados e lanças.

b) Na primeira faixa do painel da paz, o rei, a figura maior com traje mais elaborado, está em seu trono diante de seis figuras sentadas, provavelmente nobres, sacerdotes, membros da classe dominante. Segurando taças, eles estão sendo servidos por figuras menores que estão em pé (servos ou escravos). Na extrema direita dessa faixa, um músico tocando lira está acompanhado por uma cantora. A cena então sugere um banquete da côrte. Nas outras duas fileiras aparecem pessoas conduzindo diferentes animais, carregando produtos em sacos. Não se pode afirmar se são suprimentos para o palácio ou oferendas para o rei.

c) Os elementos da peça deixam claro que a sociedade sumeriana era composta de grupos sociais distintos, com funções específicas: rei, nobres, soldados, músicos, pessoas que produziam diversos tipos de produto e escravos. Ou seja, trata-se de uma sociedade hierarquizada. Os elementos representados nas peças evidenciam que os sumérios utilizavam a roda (representada nos veículos), conheciam a metalurgia (espadas e lanças), criavam animais e guerreavam com outros povos.

2. Resposta pessoal. Se julgar conveniente, medeie as apresentações dos estudantes.

Esta seção possibilita o trabalho com a prática de pesquisa análise documental.

Observação

É importante notar que a análise do estandarte de Ur constitui um modo de garantir que a habilidade ê éfe zero seis agá ih zero sete seja, mais uma vez, contemplada.

Os impérios da Mesopotâmia

As diversas cidades mesopotâmicas estabeleciam entre si trocas comerciais, acordos políticos e alianças temporárias. Mas, à medida que cresceram economicamente, surgiram disputas por terras e rótas comerciais entre elas. Desse modo, as guerras de conquista tornaram-se mais frequentes. E, assim, surgiram grandes impérios na região.

Impérios

Você sabe o que é um império? No contexto que estamos estudando, é um território extenso (nem sempre contínuo) que abriga um conjunto de povos, os quais podem ser culturalmente diferentes, mas têm como governante um mesmo rei ou imperador.

Império Acádio

Por volta de 2350 antes de Cristo, formou-se um império no centro-sul da Mesopotâmia conhecido como Império Acádio. Ele dominou a região até cêrca de 2150 antes de Cristo Os acádios adotaram a escrita cuneiforme e incorporaram muitas práticas sumérias, desenvolvendo a chamada cultura sumério-acadiana. Aprimorando estudos astronômicos, os acádios desenvolveram um calendário lunar de doze meses. Cada mês era dividido em semanas de sete dias. Essa fórma de organizar o tempo parece familiar a você?

Império Babilônico

Por volta de 1900 antes de Cristo, a cidade da Babilônia tornou-se séde de um grande império: o Primeiro Império Babilônico. Seu maior desenvolvimento ocorreu durante o govêrno de Hamurábi (1792 antes de Cristo-1750 antes de Cristo). Esse rei babilônico conquistou vários territórios e unificou quase toda a Mesopotâmia. Em seu govêrno, organizou-se o conjunto de leis mais completo da Antiguidade que se conhece: o Código de Hamurábi. As leis desse código estabeleciam regras para a vida em família, as relações no trabalho, as trocas comerciais, os crimes de roubo, entre outras situações.

Após a morte de Hamurábi, seus sucessores tiveram dificuldade em manter a unidade do império. No início do século dezesseis antes de Cristo, a Babilônia, capital do império, foi conquistada por povos vindos da Ásia Menor.

Fotografia. Uma pedra vertical com o topo arredondado, na cor cinza. Apresenta, na parte superior, duas figuras humanas em relevo. 
À esquerda, uma figura humana em pé, barbada, de vestes longas até os pés, com um chapéu redondo sobre a cabeça, um braço cruzado à frente do corpo, outro flexionado, com o cotovelo apoiado. 
À direita, uma figura sentada em uma espécie de trono sem encosto, com quadrados em relevo decorativos. Essa figura também tem longas barbas e está vestida com roupas longas. Usa um chapéu em formato de espiral sobre a cabeça e estende o braço esquerdo em direção ao homem à frente dela, à direita, segurando nas mãos uma espécie de cetro. 
Abaixo do relevo, diversas inscrições ilegíveis na reprodução.
Estela do Código de Hamurábi. cêrca de 1750 antes de Cristo Basalto preto gravado. Altura: 2,25 métros. Museu do Louvre, Paris, França. Na parte superior, Hamurábi foi representado recebendo o poder de chamách, o deus Sol, divindade da justiça. Pode-se observar o texto, em escrita cuneiforme, na parte inferior.
Respostas e comentários

Orientações

A Estela do Código de Hamurábi foi encontrada em Susa, antiga cidade que fez parte do Império Babilônico, por volta de 1901. Em Susa também foram descobertos restos de um segundo exemplar de uma estela, o que, para alguns estudiosos, leva a crer que o código possa ter sido reproduzido em um ou mais monumentos. O soberano Hamurábi foi representado ante o deus chamách, com as mãos postas em posição de oração. O deus chamách foi representado sentado num trono, que tem o formato da porta de um templo. É importante destacar aos estudantes que essa cena pode simbolizar a origem divina do código.

