Unidadesete O NASCIMENTO DO MUNDO MEDIEVAL

Fotografia. Vista frontal de catedral, de baixo para cima, com destaque para a entrada principal e a torre principal. Em primeiro plano, rua e pessoas caminhando em frente à catedral. Na parte inferior da construção, porta em forma de arco, escura envolta por paredes de cor cinza. A fachada tem tons de bege e marrom, á direita e as esquerda construções com  telhados de cor cinza. No alto, céu nublado em cinza.
Catedral de Aachen, construída no final do séculooito por ordem do imperador Carlos Magno, na Alemanha. Em 1978, foi declarada Patrimônio da Humanidade pêla unêsco. Fotografia de 2019.

Você estudará nesta Unidade:

Os povos germânicos

A formação dos reinos germânicos

O Reino Franco

O nascimento do islamismo

O Império Muçulmano

Cultura e ciência no mundo muçulmano

Respostas e comentários

Apresentação

A Unidade “O nascimento do mundo medieval” e está relacionada às seguintes Unidades Temáticas da BNCC do 6o ano: Lógicas de organização política e Trabalho e formas de organização social e cultural.

Esta Unidade está em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número6 e número 9, incentivando os estudantes a valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida e exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais. 

Os conteúdos trabalhados na Unidade (no texto principal, nas seções e nas atividades propostas) também buscam levar os estudantes a desenvolver as seguintes Competências Específicas do Componente Curricular História: Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços (1), Compreender a historicidade no tempo e no espaço (2) e Identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e povos com relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em princípios éticos (4).

Fotografia. Vista lateral de duas construções. A primeira, à direita, possui três pavimentos, sendo o primeiro caracterizado por portas em arco. A outra, centralizada e à esquerda da imagem, possui grandes colunas frontais três torres altas e afinadas nas pontas, e uma cúpula grande na cobertura principal, na cor azul. Ao fundo, à esquerda, cidade com prédios. No alto, céu nublado com nuvens brancas e céu azul diurno.
Mesquita ál amin, em Beirute, no Líbano. Localizada ao lado da Catedral Ortodoxa Grega de São Jorge, foi construída entre 2002 e 2007. Fotografia de 2019.

As crises e as transformações no Império Romano, principalmente a partir do século três, se relacionam diretamente com o início da Idade Média.

Você sabia que, na Europa medieval, diversos reinos foram formados, e ficaram marcados pelo fortalecimento do cristianismo? O que você sabe sôbre os reinos germânicos e o poder da Igreja Católica durante a Idade Média?

No mesmo período, no Oriente Médio, nascia uma sociedade bastante diferente da europeia, vinculada a outra religião: a islâmica. Que imagens surgem na sua mente quando falamos em povos árabes e islamismo? O que você conhece sôbre esse assunto?

Fotografia. Vista de local fechado, com luminosidade natural externa projetando sombras ao chão. O piso tem cor cinza claro, sobre o qual se erguem colunas de cor bege ornamentadas. A parte superior das colunas formam arcos ornados com relevos similares a um mosaico. O local tem profundidade em três partes. Em segundo plano, um pátio circular aberto e, mais ao fundo, outras colunas e telhado marrom.
Palácios násrrídas, em álhambra, no complexo palaciano de arquitetura islâmica localizado na Espanha. Sua construção teve início no século treze, durante a ocupação árabe. Em 1984, álhambra foi declarado Patrimônio da Humanidade pêla Unesco. Fotografia de 2021.
Respostas e comentários

Nesta Unidade

Esta Unidade trata das origens e do desenvolvimento do mundo medieval, que nasceu sôbre as ruínas do Império Romano do Ocidente, e também aborda as origens do Império Muçulmano, que, durante a chamada Idade Média, caracterizou-se por formar uma sociedade bem diversa da europeia.

Caso considere interessante, reserve um momento da aula para que os estudantes possam apreciar e analisar as imagens presentes nestas páginas de abertura de Unidade. Comente que uma das fotografias mostra uma mesquita localizada no centro da cidade de Beirute, no atual Líbano. Um complexo de oração ligado à cultura islâmica já existia naquele local desde o séculodezenove. Somente no comêço do séculovinte e um é que governantes locais prepararam a área em que a mesquita seria construída; ela foi inaugurada no ano de 2008.

Para iniciar os estudos desta Unidade, é possível realizar, com base nestas páginas de abertura de Unidade e, especialmente, na fotografia da mesquita, uma discussão sôbre a tolerância e a diversidade cultural, étnica, religiosa, entre outras, no mundo. É uma boa oportunidade para incentivar os estudantes a refletir sôbre os seus preconceitos e a ter uma atitude de respeito ao próximo. Essa importante discussão é possível nesse momento porque, na fotografia, podemos observar que a mesquita está localizada ao lado de uma igreja cristã ortodoxa, o que mostra que o respeito e a convivência entre diferentes religiões é possível.

Objetos de conhecimento trabalhados na Unidade

  • A passagem do mundo antigo para o mundo medieval.
  • A fragmentação do poder político na Idade Média.
  • O Mediterrâneo como espaço de interação entre as sociedades da Europa, da África e do Oriente Médio.
  • Senhores e servos no mundo antigo e no medieval.
  • Escravidão e trabalho livre em diferentes temporalidades e espaços (Roma Antiga, Europa medieval e África).
  • Lógicas comerciais na Antiguidade romana e no mundo medieval.
  • O papel da religião cristã, dos mosteiros e da cultura na Idade Média.
  • O papel da mulher na Grécia e em Roma, e no período medieval.

CAPÍTULO16  OS REINOS GERMÂNICOS

O Império Romano, a partir do século três, passou a enfrentar crises e transformações. Em razão desse cenário e da fragilidade de suas fronteiras, povos de diferentes partes da Europa e da Ásia invadiram e ocuparam territórios romanos. A maioria desses povos fazia parte de um grupo linguístico conhecido como germânico.

A pressão dos germânicos sôbre o território romano aumentou no século cinco, com a vinda dos hunos, povos originários da Ásia Central. Forçados a se deslocar ainda mais para o interior do Império Romano, os germânicos promoveram ataques violentos, que prejudicaram o comércio e agravaram a crise da economia romana.

Em 476, o Império Romano estava em colapso: a falta de trabalho e a queda do comércio e da população eram evidentes nas cidades, e os germânicos já representavam grande parte dos soldados e generais do exército romano. Naquele ano, o povo germânico hérulo depôs o último imperador romano do Ocidente.

A data da queda de Roma foi adotada como marco para o fim da Antiguidade e o início da chamada Idade Média na Europa Ocidental.

Qual é a origem do nome “Idade Média”?

Acredita-se que o nome “Idade Média” tenha sido formulado por estudiosos que viveram em cidades italianas no século dezesseis. Mais tarde, historiadores do século dezenove adotaram esse nome na periodização mais utilizada ainda hoje: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea (sôbre isso, retome o Capítulo 1). Para facilitar o estudo desse período, ainda, costuma-se dividi-lo em Alta Idade Média (século cinco ao dez) e Baixa Idade Média (século onze ao quinze).

Mosaico. Sobre um fundo branco e descascado, à esquerda, a figura de um homem  montado sobre um cavalo de pelagem marrom. Vistos lateralmente, eles se deslocam da esquerda para a direita. O homem tem cabelos escuros, longos até a altura das orelhas; veste blusa de mangas compridas verde, calça justa preta e botas. À direita, um cervo cinza escuro, com grandes chifres. O cavaleiro está segurando um laço amarrado no pescoço do cervo, que parece correr para escapar. Ao redor, vegetação rasteira e plantas floridas.
Germânico caçando. Século cinco. Mosaico, 1,29 por 2,66 métros. Museu Britânico, Londres, Inglaterra. Este mosaico foi encontrado em uma vila romana em Cartago, no norte da África.
Respostas e comentários

Sobre o Capítulo

A sociedade feudal que surgiria na Europa se formou a partir da síntese de duas culturas: a germânica e a romana. Ao longo do estudo deste Capítulo, estudaremos que houve uma fusão cultural entre os povos germânicos e as populações latinizadas que habitavam o antigo território do Império Romano do Ocidente.

É interessante informar aos estudantes que o conceito de Idade Média e a sua periodização (aproximadamente do século cinco ao século quinze) constituem uma convenção cronológica criada por historiadores modernos. Comente também que alguns historiadores, como Hilário Franco Júnior, dividem a Idade Média em diversos períodos: Primeira Idade Média (século quatro até meados do século oito), Alta Idade Média (meados do século oito a fins do século dez), Idade Média Central (século onze ao séculotreze) e Baixa Idade Média (século catorze até meados do dezesseis).

Habilidades trabalhadas ao longo deste Capítulo

ê éfe zero seis agá ih um quatro: Identificar e analisar diferentes fórmas de contato, adaptação ou exclusão entre populações em diferentes tempos e espaços.

ê éfe zero seis agá ih um cinco: Descrever as dinâmicas de circulação de pessoas, produtos e culturas no Mediterrâneo e seu significado.

ê éfe zero seis agá ih um seis: Caracterizar e comparar as dinâmicas de abastecimento e as fórmas de organização do trabalho e da vida social em diferentes sociedades e períodos, com destaque para as relações entre senhores e servos.

ê éfe zero seis agá ih um oito: Analisar o papel da religião cristã na cultura e nos modos de organização social no período medieval.

Observação

O conteúdo desta página possibilita um trabalho inicial com vistas ao desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero seis agá ih um quatro.

Os povos germânicos

Qual seria a origem dos povos germânicos? A hipótese mais provável é que eles tenham vindo da Escandinávia e da região do mar Báltico, situadas no norte da Europa. Mais tarde, teriam entrado em contato com povos indo-europeus, como os celtas e os gregos. O resultado desse convívio foi uma influência cultural recíproca, tanto que a língua indo-europeia foi adotada pelos germânicos.

O que pode ser afirmado sôbre os germânicos é que eles estavam divididos em vários povos, que falavam línguas ou dialetos aparentados. Entre esses povos, se destacavam os francos, os godos, os vândalos, os anglos, os saxões, os lombardos, entre outros. Mesmo com algumas diferenças entre si, os povos germânicos se aproximavam pêla língua, por uma organização social baseada na família e por uma forte tradição guerreira.

Chefes guerreiros

O chefe guerreiro era uma das figuras mais importantes da tribo. Nos períodos de guerra, o chefe era escolhido por uma assembleia para comandar o bando armado nas conquistas. Caso saíssem vitoriosos, dividiam entre eles as riquezas adquiridas dos inimigos nos conflitos. Além disso, as vitórias também proporcionavam terras para a agricultura e a criação de gado, garantindo a sobrevivência da comunidade e o poder do chefe guerreiro e de seus parentes. Com o tempo, a liderança do chefe guerreiro passou a ser hereditária.

Fotografia. Sobre um fundo preto, seis objetos dourados: no centro, um colar circular. Dentro do círculo formado pelo colar, três objetos pequenos, dourados, similares a broches ou abotoaduras, arredondados e de formas diversas, com pedras vermelhas incrustadas. Fora do aro formado pelo colar, dois objetos pequenos, dourados, similares a broches ou abotoaduras, arredondados e de formas diversas, com pedras vermelhas incrustadas.
Objetos de ouro produzidos por povos germânicos. Séculocinco. Museu de Belas Artes e Arqueologia, Troyes, França.
Mosaico.  Vista de local aberto. Uma cena com cinco homens, uma mulher e três animais, dois cavalos e um bovino. No centro, de um círculo alaranjado, um homem está prestes a golpear um cavalo com objeto pontiagudo. À direita dele, outro homem segura um cavalo pela cabeça e, com a outra mão, ergue um bastão no alto. Na parte inferior da cena, um outro homem está abaixado suspendendo um objeto do solo. À esquerda, uma mulher vista de costas, sentada em um banco estende o braço direito, com a palma da mão aberta, na direção dos homens. À direita um homem ergue um bastão para o alto e aponta, com a mão esquerda, na direção de um animal à frente. À direita dele, outro homem está de pé, com um bastão encostado ao solo, e, com a mão direta, aponta na direção da mulher, sentada no plano inferior da imagem.  Ao fundo, uma construção com a lateral formada por arcos e telhado marrom.
Uso de animais na debulha do trigo. Século três. Mosaico, 58 por 58centímetros. Museu Arqueológico, Líbia.
Ícone. Sugestão de site.

REVISTA da Associação Brasileira de Estudos Medievais. Disponível em: https://oeds.link/Ng3yGB. Acesso em: 17janeiro2022. A revista apresenta textos e publicações sôbre a Idade Média.

Respostas e comentários

Orientações

Durante o estudo dos povos germânicos é importante ressaltar as diferenças entre eles e os romanos, o que poderá facilitar a compreensão do processo de formação da sociedade medieval, resultado da aproximação entre povos e culturas diversas.

Vale notar que as primeiras tentativas dos germânicos de estabelecer reinos nos territórios romanos fracassaram porque as diversas tribos viviam em conflito entre si. Foi o que ocorreu, por exemplo, com os domínios estabelecidos pelos vândalos, suevos, ostrogodos e visigodos.

Ressalte também que os hunos não eram germânicos. Povos nômades originários da Ásia Central, eles tinham forte tradição guerreira. Ao se expandir em busca de terras para as pastagens, os hunos forçaram os germânicos a se deslocar para o interior do Império Romano.

Por fim, sugerimos lembrar aos estudantes, nesse momento, que a grave crise que atingiu o Império Romano do Ocidente a partir do século trêspoupou o Império Bizantino, no Oriente, que continuou existindo por muitos séculos.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero seis agá ih um quatro. Além disso, é interessante observar que esse também é um momento propício para o trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih um seis.

