UNIDADE três AMÉRICA: TERRA E MUITOS POVOS
Você estudará nesta Unidade:
A organização social, as crenças e os costumes dos povos pré-colombianos
O Império Asteca
O Império Inca
A influência inca no Peru atual
Respostas e comentários
Apresentação
Esta Unidade, intitulada “América: terra de muitos povos”, relaciona-se à seguinte Unidade Temática da Bê êne cê cê do 7º ano: O mundo moderno e a conexão entre sociedades africanas, americanas e europeias.
Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número 3 e número 7, esta Unidade, como um todo, propicia aos estudantes a valorização e a fruição de manifestações artísticas e culturais dos povos pré-colombianos (3) e Argumentar reticências para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável reticências (7). Além disso, em consonância com as Competências Específicas do Componente Curricular História número 2 e número 3, os conteúdos trabalhados nesta Unidade buscam levar os estudantes a: Compreender a historicidade no tempo e no espaço reticências, bem como problematizar os significados das lógicas de organização cronológica (2) e Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e proposições em relação a documentos, interpretações e contextos históricos específicos reticências (3).
Você sabia que os maias, os astecas e os incas formavam importantes sociedades que se desenvolveram na América? Na realidade, esses povos já habitavam o continente americano muito antes da chegada dos colonizadores europeus, no final do século quinze.
Algumas pesquisas estimam que, no final do século quinze, cêrca de 50 milhões de pessoas viviam no continente americano. Elas estavam distribuídas em sociedades muito diversas entre si, do ponto de vista cultural, político, econômico e social.
O que você sabe sobre o modo de vida e a cultura dos astecas e dos incas? E sobre os conhecimentos desenvolvidos por esses povos? Vamos descobrir?
Respostas e comentários
Nesta Unidade
Propomos, nesta Unidade, o estudo de duas civilizações antigas da América, a asteca e a inca, situadas em um tempo anterior à chegada dos colonizadores europeus. Essas duas sociedades formaram grandes impérios, desenvolveram exuberante arquitetura, criaram sofisticadas técnicas agrícolas e tinham conhecimentos de matemática, astronomia e metalurgia. Os astecas desenvolveram um sistema de escrita e os incas, um sistema de registro contábil.
A Unidade foi desenvolvida tendo como eixo central a diversidade cultural, que caracterizou tanto as relações entre os povos pré-colombianos quanto as relações entre eles e os europeus. Tal ideia pode ser motivo de reflexão sobre a realidade contemporânea, destacando a pluralidade étnica e cultural entre os povos americanos atuais.
Conhecer o modo de vida dos povos que viviam na América antes da chegada dos europeus é uma fórma de valorizar o patrimônio sociocultural do continente americano e reafirmar a nossa identidade.
É interessante estimular os estudantes a observar as imagens de monumentos e vestígios arqueológicos reproduzidos ao longo da Unidade como fontes para o estudo da História. A maior parte das construções e dos monumentos dos astecas e dos incas foi destruída pelos espanhóis após a colonização.
Objeto de conhecimento trabalhado na Unidade
• Saberes dos povos africanos e pré-colombianos expressos na cultura material e imaterial.
CAPÍTULO 6 OS ASTECAS
No 6º ano, você estudou alguns povos mesoamericanos. Vamos, agora, relembrar o significado de Mesoamérica?
Mesoamérica é o termo utilizado para nomear uma grande área geográfica e cultural do continente americano. Entre as principais características do modo de vida dos povos da Mesoamérica estavam a utilização do milho como base da alimentação, a construção de grandes pirâmides escalonadas, o uso de um sistema de calendário baseado em dois ciclos simultâneos e a criação e utilização de escritas pictoglíficas, que combinam elementos pictóricos (cenas figuradas) e glíficos (símbolos ou desenhos).
Arqueólogos identificaram trocas culturais entre os diversos povos da Mesoamérica, em diferentes momentos da história. Assim, uma das sociedades mais influentes que se formou na Mesoamérica, a asteca, incorporou elementos culturais desenvolvidos anteriormente por outros povos, como os olmecas, os toltecas e os maias.
Povos da mesoamérica (SÉCULOS doze antes de Cristo- oito Depois de Cristo)
Elaborado com base em dados obtidos em: TIEMPO mesoamericano (2500 antes de Cristo-1521 ). Depois de Cristo Arqueología Mexicana. Edición especial. México ( Distrito Federal): Raíces: Instituto Nacional de Antropología e Historia, 2001. página 23, 29, 51.
Clér, Dión D. Astecas: vida cotidiana. São Paulo: Melhoramentos, 2013. Essa obra apresenta diversas informações sobre os astecas, como os vários deuses cultuados, o que as crianças astecas aprendiam na escola, os tratamentos que os médicos astecas desenvolviam para tratar de doenças e muito mais.
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Sobre o Capítulo
Neste Capítulo os estudantes vão conhecer a formação do Império Asteca, suas conquistas territoriais e sua influência cultural sobre outros povos da região. O Capítulo aborda ainda os costumes, a religiosidade, os modos de vida e a organização social dos povos que integraram essa civilização, que fez parte da grande área geográfica e cultural do continente americano conhecida como Mesoamérica.
Inicialmente, é importante situar geograficamente a Mesomérica e os povos que se desenvolveram na região, deixando claro que se trata de uma parte da América pré-hispânica, e não de sua totalidade. Pergunte aos estudantes sobre as civilizações e povos pré-colombianos que já foram estudados no 6º ano. Retome com eles algumas de suas características, cronologia e os territórios que ocuparam. Procure desenvolver com eles as noções de duração e de simultaneidade. Peça aos estudantes que observem o mapa “Povos da Mesoamérica (séculos doze antes de Cristo.- oito )” Depois de Cristo e identifiquem os diversos povos que fizeram parte da área geográfica e cultural conhecida como Mesoamérica; depois, peça a eles que identifiquem os territórios dos países correspondentes na atualidade.
Este conteúdo possibilita ainda o trabalho com o tema contemporâneo Diversidade cultural.
Observação
O conteúdo abordado nesta página oferece uma boa oportunidade para dar início ao trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Habilidade trabalhada ao longo deste Capítulo
ê éfe zero sete agá ih zero três: Identificar aspectos e processos específicos das sociedades africanas e americanas antes da chegada dos europeus, com destaque para as fórmas de organização social e o desenvolvimento de saberes e técnicas.
A formação do Império Asteca
De acôrdo com pesquisadores, em 1325, os mexicas (astecas) chegaram a uma ilhota do lago tescôco, no atual México. Lá construíram uma cabana, o primeiro templo de uitizilôpótchili, um dos deuses cultuados pelos astecas. A cabana foi, também, o núcleo inicial da cidade asteca de Tenochtitlán. Ao longo do século catorze, guerreiros e conquistadores astecas iniciaram a dominação de povos vizinhos, o que resultou na formação do Império Asteca.
Com o passar do tempo, Tenochtitlán transformou-se em uma grande e bela cidade. Estima-se que, no começo do século dezesseis, Tenochtitlán tivesse aproximadamente 300 mil habitantes e que o Império Asteca reunisse ao todo mais de 25 milhões de pessoas.
O império asteca (SÉCULO dezesseis)
Elaborado com base em dados obtidos em: SOLIS, Felipe. Posclásico tardio (1200/1300-1521 Depois de Cristo). In: TIEMPO mesoamericano (2500 antes de Cristo-1521 Depois de Cristo). Arqueología Mexicana. Edición especial. México ( Distrito Federal): Raíces: Instituto Nacional de Antropología e Historia, 2001. página 65.
Respostas e comentários
Orientações
Segundo o historiador Eduardo Natalino dos Santos, o termo “asteca” significa “gente de ” e foi utilizado para designar vários grupos que habitavam a região, como os mexicas, os aztlan , os chalcas e outros. Durante os anos de peregrinação, esses grupos se separaram e se estabeleceram em diversas localidades. Os mexicas foram o grupo responsável pela fundação de uastecos . Tenochtitlán
Oriente os estudantes a observarem o mapa “O Império Asteca (século dezesseis)”, comparando-o com o mapa “Povos da Mesoamérica (séculos doze antes de Cristo.- oito Depois de Cristo)”, percebendo que a região foi habitada por muitos povos e por isso havia uma área de influência que foi fundamental para a consolidação das culturas e civilizações pré-colombianas.
Observação
O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Sugestão para o professor:
Obregôn, Marco Antonio Cervera. Breve história dos astecas. Rio de Janeiro: Versal, 2015.
A obra apresenta textos que abordam a cultura, a sociedade e a história da civilização asteca.
Texto complementar
Em sua obra O labirinto da solidão, o poeta, ensaísta e diplomata mexicano Octavio Paz estabelece relações entre a cultura mexicana atual e as antigas civilizações da Mesoamérica.
Qualquer contato com o povo mexicano, mesmo fugaz, mostra que debaixo das fórmas ocidentais ainda palpitam as antigas crenças e costumes. Estes despojos, vivos ainda, são testemunhos da vitalidade das culturas pré-cortesianas. Depois das descobertas dos arqueólogos e historiadores, já não é mais possível referir-se a estas sociedades como tribos bárbaras ou primitivas. Para além do fascínio ou do horror que nos produzam, é preciso admitir que os espanhóis, ao chegar ao México, encontraram civilizações complexas e refinadas.
PAZ, Octavio. O labirinto da solidão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984. página 83.
Organização econômica e social
Para viver na pequena ilha do lago tescôco – onde Tenochtitlán foi erguida – e suprir as necessidades da população que a habitava, os astecas tiveram de realizar diversas obras complexas que exigiram vastos conhecimentos técnicos.
Em decorrência das inundações periódicas do lago, os astecas precisaram construir diques e barragens que viriam a possibilitar o contrôle do nível da água. Mas, como o lago tescôco era salgado, foi necessário encontrar também uma maneira de conduzir água potável das fontes ao interior da cidade. A solução dos astecas foi construir aquedutos.
A fim de ampliar as terras agrícolas, eles criaram ainda terraços sobre a água dos lagos, chamados de chinampas. Nesses canteiros “flutuantes”, eles cultivavam flores e hortaliças.
