UNIDADE três AMÉRICA: TERRA E MUITOS POVOS
Você estudará nesta Unidade:
A organização social, as crenças e os costumes dos povos pré-colombianos
O Império Asteca
O Império Inca
A influência inca no Peru atual
Você sabia que os maias, os astecas e os incas formavam importantes sociedades que se desenvolveram na América? Na realidade, esses povos já habitavam o continente americano muito antes da chegada dos colonizadores europeus, no final do século quinze.
Algumas pesquisas estimam que, no final do século quinze, cêrca de 50 milhões de pessoas viviam no continente americano. Elas estavam distribuídas em sociedades muito diversas entre si, do ponto de vista cultural, político, econômico e social.
O que você sabe sobre o modo de vida e a cultura dos astecas e dos incas? E sobre os conhecimentos desenvolvidos por esses povos? Vamos descobrir?
CAPÍTULO 6 OS ASTECAS
No 6º ano, você estudou alguns povos mesoamericanos. Vamos, agora, relembrar o significado de Mesoamérica?
Mesoamérica é o termo utilizado para nomear uma grande área geográfica e cultural do continente americano. Entre as principais características do modo de vida dos povos da Mesoamérica estavam a utilização do milho como base da alimentação, a construção de grandes pirâmides escalonadas, o uso de um sistema de calendário baseado em dois ciclos simultâneos e a criação e utilização de escritas pictoglíficas, que combinam elementos pictóricos (cenas figuradas) e glíficos (símbolos ou desenhos).
Arqueólogos identificaram trocas culturais entre os diversos povos da Mesoamérica, em diferentes momentos da história. Assim, uma das sociedades mais influentes que se formou na Mesoamérica, a asteca, incorporou elementos culturais desenvolvidos anteriormente por outros povos, como os olmecas, os toltecas e os maias.
Povos da mesoamérica (SÉCULOS doze antes de Cristo- oito Depois de Cristo)
Elaborado com base em dados obtidos em: TIEMPO mesoamericano (2500 antes de Cristo-1521 ). Depois de Cristo Arqueología Mexicana. Edición especial. México ( Distrito Federal): Raíces: Instituto Nacional de Antropología e Historia, 2001. página 23, 29, 51.
Clér, Dión D. Astecas: vida cotidiana. São Paulo: Melhoramentos, 2013. Essa obra apresenta diversas informações sobre os astecas, como os vários deuses cultuados, o que as crianças astecas aprendiam na escola, os tratamentos que os médicos astecas desenvolviam para tratar de doenças e muito mais.
A formação do Império Asteca
De acôrdo com pesquisadores, em 1325, os mexicas (astecas) chegaram a uma ilhota do lago tescôco, no atual México. Lá construíram uma cabana, o primeiro templo de uitizilôpótchili, um dos deuses cultuados pelos astecas. A cabana foi, também, o núcleo inicial da cidade asteca de Tenochtitlán. Ao longo do século catorze, guerreiros e conquistadores astecas iniciaram a dominação de povos vizinhos, o que resultou na formação do Império Asteca.
Com o passar do tempo, Tenochtitlán transformou-se em uma grande e bela cidade. Estima-se que, no começo do século dezesseis, Tenochtitlán tivesse aproximadamente 300 mil habitantes e que o Império Asteca reunisse ao todo mais de 25 milhões de pessoas.
O império asteca (SÉCULO dezesseis)
Elaborado com base em dados obtidos em: SOLIS, Felipe. Posclásico tardio (1200/1300-1521 Depois de Cristo). In: TIEMPO mesoamericano (2500 antes de Cristo-1521 Depois de Cristo). Arqueología Mexicana. Edición especial. México ( Distrito Federal): Raíces: Instituto Nacional de Antropología e Historia, 2001. página 65.
Organização econômica e social
Para viver na pequena ilha do lago tescôco – onde Tenochtitlán foi erguida – e suprir as necessidades da população que a habitava, os astecas tiveram de realizar diversas obras complexas que exigiram vastos conhecimentos técnicos.
Em decorrência das inundações periódicas do lago, os astecas precisaram construir diques e barragens que viriam a possibilitar o contrôle do nível da água. Mas, como o lago tescôco era salgado, foi necessário encontrar também uma maneira de conduzir água potável das fontes ao interior da cidade. A solução dos astecas foi construir aquedutos.
A fim de ampliar as terras agrícolas, eles criaram ainda terraços sobre a água dos lagos, chamados de chinampas. Nesses canteiros “flutuantes”, eles cultivavam flores e hortaliças.
A agricultura era a base da economia asteca. A sociedade estava organizada em comunidades aldeãs que produziam em terras coletivas para a própria subsistência e forneciam excedentes para o Estado em fórma de tributos. Cultivavam-se milho, feijão, pimenta, abóbora, cacau, algodão, tabaco e uma grande variedade de frutas, legumes e verduras.
Texto do Infografico
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Lugar e cultura
Alimentos da América para o mundo
Você sabia que muitos alimentos que consumimos nos dias de hoje compunham a dieta dos antigos habitantes da América? Além dos exemplos de alimentos cultivados pelos astecas, sabemos que tomate, abóbora, cacau, abacaxi, pimenta, mamão, feijão, batata e, principalmente, milho eram a base da alimentação de antigos povos da Mesoamérica.
