UNIDADE cinco A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA
Você estudará nesta Unidade:
A colonização inglesa, espanhola e portuguesa na América
As principais atividades econômicas nas colônias
O trabalho dos indígenas e africanos escravizados
Sociedade colonial – as relações entre diferentes culturas
A administração das colônias
Identidade latino-americana
Respostas e comentários
Apresentação
Esta Unidade, “A colonização da América”, relaciona-se com as seguintes Unidades Temáticas da Bê êne cê cê do 7º ano: A organização do poder e as dinâmicas do mundo colonial americano; O mundo moderno e a conexão entre sociedades africanas, americanas e europeias; Humanismos, Renascimentos e o Novo Mundo; e Lógicas comerciais e mercantis da modernidade.
Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número 1 e número 9, esta Unidade apresenta oportunidades para que o estudante possa valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade. Os conteúdos da Unidade também possibilitam ao estudante o exercício da empatia, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro.
Além disso, de acôrdo com com as Competências Específicas do Componente Curricular História número 1, número 4 e número 5, os conteúdos trabalhados buscam levar os estudantes a: Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo (1), Identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos, culturas e povos com relação a um mesmo contexto histórico (4) e Analisar e compreender o movimento de populações e mercadorias no tempo e no espaço(5).
Objetos de conhecimento trabalhados na Unidade
• A construção da ideia de modernidade e seus impactos na concepção de História.
• A ideia de “Novo Mundo” ante o Mundo Antigo: permanências e rupturas de saberes e práticas na emergência do mundo moderno.
• Reformas religiosas: a cristandade fragmentada.
• As descobertas científicas e a expansão marítima.
• A conquista da América e as f de organização política dos indígenas e europeus: conflitos, dominação e conciliação.
• A estruturação dos vice-reinos nas Américas.
• Resistências indígenas, invasões e expansão na América portuguesa.
• As lógicas mercantis e o domínio europeu sobre os mares e o contraponto Oriental.
• As lógicas internas das sociedades africanas.
• As f de organização das sociedades ameríndias.
• A escravidão moderna e o tráfico de escravizados.
O que você sabe sobre os processos de colonização que se desenvolveram na América? Os habitantes do continente americano têm culturas, costumes, línguas e origens étnicas bastante variados. Essa diversidade revela aspectos dos diferentes processos de colonização que se desenvolveram ao longo do tempo.
As sociedades coloniais das Américas portuguesa e espanhola, por exemplo, diferiram muito das colônias inglesas. Essas últimas se constituíram com certa autonomia em relação à Coroa inglesa. Já nos domínios coloniais tanto da América espanhola quanto da América portuguesa, o contrôle político e econômico metropolitano foi bastante intenso.
Você conhece as características dessas sociedades coloniais? Apesar de os processos de colonização terem se desenvolvido de maneira específica em cada região, podemos dizer que existem semelhanças históricas que identificam os povos da América?
Respostas e comentários
Nesta Unidade
O estudo dos temas desta Unidade permite dar o primeiro passo para conhecer um pouco melhor a história do continente americano. É também uma oportunidade de estabelecer pontos de aproximação e de distanciamento entre as colonizações espanhola, portuguesa e inglesa.
A exploração dos territórios coloniais foi um empreendimento complexo, marcado pela necessidade de adequar a cada realidade a maneira de alcançar os resultados desejados. Assim, os conquistadores europeus criaram fórmas diversas de relacionamento colonial, optando algumas vezes pela diplomacia, outras pelas relações comerciais, ou ainda pelo uso da fôrça militar. O modêlo de ocupação com a instalação de um aparato administrativo e militar permanente controlado pela Coroa, como o verificado em colônias da América portuguesa e espanhola, não foi uma regra e diferenciou-se do modêlo que foi organizado na América inglesa.
CAPÍTULO 11 A COLONIZAÇÃO INGLESA NA AMÉRICA
A descoberta do caminho marítimo para as Índias e a chegada de Colombo à América despertaram o interesse de alguns reinos europeus pelas viagens ultramarinas. Os ingleses, por exemplo, também estavam interessados nas valiosas mercadorias orientais. Por isso, passaram a investir na busca de um caminho marítimo para as Índias, diferente das rótas portuguesa e espanhola.
As regiões ao norte do oceano Atlântico já eram conhecidas por navegadores dinamarqueses e noruegueses e por pescadores e comerciantes de peles de animais desde o século nove. A partir de meados do século quinze, o govêrno da Inglaterra também passou a demonstrar interesse por essa região, patrocinando expedições como a do genovês Dión Québét( cêrca de 1450-1499), que chegou à Terra Nova e à Nova Escócia, no atual Canadá, entre 1497 e 1498. No início do século dezesseis foi a vez dos franceses, que exploraram, em suas expedições, o rio São Lourenço, chegando aonde hoje se localiza a cidade de Montreal, no Canadá.
Ingleses e franceses, ao iniciarem suas viagens oceânicas, encontraram os territórios correspondentes à América Central e à América do Sul, chamados de terras do Novo Mundo, divididos entre Portugal e Espanha. Excluídos da partilha colonial, eles recorreram muitas vezes à pirataria para tirar proveito das riquezas extraídas da América.
Respostas e comentários
Sobre o Capítulo
A colonização no sul da América inglesa assumiu um modêlo semelhante ao das colônias ibéricas, tendo como base o uso de mão de obra escrava e a monocultura de gêneros primários voltada para a exportação. No norte e no centro predominou uma colonização de povoamento. Ainda hoje, as diferenças econômicas e culturais entre o norte e o sul dos Estados Unidos podem ser percebidas. No sul, onde a escravidão africana foi largamente praticada, o preconceito racial ainda é muito forte, o que ajuda a explicar conflitos étnicos que ocorrem até a atualidade naquele país. Outras marcas do período colonial são a tradição de autonomia política dos estados e a predominância dos valores protestantes no país.
Observação
O conteúdo apresentado nesta página oferece uma oportunidade para dar início ao trabalho com as habilidades ê éfe zero sete agá ih zero dois e ê éfe zero sete agá ih um três.
Habilidades trabalhadas ao longo deste Capítulo
ê éfe zero sete agá ih zero um: Explicar o significado de “modernidade” e suas lógicas de inclusão e exclusão, com base em uma concepção europeia.
ê éfe zero sete agá ih zero dois: Identificar conexões e interações entre as sociedades do Novo Mundo, da Europa, da África e da Ásia no contexto das navegações e indicar a complexidade e as interações que ocorrem nos Oceanos Atlântico, Índico e Pacífico.
ê éfe zero sete agá ih zero cinco: Identificar e relacionar as vinculações entre as reformas religiosas e os processos culturais e sociais do período moderno na Europa e na América.
ê éfe zero sete agá ih zero seis: Comparar as navegações no Atlântico e no Pacífico entre os séculos catorzee dezesseis.
ê éfe zero sete agá ih zero oito: Descrever as f de organização das sociedades americanas no tempo da conquista com vistas à compreensão dos mecanismos de alianças, confrontos e resistências.
ê éfe zero sete agá ih zero nove: Analisar os diferentes impactos da conquista europeia da América para as populações ameríndias e identificar as fórmas de resistência.
ê éfe zero sete agá ih um zero: Analisar, com base em documentos históricos, diferentes interpretações sobre as dinâmicas das sociedades americanas no período colonial.
ê éfe zero sete agá ih um três: Caracterizar a ação dos europeus e suas lógicas mercantis visando ao domínio no mundo atlântico.
ê éfe zero sete agá ih um quatro: Descrever as dinâmicas comerciais das sociedades americanas e africanas e analisar suas interações com outras sociedades do Ocidente e do Oriente.
ê éfe zero sete agá ih um seis: Analisar os mecanismos e as dinâmicas de comércio de escravizados em suas diferentes fases, identificando os agentes responsáveis pelo tráfico e as regiões e zonas africanas de procedência dos escravizados.
A fase comercial da exploração da América do Norte
Os piratas que atuavam para a Coroa inglesa recebiam um documento chamado “carta de corso”, que declarava que eles navegavam a serviço do rei. Por isso, eles eram conhecidos como corsários. O alvo principal dos corsários eram as embarcações espanholas que se dirigiam à Europa carregadas de metais preciosos extraídos das colônias americanas. As expedições e as navegações inglesas e francesas no norte da América, durante o século , dezesseis se diferenciaram das espanholas e das portuguesas no continente americano, pois não resultaram em conquistas militares e processos colonizatórios.
Nesse período, o contato dos ingleses e dos franceses com os povos ameríndios era basicamente comercial. Entre os principais produtos comercializados, estavam gêneros alimentícios, peles de animais, objetos de metal e tecidos. Somente no século dezessete, regiões costeiras da América do Norte foram efetivamente ocupadas.
Ingleses, franceses e holandeses na América do Norte (século dezessete)
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 209.
Francis Drêic
Financiado pela rainha Elizabeth primeira, o corsário inglês Francis Drêic partiu, em 1577, rumo às terras americanas. Seguindo a mesma Róta de Fernão de Magalhães, ele e sua tripulação atingiram o oceano Pacífico após assaltar pequenas povoações da costa ocidental da América espanhola e saquear navios ancorados na costa de Lima, no atual Peru. O corsário retornou à Inglaterra em 1581, após realizar a primeira viagem inglesa de circum-navegação, levando toneladas de ouro e prata.
Respostas e comentários
Orientações
Sugerimos iniciar a leitura do texto desta página e depois solicitar aos estudantes que observem o mapa. Eles devem notar a grande área dominada pelos franceses no século dezessete, na atual região do Canadá. Se necessário, apresente um mapa atual do território dos Estados Unidos para que fique mais fácil a identificação das regiões das possessões coloniais inglesas, francesas e holandesas e sua correspondência geográfica no território atual.
Além disso, é interessante destacar que a atividade corsária inglesa visava com frequência saquear as riquezas da Espanha (transferidas de suas colônias da América para a Europa) seguindo a lógica das disputas mercantilistas e políticas entre as nações europeias pela divisão territorial e o contrôle econômico do mundo. É importante salientar que nas viagens realizadas pelos corsários havia cientistas, astrônomos, botânicos e artistas e que elas contribuíram para divulgar o conhecimento geográfico e científico da época, e também para o sucesso das explorações ultramarinas.
Observação
O conteúdo trabalhado nesta página propicia o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete agá ih zero dois, ê éfe zero sete agá ih zero seis e ê éfe zero sete agá ih um três.
A formação das treze colônias
Entre 1584 e 1587, a Coroa inglesa iniciou a tentativa de colonização da América do Norte por meio de expedições organizadas por nobres, com o objetivo de ocupar os territórios encontrados. No entanto, doenças, fome e ataques de grupos nativos levaram essas iniciativas ao fracasso. Diante disso, a Coroa inglesa estabeleceu acordos com companhias comerciais, como a de Londres e a de Plymouth. O govêrno inglês reconhecia o direito dessas companhias às terras que fossem conquistadas e garantia a elas o monopólio do comércio entre a região e a Europa. Em seguida, colonos independentes começaram a migrar, em busca de um novo lugar para viver.
Os primeiros colonos independentes na América do Norte desembarcaram do navio Mayflower e fundaram a cidade de Plymouth, em 1620. Muitos deles eram puritanos (protestantes calvinistas) que fugiam de perseguições religiosas na Europa e ficaram conhecidos como “pais peregrinos” (pilgrim fathers). A crise econômica e a falta de terras para os camponeses na Inglaterra também foram fatores que estimularam a migração de colonos para a América. Depois deles vieram outros, como franceses, holandeses, irlandeses e alemães, que formaram as treze colônias da América do Norte.