Atividades complementares

Se houver disponibilidade de tempo, apresente o texto a seguir aos estudantes e conduza as atividades propostas.

A escrita foi inventada no Oriente Próximo antigo com o intuito de registrar as atividades comerciais. Com o crescimento das economias centralizadas, os funcionários dos palácios e templos sentiram a necessidade de manter o contrôle das quantidades de cereal e das cabeças de carneiro e gado que entravam nos celeiros e fazendas, ou que saíam deles. Era impossível depender da memória de um homem para cada item; assim, tornou-se necessário um novo método que mantivesse registros confiáveis.

ruquer, J. T. êti áli. Lendo o passado: do cuneiforme ao alfabeto: a história da escrita antiga. São Paulo: êduspi; Melhoramentos, 1996. página21.

1. Que atividades motivaram a invenção da escrita?

As atividades comerciais.

2. Que limitação humana tornou necessário o desenvolvimento da escrita?

A limitação da memória, incapaz de manter o todas as transações comerciais.

3. Que vantagem a invenção da escrita trouxe às atividades mencionadas no texto?

A escrita constituiu um novo método para manter registros confiáveis nas atividades comerciais.

Observação

Os conteúdos desta página favorecem o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero sete e possibilitam um trabalho com aspectos da habilidade ê éfe zero seis agá ih um sete.

Império Assírio

Enquanto o Império Babilônico se fragmentava, outro império se fortalecia no norte da Mesopotâmia: o Império Assírio.

Partindo da cidade-Estado de Assur, onde viviam, os assírios começaram a expandir seus domínios por toda a Mesopotâmia. No século nove antes de Cristo, esses domínios se estendiam do Egito ao Golfo Pérsico. A enorme extensão do império tornou-se um problema para os reis assírios, pois eles não conseguiam controlar as revoltas, que explodiam em todas as regiões. No final do século sete as cidades assírias foram conquistadas pelos novos babilônios.

O novo Império Babilônico

Os caldeus, povo de origem semitaglossário , habitavam a região da Caldeia, no sul da Mesopotâmia. Eles lideraram a libertação da Babilônia do domínio assírio e assumiram o govêrno da cidade. No século seteantes de Cristo, os caldeus dominaram toda a Mesopotâmia. Nascia o Império Caldeu, também conhecido como Segundo Império Babilônico.

O rei de maior destaque desse período foi Nabucodonosor segundo. Durante seu reinado, o novo Império Babilônico atingiu sua máxima extensão e a cidade da Babilônia tornou-se um importante centro comercial, por onde passavam caravanas de mercadores que se dirigiam ao Oriente.

Povos da Mesopotâmia (séculos trinta a.-seis .)

Mapa. Povos da Mesopotâmia. Séculos trinta antes de Cristo a seis antes de Cristo. Mapa representando a região da Mesopotâmia, entre o Mar Mediterrâneo e o Golfo Pérsico, parte do Egito, no leste da África, parte da Ásia Menor, parte do Planalto do Irã, parte do Deserto da Arábia, a Palestina e a Fenícia. No centro do mapa, o vale dos rios Tigre e Eufrates. Há áreas destacadas em diferentes cores representando a ocupação do território. Há também regiões e cidades indicadas por texto. Em laranja 'Civilização suméria', compreendendo um território que se estende pelo sudeste da Mesopotâmia, na parte sul dos rios Tigre e Eufrates, até o norte do Golfo Pérsico. Destaque para as cidades da Babilônia, Kish, Nipur, Uruk, Lagash, Larsa, Ur e Eridu. Em verde 'Extensão máxima do Primeiro Império Babilônico', compreendendo um território que se estende pela área em laranja, da civilização suméria, incluindo suas principais cidades, e expandindo-se para o centro e o norte dos territórios no curso dos rios Tigre e Eufrates, ocupando as regiões de Acad e da Assíria. Destaque para as cidade de Nínive e Assur, às marges do Rio Tigre, e Mari,  às marges do Rio Eufrates. Em amarelo 'Extensão máxima do Império Acádio', compreendendo um território que se estende pela área em verde, do Primeiro Império Babilônico e suas principais cidades, e expandindo-se por territórios ainda mais ao norte dos vales dos rios Tigre e Eufrates, atingindo  a Anatólia (ou Ásia Menor), e a oeste a Caldeia; e a leste, a Pérsia. Destaque para as cidade de Susa, próxima ao Planalto do Irã e para a cidade de Alepo. Linhas duplas de cor marrom indicam a 'Extensão máxima do Império Assírio (século nove antes de Cristo)' compreendendo um território que englobou a maior parte da área do Império Acádio (exceto pelos territórios da Pérsia e aqueles ao norte, a sudeste e ao sul dos rios Tigres e Eufrates). Expandindo-se pelas regiões da Fenícia, Palestina e Egito. Destaque para as cidades de Damasco, Jerusalém, Tiro e Mênfis. Linhas duplas de cor verde indicam a 'Extensão máxima do Segundo Império Babilônico (Caldeu)', compreendendo um território menor que o do Império Assírio, restrito aos vales dos rios Tigre e Eufrates, a Fenícia e a Palestina. No canto direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 195 quilômetros.

