UNIDADEcinco A GRÉCIA ANTIGA

Fotografia. Sob um céu azul sem nuvens, vista geral de um local aberto onde há um teatro de arena, visto parcialmente. No centro da fotografia, há um palco arredondado e cinza. À direita, uma arquibancada cinza feita de pedras envolve o palco, em semicírculo. Inclinada, com dezenas de degraus e capacidade para centenas de pessoas. De pé, no palco e próxima à arquibancada, há uma pessoa em pé. Diante dela, há cerca de dez pessoas, algumas sentadas nas arquibancadas, e outras em pé. Elas usam casacos e calças de frio. Ao fundo do palco, há ruínas, com blocos de pedras. À direita, ao lado da arquibancada, três colunas claras sustentam uma cobertura, também em ruínas. Ao fundo, muitas árvores com folhas verdes e amareladas, e um monte com vegetação rasteira amarelada.
Teatro de Epidauro, no Peloponeso, na Grécia, construído no século quatroantes de Cristo Um dos teatros mais famosos na região, é conhecido pêla sua acústica, que faz pequenos sons, como um estalo de dedo, serem ouvidos por todos os presentes. Foi declarado Patrimônio Mundial pêla Fotografia de 2020.

Você estudará nesta Unidade:

A formação da Grécia Antiga

A organização da pólis

Características das cidades-Estado de Esparta e Atenas

O surgimento da democracia

A conquista macedônica

Características da religião e da cultura na Grécia Antiga

Respostas e comentários

Apresentação

Esta Unidade, intitulada “A Grécia Antiga”, relaciona-se às seguintes Unidades Temáticas da Bê êne cê cê do 6º ano: A invenção do mundo clássico e o contraponto com outras sociedades; Lógicas de organização política; Trabalho e fórmas de organização social e cultural.

Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número 8 e número 9, esta Unidade incentiva o estudante a conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana; assim como exercitar a empatia, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro. Em algumas atividades, tanto nesta Unidade como em outros momentos ao longo deste volume, os estudantes podem ser incentivados a agir pessoal e coletivamente com autonomia e responsabilidade, tomando decisões com base em princípios éticos (Competência Geral da Educação Básica número 10).

O trabalho aqui proposto também pretende levar o estudante a desenvolver as seguintes Competências Específicas do Componente Curricular História: Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo (1), Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e proposições em relação a documentos, interpretações e contextos históricos específicos (3) e Produzir, avaliar e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de modo crítico, ético e responsável, compreendendo seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais (7).

Fotografia. Dentro de uma sala, com paredes de vidro com vista para o céu e a cidade, ao fundo, à direita, três pessoas observam as peças de um museu, que estão à esquerda, em linha vertical. Todas as peças são esculturas ou parte de esculturas, brancas ou amareladas. Há pedaços de esculturas e fragmentos de frisos de construções, com relevos. À direita, há um cadeirante de camiseta rosa, com o braço esquerdo erguido em direção às peças; atrás dele, uma mulher com roupa branca empurra com as mãos, um carrinho de bebê vermelho; à frente dele, uma menina com o braço esquerdo engessado observa os objetos.
Museu da Acrópole de Atenas, na Grécia. Inaugurado em 2009, reúne as descobertas encontradas nos sítios arqueológicos da região. Fotografia de 2021.

A partir de 1200 antes de Cristo, a civilização grega começou a se formar na península Balcânica. Com o passar do tempo, essa civilização exerceria poder político e econômico, além de grande influência cultural, sôbre uma vasta região banhada pelo mar Mediterrâneo.

Muitos dos valores e da cultura da Grécia Antiga perduraram e se difundiram para outros povos e sociedades. A democracia, os Jogos Olímpicos e a filosofia, por exemplo, nasceram na Grécia Antiga.

O que você sabe sôbre esse assunto? Você consegue identificar características culturais ou políticas de nossa sociedade que têm relação com a história e a trajetória da Grécia Antiga?

Fotografia. Vista parcial em local aberto. Sob um céu em azul claro com nuvens brancas, à esquerda, vistas de lado, quatro colunas esculpidas com as formas de mulheres, em tom de bege sustentam o teto de um templo, em ruínas. As mulheres estão vestidas com túnicas longas e drapeadas, em ruínas, sem braços e narizes.
Esculturas de figuras femininas do templo de erecteiôn, um dos mais famosos de Atenas, na Grécia, construído no século cincoantes de CristoFotografia de 2021.
Respostas e comentários

Nesta Unidade

A partir de 1200antes de Cristo começou a se formar na península Balcânica uma civilização que exerceria poder político, econômico e, acima de tudo, cultural em uma vasta região banhada pelo mar Mediterrâneo. Estamos falando da civilização grega, que é o assunto tratado nesta Unidade.

Os gregos não constituíram uma unidade político-administrativa na Antiguidade, como fizeram, por exemplo, os egípcios. Divididos em cidades-Estado, os pontos de união entre eles eram a ascendência, a língua, a cultura e a religião.

Se desejar, você pode reservar um momento da aula para trabalhar a fotografia de um teatro grego, reproduzida em uma das páginas de abertura desta Unidade, informando aos estudantes que as narrativas contemporâneas que hoje fazem tanto sucesso no cinema, na televisão e na internet têm sua origem, de certa fórma, nos espetáculos criados pelos antigos gregos, há mais de dois mil anos. Comente também que representar histórias e sentimentos é uma prática muito antiga na história humana. Mas foi com os antigos gregos que as apresentações teatrais passaram a ser feitas em espaços específicos, semelhantes aos que existem hoje em vários países. Palco e plateia, tragédias e comédias são invenções gregas. Mesmo com a criação desses espaços, muitas encenações continuaram sendo feitas nas ruas, nas residências, nos palácios e em outros ambientes.

Objetos de conhecimento trabalhados na Unidade

  • O Ocidente Clássico: aspectos da cultura na Grécia e em Roma.
  • As noções de cidadania e política na Grécia e em Roma. — Domínios e expansão das culturas grega e romana.
  • O Mediterrâneo como espaço de interação entre as sociedades da Europa, da África e do Oriente Médio.
  • O papel da mulher na Grécia e em Roma, e no período medieval.

CAPÍTULO 11  SOCIEDADE E POLÍTICA NA GRÉCIA ANTIGA

A chamada Grécia Antiga era um conjunto de cidades independentes espalhadas pelo mar Mediterrâneo e pelo mar Egeu, em uma vasta região que os gregos chamavam de Hélade. As cidades gregas localizavam-se em campos férteis, mas eram separadas por montanhas difíceis de atravessar. Por isso, o principal contato entre as cidades se estabelecia pelo mar, em um litoral formado por baías, golfos e portos naturais. Essa característica geográfica explica a importância que a navegação, a pesca e o comércio marítimo tiveram para os antigos gregos.

Ao iniciarmos os estudos deste Capítulo, é importante ter em mente que, na Antiguidade, a Grécia não era, como hoje, um país. Contudo, todos os habitantes falavam a mesma língua, o grego (apesar da existência de diferentes dialetos), e compartilhavam aspectos culturais e religiosos.

A maior parte dos povos gregos vivia na região dos Bálcãs, no sudeste da Europa. Esse território pode ser dividido em três partes: a Grécia continental, a Grécia peninsular e a Grécia insular. Mas, a partir do século oitoantes de Cristo, os gregos passaram a habitar também regiões da península Itálica e da Ásia.

GRÉCIA ANTIGA (séculos oito .-seis)

Mapa. Grécia Antiga (séculos oito antes de Cristo a seis antes de Cristo). Mapa representando a Sicília e parte da Península Itálica, a leste do Mar Jônico, a Península do Peloponeso, a Península Balcânica, a Ática e parte da Ásia Menor, entre o Mar Egeu e o Mar Mediterrâneo.  Há algumas cidades destacadas e territórios destacados em diferentes cores. Em verde 'Grécia continental', estendendo-se pelo sul da Península Balcânica, pela a Ática, com destaque para a cidade de Atenas; abarcando todo o litoral do Mar Egeu, até a região do Estreito de Dardanelos e do Bósforo. Limitada ao norte pelas regiões da Macedônia e da Trácia. Em lilás, 'Grécia peninsular', estendendo-se pela Península do Peloponeso. Com destaque para a cidade de Esparta. Em laranja, 'Grécia insular', estendendo-se pela Ilha de Creta, com destaque para as cidades de Cnossos, Mália e Faístos; pela Ilha de Rodes, com destaque para a cidade de Rodes; pelas diversas ilhas do Mar Egeu e outras duas no Mar Jônico, Cefalônia e Zaquintos. Em vermelho, 'Grécia asiática', estendendo-se por todo o litoral da Ásia Menor, com destaque para a cidade de Troia. Em amarelo, 'Magna Grécia', estendendo-se pelo litoral sul da Península Itálica, por uma pequena área no oeste da península, onde hoje se localiza a cidade de Nápoles, e pelo litoral sul e sudeste da ilha da Sicília. No canto esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 110 quilômetros.

Fonte: Atlas histórico. São Paulo: Encyclopaedia Britannica, 1977. página 16.

Respostas e comentários

sôbre o Capítulo

Ao tratar das origens da civilização grega antiga, neste Capítulo, você pode retomar conteúdos da Unidadetrês, comparando as cidades fenícias às cidades gregas. Além disso, se desejar, você pode realizar um trabalho com os estudantes para que eles tomem contato, nesse momento, com o conceito de cidade-Estado e consigam compreender seu significado. Isso pode ser feito em uma roda de conversa, tomando como ponto de partida a oposição entre as ideias de unidade e de fragmentação política, continuidade e descontinuidade territorial.

Habilidades trabalhadas ao longo deste Capítulo

ê éfe zero seis agá ih zero nove: Discutir o conceito de Antiguidade Clássica, seu alcance e limite na tradição ocidental, assim como os impactos sôbre outras sociedades e culturas.

ê éfe zero seis agá ih um zero: Explicar a formação da Grécia Antiga, com ênfase na formação da pólis e nas transformações políticas, sociais e culturais.

ê éfe zero seis agá ih um dois: Associar o conceito de cidadania a dinâmicas de inclusão e exclusão na Grécia e Roma antigas.

ê éfe zero seis agá ih um cinco: Descrever as dinâmicas de circulação de pessoas, produtos e culturas no Mediterrâneo e seu significado.

ê éfe zero seis agá ih um nove: Descrever e analisar os diferentes papéis sociais das mulheres no mundo antigo e nas sociedades medievais.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o início do trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

Orientações

Os antigos gregos lançaram as bases daquilo que hoje em dia chamamos de tradição ocidental. Ao longo do tempo, várias criações da Grécia Antiga, como as narrativas míticas, as ideias estéticas, a concepção de ser humano, os estilos arquitetônicos, a política, a filosofia, a ciência, o teatro e até festivais religiosos como os Jogos Olímpicos, serviram de inspiração para sociedades que se formaram posteriormente. Inúmeros outros exemplos poderiam ser citados.

A formação da Grécia Antiga

Você pode estar se perguntando: como é que habitantes de cidades tão distantes podiam falar a mesma língua e compartilhar elementos culturais e costumes? Na realidade, os gregos antigos nem sempre viveram espalhados por áreas diferentes. Sua cultura surgiu na península Balcânica e dali se difundiu para outras regiões, em um processo sempre marcado pêla manutenção dos laços culturais formados por esses povos.

Antes de as primeiras evidências de uma cultura grega surgirem na região, existia, na parte insular da Grécia, uma grande civilização, que tinha como centro a Ilha de Creta. Por volta de 1450 antes de Cristo, os palácios cretenses foram destruídos, provavelmente quando houve a invasão de outros povos.

E como ocorreu, necessariamente, a formação da Grécia Antiga? A civilização grega, de modo geral, originou-se de diferentes povos que se dirigiram para a península Balcânica em diversos momentos; entre eles, estavam aqueus, jônios, eólios e dórios. Os aqueus foram os primeiros dos povos nômades indo-europeus que começaram a migrar para os Bálcãs e que se estabeleceram na região do Peloponeso em cêrcade 1600 antes de Cristo O centro dessa nova sociedade era a cidade de Micenas. Por isso, a civilização criada pelos aqueus ficou conhecida como micênica.

Os micênicos desenvolveram o comércio marítimo e adotaram uma organização política centrada no poder de dois reis, que governavam cada qual em seu palácio. Criaram e utilizaram uma fórma escrita de registro, preservada em tabuinhas e vasos de cerâmica encontrados por arqueólogos.

Os palácios micênicos foram destruídos por volta de 1200 antes de CristoÉ possível que dificuldades econômicas e terremotos, somados à chegada dos dórios, tenham provocado o fim dessa civilização.

Pintura, Sobre uma parede cinza, detalhe de uma pintura em ruínas, que representa uma mulher vista de lado,  voltada para a esquerda, com longos cabelos pretos presos com uma fita vermelha e branca. Ela veste uma roupa de cor laranja com detalhes em vermelho e branco e usa pulseiras vermelhas. Na mão direita, erguida, ela segura uma espécie de colar vermelho e laranja, para o qual ela olha.  O fundo, descascado, está pintado na cor azul.
A senhora de Micenas. Século trezeantes de Cristo Afresco. Museu Arqueológico Nacional, Atenas, Grécia.
Fotografia. Vista geral de local aberto em ruínas, com um pátio aberto com piso de pedras grandes de cor cinza. Há paredes de pedra, de tamanhos diversos, pela metade. Ao fundo, em posição elevada, uma construção retangular, sustentada por três colunas vermelhas, e aberta. Ao fundo, sobre a parede atrás das colunas, há um afresco nas cores azul e vermelha. À esquerda, local com grama, vegetação, árvores e outras ruínas.
Ruínas do Palácio de Cnossos, em Creta, um dos maiores sítios arqueológicos na Grécia. Fotografia de 2020.
Respostas e comentários

Orientações

O palácio de Cnossos está localizado em um dos maiores sítios arqueológicos da Ilha de Creta. Essa edificação foi, possivelmente, um importante centro político, cultural e cerimonial da civilização micênica.

As ruínas de Cnossos foram descobertas no ano de 1878 por Minos Kalokairinos, um comerciante e negociador de antiguidades cretense, e posteriormente passaram a ser estudadas por gerações de arqueólogos de diversas partes do mundo.

Os afrescos que decoravam as paredes do antigo palácio se destacam entre os mais importantes achados arqueológicos do local. Há pinturas que representam competições atléticas, outras de jovens praticando acrobacias e muitas apresentam cenas de mulheres e divindades femininas. A chamada Sala do Trono também foi descoberta nas escavações, e hoje sabe-se que o recinto contava com uma cadeira em seu centro.

Observação

Nesse momento, novamente, é possível abordar os primórdios da formação da Grécia Antiga e desenvolver de maneira detalhada a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero com os estudantes.

Ícone. Sugestão de site.

Sugestão para o professor:

HISTÓRIA FM 061: Grécia Antiga: História Geral e seu legado. Entrevistador: Icles Rodrigues. Entrevistado: Fábio Morales. [sem local]: Leitura ObrigaHISTÓRIA, 14 junho2021. Podcast. Disponível em: https://oeds.link/zc7UAr. Acesso em: 22 abril2022.