O milho, por exemplo, começou a ser cultivado nas terras do atual México há mais de 6 mil anos e se difundiu no continente, entre diversos povos da América Central e do Sul. Celebrações coletivas e antigas narrativas orais revelam a importância desse cereal para esses povos. No poema épico maia popol vu, que narra a criação do mundo, o ser humano teria surgido do milho.
Quando os europeus chegaram à América, em 1492, o milho logo chamou a atenção dos conquistadores, que o levaram para a Europa com outros produtos, como o tomate e a batata. Devido à facilidade de adaptação, a planta rapidamente se espalhou por toda a Europa e por outras regiões.
O cacau também estava presente na alimentação dos antigos povos da América. Ele era consumido na fórma de bebida. Os maias secavam e moíam as sementes e, depois, acrescentavam à mistura água, milho, pimenta e outros temperos. Os astecas preparavam a bebida adicionando favas de baunilha e mel. As sementes de cacau eram muito valiosas nessas sociedades e utilizadas como moedas de troca.
Levado para a Espanha, o cacau foi considerado amargo demais. Mais tarde, acrescentaram-se açúcar, canela e baunilha no preparo, e o resultado conquistou a nobreza europeia. Depois, foi introduzido o leite, dando origem ao chocolate, que conhecemos hoje.
- Dos alimentos citados no texto, quais são consumidos por nós, brasileiros (guardadas as diferenças nos modos de preparo)?
- De que fórma o cacau era consumido pelos povos da Mesoamérica? Qual era o valor desse produto para eles?
Uma sociedade guerreira
A sociedade asteca era dirigida por uma oligarquia militar, aristocrática e sacerdotal. No topo desse grupo dirigente estava o soberano, ou seja, o imperador asteca.
As pessoas das comunidades aldeãs tinham funções de agricultoras-soldados. Elas pagavam tributos ao imperador e aos sacerdotes por meio da concessão (doação) de parte do que produziam na agricultura. Os tributos também eram pagos com a participação nas guerras ou com a prestação de serviços na construção de diques, pirâmides e outras obras.
Os artesãos tinham grande prestígio na sociedade asteca. Eles trabalhavam nas residências, nos templos e também em oficinas instaladas nos palácios do imperador e dos altos funcionários do Estado. Confeccionavam roupas utilizando algodão tingido e produziam peças de ouro, prata, pedras semipreciosas e cerâmica. Também faziam mosaicos de plumas, muito apreciados como ornamentos.
Os comerciantes foram adquirindo, ao longo do tempo, grande importância na sociedade asteca. Além da variedade de produtos, que aumentavam as riquezas do império, ao viajar para terras distantes os mercadores traziam notícias de povos ainda não conquistados. Dessa fórma, as novas conquistas territoriais eram iniciadas pelos negociantes, que propunham um acordo de submissão das cidades. Caso falhassem, os guerreiros deviam realizar a conquista militarmente.
A importância da guerra
A sociedade asteca dominou a Mesoamérica, na maioria das vezes, pelo uso da fôrça. A guerra era uma das atividades centrais dos astecas. Por meio dela, dominavam outras sociedades, obrigando-as a reconhecer sua autoridade política e militar e a pagar tributos. Os tributos eram pagos aos chefes astecas na fórma de produtos como ouro e cacau.
A cultura guerreira era celebrada e difundida em vários momentos da vida asteca, até mesmo no nascimento, como mostra o texto a seguir.
O próprio nascimento era considerado pelos astecas como um combate, cheio de sangue e sofrimento. Quando um menino vinha ao mundo, a parteira o agarrava com firmeza como se fosse um cativo e lançava gritos de guerra. Em seguida exortava [induzia] o bebê a guardar suas palavras: “Este é o teu lugar, pois tu és uma águia ou um jaguar, um predador solitário. Aqui é apenas teu ninho. A guerra é tua missão. Teu dever é dar de comer ao Sol e sustentá-lo”.
bráun deiu ême direção Astecas: reinado de sangue e esplendor. Rio de Janeiro: Abril Livros; Time Life, 1999. (Coleção Civilizações perdidas). página 84.
Documentos preciosos: os códices
A palavra “códice” refere-se ao conjunto de desenhos e escritos feitos por escribas astecas e por outros habitantes da região onde hoje se situa o México, antes e depois da conquista espanhola. Neles, os antigos habitantes da América narram eventos importantes da sua história e descrevem a organização do Império Asteca e cenas da vida cotidiana.
Antes da chegada dos espanhóis à América, em 1492, esses registros eram feitos exclusivamente com imagens. Após a conquista, os colonizadores acrescentaram, às imagens, textos em espanhol. Um dos códices mais conhecidos desse período é o Códice Mendoza, produzido entre 1541 e 1542. Nele, foram descritos a fundação de Tenochtitlán, as conquistas territoriais astecas e o sistema de cobrança de impostos no império, além de eventos relacionados à vida cotidiana. As análises do Códice Mendoza revelam que a educação das crianças era uma das principais preocupações da sociedade asteca. Outros registros escritos, como o Códice Florentino, elaborado também no período colonial, trazem informações importantes sobre o cotidiano, a cultura e a organização social dos astecas.