A agricultura era a base da economia asteca. A sociedade estava organizada em comunidades aldeãs que produziam em terras coletivas para a própria subsistência e forneciam excedentes para o Estado em fórma de tributos. Cultivavam-se milho, feijão, pimenta, abóbora, cacau, algodão, tabaco e uma grande variedade de frutas, legumes e verduras.
Texto do Infografico
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Respostas e comentários
Orientações
As características naturais da ilha impulsionaram em grande parte a engenhosidade asteca para a realização de suas construções urbanas e o desenvolvimento de técnicas arquitetônicas. Com o crescimento populacional, a fórma encontrada para conduzir água potável das fontes ao interior da cidade ilhada foi por meio da construção de aquedutos. Pontes também foram erguidas para unir a ilha às outras partes do território e cidades. Muitos conhecimentos matemáticos e de engenharia foram empregados pelos astecas para driblar as dificuldades naturais e geográficas.
Nos últimos anos, construtoras no México, no Equador e na Guatemala recuperaram a tradição asteca de construir casas de adobe, o principal material utilizado em suas moradias. O adobe, uma mistura de argila, lodo e palha que era sêca ao Sol, é um material muito resistente e bom isolante térmico e acústico. Nesses países, sujeitos a grandes variações de temperatura e a terremotos, a construção de casas de adobe tornou-se uma alternativa mais segura e sustentável ao concreto.
Apesar de ser uma sociedade essencialmente agrícola, o comércio também foi uma prática bastante intensa entre os astecas, o que possibilitava a troca de produtos vindos de diferentes regiões e o intercâmbio cultural entre os povos da Mesoamérica sob seu domínio.
Observação
O conteúdo trabalhado nesta página favorece, mais uma vez, o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Sugestão para o estudante:
HORA americana. Podcast de história das Américas. [Produção de:] Caio Pedrosa da Silva, Luís Guilherme Kalil, Rodolpho Gutiê dos Santos e Valdir Donizete dos Santos Júnior. Podcast. Disponível em: https://oeds.link/bNpssh. Acesso em: 13 abril2022.
Neste podcast são abordados temas relacionados à história da América em diferentes períodos. Há episódios, por exemplo, sobre a conquista do México, bem como sobre os indígenas na América do Sul e sua participação política na atualidade.
Lugar e cultura
Alimentos da América para o mundo
Você sabia que muitos alimentos que consumimos nos dias de hoje compunham a dieta dos antigos habitantes da América? Além dos exemplos de alimentos cultivados pelos astecas, sabemos que tomate, abóbora, cacau, abacaxi, pimenta, mamão, feijão, batata e, principalmente, milho eram a base da alimentação de antigos povos da Mesoamérica.
O milho, por exemplo, começou a ser cultivado nas terras do atual México há mais de 6 mil anos e se difundiu no continente, entre diversos povos da América Central e do Sul. Celebrações coletivas e antigas narrativas orais revelam a importância desse cereal para esses povos. No poema épico maia popol vu, que narra a criação do mundo, o ser humano teria surgido do milho.
Quando os europeus chegaram à América, em 1492, o milho logo chamou a atenção dos conquistadores, que o levaram para a Europa com outros produtos, como o tomate e a batata. Devido à facilidade de adaptação, a planta rapidamente se espalhou por toda a Europa e por outras regiões.
O cacau também estava presente na alimentação dos antigos povos da América. Ele era consumido na fórma de bebida. Os maias secavam e moíam as sementes e, depois, acrescentavam à mistura água, milho, pimenta e outros temperos. Os astecas preparavam a bebida adicionando favas de baunilha e mel. As sementes de cacau eram muito valiosas nessas sociedades e utilizadas como moedas de troca.
Levado para a Espanha, o cacau foi considerado amargo demais. Mais tarde, acrescentaram-se açúcar, canela e baunilha no preparo, e o resultado conquistou a nobreza europeia. Depois, foi introduzido o leite, dando origem ao chocolate, que conhecemos hoje.
- Dos alimentos citados no texto, quais são consumidos por nós, brasileiros (guardadas as diferenças nos modos de preparo)?
- De que fórma o cacau era consumido pelos povos da Mesoamérica? Qual era o valor desse produto para eles?
Respostas e comentários
Orientações
Ainda hoje, a agricultura é a base econômica da maior parte dos países latino-americanos, principalmente os da América Central. O milho ainda é fundamental na alimentação das populações do continente. Alguns animais, como a lhama e a alpaca, ainda são criados na região andina, sendo utilizados como alimentos, animais de carga e fornecedores de lã. Nos mercados públicos do Peru, da Bolívia, do Chile e do México, por exemplo, ainda hoje são comercializadas peças de artesanato em prata e pedras semipreciosas, bem como peças de tapeçaria que utilizam as antigas técnicas artesanais dos povos pré-colombianos.
Esta seção possibilita estabelecer um interessante diálogo entre o passado e o presente e constatar o intenso intercâmbio cultural entre povos pré-colombianos e europeus, possibilitando, assim, o trabalho com o tema contemporâneo Diversidade cultural.
Diferentes produtos que hoje fazem parte da culinária de vários países sofreram, ao longo do tempo, modificações em decorrência de inovações tecnológicas e fatores naturais. Mas a presença desses produtos na alimentação mundial revela a permanência histórica de conhecimentos agrícolas pré-colombianos que sobreviveram ao processo de conquista europeia.
Respostas
1. Desses alimentos, todos são consumidos na atualidade pelos brasileiros.
2. O cacau era consumido na fórma de bebida, complementado com temperos como milho, água e pimenta pelos maias. Os astecas misturavam a bebida à base de cacau com favas de baunilha e mel. O cacau era um alimento especial, de alto valor para esses povos. Entre os maias, a bebida era consumida principalmente por membros da elite em cerimônias religiosas.
Observação
O trabalho proposto nesta seção possibilita ampliar o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Sugestão para o estudante:
ENCICLOPÉDIA latino-americana – Gastronomia e culinária.
O sáite apresenta uma enciclopédia com diversos verbetes escritos por autores e especialistas no estudo da América Latina, abordando uma ampla variedade de temas.
Uma sociedade guerreira
A sociedade asteca era dirigida por uma oligarquia militar, aristocrática e sacerdotal. No topo desse grupo dirigente estava o soberano, ou seja, o imperador asteca.
As pessoas das comunidades aldeãs tinham funções de agricultoras-soldados. Elas pagavam tributos ao imperador e aos sacerdotes por meio da concessão (doação) de parte do que produziam na agricultura. Os tributos também eram pagos com a participação nas guerras ou com a prestação de serviços na construção de diques, pirâmides e outras obras.
Os artesãos tinham grande prestígio na sociedade asteca. Eles trabalhavam nas residências, nos templos e também em oficinas instaladas nos palácios do imperador e dos altos funcionários do Estado. Confeccionavam roupas utilizando algodão tingido e produziam peças de ouro, prata, pedras semipreciosas e cerâmica. Também faziam mosaicos de plumas, muito apreciados como ornamentos.
Os comerciantes foram adquirindo, ao longo do tempo, grande importância na sociedade asteca. Além da variedade de produtos, que aumentavam as riquezas do império, ao viajar para terras distantes os mercadores traziam notícias de povos ainda não conquistados. Dessa fórma, as novas conquistas territoriais eram iniciadas pelos negociantes, que propunham um acordo de submissão das cidades. Caso falhassem, os guerreiros deviam realizar a conquista militarmente.
A importância da guerra
A sociedade asteca dominou a Mesoamérica, na maioria das vezes, pelo uso da fôrça. A guerra era uma das atividades centrais dos astecas. Por meio dela, dominavam outras sociedades, obrigando-as a reconhecer sua autoridade política e militar e a pagar tributos. Os tributos eram pagos aos chefes astecas na fórma de produtos como ouro e cacau.
A cultura guerreira era celebrada e difundida em vários momentos da vida asteca, até mesmo no nascimento, como mostra o texto a seguir.
O próprio nascimento era considerado pelos astecas como um combate, cheio de sangue e sofrimento. Quando um menino vinha ao mundo, a parteira o agarrava com firmeza como se fosse um cativo e lançava gritos de guerra. Em seguida exortava [induzia] o bebê a guardar suas palavras: “Este é o teu lugar, pois tu és uma águia ou um jaguar, um predador solitário. Aqui é apenas teu ninho. A guerra é tua missão. Teu dever é dar de comer ao Sol e sustentá-lo”.
bráun deiu ême direção Astecas: reinado de sangue e esplendor. Rio de Janeiro: Abril Livros; Time Life, 1999. (Coleção Civilizações perdidas). página 84.
Respostas e comentários
Orientações
A sociedade asteca estava organizada em comunidades aldeãs que produziam em terras coletivas para a própria subsistência e forneciam excedentes para o Estado em fórma de tributos. Os tributos que sustentavam o Estado e as camadas dirigentes eram bastante diversificados: milho, feijão, pimenta, madeira, armas, algodão, cacau, jade, turquesas e plumas. As províncias que integravam o império pagavam tributos que podiam variar dependendo do processo de dominação imposto e de sua produção econômica. Por isso, a guerra e a dominação eram muito significativas, pois garantiam a riqueza do império. Porém, em suas conquistas, os astecas costumavam manter as estruturas sociais dos povos submetidos.
Texto complementar
O texto a seguir trata do do-mínio asteca sobre outros povos da região do México.
Os grandes impérios que mantinham o domínio de tantos povos sedentários e seus territórios mais ricos [na Mesoamérica] reticências permitiam autonomia local, preservavam as unidades provinciais e cooperavam com as dinastias das províncias concentrando-se na coleta de tributos e nas trocas e comunicação entre as regiões. reticências Os textos contam que o Império Asteca começou como uma confederação de três províncias dominantes, na qual as províncias dominadas estavam sob frouxo contrôle e com frequência desejavam recuperar a independência total, sem falar em pequenas e grandes regiões do centro do México que não faziam parte do sistema asteca.