Episódio que trata das recentes pesquisas na área de estudos helenísticos e propõe uma reflexão acerca da visão eurocêntrica sôbre o tema.

A Grécia pós-micênica

Os dórios eram povos também indo-europeus que, no século dozeantes de Cristo, chegaram à região dos Bálcãs e se estabeleceram em Creta e na Grécia peninsular. No mesmo período, os jônios e os eólios, também indo-europeus, ocuparam a Grécia continental.

A sociedade que se formou entre os séculos dozeantes de Cristo e oitoantes de Cristo, e que finalmente daria origem à civilização grega, era muito diferente da micênica. As novas comunidades estavam organizadas em propriedades familiares que incluíam escravos, animais, terras e casas, chamadas de oikos. O govêrno era exercido por uma assembleia composta de membros de famílias nobres.

Entre os séculos noveantes de Cristo e oitoantes de Cristo, o crescimento da população grega fez com que as terras agrícolas disponíveis se tornassem insuficientes. Enquanto os que tinham mais poder ficaram com mais terras, os camponeses pobres se viram obrigados a trabalhar para eles. Muitos camponeses, endividados, tornaram-se escravos.

Essa situação levou vários grupos da população grega a ocupar terras ao longo do mar Mediterrâneo e do mar Negro. Assim, entre os séculos oitoantes de Cristo e seisantes de Cristo, os gregos fundaram colônias no sul da Europa, no norte da África, na Ásia Menor e na costa do mar Negro. A expansão colonial grega estimulou o comércio marítimo e a utilização de moedas.

Além de provocar o fenômeno da colonização, o crescimento da população grega estimulou as trocas comerciais e o aparecimento de várias cidades na Grécia, isoladas umas das outras. Chamadas de pólis pelos gregos (póleis, no plural), cada uma delas transformou-se em um Estado independente, com leis e govêrno próprios. Por isso, elas também são conhecidas como cidades-Estado.

Fotografia. Uma vitrine de vidro transparente e, dentro dela, pedaços de vasos de cor marrom, com pinturas em preto representando pessoas, cavalos e soldados. Mais ao fundo, outros vasos de cor bege.
Cerâmicas gregas em museu em Palermo, na Itália. Fotografia de 2020.

Os reis, as póleis e a participação política

Ainda que fossem governadas por reis, nas póleis os cidadãos (politikos) interferiam nos assuntos do govêrno. A discussão e a participação dos cidadãos nas decisões sôbre os rumos da pólis deram origem à palavra "política", utilizada por nós até hoje. Nas primeiras póleis, porém, poucas pessoas, vindas de famílias privilegiadas, tinham cidadania, ou seja, o direito de participar da vida política da cidade.

Respostas e comentários

Texto complementar

No texto a seguir, estudiosos brasileiros apresentam alguns aspectos de um de seus trabalhos de pesquisa: repensar e redefinir o conceito de pólis.

Um grupo de pesquisadores brasileiros do Laboratório de Estudos sôbre a Cidade Antiga, Labeca, ligado ao Museu de Arqueologia e Etnologia ), reticências está redimensionando um dos conceitos mais importantes da era clássica e que traz a raiz das ideias modernas de democracia e de cidade: a pólis, por meio de uma nova definição do conceito grego. “Um dos principais resultados de nossas pesquisas é que a percepção do que os gregos denominavam pólis não era apenas a comunidade de cidadãos, como querem os cientistas políticos, nem um assentamento urbano concebido a partir da institucionalização da política explica Maria Beatriz Florenzano, coordenadora do temático e diretora do Labeca. “A pólis, afinal de contas, é uma ‘comunidade de lugar’, como queria Aristóteles: ela é constituída por um grupo humano para quem o território ocupado possui um significado que vai além do uso material para a vida ou para a sobrevivência completa Eliane Hirata, pesquisadora do Labeca.

ág, Carlos. História Antiga com jeitinho brasileiro. Pesquisafapésp, São Paulo, número171, maio 2010. Disponível em: https://oeds.link/4N3pOZ. Acesso em: 14fevereiro2022.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o trabalho com as habilidades ê éfe zero seis agá ih zero nove e ê éfe zero seis agá ih um zero.

Orientações

Para diversos historiadores, a expansão colonial grega ocorreu, inicialmente, de maneira espontânea. Com o passar do tempo, esse processo passou a sofrer a interferência das poleis, que poderiam planejar a colonização de acôrdo com os interesses de cada localidade. Muitas regiões a serem colonizadas eram escolhidas em razão de sua posição; áreas favoráveis à navegação, por exemplo, eram de grande interesse.

A colônia mantinha, em geral, relações culturais, econômicas e até mesmo políticas com a pólis que havia empreendido o processo de colonização.

Esparta

Entre os séculos seteantes de Cristo e seisantes de Cristo, a pólis de Esparta exerceu hegemonia sôbre as demais cidades gregas e tornou-se modêlo para elas.

A pólis de Esparta tem sua origem com a chegada dos dórios à península do Peloponeso. Eles dominaram toda a região, apropriaram-se das melhores terras e fundaram a cidade de Esparta. Seus descendentes, chamados de esparciatas, controlavam as instituições políticas da cidade e se dedicavam às atividades militares durante a maior parte da vida.

A educação em Esparta era mais rígida do que em outras póleis gregas. Os cidadãos eram submetidos às mais duras provas desde a infância. Aos 7 anos de idade, os meninos espartanos passavam a viver em quartéis. Lá se dedicavam ao exercício militar e se habituavam a suportar a dor, a fome e o frio.

Após o período de treinos, os jovens espartanos eram submetidos a um ritual de passagem. Os que não fossem considerados aptos para a guerra eram rebaixados para uma condição inferior. Voltados para a guerra, os cidadãos espartanos sobreviviam basicamente dos produtos cultivados em suas terras.

Você talvez se pergunte: se os esparciatas viviam para a guerra, quem produzia alimentos e outros bens necessários à sobrevivência da população? Essa tarefa era exercida pelos hilotas, antigos habitantes da região que foram dominados pelos dórios e despojados de terras e direitos políticos. Ainda que não fossem escravos, os hilotas não eram livres, pois eram obrigados a cultivar a terra dos esparciatas e a entregar a eles parte do que produziam.

Os habitantes dos arredores de Esparta que não eram descendentes dos dórios nem hilotas formavam um grupo de homens livres chamados periecos. Eles se dedicavam à agricultura, ao artesanato e ao comércio e, como os hilotas, não tinham direitos políticos.

Os esparciatas

Pertenciam ao grupo dos esparciatas todos aqueles que fossem filhos de pai e mãe espartanos. Eram os únicos a possuir direitos políticos. Permaneciam à disposição do exército ou das atividades políticas da vida pública de Esparta.

Fotografia. Sob um céu azul com nuvens brancas, à frente de morros cobertos com vegetação verde, vista de baixo e de costas, uma estátua representando um guerreiro sobre um pedestal de cor cinza. No braço esquerdo, ele carrega um escudo redondo de cor verde. Na mão direita, com o braço erguido e flexionado, ele segura uma lança longa, em posição de ataque. Sobre a cabeça, usa  um elmo com adorno em forma de leque sobre o topo, que se alonga na parte de trás da cabeça e termina nas costas da estátua.
Estátua de Leônidas. Rei de Esparta entre 491 e antes de Cristo 480antes de Cristo, Leônidas morreu em uma batalha no desfiladeiro das Termópilas, na Grécia. Nesse local, há uma estátua em homenagem a ele, como vemos nesta fotografia.
Respostas e comentários

Orientações

A educação em Esparta é um tema que possibilita a comparação com a experiência escolar dos estudantes. Trata-se, por isso, de uma excelente oportunidade para aprofundar os conhecimentos sôbre as cidades gregas e sua organização política e social.

Ao trabalhar com os estudantes a ideia de que a educação em Esparta era voltada para a guerra, pode-se levantar, em sala de aula, uma discussão acerca da preparação de crianças e adolescentes para a guerra nos dias de hoje: as chamadas crianças-soldados. Segundo a ônu, são considerados crianças-soldados os jovens e as jovens de até 18 anos recrutados nas Forças Armadas ou em qualquer outro grupo armado.

Em 2015, cêrca de 1 780 crianças foram resgatadas de grupos armados em conflito no Sudão do Sul. Segundo a o ano de 2017 foi um dos piores para menores (crianças e jovens) em áreas de conflito, onde chegam a ser usados como escudos humanos ou como bombas ambulantes. Conduza o debate com base nas seguintes questões: Qual seria a perspectiva de vida de uma criança-soldado? O que você pensa sôbre isso? Existe alguma campanha para erradicar o uso de jovens em conflitos armados? Qual?

Observação

O conteúdo desta página possibilita o trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

Ícone. Sugestão de site.

Sugestão para o professor:

MARTON, Fabio. Esparta: viver para a guerra. Aventuras na História, São Paulo, 5 outubro 2019. Disponível em: https://oeds.link/tUnr0r. Acesso em: 15 maio 2022.

Matéria sôbre os espartanos, considerados os guerreiros mais poderosos da Antiguidade.

A oligarquia espartana

Como os espartanos governavam a cidade? Em Esparta, apenas os esparciatas tinham direitos políticos, e somente os membros das famílias mais importantes podiam ser eleitos para as funções de comando. Por isso, o regime político de Esparta é chamado de oligárquico (ôlígos, poucos; arquê, govêrno).

Esparta, ao contrário de outras cidades gregas importantes, preservou a monarquia. Na cidade, dois reis comandavam o exército e cuidavam das tarefas sacerdotais. As leis eram formuladas pêla Gerúsia, um conselho formado pelos dois reis e por 28 cidadãos com mais de 60 anos. Um comitê de cinco cidadãos, os éforos, era eleito todo ano pêla assembleia para supervisionar as atividades políticas e julgar crimes importantes.

Os cidadãos maiores de 20 anos podiam participar da Ápela, assembleia que se reunia periodicamente para votar as leis propostaspêla Gerúsia. Mas o poder da assembleia era limitado; quem comandava a cidade, de fato, eram os dois reis e os 28 anciãos da Gerúsia, que tinham o poder de rejeitar as decisões da assembleia.

Ícone. Sugestão de site.

PORTAL Grécia Antiga. Disponível em: https://oeds.link/ZHuqmC. Acesso em: 10 janeiro2022. Neste site, criado em 1997 e constantemente renovado até os dias de hoje, é possível encontrar uma enorme variedade de textos e imagens sôbre a Grécia Antiga.

Ícone. Ilustração de uma lupa sobre uma folha de papel amarelada com a ponta superior direita dobrada, indicando a seção Documento.

Documento

Cidadania e Civismo

A educação espartana

O historiador e biógrafo greco-romano Plutarco viveu no início da Era Cristã, quando a Grécia já tinha sido conquistada por Roma. No texto a seguir, ele fala sôbre a educação dos meninos em Esparta.

Os anciãos vigiavam os jogos das crianças. Não perdiam uma ocasião para suscitar entre eles brigas e rivalidades. Tinham, assim, meios de estudar, em cada um, as disposições naturais para a audácia e a intrepidez na luta. Ensinavam a ler e escrever apenas o estritamente necessário. O resto da educação visava acostumá-los à obediência, torná-los duros à adversidade e fazê-los vencer no combate. Do mesmo modo, quando cresciam, eles recebiam um treinamento mais severo reticências. Quando completavam doze anos, não usavam mais camisa. Só recebiam um agasalho por ano.reticências.

PLUTARCO. A vida de Licurgo. In: . 100 textos de História Antiga. São Paulo: Contexto, 2009. página 108-110.

  1. De acôrdo com Plutarco, qual era o principal objetivo da educação dos meninos espartanos?
  2. Você considera correto estimular a rivalidade ou a cooperação na educação das crianças?
Respostas e comentários

Orientações

A Gerúsia podia rejeitar as decisões da assembleia caso decidisse que os cidadãos haviam votado de fórma incorreta. Mas como determinar se uma decisão do povo era incorreta? Na verdade, a assembleia popular era soberana enquanto não ameaçasse os interesses das famílias mais poderosas da cidade ou desrespeitasse tradições. Se uma votação colocasse em risco os privilégios do grupo dirigente, os reis e o conselho de anciãos podiam invalidar a decisão da assembleia.

Respostas

1. A finalidade da educação espartana era formar bons guerreiros, o que exigia muita disciplina, fôrça, agilidade, audácia e obediência.

2. Resposta pessoal. Se possível, estimule o debate de opiniões sôbre essa questão. O importante é que os estudantes apresentem suas posições e as defendam com argumentos coerentes. Se julgar conveniente, pode explicar a eles que os documentos e as publicações oficiais que regulamentam ou orientam a educação no Brasil pregam uma ação pedagógica voltada para a formação integral do cidadão, que garanta, na escola efóra dela, o respeito à diversidade e a valorização de atitudes de solidariedade, justiça e compromisso social. Tudo isso não garante, no entanto, que as escolas brasileiras estejam tendo êxito no projeto de educar nossos jovens para a prática da cidadania, da cooperação e da verdadeira solidariedade. A própria existência dos vestibulinhos e dos vestibulares pode estimular o espírito competitivo e o individualismo. Além disso, o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo. Vivemos em uma sociedade que valoriza os “vencedores”, os “bem-sucedidos”, que tolera o descaso com os idosos e aplica justiças diferentes para ricos e pobres. Por isso, é difícil dimensionar o poder efetivo da escola em fazer frente às pressões do mundo globalizado.

O conteúdo abordado nesta seção favorece o trabalho com o tema contemporâneo Direitos da criança e do adolescente.

Observação

O estudo sôbre a oligarquia espartana e o funcionamento da Gerúsia constitui uma oportunidade para se contemplar o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um dois.

Atenas

Enquanto Esparta se estruturava como uma sociedade oligárquica e fortemente militarizada, mais ao norte, na região da Ática, a pólis de Atenas desenvolveu um modêlo de cidade bem diferente.

Até o séculoseisantes de Cristo, Atenas foi governada por uma aristocracia de grandes proprietários rurais, que elegiam, entre si, magistrados encarregados de comandar o exército e fazer cumprir as leis. Os aristocratas também possuíam muitos escravos, em sua maioria prisioneiros de guerra e seus descendentes. Trabalhando nas minas, na agricultura, no artesanato e nas tarefas domésticas, os escravos possibilitavam que os homens ricos e livres se dedicassem à política e ao ócioglossário .

A maioria da sociedade ateniense era composta de camponeses, artesãos e comerciantes. Havia ainda os metecos, como eram chamados os estrangeiros e seus descendentes. Excluídos da vida política, esses grupos foram, pouco a pouco, demonstrando seu descontentamento com o govêrno aristocrático.

No início do século seis antes de Cristo, as tensões sociais se agravaram e, para contê-las, o magistrado Sólon implantou uma reforma nas leis da cidade. Entre as medidas tomadas por ele, destacam-se o fim da escravidão por dívidas e a criação de um tribunal popular. Sólon também instituiu uma assembleia chamada Eclésia, da qual podiam participar todos os cidadãos atenienses maiores de 18 anos, e a Bulé, um conselho de 400 homens eleitos que preparavam as leis votadas pêla assembleia.