Elaborado com base em dados obtidos em: . Atlas histórico: da Pré-História aos nossos dias. Lisboa: Círculo de Leitores, 1990. página 9; VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: Geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. página 34.

Ícone. Sugestão de livro.

REDE, Marcelo.

A Mesopotâmia. segunda edição São Paulo: Saraiva, 2014. O livro apresenta um panorama sôbre os povos da Mesopotâmia. Com base em documentos e em pesquisas arqueológicas, o autor aborda os hábitos cotidianos, a organização econômica e política e a produção cultural desses povos.

Respostas e comentários

Orientações

Segundo estudiosos, os assírios formaram um dos mais bem organizados e poderosos exércitos vistos até então. Armas de ferro, carros de combate puxados por cavalos e uma ordenada cavalaria estavam entre as principais características desse exército.

Era com um exército poderoso que se mantinha o contrôle das áreas conquistadas. Tanto os guerreiros assírios como os sacerdotes daquele povo tinham muitos privilégios, como o não pagamento de tributos e o direito à propriedade de terra.

Na abordagem do chamado novo Império Babilônico, destaca-se o longo reinado de Nabucodonosor, com duração de 43 anos. Esse governante adornou a cidade da Babilônia com aquedutos, canais e reservatórios, restabelecendo o sistema de irrigação. Restaurou uma série de templos e mandou construir linhas de muralhas em torno da cidade. Uma grande quantidade de tijolos das ruínas da Babilônia tem o nome de Nabucodonosor primeiroI.Ele também expandiu seu império, conquistando parte de territórios da Síria, da Fenícia e da Palestina.

ícone. sugestão de livro

Sugestão para o estudante:

CARREIRA, José Nunes. Mitos e lendas hititas. Lisboa: Colibri, 2010.

A obra aborda a presença do mito na história da humanidade, em especial no povo hitita no Oriente Antigo.

Observação

Os conteúdos desta página possibilitam um trabalho com aspectos da habilidade ê éfe zero seis agá ih um sete.

O novo Império Babilônico teve curta duração. Com a morte de Nabucodonosor, seguiu-se uma disputa pelo trono entre seus sucessores que enfraqueceu o império. Em 539 antes de Cristovírgula a cidade da Babilônia foi conquistada pelos persas.

A vida na Mesopotâmia

A base da economia mesopotâmica era a agricultura. Os principais produtos cultivados eram linho, lentilha, trigo, gergelim e cevada. Em pequenas áreas, entre os grandes campos cultivados, os camponeses produziam legumes e hortaliças.

A água necessária para irrigar as plantações era captada dos rios Tigre e Eufrates, que também possibilitavam a pesca e a criação de animais. Os mesopotâmicos criavam ovelhas para a produção de lã; cabras e vacas para a obtenção do leite e de seus derivados; mulas e bois para o transporte e a tração dos arados nos campos.

A grande quantidade de rios na Mesopotâmia e em suas proximidades facilitava o deslocamento das pessoas de algumas regiões para outras. Essa condição natural favoreceu as trocas culturais entre os diferentes povos e o desenvolvimento de muitos costumes comuns. Além disso, os rios tinham grande importância para o comércio, pois eram utilizados como vias de circulação para grande parte das mercadorias.

Os povos da Mesopotâmia adquiriam de outras regiões produtos como madeira, metais e pedras preciosas, fornecendo, inicialmente, artigos agrícolas e objetos artesanais. Com o crescimento das cidades e o aumento das atividades comerciais, os mercadores mesopotâmicos passaram a utilizar peças de metal como pagamento.