; Lóquirrárt, Dieimes , Chuárts Istíuart Bi A América Latina na época colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. 68. página
Observação
O conteúdo abordado nesta página possibilita, mais uma vez, a ampliação do trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Documentos preciosos: os códices
A palavra “códice” refere-se ao conjunto de desenhos e escritos feitos por escribas astecas e por outros habitantes da região onde hoje se situa o México, antes e depois da conquista espanhola. Neles, os antigos habitantes da América narram eventos importantes da sua história e descrevem a organização do Império Asteca e cenas da vida cotidiana.
Antes da chegada dos espanhóis à América, em 1492, esses registros eram feitos exclusivamente com imagens. Após a conquista, os colonizadores acrescentaram, às imagens, textos em espanhol. Um dos códices mais conhecidos desse período é o Códice Mendoza, produzido entre 1541 e 1542. Nele, foram descritos a fundação de Tenochtitlán, as conquistas territoriais astecas e o sistema de cobrança de impostos no império, além de eventos relacionados à vida cotidiana. As análises do Códice Mendoza revelam que a educação das crianças era uma das principais preocupações da sociedade asteca. Outros registros escritos, como o Códice Florentino, elaborado também no período colonial, trazem informações importantes sobre o cotidiano, a cultura e a organização social dos astecas.
A maioria dos códices preservados até os dias de hoje foi elaborada após a conquista espanhola, sob a supervisão dos colonizadores. Grande parte dos documentos produzidos pelos astecas antes da conquista da América foi destruída pelos espanhóis, como fórma de apagar a memória e os valores que eram transmitidos naquela sociedade. Os poucos registros preservados constituem preciosos documentos para o estudo da história, da cultura e do modo de vida da civilização asteca.
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Orientações
O estudo dos códices astecas pode ajudá-lo a introduzir em sala de aula o tema das fontes utilizadas pelos historiadores para o estudo das civilizações indígenas da América. Além dos códices, os registros materiais (objetos de uso cotidiano e de culto e até mesmo construções) ajudam os historiadores a conhecer o modo de vida desses povos, bem como as descrições minuciosas produzidas pelos conquistadores espanhóis no final do século quinze e durante o século dezesseis. Comente com os estudantes que o suporte utilizado pelos astecas para servir de papel era feito da cortiça de algumas espécies de árvores, principalmente a figueira, ou de peles de animais.
Observação
O conteúdo desta página oferece uma ótima oportunidade de ampliação do trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Atividade complementar
Sugerimos que os estudantes consultem, na internet, o registro completo do Códice Mendoza, no site do projeto de digitalização do códice realizado pelo Museu Nacional de Antropologia do México, disponível em: https://oeds.link/YplX23. Acesso em: 24 fevereiro. 2022.
Peça aos estudantes que observem o documento e selecionem uma página ilustrada para ser analisada. Eles podem realizar o trabalho de pesquisa e de análise em grupos ou em duplas. Os resultados do trabalho devem ser compartilhados com a turma toda. A pesquisa proposta nesta atividade incentiva o trabalho com análise de mídias sociais e estudo de recepção.
Sugestão para o estudante:
NEVES, Ana Maria Bergamin. Os povos da América. quinta edição São Paulo: Atual, 2019.
O livro aborda a história e a cultura dos povos da América por meio da análise de documentos raros e vestígios arqueológicos produzidos pelas civilizações maia, asteca e inca.
A educação de crianças no Império Asteca
Com base nas representações do Códice Mendoza, é possível depreender que a educação asteca era essencialmente prática e bastante severa, marcada por castigos impostos por pais e tutores às crianças.
Meninos e meninas recebiam educação diferenciada na sociedade asteca. Nos primeiros anos, a educação dos meninos limitava-se a bons conselhos e a pequenas tarefas domésticas. Até os 7 anos de idade, os meninos aprendiam a carregar água e madeira e acompanhavam o pai no mercado. Dos 7 aos 14 anos, eles aprendiam a pescar e a dirigir os barcos. Aos 15 anos, os jovens podiam entrar para dois centros de ensino: o calmêcac ou o telpoticálhi.
O calmêcac era uma espécie de templo dirigido por sacerdotes. Ele admitia preferencialmente filhos de altos funcionários do Estado, mas também aceitava filhos de comerciantes e, em alguns casos, jovens das famílias pobres. A educação no calmêcac era extremamente rigorosa e visava formar sacerdotes e altos funcionários do Estado. Já o telpoticálhi, em geral, educava pessoas para atuar no comércio, em postos menos elevados do Estado ou nas atividades militares. Nesses centros, os estudantes eram tratados com menos rigor que na escola sacerdotal.
A educação das meninas cabia às mães. Até os 6 anos de idade, elas observavam a mãe tecendo e aprendiam diversos serviços domésticos. Depois, começavam a realizar operações simples no tear. Entre os 7 e os 14 anos, elas fiavam o algodão, varriam a casa e moíam o milho. Por fim, aprendiam a manejar plenamente o tear, que exigia prática e habilidade.
Respostas e comentários
Orientações
Peça aos estudantes que observem as ilustrações do Códice Mendoza reproduzidas na página e reflitam sobre a educação dos meninos e das meninas. Inicie uma discussão sobre o assunto com toda a turma. Em seguida, eles devem trocar opiniões sobre a situação social das mulheres na sociedade asteca. Lembre sempre os estudantes de que em discussões é importante ouvir e respeitar os diferentes pontos de vista das pessoas, procurando enriquecer o diálogo e o conhecimento crítico em grupo.
Incentive também os estudantes a estabelecer comparações entre a educação das crianças astecas e a educação brasileira na atualidade: quem era responsável pela educação das crianças? Quem frequentava os estabelecimentos de ensino? Com quais objetivos? Havia diferenças entre a educação dos meninos e a das meninas?
Comente com os estudantes que em alguns registros do Códice Mendoza é possível identificar algumas das práticas severas na educação das crianças. Elas podiam ser arranhadas com espinhos ou obrigadas a respirar a fumaça de uma fogueira na qual queimavam pimentas vermelhas.
Observação
O conteúdo apresentado nesta página possibilita, novamente, a ampliação do trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Sugestões complementares referentes ao Capítulo:
RIBEIRO, Darcy. As Américas e a civilização: processo de formação e causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. São Paulo: Global, 2021.
A obra, publicada recentemente, foi escrita no período em que Darcy Ribeiro esteve no exílio. Ela apresenta uma análise profunda dos processos históricos vividos pelos povos do continente americano, em uma abordagem que evita o eurocentrismo.
SANTOS, Eduardo Natalino. Tempo, espaço e passado na Mesoamérica. O calendário, a cosmografia e a cosmogonia nos códices e textos nauás. São Paulo: Alameda, 2009.
Nesta obra, o estudioso Eduardo Natalino dos Santos apresenta uma completa análise dos códices pictoglíficos de origem nauá.
A religião asteca
Os astecas eram politeístas e construíram templos para os distintos deuses: Tlaloc, deus da chuva e do trovão; Ket zol kooah tol, deus do vento, da escrita, do calendário e das artes; Ticomecoát (ou a Serpente Emplumada), deusa do milho e da fertilidade; e muitos outros. Às vezes, construíam templos grandiosos, em fórma de pirâmides. Neles, os astecas realizavam cultos religiosos e sacrifícios humanos. Geralmente, as vítimas oferecidas como sacrifício eram prisioneiros de guerra ou escravos.
Havia também o culto a uitizilôpótchili, deus que simbolizava o Sol, a guerra e os guerreiros e padroeiro da cidade de Tenochtitlán. A guerra era muito importante para a sociedade asteca, pois garantia a conquista de territórios, o pagamento de tributos ao Estado e prisioneiros que serviriam de oferenda aos deuses.
O Sol e a Lua
Assim como ocorria com os maias, para os astecas, o Sol e a Lua ocupavam postos de destaque entre os deuses. Ao contrário dos maias, porém, os astecas acreditavam que o Sol e a Lua eram irmãos que viviam em eterno conflito. Segundo as lendas astecas, a batalha entre esses astros era vencida diariamente pelo Sol, que esmagava com furor a Lua e as estrelas para nascer.
Os calendários astecas
Os astecas desenvolveram dois calendários, um solar e outro sagrado. No calendário solar, o ano era dividido em 18 meses com 20 dias, que totalizavam 360 dias, cada qual representado por um símbolo: crocodilo, vento, casa, lagarto, serpente, cérebro, veado, coelho, égua, cachorro, macaco, ervas, cana, jaguar, águia, abutre, movimento, faca de pedra, chuva e flores. Havia, ainda, cinco dias especiais, dedicados aos sacrifícios. Dessa fórma, completavam os 365 dias do ano solar.
Já o calendário sagrado era composto de 260 dias, divididos em 20 períodos de 13 dias. Os astecas acreditavam que a cada 52 anos os dois calendários se alinhavam, formando um ciclo.
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Orientações
Um dos códices cujo registro foi feito após a conquista espanhola, escrito pelo missionário franciscano Frei Bernardino de sarragun, é o Códice Florentino, que apresenta antigas lendas e mitos astecas. É possível conhecer deuses e crenças da cultura asteca por meio da leitura do manuscrito composto de 12 livros. Em um deles há uma história sobre a criação do Sol e da Lua, que os astecas chamavam de “quinta idade do mundo”. A narrativa conta a história da criação do dia e da reunião dos deuses na cidade de Teotiuacán para criar o astro que iria iluminar o mundo. Era necessário que dois deuses se sacrificassem para que o Sol fosse criado. O deus tezcatlipôca, que é representado como um jaguar que carrega um espelho (conhecido como o senhor do espelho fumegante), se ofereceu. Em seguida nenhum outro deus se ofereceu e Nanauátsin foi sugerido. Quando chegou o dia do sacrifício, tezcatlipôca recuou, enquanto Nanauátsin se atirou no fogo para ser transformado em Sol. Quando começou a brilhar, tezcatlipôca ficou com inveja e resolveu fazer o mesmo e se transformou em um segundo Sol. Como o plano dos deuses não era criar duas luzes com a mesma luminosidade no céu, um deles arremessou um coelho no segundo Sol para diminuir seu brilho, transformando-o na Lua. Por isso, segundo a visão asteca, nas noites de lua cheia é possível observar o desenho de um coelho na Lua. A história é interessante de ser contada e provavelmente despertará o interesse dos estudantes.