Fotografia. Vista geral de local aberto. No alto, céu em azul-claro e muitas nuvens em cinza. No centro da imagem, em uma colina rochosa elevada de cume plano, elevado, no ponto mais alto, uma construção retangular sustentada por colunas de cor bege, com partes no topo em ruínas. À esquerda, na colina e na base dela, algumas outras construções de mesma cor. A localizada na base é formada por vários andares de arcos, e também está em ruínas. Ao fundo, observa-se a cidade e alguns morros. Na parte inferior, há vegetação verde, árvores, e casas à direita.
Vista da acrópole (parte alta da cidade) de Atenas, na Grécia. No centro, podemos observar o Partenon, templo construído em homenagem à deusa Atena, patrona da cidade. Fotografia de 2019.
Respostas e comentários

Orientações

O estudo comparativo da organização política em Atenas e em Esparta é um passo importante para o entendimento da pólis como “comunidade política”, e das diferentes soluções encontradas para os conflitos sociais no mundo grego – como a democracia e a oligarquia. No entanto, sugerimos evitar estereótipos sôbre as cidades. Por exemplo, os atenienses não eram “pacíficos”; eles foram à guerra sempre que consideraram necessário, sendo a preparação militar uma etapa importante da educação das crianças. Por outro lado, em Esparta também existiram assembleias (ainda que formadas por guerreiros), que aprovavam leis e escolhiam os governantes.

Texto complementar

A educação desempenhava um importante papel no mundo grego. sôbre esse tema, selecionamos algumas observações do historiador mouses finlei:

reticências Protágoras e Platão, embora em extremos opostos, cada um a seu modo, enfatizou a importância da educação. Uso a palavra não em seu sentido contemporâneo, corriqueiro, de educação formal, mas em um sentido fóra de moda, no sentido dos gregos antigos: por paideia eles queriam dizer criação, “formação” o desenvolvimento das virtudes morais, do sentido de responsabilidade cívica, de identificação madura com a comunidade, suas tradições e valores. Em uma sociedade pequena, homogênea, relativamente fechada, em que todos se conheciam, era perfeitamente válido chamar as instituições fundamentais da comunidade – a família, o “clube” em que se reuniam para comer, o ginásio, a assembleia – agentes naturais de educação.

finlei mouses. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1988. página 42.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento do trabalho com as habilidades ê éfe zero seis agá ih um zero e ê éfe zero seis agá ih um dois.

O sistema democrático

Apesar das reformas de Sólon, o poder permaneceu concentrado nas mãos dos magistrados, e as camadas médias e baixas da população de Atenas continuaram sem participar plenamente da política, pois a Eclésia quase nunca se reunia. Assim, as reivindicações da população ateniense continuaram, e logo foram conquistadas novas mudanças na organização da pólis.

Clístenes, escolhido magistrado em 509 antes de Cristo, implantou leis que garantiram a participação política a todos os habitantes dos demos que fossem considerados cidadãos atenienses. Os demos eram unidades administrativo-políticas de Atenas, mas o termo adquiriu, nesse contexto, o sentido de povo, e o regime implantado por Clístenes ficou conhecido como democracia (govêrno do povo).

A Eclésia, que se reunia em um espaço aberto chamado pinix, adquiriu plenos poderes em Atenas e pôde opinar sôbre todos os assuntos. A Bulé passou a contar com 500 membros, os quais não eram mais eleitos, e sim sorteados entre aqueles que eram considerados cidadãos.

A democracia ateniense baseava-se na noção de cidadania, que permitia a uma pessoa participar das decisões políticas da pólis. Contudo, em Atenas, somente os homens adultos, filhos de pais atenienses, eram cidadãos e, portanto, podiam votar nas assembleias e ser magistrados. Mulheres, estrangeiros e escravos não eram considerados cidadãos. Estima-se que os cidadãos representavam pouco mais de 10% dos habitantes de Atenas.

Fotografia. Vista geral de local aberto com vegetação rasteira seca. Sobre a vegetação, pedras de cor cinza formam uma plataforma. Em segundo plano, à esquerda, árvores de folhas verdes. No alto, céu de cor azul com nuvens esparsas.
Ruínas de pinix, em Atenas, na Grécia. Neste local, reunia-se a Eclésia no século cincoantes de Cristo Fotografia de 2019.

O funcionamento da Eclésia

Os participantes da Eclésia, isto é, todos os cidadãos maiores de dezoito anos que se reunissem na pinix, tinham direito à voz e ao voto. A assembleia reunia-se, em média, quatro vezes por pritaniaglossário . Na primeira, e mais importante, discutia-se e votava-se acerca da atuação dos magistrados em seus cargos, informava-se sôbre o estoque de cereais e a segurança pública, faziam-se denúncias públicas, lia-se uma lista de confiscação e reclamação de heranças reticências. Na segunda reunião, eram feitas solicitações de caráter público e privado. Na terceira e quarta assembleias, cuidava-se de assuntos religiosos. Apesar de a Eclésia votar projetos feitos na Boulé, seus membros poderiam recusar os projetos, emendá-los ou, ainda, propor outros.

môrbék, Guilherme. O campo político de Atenas no século cincoantes de Cristofínix, Rio de Janeiro, volume15,número 1,página114-134, 2009.

Respostas e comentários

Atividade complementar

Sugerimos a seguinte atividade, que tem o objetivo de compreender as diferenças entre a democracia antiga e a moderna, assim como identificar o funcionamento da democracia representativa vigente no Brasil.

Organize com os estudantes uma pesquisa sôbre a democracia brasileira e alguns momentos decisivos de seu desenvolvimento ao longo da história, como a ampliação do direito de voto às mulheres e aos analfabetos, a instituição do voto secreto e direto, entre outros aspectos que eles considerarem interessantes durante o processo de coleta de informações. Assim, é possível estimular práticas de pesquisa na turma, trabalhando com análise documental e revisão bibliográfica.

Para concluir o trabalho, proponha um debate sôbre as diferenças entre a democracia antiga e a moderna, com base nas seguintes questões: Quando votamos em um candidato de um partido político, o que esperamos dele? Os gregos antigos organizaram partidos políticos semelhantes aos atuais? Por quê? Qual seria uma boa hipótese para explicar a necessidade de existirem partidos políticos hoje em dia? Vocês conseguem imaginar como seriam as eleições se não existissem partidos políticos? Vocês conseguem citar momentos em que exercemos, hoje em dia, uma democracia direta semelhante à de Atenas?

A Constituição brasileira prevê três instrumentos de participação popular na tomada de decisões: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Atualmente, os assuntos relativos ao govêrno das cidades são debatidos em espaços criados especialmente para isso, como as câmaras municipais e as prefeituras.

Observação

Conversar com os estudantes sôbre o sistema democrático em Atenas e sôbre as noções de cidadania naquela pólis (“afinal, quem era cidadão em Atenas?”) constitui uma ótima maneira de trabalhar com eles a habilidade ê éfe zero seis agá ih um dois.

As mulheres na Grécia

Na Grécia Antiga, as mulheres não possuíam direitos políticos, mas desempenhavam papéis importantes em várias áreas da vida privada, cívica e comunitária, como mães, donas de casa, poetisas, trabalhadoras, comerciantes, entre outras atividades.

Em suas casas, as mulheres da elite viviam separadas dos homens em cômodos chamados de gineceus. Ali, as meninas brincavam com objetos associados às tarefas que teriam quando adultas (costura da lã, cuidado dos filhos e comando dos escravos domésticos). Algumas jovens com mais recursos podiam aprender a ler, escrever, recitar poemas e cantar ou tocar um instrumento musical.

As mulheres da elite casavam-se quando tinham entre 15 e 20 anos de idade. Os casamentos eram arranjados pelos pais. Após o casamento, a esposa passava a fazer parte da família do marido, bem como os filhos que seriam gerados. O principal objetivo do casamento era gerar herdeiros; por isso, a ausência de filhos podia ser motivo para um pedido de divórcio.

As mulheres das camadas mais pobres não viviam confinadas. Com base em estudos recentes, alguns historiadores acreditam que os casamentos não eram arranjados entre os membros desses grupos sociais.

As esposas dos camponeses pobres tinham maior liberdade e exerciam tarefas variadas. Muitas vendiam, na Ágora ou em seus arredores, ervas do próprio quintal, fitas e perfumes. Trabalhavam como babás, na colheita de uva ou costuravam com lã. Algumas possuíam pequenos comércios.

Safo, uma poetisa na Antiguidade

Safo foi uma importante poetisa grega, nascida entre 630 antes de Cristo e 604 antes de Cristo, na ilha de Lesbos. Tornou-se conhecida por sua poesia escrita, que deveria ser, geralmente, cantada ao som da lira.

A obra de Safo se perdeu ao longo do tempo (como ocorreu com a obra da maior parte dos escritores e pensadores da Antiguidade), e hoje conhecemos seus registros poéticos por meio de fragmentos. Contudo, seu poema intitulado “Ode a Afrodite” permaneceu completo até nossos dias. Em 2014, novos fragmentos de poemas de Safo foram descobertos em uma coleção particular e esse conjunto recebeu o nome de “Os irmãos”.

Pintura. Sobre um fundo bege e quadrado, um círculo de cor rosa, sobre o círculo, retrato de uma mulher vista de frente, de cabelos de cor castanha, curtos encaracolados e até a nuca,  cobertos por uma rede dourada, no topo de sua cabeça. Ela tem os olhos grandes e castanhos, o nariz fino e as sobrancelhas  castanhas. Nas orelhas, usa um par de brincos de argolas pequenos e dourados e, sobre os ombros, usa uma túnica avermelhado. Sob a túnica, usa uma blusa verde. Na mão direita, ela segura uma haste fina na posição vertical à frente dos lábios dela. Na mão esquerda, ela segura uma tabuleta em forma de livro, pequena e marrom.
A poetisa grega Safo. Século um Depois de CristoPintura mural (detalhe), 38 por 37 centímetros. Museu Arqueológico Nacional, Nápoles, Itália.
Respostas e comentários

Observação

Os conteúdos desta página tratam da condição das mulheres na Grécia Antiga, atentando, inclusive, para algumas diferenças entre a vida de mulheres da elite e a de mulheres das camadas mais pobres. Explorar essa temática com os estudantes constitui uma oportunidade para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um nove.

Texto complementar

O texto a seguir trata das dificuldades encontradas pelos pesquisadores no momento de estudar a condição das mulheres na Grécia Antiga.

As diferenças políticas e econômicas entre as cidades de Atenas e Esparta incitam os estudiosos a acentuar a dessemelhança no sistema educacional feminino. Assim, as mulheres atenienses são educadas para a vida doméstica, instruídas a cuidar dos escravos, zelar pelos filhos, tecer, fiar e participar dos festivais religiosos. Diversamente, as mulheres espartanas encontram-se distantes. O objetivo desse afastamento da vida familiar era aproximá-las das necessidades políticas da cidade. As espartanas dedicam-se à prática de exercícios físicos ao lado dos homens, circulam livremente pêla cidade-Estado, estimulam por intermédio de diálogos a coragem masculina e, principalmente, fornecem novos cidadãos através da procriação.

Inventores da história política, os gregos não se preocuparam em relatar a vida social da cidade-Estado, dificultando ao historiador a compreensão de sua vida privada. reticências a história das mulheres na Antiguidade depara-se com a limitação das informações que também carregam o filtro discriminatório do olhar masculino.

SILVA, Maria Aparecida de Oliveira. Plutarco e a participação feminina em Esparta. séculum, João Pessoa, número 12, página. 11-21,janeiro até junho2005. Disponível em: https://oeds.link/maRGQv. Acesso em: 20 abril 2022.

A conquista macedônica

No século seisantes de Cristo o antigo povo persa dominava um vasto império, que abrangia o Oriente Médio, o Egito, a Mesopotâmia e toda a região da Ásia Menor, que incluía póleis como Mileto e Éfeso. Em 490 antes de Cristo, os persas avançaram mais a oeste e desembarcaram em Maratona, na Ática. Começaram, assim, as Guerras Greco-Pérsicas.

As cidades gregas, sob o comando de Atenas, formaram a Liga de Delos. Seus membros se comprometiam a fornecer aos atenienses recursos financeiros e militares para combater o inimigo, o que fortaleceu Atenas politicamente. Assim, quando as Guerras Greco-Pérsicas terminaram, em 448 antes de Cristo, Atenas era a cidade mais poderosa da Grécia.

Descontentes com a hegemonia ateniense, os espartanos reuniram outras póleis gregas, criando a Liga do Peloponeso. Em 431 antes de Cristo, esses dois blocos entraram em conflito, em uma disputa que envolveu praticamente todas as cidades gregas e ficou conhecida como Guerra do Peloponeso.

Em 404 antes de Cristo, os espartanos derrotaram Atenas e impuseram a hegemonia sôbre a Grécia. A liderança espartana, porém, não durou muito. Enfraquecida pêla guerra, Esparta foi dominada pêla cidade de Tebasglossário .

A partir de então, iniciaram-se intensas lutas entre as diversas cidades gregas, o que permitiu que elas fossem facilmente dominadas por outros povos. Primeiramente pelos persas, que retomaram o domínio sôbre as póleis gregas da Ásia Menor.

Em 338 antes de Cristo, os macedôniosglossário , comandados pelo rei Felipe segundo, conquistaram toda a Grécia continental e entraram em guerra contra os persas para expulsá-los da Ásia Menor. Os persas foram derrotados, mas Felipe segundo morreu em combate, deixando o trono para seu filho Alexandre.

Fotografia. Escultura em alto relevo, em formato retangular e vertical, feita de  pedra na cor cinza. À esquerda, em relevo, a figura de um homem em pé, visto parcialmente dos ombros até os pés, vestido com túnica drapeada até os joelhos. Ele segura um escudo circular atrás de si e está com um dos joelhos flexionados. À direita, agachado no chão, um homem com barba, um elmo sobre a cabeça e o peito nu  segura uma faca pequena na mão direita e olha para cima em direção ao outro homem.
Lápide com imagem de soldados em combate durante a Guerra do Peloponeso. Século cincoantes de CristoEscultura esculpida em pedra, 53,4 por 40,6 centímetros.
Ícone. Sugestão de livro.

SILVA, Flavia Lins e. Diário de Pilar na Grécia. Rio de Janeiro: Pequena zarrár, 2010. O livro conta a história de Pilar e seus amigos, que descobrem o fascinante mundo grego, ao lado de heróis e deuses, em uma viagem no tempo.

Respostas e comentários

Orientações

Ao falar com os estudantes sôbre a Guerra do Peloponeso, é possível informar a eles sôbre Tucídides (cêrca de 460 400 antes de Cristo), historiador da Grécia Antiga que escreveu a obra História da Guerra do Peloponeso. Tucídides foi testemunha do conflito, participando dele em diversos momentos. sôbre esse tema, leia o texto a seguir.

mouses i finlei escreve que a guerra do Peloponeso é diferente das outras guerras da Antiguidade porque sua fama não é construída pelo mito e pelo romance; ao contrário, esta guerra, travada entre Atenas e Esparta de 431 a 404, perdura na história devido ao homem que a descreveu, Tucídides, o ateniense. Assim como a Guerra de Troia permanece associada ao nome de Homero, a Guerra do Peloponeso depende inteiramente de Tucídides, neste sentido autor da guerra enquanto tema da memória, na situação precisa em que o tema histórico constitui-se como o produto de seu relator.

