UNIDADE cinco REVOLUÇÃO E NOVAS TEORIAS POLÍTICAS DO SÉCULO dezenove
Movimentos revolucionários, surgimento do nacionalismo, fortalecimento do liberalismo, organização de trabalhadores, elaboração de novas teorias políticas e de novas fórmas de expressão artística... Em geral, esses eventos tomaram fórma na Europa do século dezenove e se expandiram, em sua grande maioria, para outras regiões.
Observando todos eles, podemos dizer que esse período foi extremamente agitado.
Não podemos esquecer ainda que o século dezenove também testemunhou a expansão do capitalismo, o desenvolvimento de novas tecnologias e o crescimento da participação dos trabalhadores na cena política.
Esses acontecimentos são fundamentais para entendermos as configurações políticas, econômicas e sociais que se delinearam ao redor do mundo e que, em alguns casos, permanecem na atualidade, mesmo que em parte. Eles tiveram e têm grande influência na formação da sociedade que conhecemos hoje.
Será que novas práticas e fórmas de pensar o mundo do trabalho e a industrialização trouxeram à tona novos anseios, tanto da parte dos trabalhadores como dos governos europeus de então? Quais as consequências desses acontecimentos para a sociedade hoje em dia?
Você estudará nesta Unidade:
Movimentos revolucionários de 1830 e 1848 no continente europeu
Processos de unificação da Itália e da Alemanha
Expansão da industrialização na Europa do século dezenove
Socialismo, anarquismo e teorias políticas
Comuna de Paris
Aspectos da arte no século : Romantismo e Realismo dezenove
CAPÍTULO 11 REVOLUÇÕES E UNIFICAÇÕES NA EUROPA
Nas primeiras décadas do século dezenove, a monarquia foi restabelecida em muitos países europeus. Assim, nesse processo, chamado por vários historiadores de Restauração, diversas dinastias reassumiram o poder. No entanto, a volta da monarquia não representou um período de calmaria. Ao contrário, seu ressurgimento provocou sucessivas ondas revolucionárias, que movimentaram o continente europeu.
Essa agitação política teve início em 1820, especialmente na região que corresponde à atual Itália, bem como na Grécia e na península Ibérica como um todo. Como consequência desse período e das mudanças políticas que ocorreram, a Grécia, por exemplo, conquistou sua independência do domínio otomano, em 1829. Nas duas décadas seguintes, as revóltas liberais se espalharam pela Europa.
Nesse século de revoluções, o Romantismo era o movimento artístico predominante. As obras românticas davam vazão às paixões, às emoções e à liberdade. Um exemplo é a obra reproduzida a seguir, de Caspar Dávid Frídric.
Revoluções liberais do século dezenove
A derrota de Napoleão inaugurou na Europa uma disputa entre dois modelos de sociedade. De um lado, estavam os grupos que defendiam a Restauração, ou seja, a permanência ou o retôrno das bases do Antigo Regime – caracterizado, principalmente, pelo absolutismo monárquico e pelos privilégios da nobreza e do clero. De outro, encontravam-se os grupos defensores do liberalismo político, baseado no fim dos privilégios de nascimento e na valorização do mérito e do esfôrço individual.
A Restauração predominou em grande parte da Europa. Ela resultou, principalmente, das pressões da Santa Aliança, formada por Rússia, Áustria e Prússia. Esse processo estendeu-se até 1830, ano marcado pela eclosão de revoluções liberais em vários países da Europa.
O século das revoluções
Os movimentos revolucionários do século dezenove apresentaram um “ingrediente” novo: o nacionalismo.
O sentimento de pertencer a uma comunidade nacional, que compartilha um passado, uma língua e tradições, era algo novo na Europa. Em grande parte do período medieval, não havia um Estado centralizado, com autoridade para criar leis e governar um povo organizado em determinado território.
As Revoluções de 1830 começaram na França após o rei Carlos décimo ter instituído as Ordenações de Julho, que acabavam com a liberdade de imprensa, dissolviam a Câmara dos Deputados e modificavam a lei eleitoral. Revoltados com as medidas, os franceses ergueram barricadas pelas ruas de Paris e organizaram violentos protestos entre os dias 27 e 29 de julho. Carlos décimo abdicou do trono e o movimento atingiu rapidamente outras regiões, como Bélgica, península Itálica, Estados germânicos e Inglaterra.
Consequências
Os movimentos de 1830 tiveram importantes consequências: a Bélgica conquistou sua independência dos Países Baixos; na Inglaterra houve ampliação do número de eleitores e regulamentação da organização do operariado. Em outros Estados, embora tenha sido sufocada, a revolução deixou sementes do liberalismo e do nacionalismo.
Ler a pintura
• De que maneira a pintura valoriza o nacionalismo?
Lugar e cultura
O Romantismo e a revolução
O Romantismo foi um amplo movimento sociocultural que atravessou os últimos anos do século dezoito e as primeiras décadas do século dezenove. Influenciado pela Revolução Francesa e pela expansão napoleônica, o movimento captou e reproduziu as tensões da Europa revolucionária nos diversos campos da arte, como na literatura, na pintura, na escultura, na arquitetura e na música.
Os artistas românticos expressavam em suas obras a exaltação da liberdade e valorizavam o nacionalismo, buscando fórmas de representá-lo. Assim, a literatura e a música passaram a valorizar o idioma e o folclore nacional, ao mesmo tempo que exaltavam a pátria. Os artistas românticos transformaram os povos e as nações nos grandes protagonistas da história.