A maioria dos códices preservados até os dias de hoje foi elaborada após a conquista espanhola, sob a supervisão dos colonizadores. Grande parte dos documentos produzidos pelos astecas antes da conquista da América foi destruída pelos espanhóis, como fórma de apagar a memória e os valores que eram transmitidos naquela sociedade. Os poucos registros preservados constituem preciosos documentos para o estudo da história, da cultura e do modo de vida da civilização asteca.
A educação de crianças no Império Asteca
Com base nas representações do Códice Mendoza, é possível depreender que a educação asteca era essencialmente prática e bastante severa, marcada por castigos impostos por pais e tutores às crianças.
Meninos e meninas recebiam educação diferenciada na sociedade asteca. Nos primeiros anos, a educação dos meninos limitava-se a bons conselhos e a pequenas tarefas domésticas. Até os 7 anos de idade, os meninos aprendiam a carregar água e madeira e acompanhavam o pai no mercado. Dos 7 aos 14 anos, eles aprendiam a pescar e a dirigir os barcos. Aos 15 anos, os jovens podiam entrar para dois centros de ensino: o calmêcac ou o telpoticálhi.
O calmêcac era uma espécie de templo dirigido por sacerdotes. Ele admitia preferencialmente filhos de altos funcionários do Estado, mas também aceitava filhos de comerciantes e, em alguns casos, jovens das famílias pobres. A educação no calmêcac era extremamente rigorosa e visava formar sacerdotes e altos funcionários do Estado. Já o telpoticálhi, em geral, educava pessoas para atuar no comércio, em postos menos elevados do Estado ou nas atividades militares. Nesses centros, os estudantes eram tratados com menos rigor que na escola sacerdotal.
A educação das meninas cabia às mães. Até os 6 anos de idade, elas observavam a mãe tecendo e aprendiam diversos serviços domésticos. Depois, começavam a realizar operações simples no tear. Entre os 7 e os 14 anos, elas fiavam o algodão, varriam a casa e moíam o milho. Por fim, aprendiam a manejar plenamente o tear, que exigia prática e habilidade.
A religião asteca
Os astecas eram politeístas e construíram templos para os distintos deuses: Tlaloc, deus da chuva e do trovão; Ket zol kooah tol, deus do vento, da escrita, do calendário e das artes; Ticomecoát (ou a Serpente Emplumada), deusa do milho e da fertilidade; e muitos outros. Às vezes, construíam templos grandiosos, em fórma de pirâmides. Neles, os astecas realizavam cultos religiosos e sacrifícios humanos. Geralmente, as vítimas oferecidas como sacrifício eram prisioneiros de guerra ou escravos.
Havia também o culto a uitizilôpótchili, deus que simbolizava o Sol, a guerra e os guerreiros e padroeiro da cidade de Tenochtitlán. A guerra era muito importante para a sociedade asteca, pois garantia a conquista de territórios, o pagamento de tributos ao Estado e prisioneiros que serviriam de oferenda aos deuses.
O Sol e a Lua
Assim como ocorria com os maias, para os astecas, o Sol e a Lua ocupavam postos de destaque entre os deuses. Ao contrário dos maias, porém, os astecas acreditavam que o Sol e a Lua eram irmãos que viviam em eterno conflito. Segundo as lendas astecas, a batalha entre esses astros era vencida diariamente pelo Sol, que esmagava com furor a Lua e as estrelas para nascer.
Os calendários astecas
Os astecas desenvolveram dois calendários, um solar e outro sagrado. No calendário solar, o ano era dividido em 18 meses com 20 dias, que totalizavam 360 dias, cada qual representado por um símbolo: crocodilo, vento, casa, lagarto, serpente, cérebro, veado, coelho, égua, cachorro, macaco, ervas, cana, jaguar, águia, abutre, movimento, faca de pedra, chuva e flores. Havia, ainda, cinco dias especiais, dedicados aos sacrifícios. Dessa fórma, completavam os 365 dias do ano solar.
Já o calendário sagrado era composto de 260 dias, divididos em 20 períodos de 13 dias. Os astecas acreditavam que a cada 52 anos os dois calendários se alinhavam, formando um ciclo.
Documento
Cultura material
Grande parte da cultura material das antigas sociedades da América foi completamente destruída pelos colonizadores espanhóis. No México, a arquitetura da imponente capital asteca, Tenochtitlán, foi demolida ou soterrada para dar lugar a construções espanholas que impunham seus símbolos e a representação de seu poder na geografia das cidades.
Além dos templos e monumentos, os espanhóis procuraram eliminar outros vestígios que fizessem referência aos deuses, aos governantes e à história dos astecas, como registros escritos, pinturas, esculturas, adornos, armas e objetos variados de valor religioso ou artístico. Muitos objetos feitos de ouro foram derretidos pelos espanhóis para serem levados em barras para a Espanha.
- Podemos dizer que, apesar de terem sido elaboradas com diferentes técnicas e materiais, as esculturas do deus Tlaloc e do deus xoxipili têm finalidades semelhantes?
- O que mais chama sua atenção em cada uma dessas esculturas? Por que elas são importantes para o estudo da cultura material asteca?