O objeto que Tucídides escolhe trabalhar é passível de ser relatado com veracidade e precisão porque, contemporâneo ao autor, torna a investigação possível e independe, portanto, da existência de uma tradição sôbre o passado.

gastáud, Carla. Historiografia grega: Tucídides e a Guerra do Peloponeso. História em revista, Pelotas, volume 7, 2001. Disponível em: https://oeds.link/RzjoP2. Acesso em: 14fevereiro 2022.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento do trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

A cultura helenística

Alexandre preservou o império fundado por seu pai e ampliou seus domínios, conquistando o Oriente. Após onze anos de batalhas, dominou a Síria, a Palestina, o Egito, a Mesopotâmia, a Pérsia e a Índia. A vastidão de seu império o levou a se tornar conhecido como Alexandre, o Grande.

Por onde passou, Alexandre submeteu os povos locais e fundou novas cidades, mais de trinta delas batizadas de Alexandria. O objetivo do imperador macedônico era transformar as cidades em grandes centros de difusão cultural.

Muitos soldados gregos e macedônios se fixaram nas regiões conquistadas. Ali difundiram o grego, que se tornou a língua oficial do império, embora as populações locais continuassem a falar seus idiomas. Também construíram templos, ágoras e ginásios bem parecidos com os das cidades gregas.

A síntese da cultura grega com a dos povos do Oriente conquistados por Alexandre deu origem à cultura helenística (do grego rélenizain, aquele que fala ou vive como os Helenosglossário ). O centro dessa cultura era a cidade de Alexandria, no Egito. Ali foi construída a maior biblioteca da Antiguidade, um museu e o famoso Farol de Alexandria, que, de tão grande, podia ser avistado pelos navegantes a mais de 50 quilômetros de distância.

Outro destaque da Grécia do período helenístico foram as esculturas, como a de Laocoonte e seus filhos. Podemos perceber que a obra é bem mais realista que as esculturas gregas de épocas anteriores. Isso porque a intenção dos artistas desse novo período era representar o ser humano com suas emoções, dores e angústias.

Fotografia, Escultura feita de mármore na cor branca, representando um homem maior no centro, com uma serpente enrolada em seu corpo, e dois homens menores ao lado dele, um à direita e outro à esquerda. O homem no centro, é forte e musculoso, está nu e sentado em um pedestal quadrado, coberto por um tecido drapeado. Ele tem cabelos encaracolados até a nuca e usa barba. Seu braço direito está erguido e não tem a mão direita, danificada pelo tempo. O braço esquerdo está flexionado ao lado de seu corpo. Sua expressão é dramática, de angústia e dor, com a cabeça inclinada, os olhos arregalados e a boca aberta. Há uma serpente enrolada em suas pernas, subindo por seu corpo, até chegar às suas costas, passando por baixo de seu braço esquerdo. O homem segura a cabeça da serpente com a mão esquerda. A serpente está com a boca aberta. À direita e à esquerda, representados em tamanho menor, dois jovens com cabelos cacheados e curtos, nus. A serpente também entrelaça seus corpos. A figura da esquerda está com o corpo pendendo para trás. A figura da direita está com os joelhos flexionados, uma das pernas levantadas, e observa a figura central, com uma expressão angustiada. As três figuras foram representadas de maneira contorcida.
Laocoonte e seus filhos. Séculoum antes de Cristo Escultura em mármore, 2,08 por 1,63 por 1,12 métros. Museus do Vaticano, Cidade do Vaticano. Laocoonte é um personagem mítico que foi castigado pelos deuses por ter arremessado uma lança contra o cavalo de Troia.

Ler a escultura

Que sentimentos Laocoonte e seus filhos expressam nessa escultura? Observe o rosto e o corpo de cada um com atenção antes de responder à pergunta.

Respostas e comentários

Orientações

Os conceitos de fragmentação e de unidade política e cultural serão, mais uma vez, úteis para o entendimento das lutas que as cidades gregas travaram entre si, na disputa pêla hegemonia, e para a constituição do império de Alexandre e a difusão da cultura helenística.

Resposta

Ler a escultura: Laocoonte e seus filhos são representados em situação extrema de angústia e dor. O personagem mítico Laocoonte exercia na cidade de Troia as funções de sacerdote de Netuno e de Apolo. Durante o cêrco de Troia, Laocoonte pressentiu o perigo que representava o cavalo de madeira (cavalo de Troia) que os seus concidadãos queriam conduzir para o interior da cidade. Para facilitar a entrada do cavalo de Troia, os deuses protetores dos gregos enviaram duas enormes serpentes que trucidaram Laocoonte e seus filhos. A escultura expressa essa tragédia, acentuando a impotência e a dor de Laocoonte e seus filhos diante da ira dos deuses.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento do trabalho com as habilidades ê éfe zero seis agá ih zero nove, ê éfe zero seis agá ih um zero e ê éfe zero seis agá ih um cinco.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestão para o estudante:

Grécia Antiga passo a passo. São Paulo: Claro Enigma, 2015.

O livro apresenta um panorama sôbre a Grécia Antiga e sôbre as influências dessa civilização no mundo ocidental.

Ícone. Ilustração de três pessoas e dois balões de fala indicando a seção Em debate.

Em debate

Multiculturalismo

O caldeirão cultural mediterrânico

Quando o cristianismo começou a se formar, no século um, recebeu forte influência dos hebreus, seguidores do judaísmo.

Contudo, as culturas dos povos que viviam próximos ao mar Mediterrâneo eram interligadas e desenvolveram-se, em parte, de modo mútuo. Assim, em um mesmo ambiente cultural floresceram as culturas grega, suméria, egípcia, hebraica etcétera, com certas características em comum, como alguns aspectos de suas crenças. Esse ambiente cultural mediterrânico permaneceu por muito tempo, mesmo com as sucessões de impérios e dominações, atravessando também o período helenístico.

Assim, o cristianismo se formou não de fórma isolada, mas nesse contexto de intenso intercâmbio, incorporando características de povos com que os judeus conviviam.

Constata-se reticências que a comunidade judaica, principalmente aquela localizada em Jerusalém, já estava plenamente mergulhada no processo de helenização, e a cidade santa era uma das mais helenizadas no Mediterrâneo oriental. Havia pouquíssimas áreas e povos, ao longo do terceiro e segundo séculos, imunes ao processo de helenização. Este, porém, não era o caso das populações citadinas da Judeia. reticências Alexandre não introduziu a cultura grega na Palestina; ele a encontrou lá reticências. Por outro lado, o fato de um autor bíblico escrever em hebraico ou aramaico não é garantia de que ele esteja mais imune ao helenismo do que aquele que optou por escrever em grego. reticências Muito mais do que sugerir uma adesão ao helenismo reticências, tal fato deixa transparecer dois fortes indícios:

1º um intenso processo de interação cultural – sob o ponto de vista das ideias e dos conceitos presentes no helenismo – envolvendo muitos judeus situados não apenas na Palestina, como, também em toda a bacia mediterrânea;

2º a própria incapacidade de muitos judeus de lerem os textos sagrados em hebraico, por já não conhecerem mais esta língua.

quevitarése, André Leonardo; CORNELLI, Gabriele. Judaísmo, cristianismo e helenismo: ensaios acerca das interações culturais no Mediterrâneo Antigo. São Paulo: Annablume: fapésp, 2007. página 37-38.

  1. Que característica mencionada no texto citado evidencia o intercâmbio cultural entre os gregos e os demais povos mediterrânicos?
  2. De que fórmas essa característica cultural poderia ter alcançado toda a região do Mediterrâneo?
Fotografia. Vista geral de local aberto, a partir do alto. No alto, céu azul e nuvens brancas. No centro, uma praia de areia branca e, ao redor da praia, residências baixas com telhado de cor marrom e, mais ao fundo, morros com vegetação. Na parte inferior, a água do mar, de cor azul. À esquerda, sobre as águas, um píer corta a imagem em uma linha diagonal. À direita, na costa, formando um "U", um atracadouro, com algumas embarcações pequenas de cor branca.
Ilha de lefikáda, na Grécia, banhada pelo mar Mediterrâneo. Fotografia de 2021.
Respostas e comentários

Respostas

1. A utilização da língua grega para a escrita de textos sagrados das religiões monoteístas.

2. Espera-se que os estudantes percebam que as principais fórmas de contato entre os povos da região eram o comércio e a guerra e que ambas as fórmas também manifestam interações culturais. É possível ampliar esse tema em sala de aula apresentando aos estudantes uma articulação entre a vida material e a cultura, informando que o uso dos vasos gregos para o transporte de produtos comerciais acabou por difundir também as pinturas encontradas nesses vasos. Os vasos gregos foram amplamente comercializados em várias regiões da Europa, da África e da Ásia. Como apresentavam cenas da cultura grega da Antiguidade, os vasos contribuíram para disseminar alguns costumes gregos pêlas terras onde eram comercializados.

Caso considere pertinente, mencione como outro exemplo da simbiose religiosa desse período os Papiros Mágicos Gregos, um conjunto de textos que reunia encantamentos, orações e outras práticas mágicas e que concentrava elementos religiosos gregos, egípcios, judaicos, babilônios e cristãos.

O tema abordado nesta seção possibilita trabalhar o tema contemporâneo Diversidade cultural.

Observação

O estudo desta seção constitui um ótimo momento para contemplar a habilidade ê éfe zero seis agá ih um cinco.

Atividade complementar

Se desejar, peça aos estudantes que observem os costumes e a sociedade brasileira da atualidade e pergunte a eles: vocês percebem influências de outras culturas? É possível dizer que produtos vindos de fóra têm influenciado o comportamento e os valores dos brasileiros?

A cultura estadunidense, por exemplo, exerce muita influência no Brasil. Por outro lado, podemos dizer que esse processo de apropriação cultural é uma via de mão dupla. O processo de globalização e o crescimento do fluxo migratório para os Estados Unidos e a Europa Ocidental têm contribuído para que costumes, produtos e conhecimentos de diferentes povos também sejam introduzidos e disseminados nesses países.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. No caderno, construa um quadro comparativo com duas colunas, uma para Esparta e a outra para Atenas, e complete-o com as frases a seguir.

a) A educação estava voltada para a guerra. Aos 7 anos de idade, os meninos deixavam as famílias para viver em quartéis, onde eram treinados para combater no exército.

b) A sociedade estava dividida em cidadãos, metecos e escravos. Somente no início do século seisantes de Cristo, por pressões sociais, a escravidão por dívidas foi abolida na cidade.

c) A elite da pólis era representadapêla aristocracia guerreira, que descendia dos antigos fundadores da cidade.

d) Criou um regime político chamado democracia, no qual as decisões eram tomadas pelo conjunto dos cidadãos da cidade. Era o centro artístico e cultural do mundo grego.

2. Com um colega, leiam a charge e respondam às questões.

Quadrinhos. História em seis quadros. Um homem de cabelos curtos, castanho e barba longa castanha, vestido com uma túnica vermelha com saiote amarelo, e tamancos. Ele está sobre um palanque com uma coluna grega de cor azul-claro, à esquerda. Diante do palanque em um patamar mais baixo, uma multidão composta de uma criança, mulheres e homens, todos em tons de amarelo. PRIMEIRO QUADRO. O homem de cabelos castanhos discursa com o braço esquerdo elevado para frente e olhos fechados e o seguinte balão de fala: 'TODOS TÊM DIREITO AO VOTO!'. À frente dele, a multidão com um balão de fala. OBA!! BRAVO!! SEGUNDO QUADRO. O homem continua discursando, com os olhos abertos,o  cenho franzido, cuspindo, e com o dedo indicador para frente, com o balão de fala 'MENOS AS MULHERES OBVIAMENTE!'. A multidão à frente diminui um pouco, com os balões de fala 'OBA!' e 'BRAVO!'. TERCEIRO QUADRO. O homem discursa ainda com os olhos fechados e o braço erguido para frente, com o balão de fala: 'CLARO QUE MENOS OS POBRES TAMBÉM'. A multidão diminui mais, ainda com os balões de fala 'OBA!' e 'BRAVO!'. QUARTO QUADRO. O homem continua discursando, com o braço estendido para frente o balão de fala: 'MENOS OS ESCRAVOS, TÁ CERTO?'. À frente, a multidão ainda menor com os balões de fala 'OBA!' e 'BRAVO!'. QUINTO QUADRO. O homem discursa com os olhos abertos, cuspindo, com a mão para frente e o balão de fala: 'E MENOS OS MENORES DE 18 ANOS, CLARO!' Quatro pessoas à frente dele, om os balões de fala 'OBA!' e 'BRAVO!'. SEXTO QUADRO, o homem com os olhos fechados e as duas mãos para frente, com o balão de fala: 'FORA ESSES DETALHES, TODOS PODEM VOTAR!' À frente dele, apenas um homem, com o balão de fala: 'BRAVO!'.
GILMAR. Todos têm direito ao voto, 2010.

a) A charge exprime uma visão positiva ou negativa da democracia ateniense? Justifiquem.

b) Recriem essa charge adaptando-a para outro contexto: uma reunião da Ápela, a assembleia que votava as leis propostaspêla Gerúsia, em Esparta. Não se esqueçam de garantir a ironia.

3. Na Grécia Antiga, a democracia era direta. Isso significava que os próprios cidadãos decidiam diretamente sôbre os assuntos públicos da cidade, nas assembleias, sem eleger pessoas para representá-los no govêrno. É importante lembrar que, hoje, elegemos pessoas (vereadores, deputados etcétera) para nos representar no govêrno e no Poder Legislativo.

• Você acha que a democracia direta, como na Grécia Antiga, funcionaria em uma grande cidade brasileira dos dias de hoje, com milhares – ou até mesmo milhões – de habitantes? Considere as vantagens e as desvantagens que esse sistema acarretaria.

Respostas e comentários

Seção Atividades

Objeto de conhecimento

As noções de cidadania e política na Grécia e em Roma.

Domínios e expansão das culturas grega e romana.

Habilidades

São trabalhados aspectos relacionados às habilidades:

ê éfe zero seis agá ih zero nove (atividade 1)

ê éfe zero seis agá ih um zero (atividade 1)

ê éfe zero seis agá ih um dois (atividades 2, 3)

Respostas

1. a) Esparta.

b) Atenas.

c) Esparta.

d) Atenas.

2. a) Espera-se que os estudantes percebam que a charge é uma crítica bem-humorada à democracia ateniense, que era restrita à minoria da população. Contudo, é interessante lembrar que, apesar de restrita, a democracia ateniense possibilitou, talvez pêla primeira vez na história desde o surgimento do Estado, que camadas mais pobres da população participassem das decisões. Isso porque boa parte dos cidadãos atenienses eram pequenos artesãos e camponeses.

b) Atividade de criação.