Origem dos produtos adquiridos pelos mesopotâmicos (século sete )

Mapa. Origem dos produtos adquiridos pelos mesopotâmicos. Século sete antes de Cristo. Mapa representando, no centro, a região da Mesopotâmia (com destaque para os rios Tigre e Eufrates); além de parte do Egito, no leste da África (com destaque para o rio Nilo); a Ásia Menor, ao sul do Mar Negro; a Pérsia e o vale do Indo (com destaque para o Rio Indo), e parte da Arábia. Ícones representam a origem de diferentes produtos. O ícone de um minério de cor marrom representa: cobre. Produto encontrado na região da Grécia, do Egito, do Chipre, da Ásia Menor, ao sul do Mar Cáspio, de Elam, da Pérsia, do sul do vale do rio Indo e do extremo leste da Arábia. O ícone de uma pedra de cor esverdeada representa: estanho. Produto encontrado na região da Ásia Menor, da Pérsia e ao sul do Mar Cáspio. O ícone com barras de cor prata representa: prata. Produto encontrado na região da ilha de Creta e na Ásia Menor. O ícone com barras de cor dourada representa: ouro. Produto encontrado no sul da Anatólia e no norte do vale do Rio Indo. O ícone de uma pedra de cor azul representa: lápis-lazúli. Produto encontrado no norte do vale do Rio Indo. O ícone de uma pedra de cor vermelha representa: cornalina. Produto encontrado na região da Pérsia e do vale do Rio Indo. O ícone de uma pedra de cor azul esverdeada representa: turquesa. Produto encontrado na região da Península do Sinai e na região que hoje corresponde ao Uzbequistão. O ícone de uma pedra de cor bege representa: esteatita. Produto encontrada na região a leste de Elam, que hoje corresponde ao Paquistão. O ícone de uma pedra em forma de gota e de cor marrom representa: sílex. Produto encontrado na região do Egito. O ícone de uma pedra de formato cúbico na cor cinza representa: granito. Produto encontrado na região do vale do Rio Nilo, no Egito. O ícone de um tronco representa: madeira. Produto encontrada na região da Fenícia. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 310 quilômetros.

Fonte: REDE, Marcelo. A Mesopotâmia. São Paulo: Saraiva, 1997. página20.

Respostas e comentários

Atividade complementar

É possível propor uma atividade de comparação entre aspectos do cotidiano dos povos da antiga Mesopotâmia e do cotidiano na atualidade. Compartilhe com os estudantes o texto a seguir, sôbre utensílios e costumes presentes em um banquete. Depois, peça a eles que identifiquem os costumes da Mesopotâmia semelhantes aos costumes dos nossos dias e os que mais se diferenciam.

Além de pratos, copos e jarros, sabe-se que colhéres, de madeira ou metal, e facas eram utilizadas nas refeições. Além destes, o canudo usado para aspirar as cervejas mais espessas e os guardanapos, que eram colocados sôbre o colo para evitar que os alimentos pudessem sujar as roupas, eram trocados toda vez que fossem maculados. No decorrer do banquete era realizado um brinde que anunciava uma espécie de duelo, que poderia ser uma disputa de oratória ou um enfrentamento armado, cujo encerramento era, em princípio, pacífico.

Os textos administrativos mostram que os banquetes continham, além dos alimentos, algumas distrações: lutadores, saltimbancos e músicos participavam das festividades.

pózer, Katia Maria Paim. Uma história da festa: culinária e música na Mesopotâmia Antiga. Textura, Canoas, volume 7, número 11, página47-55, 2005. Disponível em: https://oeds.link/OO8AVH. Acesso em: 15 fevereiro2022.

Observação

Os conteúdos desta página possibilitam trabalhar aspectos da habilidade ê éfe zero seis agá ih um sete.

A vida nas aldeias

As grandes cidades-Estado mesopotâmicas eram circundadas por várias aldeias rurais. No campo, as pessoas se dedicavam à agricultura, à criação de gado e ao pequeno artesanato.

Os mais pobres, que não tinham terra, prestavam serviços diversos como vaqueiros, carroceiros e pastores para as famílias com posses em períodos de muito trabalho, principalmente nas épocas de plantio e de colheita, em troca de pagamento. Em certas áreas da Mesopotâmia, algumas famílias concentraram terras e formaram grandes propriedades ocupadas com pomares e rebanhos. Essas famílias proprietárias conquistaram riqueza e destaque social.