Atividades
Faça as atividades no caderno.
1. A imagem a seguir é uma representação do brasão de armas do México, país que está situado no território dos antigos astecas. Observe a figura e responda às questões em dupla.
- Que semelhanças e diferenças é possível perceber entre a história da fundação de Tenochtitlán e o brasão de armas do México?
- O brasão de armas do México atual apresenta símbolos relacionados à cultura dos antigos astecas. Qual seria o motivo para isso, na opinião de vocês?
2. Os dois textos a seguir tratam da organização social e política do Império Asteca. Leia-os e responda às questões.
Texto 1
Os astecas, os últimos a chegar ao México central, só entraram no século quinze. reticências Empreenderam a união, por meio de uma confederação, do mosaico de cidades e Estados pequenos e grandes que dividiam entre si o país. reticências A arte asteca é, pois, uma arte imperial, a de um Estado que se esforça para absorver e reestruturar o patrimônio de todo um vasto conjunto de povos diversos.
. O sagrado e o profano. sútéle jác Correio da o. [], ano 37, sem local 7, número página 4-8, julho 1984. página 8.
Texto 2
Esse florescente império, baseado no domínio sobre outros povos que até então haviam disputado a posse do vale, devia sua prosperidade ao tributo de 38 províncias. Entre elas a de Soconusco, que, segundo o Côdequis Mendoza, tributava quatrocentas cargas de cacau das 980 que o Estado consumia.
Rivêro, Piedá Penítie. Quando as moedas cresciam nas árvores. Correio da unêsco. [ sem local], ano 43, número 1, página 16-19, janeiro 1990. página 18.
- Segundo o texto 1, como estavam organizados os povos do México central antes da chegada dos astecas?
- Que tipo de govêrno, de acôrdo com os textos, os astecas estabeleceram no México central?
- A fórma como os autores apresentam a relação dos astecas com os povos do México central é semelhante ou divergente? Justifique.
- Quais eram as atividades econômicas dos astecas?
- Leia o texto a seguir e, com base em suas informações e nos conhecimentos adquiridos neste Capítulo, responda: Por que a guerra era um elemento fundamental para o Império Asteca?
A guerra entre os astecas teve um papel fundamental para a expansão e manutenção do império erigido, em grande parte no território denominado hoje como México. Este império que reticências se estendeu, no tempo, até a chegada dos espanhóis em 1519, e territorialmente por todo o vale do México, [submeteu] diversos povos que habitavam este vale ao seu jugo. reticências
BAHIA, Ítalo Costa. Guerras sagradas: o caráter religioso das guerras astecas. Ameríndia, Fortaleza, volume 3, número1, página 1-9, 2007, página 1-2.
5. Os astecas construíram obras que foram fundamentais para o abastecimento urbano e a ampliação da produção agrícola. Quais condições geográficas da região onde estava localizada a capital asteca influenciaram o desenvolvimento das técnicas arquitetônicas e agrícolas desse povo?
CAPÍTULO 7 OS INCAS
Quando os espanhóis chegaram à América do Sul, no início da década de 1530, os incas dominavam uma enorme porção do território. Seu império incluía dezenas de outros pequenos reinos, comandados por povos que, assim como eles, eram herdeiros de um modo de vida construído ao longo de pelo menos 5 mil anos de história.
Os diversos povos que compunham o Império Inca apresentavam algumas características em comum, como as técnicas de construções monumentais, a prática da agricultura intensiva e irrigada, a criação de lhamas e alpacas, a hierarquização social no interior de um mesmo grupo étnico, a existência de um Estado centrado na figura de um soberano, cercado de uma burocracia militar e sacerdotal, e o culto aos ancestrais.
As condições climáticas e geográficas da região da Cordilheira dos Andes exigiram desses povos um grande esfôrço para o desenvolvimento de técnicas voltadas para a produção agrícola, o abastecimento da população e a circulação de pessoas e mercadorias dentro do império, o que permitiu estruturar sua civilização.
Tahuantinsuyu: o Império Inca
Estudiosos e historiadores consideram que os incas tenham chegado às terras férteis da região de Cuzco, no sul do atual Peru, no final do século treze. Influenciados pela cultura de outros povos que viviam na região, os incas construíram um império, chamado de Tauantinsuiu (que significa “os quatro cantos do mundo”).
Estimativas indicam que os incas dominavam uma população de 7 milhões de pessoas, pertencentes a mais de 100 grupos étnicos distintos. Esses povos, submetidos ao Império Inca, pagavam taxas na fórma de trabalho. De acôrdo com esse sistema, chamado de mita, os camponeses eram obrigados a prestar serviços ao Estado durante alguns dias do ano. Além disso, tinham sua vida rigidamente controlada pelos governantes. Muitas vezes, eram forçados pelos administradores do império a migrar para outras regiões. Essa determinação procurava garantir a defesa do território e equilibrar o abastecimento de toda a população, mesmo em época de colheitas escassas.
Visando conter os eventuais levantes, o governante inca mantinha um exército treinado e organizado.
As famílias recebiam do govêrno uma porção de terra para plantar e compartilhavam com os demais habitantes do aylluglossário o cultivo das terras do império.
