UNIDADE um REINOS E POVOS DA ÁFRICA
Você estudará nesta Unidade:
Os reinos do Sahel
O Reino de Gana
A presença islâmica no continente africano
O Império do Mali
Os povos iorubás e bantos
Os contatos entre África, Europa e Ásia
Entre os séculos oito e dezesseis, no período correspondente ao da Idade Média europeia, o continente africano era ocupado por diversas sociedades. Algumas delas estavam organizadas em grandes reinos ou impérios, com governos centralizados. Outras se organizavam em aldeias, médias ou pequenas.
A atividade comercial desses povos era intensa, assim como a produção artística e cultural. O comércio de longa distância entre diversas regiões, ao sul e ao norte do deserto do Saara, possibilitou a formação de grandes reinos e as trocas culturais entre diferentes povos. Um exemplo desse intercâmbio cultural é a presença do islamismo, em especial no norte da África.
O que você sabe sobre a diversidade de povos, paisagens, histórias e culturas que caracterizam a África, esse imenso continente?
CAPÍTULO 1 OS REINOS DE SAHEL
Neste Capítulo, você vai conhecer um pouco sobre os antigos reinos africanos que se estabeleceram na região do Sael.
De origem árabe, a palavra Sael significa “margem” ou “borda”. O Sael é uma extensa faixa de terra situada imediatamente ao sul do deserto do Saara e habitada por diferentes povos pastores e comerciantes.
Entre os séculos oitoe dezesseis, desenvolveram-se na região diversos reinos e cidades mercantis, como o Reino de Gana, o Império do Mali e as cidades de Dijenê e Timbuquitú. Esses reinos e cidades estavam próximos das rótas de comércio a longa distância e constituíam grandes mercados de distribuição de produtos que cruzavam o deserto do Saara de norte a sul. Essas rótas de comércio são chamadas de transaarianas.
Mercadores, principalmente árabes, vindos do norte da África, levavam sal e cobre aos mercados das sociedades Saelianas, e lá adquiriam ouro, marfim, peles, pessoas escravizadas e outros artigos.
Os rios Senegal, Gâmbia e Níger eram muito importantes para os povos que viviam na região do Sael, pois suas cheias fertilizavam áreas onde eram cultivados diversos produtos. Além disso, esses rios eram utilizados para a pesca e o transporte de mercadorias e pessoas.
O Reino de Gana
O Reino de Gana, o mais antigo do Sael, estabeleceu-se ao sul do deserto do Saara por volta do ano 300. Por muito tempo, o reino foi chamado pelos árabes de “terra do ouro”, devido às ricas zonas auríferas existentes na região.
Os comerciantes de Gana trocavam o ouro principalmente por sal, utilizado tanto como moeda nas transações comerciais quanto para a alimentação e a conservação dos alimentos. Estudos arqueológicos indicam que o comércio do ouro existia pelo menos desde o século três. Muitos produtos, como gomaglossário , sorgo, milhete, âmbarglossário , peles, penas e marfim, eram trocados por ouro nesse importante comércio.
O centro comercial do reino era a cidade de Koumbi Salé, que apresentava características urbanas desde o século nove e atingiu seu esplendor por volta dos séculos doze e treze. A cidade chegou a abrigar uma população de 20 mil pessoas e pode ter sido uma das capitais do Reino de Gana.
REINOS E IMPÉRIOS DO Sael (SÉCULOS dez- dezesseis)
Elaborado com base em dados obtidos em: SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. página 297; HERNANDEZ, Leila M. G. L. A África na sala de aula: visita à África contemporânea. São Paulo: sêlo Negro, 2008. página 41.
. Histórias de Ananse. São Paulo: , 2007. O livro traz algumas histórias de Ananse, uma aranha que se comporta como um ser humano. As histórias, passadas de geração em geração, nos ensinam sobre tradições e costumes de Gana. ésse eme
A presença do islã em Gana
No século sete, o islã, religião difundida pelos povos árabes seguidores do profeta Maomé ( cêrca de570- cêrca de 632), alcançou o norte da África, principalmente por meio da conquista militar. Após se difundir pelo norte, a religião foi levada para o Sael, desenvolvendo-se no Reino de Gana por volta do século onze, por intermédio de mercadores árabes e líderes religiosos islâmicos vindos do norte, os marabutos. A nova religião encontrou maior número de adeptos entre os funcionários da côrte e os intelectuais que assessoravam o rei, chamado de gana. Além disso, a escrita árabe passou a ser utilizada na administração do reino e nos negócios.