Parte do que era produzido nos campos da Mesopotâmia destinava-se ao pagamento de impostos aos palácios e templos. Outra parte era negociada entre famílias de diferentes aldeias e também com as cidades. As intensas trocas permitiam o consumo de grande diversidade de produtos.

Relevo. Sobre um fundo de pedra de cor marrom, figuras entalhadas em relevo.  Na parte inferior, há um rio, com peixes e pessoas nadando. Acima, nas margens do rio, cinco pessoas trabalham em uma plantação, com plantas altas enfileiradas. Algumas pessoas estão em pé, outras agachadas.
Representação assíria de trabalho agrícola nas margens de um rio.cêrca de 645 antes de Cristorelêvo (detalhe). Museu Britânico, Londres, Inglaterra. Especialmente ao longo do século dezenove, diversos achados arqueológicos da África e da Ásia foram retirados dos locais de origem pêlas potências europeias da época, e constituem, até hoje, parte do acervo de importantes museus daqueles países.

Escravos e livres

A população da Mesopotâmia estava dividida em dois grandes grupos sociais: o dos escravos e o das pessoas livres.

A população livre era maioria nas sociedades mesopotâmicas. Mas, entre as pessoas livres, havia grandes distinções sociais, que dependiam da origem familiar, do ofício que exerciam e do local em que viviam. Como acontece hoje, havia ofícios relacionados ao meio rural e ofícios próprios do meio urbano.

Os escravos constituíam uma minoria. Eram prisioneiros de guerra ou pessoas livres que haviam se vendido ou sido vendidas por suas famílias para os mercadores de escravos. A maior parte das pessoas escravizadas vivia no meio urbano e a economia não dependia diretamente dessa mão de obra.

Respostas e comentários

Orientações

Neste momento, procuramos contemplar principalmente aspectos relacionados ao objeto de conhecimento Senhores e servos no mundo antigo e medieval. É importante ressaltar que o termo “escravo” foi utilizado, nesta Coleção, no contexto da escravidão na Antiguidade, designando os integrantes de um segmento social presente em diversas civilizações. No contexto da escravidão na Era Moderna, utilizamos o termo “escravizado”, conforme abordagem historiográfica recente.

Observação

Os conteúdos desta página possibilitam trabalhar a habilidade ê éfe zero seis agá ih um sete.

ícone. sugestão de livro

Sugestões complementares referentes ao Capítulo:

leiqui guendolin . Mesopotâmia: a invenção da cidade. Rio de Janeiro: Imago, 2003.

A obra trata do processo de formação e de organização de cidades na Mesopotâmia, abordando aspectos do pastoreio e da agricultura.

mêlla, Federico A. arbório. Dos sumérios a Babel: a Mesopotâmia. Curitiba: Hemus, 2004.

O livro traz investigações sôbre o desenvolvimento da civilização mesopotâmica, destacando os impérios, a cultura, a arte do período, entre outros temas.

A vida nas cidades

Nos centros urbanos, as tarefas de controlar a arrecadação de impostos, coordenar a construção de obras de irrigação, organizar exércitos e abastecer os templos e palácios exigiam uma grande variedade de profissionais, como artesãos, ferreiros, escribas, médicos e soldados. Diversos tipos de ocupação também eram exercidos pêlas mulheres.

Nas cidades, pessoas que desempenhavam diferentes ofícios dividiam o mesmo espaço, como mostra o texto a seguir:

A população das cidades distribuía-se pelo palácio real, pelos templos e pelos bairros. Na verdade, nenhum desses lugares era exclusivamente residencial, pois os imóveis serviam para várias atividades ao mesmo tempo. A moradia do rei era também o centro da administração política e continha armazéns e oficinas em seu interior. O mesmo ocorria com os templos que, além de locais de culto, serviam igualmente a inúmeras atividades econômicas. Nas casas que formavam os quarteirões, misturavam-se moradias, oficinas de artesanato, armazéns, locais de comércio e currais, muitas vezes num único prédio.

REDE, Marcelo. A Mesopotâmia. São Paulo: Saraiva, 1997. página 19.

O crescimento das trocas mercantis com povos vizinhos levou ao enriquecimento dos comerciantes e fez surgir também homens de negócios que emprestavam dinheiro a juros, uma espécie de ancestral dos banqueiros contemporâneos.