A esperança de melhores condições de vida na América do Norte parecia estimular a ideia de criar um “novo mundo”. Por isso, em muitos dos nomes dados às colônias, aparece a palavra “novo” ou “nova”, como Nova Inglaterra, Nova França, Novos Países Baixos ou Nova Holanda e Nova Amsterdã (atual Nova York).
Servos temporários
Trabalhadores ingleses compunham parte dos que migraram para a América do Norte. Em geral, eram pessoas pobres que aceitavam trabalhar nas novas terras sem remuneração, em troca do pagamento das despesas de viagem, na condição de servos temporários. Geralmente, depois de sete anos, os servos ficavam livres para estabelecer seu próprio negócio.
Ler a pintura
• Em seu diário de bordo, o líder puritano escreveu que, ao chegar à América, os puritanos fundariam uma colônia para a “glória de Deus”. Que elementos desta pintura representam esse projeto? Uílham Brédford
Respostas e comentários
Orientações
O estudo desta página propicia aos estudantes uma reflexão sobre a ideia de que um “Novo Mundo” estava sendo construído e de que os colonos ingleses, os puritanos que fugiram das perseguições religiosas em sua nação de origem, seriam predestinados por Deus a fundar uma colônia na terra desconhecida, onde seus ideais religiosos e políticos seriam concretizados. Esses primeiros colonos ficaram conhecidos como “pais peregrinos”, cuja imagem está relacionada aos mitos de fundação do futuro país, os Estados Unidos.
É interessante também preparar os estudantes para o estudo da página seguinte, perguntando a eles se a ideia de um “Novo Mundo” correspondia à realidade, já que as terras do continente americano eram habitadas há milhares de anos por povos nativos, embora os europeus desconhecessem até então esses territórios e essas culturas.
Observação
Estabelecer relações entre a colonização da América inglesa e as reformas religiosas possibilita aos estudantes que desenvolvam a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero cinco. Além disso, com o estudo do período inicial da colonização inglesa na América, é possível orientar os estudantes para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero oito. Por fim, o trabalho de observação da imagem possibilita o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih um zero.
Resposta
Ler a pintura: A posição de alguns passageiros, que parecem representar o grupo puritano, é de prece e agradecimento a Deus. Eles retiram os chapéus da cabeça, em sinal de obediência, se ajoelham e oram com a cabeça voltada para o chão; outros olham para o alto, como que se dirigindo aos céus. Um deles está com um livro aberto, que parece representar a Bíblia, ato que simboliza o compromisso do grupo com a palavra de Deus.
Relação entre indígenas e colonos
Conta a tradição que, após chegarem à América no Mayflower e fundarem a colônia de Plymouth, no atual estado de Massachusetts, os colonos enfrentaram um terrível inverno e muitos morreram de fome e frio. Porém, com a ajuda de indígenas Uampanôag, que lhes forneceram alimentos e sementes de milho para o cultivo, os colonos teriam sobrevivido. Essa história é lembrada até hoje e celebrada em uma das principais festas nacionais do país: o Dia de Ação de Graças.
O fato é que, apesar desse episódio, as relações entre colonos e indígenas foram muito conflituosas. De norte a sul, os ingleses invadiram os territórios habitados pelos indígenas, que reagiram com ataques ou guerras. A população nativa diminuiu de fórma drástica, caindo de 10 milhões de pessoas, no começo do século dezesseis, para 600 mil indivíduos no final do século dezoito.
Diferentemente do que ocorria nas colônias espanholas e portuguesa na América, os protestantes ingleses não promoveram a evangelização sistemática dos povos indígenas. O resultado desse modêlo de colonização foi a formação de uma sociedade com quase nenhuma integração entre ameríndios e brancos.
Lugar e cultura
Dia de Ação de Graças
- O Dia de Ação de Graças é comemorado anualmente nos Estados Unidos na quarta quinta-feira do mês de novembro. No dia seguinte, acontece a famosa Black Friday. Você sabe o que é?
- Que recursos foram utilizados na história em quadrinhos para apresentar com humor uma visão crítica da comemoração do Dia de Ação de Graças? Explique.
Respostas e comentários
Orientações
Estimule a análise crítica dos estudantes a respeito do projeto de um “Novo Mundo” para que eles compreendam como essa concepção era eurocêntrica e desconsiderou a história dos povos não europeus e dos indígenas.
Respostas
1. Black Fridayé a sexta-feira seguinte ao Dia de Ação de Graças. É um dia de grandes promoções nos Estados Unidos. Recentemente, a prática chegou ao Brasil e tem levado muitos consumidores à procura de produtos mais baratos. Sugerimos, se necessário, propor aos estudantes uma pesquisa sobre o tema. Para isso, eles podem utilizar a internet, sob sua supervisão. Caso seja realizada, a pesquisa proposta nesta atividade trabalha com análise de mídias sociais.
2. Na história em quadrinhos, os personagens ironizam, com certa nostalgia, o esvaziamento do significado do Dia de Ação de Graças. O evento tradicionalmente é comemorado no país com desfiles, jogos de futebol e jantares familiares, acompanhados de orações de agradecimento a Deus, no caso das famílias religiosas, ou simplesmente como uma ocasião especial para reunir parentes e amigos em um ambiente de fraternidade e carinho. Contudo, em uma sociedade cada vez mais voltada para o consumo, o Dia de Ação de Graças se transformou na data que antecede a Black Friday. Perceba que, na tira de baixo, os personagens que ficaram sozinhos no jantar representam os indígenas; os consumistas, que abandonaram o jantar, representam a cultura ocidental.
Observação
As discussões desta página possibilitam relacionar o projeto de construção de um “Novo Mundo” com a ideia de modernidade, de conquista territorial, de colonização e dominação dos povos nativos, propiciando assim o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero sete agá ih zero um, ê éfe zero sete agá ih zero oito e ê éfe zero sete agá ih zero nove.
As colônias do norte e do centro e as colônias do sul
Com base nos tipos de atividade econômica que foram desenvolvidos e na estrutura social que se formou, as treze colônias podem ser agrupadas em colônias do norte e do centro e em colônias do sul.
O clima do norte e do centro, com invernos rigorosos, dificultou o cultivo de produtos tropicais e semitropicais, valorizados no comércio internacional. Interessados em praticar uma atividade rentável na região, os colonos desenvolveram, desde cedo, o comércio, as manufaturas e a pesca.
Nas colônias do norte, chamadas de Nova Inglaterra, predominava uma economia agrícola voltada ao mercado interno e praticada em pequenas propriedades pela própria família, com mão de obra livre e, em alguns casos, com a presença de servos temporários. Além disso, os colonos fabricavam navios, que eram usados no comércio marítimo e na atividade pesqueira. Embora pouco numerosos, havia africanos e indígenas escravizados nas colônias do norte e do centro.
Nas colônias do sul, o clima mais ameno possibilitava o cultivo de produtos agrícolas valorizados no mercado europeu, como o tabaco e o algodão. A atividade agrícola era realizada em grandes propriedades monocultoras, com o predomínio de trabalhadores africanos escravizados. Essa produção era vendida, sobretudo, para a Europa, por meio das companhias inglesas de comércio.
As treze colônias inglesas (séculos XVII-XVIII)
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Fundação de Assistência ao Estudante. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: fei , 1991. página 62.
O NOVO mundo. Direção: . Estados Unidos, 2005. Duração: 136 Térence Mélic minutosNo filme, um oficial inglês chega, em 1607, às terras dos atuais Estados Unidos e se apaixona pela filha de um grande líder indígena.
Respostas e comentários
Orientações
A colonização no sul da América inglesa tinha como base o uso de mão de obra escrava e a monocultura de gêneros primários voltados para a exportação. Nas colônias do norte e do centro, predominou uma colonização de povoamento.
Comente que, no norte, o ponto de partida da colonização foi Plymouth, origem da futura colônia de Massachusetts. Depois, os colonos se estabeleceram ao longo do Rio Connecticut (1633) e fundaram New Haven (1640). Apesar de terem sido vítimas da intolerância religiosa na Inglaterra, os puritanos também foram extremamente intolerantes com os não puritanos na nova terra. Por isso, muitas pessoas migraram mais para o norte, fundando novas colônias, como Rhode Island (1636) e Hampshire (1638).
No centro, colonos fundaram Pensilvânia, Nova Jersey e Delaware, as últimas colônias a surgir na região; veja o mapa “As trezes colônias inglesas (séculos dezessete- dezoito)”. Em 1664, os colonos ingleses se apossaram da colônia holandesa de Nova Amsterdã e lhe deram o nome de Nova York.
Para a Inglaterra, as terras mais interessantes se localizavam no sul. Virgínia (fundada em 1607), Maryland (1632), Carolina do Norte e Carolina do Sul (1663) e, finalmente, Geórgia (1733) situavam-se em áreas de clima menos frio, que favorecia o cultivo de artigos tropicais ou subtropicais, os quais abasteciam o mercado europeu.
Observação
O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero oito. Além disso, é interessante observar que esse também é um momento propício para o trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero dois.
A autonomia das treze colônias
Apesar das distinções entre as colônias do norte e do centro e as colônias do sul, as treze colônias tinham muitos elementos em comum: o predomínio do protestantismo, a ausência de um comando político centralizado, a independência de cada uma delas e a razoável liberdade em relação à Coroa inglesa. Mesmo devendo obediência ao Estado inglês, dispunham de relativa autonomia na sua organização interna e nas decisões políticas.
A organização política atual dos Estados Unidos reflete, de certa fórma, a independência das treze colônias. Os 50 estados que formam o país têm autonomia para adaptar as determinações da Constituição à sua própria realidade e apresentam diferenças em alguns dispositivos legais; por isso, alguns estados admitem, por exemplo, a pena de morte e outros não; há também uma variação da maioridade penal entre 16 e 18 anos.
O comércio triangular
Os colonos ingleses exportavam gado, peixes, madeira e alimentos para as ilhas do Caribe. Lá, eles obtinham açúcar e melaço, que eram utilizados para o consumo local e principalmente para a fabricação de rum. A bebida era usada como moeda de troca na compra de pessoas escravizadas na África, que depois eram revendidas sobretudo no Caribe e nas grandes propriedades das colônias sulistas. Os colonos ingleses também aproveitavam os artigos obtidos no Caribe para adquirir tecidos e ferramentas produzidos na Inglaterra. Esse sistema ficou conhecido como comércio triangular e possibilitou a integração entre as treze colônias, e entre elas e a metrópole inglesa.
Os lucros do comércio triangular propiciaram o desenvolvimento das manufaturas nas colônias do norte e do centro e favoreceram o surgimento de uma rica burguesia mercantil na América.
O comércio triangular (séculos dezessete- dezoito)
Fonte: NARO, Nénci Priscilla S. A formação dos Estados Unidos. São Paulo: Atual; Campinas: unicâmpi, 1987. página15.
Respostas e comentários
Orientações
Comente com os estudantes que o pequeno contrôle exercido pela Coroa Inglesa sobre as colônias do norte e do centro foi um fator que possibilitou que elas desenvolvessem uma poderosa marinha mercante, construíssem grandes veleiros e pesqueiros e participassem do comércio mundial. Dessa fórma, o chamado comércio triangular pôde ser organizado, ligando as Américas e a África por meio do lucrativo comércio de pessoas escravizadas. Nas Antilhas, os colonos ingleses obtinham melaço para a produção de rum, que era trocado por escravizados na África, que por sua vez, eram vendidos nas colônias do sul e nas Antilhas.