As terras incas eram unificadas por meio de uma rede de estradas talhadas nas encostas das montanhas, percorridas por caravanas de lhamas e pelos mensageiros do imperador.
O Império inca (século dezesseis)
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 144; ; Quínder, Rérmãn Ríguelmãn, Vérner. Atlas historique. Paris: Perrin, 1992. página 218.
A sociedade incaica
A base econômica dos incas era a agricultura. Nas áreas desérticas, eles empregavam as técnicas de irrigação utilizadas pelos primeiros povos daquela região. Nas encostas das montanhas, construíam terraços em curva de nível (em fórma de degraus), onde cultivavam milho, feijão, batata, algodão, tomate, quinoa, amendoim, pimenta, abacate e abacaxi, entre outros produtos.
Os incas também domesticavam lhamas e alpacas, das quais obtinham carne, leite e lã, além de utilizá-las como meio de transporte na acidentada geografia da região da Cordilheira dos Andes.
O artesanato era bastante desenvolvido, com destaque para a tecelagem, a metalurgia e a produção de objetos de cerâmica.
A mais alta autoridade do império era o Sapa Inca, visto como representante sagrado do Sol. Ele era cercado de funcionários administrativos recrutados, na maioria das vezes, entre jovens das famílias nobres. Os integrantes das elites tinham a orelha perfurada para exibir uma grande argola, um dos símbolos de sua posição.
Quando o Sapa Inca morria, suas mulheres e seus servos eram sacrificados e seus corpos eram depositados, junto ao dele, no Templo do Sol. O sucessor não era necessariamente um dos seus filhos, uma vez que a hereditariedade não era levada em consideração no processo de escolha do Sapa Inca, como mostra o texto a seguir.
O fim de cada reinado abria um período de anarquia mais ou menos longo, mas sempre marcado por violências. Os filhos do imperador morto reticências entravam em luta. Seus irmãos e sobrinhos, reticências e todos os que detinham uma posição de autoridade que lhes permitisse reivindicar o poder reticências combatiam-se reticências. O mundo organizado retornava ao caos reticências até que um dos pretendentes conseguisse triunfar sobre os rivais reticências. O império renascia a cada novo imperador.
favri ênri. A civilização inca. Rio de Janeiro: Jorge zarrár, 1987. página 53.
A cidade de mátchu pítchu
mátchu pítchu foi uma das poucas cidades incas que sobreviveram à conquista espanhola, provavelmente por não ter sido descoberta pelos europeus na época colonial. A cidade foi construída no topo de uma montanha no vale do rio Urubamba, a cêrca de 2.400 metros de altitude.
Abandonada por seus habitantes em época incerta, a cidade ficou coberta pela vegetação. mátchu pítchu conquistou fama ao ser encontrada pela expedição do arqueólogo estadunidense rairan bingan, em 1911. Por muito tempo, estudiosos acreditaram que a cidade fosse um local de culto às Virgens do Sol, pois os restos mortais encontrados lá eram de mulheres e crianças. Porém, recentes análises revelaram a existência de restos mortais de homens também.
A cidade de mátchu pítchu era organizada, de modo geral, em duas áreas: uma área urbana, que contava com residências, praças, templos, mausoléus reais e edificações do govêrno; e uma área agrícola, que contava principalmente com os grandes terraços e com as edificações para armazenagem de alimentos.
A disposição dos prédios na cidade e o grande número de terraços destinados à agricultura destacam o grande planejamento da sociedade inca e sua capacidade de desenvolver técnicas de construção. Os templos, as casas e as demais edificações eram distribuídos de maneira organizada, em espaços que aproveitavam ao máximo a luz do Sol e contavam com ruas amplas e grandes escadarias.
mátchu pítchu decodificada. . Estados Unidos, 2010. Duração: 52 Náchional Geográfique . Documentário sobre minutos mátchu pítchu que investiga especialmente as técnicas de construção da cidade.
Mumificação dos mortos
Os incas mumificavam o corpo de seus mortos, especialmente os imperadores e membros da elite. Estudos indicam que essa prática era adotada porque, nas crenças religiosas incas, a morte era o início de uma espécie de viagem para um mundo paralelo, que somente seria concluída com a desintegração total do corpo. Durante essa viagem, era necessário, então, proteger o corpo do frio e do calor.
Os incas utilizavam dois métodos de mumificação: o artificial e o natural. O primeiro, semelhante em alguns pontos ao dos antigos egípcios, era feito com a retirada das vísceras do cadáver ou por meio da defumação do corpo, que era preenchido com plantas e ervas e tratado com óleos e resinas. O método natural consistia em deixar o corpo em um ambiente frio e seco, como o das montanhas dos Andes, local onde foram encontradas diversas múmias pré-incaicas. Pesquisadores consideram que muitas múmias naturais podem ter se formado acidentalmente. Isso quer dizer que pessoas que adoeceram ou se feriram na região dos Andes, por exemplo, tiveram seus corpos preservados no ambiente frio e seco do local.
As múmias incas eram expostas em templos e participavam, de algum modo, das festividades, das procissões e dos rituais. Além disso, era comum que elas recebessem oferendas, como alimentos, bebidas, objetos e roupas.