Ícone. Sugestão de site.

Sugestão para o professor:

enêm | Povos germânicos [Roteiro de:] Jonatas Alexandre. [sem local]: História em foco, 5 março. 2020. Podcast Disponível em: https://oeds.link/YGvnV2. Acesso em: 22 abril. 2022.

O episódio aborda as características e curiosidadessôbre os povos germânicos.

O encontro de diferentes culturas

Durante o século cinco e o início do século seis, os germânicos fixaram-se em terras das antigas aristocracias romanas. Assim, os líderes guerreiros tornaram-se reis. Contudo, como eles não possuíam uma organização estatal nem instituições para administrar os territórios conquistados, seus domínios tinham curta duração. Somente a partir do século seis alguns povos germânicos estabeleceram domínios duradouros na Europa. Foi o que ocorreu com os francos na Gália (região da atual França), com os anglo-saxões nas Ilhas Britânicas e com os lombardos na península Itálica.

Os reinos germânicos incorporaram elementos da cultura romana, como o latim e algumas leis do direito romano. O latim era mais usado nos setores administrativos, mas influenciou fortemente as línguas germânicas. Já o direito romano convivia com leis germânicas, baseadas nos costumes.

Os romanos, por outro lado, incorporaram alguns costumes germânicos, como o consumo cotidiano da carne de porco. Antes, os romanos consumiam esse tipo de carne apenas em festividades e banquetes. Os povos germânicos tiveram forte presença na cultura ocidental.

Os reinos germânicos (séculoscinco e seis)

Mapa. Os reinos germânicos (séculos cinco e seis). No centro, o Mar Mediterrâneo. Ao norte, parte da Europa; ao sul, parte do Norte da África, ao leste, parte da Ásia, a oeste, o Oceano Atlântico. Alguns territórios estão destacados por cores e outros, conforme na legenda: Em  rosa, 'Reino dos francos em 486',  no norte da Europa, com destaque para as cidades de Reims, Cambrai e Tournal. Em rosa com linhas inclinadas em lilás 'Reino dos francos em 511', abrangendo desde a cidade de Touluse até a região a leste do rio Reno. Fazendo fronteira com os Saxões, a leste, os Lombardos e o reino dos Turíngios, a leste; o reino dos Burgúndios, em cor laranja, ao sul e o reino dos Ostrogodos, ao sul. A oeste, o Oceano Atlântico. Destacados em roxo no mapa, o reino dos Visigodos e o reino dos Ostrogodos abrangiam as regiões da Península Ibérica, a costa mediterrânica do território que hoje corresponde à França, a Península Itálica e parte dos Bálcãs; a cidade de Toledo está destacada no Reino dos Visigodos. As cidades de Verona, Ravena, Roma e Siracusa estão destacadas no Reino dos Ostrogodos. No noroeste da Península Ibérica, e dentro dos limites ocupados pelos visigodos, destaca-se em verde claro, o Reino dos Suevos, com destaque para as cidades de Lugo e Braga. A leste do Reino dos Francos, destacado em amarelo, o Reino dos Turíngios. A leste do Reino dos Ostrogodos, o Reino dos Gépidas às margens do rio Danúbio, destacado na cor verde. No Norte da África, na costa mediterrânica em torno do Cabo Bon, incluindo as Ilhas Baleares, a Córsega e a Sardenha, destacado em verde escuro, o Reino dos Vândalos, com a capital em Cartago. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos com escala de 0 a 230 quilômetros.

Elaborado com base em dados obtidos em: Ríguelmãn, Vérner; Quínder, Rérmãn. Atlas historique. Paris: Perrin, 1992. página112.

Respostas e comentários

Orientações

Apesar de o direito romano conviver com leis germânicas baseadas nos costumes, os germanos nem sempre aplicavam a justiça interpretando a lei escrita. Muitas vezes, eles recorriam ao ordálio, prova judiciária feita com elementos da natureza e cujo resultado era interpretado como um julgamento divino. O resultado era considerado uma manifestação do desejo dos deuses.

Ícone. Sugestão de site.

Sugestão para o professor:

IDADE Média. Disponível em: https://oeds.link/BqWMuZ. Acesso em: 21 abril 2022. Este site, mantido pêlo medievalista e professor Ricardo da Costa, disponibiliza um extenso material sôbre diversos temas relacionados à Idade Média.

Observação

O trabalho com o longo processo de deslocamento dos povos germânicos por grande parte da Europa e com a noção de que esses povos tiveram contatos com celtas e gregos e, mais tarde, com os romanos, entre outros, constitui um ótimo momento para que as seguintes habilidades sejam contempladas: ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um cinco.

Texto complementar

Apesar de se apropriarem de aspectos da cultura romana, os germanos não trataram os romanos com igualdade, como mostra o texto a seguir.

reticências Havia certa segregação, com bairros separados para romanos e bárbaros nas cidades da Itália ostrogoda, com a função militar proibida aos romanos em diversos reinos, com os germanos em quase todos os locais usando sua roupagem tradicional Foram proibidos os matrimônios mistos, determinação de uma lei romana de 370 e que os germanos mantiveram em alguns reinos até meados do século sete.

FRANCO Júnior., Hilário. A Idade Média, nascimento do Ocidente. segunda edição. São Paulo: Brasiliense, 2006.página85-86.

O Reino Franco

Os francos foram um dos povos germânicos que mais se destacaram no período. No início do século cinco, eles ocuparam a Gália e continuaram se expandindo para outros territórios, por meio de guerras ou alianças políticas.

A expansão do Reino Franco ganhou impulso com o rei Clóvis, da dinastia merovíngiaglossário . Clóvis estabeleceu a capital de seus domínios em lutétcia parisiórum (Lutécia), uma antiga cidade romana que daria origem, mais tarde, a Paris. No final do século cinco, esse rei se converteu ao cristianismo.

Não se sabe com certeza por que Clóvis teria se convertido, mas, independentemente de qual tenha sido o motivo, sua conversão teve um pêso simbólico muito grande na época e serviu de exemplo para outros reis germânicos. Com o apôio da Igreja, os francos continuaram expandindo seus domínios pelos territórios germânicos e conquistando novos adeptos para a fé cristã.

Iluminura. Duas imagens associadas, dispostas uma acima da outra. Na imagem situada acima, um homem nu, com cabelos castanhos, mergulhado em um recipiente redondo semelhante à uma grande taça na cor azul, com as mãos cruzadas sobre o peitoral. À esquerda dele, quatro homens em pé com túnicas religiosas, longas e com cores diferentes, e chapéu branco triangular na cabeça. Um deles à frente, de manto vermelho e túnica verde está com a mão esquerda espalmada para cima. À direita do homem mergulhado no recipiente azul, outros homens em pé, com roupas longas até os pés em vermelho e azul. Um deles, à frente, segura nas mãos uma coroa. Ao fundo, uma cortina em azul. Na imagem situada abaixo, sobre um fundo metade azul (à esquerda), metade vermelho (à direita) dois homens montados à cavalo, da um sobre um cavalo branco, outro sobre um cavalo azul. O homem sobre um cavalo branco, usa uma túnica roxa e está com a mão direita estendida à frente, com o dedo indicador em riste. O outro, de cabelos castanhos, com túnica longa na cor vermelha, toca um instrumento similar a uma corneta. À frente deles, um cachorro de cor bege salta sobre um cervo, marrom com longos chifres.
Batismo de Clóvis. Século catorze. Iluminura. Esta iluminura faz parte do manuscrito A vida de Saint Denis, datado de 1317. Biblioteca Nacional da França, Paris, França.

Novas ligações entre o cristianismo e o Reino Franco

Os vínculos entre a Igreja e o Reino Franco estreitaram-se ainda mais quando o papado solicitou a ajuda do governante Pepino, o Breve, para lutar contra os lombardos na península Itálica. Pepino derrotou os inimigos e entregou as terras da Itália central ao papa Estevãosegundo, dando origem ao Patrimônio de São Pedro ou Estados Pontifícios. Em troca, o papa reconheceu Pepino como rei dos francos e legitimou a dinastia carolíngia.

Ícone. Sugestão de livro.

Como seria sua vida na Idade Média? São Paulo: Scipione, 2019. Com ilustrações detalhadas e textos interessantes e que despertam a curiosidade, esse livro apresenta o cotidiano, as invenções e os costumes da Idade Média.

Respostas e comentários

Orientações

Para dar prosseguimento ao estudo deste Capítulo, sugerimos trabalhar com os estudantes algumas questões relacionadas às diferenças e às semelhanças entre sociedades do passado e do presente. Esse procedimento poderá iluminar a percepção dos estudantes sôbre os tempos atuais e, simultaneamente, oferecer mais elementos para a compreensão do mundo feudal, estabelecendo um diálogo entre o passado e o presente. Entre as questões possíveis, destacamos as duas a seguir.

• O processo de ruralização que marcou a vida do Ocidente europeu desde a crise do Império Romano até o século dez se contrapõe à tendência atual, de crescente urbanização e de um intenso fluxo migratório do campo para a cidade.

• As monarquias medievais aliaram-se à Igreja (como exemplo, cite os vínculos entre a Igreja e o Reino Franco), assumindo a tarefa de garantir no reino o respeito aos dogmas católicos que, quando não eram obedecidos, podiam resultar em perseguições e castigos variados. Portanto, não existia liberdade de credo religioso. Na maior parte dos Estados contemporâneos, ao contrário, existe a separação entre as esferas política e religiosa, o que significa que os organismos da administração pública são independentes das instituições religiosas, sendo assegurada aos cidadãos a liberdade de seguir (ou não) determinada religião.

É interessante destacar, ainda, o fato de que o Reino Franco pode ser considerado o “berço” de algumas práticas fundamentais no mundo feudal, estudadas com mais detalhes na próxima Unidade. Entre essas práticas, podemos citar: a aliança entre a realeza e a Igreja de Roma; a configuração das relações de vassalagem como instituição que hierarquizava e consolidava os laços entre a aristocracia feudal; e a tensão entre o poder real e a tendência à fragmentação política.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um oito.

Carlos Magno e o Império Carolíngio

Carlos Magno, filho e sucessor de Pepino, continuou a expandir os territórios francos, dando fórma, então, ao chamado Império Carolíngio. Ele também fortaleceu a aliança dos francos com a Igreja de Roma e conquistou os reinos dos lombardos, dos saxões e dos bávaros, abrindo caminho para a cristianização desses reinos germânicos.

No Natal do ano 800, Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente pelo papa Leão terceiro, em Roma. Com esse gesto, o papa reafirmava a autoridade da Igreja sôbre os homens e os reis e declarava que o poder vinha de Deus. A coroação de Carlos Magno também tinha um significado político: garantir a unidade da Igreja e do império em tôrno do imperador do Ocidente, descredenciando, portanto, o Império Bizantino.

Com a perspectiva de governar todo o mundo cristão, Carlos Magno promoveu um movimento que ficou conhecido como Renascimento Carolíngio. O principal objetivo era preparar intelectualmente o clero cristão para orientar, com sabedoria e conhecimentos, os fiéis na doutrina da Igreja.

Com a orientação de estudiosos cristãos, a Bíblia foi revista e copiada pelos monges em latim, criando um texto bíblico único no Ocidente. Os escritos gregos, romanos e cristãos serviram de base para desenvolver o ensino, que era praticado na escola palatinaglossário , nos mosteiros e em instituições ligadas ao clero.

O Império Carolíngio (séculos seteI-nove)

Mapa. O império carolíngio (séculos 8 a 9) Mapa representando parte do continente Europeu e uma pequena parte do Norte da África.  No centro, a região dos Alpes e dos Pirineus. A oeste, a Península Ibérica. A Leste a região dos Cárpatos e dos Bálcãs. Há territórios destacados em cores diferentes. Em amarelo 'Reino dos Francos no início do governo de Carlos Magno', abrangendo vasta área da Europa Ocidental e Central. Algumas regiões se destacam, como, ao sul, a Aquitânia e  a Borgonha; no centro, a Nêustria e a Alemanha; a nordeste, a Austrásia. Destaque para as cidades de Aquisgrã, Trévis, Attigny, Reims e Worms. Em  verde,  as 'Conquistas de Carlos Magno', expandiram o território a Sudoeste, a Marca da Bretanha, ao norte, a Marca Hispânica, ao sul, o Reino da Itália, os Estados da Igreja, o Ducado de Espoleto, Veneza, a leste, Aquileia, Ístria, Baviera e a nordeste, Saxônia e a cidade de Verden. Em roxo, 'Estados tributários', consistindo no Ducado de Benevento (destacada a cidade de Benevento) e na Marca da Panônia e Ávaros. Em rosa, 'Área de influência carolíngia', abrangendo a Ilha da Córsega, e parte do leste da Europa, na divisa com os reinos Eslavos. Em laranja, 'Domínio bizantino', nas ilhas da Sardenha e da Sicília, no extremo sul da Península Itálica, em Nápoles, bem como no litoral mediterrânico da Península Balcânica e na Península do Peloponeso. No canto superior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 220 quilômetros.

Elaborado com base em dados obtidos em: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 87.

Ler o mapa

• Observe o mapa “O Império Carolíngio (séculos oito-nove)”. Escreva em seu caderno um parágrafo explicando, com suas palavras, o que as conquistas de Carlos Magno significaram para o Reino Franco.

Respostas e comentários

Atividade complementar

Na seção “Lugar e cultura” deste Capítulo, é citada a história dos doze pares de França e a transformação dessa narrativa em uma obra de literatura de cordel. Se desejar, você pode mostrar aos estudantes, nesse momento, alguns versos da obra escrita em literatura de cordel e promover uma atividade conjunta com o componente curricular Língua Portuguesa. Você pode pedir aos estudantes que identifiquem os versos ou expressões dessa narrativa que indicam o vínculo entre os cavaleiros de Carlos Magno e a fé cristã.