Tanto nas colônias do norte e do centro quanto nas do sul, a administração não era controlada diretamente pela monarquia britânica. As companhias de comércio gozavam de razoável autonomia, o que lhes possibilitou negociar com outras partes da América sem a interferência da metrópole. Ao longo do trabalho com os conteúdos das páginas 130 e 131, peça aos estudantes que reflitam sobre as diferenças entre as colônias do norte-centro e as colônias do sul da América inglesa.
Sobre o comércio triangular, é interessante destacar que as colônias inglesas da América também adquiriam produtos originários da Ásia. Em geral, essas relações eram estabelecidas indiretamente, com as reexportações (principalmente de chá) praticadas pela Inglaterra em suas colônias.
Observação
O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih um quatro.
A presença de pessoas escravizadas
O comércio de pessoas escravizadas foi praticado nas treze colônias inglesas de maneira distinta em cada uma das regiões. O sul absorvia a maior parte dessa mão de obra, que chegou a totalizar cêrca de setecentas e cinquenta mil pessoas no final do século dezoito, a maioria originária da África Ocidental, principalmente de Angola e Guiné.
Gustavo Vassa (1745-1797), nascido no reino do Benin, escravizado e levado para os Estados Unidos (onde foi batizado com nome cristão), descreveu, em 1794, a fórma como os sobreviventes da travessia do oceano eram leiloados nos mercados da América.
Conduziram-nos imediatamente ao pátio reticências como ovelhas em redil, sem olharem para idade ou sexo. Como tudo me era novo, tudo o que vinha causava-me assombro. Não sabia o que diziam, e pensei que esta gente estava verdadeiramente cheia de mágicas reticências A um sinal de tambor, os compradores corriam ao pátio onde estavam presos os escravos e escolhiam o lote que mais lhes agradava. O ruído e o clamor com que se fazia isso e a ansiedade visível nos rostos dos compradores serviam para aumentar muito o terror dos africanos reticências Dessa maneira, sem escrúpulos, eram separados parentes e amigos, a maioria para nunca mais voltarem a se ver.
KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século vinte e um. São Paulo: Contexto, 2008. página 63.
Em todas as colônias, a integração social e a mestiçagem dos africanos escravizados com os colonos brancos foram muito pequenas. No entanto, apesar de as culturas africanas terem sido intensamente reprimidas, os escravizados encontraram diversas maneiras de preservá-las e de resistir à escravidão, como por meio das fugas, da sabotagem da produção e dos equipamentos e das rebeliões.
Respostas e comentários
Orientações
As diferenças entre as treze colônias inglesas na América possibilitam uma reflexão sobre o mundo do trabalho e a escravidão moderna. Em uma área de interesse econômico para a Coroa inglesa, como as colônias do sul, desenvolveu-se um sistema de trabalho baseado na escravidão. Nas áreas de menor interesse, como no centro e no norte da América inglesa, desenvolveu-se o trabalho livre.
Atividade complementar
Proponha que a turma se organize em grupos e pesquise notícias em jornais e revistas, impressos ou na internet que tratem de casos recentes de racismo nos Estados Unidos. Os atos de violência e assassinatos cometidos contra jovens negros naquele país vêm crescendo nos últimos anos. As raízes profundas do racismo surgiram com a prática do escravismo moderno promovido pelas nações europeias em suas colônias americanas. Por fim, em uma roda de conversa, os estudantes podem debater algumas questões e apresentar os resultados encontrados. A atividade de pesquisa proposta nesta atividade trabalha com análise de mídias sociais e observação, tomada de nota e construção de relatórios.
Observação
O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete agá ih um quatro e ê éfe zero sete agá ih um seis.
Sugestões complementares referentes ao Capítulo:
O sul mais distante: os Estados Unidos, o Brasil e o tráfico de escravos africanos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
Com base em pesquisas realizadas em arquivos de diversos países, Diérald Rórni analisa as percepções que os ideólogos da escravidão no Sul dos Estados Unidos tinham a respeito do Brasil (o “Sul mais distante”).
Rafael, Rei. Mitos sobre a fundação dos Estados Unidos. São Paulo: Civilização Brasileira, 2006.
Nesta obra, o autor procura desconstruir alguns mitos a respeito da fundação da nação estadunidense.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
- Quais eram as principais atividades econômicas desenvolvidas nas colônias do norte e centro e nas colônias do sul?
- Observe o mapa a seguir. Ele representa as viagens de circum-navegação realizadas por Fernão de Magalhães a serviço da Coroa espanhola e, anos depois, pelo corsário Francis Drêic a serviço da Coroa inglesa.
VIAGENS DE CIRCUM-NAVEGAÇÃO
Fonte: insaiclopidia britânica. Disponível em: https://oeds.link/1AQUcI. Acesso em: 27 janeiro 2022.
- Compare os trajetos realizados por Fernão de Magalhães e por Francis Drêic. Qual a principal diferença entre as rótas percorridas por eles?
- Qual seria a intenção das coroas que financiaram essas viagens de circum-navegação?
3. Observe e compare as imagens a seguir. Depois responda às questões.
- Como os colonos parecem se relacionar com os indígenas em cada uma das imagens?
- Elabore uma hipótese para explicar as diferentes visões do encontro de indígenas e colonos representadas nas imagens.
Respostas e comentários
Seção Atividades
Objetos de conhecimento
• A estruturação dos vice-reinos nas Américas.
• Resistências indígenas, invasões e expansão na América portuguesa.
• As lógicas mercantis e o domínio europeu sobre os mares e o contraponto Oriental.
• A escravidão moderna e o tráfico de escravizados.
Habilidades
São trabalhados aspectos relacionados às habilidades:
• ê éfe zero sete agá ih zero um (atividade 3)
• ê éfe zero sete agá ih zero dois (atividade 2)
• ê éfe zero sete agá ih zero cinco (atividade 3)
• ê éfe zero sete agá ih zero seis (atividade 2)
• ê éfe zero sete agá ih zero oito (atividades 1, 3)
• ê éfe zero sete agá ih zero nove (atividade 3)
• ê éfe zero sete agá ih um zero (atividade 2)
• ê éfe zero sete agá ih um três (atividade 3)
• ê éfe zero sete agá ih um quatro (atividades 1, 3)
Respostas
1. A economia das colônias do norte e do centro voltava-se para a policultura agrícola em pequenas propriedades, para a pesca, para as manufaturas e para o comércio interno e o marítimo. As colônias do sul, por sua vez, realizavam atividades agrícolas em grandes propriedades monocultoras, com a utilização predominante de mão de obra escrava.
2. a) Fernão de Magalhães realizou a viagem de circum-navegação pelos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. Francis Drêic também completou uma viagem de circum-navegação pelo globo. Contudo, este, por ser corsário, chegou a assaltar pequenas povoações da costa ocidental da América espanhola e saquear navios ancorados na costa de Lima, no atual Peru.
b) A intenção das coroas ao financiar essas viagens era procurar obter o maior número de informações sobre as “novas terras”, realizar saques e assaltos (no caso dos corsários) e procurar dominar territórios na América.
3. a) A primeira imagem mostra uma representação do primeiro Dia de Ação de Graças nas colônias inglesas na América, em 1621. Já a segunda imagem traz uma representação de uma visita de uma liderança indígena ao assentamento dos primeiros colonos. Na segunda imagem, os colonos parecem sentir temor em relação ao indígena. Na primeira imagem, os colonos e os indígenas foram representados em convivência pacífica.
b) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a destacarem as diferentes visões sobre o contato entre colonizadores e indígenas nas duas imagens e a desenvolverem a argumentação para sustentar suas hipóteses. Eles podem afirmar, por exemplo, que em uma das imagens há uma idealização do encontro entre indígenas e colonos no Dia de Ação de Graças. Podem destacar que na outra imagem há um estranhamento provocado pela figura do indígena nos colonos. É importante que eles reflitam sobre as tensões e contradições no encontro entre indígenas e colonos, que permearam a história dos Estados Unidos, e que percebam as imagens como representações.
CAPÍTULO 12 A COLONIZAÇÃO ESPANHOLA NA AMÉRICA
Os conquistadores espanhóis se lançaram com avidez sobre as riquezas encontradas nas terras americanas. Para garantir seus ganhos, a Coroa espanhola precisava organizar a exploração econômica da região. Assim, um complexo sistema administrativo foi criado com a finalidade de incorporar a América, política e economicamente, ao nascente Império Espanhol.
Após a queda dos principais impérios indígenas pré-colombianos, a Coroa espanhola inseriu representantes na administração colonial, visando consolidar a conquista e garantir a exploração econômica dos territórios. A América espanhola foi dividida administrativamente em vice-reinos, ao mesmo tempo que algumas instituições foram criadas para exercer o contrôle político e econômico no território, atendendo aos interesses da política mercantilista do govêrno espanhol.
Respostas e comentários
Sobre o Capítulo
Com base no estudo deste Capítulo, os estudantes vão perceber que a exploração da mão de obra indígena na América hispânica foi muito mais intensa se comparada com o que aconteceu na América portuguesa ou nas colônias inglesas. Estabelecer semelhanças e diferenças entre a relação dos colonos com os indígenas nas colônias espanhola, portuguesa e inglesa é um bom caminho para entendermos como os povos indígenas foram inseridos, ou não, nas sociedades coloniais. Os interesses mercantilistas das monarquias europeias contribuíram para dizimar grande parte dos povos indígenas que viviam na América espanhola. Ali, a mineração foi a principal atividade econômica. Na América hispânica também se instalaram fazendas produtoras de gêneros tropicais e de gado. Procure incentivar os estudantes a reconhecer quais teriam sido, ao longo do tempo, as estratégias praticadas pelos indígenas para sobrevivência, resistência e adaptação à dominação espanhola e à sociedade colonial.
Observação
O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete agá ih zero um, ê éfe zero sete agá ih zero oito e ê éfe zero sete agá ih zero nove.
Habilidades trabalhadas ao longo deste Capítulo
ê éfe zero sete agá ih zero um: Explicar o significado de “modernidade” e suas lógicas de inclusão e exclusão, com base em uma concepção europeia.
ê éfe zero sete agá ih zero oito: Descrever as fórmas de organização das sociedades americanas no tempo da conquista com vistas à compreensão dos mecanismos de alianças, confrontos e resistências.
ê éfe zero sete agá ih zero nove: Analisar os diferentes impactos da conquista europeia da América para as populações ameríndias e identificar as fórmas de resistência.
ê éfe zero sete agá ih um zero: Analisar, com base em documentos históricos, diferentes interpretações sobre as dinâmicas das sociedades americanas no período colonial.
ê éfe zero sete agá ih um quatro: Descrever as dinâmicas comerciais das sociedades americanas e africanas e analisar suas interações com outras sociedades do Ocidente e do Oriente.
ê éfe zero sete agá ih um seis: Analisar os mecanismos e as dinâmicas de comércio de escravizados em suas diferentes fases, identificando os agentes responsáveis pelo tráfico e as regiões e zonas africanas de procedência dos escravizados.
A administração colonial
Antes de iniciar a exploração da parte continental da América, a Coroa espanhola criou, em 1503, o primeiro órgão encarregado de administrar, da Espanha, as colônias americanas: a Casa de Contratação. A instituição regulamentava a administração colonial, nomeava os funcionários e fiscalizava a coleta do quinto, imposto cobrado pela Coroa que recaía sobre a mineração e as transações comerciais da colônia. Encarregava-se também de garantir o monopólio do comércio colonial fiscalizando os navios que partiam das colônias e chegavam ao reino espanhol.