A religião e a cultura islâmicas contribuíram para fortalecer o poder real e aglutinar diferentes povos sob o domínio do Reino de Gana, como tuaregues, malinquês, fulas, tuculores e soninquês. Com isso, o islã transformou-se em uma religião de Estado, ainda que o próprio gana não tenha se convertido e muitas crenças e rituais tradicionais tenham se mantido na região.
Diversos povos no Reino de Gana
O texto a seguir fala sobre aspectos sociais e políticos do Reino de Gana.
O Reino de Gana aglutinava diversos povos e cidades que se comunicavam, mas mantinham certa autonomia.
As mais diversas fórmas de organização política conviviam dentro do reino, cuja frágil estrutura era quiçá permanentemente refeita pela ação das armas, com cisões e acréscimos de súditos, e mantida pela divisão dos povos em segmentos de nobres, homens livres, servos e escravos.
SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. quinta edição Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. página 277.
SILVA, Avani Souza. A África recontada para crianças. São Paulo: Martin Claret, 2020. O livro apresenta diversas histórias contadas nos países africanos onde também se fala o português, como Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
O Império do Mali
Entre os séculos treze e dezesseis, na mesma região em que se desenvolveu o Reino de Gana, floresceu um império mais rico e poderoso: o Império do Mali.
Os governantes do Mali recebiam o título de mansa, que significa "rei dos reis". Segundo cronistas árabes, Sundiata Keita foi um dos mansas mais famosos. No século treze, fundou o reino e centralizou alguns povos sob seu poder. Outro importante governante foi Mansa Musa, que entre os séculos treze e catorze organizou o império em províncias, estreitou os laços com o Egito e ampliou a extensão do reino. Mansa Musa também fez uma peregrinação a Meca, em 1324, carregando, pelo deserto, ouro e presentes. Sua viagem foi relatada no Atlas catalão de Êibrarram Cresques, publicado em 1375.
Diversos povos e um rico comércio
O Império do Mali, assim como o Reino de Gana, era habitado por vários povos. Os mandingas, ou malinquês, eram o grupo principal e falavam a mesma língua que o povo de Gana. Além disso, também adotaram a cultura e a religião islâmicas.
O comércio era uma atividade de extrema importância no império. O contrôle das rotas transaarianas e a cobrança de taxas sobre produtos (como ouro, sal, escravos, marfim e noz-de-cola) também eram fundamentais para a manutenção do Império do Mali.
Com as taxas cobradas, o imperador obtinha cavalos para o exército e comprava tecidos e artigos de luxo como fórma de demonstrar seu poder.
A população em geral não era favorecida pela riqueza do comércio transaariano, exceto pelo sal, indispensável na sua alimentação. Os súditos viviam em vilarejos, habitando casebres feitos de barro. Cultivavam milhete, sorgo, inhame, algodão e feijão, criavam animais, como bois, camelos e cabras, pescavam, teciam e produziam objetos artesanais, como cestas e potes.
MALI: deserto do Saara. Direção: Carél Bauer. Estados Unidos, 2008. Duração: 23 minutos. Documentário sobre as paisagens, a história e a cultura do atual Mali.
As cidades de Timbuctu e Dijenê
Localizadas às margens do rio Níger, as cidades de Timbuquitú (ou Tombuquitú) e Dijenê passaram a fazer parte do Império do Mali no século treze. Antes dessa data, porém, já eram grandes centros políticos e comerciais e controlavam a chegada dos produtos levados pelas caravanas do norte e do sul da África. Durante o govêrno do Mansa Musa, essas cidades foram transformadas em centros cosmopolitas. Artistas e letrados foram convocados para trabalhar em Dijenê e em Timbuquitú, e diversas mesquitas e prédios públicos foram construídos na região.
Sob o domínio do Império do Mali, a cidade de Timbuquitú se tornou um ponto de encontro de intelectuais e estudiosos que vinham de vários lugares do mundo árabe. A Universidade de Sankore, por exemplo, fundada por volta do século doze, formava com as universidades de J e de Sidi Iaia um importante complexo intelectual em Timbuquitú. Nessas instituições, ensinavam-se Lógica, Astronomia, caligrafia árabe, Matemática, História e os fundamentos do islã por meio da leitura e do estudo do Alcorão.
Timbuquitú, patrimônio mundial
Em 1988, a cidade de Timbuquitú foi declarada patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ( unêsco). O processo de desertificação e o acúmulo de areia têm ameaçado muitas construções seculares, que correm risco de desaparecer. Diante desse cenário, a unêsco iniciou um programa para conservar e proteger essa cidade pré-colonial africana.
Tombuquitú: a cidade dos livros. Brasil, 2009. Duração: 10 minutos. Disponível em: https://oeds.link/C1JoeQ. Acesso em: 20 fevereiro. 2022. Vídeo produzido por professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro que traz abordagens sobre a história, a economia e a cultura em Timbuquitú.