Eram doze cavalheiros,

Homens muito valorosos.

Destemidos e animosos

Entre todos os guerreiros.

reticências

Todos eram conhecidos

Pelos leões da Igreja,

Pois nunca foram a pelêja

Que nela fossem vencidos.

Eram por turcos temidos.

pêla Igreja estimados,

Porque quando estavam

[armados,

Suas espadas luziam

E os inimigos diziam:

— Esses são endiabrados!

reticências

Batalhas de Oliveiros com Ferrabrás. Fundação Casa de Rui Barbosa. Disponível em: https://oeds.link/VqcVRi. Acesso em: 15 fevereiro. 2022.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um seis.

Resposta

Ler o mapa: É esperado que os estudantes observem o mapa com atenção e percebam que as conquistas de Carlos Magno expandiram significativamente os domínios francos na Europa Ocidental.

O enfraquecimento do poder real

Carlos Magno também organizou a administração do Império Carolíngio. Para evitar as agitações e traições, que marcaram a dinastia merovíngia, ele incentivou o costume germânico das relações de fidelidade e honra entre senhor e servidores, estabelecendo relações de vassalagem.

A prática da vassalagem consistia em uma relação de obrigações e direitos entre o rei, que doava terras ou outros benefícios, e seus servidores, que os recebiam, comprometendo-se, em troca, a prestar auxílio administrativo e militar. Com o tempo, criou-se uma ampla rede de dependência pessoal que enfraqueceu o poder do rei. Isso porque os vassalos reais estabeleceram relações de vassalagem com seus dependentes, tornando-se ao mesmo tempo vassalos do rei e senhores dos seus vassalos. O poder do rei acabou pulverizado nas mãos de muitos senhores.

Com a morte de Carlos Magno e a disputa de poder entre seus sucessores, a figura do rei ficou ainda mais enfraquecida. A unidade política e territorial do Império Carolíngio se rompeu, e vários pequenos reinos surgiram. Neles, em vez do rei, quem exercia o poder eram os senhores locais, que tinham fôrça para cunhar moedas, aplicar a justiça, estabelecer tributos e formar exércitos locais.

Além disso, várias áreas da Europa foram saqueadas pelos vikings. Cada região do império organizou a própria defesa, o que mostrou ainda mais a fragilidade do poder real.

Os vikings

Os vikings, ou normandos, viviam na região onde hoje se situam Dinamarca, Suécia e Noruega. Eles eram hábeis navegadores. A partir do século nove, provavelmente pressionados pelo aumento populacional, os vikings expandiram seus domínios e se estabeleceram na Islândia, na Groenlândia e, por volta do ano 1000, desembarcaram na costa da América do Norte. Mas foi na região da Normandia, situada no norte da França, e na Inglaterra que os vikings estabeleceram domínios mais duradouros. Eles também fundaram cidades nas atuais Grã-Bretanha, França e Rússia.

Fotografia. Sob um céu claro, com nuvens esparsas, vista de local aberto, sobre águas esverdeadas, uma embarcação à vela, feita de madeira, vista de frente, com um só mastro, casco marrom com listras coloridas decorando o costado e proa arqueada e afinada. No centro da imagem a vela da embarcação, aberta, em formato retangular, de cor vermelha, com feixes cordas perpassando a na vertical, entre a vela, o mastro e a embarcação. Ao fundo, à direita,  sobre um pequeno braço de terra com árvores verdes, a Estátua da Liberdade.
dráken rárald horfagrê, réplica de embarcação viking, navega próximo a Nova York, Estados Unidos, em 2016. A construção dessa embarcação ocorreu entre 2010 e 2012 e foi feita com base em pesquisas arqueológicas e em estudos sôbre a cultura naval dos normandos. O material usado na embarcação e até mesmo as técnicas de montagem foram cuidadosamente pesquisados. É o maior navio viking da atualidade: seu mastro tem 24 metros de altura; a embarcação tem 34,5 metros de comprimento e 8 metros de largura.
Respostas e comentários

Orientações

Luís, o Piedoso, foi o sucessor de Carlos Magno. Seus filhos disputaram os territórios e o título imperial. Depois de muitas guerras, assinaram o Tratado de Verdun (843), que estabeleceu a divisão do império. Para Lotário coube a região da Lota­ríngia e o título imperial. Lotário, de maneira geral, recebeu a área que equivalia à porção central do império, que mais tarde daria origem às seguintes localidades: Países Baixos, Lorena, Alsácia, Borgonha, Provença e Reino Itálico, como também as cidades imperiais, Aachen(Aix-la-Chapelle) e Roma.

Para Carlos, o Calvo, coube a porção ocidental do império, ou seja, a região da Francia Ocidentalis, que deu origem ao que conhecemos como França moderna. Luís, o Germânico, recebeu a porção oriental do império, ou seja, os territórios da Francia Orientalis, que posteriormente se tornaria o alto reino medieval da Alemanha, correspondente à maior parte do Sacro Império Romano-Germânico.

Observação

O estudo da relação entre a política e a religião cristã no Reino Franco e no império de Carlos Magno constitui um caminho para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um oito.

Ícone. Sugestão de vídeo.

Sugestão para o estudante:

ASTERIX e os vikings. Direção: . França/Dinamarca, 2006. Duração: 79 minutos.

Nesta animação, Asterix e Obelix têm a missão de transformar um adolescente da aldeia em um destemido guerreiro. Contudo, o jovem é capturado pelos vikings.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestões complementares referentes ao Capítulo:

bráun piter. A ascensão do cristianismo no Ocidente. Lisboa: Editorial Presença, 1999.

O livro traça um panorama da cristianização da Europa Ocidental: do aparecimento da Igreja Cristã no Império Romano ao surgimento do cristianismo na Islândia, no ano 1000.

SILVA, Marcelo Cândido da. A realeza na Alta Idade Média: os fundamentos da autoridade pública no período merovíngio (séculos cinco-oito). São Paulo: Alameda, 2008.

O livro trata de aspectos da realeza cristã em um cenário político da Alta Idade Média.

Ícone. Ilustração de um recipiente de base circular, com duas hastes laterais e grafismos coloridos, indicando a seção Lugar e cultura.

Lugar e cultura

Multiculturalismo

A tradição medieval nas Cavalhadas do Brasil

Muitas poesias de tradição oral falavam sôbre Carlos Magno e a cristandade. A Canção de Rolando, por exemplo, do século onze, narra os feitos lendários de Rolando, sobrinho de Carlos Magno e comandante dos guerreiros francos (os doze pares de França), na luta contra os mourosglossário na Espanha. Segundo a obra, Rolando foi morto por guerreiros do islã. Carlos, então, continuou na batalha, derrotou os mouros e reconquistou o território para os cristãos.

A poesia chegou a Portugal e também ao Brasil, trazida para cá pelos missionários jesuítas no período colonial. Até hoje, essa história sôbre o batalhão de Carlos Magno está presente nas famosas Cavalhadas, que têm maior expressão no município de Pirenópolis, em Goiás.

As Cavalhadas são celebrações que ocorrem há mais de 200 anos em Goiás, inspiradas nas tradições de Portugal e da Espanha na Idade Média. reticências

O cenário das Cavalhadas consiste em uma representação das batalhas entre cristãos e mouros que ocorreram durante a ocupação moura na península Ibérica (século nove a século quinze). São dois exércitos com 12 cavaleiros cada, que durante três dias se apresentam, encenando a luta

CAVALHADAS podem se tornar Patrimônio Cultural. Jornal Estado de Goiás, 29setembro 2020. Disponível em: https://oeds.link/goiJ31. Acesso em: 28 julho 2022.

Fotografia. Sob um céu azul claro diurno, em um local aberto com o solo coberto por grama verde, como um campo de futebol, dois homens, montados à cavalo, com o corpo voltado para a esquerda. Os cavalos, ambos de pelagem marrom, estão com ornamentos dourados, colar em branco e vermelho, armadura cobrindo o focinho e uma pluma longa e vermelha pendurada na cabeça. Os homens estão com vestes longas, chapéus com plumas vermelhas na cabeça, mantos vermelhos com detalhes dourados e bordas de plumas brancas, calças vermelhas com uma listra vertical amarela e botas pretas. Ao fundo, local com arquibancada e pessoas desfocadas, um prédio branco e árvores ao redor.
Encenação das Cavalhadas na Festa do Divino, em Pirenópolis, em Goiás, em 2018. Em 2020 e 2021, as Cavalhadas foram canceladas em razão da pandemia da côvid dezenóve. Essas foram as únicas vezes que a festa foi cancelada durante seus 200 anos de existência.

Por que a narrativa lendária de Carlos Magno ainda está presente em tradições culturais no Brasil de hoje? Explique.

Respostas e comentários

Resposta

A poesia de tradição oral, estilo poético marcante na cultura medieval, não tem autoria nem origem definidas. Cantada pelos poetas trovadores, a narrativa, em fórma de versos, foi sendo adaptada e recriada pelos cantores e ouvintes ao longo dos anos.

É esperado que os estudantes compreendam que a história sôbre os doze pares de França chegou primeiramente a Portugal; ela foi, então, incorporada às festividades religiosas que tinham como principais objetivos o fortalecimento da Igreja e o incentivo ao espírito de combate aos mouros. É marcada por esses objetivos que essa história foi trazida para o Brasil pelos jesuítas durante o período colonial, visto que os religiosos pertencentes a essa ordem desejavam promover a catequização entre os povos indígenas nas terras que mais tarde formariam o Brasil. Histórias lendárias como essa, ligadas a Carlos Magno e que valorizavam o poder da Igreja, eram muito úteis aos jesuítas em sua ação de catequese.

O conteúdo abordado nesta seção favorece o trabalho com o tema contemporâneo Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras.

Observação

Falar sôbre essas trocas culturais com os estudantes, e sôbre o exemplo das cavalhadas em especial, contribui para o trabalho com as seguintes habilidades: ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um cinco.

Texto complementar

A prova das argolinhas também faz parte dos festejos das cavalhadas.

Um dos momentos mais esperados da festa é a prova das argolinhas. Ela consiste em retirar a galope uma argola suspensa numa trave horizontal disposta sôbre outras duas, em formato de dólmen. Quando o cavaleiro é bem-sucedido, ele comemora a retirada vibrando o braço com a lança utilizada na prova.

ispinéli celin. Cavalhadas em Pirenópolis: tradições e sociabilidade no interior de Goiás. Religião e Sociedade, número 30, 2010. Disponível em: https://oeds.link/V1u7tz. Acesso em: 15 fevereiro 2022.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

  1. sôbre a coroação de Carlos Magno como imperador do Ocidente, responda:
    1. Por que a autoridade da Igreja era reafirmada com esse ato do papa?
    2. Qual é a relação entre a coroação e as disputas entre a Igreja Católica do Ocidente e a do Oriente?
  2. Observe a imagem que representa uma cerimônia de vassalagem, produzida no século treze. Depois, reúna-se com um colega para responder no caderno às questões propostas.
Iluminura. Imagem em local fechado, com duas pessoas, sendo uma sentada em um banco e a outra ajoelhada ao solo. À esquerda, sentada sobre um banco com acolchoado marrom e base vermelha, uma pessoa com um adorno sobre a cabeça. Ela tem cabelos castanhos e vestes longas da mesma cor, com linhas quadriculadas e faixas na horizontal nos braços e pernas. Sobre o ombro direito dela, um pano em verde claro. À esquerda dela, ajoelhado, um homem de cabelos castanhos, com roupa bege-claro. Ele está com as mãos abertas, sobre as quais a outra pessoa repousa suas próprias mãos.
Cerimônia de vassalagem. Século treze. Iluminura. Arquivo Geral da Coroa de Aragão, Barcelona, Espanha.
  1. Façam uma descrição dos personagens representados e de outros elementos da imagem. Para isso, fiquem atentos às vestimentas, às ações dos personagens e aos traços das figuras.
  2. Que prática medieval foi representada na imagem? Como essa prática funcionava?
  3. Quais foram, para os reis, as consequências dessa prática?

3. Agás, o horrível, é um personagem que vive na Europa medieval. Observe a tirinha e, junto com um colega, responda à questão a seguir no caderno.

Tirinha. História  em dois quadros, lado a lado. Hagar. Um homem de nariz redondo, barba vermelha longa cobrindo todo o rosto, com um elmo pontudo com dois cifres brancos nas laterais, vestido com uma blusa branca e uma pele marrom cruzada sobre seu ombro. Primeiro quadro. Hagar visto de perfil, olhando para a direita com a mão esquerda levantada com o balão de fala: 'PSST, não digam nada sobre nosso ataque à Inglaterra...' Um balão de fala ligado a um personagem que não pode ser visto no primeiro quadro, à direita de Hagar, com a reação à fala deste: 'Por que não?' Segundo quadro. Sobre o mar, diante de um céu azul com uma grande nuvem, uma embarcação viking marrom, com a proa no formato de um animal com um pescoço longo que está olhando de soslaio para a tripulação: sete pessoas remando, com remos que passam por buracos circulares no costado, voltadas para a esquerda, onde está, sentado, Hagar, na ponta esquerda do barco. Entre os remadores, estão cinco homens vestidos de preto e capacete azul, um homem vestido de vermelho com chapéu azul  (próximo à Hagar), e um homem vestido com uma armadura de ferro, completamente coberto, com um lenço preto esvoaçando no topo do capacete. Hagar com um balão de fala: 'É possível que o rei tenha implantado um espião entre nós.'

bráun, cris. Agás, o horrível, 2001.