3. Resposta pessoal. É importante lembrar aos estudantes que a democracia brasileira é indireta e representativa, ou seja, as decisões políticas que interessam a um município, por exemplo, são tomadas por prefeitos e vereadores eleitos para representar a vontade dos cidadãos. No entanto, pode-se questionar se o aumento do acesso aos computadores e às redes virtuais não possibilitaria votações diretas através desses instrumentos. Em Atenas, a democracia direta só era possível porque o número de participantes da Eclésia era relativamente pequeno: a proporção de participantes raramente ultrapassava 10% da população total.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestões complementares referentes ao Capítulo:

FLORENZANO, Modesto. O mundo antigo: economia e sociedade. São Paulo: Brasiliense, 1996.

O livro aborda a economia e a sociedade do império greco-romano na Antiguidade, como as fórmas de propriedade e de exploração da terra, as relações entre cidade e campo, entre senhor e escravo, além de outros aspectos.

FUNARI, Pedro Paulo Abreu. A Antiguidade clássica: a história e cultura a partir dos documentos. Campinas: editora unicâmpi, 2003.

A obra reúne textos de grandes filósofos da Antiguidade.

CAPÍTULO 12  RELIGIÃO E ARTE NA GRÉCIA ANTIGA

As póleis gregas, como Esparta, Atenas, Tebas, Mileto, Corinto, Delfos e Olímpia, possuíam fórmas de govêrno, leis e costumes muito diversos, e algumas vezes essas cidades até guerreavam entre si. Contudo, dois elementos principais eram compartilhados por todas elas: seus habitantes falavam o mesmo idioma (o grego) e cultuavam deuses em comum, embora cada cidade tivesse também os próprios deuses protetores.

Assim como outros povos da Antiguidade, os gregos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. As características dos deuses eram semelhantes às dos humanos: viviam e se comportavam como eles, com qualidades e defeitos, alegrias e sofrimentos. A diferença é que não envelheciam, não adoeciam e eram imortais, além de muito poderosos.

Cada um dos deuses gregos estava associado a um aspecto da natureza ou da vida humana. Zeus comandava os céus; Poseidon reinava sôbre os mares; Hades, sôbre o mundo dos mortos. Desses três irmãos, descendiam várias outras divindades gregas: Afrodite, deusa da beleza e da fertilidade; Atena, deusa da sabedoria; Apolo, deus das artes; Dionísio, deus do vinho; entre outros. Os deuses gregos se relacionavam com os humanos e com eles podiam gerar filhos. Da união entre um deus e um mortal, nasciam os heróis, semideuses capazes de feitos impossíveis para os humanos, mas que eram mortais como eles.

Fotografia. Visão frontal de um vaso oval, com base pequena e redonda, duas alças pequenas e simétricas na parte superior, com uma abertura superior também de formato arredondado e a parte central mais larga, com algumas figuras humanas pintadas sobre ela. O vaso é feito de cerâmica marrom clara com detalhes pintados em marrom escuro. Na base e na faixa superior, há grafismos formando frisos. Na faixa central, no centro, à esquerda, há a figura de um homem, pintada em preto. Ele tem uma espada na mão e está de frente para uma criatura com corpo de homem e cabeça de touro, golpeando-o. A figura com cabeça de touro está agachada, e leva uma das mãos ao ventre. Cada um deles tem um figura feminina ao seu lado, com braços, rostos e pés pintados de branco, os cabelos longos e pretos amarrados com uma fita vermelha sobre a testa. Elas vestem túnicas longas, vermelhas com detalhes pretos. Atrás delas, duas outras figuras masculinas pintadas em preto.
Vaso ateniense. cêrca de 550 antes de Cristo Terracota, 18,7 por 14,5 centímetros. Museu Jêi Pol Guéti, Califórnia, Estados Unidos. Neste vaso, as figuras decorativas representam a luta entre o herói Teseu e o Minotauro, criatura com cabeça de touro e corpo humano.

Os oráculos

Para aconselhar-se com os deuses, os gregos consultavam os oráculos, sacerdotes que tinham o poder de se comunicar com as divindades. A palavra "oráculo" indica, também, o templo onde essas consultas eram realizadas. O mais famoso oráculo da Grécia ficava na cidade de Delfos e era constantemente consultado pelos gregos antes de iniciarem uma guerra, de fazerem uma viagem ou mesmo de tomarem decisões na vida pessoal.

Respostas e comentários

sôbre o Capítulo

Este Capítulo aborda a religiosidade e a produção cultural entre os gregos da Antiguidade. Aspectos importantes do pensamento filosófico também são tratados.

Se possível, e se considerar interessante neste momento, informe aos estudantes que os principais deuses da Grécia Antiga são: Zeus, que comandava o céu e os fenômenos atmosféricos e mantinha a ordem e a justiça no mundo; Posídon ou Poseidon, deus dos mares; Hades, deus soberano do mundo dos mortos; Hera, deusa protetora das mulheres, principalmente das mães e das casadas; Deméter, deusa da agricultura; Afrodite, deusa do amor e da beleza; Atena, deusa guerreira, protetora das artes e dos trabalhos manuais urbanos e que simboliza a sabedoria; Ares, deus da guerra; Apolo, deus das profecias, da medicina e da música; Ártemis, deusa da caça e da vida selvagem; Hefesto, deus do fogo, dos metais e da metalurgia; Hermes, era mensageiro dos deuses, protetor dos viajantes, condutor dos mortos ao reino de Hades, deus do comércio, dos ladrões e da eloquência; e Dionísio, deus do vinho e do delírio místico.

Observação

O conteúdo desta página dá continuidade ao desenvolvimento do trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

Habilidade trabalhada ao longo deste Capítulo

ê éfe zero seis agá ih um zero: Explicar a formação da Grécia Antiga, com ênfase na formação da pólis e nas transformações políticas, sociais e culturais.

Rituais e festividades religiosas

Os habitantes da Grécia Antiga realizavam festividades em homenagem aos seus deuses ou para marcar momentos importantes da sua vida. Alguns cultos eram privados, como os realizados diante de altares domésticos, nos quais eram feitas oferendas e libações (derramamento de líquidos). Outros eram públicos, como as procissões. Uma das mais famosas era a realizada a cada quatro anos em Atenas, em homenagem à deusa que dava nome à cidade.

Mulheres e religião

As mulheres gregas atuavam na vida religiosa como sacerdotisas, e participavam de cêrca de 40 cultos públicos. Um dos mais importantes era a Tesmofória, ritual exclusivamente feminino em homenagem a Deméter, deusa da fertilidade.

Jogos Olímpicos

Certos rituais eram tão longos e animados que se transformavam em verdadeiras festividades, como era o caso dos Jogos Olímpicos. Realizados a cada quatro anos na cidade de Olímpia, em homenagem a Zeus, os Jogos Olímpicos duravam vários dias e reuniam atletas de todas as cidades gregas. Ao longo da competição, eram disputadas provas de corrida, salto, arremesso de disco, luta, arremesso de dardo, entre outras. Ao final das provas, os vencedores recebiam coroas de louro.

Os jogos eram tão importantes que até mesmo as guerras eram suspensas para que os gregos pudessem competir ou assistir às competições. A ideia de fazer das competições esportivas um estímulo à convivência pacífica entre os povos inspirou a criação dos Jogos Olímpicos modernos.

Fotografia. Vista lateral de uma jovem esqueitista sobre um skate de prancha rosa, fazendo uma manobra sobre um corrimão inclinado de cor marrom.  Ela tem os cabelos longos, cachados e castanhos, e usa capacete e tênis brancos, uma camisa polo azul escura com a bandeira do Brasil do lado direito do peito, calças de cor bege com bolsos laterais e cinto de lona preto. Ela é vista com o corpo de lado, os dois pés sobre a prancha do skate, os braços esticados ao lado do corpo, um para cada lado. Ao fundo, arquibancadas azuis e vazias, co faixas nas cores lilás e rosa. Nessas faixas, em branco, os cinco círculos que simbolizam os jogos olímpicos e o texto, originalmente em inglês: 'Tóquio. 2020'.
Os Jogos Olímpicos modernos foram criados em 1894 como fórma de celebrar a paz entre as nações. Em razão da pandemia da côvid dezenóve, iniciada em 2020, os Jogos Olímpicos previstos para aquele ano ocorreram somente em 2021. Na fotografia, a brasileira raíssa Leal, vice-campeã olímpica de skate feminino nos jogos de 2021, que ocorreram em Tóquio, no Japão.
Ícone. Sugestão de site.

OLIVEIRA, Rebeca. A história das Olimpíadas. Folha de S. Paulo. Disponível em: https://oeds.link/hQWM1N. Acesso em: 15 fevereiro 2022. O web stories traz a história das Olimpíadas, com destaque para fatos importantes na competição ao longo do tempo.

Ícone. Sugestão de livro.

ros stuart. Grécia Antiga. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2019. O livro apresenta, em quadrinhos, a trajetória de Cinésias, um atleta de Atenas que pretende disputar os Jogos Olímpicos de 416 antes de Cristo, e expõe informações sôbre a produção cultural, o cotidiano, as relações sociais e a política na Grécia Antiga.

Respostas e comentários

Orientações

A religião dos antigos gregos era politeísta e não se baseava em um livro sagrado, como nas religiões monoteístas. Os cultos eram realizados em altares, do lado de fóra dos templos e santuários, onde se fazia uma oferenda a um deus, em geral o sacrifício de um animal.

Os gregos também ofereciam frutos e animais aos deuses em troca de proteção da família ou da propriedade, de cura de doenças, por ocasião de viagensetcétera Eles acreditavam ainda que os deuses podiam se comunicar com os seres humanos por meio dos oráculos.

Além dos cultos às divindades, os antigos gregos celebravam diferentes festividades religiosas periodicamente, muitas relacionadas à agricultura, em que geralmente ocorriam procissões, sacrifícios e festins comunitários. Entre elas estão os Jogos Olímpicos, os Jogos Ístmicos e as Dionísias urbanas.

Segundo estudos sôbre o tema, os Jogos Olímpicos da Antiguidade aconteceram aproximadamente entre os anos de 770antes de Cristo e 300 Depois de CristoAos olhos dos estudantes, o prêmiopêla vitória nos jogos (coroas de louro) pode parecer algo “simples”. Contudo, os atletas vitoriosos recebiam um imenso reconhecimento e passavam a desfrutar até mesmo de benefícios, como o de ocupar os melhores lugares nas plateias dos teatros ou o de receber alimentos pelo resto da vida.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento do trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

Os mitos

No Capítulo 2, estudamos que os mitos são narrativas que passam de geração em geração por meio de transmissão oral. De autoria desconhecida, fazem parte do imaginário de uma sociedade.

Os mitos também faziam parte do cotidiano da Grécia Antiga. Eles eram contados ao público por poetas, chamados aedos.

Os mitos gregos procuravam explicar a origem do Universo, da natureza e dos deuses. Explicavam também a condição humana, os sentimentos, a conduta das pessoas e o caráter inevitável da morte. Por tratarem de questões universais como o amor, a inveja, o mêdo ou a morte, até hoje essas histórias nos fascinam e nos emocionam.

As histórias contadas pelos mitos centravam-se nas aventuras de deuses e heróis; estes últimos, mesmo sendo mortais, tinham grandes poderes. Era o caso de Héracles, mais conhecido pelo nome latino de Hércules. Após matar seus filhos e sua esposa em um acesso de loucura, o famoso herói foi condenado pelos deuses a realizar doze tarefas extremamente difíceis. A pintura a seguir refere-se a uma delas. Nela, Hércules foi representado pronto para liquidar, com suas flechas envenenadas, as gigantescas e monstruosas aves que bloqueavam a luz do Sol e devoravam todos os frutos e as colheitas.

Pintura. À direita, em primeiro plano, sobre um terreno elevado, com pedrinhas e grama nas laterais, um homem em pé, vestido com um pano bege ao redor do quadril, apoiado sobre uma das pernas, segurando um arco vermelho e apontando uma flecha, em posição de ataque, para a esquerda. Ele é visto de costas. Tem cabelos loiros, cacheados,  longos e esvoaçantes. Está descalço e carrega um feixe de flechas nas costas, pendurado por uma alça fina azul sobre o ombro esquerdo. Entre as pernas dele, no solo, há uma espécie de tacape de madeira marrom. Sobre uma das pernas dele, a pele de um animal morto, de pelo castanho. Sobre a outra perna, leva um escudo amarelo com adornos pretos e vermelhos. À esquerda, à frente do homem, duas figuras com cabeça e torso humanos, cabelos castanhos em madeixas levantadas para o alto e expressão assustada. Elas têm asas vermelhas e pontudas, garras e a parte inferior do corpo similares as de um dragão. Em segundo plano, ao fundo, à esquerda, uma praia de águas azuis, com construções de cores claras e uma ponte com arcos. À direita, um local arborizado com muitos tons de verde. Na parte superior, o céu em azul com nuvens brancas.
durrár, . Hércules caçando os pássaros estínfalos. 1600. Óleo sôbre tela, 90 por 113centímetros. Museu de História da Arte, Viena, Áustria.

Quem eram os aedos?

Muitos séculos antes de se adaptar a escrita fenícia à língua grega e de se criar assim esse prodigioso instrumento de comunicação que é o alfabeto, os aedos gregos já compunham e sabiam de cór muitas e longas canções. Aedo em grego antigo significa “cantor”; os aedos eram os poetas que, antes da invenção do alfabeto, praticavam o culto da deusa Memória e das musas e recebiam dessas divindades o dom de compor canções ao som da lira.

TORRANO, Jaa. A teogonia de Hesíodo. Cult. Disponível em: https://oeds.link/QKoe86. Acesso em: 15fevereiro 2022.

Ícone. Sugestão de livro.

róufiorni nafâniél. Mitos gregos para jovens leitores. São Paulo: Principis, 2020. O livro apresenta diversos mitos da Grécia Antiga, recontados com criatividade.

Respostas e comentários

Orientações

Os mitos eram um aspecto essencial na vida dos antigos gregos. Por meio dessas histórias, eles explicavam a origem do Universo e da vida, os fenômenos da natureza, a existência de deuses, os eventos de um passado longínquo etcétera. Os mitos eram tão importantes que a aristocracia e alguns profissionais chegavam a ligar-se genealogicamente aos personagens divinos e aos heróis das narrativas.

Na mitologia grega, heróis como Hércules (representado na imagem desta página) eram modêlo de fôrça, de coragem, mas não de virtude, da fórma como entendemos hoje. Os heróis criados pêla cultura de massas da atualidade, como Batman e Homem-Aranha, ao contrário dos heróis gregos, destacam-se por defender o bem e a justiça.

No caso da história do Brasil, a exaltação de heróis nacionais, como Tiradentes e os bandeirantes, marcou o imaginário coletivo, a historiografia e os livros didáticos até a primeira metade do século vinte. Mitificados pelo Estado, por escritores e pensadores, esses personagens foram destituídos dos vícios, das limitações e das fraquezas humanas e elevados à condição de símbolos da nação. Apenas na segunda metade do século vinte iniciou-se um movimento intelectual pêla valorização dos sujeitos coletivos na construção da história, como mulheres, operários, negros escravizados, indígenas, políticos, entre outros. Não que o papel dos chamados grandes personagens nos acontecimentos tenha sido negado, ele apenas foi relativizado e passou a ser analisado como parte de um contexto social mais amplo e complexo.