Observação
O conteúdo apresentado nesta página possibilita, mais uma vez, ampliar o trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Documento
Cultura material
Grande parte da cultura material das antigas sociedades da América foi completamente destruída pelos colonizadores espanhóis. No México, a arquitetura da imponente capital asteca, Tenochtitlán, foi demolida ou soterrada para dar lugar a construções espanholas que impunham seus símbolos e a representação de seu poder na geografia das cidades.
Além dos templos e monumentos, os espanhóis procuraram eliminar outros vestígios que fizessem referência aos deuses, aos governantes e à história dos astecas, como registros escritos, pinturas, esculturas, adornos, armas e objetos variados de valor religioso ou artístico. Muitos objetos feitos de ouro foram derretidos pelos espanhóis para serem levados em barras para a Espanha.
- Podemos dizer que, apesar de terem sido elaboradas com diferentes técnicas e materiais, as esculturas do deus Tlaloc e do deus xoxipili têm finalidades semelhantes?
- O que mais chama sua atenção em cada uma dessas esculturas? Por que elas são importantes para o estudo da cultura material asteca?
Respostas e comentários
Orientações
Estimule os estudantes a observarem o detalhismo das técnicas utilizadas na confecção da escultura e da máscara reproduzidas na seção. Chame a atenção deles também para a técnica de mosaicos e a utilização de turquesas em diversos adornos e objetos religiosos, característica marcante da cultura asteca. Comente com os estudantes que grande parte dos vestígios da cultura material dos astecas foi destruída ou encaminhada para a Europa pelos colonizadores espanhóis após a conquista do território. Os objetos de ouro e prata geralmente eram derretidos e enviados para a Espanha. Uma parte dos registros da cultura material asteca que sobreviveram até a atualidade encontra-se em museus europeus.
Observação
O trabalho proposto nesta seção possibilita aprofundar o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Respostas
1. A escultura em pedra e a máscara em mosaico de turquesas, apesar de terem sido feitas com materiais e técnicas bastante diferentes, têm funções semelhantes nas atividades religiosas de culto aos deuses.
2. Resposta pessoal em parte. Todos os diversos objetos e registros da cultura material asteca são importantes fontes de estudo e compreensão da história, da cultura, da religiosidade, dos conhecimentos, da organização social e do cotidiano dessa antiga civilização. Os registros escritos hieróglifos e pictográficos, como os códices, as pinturas, as esculturas, os monumentos e as construções, os adornos, os enfeites, as armas e os instrumentos, são exemplos da rica cultura material asteca.
Atividade complementar
O site do Museu Nacional de Antropologia do México, disponível em: https://oeds.link/VR5EwL. (acesso em: 7 maio 2022), oferece para consulta digital documentos da cultura material produzidos por diversos povos pré-colombianos. É interessante auxiliar os estudantes em um processo de consulta e pesquisa ao sáite dessa instituição, para que eles aprendam a usar a internet como instrumento de ampliação dos seus estudos. Após a seleção dos registros da cultura material asteca pelos estudantes, solicite a eles que compartilhem com o restante da turma a análise dos objetos, dos materiais e das técnicas utilizadas em sua confecção. A pesquisa proposta nesta atividade complementar incentiva o trabalho com análise de mídias sociais e estudo de recepção.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
1. A imagem a seguir é uma representação do brasão de armas do México, país que está situado no território dos antigos astecas. Observe a figura e responda às questões em dupla.
- Que semelhanças e diferenças é possível perceber entre a história da fundação de Tenochtitlán e o brasão de armas do México?
- O brasão de armas do México atual apresenta símbolos relacionados à cultura dos antigos astecas. Qual seria o motivo para isso, na opinião de vocês?
2. Os dois textos a seguir tratam da organização social e política do Império Asteca. Leia-os e responda às questões.
Texto 1
Os astecas, os últimos a chegar ao México central, só entraram no século quinze. reticências Empreenderam a união, por meio de uma confederação, do mosaico de cidades e Estados pequenos e grandes que dividiam entre si o país. reticências A arte asteca é, pois, uma arte imperial, a de um Estado que se esforça para absorver e reestruturar o patrimônio de todo um vasto conjunto de povos diversos.
. O sagrado e o profano. sútéle jác Correio da o. [], ano 37, sem local 7, número página 4-8, julho 1984. página 8.
Texto 2
Esse florescente império, baseado no domínio sobre outros povos que até então haviam disputado a posse do vale, devia sua prosperidade ao tributo de 38 províncias. Entre elas a de Soconusco, que, segundo o Côdequis Mendoza, tributava quatrocentas cargas de cacau das 980 que o Estado consumia.
Rivêro, Piedá Penítie. Quando as moedas cresciam nas árvores. Correio da unêsco. [ sem local], ano 43, número 1, página 16-19, janeiro 1990. página 18.
- Segundo o texto 1, como estavam organizados os povos do México central antes da chegada dos astecas?
- Que tipo de govêrno, de acôrdo com os textos, os astecas estabeleceram no México central?
- A fórma como os autores apresentam a relação dos astecas com os povos do México central é semelhante ou divergente? Justifique.
- Quais eram as atividades econômicas dos astecas?
- Leia o texto a seguir e, com base em suas informações e nos conhecimentos adquiridos neste Capítulo, responda: Por que a guerra era um elemento fundamental para o Império Asteca?
A guerra entre os astecas teve um papel fundamental para a expansão e manutenção do império erigido, em grande parte no território denominado hoje como México. Este império que reticências se estendeu, no tempo, até a chegada dos espanhóis em 1519, e territorialmente por todo o vale do México, [submeteu] diversos povos que habitavam este vale ao seu jugo. reticências
BAHIA, Ítalo Costa. Guerras sagradas: o caráter religioso das guerras astecas. Ameríndia, Fortaleza, volume 3, número1, página 1-9, 2007, página 1-2.
5. Os astecas construíram obras que foram fundamentais para o abastecimento urbano e a ampliação da produção agrícola. Quais condições geográficas da região onde estava localizada a capital asteca influenciaram o desenvolvimento das técnicas arquitetônicas e agrícolas desse povo?
Respostas e comentários
Seção Atividades
Objeto de conhecimento
• Saberes dos povos africanos e pré-colombianos expressos na cultura material e imaterial.
Habilidade
São trabalhados aspectos relacionados à habilidade:
• ê éfe zero sete agá ih zero três (atividades 1, 2, 3, 4, 5)
Respostas
1. a) Semelhanças: imagem da águia pousada sobre um cacto devorando uma cobra. Diferenças: no brasão, há elementos que são particulares à história do México, como uma faixa com as três cores da bandeira mexicana (verde, branca, vermelha). Além disso, na história, a imagem da águia sobre o cacto devorando uma cobra é anunciada pelos deuses, ideia que não foi representada no brasão de armas.
b) A presença de símbolos relacionados à cultura asteca no brasão de armas do México atual indica o reconhecimento da identidade que liga o povo mexicano atual aos antigos mexicas. Ao mesmo tempo, outros países latino-americanos tentaram apagar a memória indígena da sua história, procurando valorizar apenas a cultura trazida pelo colonizador.
2. a) Conforme o texto 1, a região do México central era ocupada por diversas cidades e Estados independentes, os quais só passaram a constituir parte de um Estado centralizado a partir do século quinze.
b) Os astecas estabeleceram um regime imperial na região, anexando os territórios e dominando os povos que lá viviam.
c) Os pontos de vista são divergentes. O autor do texto 1 apresenta a formação do Império Asteca por meio da união e da absorção da cultura dos dominados. O texto 2 enfatiza a dominação e a cobrança de impostos sobre os povos subjugados.
3. A agricultura era a principal atividade econômica dos astecas.
4. A guerra teve papel fundamental para o Império Asteca, porque foi por meio dela que ele se formou e pôde se expandir. Além disso, a guerra possibilitou a cobrança de tributos dos povos dominados.
5. A capital asteca foi construída em uma pequena ilha do lago tescôco. Para evitar inundações, os astecas construíram diques e barragens. Também construíram aquedutos para conduzir água potável para a população, uma vez que a água do lago era salgada. Além disso, os astecas criaram os terraços sobre a água dos lagos, chamadas de chinampas, que ampliavam as áreas cultiváveis por meio de canteiros flutuantes.
CAPÍTULO 7 OS INCAS
Quando os espanhóis chegaram à América do Sul, no início da década de 1530, os incas dominavam uma enorme porção do território. Seu império incluía dezenas de outros pequenos reinos, comandados por povos que, assim como eles, eram herdeiros de um modo de vida construído ao longo de pelo menos 5 mil anos de história.
Os diversos povos que compunham o Império Inca apresentavam algumas características em comum, como as técnicas de construções monumentais, a prática da agricultura intensiva e irrigada, a criação de lhamas e alpacas, a hierarquização social no interior de um mesmo grupo étnico, a existência de um Estado centrado na figura de um soberano, cercado de uma burocracia militar e sacerdotal, e o culto aos ancestrais.
As condições climáticas e geográficas da região da Cordilheira dos Andes exigiram desses povos um grande esfôrço para o desenvolvimento de técnicas voltadas para a produção agrícola, o abastecimento da população e a circulação de pessoas e mercadorias dentro do império, o que permitiu estruturar sua civilização.
Respostas e comentários
Sobre o Capítulo
Neste Capítulo, os estudantes vão compreender que, assim como osastecas, que foram herdeiros de culturas anteriores, os incas, nos Andes Centrais, também fundaram um império no qual se misturaram elementos de culturas mais antigas. Entre elas, destacamos Caral, Chavín de Huantar e Tiahuanaco. Como no caso da Mesoamérica, é importante delimitar a região dos Andes Centrais e localizá-la no mapa “O Império Inca (século dezesseis)”, bem como identificar as principais características desses povos.
Este conteúdo possibilita ainda o trabalho com o tema contemporâneo Diversidade cultural.
Relembre os estudantes que no volume de 6º ano desta coleção eles estudaram alguns povos que viveram na região dos Andes Centrais antes dos incas.