LINS E SILVA, Flávia. Diário de Pilar em . Rio de Janeiro: Pequena mátchu pítchu , 2014. Misturando ficção e pesquisas históricas, esse livro narra as aventuras de Pilar e Breno no Império Inca. Os amigos conhecem as tradições e as lendas dos incas e, ao mesmo tempo, vivem aventuras para descobrir o paradeiro do gato Samba. zarrár
: Império Inca. [Locução de: Vítor Soares]. História em meia hora, 27 novembro 2021. Podcast. Disponível em: https://oeds.link/u6xFGb. Acesso em: 13 abril 2022. O episódio do programa História em meia hora traz informações relevantes sobre o Império Inca e sua organização antes da chegada dos europeus à América.
Juanita, a donzela do gelo
Em busca de um bom lugar para apreciar a erupção do vulcão Sabancáia, no Peru, o antropólogo estadunidense Iorran Rainrrard e o guia peruano Miguel Sárate escalaram o monte Ampato, em 1995. Naquela ocasião, fizeram uma grande descoberta arqueológica: a múmia natural e preservada de uma jovem inca, denominada posteriormente Ruanita.
Tanto a múmia como outros vestígios incas (vestimentas, estatuetas de lhama e restos de alimentos, como folhas de coca e grãos de milho) estavam cem metros abaixo do topo da montanha. Foram preservados pelo gelo e acabaram sendo expostos pelo derretimento da neve. O corpo da jovem inca mumificada estava protegido por um manto de lã de alpaca.
A múmia foi chamada de Ruanita em homenagem ao pesquisador iôrram, que fotografou o momento em que Zárate a retirava do gelo. O corpo da jovem inca apresenta características de uma menina de cêrca de 13 anos, 1,47 métros de altura, saudável e bem nutrida. Segundo o arqueólogo estadunidense Uílham Cônclin, especialista em tecidos andinos, Ruanita foi vestida como uma adulta da elite.
A condição do corpo da jovem, dos objetos e da localização do sítio levou os pesquisadores a crer que a morte de Ruanita foi parte de um ritual com oferendas a divindades incas ocorrido no fim do século quinze.
Técnica e ciência na sociedade inca
As técnicas utilizadas pelos incas em suas obras arquitetônicas expressam conhecimentos bastante sofisticados. Uma delas é a técnica de encaixe de blocos de pedras, perfeitamente justapostos, sem o uso de argamassa. A extrema resistência da estrutura das construções incas permitiu que muitas delas sobrevivessem ao tempo, e é possível encontrá-las, ainda hoje, na região andina do Peru.
Os incas empregaram diversas técnicas na criação dos terraços para plantio, na construção de pontes, canais de irrigação e sistemas hidráulicos de canalização de água e esgoto. As dificuldades impostas pelos terrenos íngremes da Cordilheira dos Andes, as baixas temperaturas e a escassez de terras férteis estimularam a busca de alternativas para aumentar as áreas cultiváveis e a produção agrícola.
Além disso, os incas criaram uma rede de estradas. Isso permitiu a integração, a comunicação, a circulação de produtos e a cobrança de tributos nas diversas regiões do vasto império. As estradas, construídas pelos camponeses sob o regime da mita, eram pavimentadas com pedras e, somadas, tinham uma extensão de mais de 23 mil quilômetros, unificando todas as partes do império. Por toda a rede de estradas havia postos instalados para a transmissão de mensagens. Os mensageiros, chamados Tiásquis, levavam as informações de uma localidade para outra.
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Transcrição do áudio
[LOCUTOR 1]: Chasquis: os mensageiros do Império Inca
[LOCUTOR]: No podcast a seguir, Cristiana Bertazoni, especialista em História pré-colombiana, apresenta os chasquis, indivíduos que tinham a função de transmitir informações dentro do Império Inca. Para isso, eles percorriam as estradas e se deslocavam por grandes distâncias. Entendidos como um verdadeiro sistema de correios, os chasquis foram muito importantes para a organização política e social dos incas.
[CRISTIANA BERTAZONI]: O Império Inca, também conhecido como Tawantinsuyu, que na língua quíchua significa as quatro partes juntas, representa uma das maiores civilizações das Américas. Com aproximadamente 4 mil quilômetros quadrados de extensão e com cerca de 10 milhões de habitantes, os incas necessitavam de uma complexa burocracia e de um controle rígido para governar um império com essas dimensões.
Finalmente, pode-se dizer que os chasquis, juntamente com as estradas e com os quipos, eram elementos fundamentais não somente para o bom funcionamento cotidiano do Império Inca, mas também para situações bélicas, quando os incas dependiam desses mensageiros para a manutenção de sua hegemonia na região andina central.
Quipo era um instrumento de escrita inca que registrava dados administrativos importantes ao império, como, por exemplo, censos populacionais, disponibilidade de alimentos e também a situação da economia para as autoridades centrais e locais. Adicionalmente, os quipos também podiam registrar histórias, músicas e biografias de imperadores incas.
Chasquis eram mensageiros que levavam informações e notícias pelos quatro cantos do Império Inca, e chegavam a cobrir distâncias de até 250 quilômetros por dia, graças a excelentes redes de estradas incas. Além de informações, os chasquis também levavam frutos-do-mar frescos da costa peruana até a capital em Cusco, para que os imperadores pudessem desfrutar dessas iguarias.