Lugar e cultura
A tradição oral
A tradição oral é muito importante para as sociedades africanas. Isso significa que a maior parte dos conhecimentos, das lendas e das histórias, entre outras manifestações culturais, é transmitida oralmente de geração em geração. Desse modo, as tradições orais, as técnicas e os rituais ligados à palavra, ao corpo e à musicalidade têm sido cada vez mais reconhecidos como práticas importantes para a preservação das memórias. Os mestres de uma tradição conhecem e preservam os saberes, os costumes, e as experiências adquiridos ao longo do tempo por uma sociedade. Por isso, são muito valorizados no grupo. Na África, os mestres da tradição oral mais conhecidos são chamados de griots.
As civilizações africanas, no Saara e ao sul do deserto, eram em grande parte civilizações da palavra falada, mesmo onde existia a escrita; como na África Ocidental a partir do século dezesseis, pois muito poucas pessoas sabiam escrever, ficando a escrita muitas vezes relegada a um plano secundário em relação às preocupações essenciais da sociedade. Seria um erro reduzir a civilização da palavra falada simplesmente a uma negativa, “ausência do escrever”, e perpetuar o desdém inato dos letrados pelos iletrados, que encontramos em tantos ditados, como no provérbio chinês: “A tinta mais fraca é preferível à mais forte palavra”. Isso demonstraria uma total ignorância da natureza dessas civilizações orais.
vansina, Ian. A tradição oral e sua metodologia. In: qui zêrbo, Joséf ( edição). História geral da África: metodologia e pré-história da África. segunda edição. Brasília: unêsco, 2010. volume um página 139.
- O historiador Ian vansina afirma que “seria um erro reduzir a civilização da palavra falada simplesmente a uma negativa, ‘ausência do escrever’”. Explique com suas palavras essa afirmação.
- Por que a palavra falada, tanto quanto a palavra escrita, pode ser considerada fonte histórica?
O comércio caravaneiro
O comércio era uma atividade essencial para o desenvolvimento do Reino de Gana e do Império do Mali. Como você imagina que esse comércio era realizado? Quais eram os principais produtos negociados pelos mercadores? De que regiões eles vinham? Como as caravanas de comércio vindas do norte chegavam aos reinos Saelianos?
Pode parecer estranho, mas o deserto do Saara, situado em uma extensa faixa de terra no norte da África, cumpriu um papel muito importante na integração dos povos da costa do Mediterrâneo, do Índico, do Atlântico e da região do Sael. Longe de ser um obstáculo, o grande deserto possibilitou o contato entre diversos povos, especialmente com a utilização do camelo como meio de transporte a partir do século três.
A forte resistência do camelo ao clima desértico, com sua capacidade de permanecer sem água por vários dias, tornou possível a travessia do Saara. Além disso, a carne e o leite do animal eram essenciais para a alimentação dos povos nômades que viviam no deserto, e seu pelo era usado para confeccionar tendas nas quais as caravanas paravam para descansar.
Garantidas a sobrevivência e a locomoção no deserto, os povos da região tiveram condições de praticar uma das atividades econômicas mais rentáveis da África durante vários séculos: o comércio caravaneiro, que ligava os entrepostos do Mediterrâneo às praças mercantis da região do Sael.
: Contos do Baobá: 4 contos da África Ocidental. São Paulo: Global, 2017. Nessa obra, o autor brasileiro Maté reconta quatro narrativas da África que fazem parte do repertório dos griots, mestres da cultura oral africana
Rotas do comércio transaariano e
O comércio transaariano ligava as várias praças mercantis às zonas de abastecimento, como as minas de sal do deserto do Saara, as regiões auríferas do l e as áreas de extração de pimenta e -de-cola das florestas tropicais.
Os terminais do comércio transaariano localizados ao norte eram formados pelos portos mediterrânicos da África do Norte, como os de Túnis, Cairo e Argel, e por grandes cidades, como , e Fez. Os terminais dessas rótas situados ao sul eram as cidades Saelianas de Audagôs, Ualata, Timbuquitú, Gao, Tadimecá e Agadés. Delas, os produtos levados pelas caravanas eram redistribuídos por redes de comércio da região do Sael.
As linhas comerciais Transaélianas tinham o sentido oeste, destacando-se nelas o transporte de pessoas e mercadorias realizado por meio dos rios Senegal, Níger e Gâmbia. Dessa fórma, as rótas transaariana e Transaéliana se integravam.
Muitos povos participavam dessa ampla rede mercantil. No deserto, predominavam os berberes, os tuaregues e os azanegues, os quais conduziam caravanas que utilizavam camelos como meio de transporte; nas zonas de florestas, os produtos eram transportados em canoas pelos rios e em caravanas de burros conduzidas pelos diulas, pelos haussás e pelos mandingas.