Em 1524, após a queda do Império Asteca, foi criado o Conselho das Índias, órgão encarregado de tomar as decisões relativas às colônias. Suas reuniões podiam ser lideradas pelo próprio rei, que indicava pessoas de sua mais alta confiança para os principais cargos do conselho.
Depois, para facilitar ainda mais o contrôle administrativo da colônia pela metrópole, a América espanhola foi dividida em vice-reinos. O Vice-Reino da Nova Espanha foi o primeiro a ser criado, em 1535, seguido pelo Vice-Reino do Peru, em 1543, e pelos demais vice-reinos. Os vice-reis eram membros da nobreza ou da burguesia espanhola. Na América, eles representavam o rei, portanto eram as mais altas autoridades coloniais. Os vice-reis cuidavam dos assuntos administrativos, militares e religiosos. Eles ainda presidiam as audiências, nas quais exerciam o papel de autoridade judicial.
Outro órgão muito importante era o cabildo. Espécie de conselho municipal, os cabildos tratavam de vários assuntos, como segurança, abastecimento e uso dos espaços públicos.
A América espanhola (século dezoito)
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí jórj. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. página 239; VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. página 95.
Respostas e comentários
Orientações
Desde o início da colonização, a estrutura administrativa da América espanhola expunha com clareza a rigidez do modêlo colonial espanhol, ao criar diversos órgãos e divisões administrativas que possibilitavam maior contrôle e rentabilidade na exploração colonial. Ao trabalhar com os conteúdos desta página, é recomendável chamar a atenção dos estudantes para a organização da estrutura administrativa e da sociedade colonial na América espanhola, e ressaltar que essa organização passou por diversas transformações ao longo dos séculos de colonização. Além disso, as complexas relações no interior da sociedade colonial constituem um tema relevante que deve ser ressaltado durante todo o estudo do Capítulo. Desse modo, o estudante pode refletir sobre os diversos aspectos envolvidos nos confrontos e nas conciliações entre colonos e colonizados.
Observação
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As principais atividades econômicas
Entre as atividades econômicas desenvolvidas nas colônias americanas, a mineração da prata, a partir de 1540, foi a que gerou mais lucros à Coroa espanhola. A atividade mineradora impulsionou outros empreendimentos, como a extração de carvão e a criação de mulas, que serviam como transporte. A produção de tabaco, cana-de-açúcar, anil e algodão, por sua vez, visava abastecer o mercado europeu.
A pecuária e a produção de gêneros alimentícios também tiveram papel importante na economia interna da América espanhola. Entre os principais alimentos cultivados estavam o milho e a batata.
O comércio da seda, trazida das Filipinas através do oceano Pacífico, foi outra atividade lucrativa, mas foi proibida pelo govêrno espanhol por escapar ao seu contrôle tributário. O negócio enriqueceu muitos membros das elites comerciais e mostrou uma face da economia colonial: o comércio interno e o contrabando.
A produção de açúcar também foi uma atividade muito rentável. A cana começou a ser cultivada na Nova Espanha (onde hoje se situa o México), mas o principal centro produtor de açúcar foram as ilhas do Caribe (Cuba e Hispaniola). Com o uso de africanos escravizados e de grandes propriedades agrícolas, a partir do século dezessete, a região se especializou na produção de açúcar, melaço e rum para a exportação.
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Orientações
É interessante observar que os colonizadores europeus demoraram certo tempo para conseguir encontrar metais preciosos e iniciar as explorações mercantis em suas colônias americanas. Os espanhóis foram os que mais cedo encontraram essa fonte de riqueza na América. A constatação de que nos territórios que hoje correspondem ao México e ao Peru havia grandes minas estimulou a cobiça dos europeus. Em 1545, foram encontradas grandes minas de prata em Potosí, no Peru; no ano seguinte, os espanhóis encontraram prata em Zacatecas e Guanarruáto, no México. Das minas, os metais saíam no lombo de mulas rumo aos portos. Pelos mesmos caminhos chegavam os alimentos plantados em outras partes dos vice-reinos, voltados ao mercado interno. Nos chamados obrárres (oficinas têxteis), também se produziam tecidos que concorriam com panos importados.
Devemos salientar, no entanto, que as exportações da América espanhola não se restringiram aos metais preciosos. Desenvolveram-se também atividades como a criação de gado e o cultivo de produtos tropicais, como tabaco, cana-de-açúcar, algodão, anil e cacau. Toda essa produção visava abastecer o mercado europeu.
Observação
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Orientações
Até meados do século dezessete, o açúcar procedente da América portuguesa abasteceu a maior parte do mercado europeu. Contudo, as guerras para expulsar os holandeses que haviam invadido o Nordeste açucareiro em 1624 desestruturaram as fazendas, e as ilhas do Caribe passaram a ter maior importância na produção açucareira mundial.
Foi nesse mesmo período que guerras na Europa obrigaram a Coroa espanhola a assinar tratados abrindo mão do contrôle sobre várias ilhas caribenhas. Como a atividade mineradora era muito mais lucrativa, foi somente no século dezoito, e mais ainda no século dezenove, que o açúcar tornou-se de fato importante para o comércio espanhol.
A mão de obra indígena
Na maior parte da América espanhola, as populações ameríndias foram usadas como a mão de obra predominante, ou como trabalhadores livres, compulsórios, ou escravizados. A encomienda e a mita eram as principais fórmas de exploração do trabalho indígena.
A encomienda era uma instituição jurídica comum nas terras do Vice-Reino da Nova Espanha. Por meio dela, os encomenderos cobravam tributos de um certo número de indígenas, que trabalhavam na agricultura e nas minas. Além disso, os encomenderos eram encarregados de catequizar os indígenas. O regime de encomiênda rendia altos tributos ao govêrno da Espanha, chegando a totalizar 20% de toda a receita da Coroa.
A mita, por sua vez, era uma instituição de origem inca adaptada pelos espanhóis em suas colônias. Por meio dela, os colonizadores encarregavam os chefes indígenas de selecionar, nas comunidades, pessoas que deveriam ser encaminhadas ao trabalho, principalmente nas minas, onde permaneciam por quatro meses. Os indígenas recrutados recebiam um pagamento e só podiam se ausentar do trabalho mediante autorização.
, defou . Robinson Crusoé. São Paulo: Scipione, 2019. Publicado originalmente em 1719, o livro aborda as aventuras de um náufrago que passa segunda edição cêrca de 28 anos em uma ilha deserta próxima à costa da atual Venezuela.
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Orientações
Explique para os estudantes que os espanhóis aproveitaram os conhecimentos dos indígenas no campo da mineração e da agricultura e adaptaram fórmas de trabalho já existentes na sociedade inca (caso da mita). A partir de meados do século dezesseis, a Coroa espanhola decidiu substituir os encomenderos por corregedores, devido aos excessos praticados contra a população indígena. Os corregedores passaram a receber o tributo indígena. Ao mesmo tempo, atendendo às queixas dos nativos, estabeleceram-se côrtes de Justiça especiais e magistrados para defender os indígenas.
A relação entre indígenas e europeus trabalhada nesta Unidade é uma boa oportunidade para discutir questões relacionadas ao respeito ao próximo. A imposição de valores, tal como fizeram os europeus nos séculos quinze e dezesseis ao conquistarem a América, não é uma prática desconhecida em nosso tempo e, por isso, merece reflexão.
Observação
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Orientações
No caso do México, do Peru e da Bolívia, onde a população indígena era numerosa, os africanos escravizados, minoritários, trabalhavam como capatazes nas minas de prata ou como ajudantes de espanhóis ricos. Nas ilhas e nas zonas costeiras do Caribe, os escravos de origem africana trabalhavam na produção de açúcar.
Documento
O trabalho nas minas de prata
José de Acosta (1540-1600) foi um padre jesuíta que viveu no atual Peru de 1571 a 1587. Leia, no texto a seguir, como ele descreve o trabalho nas minas de prata de Potosí.
Lá dentro é perpétua a escuridão, sem saber quando é dia ou noite pois são lugares nunca visitados pelo Sol, não somente há perpétuas sombras como também muito frio e um ar muito grosso e impróprio para a natureza humana. E assim se sucede enjoar, quando entra pela primeira vez, como a mim aconteceu reticências. Trabalham com velas reticências, repartindo o trabalho, de modo que uns lavram de dia e descansam à noite e, outros, o contrário reticências. O metal é duro, sendo comum retirá-lo a golpe de barretes reticências. Depois sobem com ele às costas, por escadas de couro de vaca retorcido , reticências retira um homem uma carga de duas arrobas e ata a sua manta no peito reticências subindo muitas vezes 250 metros.
ACOSTA, José de. Historia natural y moral de las Índias. In: PRODANOV, Cleber C. Cultura e sociedade mineradora: Potosí, 1569-1670. São Paulo: Annablume, 2002. página 48.
• Observe a imagem a seguir. Que relações podemos estabelecer entre a gravura de e o relato de José de Acosta?
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Orientações
Mesmo correndo grande risco, os indígenas resistiram de inúmeras fórmas à exploração no trabalho nas minas de ouro e prata: fugiam, danificavam estruturas dos túneis e contrabandeavam minério e mercúrio. As dificuldades extremas fizeram com que o trabalho na mineração fosse realizado praticamente apenas por nativos. Os escravizados africanos tinham dificuldades de adaptação ao clima e à altitude; por isso, pelo menos na área da mineração, seu trabalho ficou limitado a tarefas nas casas dos espanhóis e na fabricação de moedas.
A prata americana chegava à Espanha através do Pôrto de Sevilha, onde era registrada na Casa de Contratação. Em seguida, o produto era taxado e um quinto ia para os cofres da Coroa espanhola. Da Espanha, a prata americana se dispersou pela Europa e pela Ásia. Contudo, uma parcela significativa do metal ficou na América. Apesar de proibidos pela Espanha, Peru e México faziam comércio entre si. Outra parte circulava nas colônias inglesas e no Brasil.
Resposta
Tanto a gravura quanto o relato tratam do trabalho nas minas de ouro e prata. Ambos expõem a dificuldade daquele cotidiano, retratando a escuridão, o sofrimento dos trabalhadores e os esforços necessários para a exploração do metal. Além das longas jornadas de trabalho e dos acidentes, os indígenas conviviam com temperaturas extremas, umidade, escuridão e pouco oxigênio, e com o risco de contrair doenças pulmonares resultantes da inalação de impurezas. Na tentativa de amenizar os sofrimentos, eles consumiam bebidas alcoólicas e mascavam folhas de coca. Essas folhas (já consumidas pelos incas, mas apenas em rituais religiosos) funcionavam como um estimulante natural, diminuindo a fome, o sono e o cansaço.
Observação
O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete agá ih zero oito e ê éfe zero sete agá ih zero nove. Além disso, é interessante observar que esse também é um momento propício para o trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih um zero.
A sociedade colonial
A sociedade colonial era bastante diversificada, e cada vice-reino desenvolveu um tipo de economia. No Vice-Reino da Nova Espanha e no Vice-Reino do Peru, por exemplo, havia grandes minas de ouro e prata e a mineração tornou-se a principal atividade. As ilhas do Caribe, por outro lado, concentraram a produção açucareira. Apesar dessas diferenças, cinco grupos sociais compunham a América espanhola:
- espanhóis: conhecidos como chapetones, ocupavam os postos públicos mais destacados, como a Igreja e o Exército, além de possuírem grandes negócios.
- criollos: descendentes de espanhóis nascidos na América, possuíam grandes propriedades, atuavam no comércio, como profissionais liberais, ou participavam do cabildo.
- mestiços: filhos de espanhóis com mulheres indígenas, dedicavam-se ao pequeno comércio, ao serviço doméstico e ao trabalho no campo como vaqueiros ou administradores de propriedades.