Entretanto, é importante salientar que um único chasqui não teria condições de percorrer tamanhas distâncias sozinho. Esses mensageiros contavam com um sistema de chasqui wasi, que eram casas construídas ao longo das estradas incas em intervalos que variavam de seis a nove quilômetros de distância entre elas. Ao chegar em uma dessas casas o mensageiro repassava o seu quipo para o chasqui seguinte e assim por diante até a próxima chasqui wasi.
Com um império tão vasto e numeroso, fazia-se necessário um sistema eficiente de comunicação e de circulação de informações que suprisse as demandas de um império sempre em expansão.
Uma das soluções mais interessantes encontradas pelos incas para lidar com esse desafio é representada pelos chasquis.
Um dos exemplos desse controle pode ser observado no sistema redistributivo inca que consistia em um tipo de trabalho compulsório chamado de mita em que trabalhadores prestavam serviços ao império por meio de trabalhos temporários realizados em diferentes localidades. A mita incluía, por exemplo, obras de engenharia civil, como as famosas estradas incas, que percorriam longas distâncias por todo o Tawantinsuyu. Esse excelente sistema de estradas incas, conhecido como Qhapaq Ñan, na língua quíchua, impressiona até os dias de hoje por sua extensão, inclusive em locais de difícil acesso e distantes de Cusco, a capital do Império Inca.
A metalurgia
Os incas foram habilidosos no domínio das técnicas de metalurgia e, por isso, eram considerados os “mestres dos metais”. Seus saberes provavelmente foram difundidos entre outros povos da América.
A metalurgia desenvolvida pelos incas baseava-se principalmente na utilização de ouro, cobre e prata. As ligas metálicas também eram bastante utilizadas, o que exigia grande conhecimento das características físicas e químicas dos metais. Embora não conhecessem o ferro, aprimoraram a mistura de ouro, cobre e prata ao estanho para produzir bronze. Os incas também conheciam a platina, um metal semelhante à prata.
A metalurgia inca tinha função principalmente decorativa e religiosa. As oficinas produziam grandes placas feitas de ouro e prata e incrustadas de pedras preciosas para decorar a parede de templos e palácios. Braceletes, brincos, peitorais e colares eram usados pelos soberanos e pelos nobres como sinal de distinção. Os artesãos produziam, ainda, objetos rituais, como as famosas facas-machados incas.
A astronomia
Os incas tinham profundo conhecimento sobre astronomia. Pelo que se sabe, o ano inca correspondia ao ano solar de 365 dias. Dividia-se em 12 meses lunares, cada um marcando uma série de atividades religiosas realizadas na capital, a cidade de Cuzco, e atividades econômicas nas províncias.
Como o ano solar contava 10,9 dias a mais que o ciclo de 12 meses lunares, os astrônomos incas periodicamente tinham de fazer ajustes no calendário para evitar que essa diferença aumentasse e comprometesse as atividades agrícolas e as cerimônias rituais.
O relógio de sol construído na cidade de mátchu pítchu indicava não só os dias do ano, mas também o início e o fim de cada estação – marcos do calendário agrícola e do calendário religioso inca. Para aquela sociedade, astronomia, religião e agricultura estavam profundamente entrelaçadas.
JONAS, Anne. Contos e lendas de cidades e mundos desaparecidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. Esse livro traz uma coletânea de contos, lendas e mitos relacionados a localidades antigas; entre eles, um conto inca que fala sobre o surgimento do lago Titicaca.
Os quipos
Os incas não desenvolveram um sistema de escrita como os maias e os astecas. Para anotar informações importantes no seu dia a dia, criaram um sistema de registro das informações conhecido como quipo.
Os quipos consistiam em cordões coloridos de variados tamanhos, nos quais se faziam vários nós, indicando quantidades numéricas. A cor, o tamanho dos cordões e a quantidade de nós registravam diferentes valores. Dessa maneira, era possível organizar a produção de alimentos, registrar o número de habitantes do império, o valor dos tributos, a quantidade de pessoas que deviam pagar tributos em cada comunidade ou o volume de produtos que seriam entregues ao Estado. Esse sistema auxiliou, principalmente, o contrôle tributário e administrativo do império.
Povos indígenas no Peru atual
Não é possível estabelecer uma linha de continuidade étnica e política entre os antigos incas e os povos indígenas andinos atuais. Porém, na região andina, algumas marcas de práticas culturais pré-colombianas sobreviveram por meio dos indígenas quéchuas e aimarás, principalmente no Peru e na Bolívia.
O quéchua, antigo idioma dos incas, por exemplo, é uma das línguas oficiais no Peru, com quase 12 milhões de falantes. Além disso, alguns rituais ainda são realizados por comunidades camponesas peruanas, como as oferendas anuais à Pachamama, mãe Terra. Em determinado período do ano, por exemplo, uma alpaca é sacrificada com a finalidade de garantir a fertilidade da terra e boas colheitas.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
1. Observe a imagem a seguir e responda às questões propostas.
- Identifique os conhecimentos desenvolvidos pelos incas para que fosse possível produzir artefatos desse tipo.
- Explique qual era a principal função da metalurgia inca.