Além disso, os românticos se caracterizaram pela oposição ao Antigo Regime, ao racionalismo iluminista e aos temas da arte neoclássica. Eles propunham uma arte livre, guiada pela imaginação e pela emoção do artista. Defendiam a intuição, a liberdade de pensamento, as sensações humanas, o sonho e a fantasia, o individualismo e a retomada da união do ser humano com a natureza, diante das novidades da sociedade industrial. Opondo-se à arte neoclássica e ao Iluminismo, os românticos valorizavam a época medieval, considerando que ela simbolizava o desejo de retôrno à natureza e à religiosidade e até mesmo à origem das nações.
• De que fórma as características do Romantismo expostas no texto podem ser percebidas na pintura de delacroá? Explique.
A Primavera dos Povos
Em 1848, ocorreu a principal onda revolucionária do século dezenove. Conhecido como Primavera dos Povos, o movimento combinou as aspirações liberais da burguesia e os ideais nacionalistas. Contou também com a participação das classes trabalhadoras, mobilizadas pela terrível crise econômica que atingiu a Europa entre 1846 e 1850, com péssimas colheitas, elevação do custo de vida e desemprêgo.
Assim como na década anterior, a onda revolucionária de 1848 começou novamente na França. Em Paris, os franceses proclamaram a Segunda República, pondo novamente fim à monarquia. As rebeliões espalharam-se pelos Estados germânicos e pela península Itálica, em regiões que futuramente formariam a Itália e a Alemanha, onde foram derrotadas. No entanto, os movimentos revolucionários conseguiram implantar a república em alguns pequenos Estados.
O Império Austríaco também foi fortemente atingido por agitações liberais e, como resultado, aboliu o trabalho servil no campo. Os nacionalistas húngaros reagiram ao domínio estrangeiro, e a Hungria conseguiu tornar-se independente da Áustria. A servidão no campo foi extinta, e se realizou uma reforma agrária, violentamente reprimida no ano seguinte.
As Revoluções de 1848
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí, . Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 231.
Contrarrevolução
As ideias liberais, o nacionalismo e as questões sociais constituíram grandes marcas nas lutas do século dezenove no continente europeu. Contudo, a onda revolucionária daquele período também teve um saldo violento expresso em uma reação contrarrevolucionária. Essa reação se organizou para enfraquecer a onda revolucionária, na tentativa de impedir que mudanças profundas acontecessem na maioria dos países europeus.
HUGO, Victor. Os miseráveis. São Paulo: , 2019. Tradução e adaptação de José Angeli. O livro traz uma adaptação da obra original do escritor francês Victor Hugo. Aspectos do cenário político, econômico e social da cidade de Paris entre 1815 e 1832, aproximadamente, são narrados com base na trajetória de Cipiône Jan , preso por ter roubado um pão.
Ler o texto
Na obra A era do capital, 1848-1875, o historiador inglês Érik Robsbaum analisa as Revoluções de 1848 na Europa. Ele observa que, pela sua velocidade de propagação e pelo número de países que atingiu, talvez possa ser considerada “a primeira revolução potencialmente global”.
É importante notar que, de maneira geral, a onda revolucionária de 1848 acabou sendo, depois de algum tempo, reprimida e controlada pelos governos. Para diversos historiadores, as mudanças provocadas por esse movimento foram poucas, especialmente no campo político, uma vez que, após a repressão, muitas monarquias ainda conseguiram se manter no poder. Mesmo assim, durante a Primavera dos Povos surgiram na cena política novos atores sociais e novas questões.
Leia a seguir um trecho da obra de róbisbáum que trata desse período.
As fôrças da democracia
Se o nacionalismo era uma fôrça histórica reconhecida por governos, “democracia”, ou a crescente participação do homem comum nas questões do estado, era outra. Os dois eram uma única coisa, na medida em que movimentos nacionalistas neste período tornavam-se movimentos de massa, e certamente a esta altura praticamente todos os líderes radicais nacionalistas supunham estes dois conceitos como sendo idênticos. Entretanto reticências uma grande parte do povo comum, como os camponeses, ainda não havia sido atingida pelo nacionalismo reticências, enquanto outras, principalmente as novas classes trabalhadoras, eram praticamente requisitadas para seguir movimentos que, pelo menos em teoria, punham um interesse de classe internacional acima de filiações nacionais. Em todos esses casos, do ponto de vista das classes dirigentes, o fato importante era não que as “massas” acreditassem em alguma coisa, mas que seus credos agora contavam na política. reticências
Tornava-se, portanto, cada dia mais claro, nos países desenvolvidos e industrializados do oeste [da Europa] que mais cedo ou mais tarde os sistemas políticos teriam que abrir espaço para estas fôrças. Além disso, também se tornava claro que o liberalismo que formava a ideologia básica do mundo burguês não tinha defesas teóricas contra esta contingência. reticências Onde deveria ser traçada a linha entre a grande e crescente massa de “respeitáveis” trabalhadores e as baixas classes médias que adotavam muitos dos valôres e comportamentos da burguesia? reticências Além disso, e de fórma mais decisiva, as Revoluções de 1848 tinham mostrado como as massas podiam irromper no círculo fechado dos dirigentes da sociedade, e o progresso da sociedade industrial fez com que sua pressão fosse constantemente maior mesmo em períodos não revolucionários.
róbisbáum, Eric J. A era do capital, 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. página 147-149.