As rotas comerciais transaarianas (SÉCULO XIV)
Elaborado com base em dados obtidos em: NIANE, Dibríl Tamsír. O Mali e a segunda expansão manden. In: NIANE, Dibríl Tamsír ( edição). História geral da África. segunda edição Brasília: unêsco, 2010. volume quatro: África do século doze ao dezesseis. página173; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar. quinta edição. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2009. página58.
Produtos do sul em direção ao norte
Observe, a seguir, os principais produtos transportados da região do Sael e das florestas em direção ao deserto do Saara e à costa do Mediterrâneo, no norte da África, de onde seguiam para a Europa e para a Ásia.
- Ouro: esse metal era a base do sistema monetário do mundo islâmico e da Europa medieval. As minas de Bambuk, de Burê e dos estados akãs da Costa do Ouro (Gana), onde era extraído, representavam a principal fonte aurífera antes da chegada dos europeus à América.
- Noz-de-cola: fruto utilizado pelas sociedades africanas tradicionais em cerimônias e rituais e para controlar o cansaço e a fome. A noz-de-cola foi amplamente adotada pelos povos islamizados por ser o único estimulante cujo consumo era recomendado pelas regras muçulmanas.
- Pessoas escravizadas: trabalhavam nas salinas do Saara, nas sociedades islâmicas do norte da África e nos países europeus, sobretudo na península Ibérica muçulmana.
Além desses produtos, a região fornecia resinas, gomas, peles e couros, e produtos alimentícios, como sorgo, milho africano e milhete.
A noz-de-cola
A noz-de-cola, ainda hoje, é um importante produto de exportação de alguns países africanos. Contudo, no passado, as sementes da noz-de-cola eram utilizadas por povos da África Ocidental principalmente em rituais religiosos. Elas passaram a ser apreciadas também por mercadores árabes para suportar a fadiga e a fome nas longas viagens pelo deserto. Ao estabelecer seu domínio sobre a África, no século dezenove, os europeus perceberam seu poder estimulante e tonificante. Assim, surgiu a produção industrial de refrigerantes à base de cola. Atualmente, para baratear os custos da produção em larga escala, passaram a ser utilizados aromatizantes artificiais no lugar da noz-de-cola.
Produtos do norte em direção ao sul
Conheça agora os produtos comercializados do norte do Saara e da costa do Mediterrâneo em direção às regiões das estepes, das savanas e das florestas ao sul.
- Sal: produto essencial para a conservação dos alimentos nas áreas tropicais, o sal também servia de moeda nas trocas comerciais.
- Produtos alimentícios: tâmaras, passas e raízes eram bastante apreciadas pelas comunidades islâmicas do Sael.
- Burros e cavalos: inexistentes nas florestas tropicais devido à presença das moscas do sono, conhecidas como tsé-tsé, que atacavam a cavalaria dos reinos nas margens das áreas tropicais.
- Artefatos de metal e manufaturados: utensílios de cobre, bronze e estanho, ferramentas, tecidos e adornos de metais e pedras preciosas vinham do Egito, do Oriente Médio e da Europa.
O sal
A seguir, o historiador britânico Mártin Méredif fala sobre o transporte do sal, extraído das salinas do Saara.
A principal mercadoria pela qual trocavam seu ouro era o sal que as caravanas de comerciantes adquiriam pelo caminho, nas minas do Saara. reticências A demanda pelo produto ali era insaciável. Blocos de sal eram passados adiante aos poucos, das caravanas de camelos para os burros, e levados até o limite do cinturão da mosca tsé-tsé, onde não se podia mais utilizar animais de carga. A partir de então, carregadores humanos o transportavam até a floresta tropical. Ao longo do caminho, o preço poderia aumentar até cem vezes.
Méredif, Mártin. O destino da África: cinco mil anos de riquezas, ganância e desafios. São Paulo: zarrár, 2017. E-book.
Em debate
Os contatos intercontinentais
O comércio praticado pelos árabes e pelos povos nômades que entrecruzavam o deserto do Saara favoreceu uma ampla rede de contatos, que possibilitou aos mercadores realizar ligações entre o continente africano, o europeu e o asiático. Leia a seguir os textos de dois historiadores sobre essas relações intercontinentais.