Fotografia. Miniatura de uma casa, feita de argila da cor bege. A casa é formada por um retângulo, na base, e, sobre essa base, há um quadrado,  à esquerda, compondo mais um andar.  A direita, à construção tem apenas um andar. As janelas são retangulares e estreitas, e o teto é  plano, sem telhas.
Miniatura de uma casa. cêrca de 2900 antes de Cristo-2200 antes de Cristo Escultura em terracota, 42 por 54 por 27 centímetros. Peça sumério­‑acadiana encontrada na Síria. Museu Nacional de Alepo, Síria.
Fotografia. Sob um céu azul sem nuvens, um pórtico alto, retangular,  com paredes azuis, uma entrada em formato de arco, ladeada por duas torres altas. Sobre o fundo azul, contornos das estruturas, como os retângulos que formam a torre,  decoram as paredes, há também figuras de animais quadrúpedes em alto relevo, na cor amarela em tons claros e escuros. Ao redor do pórtico, vegetação verde.
Réplica da Porta de ixitár, que ficava ao norte da Babilônia, no atual Iraque, em fotografia recente. No Museu Pergamon, em Berlim, na Alemanha, está a reconstrução da porta que foi construída por enviados do govêrno prussiano, no século dezenove.
Ícone. Sugestão de livro.

RIOS, Rosana. A história de gilgaméch, rei de uruc. São Paulo: ésse eme, 2007.Este livro traz uma versão da chamada Epopeia de gilgaméch, obra de literatura da antiga Mesopotâmia compilada no séculoseteantes de Cristo

Respostas e comentários

Orientações

No universo mítico dos povos do Oriente antigo, enchentes dos rios, boas colheitas, peixes e mel em abundância e todo tipo de recurso que a natureza poderia oferecer eram dádivas dos deuses e expressavam o seu contentamento com a comunidade. Por isso a importância de uma prece dirigida à deusa da fertilidade, ixitár, uma vez que, prestando-lhe culto e homenagem, ela retribuiria à população com alimentos em fartura.

Atividade complementar

Ao examinar com os estudantes a fotografia que mostra uma réplica da Porta de ixitár, você pode comentar que a original foi construída em homenagem a ixitár, a deusa da fertilidade para os povos da Mesopotâmia.

Você também pode apresentar o trecho de uma prece a ixitár, produzida pelos antigos mesopotâmios, e pedir aos estudantes que estabeleçam uma relação entre essa prece e a importância dos rios para esses povos. A oração revela a visão de encantamento e divinização da natureza na Mesopotâmia. Ressalte que se trata de um documento histórico que foi produzido há milhares de anos.

Que, no rio, haja água de sobra,

Que no campo possa haver uma segunda colheita,

Que no pântano haja peixes e os pássaros façam muito ruído reticências

Que nas florestas os cervos e as cabras selvagens se multipliquem,

Que o jardim irrigado produza mel e vinho,

Que nos sulcos as alfaces e verduras cresçam altas,

Que no palácio haja longa vida,

Que ao Tigre e ao Eufrates água da cheia seja trazida,

Que em suas margens a erva cresça alta, e possam os prados ser cobertos

CARDOSO, Ciro Flamarion. Antiguidade oriental: política e religião. São Paulo: Contexto, 1990.página 37.

Observação

Os conteúdos desta página favorecem o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um sete.

Uma religião com muitos deuses

Os mesopotâmicos eram politeístas, ou seja, cultuavam vários deuses. Como a água dos rios era essencial para os povos da Mesopotâmia, um dos deuses mais cultuados era Enki, deus da água doce e fresca onde acreditavam que a terra flutuava. Ele era considerado também o deus da sabedoria.

Para os povos da Mesopotâmia, os deuses eram semelhantes aos seres humanos, com a diferença de que eram poderosos e imortais. Eles se casavam, tinham filhos, ficavam tristes ou alegres e podiam ser cruéis, invejosos ou caridosos.

Os templos representavam a moradia dos deuses na Terra. Geralmente eram construídos sôbre uma tôrre de escadas chamada zigurate (“prédio alto”). Os zigurates ficavam em posição destacada na cidade para que todos os habitantes, inclusive os agricultores das aldeias ao redor, pudessem contemplá-los.

Dirigidos por um grão-sacerdote, os templos eram locais de culto e demais cerimônias religiosas. No interior deles, os sacerdotes dirigiam rituais de sacrifício de animais, práticas mágicas e oferendas aos deuses.

Na Mesopotâmia, religião, política e ciência estavam intimamente ligadas. Por isso, os templos também eram centros de pesquisa e ensino, nos quais a escrita e a astronomia tiveram um grande desenvolvimento. Os sacerdotes, além de suas atividades religiosas e administrativas, eram encarregados de transmitir as tradições de seus povos, formulando e copiando escritos de mitos, hinos, poesias e muitos outros.