• róbisbáum diz que “ reticências as Revoluções de 1848 tinham mostrado como as massas podiam irromper no círculo fechado dos dirigentes da sociedade reticências”. Qual seria esse círculo? Faça uma pesquisa em livros e na internet e, com base em suas descobertas, cite exemplos de como as Revoluções de 1848, lideradas pelo povo, atingiram as lideranças de alguns países europeus.
A unificação da Itália
Durante a primeira metade do século dezenove, a península Itálica estava dividida em vários reinos. O sul, dominado pelo Reino das Duas Sicílias, era predominantemente agrícola. Já a região norte era industrializada e estava sob a influência direta do Império Austríaco.
Com a onda revolucionária de 1848, houve uma tentativa de unificação política da península Itálica. O Reino Lombardo-Veneziano, o Reino do Piemonte-Sardenha e o Reino das Duas Sicílias declararam guerra contra a Áustria. Porém, os habitantes da península não estavam unidos por um sentimento de identidade nacional capaz de fortalecer a luta e conduzi-la à vitória. Diante dessa situação, estava claro para os nacionalistas que a unificação não ocorreria por meio de uma revolução popular, mas sim de uma guerra com a participação de grandes potências europeias.
De norte a sul da península
Posteriormente, Piemonte-Sardenha, o reino mais industrializado da península Itálica, deu início a um novo processo de unificação política. Em 1859, o primeiro-ministro, o conde de Cavour, apoiado por Napoleão terceiro, da França, derrotou as fôrças austríacas e incorporou diversos territórios ao norte da península.
No sul, o republicano djiuzépe Garibaldi organizou os camponeses em um exército que ficou conhecido como camisas vermelhas. Em 1860, os soldados desembarcaram em Marsala e, sob o comando de Garibaldi, tomaram o Reino das Duas Sicílias.
Com essa vitória, em 1861, a unificação da Itália foi concretizada e Vítor Emanuel segundo, rei do Piemonte-Sardenha, foi proclamado rei da Itália. Em 1866, Veneza foi incorporada à nova nação.
UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA (1859-1861)
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí, . Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 234.
E Roma?
A Igreja católica demonstrava interesse em manter a cidade de Roma independente do restante da Itália. Contudo, Roma foi anexada em 1870, tornando-se, pouco depois, a capital italiana.
A formação da Alemanha
Assim como na Itália e em outras regiões europeias, as invasões napoleônicas despertaram o nacionalismo na Alemanha. No entanto, o contexto alemão era diferente do restante da Europa, pois havia muitos alemães vivendo em outras regiões e convivendo com outros povos em toda a Europa Central.
Desde o Congresso de Viena, em 1815, a Alemanha estava dividida em vários Estados, reunidos na Confederação Germânica. Essa associação era liderada pelo Império Austríaco e pela Prússia.
O reino prussiano era industrializado e estava em busca de novos mercados consumidores para seus produtos. Em 1834, a Prússia criou o Zollverein, um acôrdo comercial que suprimia as barreiras alfandegárias entre os Estados alemães. Essa união alfandegária, porém, excluía a Áustria.
O Zollverein impulsionou o desenvolvimento da indústria e do comércio nos Estados alemães e ampliou a comunicação entre eles.
Durante as Revoluções de 1848, já havia ocorrido na Prússia um movimento pela unificação da Alemanha e pelo liberalismo, que reuniu burgueses, pequeno-burgueses e operários e obteve várias conquistas democráticas, como o sufrágio universal. A reação da nobreza conservadora, porém, pôs fim à revolução e revogou as conquistas liberais obtidas. Depois disso, a grande burguesia prussiana, temendo a mobilização do povo, aliou-se à nobreza para conduzir a unificação sem a participação popular.
Em 1862, por escolha de Guilherme , rei da Prússia, primeiro Óto Bismarck assumiu o cargo de chancelerglossário . Ele foi um dos principais líderes da Restauração conservadora de 1848 e transformou-se na figura mais importante da unificação alemã.
Os acontecimentos de 1848 em Berlim
As Revoluções de 1848 também estouraram em Berlim (na Alemanha). Em 18 de março daquele ano, os rebeldes exigiram o fim da censura e a convocação de um Parlamento prussiano. Mesmo levantando barricadas para impedir o avanço dos soldados, 270 revolucionários morreram nos confrontos, a maior parte deles artesãos. O movimento foi sufocado e logo chegou ao fim.
Guerra pela unificação
No processo de unificação da Alemanha, Bismarck e seus aliados pretendiam despertar o sentimento nacional na população. Para isso, escolheram a guerra, equipando e modernizando o exército prussiano. Sua primeira ação foi aliar-se aos austríacos e declarar guerra à Dinamarca, que dominava regiões ao norte.
Depois, Bismarck declarou guerra à Áustria, avançando sobre seu território. Vitorioso, ele conseguiu reunir todos os Estados do norte na chamada Confederação Germânica do Norte, liderada pela Prússia. A unificação estava próxima de se tornar realidade, mas ainda faltavam os Estados do sul.