Os personagens da tirinha baseiam-se em referências relacionadas à Idade Média. Que referências são essas?

Respostas e comentários

Seção Atividades

Objetos de conhecimento

A passagem do mundo antigo para o mundo medieval.

A fragmentação do poder político na Idade Média.

Senhores e servos no mundo antigo e medieval.

O papel da religião cristã, dos mosteiros e da cultura na Idade Média.

Habilidades

São trabalhados aspectos relacionados às habilidades:

ê éfe zero seis agá ih um quatro (atividades 2, 3)

ê éfe zero seis agá ih um cinco (atividade 3)

ê éfe zero seis agá ih um seis (atividade 2)

ê éfe zero seis agá ih um oito (atividade 1)

Respostas

1. a) No ano 800, Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente pêlo papa Leãotrês O papa declarava que todo o poder e toda a autoridade vinham de Deus e, assim, reafirmava a autoridade da Igreja sôbre os homens e os reis.

b) A coroação de Carlos Magno garantiu a unidade da Igreja Católica e do império em tôrno do imperador do Ocidente. Esse processo poderia descredenciar o Império Bizantino.

2. a) Na imagem aparecem dois homens. O da esquerda está sentado em uma espécie de cadeira ou poltrona, voltado para o segundo homem, de joelhos e com as mãos erguidas, à maneira do ritual cristão da prece. O homem sentado posiciona as suas mãos sôbre as do que está de joelhos. O objetivo é ilustrar o ritual em si.

b) O juramento de fidelidade, que era feito entre dois aristocratas por ocasião da transferência do feudo de uma pessoa para outra. Aquele que o doava passava a ser um suserano e a pessoa que o recebia se transformava em vassalo, com uma relação de fidelidade e de obrigações recíprocas.

c) A multiplicação das doações de terras em troca de fidelidade militar criou uma hierarquia no interior da aristocracia feudal, interligada por laços de dependência pessoal entre senhores mais ou menos poderosos. Isso acabou por enfraquecer o poder real.

3. As referências históricas medievais que inspiraram a criação dos personagens e sua caracterização são os vikings, sua tradição guerreira e os domínios que tiveram em terras da atual Inglaterra. Também tomam como referência a tradição navegante desse povo.

CAPÍTULO 17  O NASCIMENTO DO ISLAMISMO E O IMPÉRIO MUÇULMANO

A península Arábica ou Arábia é o berço de um conjunto de povos que falam a língua árabe. Ela se localiza no Oriente Médio, região que tem a maior parte do território dominada por desertos, oásis e estepes, com clima quente e árido. Essas condições geográficas marcaram o desenvolvimento econômico e cultural dos povos da antiga Arábia.

É possível identificar, na antiga Arábia, duas regiões. Na chamada Arábia Central ou Desértica predominava o modo de vida dos povos nômades ou beduínos. Eles viviam da criação de camelos, carneiros e cabras e dependiam da água, sempre escassa, e de locais para a pastagem. Já na Arábia do Sul ou “Arábia Feliz”, região banhada pelo mar Vermelho e pelo oceano Índico, formaram-se centros urbanos onde se desenvolveu o comércio, principalmente de pedras preciosas e essências aromáticas.

“Arábia Feliz”

Na chamada “Arábia Feliz”, a água não era escassa. Desse modo, era possível garantir o cultivo dos campos, e a região tornou-se próspera por sua agricultura. Além disso, a localização geográfica da “Arábia Feliz” favorecia o comércio marítimo. A cidade mais importante da região era Aden, que contava com um grande porto.

A Península arábica (século sete)

Mapa. A Península Arábica (século 7) Mapa representando a Península Arábica, no centro, o nordeste da África, à  esquerda, e parte da Ásia, à direita. Na Península Arábica, há territórios demarcados por diferentes cores e setas representando rotas. Uma linha fina preta demarca os limites da Península Arábica, que tem, a oeste, o Mar Vermelho e a África; a noroeste, o Mar Mediterrâneo; ao sul, o Oceano Índico; e leste, a Ásia.; ao norte, a linha fica ao sul das cidades de Hira, Kufa, Damasco, Jerusalém e Agaba Em laranja, 'Deserto'. Áreas que estão distribuídas no norte, centro e sul da península. No norte da península, ao sul do Rio Eufrates, abrangendo as proximidades das cidades de Damasco, Jerusalém e Kufa. No sul da península está a maior área desértica, à leste da cidade de Nejran e ao norte da cidade de Maarib. Na área central da península três pequenas áreas de desérticas. Em verde: 'Arábia Feliz'. Com áreas situadas nas regiões litorâneas. Uma delas próxima à cidade de Tabuk, no litoral do Mar Vermelho. Mais ao sul, ainda no litoral do Mar Vermelho, uma grande área abrange desde as cidades de Meca e Taif, passando mais ao sul por Sana e percorre quase todo o litoral sul, banhado pelo Oceano Índico. Por fim, a Arábia Feliz também abrange uma pequena faixa litorânea a sudeste, ao sul do Golfo Pérsico. Linhas vermelhas indicam, 'Rotas comerciais terrestres', que cruzam a Península Arábica ao norte, tendo como pontos de destaque as cidades de Au-Jaufi, Agaba e Tabuk. Essa mesma rota bifurca em direção ao sul, cruzando as cidades de Tayma, Khaybar, Fadak, Yathrib (ou Medina), Yambo, Meca, Taif, Nejran, Maarib e Sana. A partir de Meca, a rota terrestre também de dirige rumo ao Mar Vermelho, cruzando-o na direção da África, onde de une a outra rota terrestre que segue na direção do norte do Rio Nilo até a cidade de Fostat. Outra rota comercial terrestre se inicia próxima à cidade de Hira, se deslocando ao sul, na costa banhada pelo Golfo Pérsico e, em seguida, perfaz um deslocamento para o interior da península, contornando a grande área desértica ao sul, conectando-se à cidade de Nejran. Linhas azuis indicam: Rotas comerciais marítimas. Ao atingir o limite sul da península as rotas terrestres se transformam em rotas marítimas, cujo principal fluxo se dirige à Índia  (Pelo Mar Vermelho e pelo Golfo Pérsico) e à África Oriental. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 360 quilômetros.

Fonte: MANTRAN, róbert. Expansão muçulmana: séculos sete-onze. São Paulo: Pioneira, 1977. página 57.

Respostas e comentários

sôbre o Capítulo

Este Capítulo apresenta informações sôbre a história do Império Muçulmano e do islamismo. Além disso, ele possibilita que o estudante tome contato com as ideias de diferença e tolerância, abordando questões que extrapolam os marcos de referência da história do Ocidente cristão, ampliando, portanto, a noção de diversidade cultural.

Habilidades trabalhadas ao longo deste Capítulo

ê éfe zero seis agá ih um quatro: Identificar e analisar diferentes fórmas de contato, adaptação ou exclusão entre populações em diferentes tempos e espaços.

ê éfe zero seis agá ih um cinco: Descrever as dinâmicas de circulação de pessoas, produtos e culturas no Mediterrâneo e seu significado.

ê éfe zero seis agá ih um seis: Caracterizar e comparar as dinâmicas de abastecimento e as fórmas de organização do trabalho e da vida social em diferentes sociedades e períodos, com destaque para as relações entre senhores e servos.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um seis.

Os povos da Arábia

Os antigos povos da Arábia tinham uma organização social baseada nos laços de parentesco entre tribosglossário . Essas tribos eram de origem semita e falavam diferentes dialetos árabes. Em razão das dificuldades de sobrevivência no deserto, eles desenvolveram o sentimento de que as necessidades do grupo eram superiores às do indivíduo.

Dessa fórma, as relações cotidianas apoiavam-se em um estrito código de ética em que os valôres mais importantes eram o orgulho dos ancestrais; a lealdade à família, ao clãglossário e à tribo; a virtude, a coragem, a honra e a generosidade; a proteção ao mais fraco; e a hospitalidade. Além disso, a vida cotidiana entre os antigos povos da Arábia também seguia as regras ditadas pelo costume, que tinha como base as tradições ancestrais beduínas e a Lei de Talião, frequentemente conhecida pela expressão “ôlho por ôlho, dente por dente”.

Os antigos árabes eram politeístas animistas, isto é, acreditavam em diversos deuses e cultuavam elementos da natureza. Cada uma das tribos cultuava o próprio deus. Contudo, alguns deuses eram cultuados em toda a Arábia. Todos eles estavam subordinados a um deus superior, Allah (Alá).

Ilustração. Uma folha de cor bege, com textos em árabe na horizontal, tanto na parte superior como na inferior. Sobre um fundo lilás,  galhos de árvores na cor marrom  com folhas verdes e uma forma oval azul no centro. Abaixo, no centro, ilustração com fundo em azul-escuro, com dez figuras. Há nove demônios de corpo humano, colorido (azul, vermelho, roxo,) com chifres sobre a cabeça, de peito nu, vestidos com tecidos coloridos em torno da cintura. Um dele, c de corpo azul, no alto, à esquerda, tem a cabeça separada do corpo, No meio, montado sobre um cavalo em tons de vermelho, um homem com vestes na cor marrom, o rosto oculto e a cabeça rodeada por chamas de cor amarela.
Representação de sacerdote muçulmano combatendo um conjunto de djíns. 1568. Ilustração. Palácio do Golestão, Teerã, Irã.
Fotografia. Vista de local aberto, com solo arenoso de cor bege, ensolarado. Em primeiro plano, três homens e um adolescente estão sentados diante de uma fogueira. Eles estão vestidos com roupas de mangas compridas e lenço vermelho e branco enrolado em torno da cabeça. Ao fundo, uma cadeia de montanhas cor de areia iluminadas pelo sol. No alto, céu azul claro sem nuvens.
Grupo de beduínos em uma fogueira, no deserto de vádi rum, também conhecido como Vale da Lua, na Jordânia. Fotografia de 2021.
Respostas e comentários

Orientações

Se o conhecimento sôbre o islã é fundamental para o entendimento das questões contemporâneas, devemos lembrar que sua história está entrelaçada à história da Europa, desde suas origens. Contatos intensos foram estabelecidos entre o mundo cristão e o mundo muçulmano, nem sempre de maneira conflituosa.

 Atividade complementar

Com o auxílio do professor de Geografia, sugerimos dividir a turma em grupos para levantar dados sôbre a imigração árabe no Brasil atual: número estimado de imigrantes, origem, por que eles deixaram sua terra natal, em que regiões do Brasil eles se fixaram, onde se concentram atualmente, que religião professam, que atividade econômica costumam exercer etcétera.

Após coletar esses dados mais gerais, os estudantes deverão pesquisar a existência de comunidades árabes em seu município ou em seu estado. Para enriquecer o trabalho, os grupos podem pesquisar fotografias e mapas em jornais, revistas e na internetsôbre a comunidade árabe no Brasil e montar cartazes com as imagens e as informações obtidas, expondo para a turma o material final.

Assim, é possível estimular na turma práticas de pesquisa como análise de mídias sociais, análise documental e revisão bibliográfica.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um seis.

A importância de Meca

As tribos árabes que se estabeleceram na “Arábia Feliz” criaram uma organização social complexa, fundando povoações que deram origem a diversas cidades. Entre as mais importantes, estavam táif, iátrib (Medina) e Meca.

A cidade de Meca está localizada no entrecruzamento das antigas rótas de caravanas de comércio que vinham de Damasco (na Síria) e da Mesopotâmia e percorriam toda a península Arábica. Por sua localização, a cidade tornou-se um grande centro comercial.

A partir do século cinco, Meca foi dominada pêla tribo árabe dos coraixitas. Seus líderes fizeram dela um importante centro religioso, reunindo em um santuário em fórma de um grande cubo negro, a Caaba, as principais divindades cultuadas pêlas tribos. O local tornou-se sagrado para todas as tribos da Arábia, que para lá se dirigiam, todos os anos, em peregrinação.

Foi nesse contexto que surgiu Maomé (murrãmad), que daria origem a uma nova religião: o islã, islam ou islamismo.

Fotografia. Vista panorâmica de um local aberto. Sob um céu escuro, noturno, estrutura branca e circular que se destaca por portais em formas de arco. Dentro dessa estrutura, milhares de pessoas aglomeradas em torno de uma estrutura no centro: uma rocha preta em formato quadrado, com detalhes dourados.
Até hoje Meca tem grande importância para os islâmicos. Vista da Grande Mesquita de Meca, na Arábia Saudita, durante a peregrinação anual de fiéis muçulmanos à cidade, em 2019.
Fotografia. Vista panorâmica do mesmo local da fotografia anterior, à luz do dia, com céu azul-claro e nuvens brancas. 
No centro, uma estrutura quadrada, preta com detalhes dourados. Em volta dela, dezenas de pessoas em pé, formando círculos em torno da pedra de cor preta. As pessoas que estão mais afastadas, permanecem mais distantes umas das outras. Esse local é circundado por uma estrutura branca e circular que se destaca por portais em formas de arco. Ao fundo, duas torres muito altas e edifícios altos com guindastes na cidade.
Em 2021, devido à pandemia da covid-19, a peregrinação anual de fiéis muçulmanos a Meca teve restrições sanitárias, com número menor de participantes, isolamento social e uso de máscaras.
Respostas e comentários

Orientações

A Caaba é o lugar mais sagrado do islã. Essa construção em formato de cubo tem cêrca de 15 metros de altura e permanece coberta por uma manta escura, decorada com caligrafia e bordados dourados. Encravada em uma espécie de moldura de prata, em seu exterior (no lado oriental), encontra-se a chamada Pedra Negra, uma das mais sagradas relíquias do islã. Os devotos muçulmanos voltam-se para a direção da Caaba no momento de suas preces diárias.