- indígenas: em geral, não tinham propriedades, trabalhavam na agricultura, nas minas e na construção e no reparo de obras públicas.
- africanos escravizados: foram expressivos no Vice-Reino de Nova Granada e nas ilhas do Caribe, principalmente a partir da segunda metade do século dezessete.
Um dos critérios de hierarquização social mais comuns na América espanhola foi o da “pureza do sangue”, definida pela origem europeia. Assim, um criollo, mesmo sendo filho de nobre espanhol, não poderia alcançar os postos administrativos mais elevados da colônia por ter nascido na América. No entanto, ao longo do tempo, a miscigenação deu origem a novos grupos sociais e a novas desigualdades na América hispânica.
Respostas e comentários
Orientações
Apesar da estratificação social, a mestiçagem e o sincretismo cultural foram profundos na América espanhola. Procure chamar a atenção dos estudantes para as múltiplas influências culturais que se desenvolveram ao longo desse período. O termo “aculturação” foi usado durante muito tempo para explicar a imposição da cultura europeia no processo de dominação dos povos indígenas. No entanto, esse conceito considera que uma cultura se sobrepõe e apaga a outra. Essa visão é bastante discutida atualmente por estudiosos de História Social da Cultura, que preferem observar as influências múltiplas que ocorrem nessas relações contraditórias. Dessa fórma, o colonizador também recebe as influências do colonizado e o seu próprio modo de vida é modificado pela sociedade colonial em que vive. Por outro lado, deve-se pensar que o indígena recebe as influências europeias, que o seu modo de vida passa por muitas transformações, mas que não há um apagamento completo de suas referências culturais tradicionais, que estas se modificam e são ressignificadas ao longo do tempo.
Observação
As reflexões incentivadas pelo estudo dos conteúdos desta página possibilitam o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero oito.
Texto complementar
O texto trata das transformações do modo de vida dos indígenas:
As populações indígenas da América, trabalhando para os europeus, procuravam obedecer ao ritmo de vida na fórma exigida pelos seus senhores. Nas missões os padres ensinavam as populações nativas a obedecer ao sino e a acompanhar os ofícios religiosos.
reticências
O resultado desse conflito não é difícil imaginar. Ocorreram sobrevivências culturais indígenas que permaneceram encobertas nesse processo aparente de imitação dos costumes europeus.
THEODORO, Janice. Descobrimentos e renascimento. quarta edição São Paulo: Contexto, 1996. página. 51-52.
Vice-reinos
Como estudamos, no Vice-Reino da Nova Espanha (atual México) e no Vice-Reino do Peru surgiram importantes núcleos mineradores dos quais eram extraídos ouro e prata. A mão de obra principal foi a indígena, que era obtida por meio do sistema de encomienda e posteriormente pelo repartimiento, recrutamento de trabalhadores temporários semelhante à mita andina. Também havia trabalhadores indígenas assalariados que viviam permanentemente no local e escravizados africanos.
Com a expansão do povoamento próximo às minas, às cidades e às capitais administrativas, foram formadas as haciendas, voltadas para a produção agrícola e a criação de gado. Nas haciendas, havia o cultivo destinado ao mercado (cana, milho, trigo, agave ou gado) e ao consumo próprio (milho, feijão e pimenta).
Nas Antilhas
Nas ilhas do Caribe, como Cuba e Hispaniola, pertencentes à Capitania Geral de Cuba, desenvolveu-se a produção de açúcar e tabaco, favorecida por uma série de condições: terras férteis, proximidade geográfica com a Europa, clima quente e úmido.
Nessas áreas, foi utilizado o sistema de plantation (grandes propriedades agrícolas monocultoras, escravistas e exportadoras de artigos para a Europa). Com o avanço espanhol sobre as ilhas do Caribe e a América Central e com o drástico declínio da população nativa, houve aumento do emprêgo da mão de obra de africanos escravizados na região. Grande parte dos africanos era originária de Luanda, São Jorge da Mina e Cabo Verde.
Embarque de pessoas escravizadas da África para a América (séculos dezesseis- dezoito)
Elaborado com base em dados obtidos em: CAMPOS, Flavio de; dounicóf, Miriam. Atlas: História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1997. página 9.
Respostas e comentários
Orientações
Se possível, faça, com os estudantes, uma análise detalhada do mapa reproduzido nesta página e converse com eles sobre a procedência dos africanos escravizados conduzidos para as colônias americanas. Ao fazer esse reconhecimento, os estudantes podem conhecer melhor os diversos povos africanos que forçosamente passaram a compor as sociedades americanas, primeiramente na condição de trabalhadores escravizados e depois, no regime republicano, na condição de trabalhadores livres, compondo até os dias de hoje a maior comunidade negra fóra do continente africano.
Retome com os estudantes os conteúdos sobre as culturas banta e sudanesa vistos na Unidade um deste volume. É fundamental destacar que os povos africanos trouxeram consigo muitos conhecimentos e técnicas, colaborando expressivamente para o desenvolvimento da estrutura das diferentes colônias.
Observação
O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih um seis.
Texto complementar
O texto a seguir trata da diversidade de povos africanos que desembarcavam na colônia portuguesa.
Diferentes fontes, como registros oficiais e viajantes, nomeiam uma variedade de nações que estudos mais minuciosos mostraram não se referirem necessariamente aos lugares de origem dos africanos em questão, mas sim aos portos de embarque ou importantes feiras regionais. Portanto, a nação era um conceito utilizado pelos colonizadores para classificar os escravos traficados, geralmente acrescentando-se ao nome cristão do escravo a nação a ele atribuída. reticências
SOUZA, Marina de Mello e. Reis negros no Brasil escravista: história da festa de coroação de Rei Congo. Belo Horizonte: UFMG, 2006. página 140.
Relações entre diferentes culturas
A proibição de escravizar os indígenas, decretada pela Coroa espanhola no século dezesseis, não criou uma situação de igualdade entre nativos e europeus e seus descendentes. Na realidade, os indígenas eram considerados inferiores e ingênuos, incapazes de decidir por conta própria onde trabalhar, de que maneira viver e qual religião seguir. A Coroa e as elites políticas e econômicas espanholas preferiam que os colonizadores e os indígenas não se misturassem. Porém, apesar desse pensamento, muitos conquistadores tiveram filhos com as indígenas. Em menor grau, ocorreram outras miscigenações.
Nesse ambiente social bastante heterogêneo, a identidade de indígenas, africanos e mestiços foi transformada e recriada. A maioria das comunidades indígenas adotou o cristianismo e incorporou práticas dessa religião à sua identidade cultural. No entanto, essas populações não deixaram de se considerar indígenas e mantiveram os elementos que caracterizam essa identidade, como a língua, a visão de mundo, as relações de parentesco, as festas, os trajes e as tradições culinárias, artísticas e religiosas.
Já os africanos, que pertenciam a diversos grupos étnicos, mantiveram muitas de suas tradições e práticas culturais, apesar de terem incorporado expressões culturais europeias, como a língua do colonizador e a religião cristã. Em muitos casos, essa situação desencadeou o surgimento de religiões que tinham forte relação com crenças africanas, como o vudu haitiano ou a santería cubana, aparentadas com o candomblé e a umbanda, que conhecemos no Brasil. No entanto, mesmo com a fusão de elementos culturais e a mestiçagem, os descendentes de africanos ainda enfrentam nos dias de hoje os legados da escravidão e do racismo nos diferentes países da América.
MUSEU de Arte de Lima. Disponível em: https://oeds.link/zQViqn. Acesso em: 26 janeiro 2022. No site do Museu de Arte de Lima, é possível conhecer diversas obras de artistas da América espanhola do período colonial e de outros períodos.
Respostas e comentários
Orientações
Na primeira metade do século , ordens religiosas católicas, como a dos franciscanos, dominicanos e jesuítas, assumiram a tarefa de cristianizar os povos indígenas. Muitos desses religiosos se opuseram de maneira contundente à escravização indígena e fizeram denúncias das violências praticadas pelos colonizadores espanhóis. A dezesseis fórma mais eficaz que os jesuítas encontraram para cristianizar os nativos foi reunindo-os em aldeias, chamadas de missões ou red[]uções, que chegaram a concentrar cêrca de 10 mil pessoas. Até 1767, quando os jesuítas foram expulsos da América espanhola, as missões enfrentaram constantes ataques dos colonos.
O conteúdo desta página aborda o tema contemporâneo Diversidade cultural.
Observação
O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos das habilidades ê éfe zero sete agá ih zero um e ê éfe zero sete agá ih zero nove. Além disso, é interessante observar que esse também é um momento propício para o trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero oito.
Sugestões complementares referentes ao Capítulo:
. O problema da escravidão na cultura ocidental. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
Obra fundamental sobre as origens e as características da escravidão na cultura ocidental. O autor busca explicitar as origens desse sistema, analisando suas consequências sociais e políticas.
Gueites Júnior, Rênri Lues. Os negros na América Latina. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
Nesta obra, o autor procurou mostrar as peculiaridades das relações raciais em seis países: Brasil, México, Peru, República Dominicana, Haiti e Cuba.
VAINFAS, Ronaldo ( organizador). América em tempo de conquista. Rio de Janeiro: Jorge zarrár, 1992.
A obra contém uma série de artigos que abordam relações sociais, econômicas, culturais e políticas em diversas regiões do continente americano no período da conquista.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
- Identifique o grupo social da América espanhola com base nas características descritas a seguir.
- Eram descendentes de espanhóis e podiam possuir terras e minas, mas exerciam cargos inferiores na administração da colônia.
- Filhos de espanhóis com indígenas, eram comerciantes ou ocupavam funções de pouco prestígio, como ferreiros, pedreiros etcétera
- Tinham os maiores privilégios, como ocupar as funções mais elevadas no vice-reino e na Igreja. Eram os únicos que podiam atuar no comércio externo.
- Constituíam a maioria da população e sua fôrça de trabalho era explorada nas minas e nas fazendas.
- Trabalhavam principalmente na produção de açúcar do Caribe e da costa das atuais Colômbia e Venezuela.
- As principais fórmas de exploração do trabalho indígena na América espanhola foram a encomienda e a mita. Explique como cada uma delas era organizada.
- O frei espanhol Domingo de Santo Tomás (1499-1570) escreveu: “Não é prata o que se envia à Espanha, é o suor e o sangue dos índios”. O que o frei denunciou com essa frase?
- O uso da mão de obra indígena e o sistema de encomienda foram intensamente debatidos pelos colonizadores e religiosos espanhóis. Alguns defendiam a escravização dos nativos e outros denunciavam a violência empregada pelos colonizadores no contato com as populações indígenas. Leia a seguir dois textos escritos pelos religiosos espanhóis Ruán ( cêrca de1490-1573) e Bartolomê de Las Casas (1474-1566), em que expõem essas posições, e em seguida responda às questões.
Texto 1
E é justo e útil que [os indígenas] sejam servos, e vemos que isso é sancionado pela própria lei divina. Pois está escrito no livro dos provérbios: ‘O tolo servirá ao sábio’. Assim são as nações bárbaras e desumanas, estranhas à vida civil e aos costumes pacíficos. E sempre será justo e de acôrdo com o direito natural que essas pessoas sejam submetidas ao império de príncipes e de nações mais cultivadas e humanas reticências. E se recusam esse império, é permissível impô-lo por meio das armas e tal guerra será justa reticências. Concluindo: é justo, normal e de acôrdo com a lei natural que todos os homens probos, inteligentes, virtuosos e humanos dominem todos os que não possuem essas virtudes.