Observação

Estudar aspectos dos mitos gregos possibilita explorar a formação cultural na Grécia Antiga e desenvolver novamente a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

Teatro, escultura e arquitetura

O teatro, da fórma como conhecemos hoje, é uma invenção grega. Inicialmente era um ritual religioso organizado por populações rurais gregas, no qual um coro de Sátirosglossário cantava em honra a Dionísio, deus do vinho.

No século seisantes de Cristo, esses rituais foram levados para Atenas, passando a ocorrer em festivais de coros que disputavam competições, as chamadas Grandes Dionisíacas. A representação de falas e de atos de personagens por meio de gestos e expressões faciais foi introduzida no teatro pelos atenienses.

A tragédia e a comédia

O principal gênero dos espetáculos teatrais gregos era a tragédia. As tragédias envolviam o sofrimento e os problemas que deveriam ser resolvidos racionalmente pelos cidadãos. Abordavam o conflito entre a vontade humana (representada pelos heróis) e a vontade divina (representada pelos deuses). Os dramaturgos mais importantes foram Eurípedes (autor de medéia e As Bacantes), Ésquilo (autor de Prometeu acorrentado) e Sófocles (autor de Antígona, Édipo rei e Electra).

A comédia surgiu depois da tragédia. Ela provocava o riso, ridicularizando os vícios da população, dos governantes, dos artistas e até mesmo dos deuses. O grande autor de comédias do século cincoantes de Cristo foi Aristófanes (autor de Assembleia de mulheres).

Quando iam ao teatro, os gregos viam os próprios conflitos representados no palco. Identificando-se com os personagens, rindo ou sofrendo com eles, o público refletia sôbre as próprias atitudes no dia a dia. Por isso, o teatro era considerado parte da educação dos gregos.

Quem ia ao teatro?

Com exceção dos escravos, todas as pessoas podiam assistir aos espetáculos de teatro, mas apenas algumas podiam encená-los. As mulheres, por exemplo, não atuavam nas peças. Os homens, ao representar papéis femininos, usavam máscaras.

Fotografia. Vista aérea de um teatro de arena feito de pedras cor de areia. No centro, o palco arredondado e, em torno dele, uma arquibancada circular, íngreme em formato de u, com dezenas de degraus. Mais ao fundo, atrás do palco, ruínas de uma construção em pedra com dois pavimentos, de cor bege, com dois andares de arcos. Em segundo plano, uma cidade e árvores de folhas verdes.
Teatro de Dionísio, em Atenas, Grécia, construído no séculocincoantes de CristoFotografia de 2019.
Respostas e comentários

Texto complementar

Muitos historiadores veem relação entre o surgimento do teatro na Grécia e a democracia. O texto a seguir desenvolve alguns pontos ligados a esse tema.

A explosão do teatro grego é coeva dos movimentos que propugnavam a democratização da vida ateniense. O seu grande florescimento no século cinco coincide mesmo com o auge da democracia, a ponto de se poder falar, com R. Cantarella, em destino solidário da pólis e do teatro, e ver na tragédia ática, com C. Meier, “o Belo específicosôbre o qual se apoiava a democracia”.

R. rãnter exprime opinião similar: “A tragédia clássica, não menos do que a comédia aristofânica, é um produto da pólis e reflete continuamente sôbre a vida da pólis”.reticências

De fato, tanto na tragédia como em especial na Comédia Antiga, isto é, na comédia ateniense do século cincoantes de Cristo tem sido assinalada a presença de intenção e reflexos políticos. O dramaturgo equacionava nas suas peças os problemas fundamentais da pólis, procurando oferecer possibilidades de solução e, dessa maneira, atuar pedagogicamente sôbreos cidadãos reunidos no teatro.

OLIVEIRA, Francisco de. Teatro e poder na Grécia. . Coimbra, volume45, página 69-93, 1993. Disponível em: https://oeds.link/g8Tj2u. Acesso em: 14 fevereiro2022.

Observação

Lembramos que o trabalho com a produção cultural dos antigos gregos contempla aspectos da habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

Orientações

A dramaturgia contemporânea, o cinema e até as populares novelas de televisão são gêneros herdados do teatro grego (mesmo que indiretamente) e de grandes narrativas, como a Ilíada e a Odisseia.

Se desejar, proponha aos estudantes uma pesquisa na internet em busca de imagens dos teatros gregos construídos há mais de dois milênios e cujas ruínas se encontram espalhadas no mundo mediterrâneo. Esse tipo de atividade visa estimular práticas de pesquisa como revisão bibliográfica.

O realismo das esculturas

A escultura é, sem dúvida, a mais conhecida e estudada manifestação artística grega. As primeiras esculturas começaram a ser produzidas em grande quantidade com o surgimento das póleis. Eram feitas de pedra, e suas fórmas rígidas se pareciam com as das antigas esculturas egípcias. O tema mais importante representado nas esculturas era o corpo humano, principalmente o masculino.

Com o passar do tempo, os artistas gregos começaram a representar as fórmas humanas da maneira mais realista possível. Passaram a usar o bronze e o mármore, materiais que permitiam criar superfícies mais lisas e com grande riqueza de detalhes. As estátuas passaram a dar a impressão de movimento, e as curvas tornaram-se mais suaves. A intenção era criar obras que tivessem as mesmas proporções do corpo humano.

Fotografia. Uma estátua de metal marrom representando um homem em pé, nu, de curtos e barba longa, voltado para a direita. O braço esquerdo está estendido na altura do ombro, com a mão voltada para baixo; o braço direito está erguido, a mão voltada para cima, em posição de lançamento de um objeto.
Estátua grega representando possivelmente possêidon ou Zeus. Séculocincoantes de Cristo Escultura em bronze. Altura: 2,09 métros. Museu Arqueológico Nacional, Atenas, Grécia.
Arquitetura: a dimensão humana dos deuses

Os templos da Grécia Antiga, dos quais restaram muitos vestígios, abrigavam a estátua de um deus e serviam como moradia terrena para a divindade. Os templos não eram locais de culto, pois as orações e os sacrifícios eram feitos nos altares, que normalmente ficavam do lado de fóra do edifício. Por isso, essas construções eram concebidas para serem vistas do exterior, provocando grande impacto por sua beleza e pelo equilíbrio de suas fórmas.

Segundo o historiador da arte érnést gombrit, uma das principais características dos templos gregos eram suas dimensões humanas. Embora fossem imponentes, eles não faziam os homens se sentirem minúsculos ao seu lado.

Sente-se que foram edificados por seres humanos, e para seres humanos. De fato, não existia um governante divino imperando sôbre os gregos que pudesse forçar – ou tivesse forçado – todo um povo a trabalhar como escravo para ele.

. A história da arte. décima sétima edição Rio de Janeiro: éle tê cê, 1999. página 77.

Fotografia. Sob um céu claro, azul, com poucas nuvens brancas, sobre uma plataforma baixa, uma construção retangular, de cor bege, sustentada por colunas. A construção está em ruínas, sem teto. Algumas colunas ao fundo estão corroídas. O solo, claro, está repleto de pedras e areia. Há pessoas visitando o local.
Ruínas do Partenon, em Atenas, na Grécia. Fotografia de 2021. O partenôn, erguido em homenagem à deusa Atena, foi construído no séculocincoantes de Cristo Como ocorria nos demais templos gregos, somente os sacerdotes tinham acesso ao interior da construção.
Respostas e comentários

Orientações

No Período Arcaico, os gregos, sob a influência das culturas orientais, iniciaram a produção de grandes esculturas em pedra. Apareceram, assim, as figuras humanas em tamanho natural. Podemos perceber que os artistas dessa época representavam, em geral, as mulheres com vestidos longos, escondendo completamente suas curvas e fórmas, e com os cabelos soltos ou presos em tranças. Os homens, por sua vez, eram representados seminus.

Já no Período Clássico, o aperfeiçoamento técnico possibilitou aos gregos criar esculturas de bronze. As estátuas agora davam a impressão de movimento e as curvas tornaram-se mais suaves. Os artistas preocuparam-se em criar obras que tivessem as mesmas proporções do corpo humano.

Por fim, no Período Helenístico, os artistas procuraram criar esculturas que expressavam a dor, a tristeza e a angústia, emoções representadas por meio da posição do corpo, da fisionomia e da riqueza de detalhes.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento do trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

Texto complementar

O texto a seguir desenvolve ideias relativas às dimensões humanas presentes nos templos e nas edificações gregas.

No início do séculocincoantes de Cristo, Parmênides dirá: “o homem é a medida de todas as coisas”. Com um claro relativismo axiológico, o homem grego decide que ele mesmo é o ponto de referência da realidade, o valor objetivo para a referência de todas e cada uma das coisas que o rodeiam, tanto na sua impressão sensorial, quanto na sua valoração: a verdade, a justiça, a bondade, a beleza.

PEREIRA, José Ramón A. Introdução à história da arquitetura: das origens ao século vinte e um. Porto Alegre: Bookman, 201047-48.

Ícone. Ilustração de um círculo de quatro cores, montado como um quebra-cabeça, sobre uma mão, indicando a seção Integrar conhecimentos.

Integrar conhecimentos

História e Arte

Multiculturalismo

A pintura nos vasos gregos

Os vasos gregos são importantes fontes de pesquisa para os historiadores. Muitos valores, costumes domésticos e crenças dos antigos gregos são conhecidos hoje graças aos estudos sôbre o uso desses objetos.

A cena mostrada na pintura que decora o vaso a seguir representa um episódio da odisséia, poema que conta a história da volta do herói Ulisses para sua terra natal após participar de uma guerra. Por muitos anos, essa obra foi atribuída a Homero, que teria vivido na Grécia por volta do ano 800 antes de Cristo Hoje, contudo, os pesquisadores tendem a defender que a odisséia resulta de uma longa tradição de poesias cantadas e transmitidas oralmente ao longo das gerações.

Fotografia, Vaso de cor preta, de formato oval, com duas alças pequenas e simétricas, de base e topo estreitos, arredondados. Na faixa central do vaso, uma pintura de cor bege. A pintura é rodeada por uma moldura quadrada. A moldura está destacada por uma seta com o texto: 'O estilo de pintura mostrado nesse vaso é conhecido como figura vermelha: o fundo era pintado de preto e as figuras conservavam a cor natural da argila'. No centro da pintura, uma embarcação à vela em alto mar. No casco da embarcação, na popa, à esquerda, o desenho de um olho. A embarcação tem apenas um mastro de velas. As velas, presas por um feixe de cordas, estão recolhidas no alto do mastro. Há um homem de cabelo curto e preto e barba longa preta, de peito nu, em pé, amarrado ao mastro pelos punhos. Ao lado dele, uma seta com o texto: 'Ulisses está amarrado ao mastro do navio, livre de tampões no ouvido, para ouvir o canto das sereias sem sucumbir à sedução. Ele ordenara aos marinheiros que não o soltassem mesmo que implorasse'. Há marinheiros sentados e remando, usando remos que passam por buracos redondos no costado da embarcação. O marinheiro no centro está destacado com uma seta com o texto: 'Os marinheiros usavam tampões de cera nos ouvidos para não escutar o canto traiçoeiro das sereias'. Na proa do barco, que tem uma carranca em forma de ave, há um homem sentado, voltado para a esquerda, com um dos braços estendido à frente de seu corpo segurando uma espécie de leme. Há uma figura com cabeça humana e corpo de ave, de ponta-cabeça, que mergulha em direção aos marinheiros. Essa  figura está destacada por uma seta com o texto: 'No imaginário mítico grego, as sereias eram monstros alados que cantavam melodias encantadoras para atrair e devorar todos que se aproximavam'. À esquerda e à direita, sobre rochedos nas laterais da pintura, há duas figuras com corpo de ave e cabeça humana pousadas, cada uma em um canto da cena. Abaixo da linha do mar, um friso inferior decorado com grafismos geométricos.
Ulisses e as sereias. cêrca de 480 antes de Cristo-470 antes de Cristo istáminos (vaso de cerâmica) com figuras vermelhas, 18,7por 14,5centímetros. Museu Britânico, Londres, Inglaterra.
  1. Identifique em seu caderno elementos da imagem que revelam o protagonismoglossário de Ulisses e o antagonismoglossário da sereia.
  2. Sabemos que Ulisses é o herói da odisséia. Aponte os elementos da pintura que evidenciam o heroísmo do personagem.
Respostas e comentários

Orientações

Os objetivos desta seção são desenvolver as habilidades de leitura de imagens e chamar a atenção dos estudantes para as possibilidades oferecidas pêlas fontes da cultura material. Oriente-os a ler com muita atenção todos os dados fornecidos sôbre o vaso e a reparar em seus detalhes.

O conteúdo desta seção também possibilita o trabalho com o tema contemporâneo Diversidade cultural.

Respostas

1. Ulisses se localiza no centro da imagem (a posição de maior destaque), ao lado da sereia, que mergulha em direção ao barco. A sereia, motivo da ação de Ulisses, simboliza o perigo iminente, por isso é retratada em tamanho aumentado em relação ao protagonista.

2. Apesar de o personagem principal estar imobilizado, amarrado ao mastro, para não sucumbir ao canto das sereias, ele está de peito e ouvidos abertos (ao contrário dos demais homens), com a cabeça levantada, olhando diretamente para a sereia. Na pintura, ficam claras a audácia e a coragem de Ulisses, atitudes características dos heróis míticos gregos. Nos versos da Odisseia, ele é recorrentemente apresentado como o mais astuto dos mortais.

Observação

O conteúdo desta página possibilita, novamente, o desenvolvimento do trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestões para o professor:

PEVSNER, Nikolaus. Panorama da arquitetura Ocidental.terceira ediçãoSão Paulo: Martins Fontes, 2015.

Com diversas fotografias e desenhos, a obra apresenta a história da arquitetura ocidental desde as basílicas de Roma até os arranha-céus do século vinte.

ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2009. (Coleção Mundo da Arte).

O livro reúne estudos da crítica arquitetônica para abordar modos de ver e conhecer a arquitetura.

O pensamento filosófico e as ciências

Ao fundar colônias em todo o Mediterrâneo e estabelecer relações comerciais com regiões distantes, os antigos gregos tomaram contato com povos e culturas muito diferentes da sua. Assim, conheceram as diversas maneiras de cada povo ver, compreender e explicar o mundo, e passaram a questionar a validade das próprias explicações.

Com esses questionamentos, e possivelmente inspirados no que tinham aprendido com outros povos, os gregos buscaram respostas às questões sôbre o mundo e a vida na observação da realidade, e não apenas nas explicações míticas.

Essa vontade de conhecer o mundo por meio da razão humana fez surgir importantes filósofos. Em grego, filosofia quer dizer amor (fílos) à sabedoria (sofía).

O surgimento da filosofia entre os gregos não significa que eles tenham abandonado seus mitos e deuses. Filosofia e religião conviveram por muito tempo na Grécia Antiga.