Observação

Trabalhar com a organização social, cultural e política dos povos da Arábia pré-islâmica e, depois, com as características do islã e sua influência na vida desses povos constitui um bom momento para desenvolver parte da habilidade ê éfe zero seis agá ih um seis.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestões para o estudante:

rúsâin sherú. O que sabemos sôbre o islamismo? São Paulo: Callis, 2009.

jelún Tarrár bem. O islamismo explicado às crianças. São Paulo: editora Unésp, 2011.

Esses dois livros apresentam, em linguagem acessível e adequada para crianças, as principais características do islamismo, a produção cultural do islã e as origens dessa religião.

Maomé e o surgimento do islã

Maomé nasceu na cidade de Meca por volta de 570. Pertencia a uma família do clã hashemita, um ramo menos poderoso da tribo dos coraixitas. Perdeu sua mãe aos 7 anos e foi adotado por uma família de comerciantes. Desde jovem, acompanhava seu irmão adotivo em caravanas comerciais pêla região, até se tornar um mercador. É possível que nessas viagens Maomé tenha entrado em contato com o judaísmo, o cristianismo e crenças politeístas da Arábia.

Segundo a tradição islâmica, em 610, aos 40 anos, Maomé teve sua primeira revelação divina na caverna de Hira, próximo a Meca. Enquanto meditava, o anjo Gabriel lhe apareceu e anunciou: “Maomé, tu és o profeta de Deus e sua missão é pregar a fé em um único Deus”.

Inicialmente, Maomé confiou a revelação apenas a familiares próximos. Por volta de 613, decidiu tornar pública a mensagem de Deus. Assim, dirigiu-se à Colina de Safa, diante do santuário da Caaba, para anunciar a existência de um único Deus, condenar a idolatria e declarar-se o último mensageiro de Deus.

No início, os ensinamentos e as pregações de Maomé estiveram limitados a um pequeno grupo de jovens da tribo dos coraixitas, além de mercadores, artesãos e escravos. À medida que o número de seguidores foi crescendo, as principais famílias coraixitas começaram a se sentir ameaçadas. Como a pregação de Maomé condenava o politeísmo e a idolatria da Caaba, os líderes coraixitas temiam perder seu poder político e os lucros obtidos com as peregrinações ao santuário. Dessa fórma, Maomé e seus seguidores passaram a ser duramente perseguidos.

Pintura. Sob um fundo de papel  bege, nas partes inferior e superior do papel, textos em língua árabe. Na parte central, um desenho de uma figura humana, com asas em cores azul, vermelha e preta, suspenso no ar, com as pernas para o alto e as mãos para baixo, entregando um objeto a outra pessoa, ajoelhada sobre um tapete azul. Esta pessoa está vestida com uma túnica verde e possui um lenço branco cobrindo a face e a cabeça. Ao fundo dessa cena, uma porta alta, com figuras em arabesco, nas laterais direita e esquerda. Nas laterais direta e esquerda da imagem, vários homens com vestimentas semelhantes as do homem ajoelhado, nas cores azul, verde, vermelho e outras, porém com os rostos à mostra. Do lado esquerdo, dezenas de homens ajoelhados e de pé, observam a cena. Do lado direito, alguns homens ajoelhados fazem o mesmo. à esquerda, dois homens negros, de pé, observam a cena com o anjo. No centro da imagem, em primeiro plano, no chão coberto por tapetes com detalhes azuis, uma jarra com duas alças, sobre um suporte.
O arcanjo Gabriel revelando a Maomé a oitava surata. 1595. Guache e ourosôbre papel. Pintura do manuscrito turco síer i nebí. Museu do Louvre, Paris, França.
Ícone. Sugestão de vídeo.

rabí, a estrangeira. Direção: María Florencia Álvarez. Argélia/Brasil, 2013. Duração: 92 minutos O filme conta a história de uma jovem de 20 anos que se muda para Buenos Aires, na Argentina. Ela se encanta com a comunidade muçulmana que vive na cidade e passa a adotar costumes islâmicos em seu cotidiano.

Respostas e comentários

Orientações

Ao trabalhar a imagem desta página em sala de aula, incentive os estudantes a notar que Maomé tem seu rosto coberto por um véu. Os muçulmanos tradicionais proíbem a representação visual do profeta Maomé. Eles acreditam que a representação visual de qualquer ser vivo estimula a idolatria. Por isso, imagens de figuras humanas são raras na arte islâmica.

Texto complementar

O texto a seguir apresenta aspectos do início da pregação de Maomé.

Os habitantes de Meca consideraram, de princípio, a sua pregação inofensiva e não lhe moveram qualquer oposição. Nessa fase, Maomé não tinha possivelmente a intenção de fundar uma nova religião, procurando tão somente dar a conhecer aos árabes uma revelação em língua árabe, à semelhança do que acontecera antes com outros povos nas suas próprias línguas.reticências

Os apoios que obteve inicialmente foram escassos, e encontrou-os sobretudo entre as classes mais humildes. Entre os primeiros conversos encontravam-se sua mulher radíja e seu primo Ali, que viria a ser o quarto califa.reticências

Um autor do século dezenove tentou apresentar a luta travada entre a comunidade muçulmana recém-surgida e a oligarquia de Meca como um conflito de classes em que Maomé representava os mais desfavorecidos e a suarevólta contra a oligarquia burguesa instalada no poder. Muito embora esta perspectiva sobreleve um aspecto particular da pregação de Maomé em detrimento dos restantes, contém muito de verdade

liuís bernárd. Os árabes na história. Lisboa: Editorial Estampa, 1982.página 45-46.

Observação

O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um seis.

Em direção a Medina

Em 622, Maomé decidiu migrar para iátrib, mais tarde conhecida como Medina, a cidade do profeta. Esse episódio, conhecido como Hégiraglossário , inaugurou uma nova fase da aceitação do islã como religião única na península Arábica e de sua expansão, principalmente por meio da jihadglossário . Por sua importância para o islã, a Hégira foi adotada como o ano 1 do calendário muçulmano.

Os coraixitas cederam às pregações de Maomé ao perceber que a aceitação da nova crença poderia ser positiva para a manutenção de seu poder e seus negócios. Nesse contexto, estabeleceu-se em Medina uma nova ordem social e política com a formação da comunidade islâmica, a úma.

Meca preservou sua importância econômica e religiosa, agora como centro de peregrinação da nova fé. Além disso, em Meca, Maomé anunciou os fundamentos da fé islâmica: a unicidade de Deus, a crença na ressurreição e no dia do Juízo Final, as orações e a purificação da alma. Na cidade de Medina, o profeta estabeleceu a oração sagrada da sexta-feira e determinou que ela deveria ser feita com o fiel voltado em direção a Meca. Os ensinamentos transmitidos por Alá a Maomé foram reunidos, após a morte do profeta (632), em um livro sagrado: o Alcorão.

Fotografia. No centro, uma criança sentada em carteira escolar de madeira, lendo um livro grande, acompanhando a leitura com o dedo indicador apoiado sobre a página aberta. À esquerda e à direita, outras carteiras escolares, dispostas em fileiras,  com outros meninos sentados, um de frente para o outro,  lendo o mesmo tipo de livro. Ao fundo, a parede da sala, de cor lilás e duas janelas de madeira amarelas.
Crianças e adolescentes leem o Alcorão em mesquita na Arábia Saudita. Fotografia de 2021.
Ícone. Sugestão de livro.

rúsâin sherú. Fábulas do mundo islâmico. São Paulo: dáblio ême éfe Martins Fontes, 2017. No livro estão reunidas diversas histórias tradicionais do mundo islâmico, acompanhadas de belas ilustrações.

Respostas e comentários

Orientações

O estudo da Arábia pré-islâmica possibilita compreender melhor as mudanças relevantes que ocorreram na região após o surgimento e a expansão do islã: os laços de parentesco, que uniam as tribos árabes (e ao mesmo tempo favoreciam a fragmentação política da península Arábica), foram substituídospêla noção de comunidade islâmica, a úma, que por sua vez fundamentou a unidade política da Arábia, depois de Maomé. É interessante notar que vários elementos socioculturais da península permaneceram semelhantes: a importância da Caaba e da cidade de Meca como centro religioso e comercial.

Se possível, informe aos estudantes que muitos habitantes de iátrib já tinham conhecido o islamismo durante as peregrinações a Meca, o que contribuiu para a aceitação da nova religião na cidade. Além disso, interessava à população local se submeter a um profeta e a um livro sagrado a fim de neutralizar as ancestrais lutas tribais na região. Maomé também teria escolhido iátrib porque o seu bisavô materno pertencia a uma tribo dessa cidade, a tribo j.

Informe também que, segundo a tradição, o Alcorão teria sido revelado em fórma de versículos e suratas (um conjunto de versículos), organizados em 114 capítulos e 6 235 versículos. A revelação teria levado 23 anos para ser concluída.

Observação

Os estudos dos conteúdos sôbre o surgimento do islamismo e sua expansão ao longo do tempo possibilitam o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um cinco.

O Império Muçulmano

Quando Maomé morreu, em 632, abú bácr, um de seus primeiros seguidores, declarou à comunidade: “murrãmad morreu, mas Alá e o islã estão vivos”. Suas palavras serviram de consôlo aos fiéis, mas também procuraram manter o legado do profeta de unificar a Arábia em tôrno do islã. Essa preocupação existia porque Maomé não havia deixado nenhuma orientação de como seria a sua sucessão. A ausência de regras para definir o sucessor dividiu a comunidade em dois grupos principais.

O primeiro grupo defendia que a escolha do sucessor deveria ser feita entre os membros mais velhos da comunidade. abú bácr, amigo, conselheiro e pai de Aisha, uma das espôsas de Maomé, seria a pessoa ideal. Como defendiam suas posições baseados nas orientações descritas na suna, os membros desse grupo ficaram conhecidos como sunitas. O outro grupo, porém, considerava que a sucessão deveria seguir a linhagem da família do profeta, atribuindo um caráter sagrado ao poder. Dessa fórma, Ali, primo e genro de Maomé, seria o sucessor mais indicado. Os membros desse grupo ficaram conhecidos como xiitas, do árabe “partidários de Ali”. Venceu o grupo de abú bácr, que se tornou o primeiro califa (sucessor).

As disputas sucessórias provocaram a cisão do islã entre xiitas e sunitas, e a rivalidade entre eles se mantém ainda hoje. Atualmente, os sunitas são maioria, representando de 80% a 90% da população islâmica. Os xiitas, divididos em vários ramos, representam a maioria dos muçulmanos do Irã e do Azerbaijão, além de representarem entre metade e dois terços dos fiéis do islã no Iraque, no bárrein e no Iêmen.

Fotografia. Vista de local aberto. Sob um céu azul claro com nuvens brancas esparsas, em primeiro plano, um pátio com árvores  uma fonte com água em tons de verde no centro, rodeada por quatro árvores, uma em cada ponta. Em segundo plano, construção alta com três andares, com arcos e entradas em arco.  Acima do pórtico de entrada alguns ornamentos em formato de arabesco. Duas torres paralelas, de mesma altura, se destacam na parte mais elevada da construção. Na parte superior, no centro da construção, uma cúpula arredondada.
Mesquita arra bozôrg, construída no final do séculodezoito, em káshân, no Irã. Fotografia de 2019.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[LOCUTOR 1]: O islã na África

 

[TRILHA SONORA]

 

[LOCUTORA]: Olá, bem-vindo! No episódio de hoje do podcast, vamos falar sobre a expansão do islamismo na África. Nossa história começa na península Arábica, mais precisamente na cidade de Meca, onde nasceu o fundador da religião islâmica: Maomé.

No século VI, Meca era um importante centro comercial dessa península, região conhecida por seus desertos e localizada entre a Europa e a Ásia. A população do local era majoritariamente composta por comerciantes nômades, que seguiam diferentes religiões, com os mais diversos deuses. Porém, em Meca, Maomé começou a pregar a crença em um único Deus, Allah.

Perseguido, Maomé deixa Meca e segue para Yatrib, cidade conhecida atualmente como Medina, de onde passou a combater seus opositores. No local, o profeta atraiu grande número de seguidores, abrindo caminho para unificar os povos árabes em torno da fé em um Deus único. Assim nasceu o islã.

O islamismo se propagou rapidamente por diferentes lugares, ultrapassando assim os limites da península Arábica. Após a morte de Maomé, em menos de um século, a religião se expandiu para o Oriente Médio, parte da Ásia, o sul da Europa e o norte da África.

A expansão do islã no continente africano aconteceu de diferentes formas. O norte da África já havia sido parte do Império Romano, do Reino dos Vândalos e do Império Bizantino quando Abu Bakr, sucessor de Maomé, traçou um plano para entrar no continente. Mas foi só durante o comando de seu sucessor, Omar, que o islamismo consolidou sua expansão pelo norte da África. O islã expandiu-se ainda mais durante o califado Omíada, chegando à área da atual Tunísia.

No fim do século VII, os muçulmanos avançaram para a costa atlântica do Marrocos. No califado Abássida, os dirigentes do islã adotaram políticas de estímulo à conversão religiosa, como a isenção de tributos, e isso impulsionou a islamização em massa dos povos conquistados. Mas a intensa disputa pelo poder entre os islâmicos provocou o enfraquecimento dos abássidas e a formação de diferentes califados autônomos, como o dos fatímidas. Essa situação acabou favorecendo a invasão de outro povo muçulmano no norte da África: os turco-otomanos.

Ao sul da região conquistada pelos califas, no Sahel, cinturão que se estende pelo continente africano, do oceano Atlântico até o mar Vermelho, a expansão do islamismo foi mais lenta. Isso devido aos reinos e impérios que estavam organizados, há muito tempo, na região, e que foram incorporados ao islã em decorrência do comércio transaariano.