Fotografia. Vista de um local aberto com solo arenoso, sob um céu nublado, de cor branca. No centro, uma construção retangular, cor de areia, com uma duas rampas de acesso em cor bege.
Zigurate restaurado da antiga cidade suméria de Ur, no atual Iraque. Fotografia de 2021.
Respostas e comentários

Atividade complementar

Em 2003, uma guerra conduzida pelos Estados Unidos e pêla Grã-Bretanha levou à deposição do govêrno iraquiano e à ocupação do país pêlas tropas estrangeiras. A guerra também se caracterizou pelo saque de milhares de peças de valor histórico e arqueológico, dando continuidade à pilhagem histórica que se repete ciclicamente no que foi antigamente a Mesopotâmia. Recentemente, as ações do grupo extremista Estado Islâmico, que controlou o norte do Iraque e parte do território sírio, destruíram objetos da cultura assíria.

Peça aos estudantes que façam um levantamento  nos jornais e na internet  dos museus, das bibliotecas e dos sítios arqueológicos iraquianos atingidos desde 2003, listando os principais documentos antigos danificados no conflito. Com base nas informações levantadas, eles devem fazer um relatório conclusivo da pesquisa. A pesquisa proposta nesta atividade complementar incentiva o trabalho com práticas de pesquisa como revisão bibliográfica, análise documental, observação, tomada de nota e construção de relatórios.

Ícone. Sugestão de site.

Sugestão para o estudante:

ALÔ Ciência?: A importância dos museus. Entrevistadores: Caramelo e Marx. Entrevistada: Marta Marandino. São Paulo: Alô Ciência, 29 abril. 2020. Podcast. Disponível em: https://oeds.link/MyMwV4. Acesso em: 14 abril 2022.

Episódio sôbre a origem dos museus e sua importância para a educação e a ciência.

Observação

Os conteúdos desta página possibilitam um trabalho com aspectos das habilidades ê éfe zero seis agá ih zero sete e ê éfe zero seis agá ih um sete.

Texto complementar

O texto a seguir contém informações interessantes sôbre os zigurates.

Desenhadas como reproduções miniaturizadas do arranjo do universo, essas montanhas sagradas estavam orientadas para as quatro direções cardeais. O nome dado a elas, zigurati, significava “pico dos deuses”. Estima-se que os zigurates escavados nas cidades mesopotâmicas de Ur, Uruk e Babilônia mediam trezentos pés da base até o ápice. reticências A estrutura compreendia sete estágios, representando cada um deles os atributos de um dos planetas

, naigél. Geometria sagrada: simbolismo e intenção nas estruturas religiosas. São Paulo: Pensamento, 1980.página 52-53.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. Explique por que os rios tinham grande importância para a economia da Mesopotâmia.

2. Leia o trecho do Código de Hamurábi a seguir e responda às questões em seu caderno.

Quando Marmaduk me instituiu governador dos homens para os conduzir e dirigir, estabeleci a lei e a justiça sôbre a terra, para o bem do povo. reticências

Se um homem cegou o olho de um homem livre, o seu próprio ôlho será cego.

Se um homem cegou o ôlho de um plebeu, ou quebrou-lhe o osso, pagará uma mina de prata.

Se cegou o ôlho de um escravo, ou quebrou-lhe um osso, pagará metade de seu valor.

Se um homem tiver arrancado os dentes de um homem da sua categoria, os seus próprios dentes serão arrancados.

Código de Hamurábi. In: SÃO PAULO. Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª séries. São Paulo: Secretaria de Educação: sêmp, 1980. página 57.

a) Que característica da sociedade babilônica o documento revela? Justifique sua resposta com elementos do próprio texto.

b) Em sua opinião, por que leis como as do Código de Hamurábi não são admitidas atualmente em nossa sociedade?

c) Qual é a função das leis em uma sociedade? Quem é responsável pela elaboração das leis no Brasil atual?

3. Leia o texto a seguir, que comenta os conhecimentos dos povos mesopotâmicos.

Apesar do predomínio de um pensamento mítico e religioso, existiam também outras fórmas de conhecimento, mais ligadas à observação e à experiência. Por exemplo, na matemática e na geometria eram conhecidos vários tipos de cálculos.

A observação dos astros levou, principalmente no primeiro milênio antes de Cristo, ao desenvolvimento de um vasto saber astronômico, muito útil para o contrôle do calendário lunar utilizado e das estações do ano, o que era fundamental para uma sociedade que dependia muito dos ciclos naturais.

No campo da medicina, muitos órgãos e funções eram conhecidos e existiam profissionais especializados no tratamento de doenças.

REDE, Marcelo. A Mesopotâmia. São Paulo: Saraiva, 1997. página 31.