Ruán. In: LAS CASAS, Frei Bartolomê de. O paraíso destruído. Pôrto Alegre: Ele e Pê ême, 1985. página 23.
Texto 2
A causa pela qual os espanhóis destruíram tal infinidade de almas foi unicamente não terem outra finalidade última senão o ouro, para enriquecer em pouco tempo reticências, não foi senão sua avareza que causou a perda desses povos, que por serem tão dóceis e tão benignos foram tão fáceis de subjugar; e quando os índios acreditaram encontrar algum acolhimento favorável entre esses bárbaros, viram-se tratados pior que animais reticências; e assim morreram, sem fé e sem sacramentos, tantos milhões de pessoas.
LAS CASAS, Frei Bartolomê de. O paraíso destruído. Pôrto Alegre: Ele e Pê ême, 2001. página 32.
- Procure sintetizar a postura de cada um dos missionários em relação aos indígenas.
- Identifique algumas expressões que indicam o ponto de vista de Sepúlveda e Bartolomê de Las Casas sobre os indígenas e os europeus.
5. Observe novamente o mapa “Embarque de pessoas escravizadas da África para a América (séculos dezesseis- dezoito)” reproduzido neste Capítulo. Identifique os principais grupos étnicos africanos enviados para as colônias americanas. Depois reflita: em que momento houve o aumento do uso da mão de obra de africanos escravizados na América espanhola?
Respostas e comentários
Seção Atividades
Objetos de conhecimento
• A conquista da América e as fórmas de organização política dos indígenas e europeus: conflitos, dominação e conciliação.
• A estruturação dos vice-reinos nas Américas.
• Resistências indígenas, invasões e expansão na América portuguesa.
• As lógicas mercantis e o domínio europeu sobre os mares e o contraponto Oriental.
• A escravidão moderna e o tráfico de escravizados.
Habilidades
São trabalhados aspectos relacionados às habilidades:
• ê éfe zero sete agá ih zero um (atividades 3, 4)
• ê éfe zero sete agá ih zero oito (atividades 1, 3)
• ê éfe zero sete agá ih zero nove (atividades 1, 2, 3, 4)
• ê éfe zero sete agá ih um zero (atividades 3, 4)
• ê éfe zero sete agá ih um quatro (atividades 1, 2)
• ê éfe zero sete agá ih um seis (atividade 5)
Respostas
1. a) Criollos.
b) Mestiços.
c) tchápetones.
d) Indígenas.
e) Negros africanos escravizados.
2. A encomienda era uma delegação de funções e direitos fiscais concedida aos conquistadores espanhóis na América. Os encomenderos coletavam tributos dos indígenas em nome do rei e exploravam o seu trabalho nas minas e nas plantações. A mita, por sua vez, era o trabalho obrigatório que os indígenas tinham de prestar para os colonizadores durante quatro meses.
3. O frei denunciou a relação estabelecida entre os espanhóis e os indígenas, que, vítimas de uma exploração violenta, sofriam nas minas de prata da América espanhola.
4. a) Para Ruán Rinês de Sepúlbeda, os povos indígenas deveriam ser submetidos ao “império” dos europeus. Por sua vez, Las Casas reconhece que a morte de milhões de indígenas foi resultado da cobiça dos europeus, que procuraram dominar a América e seus habitantes em busca de ouro e outras riquezas.
b) Sepúlveda considera que os povos indígenas constituíam nações bárbaras e desumanas, “estranhas à vida civil e aos costumes pacíficos”, e que os europeus seriam homens probos, inteligentes e virtuosos. Bartolomê de Las Casas considera os indígenas “dóceis e benignos” e destaca a avareza dos europeus.
5. Os povos sudaneses e bantos foram enviados em massa para as colônias americanas. O aumento do uso da mão de obra de africanos escravizados foi impulsionado pela expansão espanhola sobre as ilhas do Caribe e a América Central e o declínio da população nativa nessas regiões.
CAPÍTULO 13 A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA NA AMÉRICA
Nas primeiras décadas do século dezesseis, após a conquista das terras americanas pelos portugueses, foram construídas feitorias no litoral, uma espécie de entreposto que funcionava como armazém, local de abastecimento dos navios e fortaleza destinada a proteger o território colonial. Como não encontraram metais preciosos à primeira vista, os portugueses dedicaram-se inicialmente à exploração do pau-brasil, árvore da qual se aproveitava a madeira e que era usada, também, para a fabricação de corante vermelho. Segundo o historiador Boris Fausto:
Nesses anos iniciais, entre 1500 e 1535, a principal atividade econômica foi a extração de pau-brasil, obtido principalmente mediante troca com os índios. As árvores não cresciam juntas, em grandes áreas, mas encontravam-se dispersas. À medida que a madeira foi-se esgotando no litoral, os europeus passaram a recorrer aos índios para obtê-la. reticências Os índios forneciam a madeira e, em menor escala, farinha de mandioca, trocadas por peças de tecido, facas, canivetes e quinquilharias reticências.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp: éfe dê é, 1994. página 42.
Respostas e comentários
Sobre o Capítulo
Ao trabalhar com os conteúdos deste Capítulo, sugerimos a distinção de dois momentos históricos: o período da invasão e da conquista portuguesa do território, de 1500 a 1530, quando a presença portuguesa se limitou à construção de feitorias no litoral a fim de explorar o pau-brasil, e a partir de 1530, quando a metrópole decidiu iniciar a ocupação efetiva das suas terras na América. A adoção, pela Coroa portuguesa, do sistema de capitanias hereditárias como solução para a administração de seus domínios na América, seguido da criação do governo-geral, permite retomar os conceitos de descentralização/centralização do poder. Podem ser retomados também os temas do poder absoluto, da intervenção econômica do mercantilismo, da imposição de monopólios, como o da exploração do pau-brasil e do contrôle do comércio colonial.
Habilidades trabalhadas ao longo deste Capítulo
ê éfe zero sete agá ih um zero: Analisar, com base em documentos históricos, diferentes interpretações sobre as dinâmicas das sociedades americanas no período colonial.
ê éfe zero sete agá ih um um: Analisar a formação histórico-geográfica do território da América portuguesa por meio de mapas históricos.
ê éfe zero sete agá ih um quatro: Descrever as dinâmicas comerciais das sociedades americanas e africanas e analisar suas interações com outras sociedades do Ocidente e do Oriente.
ê éfe zero sete agá ih um seis: Analisar os mecanismos e as dinâmicas de comércio de escravizados em suas diferentes fases, identificando os agentes responsáveis pelo tráfico e as regiões e zonas africanas de procedência dos escravizados.
Observação
O trabalho com os conteúdos desta página, em especial com a observação da imagem, possibilita o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero sete agá ih um zero e ê éfe zero sete agá ih um um.
O início da colonização
A extração de pau-brasil não exigia a fixação dos portugueses no território; dessa fórma, não houve, nos anos iniciais da colonização, a criação de povoados. Porém, a investida constante de europeus no litoral, principalmente franceses, interessados em explorar o pau-brasil, começou a preocupar a Coroa portuguesa.
Para agravar a situação, os portugueses perderam o monopólio do comércio de especiarias no Oriente para holandeses e espanhóis.
Diante desse quadro, a partir de 1530, a Coroa portuguesa tomou medidas para manter o contrôle sobre sua colônia americana. Para garantir a defesa do território e promover a organização de atividade econômica que gerasse lucros, a Coroa decidiu estimular a fixação de portugueses na colônia e investir na produção de açúcar da cana, produto muito valorizado pelas elites europeias.
O cultivo da cana
Os portugueses já tinham experiência e conhecimentos técnicos necessários para a produção de açúcar, pois cultivavam cana em outras de suas colônias, nas ilhas atlânticas da Madeira e de Cabo Verde.
Respostas e comentários
Orientações
O objetivo do conteúdo desenvolvido nesta e nas próximas páginas deste Capítulo é fazer com que o estudante compreenda os diferentes momentos do processo colonizatório e como ele foi se estruturando, de acôrdo com as condições específicas da colônia e das necessidades mercantilistas da metrópole portuguesa.
A presença constante de outros europeus no litoral brasileiro, também interessados em explorar o pau-brasil, começou a preocupar a Coroa portuguesa. Para proteger a colônia, fortes e feitorias foram construídos em vários pontos do litoral. Outro fato que preocupava a Coroa portuguesa foi a perda do monopólio do comércio das especiarias orientais para holandeses e espanhóis. A saída encontrada foi a colonização do Brasil. A ocupação do território garantiria a defesa da colônia e o cultivo de uma riqueza que compensaria a perda dos lucros no Oriente. O litoral nordestino oferecia as condições adequadas para o cultivo da cana.
Observação
O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih um quatro.
Texto complementar
O trecho a seguir trata do processo de implantação da empresa açucareira na colônia portuguesa da América:
A cana doce foi sendo experimentada nas ilhas do Atlântico, passando depois ao Brasil – como pelas Canárias terá chegado às Caraíbas. reticências A cana estava transformada numa grande produção tropical. Ao conquistar o Brasil o açúcar tinha conquistado o mundo. Foi uma das grandes culturas que de especiaria cara, usada em medicina por gente de posses, se tornou comum e de consumo muito elevado.
MAGALHÃES, Joaquim Romero. O açúcar nas ilhas portuguesas do Atlântico nos séculos quinze e dezesseis. Varia Historia, Belo Horizonte, volume 25, número 41, página 174-175, janeiro até junho 2009.
O litoral da região que hoje corresponde aproximadamente ao Nordeste do Brasil oferecia as condições necessárias para o cultivo da cana: clima quente e úmido e solo massapêglossário .
A fim de criar núcleos de povoamento em sua colônia americana, em 1531 a Coroa enviou uma expedição à América, comandada por Martim Afonso de Souza ( cêrca de1490-1564). Em 1532, Martim Afonso fundou São Vicente, a primeira vila portuguesa em terras americanas, onde introduziu o cultivo de cana. Começava, assim, a efetiva colonização da América portuguesa.
Inicialmente, a produção colonial representava uma parte muito pequena das rendas da Coroa portuguesa. Porém, já no final do século dezesseis, o açúcar produzido na colônia havia se tornado mais lucrativo do que o comércio oriental de especiarias e produtos de luxo.
A mão de obra indígena foi utilizada na produção açucareira; no entanto, em pouco tempo ela foi substituída pela mão de obra de pessoas escravizadas trazidas da África. A partir do século dezessete, os africanos já representavam a maioria da população colonial.
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Texto complementar
O historiador Caio Prado Júnior explica como se deu a implantação do negócio açucareiro na colônia e de que fórma esse empreendimento deu origem às grandes propriedades agrícolas. Essa questão é interessante de ser explorada com os estudantes, uma vez que deixou continuidades na maneira como a propriedade da terra no Brasil é transmitida ao longo do tempo, ficando concentrada nas mãos de alguns poucos grupos de latifundiários.
A cultura da cana somente se prestava, economicamente, a grandes plantações. Já para desbravar convenientemente o terreno (tarefa custosa neste meio tropical e virgem tão hostil ao homem) tornava-se necessário o esfôrço reunido de muitos trabalhadores; não era empresa para pequenos proprietários isolados. Isto feito, a plantação, a colheita e o transporte do produto até os engenhos onde se preparava o açúcar, só se tornava rendoso quando realizado em grandes volumes. Nestas condições, o pequeno produtor não podia subsistir.
São sobretudo estas circunstâncias que determinarão o tipo de exploração agrária adotada no Brasil: a grande propriedade. A mesma coisa aliás se verificou em todas as colônias tropicais e subtropicais da América. O clima terá um papel decisivo na discriminação dos tipos agrários.