Gana foi o primeiro grande reino africano do Sahel, formado por uma maioria étnica soninquê. Seu poder vinha principalmente do controle de minas de ouro e de entrepostos do comércio caravaneiro do Saara. A partir desse comércio, os mercadores muçulmanos começaram a difundir o islamismo e a cultura árabe na região do Sahel. Assim, a partir do século XI, o islamismo se tornou a religião predominante em Gana e nos demais reinos existentes nessa região.

Entre os séculos XVI e XVIII, os europeus não tiveram grande interesse nos territórios da África; com isso, não ameaçaram a maior parte dos reinos islâmicos existentes no continente. A situação se alterou a partir de 1800. Com o avanço do imperialismo, os países europeus criaram e consolidaram vários impérios que puseram fim aos Estados islâmicos na África. Os muçulmanos perderam poder político, mas os impactos sociais provocados pela dominação imperialista incentivaram o crescimento do islamismo no continente africano e a conversão de muitas pessoas.

Atualmente, o islamismo predomina em vários países da África.

Converse com seus colegas sobre de que maneira o islamismo se expandiu no território africano e como isso pode ter acontecido em outros continentes.

Até a próxima!

[FIM DA TRILHA SONORA]

Respostas e comentários

Orientações

Informe aos estudantes que há algumas diferenças quanto ao culto, à oração e às abluções entre sunitas e xiitas, mas basicamente as normas religiosas são as mesmas entre eles. Apesar de reconhecerem a importância de Meca, os xiitas também estabeleceram centros de peregrinação em Kufa e Karbala (ambas no Iraque), locais de veneração dos túmulos de imãs e pessoas dignificadas como santas. Os xiitas também cultuam a dor, o sofrimento e o martírio e aguardam a chegada de um salvador.

Ao desenvolver os conteúdos deste Capítulo, é interessante comentar com os estudantes que conhecer os meios como outros povos garantiram sua sobrevivência, expressaram suas crenças religiosas e elaboraram seus estilos de arte é um exercício que possibilita desenvolver a alteridade, o respeito e a valorização das várias culturas. Enxergar as diferenças como característica da humanidade é importante elemento para a construção de um mundo solidário e pacífico.

Observação

Os estudos dos conteúdos sôbre o Império Muçulmano possibilitam o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um cinco.

Os califados: expansão e conquista

Mesmo após a morte de Maomé, o islã continuou se expandindo. Diversos fatores contribuíram para isso, como a manutenção da unidade espiritual e política iniciada por Maomé; a busca de novas terras para o cultivo; a fraca resistência de alguns povos que, enfraquecidos por guerras e perseguições religiosas, aceitaram mais facilmente o islã; e as vantagens oferecidas pelos conquistadores aos convertidos, como isenção ou redução de impostos.

O califa abú bácr (632-634) foi responsável por consolidar o contrôle da península Arábica e recuperar para o islã a fidelidade daqueles que haviam renegado a nova crença após a morte de Maomé. Omar, sucessor de abú bácr, incorporou a Síria, a Mesopotâmia, a Palestina e o Egito.

A dinastia dos omíadas (661-750), que escolheu como capital a cidade de Damasco, na Síria, expandiu o islã em direção à Pérsia, ao Afeganistão, ao norte da África e à península Ibérica. A dinastia dos abássidas, com séde em Bagdá, marcou o auge da produção científica e cultural islâmica.

Quando a dinastia abássida (750-1258) sucedeu a omíada, Abderramão (abdal rámân) estabeleceu na península Ibérica o Emirado de Córdoba, um govêrno independente do Império Islâmico, embora reconhecesse a autoridade religiosa dos abássidas.

Em 929, Abderramão terceiro, oitavo emir de Córdoba, autoproclamou-se califa, rompendo com a autoridade dos califas abássidas. O califado de Córdoba marcou uma era de grande florescimento cultural, convivência e tolerância religiosa. Foi permitido, por exemplo, que a população local mantivesse suas tradições cristãs e judaicas, desde que pagasse imposto especial.

Domínios muçulmanos árabes (séculos sete-doze)

Mapa. Domínios muçulmanos árabes (séculos 7 ao 12) Legenda: Extensão máxima Na cor amarela, 'Domínio omíada. (Séculos 7 e 8)'. compreendendo uma vasta região, entre a costa noroeste da África até a Ásia, abrangendo parte da Ásia, a Pérsia, a Península Arábica, o norte da África e partes da Ásia. Destaque para as cidades de Trípoli, Cairo, Samarra, Damasco e Bagdá, Medina e Meca. Hachurado com listras em cinza e branco na diagonal, 'Emirado/ Califado de Córdoba. (Séculos 8 ao 14)', ocupando o sul da Península Ibérica, com destaque para a cidade de Córdoba. Hachurado com listras em branco e laranja na diagonal, 'Domínio abássida. (Séculos 8 ao 13)', que abrangeu as áreas do litoral norte da África,desde a altura de Cabo Verde até a Península do Sinai, abrangendo as cidades de Trípoli e Cairo e a costa do Mar Vermelho, avançando também sobre a Península Arábica, parte da Ásia e a Pérsia. Destacado com um contorno em verde 'Domínio fatímida. (Séculos 10 ao 12)', abrangendo um território no Norte da África, acima do Saara, do Cabo Bon ao Mar Vermelho, incluindo as cidades de Trípoli e Cairo. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 630 quilômetros.

Elaborado com base em dados obtidos em: Atlas of the World History. Skokie: Rand McNally, 1995. página 54-55; ATLANTE storico. Novara: Istituto Geografico de Agostini, 1984. página 40; dubí jórj. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 1987. página 196-197, 209.

Respostas e comentários

Orientações

Entre os temas estudados aqui, destacam-se os fatores que impulsionaram a formação de um grande Império Muçulmano e o desenvolvimento do comércio de longa distância, por terra e por mar.

O professor poderá explorar também a diversidade existente no interior do mundo islâmico, como a divisão, desde o século sete, entre sunitas e xiitas, e aquelas que são consideradas as duas principais marcas da presença islâmica na península Ibérica, o esplendor artístico e cultural e a tolerância religiosa. É interessante que os estudantes analisem o mapa “Domínios muçulmanos árabes (séculos)” para que tenham uma ideia da grande extensão dos domínios muçulmanos.

Observação

Novamente, destacamos que os estudos dos conteúdos sôbre o Império Muçulmano e sua expansão ao longo do tempo possibilitam o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um cinco.

A expansão turco-otomana

A queda da dinastia abássida, em meados do século treze, marcou o declínio do Império Muçulmano sob o comando dos árabes e o início de uma nova fase, a turco-otomana. Os turcos eram povos nômades oriundos da Ásia Central, convertidos ao Islã.

A expansão turca recebeu grande impulso com o início da dinastia otomana, que teria sido fundada no século onze pelo guerreiro Otoman um. A partir de então, o Império Turco-Otomano, de maioria sunita, expandiu e unificou o mundo muçulmano em tôrno de um grande Estado islâmico. Sob o govêrno de um sultão, uma espécie de monarca absoluto, a dinastia otomana promoveu a prosperidade econômica do império e o reflorescimento das ciências e da cultura muçulmanas, atingindo o apogeu no século dezesseis.

Além de controlar e manter sob seu domínio todas as conquistas árabes na península Arábica, na Mesopotâmia, no Líbano, na Síria, na Palestina e na África, os turco-otomanos expandiram seu império, incorporando novos territórios e disseminando o islamismo nas regiões ocupadas.

O Império Turco-Otomano (séculoscatorze-dezessete)

Mapa. O Império Turco-Otomano (séculos 14 ao 17). Mapa representando parte do Leste Europeu, parte do Norte da África e Parte da Ásia, com destaque para a região nordeste da África, a porção oeste da Ásia, principalmente as regiões próximas aos mares Vermelho, Cáspio e Negro, e as regiões das penínsulas Balcânica, do Peloponeso e Itálica. Há territórios destacados em cores distintas. Em vermelho, o Império Turco-Otomano 'Na primeira metade do século 14'. Circunscrito à região de Karasi na Península da Anatólia. Em laranja claro, o Império Turco-Otomano 'Na segunda metade do século 14'. O territórios se expandiu para a Germânia, na Ásia Menor; Bulgária, Trácia e parte da Macedônia, na Europa. Em verde claro, o Império Turco-Otomano 'No século 15'. Incorporando toda a Macedônia, a Bósnia, a Sérvia, a Valáquia, parte da Península da Crimeia e parte da região do Cáucaso, na Europa; além, da Anatólia e Karamania, na Península da Anatólia, na Ásia. Em lilás, o Império Turco-Otomano 'Do século 16 ao 17'. Incorporando, territórios a oeste do Mar Cáspio, no Daguestão, no Mar Negro (com toda a Península da Crimeia, e os territórios em torno do Mar de Azov), a Hungria, a Bessarábia, a Podólia, a Moldávia, a Geórgia, a Armênia, o Curdistão, a Mesopotâmia, a Palestina, a cidade de Jerusalém, as cidades de Meca e Medina, Alexandria e Cairo, no Egito. Também foi incorporada a região banhada pelo Rio Nilo, a leste de Al-Wahat. Seguindo pela costa nordeste da África, conquistou a cidade de Trípoli e a Tunísia. Destacado por um pequeno quadrado preto 'Capitais sucessivas': sendo a primeira Brousse, na Anatólia; a segunda Adrianopla, na Trácia; e a Terceira, Constantinopla, no Bósforo, entre o Mar Negro e o Mar de Mármara. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 305 quilômetros.

Elaborado com base em dados obtidos em: dubí jórj. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. página 178.

Ler o mapa

• Ao observar o mapa “O Império Turco-Otomano (séculos catorze-dezessete)”, identifique pelo menos três localidades que passaram a fazer parte dos domínios desse império. Para auxiliar sua resposta, compare este mapa com o mapa “Domínios muçulmanos árabes (séculos sete-doze)”, apresentado anteriormente.

Respostas e comentários

Orientações

A obediência aos cinco pilares do islamismo confere unidade ao mundo muçulmano até o presente, bem como o estudo do livro sagrado (o Alcorão), a presença das mesquitas e outras normas de conduta (como a proibição de consumir bebidas alcoólicas, comer carne de porco etcétera.). Neste particular, entretanto, existem diferenças substanciais na atualidade: por exemplo, a interpretação literal da charia, como base para a vida social contemporânea, não é aplicada em todos os países de maioria muçulmana; o lugar social das mulheres e sua conduta em relação ao casamento e ao uso do véu também dependem da cultura de cada país. Esses temas podem promover um interessante debate sôbre as diferenças religiosas, culturais e étnicas no mundo contemporâneo.

Resposta

Ler o mapa: Ao observar o mapa, é interessante que os estudantes compreendam que, além de controlar e manter sob seu domínio todas as conquistas árabes na península Arábica, na Mesopotâmia, no Líbano, na Síria, na Palestina e na África, os turco-otomanos incorporaram definitivamente aos seus domínios regiões do Leste Europeu e da Ásia Central. Comente com a turma que essa expansão também alcançou a Pérsia, o Afeganistão, bem como a região da Armênia, da Grécia e do Chipre.

Observação

Novamente, é interessante destacar que os estudos dos conteúdos sôbre o Império Muçulmano e sua expansão ao longo do tempo possibilitam o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um cinco.

A importância do comércio no Império Muçulmano

A posição geográfica do Império Muçulmano, entre o Oriente e o Ocidente, favoreceu o surgimento de um rico comércio, essencial para o desenvolvimento econômico da região.

Inicialmente, as rótas de comércio utilizadas pelos árabes eram terrestres. Grandes caravanas de comerciantes, reunindo até 6 mil camelos, percorriam os extensos desertos do império, como o do Saara e o da Arábia. Ao longo do caminho, os mercadores e os animais podiam descansar em locais de parada, denominados cãns. A partir do século oito, com a fundação das cidades de Bagdá e Samarra, houve um impulso das rótasmarítimas em direção ao Extremo Oriente, com o uso dos rios Tigre e Eufrates e do oceano Índico. Pelo mar Mediterrâneo, foi possível alcançar o sul da Europa e o noroeste da África.

Na Ásia Central e na China, os mercadores árabes compravam produtos como porcelana, lã, bronze, perfume, joias, pedras preciosas e sêda. Este último artigo era tão importante que o caminho até a fonte produtora foi batizado de “Róta da sêda”. Na África, os árabes obtinham ouro e outros metais, escravos, resinas, gomas, peles e couros. Foi também graças a essa rede comercial que os árabes e os povos do Ocidente conheceram alimentos como laranja, limão, banana, arroz, berinjela e alcachofra.

O grande desenvolvimento do comércio proporcionou o surgimento de muitas cidades no Império Muçulmano, que se tornaram grandes centros de consumo e de circulação de riquezas. O comércio, além de proporcionar o contato entre diferentes culturas e civilizações, contribuiu para a expansão do islã e dos conhecimentos dos povos árabes.

Fotografia. Vista de local aberto, em um deserto, com areia marrom. Em primeiro plano, dois camelos vistos lateralmente, um atrás do outro, presos por cordas na cabeça e puxados por um homem com traje longo azul e a cabeça e o rosto cobertos por um tecido branco. Ao fundo, uma duna de areia e no alto, céu azul claro.
O Deserto do Saara é o maior deserto quente do mundo e se estende por países como Argélia, Chade, Egito, Líbia, Mali, Mauritânia, Marrocos, Níger, Sudão e Tunísia. Na fotografia, parte de caravana na região do Marrocos, comum ainda hoje. Fotografia de 2019.

Camelo ou dromedário?