Depois de uma série de provocações e atos hostis, Bismarck conseguiu o que planejava: Napoleão terceiro, da França, declarou guerra à Prússia em 1870. Era a chamada Guerra Franco-Prussiana. Os franceses foram derrotados e perderam a cobiçada região da Alsácia-Lorena, rica em carvão, para os alemães.
Em janeiro de 1871, Guilherme primeiro foi coroado imperador da Alemanha, e Bismarck tornou-se chefe militar do país.
UNIFICAÇÃO DA ALEMANHA (SÉCULO dezenove)
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí, . Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 237; Serrán, Piérre; Blasséle, Renê. Atlas Bordas géographique et historique. Paris: Bordas, 1996.
Muitos fatores relacionados à unificação alemã
Apesar do protagonismo de Bismarck, a unificação alemã não foi uma obra individual. Pelo contrário, ela resultou do desenvolvimento industrial da Prússia, da integração econômica de grande parte do território alemão e da expansão de uma cultura nacional e belicista.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
1. Em seu caderno, copie e complete o quadro a seguir com informações sobre a onda revolucionária que se espalhou pela Europa na primeira metade do século dezenove.
1820 |
1830 |
1848 |
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Motivos |
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Alcance |
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2. O texto a seguir apresenta uma reflexão sobre a ideia de Estado-nação e sobre o nacionalismo. Leia-o atentamente para responder às questões.
Havia uma diferença fundamental entre o movimento para fundar Estados-nações e o “nacionalismo”. O primeiro era um programa para construir um artifício político que dizia basear-se no segundo. Não há dúvida de que muitos daqueles que se consideravam “alemães” por alguma razão achavam que isso não implicava necessariamente um Estado alemão único reticências. Um caso extremo de divergência entre nacionalismo e nação-Estado era a Itália reticências. No momento da unificação [italiana], em 1860, estimou-se que não mais de 2,5% de seus habitantes falavam a língua italiana no dia a dia reticências. Não é de admirar que (1792-1866) exclamasse em 1860: “Fizemos a Itália; agora precisamos fazer os italianos”.
róbisbáum, Eric J. A era do capital, 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. página 133-134.
- Por que, segundo o autor, é preciso diferenciar o nacionalismo dos Estados-nações na Europa?
- Explique o significado da frase de citada no texto.
- Por que a unificação italiana somente se concretizou por meio de uma guerra?
3. Observe a charge com atenção e registre uma reflexão em seu caderno relacionando-a ao processo de unificação da Alemanha.
- Atualmente, com o agravamento da crise econômica na Europa, o nacionalismo tem assumido uma feição exacerbada e racista. Na França e na Itália, por exemplo, tem crescido a atuação de grupos nacionalistas de extrema-direita, que apoiam políticas anti-imigratórias em seus países. Segundo eles, os imigrantes seriam os responsáveis pela falta de emprego e pelos baixos salários pagos pelas empresas. Os imigrantes também seriam os grandes responsáveis pelos males da sociedade, como o aumento da pobreza e da violência.
Reflita sôbre esse tema e discuta as questões a seguir com seus colegas. Lembre-se de escutar as ideias deles com atenção e respeito.
- Você concorda com essas ideias? Por quê?
- Que medidas poderiam ser tomadas para diminuir o preconceito contra os imigrantes?
- No Brasil também existe esse tipo de preconceito? Justifique a resposta.
CAPÍTULO 12 A EUROPA INDUSTRIAL E OS TRABALHADORES
Em grande parte da Europa do século dezenove, os valôres ligados à monarquia e aos privilégios aristocráticos, que caracterizavam o Antigo Regime, deram lugar à república e ao liberalismo.
Naquele cenário, a ciência, a indústria, a arte e até a religião passaram a ser influenciadas pelos ideais de liberdade. Os avanços obtidos pela Revolução Industrial e pelas ciências eram comemorados como grandes conquistas da humanidade.
Além disso, com as mudanças sociais e políticas geradas pelo liberalismo, passou a haver, entre os diversos grupos sociais, maior respeito às leis e maiores espaços para debates políticos.
No entanto, alguns filósofos e pensadores consideravam essas mudanças insuficientes, pois, apesar de conduzirem a uma igualdade política e jurídica, não promoveram a igualdade social nem econômica.
Naquele cenário de transformações, um novo elemento surgiu no conjunto de fôrças da sociedade: os operários. Ao perceberem que a riqueza gerada ia apenas para os cofres do patrão, eles passaram a exigir melhores condições de trabalho nas fábricas. Que iniciativas os operários tomaram? O que fizeram para aumentar o poder de negociação com os donos das fábricas?
A expansão da industrialização na Europa
Ao longo do século dezenove, a Revolução Industrial se expandiu pelo continente europeu. O processo de urbanização se intensificou e novas fábricas foram instaladas em vários países. O crescimento industrial ocorreu associado à expansão comercial e à livre concorrência, marca típica do liberalismo.
Contudo, a presença da população trabalhadora nas grandes fábricas ainda era minoritária. Em 1831, por exemplo, havia nas ilhas britânicas mais de 12,5 milhões de trabalhadores; destes, apenas 500 mil trabalhavam nas fábricas. Anos depois, em 1851, a Inglaterra — considerada, na época, a oficina do mundo — tinha mais ferreiros que operários siderúrgicos. Isso ocorria porque, mesmo com a expansão da industrialização, a produção artesanal continuava absorvendo a maior parte da mão de obra urbana.