Inicie a leitura da abertura do Capítulo e peça aos estudantes que observem a fotografia da página. Comente com eles as condições geográficas e climáticas dos Andes e como elas impulsionaram o desenvolvimento de muitas das técnicas de produção agrícola, assim como de construção e engenharia urbana, criadas pelos incas para driblar as dificuldades naturais da região. Na fotografia, é possível identificar a técnica agrícola de plantação em terraços, também chamada de terraceamento, que consistia na construção de rampas niveladas em áreas íngremes, contendo, assim, a erosão do solo pela ação das chuvas.
Observação
O conteúdo apresentado nesta página favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Habilidade trabalhada ao longo deste Capítulo
ê éfe zero sete agá ih zero três: Identificar aspectos e processos específicos das sociedades africanas e americanas antes da chegada dos europeus, com destaque para as formas de organização social e o desenvolvimento de saberes e técnicas.
Sugestão para o estudante:
O IMPÉRIO Inca. Direção: Federico Badía. Espanha, 2008. Duração: 30 minutos.
Os documentários, feitos para a série Grandes Civilizações, em dois episódios, apresentam de fórma didática aspectos importantes da história e da organização da sociedade inca.
Tahuantinsuyu: o Império Inca
Estudiosos e historiadores consideram que os incas tenham chegado às terras férteis da região de Cuzco, no sul do atual Peru, no final do século treze. Influenciados pela cultura de outros povos que viviam na região, os incas construíram um império, chamado de Tauantinsuiu (que significa “os quatro cantos do mundo”).
Estimativas indicam que os incas dominavam uma população de 7 milhões de pessoas, pertencentes a mais de 100 grupos étnicos distintos. Esses povos, submetidos ao Império Inca, pagavam taxas na fórma de trabalho. De acôrdo com esse sistema, chamado de mita, os camponeses eram obrigados a prestar serviços ao Estado durante alguns dias do ano. Além disso, tinham sua vida rigidamente controlada pelos governantes. Muitas vezes, eram forçados pelos administradores do império a migrar para outras regiões. Essa determinação procurava garantir a defesa do território e equilibrar o abastecimento de toda a população, mesmo em época de colheitas escassas.
Visando conter os eventuais levantes, o governante inca mantinha um exército treinado e organizado.
As famílias recebiam do govêrno uma porção de terra para plantar e compartilhavam com os demais habitantes do aylluglossário o cultivo das terras do império.
As terras incas eram unificadas por meio de uma rede de estradas talhadas nas encostas das montanhas, percorridas por caravanas de lhamas e pelos mensageiros do imperador.
O Império inca (século dezesseis)
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 144; ; Quínder, Rérmãn Ríguelmãn, Vérner. Atlas historique. Paris: Perrin, 1992. página 218.
Respostas e comentários
Orientações
Peça aos estudantes que observem o mapa “O Império Inca (século dezesseis)” após a leitura do texto. Vale destacar que o Império Inca estendeu-se por uma grande região, que compreendia partes dos territórios dos atuais Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina. Nessas áreas viviam diversos povos que foram submetidos pelos incas, assim como ocorreu no Império Asteca. Comente com os estudantes a característica altamente militarizada da cultura inca e como ela favoreceu o expansionismo desse povo, a formação de um império vasto multiétnico e a imposição de um sistema tributário aos povos dominados.
É interessante destacar que as terras, a água e os recursos naturais eram propriedades do Estado incaico, que os distribuía pelas comunidades aldeãs para que essas produzissem seu sustento. Os habitantes das comunidades deviam trabalhar para o Estado e fundamentalmente para o abastecimento das camadas dominantes, formadas por sacerdotes, guerreiros e funcionários, além de prestar serviços em obras públicas, como construção de estradas, canais de irrigação, templos etcétera As terras do Império Inca eram cultivadas coletivamente e o que era produzido nela era usufruído pelas camadas dirigentes que integravam o Estado. A mita era um serviço prestado de tempos em tempos ao Império Inca e costumava durar de dois a três meses.
Observação
O conteúdo abordado nesta página possibilita o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Sugestão para o estudante:
Drú, Dêivid. Incas: vida cotidiana. São Paulo: Melhoramentos, 2013.
Este livro aborda aspectos variados da organização da sociedade incaica, com muitas ilustrações e textos adequados para os estudantes.
A sociedade incaica
A base econômica dos incas era a agricultura. Nas áreas desérticas, eles empregavam as técnicas de irrigação utilizadas pelos primeiros povos daquela região. Nas encostas das montanhas, construíam terraços em curva de nível (em fórma de degraus), onde cultivavam milho, feijão, batata, algodão, tomate, quinoa, amendoim, pimenta, abacate e abacaxi, entre outros produtos.
Os incas também domesticavam lhamas e alpacas, das quais obtinham carne, leite e lã, além de utilizá-las como meio de transporte na acidentada geografia da região da Cordilheira dos Andes.
O artesanato era bastante desenvolvido, com destaque para a tecelagem, a metalurgia e a produção de objetos de cerâmica.
A mais alta autoridade do império era o Sapa Inca, visto como representante sagrado do Sol. Ele era cercado de funcionários administrativos recrutados, na maioria das vezes, entre jovens das famílias nobres. Os integrantes das elites tinham a orelha perfurada para exibir uma grande argola, um dos símbolos de sua posição.
Quando o Sapa Inca morria, suas mulheres e seus servos eram sacrificados e seus corpos eram depositados, junto ao dele, no Templo do Sol. O sucessor não era necessariamente um dos seus filhos, uma vez que a hereditariedade não era levada em consideração no processo de escolha do Sapa Inca, como mostra o texto a seguir.
O fim de cada reinado abria um período de anarquia mais ou menos longo, mas sempre marcado por violências. Os filhos do imperador morto reticências entravam em luta. Seus irmãos e sobrinhos, reticências e todos os que detinham uma posição de autoridade que lhes permitisse reivindicar o poder reticências combatiam-se reticências. O mundo organizado retornava ao caos reticências até que um dos pretendentes conseguisse triunfar sobre os rivais reticências. O império renascia a cada novo imperador.
favri ênri. A civilização inca. Rio de Janeiro: Jorge zarrár, 1987. página 53.
Respostas e comentários
Orientações
Após a leitura do texto da página, converse com os estudantes sobre a organização social e econômica da sociedade incaica. A agricultura era bastante desenvolvida e as espécies cultivadas eram bastante variadas. Para suportar as adversidades do clima frio e as grandes altitudes dos Andes, os incas desenvolveram muitos conhecimentos agrícolas e técnicas para melhorar a produção e o abastecimento da população. Além disso, as técnicas artesanais, a tecelagem e a metalurgia eram altamente sofisticadas entre esses povos.
Observação
O conteúdo abordado nesta página oferece mais uma boa oportunidade para a ampliação do trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Sugestão para o estudante:
MONTOYA, Rodrigo. O mundo de cabeça para baixo: relatos míticos dos incas e seus descendentes. São Paulo: Cosác Naífi, 2002.
Os relatos desse livro foram escritos por um conhecedor da língua quéchua e das narrativas tradicionais da cultura incaica, que sobreviveram ao tempo graças às transmissões orais. Por meio dessa leitura, o estudante poderá adentrar o universo mítico e o imaginário desse povo que dominou a região dos Andes.
A cidade de mátchu pítchu
mátchu pítchu foi uma das poucas cidades incas que sobreviveram à conquista espanhola, provavelmente por não ter sido descoberta pelos europeus na época colonial. A cidade foi construída no topo de uma montanha no vale do rio Urubamba, a cêrca de 2.400 metros de altitude.
Abandonada por seus habitantes em época incerta, a cidade ficou coberta pela vegetação. mátchu pítchu conquistou fama ao ser encontrada pela expedição do arqueólogo estadunidense rairan bingan, em 1911. Por muito tempo, estudiosos acreditaram que a cidade fosse um local de culto às Virgens do Sol, pois os restos mortais encontrados lá eram de mulheres e crianças. Porém, recentes análises revelaram a existência de restos mortais de homens também.
A cidade de mátchu pítchu era organizada, de modo geral, em duas áreas: uma área urbana, que contava com residências, praças, templos, mausoléus reais e edificações do govêrno; e uma área agrícola, que contava principalmente com os grandes terraços e com as edificações para armazenagem de alimentos.
A disposição dos prédios na cidade e o grande número de terraços destinados à agricultura destacam o grande planejamento da sociedade inca e sua capacidade de desenvolver técnicas de construção. Os templos, as casas e as demais edificações eram distribuídos de maneira organizada, em espaços que aproveitavam ao máximo a luz do Sol e contavam com ruas amplas e grandes escadarias.
mátchu pítchu decodificada. . Estados Unidos, 2010. Duração: 52 Náchional Geográfique . Documentário sobre minutos mátchu pítchu que investiga especialmente as técnicas de construção da cidade.
Respostas e comentários
Orientações
A arquitetura inca é resultado de um grande acúmulo de conhecimentos matemáticos, sobre a natureza e a geografia dos Andes, assim como do domínio de materiais disponíveis e do desenvolvimento de técnicas de engenharia. Por isso, vestígios arquitetônicos incas são estudados por historiadores, arqueólogos e até mesmo no campo da etnomatemática como documentos que expressam os saberes técnicos e matemáticos constituídos por essa civilização pré-colombiana.
Este conteúdo possibilita ainda o trabalho com o tema contemporâneo Ciência e Tecnologia.
Observação
O conteúdo abordado nesta página oferece, novamente, uma oportunidade de ampliação do trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Texto complementar
O texto a seguir aborda aspectos da arquitetura inca.
A principal característica da arquitetura inca é a fórma trapezoide dada às aberturas, cuja , mais estreita que a base, repousa sobre braços oblíquos e convergentes. Todavia, nem essas aberturas alongadas, nem as falsas janelas ou os nichos alinhados em alturas diferentes do muro foram suficientes para anular a impressão pesada que transmitem esses monumentos, indiscutivelmente majestosos, porém maciços, com linhas horizontais fortemente pronunciadas. Às vezes algumas figuras de serpente, lhama ou puma, talhadas no enquadramento das portas, vêm atenuar a severidade das fachadas. reticências
favri ênri. A civilização inca. Rio de Janeiro: zarrár, 1998. página 79.