Entre 1100 e 1500, a África foi um parceiro privilegiado nas relações intercontinentais do Velho Mundo. Tanto através do Mediterrâneo como através do oceano Índico, um comércio intenso, mais frequentemente intermediado pelos muçulmanos, ligava a Europa e a Ásia ao continente africano. reticências
O papel do Islã, tanto na difusão de ideias como no comércio, foi de extrema importância à época, como ilustram as viagens de Êbnú Battuta para a China e pela África oriental e ocidental. Nossos conhecimentos sobre as populações no período que ora tratamos muito devem aos trabalhos dos geógrafos, viajantes e historiadores muçulmanos.
nianê dibríl tamsír. Relações e intercâmbios entre as várias regiões. In: nianê dibríl tamsír editor. História geral da África: África do século doze ao dezesseis. 2. edição Brasília: Unesco, 2010. volume quatro página 710.
Esse mundo muçulmano torna-se, assim, uma longa faixa de mobilidade, do Atlântico ao Pacífico, que unificou o Velho Mundo a partir do século sete. Por ter amalgamado a maior parte do mundo conhecido, ele controla as passagens entre as massas densamente povoadas da Europa, em sentido amplo, a África e o Extremo Oriente e vive dos lucros da intermediação que tal contrôle lhe faculta. Nada passa sem a sua permissão e tolerância, representando para toda essa massa terrestre, carente de uma ligação marítima central, o mesmo que a Europa será mais tarde à escala mundial: uma economia triunfante e, logo, uma civilização dominante.
BISSIO, Beatriz. O mundo falava árabe: a civilização árabe-islâmica clássica através da obra de êbnú ráldúna e Êbnú Battuta. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012. página31.
- As visões dos dois historiadores sobre as conexões intercontinentais da África são convergentes ou divergentes? Por quê?
- No primeiro texto, o autor afirma que a África foi um parceiro privilegiado nas relações com o Velho Mundo. A partir de quais pontos estratégicos era estabelecido o contato comercial com a Europa e a Ásia no continente africano?
- No segundo texto, qual é a comparação que a autora faz ao caracterizar o contrôle que os muçulmanos mantiveram das rótas que interligavam a maior parte do mundo conhecido pelos europeus até então: a África, o Oriente e a Europa?
Atividades
Faça as atividades no caderno.
- Por que o Reino de Gana, um dos mais antigos da região do Sael, foi chamado pelos cronistas árabes de “terra do ouro”? Qual era a importância do ouro naquele contexto?
- Leia o relato de Abú Ubáide Albácri, geógrafo muçulmano que viveu no século onze. Com base nesse relato, pode-se dizer que a introdução do islã no Reino de Gana eliminou as tradições religiosas locais? Por quê?
“Ao redor da cidade do rei há choupanas abobadadas e bosques onde vivem os feiticeiros, homens encarregados de seus cultos religiosos. Ali se encontram também os ídolos e os túmulos dos reis. reticências
Quando o rei morre, constroem uma enorme abóbada de madeira no lugar do enterro. Então trazem-no em uma cama levemente coberta e colocam-no dentro da abóbada. A seu lado colocam seus ornamentos, suas armas, e os recipientes que ele usava para comer e beber. A serpente é a guardiã do Estado e vive em uma caverna que lhe é devotada. Quando o rei morre, seus possíveis sucessores se reúnem em uma assembleia, e a serpente é trazida para picar um deles com seu focinho. Essa pessoa é então chamada para ser o novo rei.”
COSTA, Ricardo. A expansão árabe na África e os impérios negros de Gana, Mali e Songai ( séculos sete-. ín: Nixicáua, Taise F. C. História medieval: História dois. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. página 34-53.
- Relacione o comércio caravaneiro com a expansão do islã entre os povos do l.
- Observe a imagem do Atlas catalão de Êibrarram Cresques, leia a legenda e responda às questões.
- Que informações sobre o Império do Mali podem ser obtidas pela observação dessa imagem?
- Que características do Mansa Musa são ressaltadas na fórma como ele é representado?
- Em dupla, façam um exercício de imaginação! Escolham uma situação estudada neste Capítulo (o comércio do ouro ou de sal no Reino de Gana ou no Império do Mali, a viagem de Mansa Musa a Meca, entre outras possibilidades) e escrevam uma narrativa sobre a situação escolhida, como se vocês fossem griots. O trabalho final deve ser apresentado ou cantado para o restante da turma.
CAPÍTULO 2 POVOS IORUBÁS E BANTOS
O Brasil tem a segunda maior população negra do mundo, inferior apenas à da Nigéria, na África. Você já parou para pensar de quais regiões da África vieram os ancestrais dessa parte da nossa população? Que conhecimentos e costumes eles trouxeram para cá?