De todo modo, com o passar do tempo, as cidades industriais tornaram-se cada vez mais povoadas e marcadas pelo contraste entre o florescimento de uma rica burguesia e a pobreza do operariado. A desigualdade social podia ser percebida no próprio espaço urbano: escritórios, lojas e demais estabelecimentos comerciais, habitações, praças, parques e vias embelezadas coexistiam com bairros mal iluminados, pequenas casas e cortiços, lixo e esgôto espalhados por ruas e calçadas.
Apesar desses contrastes, o progresso técnico-científico e a produção maciça de bens de consumo no período, mesmo que tenham beneficiado apenas uma parcela pequena da população, proporcionaram mais conforto às pessoas. Com essas conquistas materiais, as elites europeias passaram a valorizar a ciência e a tecnologia.
A valorização do mundo técnico-científico
O progresso técnico-científico possibilitado pela Revolução Industrial passou a ser celebrado em grandes eventos conhecidos como exposições universais. Essas feiras, intimamente ligadas à consolidação do capitalismo, foram as grandes vitrines do mundo inventivo e produtivo da burguesia europeia.
As exposições exibiam e comercializavam os mais variados produtos da atividade humana, da agricultura à metalurgia, dos instrumentos científicos aos novos materiais didáticos, das utilidades em geral às artes plásticas.
Além disso, as exposições universais serviam para demonstrar a solidez do sistema fabril, o triunfo da “civilização” europeia e o poder de intervenção e de domínio do ser humano sobre a natureza. Entretanto, esse otimismo em relação ao mundo das inovações e da tecnologia ocultava as péssimas condições de trabalho dos operários e a devastação do ambiente.
A primeira exposição universal
A Inglaterra, pioneira da industrialização, sediou a primeira exposição universal, realizada em 1851. Para abrigar o evento, foi erguido na cidade de Londres o grande Palácio de Cristal. A suntuosa construção privilegiava a entrada da luz solar, valorizando a iluminação natural.
O evento contou com mais de 14 mil expositores de 28 países e, nos 140 dias em que a exposição esteve aberta, recebeu mais de 6 milhões de visitantes. O sucesso do primeiro empreendimento foi determinante para que outros ocorressem ao longo do século dezenove e tem inspirado iniciativas semelhantes até os dias de hoje.
BRAGA, Marco Antonio Barbosa; MORAES, Andreia Guerra de; REIS, José Cláudio de Oliveira. Breve história da Ciência moderna. volume 4: A belle époque da ciência. Rio de Janeiro: , 2008. O livro fala sobre o século zarrár dezenove e a grande euforia em relação às conquistas científicas e tecnológicas da época.
Algumas teorias científicas do século dezenove
Desde o Renascimento, filósofos e cientistas desenvolveram fórmas de explicar os fenômenos da natureza sem recorrer aos textos bíblicos e sem considerar a ideia de que os eventos são regidos pela vontade de deuses ou espíritos sobrenaturais.
Nesse contexto, o desenvolvimento de uma mentalidade científica levou à perda da influência política das igrejas e à separação entre a Igreja e o Estado. A ciência ficou livre para explorar todas as áreas do conhecimento.
No início do século dezenove, o naturalista francês Jean Batísti de Lamarck, por exemplo, defendeu a ideia da transformação das espécies. Ele propunha que os seres vivos mais simples surgem por geração espontânea e se transformam segundo duas leis: os órgãos são desenvolvidos ou atrofiados de acôrdo com o uso ou o desuso e as características adquiridas (ou perdidas) por um ser vivo são transmitidas a seus descendentes.
Essa e outras teorias influenciaram as pesquisas do naturalista inglês chárlis Dárvin sobre a seleção natural. Segundo Dárvin, os indivíduos de uma mesma espécie apresentam grande variação entre si. Um grupo com determinadas características pode se adaptar melhor ao ambiente do que outros indivíduos da mesma espécie que apresentem características diferentes. Dessa fórma, esse grupo apresenta mais chances de sobreviver e deixar descendentes. As características que possibilitam melhor adaptação ao ambiente acabarão, com o tempo, se tornando mais comuns naquela espécie. Dárvin chamou esse processo de seleção natural.
Ler os quadrinhos
• Os quadrinhos anteriores dialogam com duas explicações diferentes para a origem das espécies. Identifique essas explicações, justificando sua resposta.
darvinísmo social
No século dezenove, a teoria da seleção natural de Dárvin foi aplicada por alguns pensadores para explicar a vida em sociedade, dando origem ao darvinísmo social, que considerava os seres humanos desiguais e dotados de capacidades inatas, algumas superiores e outras inferiores. Os indivíduos mais aptos e fortes derrotariam os menos aptos e fracos na luta pela sobrevivência.
Com base nesses princípios pretensamente científicos, surgiram discursos racistas que justificavam a desigualdade social e a prática imperialista das potências europeias na África, na Ásia e na América.
Leia a seguir como um naturalista francês descreve a “superioridade europeia” e justifica a subjugação de outros povos.
É necessário, pois, aceitar como princípio e ponto de partida o fato de que existe uma hierarquia de raças e civilizações, e que nós pertencemos à raça e civilização superior, reconhecendo ainda que a superioridade confere direitos, mas, em contrapartida, impõe obrigações estritas. A legitimação básica da conquista de povos nativos é a convicção de nossa superioridade, não simplesmente nossa superioridade mecânica, econômica e militar, mas nossa superioridade moral. Nossa dignidade se baseia nessa qualidade, e ela funda o nosso direito de dirigir o resto da humanidade. O poder material é apenas um meio para esse fim.