PRADO JÚNIOR, Caio. História econômica do Brasil. décima quarta edição. São Paulo: Brasiliense, 1971. página 33.
Observação
O conteúdo desta página possibilita, novamente, o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih um quatro.
Colonização e escravização
O comércio escravista, da África para as colônias europeias na América, foi uma atividade mercantil extremamente lucrativa para os portugueses e para outros europeus que passaram a participar dessa ampla rede de negociantes. A atividade integrou-se ao sistema de exploração econômica nos territórios coloniais e possibilitou às potências europeias que obtivessem uma enorme acumulação de capitais.
O escravismo tornou-se a mola propulsora do sistema colonial implantado na América portuguesa e ajudou a estruturar a economia de plantation, isto é, a produção agrícola monocultora, em larga escala e em grandes extensões de terra, voltada para o mercado externo. O sucesso e a lucratividade da produção açucareira no território também se apoiaram na exploração do trabalho escravo. O regime de escravidão estava no centro de toda a produção da América portuguesa e marcava a fórma como as relações eram constituídas na colônia. A maioria das atividades era realizada por mão de obra escrava, e o fato de a pessoa ser ou não escravizada era determinante para o lugar que ocuparia na sociedade colonial.
O impacto do tráfico escravista na África
Quando os europeus chegaram à África, as guerras para a obtenção de escravos ocorriam por motivos étnicos, tribais ou religiosos. No entanto, visando obter lucros e vantagens econômicas crescentes, os comerciantes europeus alteraram o sentido da escravidão africana, dando-lhe um caráter essencialmente econômico. Dessa fórma, alguns reinos africanos participavam do comércio de escravizados, vendendo aos europeus os prisioneiros capturados em guerras. Negociantes também percorriam o interior do continente em busca de pessoas para serem comercializadas com os traficantes europeus.
Vários entrepostos foram instalados no litoral africano, onde as pessoas escravizadas eram negociadas. O comércio escravista promoveu o enriquecimento dos envolvidos nesse negócio, mas provocou a desorganização de diversos reinos e uma drástica diminuição demográfica na África entre os séculos quinze e dezenove, o que comprometeu o seu desenvolvimento econômico e deixou marcas profundas nos povos africanos.
BIBLIOTECA Nacional Digital: Tráfico. Disponível em: https://oeds.link/UhKqAI. Acesso em: 31 janeiro 2022. Dossiê da Fundação Biblioteca Nacional sobre o tráfico de escravizados para o Brasil.
Respostas e comentários
Orientações
Para produzir açúcar, era necessário o trabalho de muitas pessoas. Os indígenas foram largamente utilizados como mão de obra nas fazendas produtoras de cana-de-açúcar, mas, com o passar do tempo, essa mão de obra começou a refluir. Muitos indígenas fugiam para as matas que tanto conheciam ou diminuíam o ritmo de trabalho. Os portugueses já traficavam africanos escravizados para algumas regiões desde o século quinze. O comércio de escravos representava um importante recurso para a acumulação de riquezas e fonte de receitas para o tesouro português. Até meados do século dezesseis, os portugueses monopolizaram o tráfico de escravizados. Depois disso, mercadores franceses, holandeses e ingleses também entraram no negócio, enfraquecendo a participação portuguesa.
Na África, os portugueses criaram um sistema de feitorias para o comércio de escravizados. Na costa africana, as feitorias portuguesas de Arguim e São Jorge da Mina se destacaram. É interessante comentar com os estudantes essas informações e aprofundar a discussão sobre o tema. Para isso, peça a eles que voltem à página 140 (Capítulo 12) e observem novamente o mapa onde estão representados os portos de embarque de escravizados na África.
Considerando essas questões, destacamos que o conteúdo desta página possibilita a abordagem do tema contemporâneo Trabalho.
Observação
O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih um seis.
Sugestão para o estudante:
SANTOS, Joel Rufino dos. A escravidão no Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 2013.
O livro do historiador Joel Rufino dos Santos analisa a escravidão no Brasil com base em documentos, relatos e notícias de jornais da época. Essa leitura contribuirá para que o estudante construa uma reflexão sobre o papel do escravismo na sociedade colonial.
A administração da colônia
No início, o govêrno português não tinha recursos para assumir diretamente a colonização de suas terras na América. A solução foi transferir essa tarefa para particulares. Assim, a colônia foi dividida em 15 faixas de terra, chamadas de capitanias hereditárias, que se estendiam do litoral até a linha imaginária estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas. Cada capitania era administrada por um capitão donatário, escolhido pelo rei de Portugal, que tinha a permissão de usufruir as terras pertencentes à Coroa, mas não podia vendê-las.
Com exceção das capitanias de São Vicente e Pernambuco, que tiveram sucesso com o cultivo da cana-de-açúcar, as demais fracassaram. Os altos custos do empreendimento, o isolamento das capitanias, as doenças tropicais e as relações hostis com indígenas, entre outras dificuldades, impediram que muitos donatários tomassem posse de suas terras.
Para garantir a defesa da colônia, em 1548 a Coroa criou o governo-geral, um centro político para administrar a América portuguesa, com séde em Salvador. O primeiro governador-geral, Tomé de Sousa (1503-1579), chegou ao Brasil em 1549, acompanhado de padres jesuítas, funcionários reais, soldados, artesãos, entre outros.
As câmaras municipais organizavam o cotidiano das vilas e das cidades. Elas providenciavam a construção de obras públicas, cuidavam da limpeza das ruas, organizavam as festas religiosas, cobravam impostos, fixavam os pesos e as medidas, determinavam a prisão dos acusados de perturbar a ordem, entre outras atribuições. Somente os chamados homens-bons (proprietários de terra e de escravizados, que eram portugueses ou seus descendentes) podiam ser eleitos vereadores das câmaras municipais.
Respostas e comentários
Orientações
Em São Vicente, foram criados engenhos de açúcar, mas a atividade que dava mais lucro era a escravização dos indígenas. Várias vilas foram criadas nessa capitania, sendo as mais importantes as de Santos e de São Paulo. Em Pernambuco, por sua vez, predominava a produção de açúcar em larga escala, com o uso de mão de obra de africanos escravizados.
Os capitães donatários deveriam conceder sesmarias aos colonos, fundar vilas, aplicar leis nas terras sob sua jurisdição e defender militarmente o território. Além disso, eles detinham o monopólio da navegação fluvial, das moendas e dos engenhos. O sistema de capitanias fracassou, pois alguns capitães nunca chegaram a tomar posse das terras e outros desistiram diante das primeiras dificuldades. Somente São Vicente e Pernambuco prosperaram. Diante do fracasso das capitanias, em 1548 a Coroa decidiu criar o governo-geral. Com o surgimento de vilas e cidades, criaram-se as Câmaras Municipais.
Observação
O conteúdo desta página possibilita o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih um quatro.
Texto complementar
Leia o que escreve Sérgio Buarque de Holanda a respeito da organização do governo-geral na América portuguesa:
O governo-geral marcou o desfecho da tentativa de exploração do Brasil por meio de iniciativa particular. O vulto da empresa desbravadora e a ambição de nações também desejosas de conquistas ultramarinas impuseram, daí, a participação direta e intensiva do poder monárquico. Era a única solução de momento para reguardo dos resíduos das capitanias, assim como meio de resistência às crescentes incursões dos ingleses na Amazônia e franceses no Maranhão.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1960. volume 1. página 121.
Em debate
Reconstruindo as capitanias hereditárias
Em julho de 2014, o engenheiro Jorge Cintra, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, divulgou um novo estudo acerca das capitanias hereditárias. Segundo ele, o mapa tradicional das capitanias (mapa 1), que se baseia nas pesquisas do historiador Francisco Adolfo de vãrnrárrê (1816-1878), contém erros.
Analisando os mapas e as cartas de doação da época, que apresentam a extensão das terras distribuídas aos capitães donatários, Jorge Cintra descobriu que as divisões ao norte do Brasil foram feitas equivocadamente com base nos paralelos, e não nos meridianos. Diante disso, o engenheiro propôs um novo mapa das capitanias hereditárias (mapa 2).
- Observe e compare os dois mapas. Quais são as principais diferenças no mapa proposto por Jorge Cintra (mapa 2) em relação ao mapa tradicional mapa 1)?
- Os meridianos e os paralelos são linhas imaginárias que nos ajudam a localizar diferentes pontos da superfície terrestre em um mapa. Com base nos seus conhecimentos em Geografia, defina o que são meridianos e paralelos. Se precisar, consulte livros ou sáites e converse com os colegas e o professor.
Capitanias hereditárias (1534)
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Fundação de Assistência ao Estudante. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1986. página 16.
capitanias hereditárias (1534-1536)
Fonte: CINTRA, Jorge. Reconstruindo o mapa das capitanias hereditárias. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, volume 21, número2, página11-45, dezembro2013. Disponível em: https://oeds.link/hJHNd4. Acesso em: 28 janeiro2022.
Respostas e comentários
Orientações
As capitanias hereditárias constituíram um modêlo de administração colonial estabelecido pela Coroa portuguesa em suas ilhas do Atlântico e adotado também no Brasil. O território da colônia foi dividido em quinze faixas de terra, que foram cedidas a capitães donatários, homens escolhidos pelo rei para gerenciar essas áreas.
Respostas
1. No mapa proposto por Jorge Cintra, as capitanias ao norte do Brasil tiveram o tamanho e o limite de seus territórios alterados em relação ao mapa tradicional, baseado nos paralelos, e não nos meridianos. Os territórios ficaram menos estreitos e suas fronteiras foram traçadas na vertical, ao contrário do mapa tradicional, em que os limites estão todos demarcados na horizontal. Além disso, no mapa proposto por Cintra, existem terras não distribuídas ao Norte e algumas divididas em lotes.
2. Os meridianos são linhas imaginárias que cortam a Terra de um polo a outro dos dois hemisférios. Eles possuem medidas sempre iguais. Já os paralelos são linhas traçadas paralelamente à linha do Equador e que dividem a Terra nos hemisférios Norte e Sul. Os paralelos não possuem medidas iguais. Sugerimos, se necessário, propor aos estudantes a realização de uma pesquisa sobre cartografia, para que possam responder à questão com propriedade e fundamento. Caso seja realizada, a pesquisa proposta nesta atividade propicia as práticas de observação, tomada de nota e construção de relatórios.
Observação
O conteúdo desta seção procura auxiliar o estudante no desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih um um. Apesar de não serem apresentados mapas históricos, a seção procura propor uma reflexão sobre os estudos da divisão do território feitos a partir dos documentos produzidos no período colonial, como mapas e cartas de doações de terras.
Sugestões complementares referentes ao Capítulo:
COSTA, Emília Viotti da. Da senzala à colônia. quinta edição São Paulo: edição. Unésp, 2012.
Nesta obra fundamental, a autora procura demonstrar que a abolição da escravidão no Brasil representou somente uma etapa no processo de desmonte da estrutura colonial.
REIS FILHO, Nestor gulár. Imagens de vilas e cidades do Brasil colonial. São Paulo: êduspi; Imprensa Oficial, 2010.
A obra, resultado de extensa pesquisa em arquivos e bibliotecas do Brasil, de Portugal e da Holanda, reúne reproduções de plantas, mapas e desenhos de vistas de centros urbanos da América portuguesa.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
- O que levou a Coroa portuguesa a iniciar o processo de ocupação efetiva do território conquistado na América?
- Leia a seguir um texto escrito por Pero de Magalhães Gândavo, um viajante, cronista e historiador português que viveu no século dezesseis nas terras que mais tarde formariam o Brasil. Depois, responda às questões.