• Responda em seu caderno: que áreas do conhecimento foram desenvolvidas pelos mesopotâmicos por meio da observação e da experiência?

4. Elaborar conhecimentos tendo como base a observação da natureza era essencial para povos muito dependentes dos recursos fluviais, como os mesopotâmicos. Hoje, a meteorologia é a ciência que estuda o tempo atmosférico e o clima e busca prever o tempo. Em dupla, investiguem três exemplos de aplicações possibilitadas pelo estudo do clima e do tempo atmosférico. Pesquisem em jornais, revistas, livros e na internet. Apresentem o resultado da pesquisa para os colegas e debatam a importância do conhecimento das condições climáticas e atmosféricas para seu cotidiano. De que fórma essas informações se relacionam com sua vida? Lembrem-se de que é importante escutar os colegas com atenção, refletir sôbre o que foi dito e comunicar suas conclusões utilizando a argumentação.

5. A sociedade na Mesopotâmia estava dividida em dois grupos principais, o das pessoas livres e o dos escravos. Havia distinção social entre as pessoas livres? Que tipos de atividade elas exerciam? Elas viviam no meio urbano ou rural?

6. Como uma pessoa podia se tornar escrava na Mesopotâmia? Os escravos formavam um grupo expressivo e exerciam atividades importantes na sociedade mesopotâmica? Eles viviam no meio urbano ou rural?

Respostas e comentários

Seção Atividades

Objetos de conhecimento

Povos da Antiguidade na África (egípcios), no Oriente Médio (mesopotâmicos) e nas Américas (pré-colombianos).

Senhores e servos no mundo antigo e no medieval.

Habilidades

São trabalhados aspectos relacionados às habilidades:

ê éfe zero seis agá ih zero sete (atividades 1, 2, 3)

ê éfe zero seis agá ih um sete (atividades 5, 6)

Respostas

1. Os rios Tigre e Eufrates eram importantes para a irrigação (a base da economia mesopotâmica era a agricultura), a pesca, a criação de animais, o deslocamento de pessoas e a circulação de mercadorias.

2. a) O texto revela a existência de escravos, considerados bens (“Se cegou o ôlho de um escravo, ou quebrou-lhe um osso, pagará metade de seu valor”), e de várias categorias de homens livres (“Se um homem cegou o ôlho de um plebeu” / “Se um homem tiver arrancado os dentes de um homem da sua categoria”).

b) Resposta pessoal. Explique que leis como as estabelecidas pelo Código de Hamurábi, que penalizam o culpado com o mesmo ato ou um ato semelhante ao dele, não são admitidas na sociedade atual em razão dos direitos humanos, valores universalmente aceitos, que condenam a tortura e a mutilação de pessoas.

c) As leis são um conjunto de normas que regulamentam a vida em sociedade, estabelecem direitos e deveres dos cidadãos. Quem as elabora no Brasil é o Poder Legislativo (vereadores, deputados e senadores para leis nacionais). As leis correspondem aos valores da sociedade na qual foram criadas.

3. Os mesopotâmicos desenvolveram cálculos matemáticos e geométricos, além de um vasto conhecimento astronômico e médico.

4. O objetivo é fazer com que os estudantes reflitam a respeito da importância da observação da natureza para o seu cotidiano, formulando uma lista simples. Por exemplo, aplicações do estudo do clima: propiciam aos governos que estudem estratégias para atender às necessidades da população e ponham em prática medidas preventivas nos períodos de sêcas e chuvas fortes; favorecem as ações de contrôle de desastres e acidentes relacionados a fenômenos naturais; entre outros. A pesquisa proposta nesta atividade incentiva o trabalho com práticas de pesquisa como revisão bibliográfica, observação, tomada de nota e construção de relatórios.

5. As pessoas livres viviam tanto no campo quanto na cidade e formavam grupos sociais distintos conforme a origem familiar, o local onde residiam e o ofício que exerciam (por exemplo, escriba, na cidade, e agricultor, no campo).

6. A população de escravos era minoritária e a maior parte dela vivia no meio urbano. Compunha-se de prisioneiros de guerra e de pessoas que se vendiam ou eram vendidas para mercadores de escravos.

Glossário

Cunha
Instrumento de metal ou madeira com uma ponta em ângulo bem agudo, como uma espécie de estilete, utilizado para marcar ou cortar materiais.
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Semita
Refere-se a um conjunto de povos, antigos e atuais, falantes de línguas aparentadas, em que se destacam o hebraico, o aramaico, o árabe, o fenício, o acadiano e o assírio. O termo deriva de Sem, figura bíblica que seria o ancestral comum de todos esses povos.
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