, Júls . Citado em: MARQUES, Ademar; LOPEZ, Luiz Roberto. Imperialismo: a expansão do capitalismo. Belo Horizonte: Lê, 2000. página 18.
E no Brasil...
O darvinísmo social influenciou intelectuais, cientistas e políticos no Brasil e em outros países da América do Sul nas últimas décadas do século dezenove. Para a antropóloga Lilia Chuárquis:
reticências o conhecimento e a aceitação desses modelos evolucionistas e darvinístas sociais por parte das elites intelectuais e políticas brasileiras traziam a sensação de proximidade com o mundo europeu e de confiança na inevitabilidade do progresso e da civilização . Paradoxalmente, a introdução desse novo ideário científico expunha, também, as fragilidades e especificidades de um país já tão reticências miscigenadoglossário .
Chuárquis, Lilia Mórits. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil (1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 1993. página 46.
Ainda segundo Lilia Chuárquis, os darvinístas sociais consideravam que a miscigenação era ruim para a evolução da espécie humana, pois provocaria a degeneração dos indivíduos. Nos meios científicos do Brasil passou a prevalecer a ideia de “hierarquia de raças”, em que o valor era atribuído conforme o grau de “embranquecimento” da pele:
Dessa fórma, o branco [passou a ser visto como] superior ao mestiço, e este, por sua vez, ao negro ou índio. Como se observa, estavam lançadas as bases científicas do preconceito racial e a legitimação das desigualdades sociais em nome da democracia.
BOLSANELLO, Maria Augusta. darvinísmo social, eugenia e racismo “científico”: sua repercussão na sociedade e na educação brasileiras. Educar, Curitiba, número 12, 1996. página 159.
• O uso das ideias do darvinísmo social, no Brasil do século dezenove, trouxe consequências negativas para os indígenas e os afrodescendentes? Por quê?
Lugar e cultura
A arte realista
A certeza de que a ciência levaria o ser humano ao progresso influenciou também a arte, fazendo surgir o Realismo, corrente artística e cultural que propunha a ruptura com o Romantismo.
Abandonando a intuição, a liberdade de pensamento, a imaginação e o gôsto medievalista da estética romântica, os artistas realistas valorizavam a expressão objetiva e científica dos seres humanos, dos acontecimentos e da paisagem.
Observe, agora, neste trecho do romance Crime e castigo, do escritor russo Fiódor dostoiévisqui (1821-1881), como o narrador descreve um bairro da cidade russa de São Petersburgo:
O calor era insuportável. A vista da cal, dos tijolos, da argamassa, e esse mau cheiro característico do habitante de São Petersburgo que não pode fugir para o campo no verão. reticências O fedor tremendo das tavernas, numerosas nessa parte da cidade, e os ébriosglossário com que topava a cada passo, conquanto fosse dia útil, completavam o colorido repugnante do quadro. reticências Nas ruas centrais de São Petersburgo, onde vive o operariado, o vestuário mais singular não causa a menor estranheza.
dostoiévisqui, Fiódor. Crime e castigo. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1998. página 8-9.
O Realismo se diferenciou do Romantismo principalmente na valorização da observação como a qualidade mais importante de um artista. Com base em princípios da racionalidade científica e com objetividade, os realistas pretendiam ter uma visão fria e distanciada daquilo que estava sendo representado em seus trabalhos.
As obras realistas investigavam e analisavam a realidade social. Comumente, os artistas se inspiravam no cotidiano e na realidade do trabalho de camponeses e de operários urbanos. Interessavam-se, também, pela vida nos subúrbios das grandes cidades.
• Que elementos desse texto de Dostoiévski o caracterizam como realista?
Novas teorias políticas
O século dezenove estava recheado de novas ideias: novas fórmas de pensar questões sociais e políticas surgiram ao mesmo tempo que novas teorias científicas eram desenvolvidas. Os avanços tecnológicos obtidos com a Revolução Industrial eram comemorados e exaltados. No entanto, a expansão do capitalismo e do liberalismo, apesar de possibilitar o progresso das técnicas, não promoveu igualdade social nem econômica entre as pessoas.
Essa situação contraditória impulsionou o surgimento de propostas para acabar com as injustiças e as desigualdades, e superar os problemas sociais. Veja, a seguir, as proposições de alguns pensadores que viveram na época.
- sãn simôn foi um teórico francês que dividia a sociedade entre produtores (industriais, operários, artistas, intelectuais e banqueiros) e ociosos (nobres e clérigos). Propunha que o poder político fosse exercido pelos produtores mais eficazes e insistia na solidariedade social.
- Róbert Ôuen foi um industrial galês que defendia a criação de cooperativas de produtores e consumidores e a educação universal. Em 1797, Ôuen adquiriu uma fábrica têxtil em Níu Lênerc, na Escócia. Ali, adotou medidas que melhoraram as condições de trabalho, como a redução da jornada, a assistência aos operários e seus filhos e a criação de cooperativas. Naquela fábrica, Ôuen também organizou uma escola em tempo integral para os filhos dos trabalhadores.