Sugestão para o estudante:
MORAES, Antonieta Dias de. Contos e lendas do Peru. segunda edição. São Paulo: dáblio ême éfe Martins Fontes, 2002.
Nessa leitura é possível conhecer narrativas de mitos e lendas dos antigos povos que habitaram a atual região do Peru.
Mumificação dos mortos
Os incas mumificavam o corpo de seus mortos, especialmente os imperadores e membros da elite. Estudos indicam que essa prática era adotada porque, nas crenças religiosas incas, a morte era o início de uma espécie de viagem para um mundo paralelo, que somente seria concluída com a desintegração total do corpo. Durante essa viagem, era necessário, então, proteger o corpo do frio e do calor.
Os incas utilizavam dois métodos de mumificação: o artificial e o natural. O primeiro, semelhante em alguns pontos ao dos antigos egípcios, era feito com a retirada das vísceras do cadáver ou por meio da defumação do corpo, que era preenchido com plantas e ervas e tratado com óleos e resinas. O método natural consistia em deixar o corpo em um ambiente frio e seco, como o das montanhas dos Andes, local onde foram encontradas diversas múmias pré-incaicas. Pesquisadores consideram que muitas múmias naturais podem ter se formado acidentalmente. Isso quer dizer que pessoas que adoeceram ou se feriram na região dos Andes, por exemplo, tiveram seus corpos preservados no ambiente frio e seco do local.
As múmias incas eram expostas em templos e participavam, de algum modo, das festividades, das procissões e dos rituais. Além disso, era comum que elas recebessem oferendas, como alimentos, bebidas, objetos e roupas.
LINS E SILVA, Flávia. Diário de Pilar em . Rio de Janeiro: Pequena mátchu pítchu , 2014. Misturando ficção e pesquisas históricas, esse livro narra as aventuras de Pilar e Breno no Império Inca. Os amigos conhecem as tradições e as lendas dos incas e, ao mesmo tempo, vivem aventuras para descobrir o paradeiro do gato Samba. zarrár
: Império Inca. [Locução de: Vítor Soares]. História em meia hora, 27 novembro 2021. Podcast. Disponível em: https://oeds.link/u6xFGb. Acesso em: 13 abril 2022. O episódio do programa História em meia hora traz informações relevantes sobre o Império Inca e sua organização antes da chegada dos europeus à América.
Respostas e comentários
Orientações
Ao longo das últimas décadas, os pesquisadores têm se dedicado ao trabalho de investigação arqueológica dos vestígios das antigas civilizações da América. Os corpos mumificados contam entre os diversos objetos encontrados, que revelam aspectos da identidade, das circunstâncias da morte e da vida cotidiana das pessoas que integravam a civilização inca.
Múmias incas naturais também foram encontradas pelos arqueólogos nas montanhas andinas. Ao serem analisadas, revelaram um padrão que chamou a atenção dos estudiosos: os corpos mumificados de jovens ou crianças tinham o crânio fraturado. A hipótese mais provável para os estudiosos é a de que essas pessoas tenham sido mortas em rituais de sacrifícios humanos.
Observação
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Sugestão para o estudante:
MÚMIA dos Incas no Peru. Produção: National Geographic. Estados Unidos, 2010. Duração: 50 minutos.
O documentário conta como a múmia Ruanita, “a donzela do gelo”, foi descoberta durante uma expedição científica e quais são os vestígios arqueológicos que ajudam a compreender as técnicas de mumificação realizadas pelos incas, como eram os seus rituais religiosos, os sacrifícios realizados por eles, como a menina teria morrido e quais indícios revelam seus costumes e seu modo de vida.
Juanita, a donzela do gelo
Em busca de um bom lugar para apreciar a erupção do vulcão Sabancáia, no Peru, o antropólogo estadunidense Iorran Rainrrard e o guia peruano Miguel Sárate escalaram o monte Ampato, em 1995. Naquela ocasião, fizeram uma grande descoberta arqueológica: a múmia natural e preservada de uma jovem inca, denominada posteriormente Ruanita.
Tanto a múmia como outros vestígios incas (vestimentas, estatuetas de lhama e restos de alimentos, como folhas de coca e grãos de milho) estavam cem metros abaixo do topo da montanha. Foram preservados pelo gelo e acabaram sendo expostos pelo derretimento da neve. O corpo da jovem inca mumificada estava protegido por um manto de lã de alpaca.
A múmia foi chamada de Ruanita em homenagem ao pesquisador iôrram, que fotografou o momento em que Zárate a retirava do gelo. O corpo da jovem inca apresenta características de uma menina de cêrca de 13 anos, 1,47 métros de altura, saudável e bem nutrida. Segundo o arqueólogo estadunidense Uílham Cônclin, especialista em tecidos andinos, Ruanita foi vestida como uma adulta da elite.
A condição do corpo da jovem, dos objetos e da localização do sítio levou os pesquisadores a crer que a morte de Ruanita foi parte de um ritual com oferendas a divindades incas ocorrido no fim do século quinze.
Respostas e comentários
Orientações
O boxe intitulado “ Ruanita, a donzela do gelo” apresenta a história da descoberta de objetos arqueológicos da civilização inca, em meados da década de 1990, na Cordilheira dos Andes. A seção destaca as circunstâncias em que foi encontrado o corpo, conservado no gelo, de uma jovem inca batizada de Ruanita. O texto e as fotografias presentes no boxe possibilitam, portanto, que os estudantes avancem em suas reflexões sobre a produção do conhecimento nos campos da arqueologia e da história.
Texto complementar
O texto a seguir mostra a diversidade de crenças e divindades cultuadas pelos povos que compunham a civilização inca.
A diversidade cultural presente no Toantinsuio se refletia especialmente nas huacas (seres, objetos e lugares sagrados) cultuadas por diferentes etnias. Os incas adoravam o Sol, a Lua, as estrelas, a terra, as Uácas dos povos confederados e os corpos falecidos de seus governantes como antepassados-heróis e antepassadas-heroínas. Não parecia haver entre eles a ideia abstrata de um supremo Deus criador universal no sentido monoteísta cristão. As divindades andinas não eram seres abstratos originados no tempo da criação e associados a um espaço metafísico distinto. Elas compartilhavam certos aspectos do ser humano: haviam nascido num momento determinado, necessitavam alimentar-se e, inclusive, podiam morrer reticências.
OLIVEIRA, Susane Rodrigues de. Por uma história do possível: o feminino e o sagrado nos discursos dos cronistas e na historiografia sobre o “Império” Inca. 2006. Tese (Doutorado em História),Universidade de Brasília, Brasília, 2006. página 59-60.
Observação
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Técnica e ciência na sociedade inca
As técnicas utilizadas pelos incas em suas obras arquitetônicas expressam conhecimentos bastante sofisticados. Uma delas é a técnica de encaixe de blocos de pedras, perfeitamente justapostos, sem o uso de argamassa. A extrema resistência da estrutura das construções incas permitiu que muitas delas sobrevivessem ao tempo, e é possível encontrá-las, ainda hoje, na região andina do Peru.
Os incas empregaram diversas técnicas na criação dos terraços para plantio, na construção de pontes, canais de irrigação e sistemas hidráulicos de canalização de água e esgoto. As dificuldades impostas pelos terrenos íngremes da Cordilheira dos Andes, as baixas temperaturas e a escassez de terras férteis estimularam a busca de alternativas para aumentar as áreas cultiváveis e a produção agrícola.
Além disso, os incas criaram uma rede de estradas. Isso permitiu a integração, a comunicação, a circulação de produtos e a cobrança de tributos nas diversas regiões do vasto império. As estradas, construídas pelos camponeses sob o regime da mita, eram pavimentadas com pedras e, somadas, tinham uma extensão de mais de 23 mil quilômetros, unificando todas as partes do império. Por toda a rede de estradas havia postos instalados para a transmissão de mensagens. Os mensageiros, chamados Tiásquis, levavam as informações de uma localidade para outra.
Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.
Transcrição do áudio
[LOCUTOR 1]: Chasquis: os mensageiros do Império Inca
[LOCUTOR]: No podcast a seguir, Cristiana Bertazoni, especialista em História pré-colombiana, apresenta os chasquis, indivíduos que tinham a função de transmitir informações dentro do Império Inca. Para isso, eles percorriam as estradas e se deslocavam por grandes distâncias. Entendidos como um verdadeiro sistema de correios, os chasquis foram muito importantes para a organização política e social dos incas.
[CRISTIANA BERTAZONI]: O Império Inca, também conhecido como Tawantinsuyu, que na língua quíchua significa as quatro partes juntas, representa uma das maiores civilizações das Américas. Com aproximadamente 4 mil quilômetros quadrados de extensão e com cerca de 10 milhões de habitantes, os incas necessitavam de uma complexa burocracia e de um controle rígido para governar um império com essas dimensões.
Finalmente, pode-se dizer que os chasquis, juntamente com as estradas e com os quipos, eram elementos fundamentais não somente para o bom funcionamento cotidiano do Império Inca, mas também para situações bélicas, quando os incas dependiam desses mensageiros para a manutenção de sua hegemonia na região andina central.
Quipo era um instrumento de escrita inca que registrava dados administrativos importantes ao império, como, por exemplo, censos populacionais, disponibilidade de alimentos e também a situação da economia para as autoridades centrais e locais. Adicionalmente, os quipos também podiam registrar histórias, músicas e biografias de imperadores incas.
Chasquis eram mensageiros que levavam informações e notícias pelos quatro cantos do Império Inca, e chegavam a cobrir distâncias de até 250 quilômetros por dia, graças a excelentes redes de estradas incas. Além de informações, os chasquis também levavam frutos-do-mar frescos da costa peruana até a capital em Cusco, para que os imperadores pudessem desfrutar dessas iguarias.
Entretanto, é importante salientar que um único chasqui não teria condições de percorrer tamanhas distâncias sozinho. Esses mensageiros contavam com um sistema de chasqui wasi, que eram casas construídas ao longo das estradas incas em intervalos que variavam de seis a nove quilômetros de distância entre elas. Ao chegar em uma dessas casas o mensageiro repassava o seu quipo para o chasqui seguinte e assim por diante até a próxima chasqui wasi.