A partir do século dezesseis, muitos africanos foram trazidos forçadamente para o Brasil pelos portugueses na condição de escravos. Eles pertenciam a uma grande variedade de povos, que, no século dezenove, foi classificada em dois grandes grupos linguísticos: banto e iorubá. Esses povos vieram de regiões onde hoje se localizam Nigéria, Costa do Marfim, Camarões, Angola, Congo e Moçambique, entre outros países. Uma vez estabelecidos no Brasil, entraram em contato com os povos que aqui viviam, com imigrantes de outras regiões do mundo e também com pessoas de diferentes localidades do próprio continente africano, criando, juntos, uma cultura afro-brasileira.
Assim, estudar a história da África é essencial para compreendermos nossa história, uma vez que a identidade brasileira tem fortes marcas africanas.
IORUBÁS E BANTOS (SÉCULOS doze- dezesseis)
Elaborado com base em dados obtidos em: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. página 48, 67, 92.
Os reinos iorubás
Os iorubás constituem um grande grupo étnico-linguístico da África Ocidental, representando atualmente cêrca de 20% da população da Nigéria e parte da população do Togo, do Benin e de Serra Leoa. fóra da África, a cultura iorubá tem forte presença no Brasil e em Cuba.
Segundo pesquisas arqueológicas, os reinos iorubás, também chamados de nagôs, floresceram ao sul do rio Níger por volta do século nove, em uma antiga população que tinha como centro a cidade de Ifé (que significa “o que é vasto”). Contudo, segundo alguns estudiosos, as evidências mais antigas desse grupo remontam ao século quatro.
Os reinos iorubás estavam organizados em cidades-Estado independentes que mantinham relações comerciais entre si, como Ifé, ôio , Ouú, Benin e Ilá.
Para os iorubás, a cidade de Ifé tinha origem divina. Ifé também era uma referência política, pois todos os outros reinos iorubás estavam vinculados a ela. A cidade era um importante entreposto do comércio caravaneiro na África. Os mercadores paravam na cidade para descansar, reabastecer as caravanas e negociar produtos, como sal, contas de pedra, dendê, pimenta e pessoas escravizadas.
ANDRADE, Inaldete Pinheiro de. Uma aventura do velho Baobá. Rio de Janeiro: Pequena zarrár, 2022. O baobá é uma árvore vista como símbolo de resistência. Essa obra, que valoriza os saberes afro-brasileiros, conta a história de um velho baobá, nativo das savanas da África, que atravessa o oceano Atlântico para encontrar seus parentes no Brasil.
Documento
Estatuetas e a arte dos iorubás
Os povos iorubás produziam estatuetas feitas de madeira, terracota, pedra, cerâmica, cobre, latão ou bronze. O uso de metais constitui uma evidência de que os iorubás conheciam técnicas de metalurgia.
O tema central da arte iorubá é o culto aos orixás e aos antepassados. Além disso, as figuras esculpidas que formam um par, geralmente um homem e uma mulher, são muito comuns nessa produção artística. Essas figuras são chamadas de edan.
Essas peças eram e continuam sendo usadas como uma espécie de amuleto para prever o futuro, curar doenças, afastar maus espíritos, julgar cidadãos, entre outras funções. Os edans geralmente são feitos de ligas de cobre (é comum aparecer nos livros sobre arte africana como “bronze”), um material muito resistente aos efeitos da umidade e do calor.
- Identifique o material utilizado para produzir o edan, o local e a data em que foi feito.
- Descreva o que você vê na imagem do edan. As figuras representadas são realistas ou não? Explique como você chegou à conclusão.
- Procure explicar, com suas palavras: qual era a função de peças como essas?
- O edan analisado por você pode ser considerado uma fonte histórica material dos iorubás? Por quê?
A diversidade dos povos bantos
O termo “banto” significa “povo” ou “os homens”. Ele é utilizado para designar cêrca de 400 grupos étnicos que falam línguas que têm uma origem comum. Provavelmente, o núcleo original dos povos bantos localizava-se na fronteira dos atuais Nigéria e Camarões por volta de 3 mil a 4 mil anos atrás. Por motivos ainda desconhecidos, eles começaram a migrar para o sul e o Léste da África. No século doze, já ocupavam áreas da África Central até o sul do continente.
Cada grupo banto possuía suas especificidades econômicas, políticas, sociais e culturais. No entanto, a prática agrícola era comum a todos os povos bantos. Nas savanas do Congo, por exemplo, o método das queimadas, empregado para limpar o terreno para a agricultura, combinado com o sistema de rodízio, foi predominante. Outros povos aproveitaram as inundações periódicas do rio Zambeze para desenvolver complexos sistemas de irrigação.
Na África Oriental, na região que se estendia do atual Quênia até Moçambique, os bantos cultivavam cereais, raízes e tubérculos, dominavam técnicas de metalurgia e criavam gado.