O camelo, mamífero da família dos camelídeos, tem duas corcovas, enquanto o dromedário, da mesma família, tem apenas uma. Muitos autores, contudo, não fazem diferenciação entre o camelo e o dromedário; por isso, optamos pelo uso do primeiro termo, mais comumente encontrado na literatura produzida sôbre a história africana.

Ícone. Sugestão de site.

MUSEU caluste golbekiân. Disponível em: https://oeds.link/oCDdoh. Acesso em: 18 janeiro 2022. No site do museu, que se localiza em Lisboa, Portugal, é possível visualizar uma belíssima coleção de objetos de arte do Oriente Islâmico.

Respostas e comentários

Texto complementar

Muitos historiadores associam o desenvolvimento de atividades comerciais ao processo de expansão do Império Muçulmano. O texto a seguir trata desse tema.

A ligação ao Império Muçulmano de um número tão grande de países favoreceu o desenvolvimento das atividades comerciais a um ponto tal que não teria sido atingido quando a região era politicamente dividida. Se contarmos a partir dos últimos anos do século sete até o final do século doze, o Império Muçulmano funcionou como uma zona de livre comércio. Os bens produzidos em uma de suas regiões estavam rapidamente disponíveis nas outras, de modo que os mesmos hábitos de consumo eram compartilhados por populações numerosas e diversas, espalhadas em um vasto território. Situado a meio caminho entre o Oriente e o Ocidente, o mundo muçulmano igualmente contribuiu para difundir as inovações técnicas junto aos povos circunvizinhos. O incremento das trocas comerciais, entre as diferentes partes do Império Islâmico e além das suas fronteiras, estimulou as produções locais destinadas a novos mercados.

Rrbéc, Ivan. A África no contexto da história mundial. In: FASI, l (editora). História Geral da África, três: África do séculosete ao onze. 2.edição. rev. Brasília, Distrito Federal: unêsco, 2010.

Observação

O conteúdo trabalhado nesta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro, ê éfe zero seis agá ih um cinco e ê éfe zero seis agá ih um seis.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestões complementares referentes ao Capítulo:

diman piter. O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto, 2004.

Nesta obra, o autor aborda as origens do mundo muçulmano, propondo uma discussão sôbre seus impasses contemporâneos.

. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

O livro trata da construção da noção de “Orientalismo”, tida como uma invenção cultural e política do “Ocidente”.

Cultura e ciências no mundo muçulmano

O mundo árabe e islâmico produziu importantes estudos, reflexões e descobertas em diversas áreas do conhecimento. Ao expandir o islã e as atividades comerciais, os árabes entraram em contato com muitas culturas, o que lhes permitiu conhecer invenções e inovações tecnológicas de outros povos, como a bússola, o astrolábio e o papel chineses, bem como textos de antigos pensadores gregos, persas e indianos.

Principalmente por meio do comércio, os árabes ajudaram a difundir essas inovações por vários territórios. Além disso, o próprio Alcorão era veículo de estudo e conhecimento, assim como base da alfabetização de boa parte da população. O estudo do Alcorão possibilitou o desenvolvimento da teologia, da filosofia, do direito, da gramática e da história, destacando-se, entre os principais pensadores muçulmanos, o filósofo de origem turca abu al fárabi e o historiador árabe êbnú ráldúna.

A valorização do conhecimento fez com que os árabes se destacassem em diversos campos da ciência, como a matemática, a química e a medicina. Na matemática, por exemplo, eles aprimoraram e difundiram uma criação hindu fundamental nos dias de hoje, os símbolos (de 0 a 9) conhecidos como algarismos indo-arábicos. Desenvolveram também a álgebra, a trigonometria, o uso da letra “x” para representar uma incógnita e a classificação das equações segundo os graus.

Manuscrito. Uma folha de papel acinzentada, com uma ilustração no centro. Nas partes inferior e superior, textos em caracteres árabes, em linhas horizontais. No centro da ilustração, duas figuras humanas uma de frente para a outra, vistas lateralmente. A figura da esquerda está vestida de vermelho e segura nas mãos um recipiente largo e fundo, do qual parece escorrer um líquido. A figura da esquerda, vestida com roupa verde, segura com a mão direita uma estrutura em forma de hastas entrecruzadas, com três pontas no alto e duas hastes fincadas ao solo. Essas figuras estão entre duas árvores. A árvore do lado direito tem folhas em formato pontiagudo, enquanto a do lado esquerdo possui folhas em formato arredondado.
Manuscrito Dois médicos preparam um remédio. 1224. Tinta, pigmentos e folha de ouro sôbre papel. Tradução árabe do manuscrito do estudioso grego Dioscorides, que viveu no século um. Museu de Arte WaltersBaltimore, Estados Unidos.
Iluminura. Sobre um papel de cor bege, a ilustração duas figuras. A esquerda, uma mulher sentada sobre os calcanhares sobre um tapete azul; veste uma roupa vermelha e usa um turbante branco sobre a cabeça. Ela é vista de lado. À direita, um homem de barbas longas, sentado à frente da figura de vermelho, está vestido com um traje comprido verde e turbante branco em torno da cabeça. Ele está sentado sobre um banco e tem os dois pés apoiados sobre um suporte. A mulher estende um ramo de folhas na direção do homem e ele faz o mesmo na direção da mulher. A cena é circunscrita pelo desenho de um arco com duas colunas laterais, na cor lilás e uma cobertura em marrom escuro.
DIOSCORIDES. De materia médica. 1229. Papel, 19,2 por 14 centímetros. Palácio de tôfcapí, Istambul, Turquia. Cópia manuscrita em árabe do texto grego.

Língua árabe

A língua árabe exerceu uma influência muito forte nas línguas portuguesa e espanhola. Assim, muitas palavras de origem árabe foram incorporadas ao nosso vocabulário. Algumas são identificáveis pêla partícula “al”, como alambique, alface, alfândega, álgebra, entre outras. Há também palavras que não começam com o artigo, mas derivam do árabe, como café, xadrez e xerife.

Respostas e comentários

Orientações

No Império Muçulmano, dois locais foram responsáveis pelos estudos em diferentes áreas do conhecimento: a Escola de Alexandria, no Egito, que mesmo antes do surgimento do islamismo foi a responsável por abrigar os conhecimentos das ciências naturais, e a Casa da Sabedoria ou da Ciência (), em Bagdá, voltada principalmente à tradução de obras gregas.

A química foi uma área muito estudada pelos árabes. Foram eles que criaram a água de rosas, utilizada em cosméticos e na culinária, o vinagre, o sabão e o álcool. Também abriram farmácias, nas quais disponibilizaram medicamentos em fórma de pomadas, elixires, pílulas e inalantes. Entre os químicos mais importantes da comunidade muçulmana está o persa

A medicina foi outro campo de grande desenvolvimento no mundo muçulmano. Foram eles que criaram, por exemplo, o conceito de hospital como local para o tratamento dos doentes e para a prática e o ensino da medicina.

Os árabes também desenvolveram instrumentos cirúrgicos e estudos sôbre a anatomia e a fisiologia humanas, sobretudo o corpo feminino, a anestesia e o sistema nervoso óptico.

A valorização do conhecimento no mundo islâmico medieval estava associada às concepções religiosas: a natureza é vista como obra de Deus, portanto, estudar seus fenômenos é também uma fórma de cultivar a fé. Sugerimos que os estudantes sejam incentivados a recorrer aos professores de Matemática e de Ciências para que obtenham mais informações sôbre o papel dos estudiosos árabes e persas nesses campos do conhecimento. Da mesma fórma, o professor de Língua Portuguesa poderá ajudar os estudantes a identificar as palavras de nossa língua que se originaram do árabe.

Observação

É importante notar que identificar as trocas culturais entre os árabes e os mais diversos povos no período estudado colabora para o trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih um quatro.

Ícone. Ilustração de um recipiente de base circular, com duas hastes laterais e grafismos coloridos, indicando a seção Lugar e cultura.

Lugar e cultura

Cidadania e Civismo

A mulher no islã

O que sabemos sôbre a condição das mulheres no mundo muçulmano ao longo do tempo? Para começar a refletir sôbre isso, é importante compreender que o Alcorão apresenta diversas passagens relativas aos direitos das mulheres. De acôrdo com o texto sagrado, a mulher tem, por exemplo, os direitos à propriedade, à herança, de pedir o divórcio e de estudar. pêla tradição, ela também pode escolher com quem deseja se casar, usar métodos contraceptivos e também ter o próprio negócio.

Segundo estudiosos, há muitas mulheres no mundo muçulmano reconhecidas por seu trabalho e seus conhecimentos. Entre os diversos exemplos, podemos citar Rufaida al áslamia, a primeira médica muçulmana, que viveu no mesmo período que Maomé. Além disso, a fundação de uma das mais antigas universidades no mundo se deve às mulheres muçulmanas: a Universidade de al karaouíne, na cidade de Fez, no atual Marrocos, foi fundada em 859, por Fátima al fírriri e por sua irmã, Mariam.

Apesar disso, é importante reconhecer que, em vários países islâmicos, os direitos das mulheres são continuamente violados. É o que ocorre, por exemplo, na Arábia Saudita, que tem um regime ditado pêla interpretação rigorosa das leis islâmicas. Nesse país, as mulheres são submetidas a muitas restrições, decorrentes de dois fatores principais: uma leitura radical do Alcorão e tradições culturais de vários grupos que adotaram o islã, mas não abandonaram muitas de suas práticas anteriores.

Fotografia. Três mulheres sentadas, cada uma segurando um cartaz branco com texto escrito em línguas inglesa e hindu, em preto. Nos três cartazes é possível identificar a sigla, em inglês, AIDWA, que significa Associação das Mulheres para a Democracia em toda a Índia. À esquerda, a mulher usa um gorro sobre a cabeça em branco e preto, com traje longo de cor azul, cobrindo dos braços aos joelhos, além de uma calça azul. No centro, uma mulher com lenço laranja sobre a cabeça, o pescoço e os ombros, com um traje comprido de cor preta, olhando para à direita. Ela usa par de óculos de grau no rosto. No canto direito da imagem, uma mulher com a cabeça, e a parte inferior do rosto coberta por um véu espesso  e preto, tapando boca e nariz, com um lenço escuro e estampado sobre os ombros. Ela usa blusa de mangas compridas  e calças  pretas. no fundo, pessoas vistas parcialmente.
Algumas mulheres na Índia participam de campanha pêla igualdade de cidadania e pêlofim à perseguição de minorias religiosas no país. Fotografia em Nova Délhi, Índia, em 2021.

Reúna-se com seus colegas. Em grupos, façam uma pesquisa na internet para identificar protestos recentes de mulheres em países de maioria muçulmana. Registrem no caderno de que país se trata e quais as principais reivindicações das manifestantes.

Respostas e comentários

Orientações

Incentive a pesquisa, orientando os estudantes na consulta a sites de origem confiável, como os que são ligados a agências de notícias, universidades e órgãos oficiais etcétera.

É interessante conversar com a turma sôbre os intensos debates a respeito do uso do véu (ríjab) pêlas muçulmanas em locais públicos, prática muitas vezes entendida como imposição e opressão. No Alcorão, o uso do ríjab é recomendado por duas razões: distinção e proteção, como fórma de valorizar a mulher em sua humanidade. No entanto, nada se afirma sôbre sua obrigatoriedade, o que dá margem a diferentes interpretações. Há, por essa razão, países de maioria muçulmana que adotam o véu como regra (Arábia Saudita) e outros, como escolha pessoal (Líbano).

É importante deixar evidente aos estudantes que a comunidade islâmica não é homogênea em si, que existem diferentes interpretações do Alcorão, influenciadas pelos costumes ancestrais/tribais dos povos que adotaram o islã. Por isso existem diferenças substanciais entre os países islâmicos. No caso do ríjab, por exemplo, existem muçulmanas que optam por não cobrir o rosto e os cabelos e outras que fazem questão de utilizar algum tipo de véu.

A pesquisa proposta visa estimular na turma práticas de pesquisa como estado da arte, revisão bibliográfica, análise documental e tomada de notas.

O conteúdo abordado nesta seção favorece o trabalho com o tema contemporâneo Educação em Direitos Humanos.

Observação

Identificar alguns aspectos da condição das mulheres na Arábia pré-islâmica e no Império Muçulmano possibilita que seja trabalhada a habilidade ê éfe zero seis agá ih um nove.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

  1. Depois que foi fundado, no séculosete, o islamismo se difundiu rapidamente por regiões da África, da Ásia e da Europa, originando um grande império. De que fórma essa expansão favoreceu o intercâmbio entre diferentes culturas e conhecimentos no período? Cite exemplos.
  2. Meca, Medina, islã, Alcorão, Maomé, península Arábica, Hégira. Qual é a relação existente entre essas palavras? Redija um texto em seu caderno utilizando todos esses termos. Fique atento à pontuação, à linguagem e ao encadeamento do texto, para que ele fique claro e coerente.
  3. A charge a seguir apresenta três catedrais hostilizando uma pequena mesquita, que se retrai, amedrontada com tal atitude. Analise-a.
Charge. Ilustração em preto e branco, com traços finos. À esquerda, uma mesquita com rosto e braços humanos: um prédio pequeno com um minarete, uma torre vertical com uma ponta superior triangular, com uma lua e uma estrela  na ponta. Ela está curvada para trás, olhando para frente, com olhos, boca e braços para baixo. À direita, de frente para a mesquita, três catedrais em fila: construções grandes de base larga na parte inferior; cada uma delas tem, no centro, uma torre grande com cruzes na ponta. As torres tem rostos, que estão com as sobrancelhas franzidas e boca para baixo em sinal de reprovação. Uma das torres, está com a mão esquerda na cintura e a mão direita estendida, segurando um cartaz. Nele há a ilustração de uma placa de proibição, um círculo cortado por uma reta na diagonal sobre a silhueta do minarete de uma mesquita.
pismetróvich, P. Três catedrais hostilizando uma pequena mesquita. 2009. Charge. Esta charge foi publicada no jornal Kleine Zeitung, Graz, Áustria.