Com um império tão vasto e numeroso, fazia-se necessário um sistema eficiente de comunicação e de circulação de informações que suprisse as demandas de um império sempre em expansão.
Uma das soluções mais interessantes encontradas pelos incas para lidar com esse desafio é representada pelos chasquis.
Um dos exemplos desse controle pode ser observado no sistema redistributivo inca que consistia em um tipo de trabalho compulsório chamado de mita em que trabalhadores prestavam serviços ao império por meio de trabalhos temporários realizados em diferentes localidades. A mita incluía, por exemplo, obras de engenharia civil, como as famosas estradas incas, que percorriam longas distâncias por todo o Tawantinsuyu. Esse excelente sistema de estradas incas, conhecido como Qhapaq Ñan, na língua quíchua, impressiona até os dias de hoje por sua extensão, inclusive em locais de difícil acesso e distantes de Cusco, a capital do Império Inca.
Respostas e comentários
Orientações
Um tema interessante a ser analisado pelos estudantes são as construções da civilização inca, como mátchu pítchu, conhecidas pelo tamanho e pela impressionante tecnologia construtiva, que envolvia o encaixe de grandes blocos de pedras sem nenhum tipo de liga. Essa característica, somada à organização política, social e econômica do Império Inca, mostra que os quéchuas, assim como outros povos pré-colombianos, dominavam conhecimentos sofisticados e construíram uma sociedade complexa. Considerando essas questões, destacamos que o conteúdo do tópico “Técnica e ciência na sociedade inca” possibilita o trabalho com o tema contemporâneo Ciência e Tecnologia.
Observação
O conteúdo apresentado nesta página oferece mais uma oportunidade de trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Texto complementar
A seguir, conheça o relato feito pelo jesuíta espanhol José de Acosta em 1590 sobre as cidades construídas pelos incas.
Os incas construíam fortalezas, templos, caminhos, casas de campo e outros edifícios, com excessivo e cansativo trabalho, como podemos constatar nos dias de hoje, pelas ruínas e vestígios que vemos em Cuzco, Tiarruanaco, Tambo e outras regiões . O trabalho era admirável e espantoso; não usavam nenhum tipo de liga, não conheciam instrumentos de ferro para cortar e trabalhar as pedras, nem máquinas para movimentá-las. Apesar disso, eram de tal maneira polidas que em muitas partes apenas se vê o sinal de junção de uma às outras; algumas pedras são tão grandes que não se acreditaria se não as tivesse visto.
ACOSTA, Joséf de. Historia Natural y Moral de las Indias [1590]. SÃO PAULO. Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª séries. São Paulo: Secretaria de Educação: sêmp, 1980. página 15.
A metalurgia
Os incas foram habilidosos no domínio das técnicas de metalurgia e, por isso, eram considerados os “mestres dos metais”. Seus saberes provavelmente foram difundidos entre outros povos da América.
A metalurgia desenvolvida pelos incas baseava-se principalmente na utilização de ouro, cobre e prata. As ligas metálicas também eram bastante utilizadas, o que exigia grande conhecimento das características físicas e químicas dos metais. Embora não conhecessem o ferro, aprimoraram a mistura de ouro, cobre e prata ao estanho para produzir bronze. Os incas também conheciam a platina, um metal semelhante à prata.
A metalurgia inca tinha função principalmente decorativa e religiosa. As oficinas produziam grandes placas feitas de ouro e prata e incrustadas de pedras preciosas para decorar a parede de templos e palácios. Braceletes, brincos, peitorais e colares eram usados pelos soberanos e pelos nobres como sinal de distinção. Os artesãos produziam, ainda, objetos rituais, como as famosas facas-machados incas.
A astronomia
Os incas tinham profundo conhecimento sobre astronomia. Pelo que se sabe, o ano inca correspondia ao ano solar de 365 dias. Dividia-se em 12 meses lunares, cada um marcando uma série de atividades religiosas realizadas na capital, a cidade de Cuzco, e atividades econômicas nas províncias.
Como o ano solar contava 10,9 dias a mais que o ciclo de 12 meses lunares, os astrônomos incas periodicamente tinham de fazer ajustes no calendário para evitar que essa diferença aumentasse e comprometesse as atividades agrícolas e as cerimônias rituais.
O relógio de sol construído na cidade de mátchu pítchu indicava não só os dias do ano, mas também o início e o fim de cada estação – marcos do calendário agrícola e do calendário religioso inca. Para aquela sociedade, astronomia, religião e agricultura estavam profundamente entrelaçadas.
JONAS, Anne. Contos e lendas de cidades e mundos desaparecidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. Esse livro traz uma coletânea de contos, lendas e mitos relacionados a localidades antigas; entre eles, um conto inca que fala sobre o surgimento do lago Titicaca.
Respostas e comentários
Orientações
Comente com os estudantes que a metalurgia inca constituía um conhecimento complexo que foi sendo aprimorado e transmitido ao longo das gerações. Diversos povos pré-colombianos que habitaram as regiões do Império Inca aprenderam esses saberes e técnicas. Os incas exerceram grande influência cultural nos Andes Centrais. No interior da sociedade incaica, os artesãos eram trabalhadores especializados e tinham grande destaque e prestígio. As peças artesanais de metais eram usadas como objetos rituais e religiosos, além de terem função decorativa que simbolizava o poder das elites. Os artesãos trabalhavam diretamente para o Estado e para o Império Inca, fornecendo peças de luxo que representavam sua riqueza.
Observação
O conteúdo abordado nesta página oferece uma oportunidade para o aprofundamento do trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Sugestões complementares referentes ao Capítulo:
CORTEZ, Patricia Temoche. Breve História dos Incas. Rio de Janeiro: Versal, 2016.
A obra apresenta aspectos dos mais atualizados estudos sobre a civilização inca.
RIOS, Rosana. América Mítica: histórias fantásticas de povos nativos e pré-colombianos. Pôrto Alegre: Besourobox, 2013.
A obra traz diversas histórias, relatos e tradições orais dos antigos povos americanos.
Os quipos
Os incas não desenvolveram um sistema de escrita como os maias e os astecas. Para anotar informações importantes no seu dia a dia, criaram um sistema de registro das informações conhecido como quipo.
Os quipos consistiam em cordões coloridos de variados tamanhos, nos quais se faziam vários nós, indicando quantidades numéricas. A cor, o tamanho dos cordões e a quantidade de nós registravam diferentes valores. Dessa maneira, era possível organizar a produção de alimentos, registrar o número de habitantes do império, o valor dos tributos, a quantidade de pessoas que deviam pagar tributos em cada comunidade ou o volume de produtos que seriam entregues ao Estado. Esse sistema auxiliou, principalmente, o contrôle tributário e administrativo do império.
Povos indígenas no Peru atual
Não é possível estabelecer uma linha de continuidade étnica e política entre os antigos incas e os povos indígenas andinos atuais. Porém, na região andina, algumas marcas de práticas culturais pré-colombianas sobreviveram por meio dos indígenas quéchuas e aimarás, principalmente no Peru e na Bolívia.
O quéchua, antigo idioma dos incas, por exemplo, é uma das línguas oficiais no Peru, com quase 12 milhões de falantes. Além disso, alguns rituais ainda são realizados por comunidades camponesas peruanas, como as oferendas anuais à Pachamama, mãe Terra. Em determinado período do ano, por exemplo, uma alpaca é sacrificada com a finalidade de garantir a fertilidade da terra e boas colheitas.
Respostas e comentários
Orientações
Os incas desenvolveram variados tipos de saberes e técnicas para auxiliar na realização e no contrôle de suas atividades cotidianas. É interessante destacar para os estudantes que, apesar de os incas não terem criado um sistema de escrita, eles conceberam um complexo código de registro de informações, conhecido como quipo. Esse sistema consistia em cordões coloridos nos quais se faziam vários nós. A cor e a quantidade de nós registravam diferentes informações, como a produção de alimentos, o número de habitantes do império e o valor dos tributos. Os quipos são considerados uma das expressões mais importantes dos conhecimentos matemáticos dos povos incas.
Converse com os estudantes sobre a importância dos quipos e como esse sistema era uma fórma de registro relacionada ao contrôle dos impostos e ao abastecimento de produtos que mantinham as elites e o Estado inca. Desta fórma, os quipos cumpriram uma função essencial para a manutenção econômica, social e política do Império Inca.
Observação
O conteúdo desta página possibilita o aprofundamento do trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três.
Texto complementar
O texto a seguir trata do uso dos quipos e do contrôle tributário inca:
Os quipus eram utilizados para contrôle de vários itens do patrimônio incaico, como pecuária (cavalos, alimentos para cavalos e dívidas dos criadores de gado); censo (pessoas trabalhando com pastoreio, a soma de pessoas que constituíam um povoado ( aius), os homens enviados para a guerra, as pessoas tributadas, os moradores de cada aldeia, os de cada província reticências; alimentos (ovos, frango, perdizes, ervas, coca, milho, farinha de batata, óleo,legumes e batatas); economia (tributos, prata, despesas, contribuições das províncias, a riqueza de ouro, o valor das coisas que eles vendiam, as contas dos negócios realizados no império e o que deveria ser pago nessas transações); geografia (terrenos, casas, terras férteis, riquezas da terra, montanhas, campos cultiváveis, minas, metal, sal, medidas terrestres, cidades, províncias e fortalezas); outros bens (vestuário, madeira, contas dos produtores de leite e informações sobre o que era vendido para pessoas de fóra do império).
ximít, Paulo; SANTOS, José Luiz dos. O uso dos quipus como ferramenta de contrôle tributário e de accountability dos incas. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, São Paulo, volume19, número 66, outubro.. 2017. página 618.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
1. Observe a imagem a seguir e responda às questões propostas.
- Identifique os conhecimentos desenvolvidos pelos incas para que fosse possível produzir artefatos desse tipo.
- Explique qual era a principal função da metalurgia inca.