Os povos bantos mantinham contato com diferentes sociedades, como a dos cuxitas e a dos nilotas, e com os mercadores árabes vindos do norte. Com os africanos islamizados, por exemplo, aprenderam a utilizar atabaquesglossário e desenvolveram uma comunidade étnica com influências árabe e banta, a suaíliglossário ou swahili.
Os povos bantos no Brasil
O maior grupo de africanos escravizados trazidos ao Brasil nos séculos dezesseis e dezessete tinha origem banta. Os povos bantos trabalharam nos canaviais da Bahia e de Pernambuco e nas plantações de cana e café de São Paulo e do Rio de Janeiro. Também trabalharam nas minas de ouro nas regiões dos atuais estados de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.
A influência banta no português falado e escrito no Brasil é muito grande. Palavras como caçula, banda, sunga, tanga, quitanda, cachimbo, tutu, entre outras, são derivadas do quimbundo, do tronco linguístico banto.
O Reino do Congo
O Reino do Congo, um dos mais importantes reinos bantos, situava-se em terras que hoje correspondem a Angola, Congo e República Democrática do Congo, países localizados na região da África Centro-Ocidental. Ele surgiu, provavelmente, entre os séculos treze e catorze e estava dividido em províncias e pequenas aldeias. O reino era controlado por um rei, chamado de mani congo (espírito superior), que utilizava objetos que simbolizavam seu poder e o diferenciavam do restante da população, como um chapéu, um tambor, um bracelete de cobre ou marfim e um trono. O rei também nomeava governadores (vindos das famílias aristocráticas) para auxiliá-lo na administração das províncias.
A capital do Reino do Congo era Mubanza Congo, uma praça forte, cercada de muralhas, e também um grande centro comercial. O comércio era a principal atividade econômica dos congoleses. Entre os produtos comercializados no reino, destacavam-se o sal marinho, os metais, os tecidos de fibra e o marfim. As transações comerciais eram feitas por meio do escambo ou com o uso do nzimbu, uma espécie de concha encontrada na ilha de Luanda que servia como moeda.
No Reino do Congo, as famílias aristocráticas, ligadas ao rei por laços de parentesco, cuidavam da administração das províncias. Essa elite era mantida pelos tributos cobrados pelos chefes das aldeias. A vida do rei, da sua côrte e da aristocracia contrastava com a pobreza dos camponeses e dos escravizados.
No século quinze, após os primeiros contatos com os portugueses, o rei do Congo se converteu ao catolicismo e foi batizado com o nome de Dom João. A capital do reino passou a se chamar São Salvador do Congo. Iniciava-se, dessa fórma, uma forte presença portuguesa no Reino do Congo.
A região do Reino do Congo (SÉCULO XVI)
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí jórj. Atlas historique mondial Paris: Larousse, 2003. página 216.
ATLÂNTICO Negro: na Róta dos Orixás. Direção: Renato Barbieri. Brasil, 1998. Duração: 75 . O documentário aborda as relações entre Brasil e África, tendo como foco a religiosidade. minutos
Atividades
Faça as atividades no caderno.
1. No português do Brasil, há muitas palavras originadas do quimbundo, uma das línguas bantas mais faladas na África. Observe algumas delas a seguir, com o nome original entre parênteses. Anote em seu caderno o significado das palavras que você conhece. Depois, consulte um dicionário e descubra o significado das demais palavras.
2 . O texto a seguir trata da Lei nº 10 639, de 2003, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas do Brasil (em todos os estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio).
reticências o movimento negro passou a exigir do sistema educacional formal o reconhecimento e a valorização da história dos descendentes de africanos e o respeito à diversidade, identificando na educação a possibilidade de se construir uma identidade negra positiva. É um esfôrço que visa não apenas mudar o branco, mas o próprio negro, por meio do fortalecimento de sua identidade étnica e autoestima.
MACHADO, Sátira. Perguntas frequentes sobre a Lei /. In: MACHADO, Sátira. Blog Criança e Negritude. Viamão, 8 janeiro 2003. Disponível em: https://oeds.link/mciMzQ. Acesso em: 25 junho 2022.
- Explique a importância da Lei nº 10 639 para a sociedade brasileira como um todo.
- Retome os conhecimentos que você adquiriu neste Capítulo e identifique pelo menos três exemplos que contribuem para a construção de uma identidade negra positiva.
3. Como estudamos, os primeiros contatos entre o Reino do Congo e os portugueses ocorreram no século . Leia mais sobre esse assunto no texto a seguir. quinze
Quando os portugueses chegaram ao reino do Kongo [Congo] encontraram um sistema de mercados rotativos e uma moeda nacional ( nizimbu) perfeitamente implantada em todo o território. Foi por isso bastante simples iniciar uma relação comercial com este povo.