Agora, leia o seguinte texto com muita atenção. Depois, responda às questões em dupla.

A Anistia Internacional alertoureticências para a discriminação de muçulmanos em diversos países europeus, principalmente na área da educação e no mercado de trabalho reticências.

reticênciasalguns desses países adotaram leis contra o uso de véus cobrindo o rosto ou o de símbolos religiosos nas escolas.

reticências O relatório [da atingido integralmente] também critica especialmente a Suíça, pêla lei de 2009 que proíbe a construção de novos minaretes nas mesquitas, e a região da Catalunha, na Espanha, onde os muçulmanos são obrigados a orar ao ar livre porque as autoridades locais se recusam a aprovar projetos para a construção de mesquitas alegando que elas são incompatíveis com as tradições e a cultura da Catalunha.

Anistia Internacional afirma que muçulmanos são discriminados na Europa. Deutsche Welle, 24 abril 2012. Disponível em: https://oeds.link/Vf8Xtx. Acesso em: 19janeiro 2022.

  1. Que atitude, cada vez mais frequente na Europa, pode ser identificada na charge?
  2. O texto e a charge abordam a mesma atitude? Justifique.
  3. Você estudou que o islã se difundiu também pêla Europa, especialmente na península Ibérica, com o Emirado de Córdoba. É possível dizer que os árabes que ocuparam o território naquela época adotaram, com os cristãos e os judeus, a mesma atitude que os europeus em relação aos muçulmanos nos dias de hoje, como o texto e a charge sugerem? Justifique.
Respostas e comentários

Seção Atividades

Objetos de conhecimento

A fragmentação do poder político na Idade Média.

O Mediterrâneo como espaço de interação entre as sociedades da Europa, da África e do Oriente Médio.

Lógicas comerciais na Antiguidade romana e no mundo medieval.

Habilidades

São trabalhados aspectos relacionados às habilidades:

ê éfe zero seis agá ih um quatro (atividades 1, 2, 3)

ê éfe zero seis agá ih um cinco (atividades 1, 2, 3)

ê éfe zero seis agá ih um seis (atividade 1)

Respostas

1. Ao longo da expansão muçulmana pêla África, pêla Ásia epêla Europa, os árabes entraram em contato com diferentes povos e culturas, o que favoreceu o desenvolvimento de um rico comércio entre essas regiões e de um grande intercâmbio de ideias. Nesse período da expansão islâmica, os muçulmanos conheceram, por exemplo, o papel, a bússola e o astrolábio, este último aperfeiçoado por eles; entraram em contato com textos gregos, persas e indianos de diferentes áreas do conhecimento, que foram traduzidos para o árabe e foram essenciais para o desenvolvimento da medicina, química, física, botânica, zoologia e matemática.

2. Atividade de produção de texto. Os textos devem conter, basicamente, as seguintes informações: Maomé nasceu em Meca, centro religioso e comercial localizado na península Arábica. Segundo a tradição, Maomé teria recebido diversas revelações divinas, como a mensagem de que existia um único Deus. Ele começou a pregar na cidade de Meca. Por causa das perseguições dos coraixitas, Maomé partiu para Medina. Maomé unificou a península Arábica emtôrno do islã e de um único Estado. Após a morte do profeta, os ensinamentos transmitidos por Alá a Maomé foram reunidos em um livro sagrado, o Alcorão.

3. a) A intolerância em relação aos povos muçulmanos, representada pêla hostilidade das catedrais em relação à mesquita.

b) Os dois abordam a intolerância em relação aos povos muçulmanos.

c) Na península Ibérica, os muçulmanos consentiram que a população local mantivesse as tradições cristãs e judaicas, desde que pagassem impostos especiais. Em cidades como Toledo e Granada, conviveram seguidores das três religiões. Esse contexto contrasta com a situação de discriminação em relação aos islâmicos na Europa retratados.

Ícone. Ilustração do globo terrestre circundado por uma linha amarela, simulando a trajetória da Lua em torno do planeta, indicando a seção Ser no mundo.

Ser no mundo

Multiculturalismo

Islamismo hoje

Você já estudou aspectos das origens do islamismo e da trajetória de Maomé. Já sabe, também, como se deu a disseminação da fé islâmica por vários pontos do planeta, em especial após a morte do profeta.

E hoje? Qual é o alcance do islã no mundo em que vivemos? Como é a realidade desse grupo religioso? Na atualidade, o islamismo agrupa mais de 1,8 bilhão de fiéis no mundo todo. No ano de 2019, a Indonésia era o país com a maior população de seguidores do islã.

Nos países do Oriente Médio (com exceção de Israel), o islamismo prevalece. Em países asiáticos, como Bangladesh, Malásia e Indonésia, também. Já na África, o islamismo é a religião mais professada nos países árabes do norte do continente e na região do Sael. Na Europa, os adeptos do islamismo predominam na Albânia e na Bósnia-Herzegovina.

O islã tem muitos seguidores na China, na Rússia, na Índia, na Europa Ocidental, nos Estados Unidos e no Brasil. Isso significa que milhões de pessoas nesses países, mesmo não sendo árabes, são muçulmanas.

Fotografia. Vista de local aberto com um portão gradeado preto em primeiro plano. Em segundo plano, uma escadaria que dá acesso a um templo com abertura em arcos no primeiro pavimento em branco e na parte superior, outro andar em tons de azul. No topo, vê-se cúpula em azul-claro. À esquerda e à direita, torres de formato tubular em branco, de tamanho duas vezes maior que o prédio e com uma pequena cúpula em azul-claro no alto. No alto, céu em azul com nuvens brancas.
Mesquita Imam áli ibin abí talíb, também conhecida como Mesquita de Curitiba, no Paraná. Inaugurada em 1972. Segundo a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (fãmbrás), em 2020 havia mais de 1 milhão de muçulmanos no país, além de 90 mesquitas e salas de oração e 80 centros islâmicos. Fotografia de 2017.
Fotografia. Vista de local fechado. Em primeiro plano, quatro mulheres vistas de costas sentadas sobre um banco de madeira. Elas estão vestidas com blusa de mangas compridas em branco e detalhes em amarelo e preto. Sobre a cabeça, lenços, sendo um em amarelo e os outros três em preto. De frente para elas, em segundo plano, uma mulher de cabelos pretos, presos para trás, com camiseta em vermelho, servindo um prato. Mais ao fundo, cartaz de cor vermelha e com preços de mercadorias em amarelo.
Jovens muçulmanas em barraca de comida em importante rua comercial na cidade de ioguiakarta, na Indonésia. Fotografia de 2019.
Respostas e comentários

Seção Ser no mundo

Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número6 e número9, esta seção propicia ao estudante valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade; além de exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

Esta seção busca também estimular o estudante a desenvolver a Competência Específica do Componente Curricular História número 4: Identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e povos com relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

O conteúdo desta seção também possibilita o trabalho com o tema contemporâneo Diversidade cultural.

Habilidade

ê éfe zero seis agá ih um nove: Descrever e analisar os diferentes papéis sociais das mulheres no mundo antigo e nas sociedades medievais.

É interessante lembrar que existe uma diferença entre ser árabe e ser muçulmano. O árabe é o indivíduo que pertence a um povo de língua e cultura árabes. Há árabes muçulmanos, cristãos e de outras crenças. O muçulmano é o seguidor da religião islâmica, que pode ser árabe ou não. Assim, nem todo árabe é muçulmano, da mesma fórma que nem todo muçulmano é árabe.

As muçulmanas conquistam novos espaços

As mulheres muçulmanas vêm procurando ganhar novos espaços na sociedade – espaços esses que, muitas vezes, por tradição, eram reservados somente aos homens. Conciliando a fé com as práticas do mundo atual, estão transformando sua realidade.

Em 2021, por exemplo, mulheres muçulmanas da Europa organizaram um protesto on-line contra a proibição do uso do véu (o chamado ríjab) na França.

Em fotografias e em selfies disseminadas em redes sociais, mulheres muçulmanas escreveram em suas mãos mensagens como “Tire as mãos do meu véu” e “Tire as mãos do meu ríjab”.

mariâm chorák tem 16 anos e é uma muçulmana devota, para quem o ríjab (véu islâmico) é uma expressão de sua devoção ao profeta morramédi, mas a proposta de senadores franceses em breve poderá negar a ela a liberdade de usá-lo em espaços públicos.

reticências

— É parte da minha identidade. Forçar-me a removê-lo seria uma humilhação — disse chorák. — Eu não consigo entender por que querem aprovar uma lei que discrimina.

Tire a mão do meu véu! Muçulmanas fazem campanha contra proibição do uso do ríjab na França. O Globo, 4 maio 2021. Disponível em: https://oeds.link/oPtTZ0. Acesso em: 18janeiro 2022.

Fotografia. Vista de local aberto. Muitas mulheres em manifestação, uma ao lado da outra. As que estão em primeiro plano, à frente, seguram nas mãos um cartaz marrom claro onde se lê, em inglês: 'Tire as mãos do meu véu'. Nas laterais, outras mulheres com cartazes menores, onde se lê, também em inglês: 'Não à islamofobia'. A maioria das mulheres usa véu  cobrindo a cabeça. Em segundo plano, árvores com ramos em marrom e céu diurno nublado.
Mulheres muçulmanas em diversos países do mundo vêm organizando protestos e atos pêlas causas em que acreditam. Esta fotografia, de março de 2019, mostra algumas mulheres muçulmanas em Londres, na Inglaterra, em um ato contra o preconceito à população muçulmana residente naquele país e contra a proibição do uso do véu. Na faixa maior, lê-se, em inglês: “Tire as mãos do meu véu”.
  1. A reportagem mostra a opinião de mariâm chorák, uma jovem muçulmana de 16 anos. Para ela, o que significa o uso do ríjab? Responda em seu caderno.
  2. Procure no dicionário o significado do termo “empatia”. Depois, responda: você acha que, para compreender uma cultura diferente da nossa, é necessário ter empatia? Por quê? Como esse caso se aplica às mulheres muçulmanas e ao protesto que organizaram, citado na reportagem?
Respostas e comentários

Respostas

1. Para a jovem muçulmana citada na reportagem, o uso do ríjab (véu islâmico) é uma expressão de sua devoção ao islamismo e é, também, parte de sua identidade. Desse modo, podemos perceber que o uso do véu aborda aspectos culturais, religiosos, pessoais e sociais, todos eles importantes e significativos para as mulheres muçulmanas.

2. Um dos significados do termo “empatia” é a atitude, ou ação, de se colocar no lugar de outra pessoa, procurando pensar ou agir da fórma como essa pessoa pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias em que se encontra. Para compreender uma cultura muito diferente da nossa, a empatia é, sim, necessária; com ela, é possível fazer um exercício de respeito e tolerância, considerando as razões, os motivos e a realidade dos indivíduos que pertencem a um grupo diferente do nosso. A questão da empatia tem aparecido de fórma intensa nos debates recentes em redes sociais e na internet e, de fórma positiva, tem suscitado discussões em que tanto a preocupação com os motivos dos outros como a reflexão sôbre como seria estar no lugar do outro colaboram para a disseminação de ações cidadãs, prezando o respeito e a tolerância. No caso da reportagem, os estudantes podem fazer um exercício de empatia para refletirsôbre o uso do véu pêlas mulheres muçulmanas: em vez de formular pré-julgamentos, dizendo, por exemplo, que o ríjab não é necessário, que parece opressor ou antiquado, os estudantes podem compreender que, para aquelas mulheres muçulmanas, o uso do véu faz parte de sua identidade e de sua cultura.

Questões para autoavaliação

Nesta Unidade do livro, as questões sugeridas para autoavaliação – e que também podem ser utilizadas, a seu critério, para o diagnóstico do grau de aprendizagem dos estudantes – são:

1. Como os povos germânicos se consolidaram na Europa Ocidental?

2. De que fórma o Reino Franco contribuiu para expandir o cristianismo e fortalecer a Igreja de Roma?

3. Quais são as origens do islamismo?

4. Como os árabes expandiram rapidamente o islã pêlo Oriente Médio e construíram um grande Império Muçulmano?

5. Quais são as bases da religião islâmica? Como a civilização muçulmana contribuiu para o desenvolvimento das ciências e da cultura?

Glossário

Dinastia merovíngia
Fundada supostamente por Meroveu, chefe guerreiro franco e avô de Clóvis.
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Escola palatina
Escola criada por Carlos Magno que funcionava no próprio palácio imperial. Nela, estudavam os filhos da nobreza e o próprio imperador.
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Mouros
fórma como os cristãos chamavam os muçulmanos que se estabeleceram na península Ibérica no século oito.
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Tribo
Conceito da antropologia que designa um grupo social autônomo que apresenta, entre seus membros, certa homogeneidade (física, linguística, culturaletcétera); povo.
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Clã
Grupo de pessoas unidas por laços de parentesco que acreditam ter um ancestral comum.
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Hégira
Significa receber proteção e acolhimento em um lugar que não é o seu; por isso, a interpretação mais correta para esse termo é imigração ou exílio, e não fuga, como geralmente é traduzido.
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Jihad
Palavra árabe que significa “esfôrço”, isto é, esforço em favor de Deus. Trata-se do compromisso do muçulmano de manter-se fiel às crenças do islã, praticar boas ações e transmitir a mensagem divina para outros povos.
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