- Nesta Unidade, você pôde observar várias fotografias de locais considerados patrimônios históricos e que são visitados por turistas. A preservação de locais que guardam a memória ou as manifestações culturais de um grupo, de uma cidade ou de um país, como centros históricos, museus, teatros, galerias de arte e outros, abertos à visitação, pode envolver tanto nós, cidadãos, como o poder público. Reúna-se com um colega e façam duas listas: uma com as atitudes que vocês, como cidadãos, podem tomar para preservar locais de visitação (sejam eles reconhecidos como patrimônio histórico ou não); outra com as atitudes que o poder público pode tomar para preservar esses locais.
- É possível afirmar que as condições naturais, climáticas e geográficas influenciaram o desenvolvimento de técnicas pela sociedade inca? Dê exemplos.
- O texto a seguir, escrito em 1590 pelo jesuíta espanhol José de Acosta, descreve alguns aspectos da população do Peru.
Os índios do Peru, antes da vinda dos espanhóis, nenhum gênero de escrita tiveram reticências; nem por isso conservaram menos a memória das suas antiguidades, nem tiveram menos sua conta para todos os negócios de paz e guerra e govêrno, porque na tradição de uns e outros foram muito diligentes, e como coisa sagrada recebiam e guardavam os moços o que seus maiores lhes referiam, e com o mesmo cuidado as ensinavam a seus sucessores. fóra desta diligência, supriam a falta de escrita e letras, parte com pinturas reticências parte, e sobretudo, com quipos.
ACOSTA, José de. História natural e moral das Índias apud FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de história. Lisboa: Plátano, 1976. página 123.
- Como os incas preservavam suas tradições e sua história, uma vez que eles não conheciam a escrita?
- Que outros recursos os incas utilizavam para substituir a escrita?
- Os depoimentos orais são também utilizados pelas sociedades que têm escrita? Justifique.
Ser no mundo
Patrimônio, identidade e preservação no México
Nesta Unidade, você conheceu um pouco da história da cidade asteca de Tenochtitlán. Mas você sabia que outra antiga cidade localizada no atual México é um importante sítio do patrimônio histórico da humanidade? Trata-se da cidade de Teotiuacán. O núcleo original dessa cidade foi construído por uma civilização anterior aos astecas e aos maias. Eram os chamados teotiuacánes, que fundaram a cidade por volta de 100 antes de Cristo O complexo que abriga os antigos edifícios de Teotiuacán é considerado patrimônio histórico da humanidade desde 1987.
Estudos estimam que Teotiuacán abrigou 125 mil moradores no auge de seu desenvolvimento. Por meio de escavações arqueológicas, pesquisadores têm encontrado pirâmides, palácios e quarteirões residenciais.
Até 2022, o México contava com 35 locais reconhecidos como patrimônio histórico da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ( unêsco). Isso faz do México o sétimo país do mundo com a maior quantidade de bens considerados patrimônio histórico da humanidade.
É de extrema importância que os diferentes povos do mundo tenham seus bens culturais identificados e reconhecidos. De modo geral, a identificação dos bens do patrimônio histórico na América Latina é algo recente: ela se iniciou na década de 1980, quando alguns bens culturais foram reconhecidos como patrimônios da humanidade.
Estudiosos brasileiros, ao considerar a importância dos centros históricos nas cidades da América Latina e ao relacioná-los com os bens do patrimônio histórico, afirmaram:
reticências a reabilitação dos centros históricos [na América Latina], além de potencializar a identidade coletiva dos povos e promover a preservação de seus bens culturais – materiais e imateriais –, pode contribuir para o desenvolvimento econômico e social e, ainda, otimizar os custos financeiros e ambientais do desenvolvimento urbano, através do aproveitamento da infraestrutura de áreas centrais e do incremento da indústria turística.
FUNARI, Pedro Paulo; PELEGRINI, Sandra C. A. Patrimônio histórico e cultural. Rio de Janeiro: zarrár, 2006. página 29.
Há também casos positivos de recuperação de centros históricos na América Latina, como o de Quito, no Equador:
O programa de reabilitação do centro histórico de Quito visou a revitalizar as atividades comerciais e os serviços tradicionais, garantindo o acesso da população ao patrimônio edificado. [O programa] contemplou a reabilitação dos edifícios públicos, civis e religiosos, o melhoramento das instalações urbanas e da sinalização das ruas, a construção de cinco estacionamentos para veículos, o incremento de ecovias e do transporte coletivo, e limitou a contaminação ambiental reticências.
FUNARI, Pedro Paulo; PELEGRINI, Sandra C. A. Patrimônio histórico e cultural. Rio de Janeiro: zarrár, 2006. página 29.
- No texto, os autores afirmam que a reabilitação de centros históricos das cidades (a recuperação, para preservação das partes mais antigas de uma cidade) promove a preservação de seus bens culturais, ou seja, de seu patrimônio. Além disso, essa reabilitação fortalece a “identidade coletiva dos povos”. Por quê?
- Observe na fotografia a seguir a placa que fica em frente ao Palácio de Quetsalpapálót, em Teotiuacán. Placas como essa são necessárias em um local como esse? Por quê?
Glossário
- Ayllu
- Agrupamento de clãs que formavam uma unidade social na organização do Império Inca.
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