Os primeiros produtos trocados foram essencialmente cobre e marfim, mas rapidamente os portugueses passariam aos escravos. Este interesse pela mão de obra escrava foi aumentando, criando uma demanda cada vez maior, fazendo com que se desenvolvesse uma rede de compra e venda de mão de obra escrava cada mais estruturada.
BARREIRA, João do Nascimento Marques. Rede de caminhos no Reino do Kongo. 2018. Dissertação (Mestrado em Arqueologia e Território) – Universidade de Coimbra, Portugal, 2018. volume . um página 20. Disponível em: https://oeds.link/wPCUPb. Acesso em: 2 fevereiro 2022.
- Segundo o texto, por que, para os portugueses, iniciar relações comerciais com o Reino do Congo foi algo simples?
- Qual era o nome da moeda utilizada no Reino do Congo?
- Que produtos eram adquiridos pelos portugueses no Reino do Congo a partir do século quinze?
Nesta obra, Alberto da Costa e Silva traça um panorama da história do continente africano, reunindo e analisando fragmentos de histórias orais, transcrições de época e relatos de viajantes, estudiosos e linguistas.
Ser no mundo
Quilombolas brasileiros visitam a África
Nesta Unidade, você percebeu que conhecer a história e a cultura dos povos africanos é uma fórma de compreender a diversidade cultural brasileira. Os diferentes povos africanos trazidos ao Brasil na condição de escravos, entre os séculos dezesseis e dezenove, tiveram papel fundamental na formação de nossa sociedade.
Muitos escravizados de origem iorubá trazidos para o Brasil vieram da região onde hoje se localiza o Benin. Logo após a abolição da escravidão no Brasil, em 1888, alguns afrodescendentes brasileiros voltaram para a África, levando consigo diversas influências culturais brasileiras. Ao se estabelecerem no Benin, esses afrodescendentes regressados formaram comunidades e ficaram conhecidos como agudás.
E você sabia que aqui, no Brasil, a história dos agudás foi relembrada e valorizada no ano de 2011? Naquela ocasião, alguns membros da comunidade religiosa da Casa Fanti na cidade de São Luís, no Maranhão, viajaram ao Benin. Essa viagem foi parte de um projeto artístico chamado Pedra da Memória, que pretendia valorizar e expor manifestações culturais do Brasil e do Benin, mostrando o diálogo que ocorre entre esses dois países. O projeto deu origem a um livro, um documentário e exposições fotográficas.
Pedra da Memória teve como proposta uma investigação estética entre os gêneros tradicionais cultivados no Brasil e no Benin (África Ocidental), revelando seus vínculos e particularidades. O projeto promoveu um diálogo entre a cultura dos dois países, ao levar às comunidades de culto vodun no Benin uma comitiva da Casa Fanti Axânti.
reticências
Esse contraponto, na outra margem, se evidencia na cultura dos Agudás, que hoje representam 10% da população do Benin. A influência brasileira lá é surpreendente e pouco conhecida. reticências
O Brasil está presente na arquitetura, culinária, língua e diversos outros aspectos culturais do país africano. Cultivando há mais de um século, com impressionante dedicação, as tradições de seus antepassados como o Carnaval, a Festa do Senhor do Bonfim e a Burrinha (aparentada ao Bumba meu boi), os Agudás se consideram brasileiros, e invertem desconcertantemente nossa noção de ancestralidade.
PEDRA da Memória: diálogos Brasil Benin. Disponível em: https://oeds.link/Vv7nmO. Acesso em: 2 fevereiro 2022.
- Considerando a viagem que os membros da comunidade religiosa do Maranhão fizeram ao Benin, elabore um texto sobre a importância da preservação da cultura africana para os afro-brasileiros.
- Os agudás são afro-brasileiros regressados ao Benin. Segundo o texto, quais foram as influências mais marcantes dessas comunidades no país africano? Cite também algumas das manifestações culturais afro-brasileiras praticadas até os dias de hoje no Benin.
- Na sua opinião, por que a relação que os agudás estabelecem com o Brasil e a cultura afro-brasileira é importante para a construção de suas memórias e identidades?
Glossário
- Goma
- Seiva translúcida e viscosa produzida por algumas espécies de árvores.
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- Âmbar
- Resina fóssil de cor amarelada encontrada em solos aluviais. É utilizada na fabricação de objetos ornamentais, como joias.
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- Atabaque
- Instrumento de percussão usado em danças e cerimônias (religiosas ou profanas) africanas e afro-brasileiras.
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- Suaíli
- População que se desenvolveu nas ilhas e na costa oriental da África a partir do século. Tinha como principais atividades a agricultura, a pesca e o comércio. Por meio do comércio com os árabes, os suaílis converteram-se ao islã. doze
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