- Charles furriê foi um crítico social francês que propôs a criação dos falanstérios, comunidades autônomas e autossuficientes onde as pessoas viveriam de fórma cooperativa e cada uma trabalharia de acôrdo com sua capacidade.
O socialismo de márks e ênguels
sãn simôn, Ôuen e furriê foram chamados de “socialistas utópicos” por Karl márks e Frídric ênguels porque, segundo eles, criticavam a sociedade capitalista, mas não apresentavam propostas que pudessem superá-la concretamente.
Opondo-se às propostas dos socialistas utópicos, márks e ênguels elaboraram uma teoria que chamaram de “socialismo científico”, por considerarem racional e capaz de solucionar os problemas sociais. Segundo a teoria marquicísta, existe uma permanente luta de classes na sociedade, responsável por mover a história. Em meados do século dezenove, essa luta se manifestava no conflito entre a burguesia e o proletariado.
márks observou que, no capitalismo, a burguesia detinha todos os meios de produção e os trabalhadores vendiam sua fôrça de trabalho em troca de um salário. Porém, o salário era sempre menor do que a riqueza gerada pelo trabalhador. márks chamou essa diferença de mais-valia, que é a base da acumulação de capital promovida pelo sistema capitalista.
Como essa situação poderia ser transformada? Para márks e ênguels, o capitalismo só poderia ser derrubado com uma revolução dos trabalhadores, por meio da qual tomariam o poder, se apropriariam dos meios de produção e instituiriam a ditadura do proletariado. O Estado seria governado pelos trabalhadores até que todas as classes sociais desaparecessem, para, enfim, ser estabelecido o comunismo.
Socialistas utópicos
Apesar das diversas críticas feitas por márks e ênguels em relação aos primeiros socialistas (chamados por eles de “socialistas utópicos”), é importante ressaltar que o diagnóstico crítico que sãn simôn, Ôuen e furriê fizeram dos limites da democracia implementada com as revoluções liberais do século dezenove foi muito importante para construir um novo conjunto de teorias sociais.
O que é anarquismo?
O anarquismo não pode ser compreendido como uma única corrente teórica, pois apresenta diversas características e diferentes fórmas de atuação.
Para os anarquistas, o Estado é o criador das desigualdades sociais. Por isso, eles não concordavam com a tese de márks de que os trabalhadores devem tomar o poder e instituir a ditadura do proletariado. Para eles, o Estado deve ser abolido e substituído por fórmas de organização cooperativas e baseadas na autogestãoglossário .
A luta dos anarquistas sempre primou pela ação direta como meio de difundir suas ideias. Organizando greves e outras fórmas de luta dos trabalhadores, os anarquistas exerceram forte influência no movimento operário mundial até a década de 1920.
Entre os principais expoentes do anarquismo nos séculos dezenove e vinte estão os franceses Pierre-J e Luíse Michel, os russos Micail Bakunin, Emma Goldman e e a estadunidense Lúci Pársans.
O termo “anarquia” vem do grego anar rôs, que significa “sem govêrno”. Até hoje, muitas pessoas associam as palavras “anarquia”, “anarquismo” e “anarquista” à desordem ou ao caos; porém esse não era o sentido que os anarquistas davam a suas ideias.
A história de Lúci Pársans
Lúci Pársans nasceu em 1851. Chegou a ser escravizada durante a infância, quando vivia no sul dos Estados Unidos. Mais tarde, já livre, passou a fazer parte do movimento operário estadunidense, sendo responsável por fundar algumas organizações de trabalhadores. Foi uma das mais influentes pensadoras do anarquismo em sua época.
Lúci também publicava textos e artigos em jornais. Em 1905, participou da edição do periódico Liberator, que servia como meio de comunicação e informação para os trabalhadores na cidade de Chicago. Depois, em 1927, trabalhou no Comitê Nacional de Defesa do Trabalho, organização que pretendia defender a organização de atividades políticas dos trabalhadores. Lúci Párssons faleceu em 1942.
Ler o texto
Os falanstérios de furriê
As falanges propostas por furriê seriam correspondentes a pequenas unidades sociais com populações de cêrca de 1 500 habitantes, e cada uma possuiria um edifício comum chamado falanstério no qual todos viveriam harmoniosamente. reticências
reticências como modêlo de redistribuição da riqueza, previa-se que esta seria orientada de acôrdo com a qualidade do trabalho produzido por cada um reticências. Bem estabelecido, não seria uma remuneração privilegiando propriamente tipos diferentes de trabalho, mas sim a eficiência e o benefício real que os grupos profissionais estivessem produzindo para a comunidade. Quanto menos doentes tivesse um falanstério, mais os médicos deste falanstério seriam bem remunerados; quanto menos problemas estruturais ou de manutenção afligissem o edifício, mais ganhariam os engenheiros e técnicos; afinal, tais índices indicariam que eles estavam fazendo melhor o seu trabalho reticências.
reticências As roupas teriam botões nas costas, pois assim os seres humanos precisariam sempre uns dos outros para abotoá-los e desabotoá-los, o que impediria o estabelecimento dos padrões individualistas e egoístas que tanto caracterizavam a sociedade “civilizada” do seu tempo. reticências
BARROS, José dassunção. Os falanstérios e a crítica da sociedade industrial: revisitando chárles furriê. Mediações, Londrina, volume 16, número 1, janeiro/ junho 2011. página 246-251.