História em quadrinhos. História em dez quadros, dispostos em duas tiras de quadro quadros pequenos, e dois quadros maiores. Um  no início, outro no final da história.
Calvin, menino de cabelo loiro e espetado para cima, veste uma camiseta vermelha com listras pretas, calça preta e calçado marrom claro. E Haroldo, um tigre de cor laranja com listras pretas, com barriga e rosto em branco. Haroldo caminha como um bípede.

Primeiro quadro. Dentro de um retângulo com moldura grossa de cor preta, na vertical. Em branco e preto, um pássaro , com bico e patas pequenas.

Segundo quadro. Sobre um fundo branco, à esquerda, Calvin e Haroldo, com os corpos inclinados para frente, observam um pássaro cinza caído sobre o solo. Calvin, apontando para o pássaro, com um balão de fala: ‘OLHA! UM PÁSSARO MORTO!’ Haroldo com a mão direita sobre a boca, com um balão de fala: ‘DEVE TER SE CHOCADO CONTRA A JANELA’.

Terceiro quadro. Sobre um fundo branco, Calvin e de Haroldo, vistos de perto, curvados. Ambos olhando fixamente para baixo. Calvin com um balão de fala: ‘NÃO É BONITO? É TÃO DELICADO!’

Quarto quadro. Sobre um fundo branco, Calvin está em pé à esquerda e Haroldo ao lado dele, à direita. Ambos, com o corpo ereto, olham para direita. Calvin com um balão de fala: ‘SEMPRE SE DÁ CONTA DEMASIADO TARDE QUE A VIDA É UM MILAGRE’. 

Quinto quadro. Sobre um fundo branco, Calvin, visto da cintura para cima. Ele está com os braços abertos e olhando para frente, com um balão de fala: ‘COMPREENDE-SE QUE A NATUREZA É CRUEL E QUE NOSSA EXISTÊNCIA É MUITO FRÁGIL, CURTA E VALIOSA’.

Sexto quadro. Sobre um fundo branco, Calvin está à esquerda e Haroldo ao lado dele. São vistos da cintura para cima. Calvin, com a cabeça reclinada e com um balão de fala: ‘MAS, OCUPADOS COM SEUS ASSUNTOS PESSOAIS, NUNCA SE PENSA NISSO’. 

Sétimo quadro. Sobre um fundo branco, Calvin é visto da cintura para cima e de frente  com um balão de fala: ‘PROVAVELMENTE POR ISSO, AS PESSOAS DÃO TUDO POR FEITO E SE COMPORTAM LOUCAMENTE’.

Oitavo quadro. Sobre um fundo branco, Calvin e Haroldo caminham juntos para à direita. Calvin  com um balão de fala: É MUITO CONFUSO.

Nono quadro. Calvin e Haroldo, lado a lado, caminham para à esquerda. Calvin com um balão de fala: ‘EU SUPONHO QUE, QUANDO CRESCER, ENCONTRAREI SENTIDO.’ Haroldo  com um balão de fala: ‘SEM DÚVIDA’.

Décimo quadro. Na base dos quadrinhos anteriores, sem bordas. Sobre um fundo branco, Calvin e Haroldo estão recostados no tronco marrom de uma árvore, cujas folhas desenhadas em preto e branco só se pode ver parcialmente. Haroldo está deitado e tem as mãos sobre a barriga, os dedos entrelaçados. Calvin está sentado. Há três passarinhos amarelos sobrevoando a cena.

uáresân bíu. Existem tesouros em todo lugar. São Paulo: cônrad, 2013. página 16.

Ler a tirinha

• Qual é a questão filosófica sugerida por Calvin nesta tirinha? Pensando na vida ou na existência humana, formule outra questão filosófica e a apresente a um colega.

Respostas e comentários

Orientações

Com relação aos conceitos filosóficos, ainda que sejam de difícil apreensão para os estudantes, eles não terão dificuldade em compreender que o objetivo dos filósofos era a busca de explicações racionais para os acontecimentos da natureza, da sociedade e dos indivíduos. Pode-se lembrar, ainda, que esse traço estava presente na própria concepção da pólis, governada, na Grécia, pêla comunidade de cidadãos, e não por representantes das divindades, como era comum na concepção de govêrno de outras sociedades antigas do Oriente.

É importante compreender que tanto a filosofia como a arte gregas tiveram seu desenvolvimento mediado pêla organização política da sociedade nas cidades-Estado, especialmente em Atenas. Sentindo-se responsáveis pelos próprios destinos, os cidadãos, se viam em condições de refletir sôbre temas filosóficos, como a origem do mundo.

Além disso, é importante notar que na filosofia de grandes pensadores gregos, como Sócrates e Platão, está a ideia do bem, da beleza e da verdade. A cultura cristã ocidental tem muito da moral e dos valores dos antigos gregos. Os conceitos de democracia, cidadania e política, tão fundamentais nos dias de hoje, também têm origem na sociedade da Grécia Antiga. Discutir essas questões nos dois tempos possibilita perceber as semelhanças e as diferenças, as mudanças e as permanências.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento do trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

Resposta

Ler a tirinha: É esperado, nesse momento, que os estudantes reconheçam a fragilidade e a brevidade da vida e percebam de que modo as pessoas, a despeito disso, deixam de desfrutar de bons momentos do presente absorvidas por lembranças do que se foi ou por preocupações com o que virá. A tirinha também possibilita fazer com que os estudantes percebam que as reflexões filosóficas brotam do nosso cotidiano, das indagações que fazemos continuamente, da nossa inquietude diante do mundo em que vivemos.

A proposta de levar os estudantes a elaborar questões filosóficas visa também desenvolver neles a prática do questionamento, a habilidade de pensar criticamente sôbre as coisas que leem, ouvem e veem, essenciais para o desenvolvimento da autonomia.

Os principais filósofos gregos

Foi na cidade de Atenas, nos séculos cincoantes de Cristoe quatroantes de Cristo, que Sócrates, Platão e Aristóteles, os três principais filósofos gregos, elaboraram ideias que até hoje estão presentes no pensamento ocidental.

Sócrates (470 antes de Cristo-399 antes de Cristo) afirmava que o ser humano só poderia compreender o mundo se admitisse que nada sabia. Para estimular o autoconhecimento, Sócrates saía às ruas e praças de Atenas questionando os que acreditavam conhecer a verdade com diversas perguntas (O que é a justiça? O que é o belo? O que é o amor?). Ao ouvir as respostas que esses sábios davam, Sócrates concluiu que eles não tinham o conhecimento que afirmavam ter. Acusado de não acreditar nos deuses e de desvirtuar os jovens de Atenas, Sócrates foi condenado à morte por envenenamento com cicuta.

Sócrates não deixou nada escrito, e tudo o que sabemos sôbre ele chegou até nós por meio de seus discípulos, especialmente Platão (427 antes de Cristo-347 antes de Cristo). Além de difundir o pensamento de Sócrates, Platão formulou ideias próprias. Para ele, os sentidos (visão, audição etcétera) captam apenas a aparência das coisas, aquilo que pode ser visto, ouvido ou tocado. Mas a essência das coisas, aquilo que elas verdadeiramente são, só pode ser alcançada pelo conhecimento verdadeiro, pêla evolução da alma.

Outro importante filósofo foi Aristóteles (384 antes de Cristo-322 antes de Cristo), discípulo de Platão. Ele afirmava que, para conhecer a realidade, era preciso formular um pensamento correto, que chegasse a conclusões coerentes. Com isso, Aristóteles desenvolveu a lógica, área da filosofia que trata das leis gerais do pensamento.

A filosofia aristotélica tornou-se famosa pelos estudos de botânica, física, literatura e política. As obras de Aristóteles influenciaram os pensamentos cristão e árabe, e suas teorias sôbre a política e a literatura ainda hoje são muito discutidas.

Pintura. Diante de uma parede cinza feita de tijolos. À esquerda, um longo corredor em forma de arco, onde há um homem vestido de azul e túnica marrom, com as mãos para cima, recostado sobre a parede, negando-se a observar a cena central. No final do corredor, onde há uma estreita abertura retangular e gradeada, outras pessoas, sobem uma escada. No centro, sobre uma cama com lençóis amarelados, um homem de cabelos brancos e curtos e barba longa, sentado, vestido com uma túnica longa e branca sobre as pernas e sobre um dos braços, ergue o braço direito e tem o dedo indicador para o alto e o torso nu. Ele está voltado para frente, com o olhar a 45 graus, para a direita. A mão direita dele está acima de um recipiente redondo e marrom, que lhe é entregue por um homem vestido com túnica vermelha até os joelhos, visto de costas, com a mão esquerda sobre os olhos, e com a cabeça baixa. Atrás desta cena, há uma lamparina sobre um pedestal alto e preto. No pé da cama, sentado e nela recostado, com uma túnica branca, há um homem quase calvo, com parcos cabelos brancos e farta barba branca, cabisbaixo. No canto direito da pintura, um grupo de pessoas observa a cena. Um homem está sentado sobre uma plataforma cinza, Ele tem cabelos e barba escuros e encaracolados, pousa a mão direita sobre a perna da figura central. Atrás dele, uma outra figura, vestida com túnica azul, esconde o rosto com as duas mãos, cabisbaixa. Atrás dele, há outras duas figuras das quais só se vê o rosto e que estão igualmente cabisbaixos e sérios. Ao fundo, uma outra figura humana, de costas para a cena, olha para o alto e leva a mão esquerda sobre a testa.
Deivid, Jác luí. A morte de Sócrates. 1787. Óleo sôbre tela, 129,5 por 196centímetros. Museu Metropolitano de Arte, Nova York, Estados Unidos.
Respostas e comentários

Texto complementar

O texto a seguir procura mostrar como o desenvolvimento do pensamento filosófico e científico entre os gregos guarda relações com o desenvolvimento de novas fórmas de organização social e de práticas políticas nas cidades-Estado.

Advento da Polis, nascimento da filosofia: entre as duas ordens de fenômenos os vínculos são demasiado estreitos para que o pensamento racional não apareça, em suas origens, solidário das estruturas sociais e mentais próprias da cidade grega. Assim recolocada na história, a filosofia despoja-se desse caráter de revelação absoluta que às vezes lhe foi atribuído, saudando, na jovem ciência dos jônios, a razão intemporal que veio encarnar-se no tempo. A escola de Mileto não viu nascer a razão; ela construiu uma razão, uma primeira fórma de racionalidade. reticências

De fato, é no plano político que a Razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-se. A experiência social pôde tornar-se entre os gregos o objeto de uma reflexão positiva, porque se prestava, na cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data do dia em que os primeiros sábios puseram em discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida. reticências

VERNANT, jân piérr. As origens do pensamento grego. 20. editoraRio de Janeiro: Difel, 2011.página 141-142.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento do trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

Ícone. Sugestão de site.

Sugestão para o estudante:

PLENARINHO. Disponível em: https://oeds.link/KG2RRt. Acesso em: 14 fevereiro2022.

Ligado à Câmara dos Deputados, esse site, dedicado a crianças e jovens, traz vídeos, animações, jogos e textos sôbre cidadania e democracia.

Ciência e Tecnologia
História e medicina

O desenvolvimento do pensamento racional, a partir do século seisantes de Cristo, também influenciou o modo como os gregos narravam os acontecimentos que envolviam as póleis gregas. A tentativa de construir uma narrativa dos fatos sem recorrer a deuses, heróis e mitos marcou o nascimento da história (palavra grega que significa pesquisa, investigação).

A primeira obra historiográfica de que se tem notícia é de autoria de Heródoto (484antes de Cristo-425antes de Cristo), natural da cidade grega de Halicarnasso. Sua obra História narra os acontecimentos das guerras entre gregos e persas, que terminaram cinco anos antes de seu nascimento. Ou seja, o livro apresenta fatos que ele não testemunhou, mas investigou, procurando reconstituí-los.

A primeira frase de Heródoto em seu livro História já anuncia o caráter racional de sua fórma de pensar e descrever os acontecimentos:

Os resultados das investigações reticências são apresentados aqui, para que a memória dos acontecimentos não se apague entre os homens com o passar do tempo, e para que feitos maravilhosos e admiráveis dos helenos e dos bárbaros não deixem de ser lembrados, inclusive as razões pelas quais eles se guerrearam.

HERÓDOTO. História. Brasília, Distrito Federal: editora ú êne bê, 1985. página 19.

Outro campo científico desenvolvido pelos gregos antigos foi o conhecimento sôbre o corpo humano e as doenças, que mais tarde daria origem à medicina. Um dos pensadores que mais se destacaram nessa área foi Hipócrates (460 antes de Cristo-380 antes de Cristo). Ele afirmava que as causas das diversas doenças eram naturais, e não sagradas ou mágicas.

Os estudos de Hipócrates

Hipócrates foi o primeiro a descrever, por exemplo, a epilepsia (doença até então considerada sobrenatural) como resultado de um mau funcionamento do cérebro humano. Ele estabeleceu um critério médico quase inteiramente racional e baseado na observação dos sintomas, que indicariam o diagnóstico e o tratamento adequados. Além disso, nas obras de Hipócrates há descrições clínicas de doenças como a malária, a pneumonia e a tuberculose, bem como descrições sôbre anatomia, instrumentos de dissecação e procedimentos corretos para a prática.

Desenho. Sobre um fundo dourado, um homem calvo, de barba grisalha, capa vermelha sobre cabeça e ombros, e uma túnica azul com barra dourada, está sentado sobre uma poltrona de cor marrom e tem os pés sobre uma pequena plataforma marrom. Ele segura na mão direita uma haste fina usada para escrever e, na mão direita, um livro aberto de folhas brancas com letras inscritas. No alto, um tecido em verde esticado na horizontal, com as pontas pendentes, emoldurando a figura humana.
FONOLLOSA. Hipócrates. Século vinte. Desenho.
Respostas e comentários

Orientações

O conteúdo sôbre Heródoto e a relação entre História e Medicina possibilita trabalhar o tema contemporâneo Ciência e Tecnologia.

Texto complementar

O texto a seguir apresenta relações entre as novas fórmas de organização social e política nas pólis e o surgimento de fórmas de expressão e de pensamento.

Quando em Atenas, para além do ambiente dos sofistas, Heródoto conviveu também com Anaxágoras, um dos filósofos da natureza, e com os trágicos Sófocles e Eurípides. Mas o que traziam de novo esses homens em termos de visão de mundo? A que necessidades respondiam? É preciso considerar então o contexto mais amplo que permitiu não somente o surgimento da história, mas também da geografia de Hecateu de Mileto, da sofística, do direito, da medicina hipocrática, da filosofia e das tragédias. Todas essas fórmas de expressão e pensamento estão intimamente relacionadas com a criação do sistema de pólis no mundo grego. Esse acontecimento é fundamental para a mutação intelectual em suas diversas manifestações, e nesse sentido, é a própria relação entre linguagem e mundo que se modifica. Nessa nova fórma de organização, a palavra deixa de desfrutar do estatuto mágico-religioso que garantia o poder do rei (ánax) da época micênica.

eiler, Flávia Maria chelí. Heródoto de Halicarnasso (484antes de Cristo.-430/420 antes de Cristo). In: PARADA, Maurício (organizador). Os historiadores: clássicos da História.volume 1. Petrópolis: Vozes: púqui-Rio, 2012.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento do trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestões complementares referentes ao Capítulo:

Culãnges, Fustel de. A cidade antiga. São Paulo: Claret, 2021.