- Nesta Unidade, você pôde observar várias fotografias de locais considerados patrimônios históricos e que são visitados por turistas. A preservação de locais que guardam a memória ou as manifestações culturais de um grupo, de uma cidade ou de um país, como centros históricos, museus, teatros, galerias de arte e outros, abertos à visitação, pode envolver tanto nós, cidadãos, como o poder público. Reúna-se com um colega e façam duas listas: uma com as atitudes que vocês, como cidadãos, podem tomar para preservar locais de visitação (sejam eles reconhecidos como patrimônio histórico ou não); outra com as atitudes que o poder público pode tomar para preservar esses locais.
- É possível afirmar que as condições naturais, climáticas e geográficas influenciaram o desenvolvimento de técnicas pela sociedade inca? Dê exemplos.
- O texto a seguir, escrito em 1590 pelo jesuíta espanhol José de Acosta, descreve alguns aspectos da população do Peru.
Os índios do Peru, antes da vinda dos espanhóis, nenhum gênero de escrita tiveram reticências; nem por isso conservaram menos a memória das suas antiguidades, nem tiveram menos sua conta para todos os negócios de paz e guerra e govêrno, porque na tradição de uns e outros foram muito diligentes, e como coisa sagrada recebiam e guardavam os moços o que seus maiores lhes referiam, e com o mesmo cuidado as ensinavam a seus sucessores. fóra desta diligência, supriam a falta de escrita e letras, parte com pinturas reticências parte, e sobretudo, com quipos.
ACOSTA, José de. História natural e moral das Índias apud FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de história. Lisboa: Plátano, 1976. página 123.
- Como os incas preservavam suas tradições e sua história, uma vez que eles não conheciam a escrita?
- Que outros recursos os incas utilizavam para substituir a escrita?
- Os depoimentos orais são também utilizados pelas sociedades que têm escrita? Justifique.
Respostas e comentários
Seção Atividades
Objeto de conhecimento
• Saberes dos povos africanos e pré-colombianos expressos na cultura material e imaterial.
Habilidade
São trabalhados aspectos relacionados à habilidade:
• ê éfe zero sete agá ih zero três (atividades 1, 2, 3, 4)
Respostas
1. a) Os incas desenvolveram muitos conhecimentos de metalurgia. Eles utilizavam o ouro, o cobre e a prata e também misturavam esses três metais ao estanho para produzir o bronze.
b) A metalurgia inca tinha função principalmente decorativa e religiosa.
2. Incentive a elaboração das listas, fazendo com que os estudantes reflitam sobre as atitudes cidadãs relacionadas à preservação do patrimônio e dos locais importantes para a memória de grupos ou povos (sejam esses locais identificados como patrimônio ou não). A máxima “conhecer para preservar” é algo muito importante a ser citado pelos estudantes, pois é algo que colabora para a criação de uma mentalidade voltada à preservação. Outras atitudes que podem ser citadas: não danificar os locais; respeitar as regras desses locais etcétera. Poder público: garantir que partes do orçamento sejam destinadas à preservação desses locais; criar campanhas públicas que incentivem a visitação desses locais e a sua preservação; criar oficinas e eventos sobre educação patrimonial etcétera.
3. Sim, essas condições favoreceram o desenvolvimento de diversas técnicas pelos incas, como a agricultura em terraceamento, a construção de estradas, de pontes, canais de irrigação e sistemas hidráulicos de canalização de água e esgoto.
4. a) Os incas transmitiam suas tradições e histórias oralmente, dos mais velhos para os mais jovens.
b) Os incas utilizavam a pintura e os quipos.
c) A tradição oral não é um recurso utilizado apenas pelas sociedades ágrafas. A oralidade convive com outros tipos de registros, como documentos escritos e imagéticos. As pessoas podem se utilizar dos relatos e dos registros sonoros ou audiovisuais, por exemplo, para se comunicar e preservar suas memórias.
Ser no mundo
Patrimônio, identidade e preservação no México
Nesta Unidade, você conheceu um pouco da história da cidade asteca de Tenochtitlán. Mas você sabia que outra antiga cidade localizada no atual México é um importante sítio do patrimônio histórico da humanidade? Trata-se da cidade de Teotiuacán. O núcleo original dessa cidade foi construído por uma civilização anterior aos astecas e aos maias. Eram os chamados teotiuacánes, que fundaram a cidade por volta de 100 antes de Cristo O complexo que abriga os antigos edifícios de Teotiuacán é considerado patrimônio histórico da humanidade desde 1987.
Estudos estimam que Teotiuacán abrigou 125 mil moradores no auge de seu desenvolvimento. Por meio de escavações arqueológicas, pesquisadores têm encontrado pirâmides, palácios e quarteirões residenciais.
Até 2022, o México contava com 35 locais reconhecidos como patrimônio histórico da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ( unêsco). Isso faz do México o sétimo país do mundo com a maior quantidade de bens considerados patrimônio histórico da humanidade.
É de extrema importância que os diferentes povos do mundo tenham seus bens culturais identificados e reconhecidos. De modo geral, a identificação dos bens do patrimônio histórico na América Latina é algo recente: ela se iniciou na década de 1980, quando alguns bens culturais foram reconhecidos como patrimônios da humanidade.
Respostas e comentários
Seção Ser no mundo
Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número 3 e número 7, esta seção propicia ao estudante a valorização e fruição de manifestações artísticas e culturais dos povos pré-colombianos, bem como a argumentação com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam a consciência socioambiental, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
O trabalho aqui proposto também possibilita que o estudante desenvolva a Competência Específica do Componente Curricular História número3, de modo que possa: Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e proposições em relação a documentos, interpretações e contextos históricos específicos, recorrendo a diferentes linguagens e mídias, exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos, a cooperação e o respeito.
O conteúdo apresentado tem como objetivo estimular a valorização e o reconhecimento da importância da preservação do patrimônio histórico e material produzido pelos povos da América pré-colombiana. A preservação da memória e dos registros do passado de um povo é fundamental para a construção de sua identidade. Além disso, conhecer a história e as diversas culturas dos povos do mundo é um direito de todos. Por isso podemos considerar as construções de um povo um patrimônio da humanidade.
O conteúdo desta seção possibilita, desse modo, o trabalho com o tema contemporâneo Diversidade cultural.
Objeto de conhecimento
• Saberes dos povos africanos e pré-colombianos expressos na cultura material e imaterial.
Habilidade
ê éfe zero sete agá ih zero três: Identificar aspectos e processos específicos das sociedades africanas e americanas antes da chegada dos europeus, com destaque para as formas de organização social e o desenvolvimento de saberes e técnicas.
Estudiosos brasileiros, ao considerar a importância dos centros históricos nas cidades da América Latina e ao relacioná-los com os bens do patrimônio histórico, afirmaram:
reticências a reabilitação dos centros históricos [na América Latina], além de potencializar a identidade coletiva dos povos e promover a preservação de seus bens culturais – materiais e imateriais –, pode contribuir para o desenvolvimento econômico e social e, ainda, otimizar os custos financeiros e ambientais do desenvolvimento urbano, através do aproveitamento da infraestrutura de áreas centrais e do incremento da indústria turística.
FUNARI, Pedro Paulo; PELEGRINI, Sandra C. A. Patrimônio histórico e cultural. Rio de Janeiro: zarrár, 2006. página 29.
Há também casos positivos de recuperação de centros históricos na América Latina, como o de Quito, no Equador:
O programa de reabilitação do centro histórico de Quito visou a revitalizar as atividades comerciais e os serviços tradicionais, garantindo o acesso da população ao patrimônio edificado. [O programa] contemplou a reabilitação dos edifícios públicos, civis e religiosos, o melhoramento das instalações urbanas e da sinalização das ruas, a construção de cinco estacionamentos para veículos, o incremento de ecovias e do transporte coletivo, e limitou a contaminação ambiental reticências.
FUNARI, Pedro Paulo; PELEGRINI, Sandra C. A. Patrimônio histórico e cultural. Rio de Janeiro: zarrár, 2006. página 29.
- No texto, os autores afirmam que a reabilitação de centros históricos das cidades (a recuperação, para preservação das partes mais antigas de uma cidade) promove a preservação de seus bens culturais, ou seja, de seu patrimônio. Além disso, essa reabilitação fortalece a “identidade coletiva dos povos”. Por quê?
- Observe na fotografia a seguir a placa que fica em frente ao Palácio de Quetsalpapálót, em Teotiuacán. Placas como essa são necessárias em um local como esse? Por quê?
Respostas e comentários
Questões para autoavaliação
Na Unidade três do livro, as questões sugeridas para autoavaliação – e que podem ser utilizadas, a seu critério, para o diagnóstico do grau de aprendizagem dos estudantes – são as seguintes:
1. Como os diversos povos astecas e incas estavam organizados antes da conquista europeia?
2. Quais eram os diversos tipos de conhecimentos, técnicas, costumes e crenças desenvolvidos ao longo do tempo pelas civilizações asteca e inca?
3. Quais documentos e vestígios históricos nos ajudam a conhecer o modo de vida desses povos?
Respostas
1. Os estudantes devem perceber que lidar com a ideia de patrimônio histórico é, acima de tudo, lidar com a ideia de memória. Um local reconhecido como patrimônio (ou mesmo uma manifestação cultural reconhecida como patrimônio imaterial) faz parte da memória de um grupo e, ao ser preservado e disponibilizado como um bem público, ganha visibilidade. Desse modo, ao identificar, conhecer e preservar um patrimônio histórico, estamos guardando e divulgando a memória, a cultura e a história de um grupo. O reconhecimento e a preservação dos elementos produzidos por um povo contribuem para o fortalecimento de sua identidade coletiva.
2. Incentive os estudantes a observarem as duas fotografias reproduzidas nesta seção. A fotografia da cidade de Teotiuacán mostra um grande movimento de visitantes: há pessoas caminhando, pessoas nos degraus da pirâmide e grupos de pessoas contemplando a paisagem. Considerando que aqueles edifícios são extremamente antigos e devem ser preservados, placas informativas como a reproduzida nesta página são necessárias, para garantir que o local não sofra danos.
Glossário
- Ayllu
- Agrupamento de clãs que formavam uma unidade social na organização do Império Inca.
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