Os moradores desta Costa do Brasil, todos têm terras de sesmarias dadas e repartidas pelos Capitães da terra, e a primeira cousa [coisa] que pretendem alcançar são escravos para lhes fazerem e grangearem suas roças e fazendas, porque sem eles não se podem sustentar na terra: e uma das cousas por que o Brasil não floresce muito mais é pelos escravos que se alevantaram e fugiram para suas terras e fogem cada dia: e se estes índios não foram [fossem] tão fugitivos e mudáveis, não tivera comparação a riqueza do Brasil. As fazendas donde se consegue mais proveito são açúcares, algodões e pau do brasil [pau-brasil], com isto fazem pagamento aos mercadores que deste Reino lhes levam fazenda porque o dinheiro é pouco na terra, e assim vendem e trocam uma mercadoria por outra em seu justo preço.
GÂNDAVO, Pero de Magalhães. Tratado da Terra do Brasil: história da província Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil. Brasília: Senado Federal, 2008. página 54.
- Pero de Magalhães Gândavo descreve que tipo de organização territorial da colônia?
- Do que os colonos necessitavam para se sustentar e produzir na terra conquistada?
- Qual era a maior dificuldade encontrada pelos colonos?
- Que produtos mencionados por Gândavo eram os mais proveitosos na terra do Brasil?
- Organizem-se em grupos para responder às questões:
- Qual foi o objetivo da Coroa portuguesa ao organizar o governo-geral? Onde estava localizada a sua séde administrativa?
- Quais eram as funções das câmaras municipais no período colonial?
- Hoje, quais são as funções das câmaras municipais, ou câmaras dos vereadores?
- Observe o mapa a seguir. Depois responda às questões.
O tráfico de escravizados para o Brasil
Fonte: CAMPOS, Flavio de; dounicóf, Miriam. Atlas: história do Brasil. São Paulo: Scipione, 1993. página 9.
- Identifique os principais portos de embarque de pessoas escravizadas no continente africano para o Brasil.
- Localize as principais cidades onde os africanos escravizados desembarcavam no Brasil.
- Por que a maior parte dos escravizados eram conduzidos para cidades litorâneas?
Respostas e comentários
Seção Atividades
Objetos de conhecimento
• A estruturação dos vice-reinos nas Américas.
• Resistências indígenas, invasões e expansão na América portuguesa.
• As lógicas mercantis e o domínio europeu sobre os mares e o contraponto Oriental.
Habilidades
São trabalhados aspectos relacionados às habilidades:
• ê éfe zero sete agá ih um zero (atividade 2)
• ê éfe zero sete agá ih um um (atividade 4)
• ê éfe zero sete agá ih um quatro (atividades 1, 2, 3)
• ê éfe zero sete agá ih um seis (atividade 4)
Respostas
1. A Coroa portuguesa pretendia defender sua conquista ultramarina de invasores europeus e, por essa razão, implantar uma administração direta na colônia americana que fosse capaz de ocupar e proteger o território, além de organizar atividades produtivas que gerassem riquezas para a metrópole, como a plantação de cana-de-açúcar e a produção de açúcar.
2. a) Gândavo descreve o sistema de sesmarias, que eram doadas aos capitães da terra para serem administradas e produzirem riquezas.
b) A necessidade citada pelo autor era a obtenção de escravizados, que possibilitariam organizar a produção agrícola.
c) A maior dificuldade enfrentada era a fuga de escravizados indígenas.
d) Segundo Gândavo, os produtos mais proveitosos eram o açúcar, o algodão e o pau-brasil.
3. a) O objetivo foi, principalmente, garantir a defesa da colônia e organizar um govêrno central. A séde estava localizada na cidade de Salvador.
b) No período colonial, as câmaras municipais organizavam o cotidiano das vilas e das cidades: providenciavam a construção de obras públicas, cuidavam da limpeza das ruas, organizavam as festas religiosas, cobravam impostos, entre outras atribuições.
c) Entre as principais funções das câmaras municipais, nos dias de hoje, estão: legislar sobre assuntos locais; decretar e arrecadar tributos de sua competência; discutir e aprovar o Plano Diretor da cidade; discutir e aprovar o orçamento anual; fiscalizar o comércio, as indústrias e os serviços da cidade; fazer a vigilância sanitária; fiscalizar os atos do Poder Executivo; e fixar salários de prefeitos, vice-prefeitos e secretários.
4. Os principais portos de embarque de pessoas escravizadas no continente africano para o Brasil eram: Cabo Verde, São Jorge da Mina, Costa dos Escravos, Benguela, Moçambique e Mombaça. As principais cidades onde os africanos desembarcavam no Brasil eram: São Luís, Olinda, Salvador, Rio de Janeiro. É esperado que os estudantes respondam que a maior parte dos escravizados era conduzida para as cidades litorâneas em razão da maior parte das fazendas e propriedades produtoras de açúcar estarem localizadas nas áreas próximas ao litoral.
Ser no mundo
Identidades latino-americanas
Ao pôr em prática a exploração colonial, a Coroa portuguesa seguiu a lógica mercantil, mas estabeleceu relações específicas em cada uma das terras conquistadas que integraram seu império. Em algumas regiões da África, por exemplo, foram construídos fortes e feitorias, onde era realizado o comércio escravista e de outros produtos, sem a implantação de um govêrno diretamente controlado pelos portugueses. Na América, os portugueses implantaram uma colônia com govêrno permanente, exploraram as riquezas que encontraram no território e impuseram o trabalho forçado aos indígenas – que em um segundo momento foram substituídos pela mão de obra de africanos escravizados, cujo tráfico representava uma rede de negócios muito lucrativa. As riquezas, os produtos obtidos e comercializados na colônia, visavam atender às necessidades do mercado europeu.
Será que os processos históricos do passado colonial influenciaram a formação territorial, cultural e populacional do Brasil e de outros países do continente e continuam influenciando quem somos hoje? O que define nossas identidades? Com base em reflexões como essas, o historiador mexicano Edmundo Ô Gôrmantece algumas considerações:
reticências Real, verdadeira e literalmente a América, como tal, não existe, apesar da existência da massa de terras não submersas que, no decorrer do tempo, acabará por lhe atribuir esse sentido, esse significado. Colombo, pois, vive e atua no âmbito de um mundo em que a América, imprevista e imprevisível, era, em todo caso, mera possibilidade futura, mas da qual, nem ele nem ninguém tinha ideia, nem poderia tê-la.
Ô Gôrman, Edmundo. A invenção da América: reflexão a respeito da estrutura histórica do Novo Mundo e do sentido do seu devir. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1992. (Coleção Biblioteca básica). página 99.
O advento da América, no sentido da reflexão proposta pelo historiador Ô Gôrman, só pode ser entendido como um fenômeno colonial, que reflete as relações de dominação dos povos europeus sobre os indígenas, africanos e aqueles que vieram a constituir a população do chamado “novo mundo”, como lugar concebido sob o ponto de vista do colonizador.
A partir da obra de Ô Gôrman“A Invenção da América”, podemos, pois, ir além das interpretações históricas cristalizadas que tratam o continente americano como uma descoberta europeia, logo, sujeito a dominação dos espanhóis e portugueses – o que engloba terras, povos, identidades, epistemologias e aspectos outros. reticências Ô Gôrman lança luz sobre uma possibilidade, até então, encoberta nos debates da história do continente: a América não poderia ter sido descoberta, pois não existia; a América, isto pôsto, foi inventada; a América só passa a existir quando conceituada tal qual América; a América, portanto, não à toa, é uma invenção europeia e, sendo assim, é despojada de toda a sua “americanicidade original” – e conceituada de acôrdo com os interesses europeus para com aquela porção de terras, aquele novo continente.
Respostas e comentários
Seção Ser no mundo
Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número 1 e número 9, esta seção permite que o estudante possa Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva (1). Além disso, a seção permite ao estudante o exercício da empatia, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro (9).
Ressaltamos ainda que de acôrdo com a Competência Específica do Componente Curricular História número 4, o trabalho aqui proposto também permite que o estudante possa Identificar interpretações que expressem visões de diferentes sujeitos com relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Esta seção propõe uma reflexão sobre o tema da identidade étnica e cultural latino-americana e da ideia de pertencimento.
Habilidade
• ê éfe zero sete agá ih zero um: Explicar o significado de “modernidade” e suas lógicas de inclusão e exclusão, com base em uma concepção europeia.
reticências
Tomando como fundamento primeiro a ideia de raça, a colonização seguiu um caminho que não apenas distinguiu os sujeitos históricos enquanto colonizados ou colonizadores, mas, de mesmo modo, naturalizou esta distinção numa condição de superiores e inferiores, de modernos e primitivos.
GUERRA, Rodrigo de Morais. Invenção da América, colonialidade do poder e pós-colonialismo: reflexões acerca do primitivo Novo Mundo. Relacult, Foz do Iguaçu, volume 6, número 6, março 2020. página 2-4. Disponível em: https://oeds.link/1Etq6l. Acesso em: 28 janeiro2022.
- O que o historiador Ô Gôrman quis dizer com a afirmação de que a América na época de Colombo era mera possibilidade futura?
- Releia o segundo texto citado. Nele, o autor analisa a obra do historiador Ô Gôrmane ressalta a ideia de que a América não foi descoberta, e sim inventada pelos europeus. Em seu caderno, escreva um texto utilizando argumentos para explicar essa afirmação.
- Formem uma roda de conversa na sala de aula para discutir as seguintes questões:
- Vocês se sentem mais brasileiros ou mais latino-americanos? Por quê?
- Que aspectos nos aproxima e nos diferencia do restante da América de colonização espanhola?
- O nosso passado colonial influencia quem somos hoje?
- Na opinião de vocês, é possível criar identidades latino-americanas para além da visão de América forjada no processo histórico colonial?
Respostas e comentários
Respostas
1. O autor provavelmente pretendia dizer que a América, na época de Colombo, não existia tal como a conhecemos hoje; o empreendimento colonizador europeu, a partir de fins do século quinze, ainda não conseguiria prever o que o continente americano se tornaria no futuro.
2. O autor do segundo texto considera que a América é uma invenção europeia, conceituada de acôrdo com os interesses europeus para aquele novo continente. Além disso, ele diz que a América foi, a partir da conquista e da colonização, despojada de toda a sua “americanicidade original”.
3. Para refletir sobre essas questões, os estudantes devem levar em conta a ideia que fazem sobre si mesmos, e devem considerar, também, aspectos da história nacional como um todo. O fato de o Brasil ter sido colonizado por Portugal, e o restante da América Latina pela Espanha, faz com que o Brasil seja o único país a falar português; em sua trajetória histórica o Brasil manteve-se distanciado do restante da América Latina; o tamanho do país, com suas proporções continentais, também faz com que a relação com seus vizinhos latino-americanos seja dificultada.
Questões para autoavaliação
Nesta Unidade do livro, as questões sugeridas para a autoavaliação dos estudantes são as seguintes:
1. Que diferenças marcaram a sociedade e a economia das colônias do norte e do centro e as colônias do sul da América inglesa?
2. Qual era o papel do indígena na economia e na sociedade da América espanhola colonial?
3. Que razões levaram a Coroa portuguesa a iniciar a colonização do Brasil?
4. Qual a importância do trabalho das pessoas escravizadas nas colônias espanholas e portuguesa na América?
A seu critério, as questões aqui apresentadas podem ser utilizadas para o diagnóstico do grau de aprendizagem dos estudantes.
Glossário
- Massapê
- Terra argilosa, de cor escura e fértil.
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