A obra é um estudo do mundo greco-romano antigo, em especial de Atenas, Esparta e Roma, abordando o surgimento das cidades e suas transformações, a influência da religião na estrutura familiar, entre outros.

mânfórd loues. A cidade na história: suas origens, transformações e perspectivas. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

O livro trata da formação, das características e das funções da cidade ao longo do tempo.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

  1. Identifique as afirmativas incorretas e corrija-as em seu caderno.
    1. A religião pode ser considerada um elemento de unidade entre as póleis gregas porque, mesmo com independência política e econômica, elas tinham deuses em comum.
    2. Os deuses gregos eram vistos como seres superiores e perfeitos, completamente diferentes dos seres humanos.
    3. O teatro grego tinha exclusivamente a função de divertir as pessoas.
    4. A busca do conhecimento do mundo por meio da razão humana fez surgir entre os gregos importantes filósofos, e filosofia e religião conviveram por muito tempo na Grécia Antiga.
  2. O Discóbolo (ou O lançador de discos) é uma das obras de arte mais famosas da Antiguidade. Tudo indica que a escultura original tenha sido produzida em bronze no séculocincoantes de Cristo pelo grego Míron. Embora o original dessa escultura não exista mais, há várias cópias romanas em mármore, como a que você vê a seguir. Observe a imagem com atenção e responda às questões.
Fotografia. Estatueta em tons escuros de marrom representando um homem esguio que está com o torso retorcido e inclinado, com a mão esquerda sobre o joelho direito e a direita voltada para trás, com o braço esticado. Ele olha para cima, em direção à mão direita, que carrega um disco, erguido para o alto. O joelho esquerdo está flexionado; a ponta do pé esquerdo encosta no solo, enquanto o pé direito lhe dá sustentação. O corpo todo parece lhe dar impulso para girar em torno de si mesmo e lançar o disco para longe.
MÍRON. O Discóbolo (ou O lançador de discos). cêrca de450 antes de Cristo Estatueta em bronze. Altura: 21 centímetros. Gliptoteca de Munique, Alemanha.
  1. Qual é o nome da obra e onde a escultura original foi produzida?
  2. O que a figura humana representada está fazendo?

3. Leia, a seguir, as palavras do professor inglês istífen farfing sôbre os lançadores de disco e a obra de Míron e responda às questões.

Na Antiguidade, os lançadores de disco se exibiam nus, o que permitia que os artistas retratassem os músculos flexionados. Míron descreve o momento em que a figura irá lançar o disco com um realismo convincente, transmitindo uma sensação de firmeza e vigor e de delicado equilíbrio ao corpo.

fárting, istífen. Tudosôbre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. página55.

  1. Segundo o texto, a prova de lançamento de disco na Grécia Antiga permitia que os atletas fossem representados de fórma realista. Por que isso acontecia?
  2. Que características dessa escultura exprimem o realismo a que o texto se refere?
  3. Que características da obra trazem a ideia de equilíbrio e harmonia?

4. Leia o texto do historiador grego Heródoto e responda às questões.

Esta é a exposição da investigaçãoreticências para que nem os acontecimentos provocados pelos homens, com o tempo, sejam apagados, nem as obras grandes e admiráveis, trazidas à luz tanto pelos gregos quanto pelos bárbaros, se tornem sem fama: e, no mais, investigação também da causa pêla qual fizeram guerra uns contra os outros.

HERÓDOTO ápud hartog franssoá. A história de Homero a Santo Agostinho. Belo Horizonte: editora ú éfe ême gê, 2001. página 43.

  1. Qual era a função central da história para Heródoto?
  2. Consulte o Capítulo 1 deste livro e estabeleça uma semelhança e uma diferença entre a concepção atual de história e a de Heródoto.
Respostas e comentários

Seção Atividades

Objeto de conhecimento

As noções de cidadania e política na Grécia e em Roma.

Domínios e expansão das culturas grega e romana.

Habilidade

São trabalhados aspectos relacionados à habilidade:

ê éfe zero seis agá ih um zero (atividades 1, 2, 3, 4)

Respostas

1. Afirmativas incorretas: b, c. Correções: b) As características dos deuses gregos eram semelhantes às dos humanos: viviam e se comportavam como eles, manifestando qualidades, defeitos, alegrias e sofrimentos; c) Além de divertir, o teatro grego era parte da educação dos gregos, pois, ao assistir aos conflitos representados, o público refletia sôbre as próprias atitudes.

2. a) A obra O Discóbolo (ou O lançador de discos) foi produzida provavelmente em Atenas, onde Míron viveu a maior parte de sua vida.

b) O homem representado é um atleta no momento de lançar o disco, uma das provas disputadas nos Jogos Olímpicos gregos.

3. a) Os atletas lançadores de discos se exibiam nus, o que facilitava a observação e a representação dos músculos flexionados.

b) A escultura de Míron mostra que o artista, ao retratar o atleta, aproximou-se ao máximo de um corpo real. Ele escolheu retratar o atleta no momento em que se prepara para lançar o disco, possibilitando ver claramente o relêvo perfeito das costelas e os grupos musculares flexionados. A obra, ao contrário das esculturas egípcias ou das estátuas gregas de períodos anteriores, produz a ilusão de movimento, de naturalidade, como se recriasse os gestos de um atleta em uma prova real de lançamento de disco.

c) As características que trazem a ideia de equilíbrio e harmonia são a leveza do movimento do atleta, o ar sereno de seu rosto e a simetria de seus músculos. Revelam o cuidado com a proporção, com a representação anatomicamente perfeita. A simetria das proporções pode ser notada também pelo ângulo (triangular) feito pêla coxa e a panturrilha da perna esquerda e pelo tórax e o braço estendido. 

4. a) Para Heródoto, a função do historiador é preservar a memória dos atos humanos, para que eles não sejam apagados pelo tempo. Outra função da memória destacada pelo autor é investigar as causas dos acontecimentos, como as guerras travadas entre os povos. 

b) Semelhança: o intuito de preservar a memória dos seres humanos. Diferença: hoje, a história se preocupa em responder a questões do presente. Na concepção de Heródoto, seria suficiente preservar a memória do passado.

Ícone. Ilustração do globo terrestre circundado por uma linha amarela, simulando a trajetória da Lua em torno do planeta, indicando a seção Ser no mundo.

Ser no mundo

O que é o belo?

Os gregos antigos elaboraram estudos sôbre o belo e buscavam, em suas obras de arte, proporção, equilíbrio e graça. Mas, quando se falava de beleza humana, a concepção de beleza ia além da aparência. Ela expressava um modo de vida. O grego considerado belo era aquele que praticava exercícios físicos, aprendia música, discutia sôbre política e tinha gosto pelo conhecimento e pêla arte.

Contudo, na sociedade em que vivemos, há uma grande valorização da beleza aparente, ditada por “padrões”. As pessoas podem ser consideradas feias ou belas de acôrdo com o tipo de corpo valorizado pêla sociedade.

O padrão estético de beleza atual, perseguido pêlasmulheres, é representado imageticamente pêlas modelos esquálidasglossário das passarelas e páginas de revistas segmentadas, por vezes longe de representar saúde, mas que sugerem satisfação e realização pessoal e, principalmente, aludem à eterna juventude. reticências O culto à magreza está diretamente associado à imagem de poder, beleza e mobilidade socialreticências.

bom, Camila Camacho. Um pêso, uma medida: o padrão de beleza feminina apresentado por três revistas brasileiras. São Paulo: Uniban, 2004. página 19-25.

  1. Responda em seu caderno: de acôrdo com o texto, qual seria o padrão atual de beleza veiculado pêla mídia?
  2. Segundo o texto, o padrão de beleza atual induz a uma vida saudável? Justifique.
Fotografia. Diante de um fundo de mármore de cor preta com veios brancos, uma escultura sobre uma plataforma cúbica de mármore de cor cinza com manchas em preto. A escultura é de cor branca e representa uma mulher de cabelos encaracolados e presos, com o torso nu e uma túnica sobre a cintura, que lhe cobre  as pernas e os pés. A perna esquerda está levemente flexionada, e o torso levemente inclinado. Os braços não foram conservados, e foram destruídos pela ação do tempo.
Vênus de Milo. Século dois antes de Cristo Escultura em mármore. Altura: 202 centímetros. A Vênus de Milo é uma das mais conhecidas estátuas gregas. Seus traços suaves e suas medidas proporcionais ainda constituem, para muitas pessoas, um modêlo de beleza.

Padrão de beleza e mídia

O padrão de beleza veiculado pêla mídia, contudo, está sendo discutido e questionado. Nos últimos anos, movimentos que defendem o respeito por todo e qualquer tipo de beleza, de corpo e de cultura se fortaleceram. A aceitação, o respeito e a autenticidade são valorizados e incentivados. Discussões sôbre o problema da gordofobia, por exemplo, são cada vez mais disseminadas, indicando que amplos setores da sociedade não se interessam mais em manter determinados padrões de beleza.

Respostas e comentários

Seção Ser no mundo

Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número8 e número 9, esta seção incentiva o estudante a conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas, e a exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

O trabalho aqui proposto também possibilita que o estudante desenvolva a Competência Específica do Componente Curricular de História número 7: Produzir, avaliar e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de modo crítico, ético e responsável.

Habilidade

ê éfe zero seis agá ih um zero: Explicar a formação da Grécia Antiga, com ênfase na formação da pólis e nas transformações políticas, sociais e culturais.

Orientações

Ao trabalhar os textos e as atividades desta seção, é importante destacar que há muitas diferenças entre as concepções de “belo” segundo os gregos antigos e segundo a sociedade de nossos dias. Informe aos estudantes, também, que muitos filósofos da Grécia Antiga discorriam sôbre o conceito de “belo”, apresentando, muitas vezes, ideias bem diversas sôbre essa questão. Para Pitágoras, por exemplo, a beleza era associada à matemática (valorizava-se a chamada proporção áurea); Aristóteles dizia que as fórmas de beleza tinham como base a simetria e a ordem.

Respostas

1. Magreza e juventude.

2. Não, pois o padrão atual induz os jovens a buscarem dietas milagrosas para emagrecer, e não uma alimentação saudável.

A indústria cosmética, por exemplo, tem mostrado mudanças em sua produção, levando em conta a chamada beleza inclusiva.

Nos últimos anos, a inclusão tem sido um dos focos importantes da indústria cosmética, que tem buscado desenvolver o seu leque de produtos, se inspirando no movimento da beleza multicultural. Isso significa, cada vez mais, encontrar facilmente no mercado produtos sem gênero, sem etnia, sem idade reticências. É a hora e a vez da beleza plural, uma beleza que desconstrói os clássicos padrões inatingíveis que vieram por anos e anos moldando a sociedade reticências.

BELEZA inclusiva. Talk Science, 16 dezembro2021. Disponível em: https://oeds.link/lpcX9z. Acesso em: 8 janeiro 2022.

Fotografia. Vista de uma passarela iluminada com vigas de metal com luminárias coloridas formando uma estrutura no alto. Há um grupo de mulheres em três filas. À frente, à esquerda, uma mulher loira de cabelos longos usa um vestido de cor cinza, com cinto e sapatos de cor bege, e tem a mão esquerda na cintura. À direita dela, uma mulher com longos cabelos castanhos, camiseta, saia, meias e tênis pretos, também tem a mão esquerda na cintura. Mais à direita, outra mulher de cabelos presos, castanhos, veste uma camiseta branca, uma camisa azul aberta por cima e uma calça cor de vinho. Atrás delas, há outras mulheres posando. À esquerda e à direita, vista parcial de pessoas assistindo ao desfile. Há muitas luzes cujo brilho (e sombras) são perceptíveis no piso da passarela. Ao fundo, vê-se parcialmente um telão para projeções.
Modelos em desfile de moda plus size, em Hamburgo, na Alemanha, em 2017.

É importante garantir espaços para discussões que questionam e colocam em xeque os padrões de beleza inatingíveis. Leia, a seguir, a opinião de uma jovem empresária e ativista.

“Quando a gente batalha por menos opressão de corpos e de padrões dissonantes, a gente não quer que todo mundo seja gordo ou seja magro. Queremos é que as pessoas tenham autonomia sôbre os seus corpos. Então, não podemos pensar em padrões e, sim, em respeito”, analisa [Flávia Durante, empresária e ativista que criou uma feira que reúne marcas de roupas plus size].

FAVALLE, Patrícia. Mulheres que inspiram: criadora da Pop Plus, Flávia Durante é pioneira na moda plus size brasileira. Harper´s Bazaar Brasil, 3 maio 2021. Disponível em: https://oeds.link/bQc3t5. Acesso em: 10 janeiro 2022.

3 . Em grupo, discutam a respeito das principais características do padrão de beleza imposto pêla sociedade atual, procurando responder: por que muitos se submetem a esses padrões? Como seria o mundo se as pessoas desconsiderassem os modelos estabelecidos? Por que é importante pensarmos em respeito e em aceitação, em vez de pensarmos em padrões? Depois de finalizada a discussão, preparem uma exposição de cartazes com frases criadas pelo grupo, destacando a importância de respeitar e valorizar o próprio corpo e o dos colegas.

Respostas e comentários

Resposta

3. Atividade de debate. Espera-se que os estudantes reflitam sôbre como os valores atuais da sociedade foram impostos e se esses valores não estão invertidos. É importante que eles apontem, também, as contradições da nossa sociedade, que tem milhões de pessoas em situação de fome extrema ao mesmo tempo que outras se privam de alimentos por questões estéticas.

Questões para autoavaliação

Nesta Unidade do livro, as questões sugeridas para autoavaliação – e que também podem ser utilizadas, a seu critério, para o diagnóstico do grau de aprendizagem dos estudantes – são:

1. Onde e como surgiu a civilização grega?

2. Como se organizavam as cidades-Estado de Atenas e Esparta? Quais eram as principais diferenças entre elas?

3. Qual foi o papel da Guerra do Peloponeso no declínio das pólis gregas?

4. Quais eram as crenças e os mitos gregos e de que fórma a religião se fazia presente no cotidiano da Grécia Antiga?

5. Por que a filosofia nasceu na Grécia?

Glossário

Ócio
Folga ou repouso; finalização do trabalho. Período em que se descansa.
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Pritania
Período de 35-36 dias.
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Tebas
Antiga cidade-Estado grega.
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Macedônio
Povo que vivia ao norte da Grécia.
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Heleno
Nome pelo qual os gregos antigos se chamavam. A palavra “grego” só foi criada mais tarde pelos romanos, que se referiam aos helenos como grecí.
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Sátiro
Divindade menor da mitologia grega com corpo metade homem, metade bode. No teatro, os sátiros se fantasiavam dessa fórma.
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Protagonista
Personagem principal de um livro, pintura, peça, filme ou novela.
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Antagonista
Aquele que se opõe a alguém ou a alguma coisa.
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Esquálida
Excessivamente magra.
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