- O que eram os falanstérios propostos por furriê? De que maneira a convivência harmoniosa seria alcançada nessas comunidades?
- Como seria definida a remuneração dos trabalhadores nos falanstérios? Qual é a finalidade de estabelecer esse critério de remuneração?
- A proposta de furriê foi considerada utópica por outros pensadores, como márks e . Por quê? ênguels
- Na sua opinião, as ideias de harmonia e coletividade social são uma utopia? Por quê? Quais são as dificuldades com as quais teríamos de lidar para implantar uma sociedade harmoniosa como a pensada por Fourier?
A Comuna de Paris
Entre 18 de março e 28 de maio de 1871, a capital francesa viveu a experiência da Comuna de Paris, considerada por márks a primeira experiência socialista da história. O movimento teve à frente trabalhadores, teóricos de várias correntes socialistas e anarquistas.
Essa experiência de govêrno teve origem em uma crise agravada pela Guerra Franco-Prussiana. Em setembro de 1870, as tropas prussianas cercaram a cidade de Paris, que se fechou e se dispôs a resistir. Porém a situação na cidade se tornou extremamente difícil: a população teve de lidar com a falta de comida e o surgimento de epidemias.
Em março de 1871, os parisienses, insatisfeitos com a ação violenta do govêrno contra as revóltas populares, tomaram as ruas, levantaram barricadas e forçaram os governantes a fugir. Dias depois, nascia a Comuna de Paris.
O govêrno da Comuna instituiu medidas como a criação de um Estado no qual as decisões eram tomadas pela população em reuniões regulares, o estabelecimento de eleições para escolher os funcionários do Estado e o congelamento dos aluguéis e dos preços de gêneros de primeira necessidade. Além disso, criou creches e escolas para os filhos dos trabalhadores e passou o comando das fábricas abandonadas para os operários. A ideia da igualdade entre homens e mulheres foi colocada em ação pela primeira vez na história.
A Comuna de Paris, no entanto, foi brutalmente esmagada pelo exército francês, com apôio do exército prussiano. cêrca de 20 mil “comunardos” foram assassinados e outros 40 mil foram deportados para colônias francesas. Com o fim da Comuna, uma reforma urbana destruiu os bairros onde foram levantadas as barricadas. A curta experiência da Comuna foi incorporada na memória coletiva dos trabalhadores como modêlo de govêrno popular e colaborou para perpetuar o medo da revolução entre os proprietários franceses.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
1. O movimento conhecido como Escola de Barbizon reuniu artistas no vilarejo de Barbizon, na França. A intenção dos artistas era retratar as paisagens do entôrno campestre por intermédio do estudo direto do meio. Jan-Françuá Mié (1814-1875), pintor e membro fundador dessa escola, foi além da ideia original e passou a inserir personagens da vida rural em seu trabalho, como mostra a pintura a seguir.
- Descreva as figuras e o cenário mostrados na pintura.
- As características dessa obra são próprias do Romantismo ou do Realismo? Argumente com base em elementos da pintura.
- Compare essa pintura de Jan-Françuá Mié com a obra A Liberdade guiando o povo, de delacroá, apresentada anteriormente, na seção "Lugar e cultura". Aponte as principais diferenças entre o Realismo e o Romantismo tomando como exemplo as características das duas obras.
- Escreva um texto sobre o aumento populacional ocorrido no século dezenove, considerando os seguintes aspectos: mecanização da agricultura, problemas de saúde pública, expansão das indústrias e escassez de moradias.
- O progresso tecnológico do século dezenove foi acompanhado por um desenvolvimento notável da ciência. Identifique algumas das teorias científicas do século dezenove.
- Explique em que medida o darvinísmo social pode ser relacionado com fórmas de racismo surgidas ao longo do século dezenove.
- Copie em seu caderno apenas as afirmativas verdadeiras.
- Durante o século dezenove, a mentalidade científica na Europa buscava conciliar as conquistas da ciência com os dogmas da fé.
- Para a nova mentalidade do século dezenove, a ciência e a tecnologia se mostravam mais capacitadas que a fé para resolver os problemas sociais.
- A razão era um instrumento fundamental para a criação artística e literária do movimento romântico.
- A observação e a objetividade eram atitudes valorizadas tanto pelo Realismo quanto pela mentalidade científica do século dezenove.
- O russo Micail Bakunin (1814-1876) foi o principal porta-voz das divergências que os anarquistas travaram com a teoria elaborada por carl márks. No texto a seguir, o trecho de Bakunin está grafado em tipo normal e o comentário de márks, em itálico.
Já manifestamos nossa profunda repugnância pela teoria de Lassalle e márks, que recomenda aos operários, senão como ideal supremo, pelo menos como objetivo imediato e principal, a instauração de um Estado popular, o qual, segundo sua expressão, não será senão o proletariado erigido em classe dominante. E a gente se pergunta: quando o proletariado for a classe dominante, sobre quem vai dominar? Isto significa que sobrará outro proletariado, submetido a essa nova dominação, a este novo Estado. (Isto significa que enquanto subsistam as outras classes e especialmente a classe capitalista, enquanto o proletariado lute contra elas – pois com a ascensão do proletariado ao poder não desaparecem ainda seus inimigos, nem desaparece a velha organização da sociedade – terá que empregar medidas de violência, isto é, medidas de govêrno reticências).
márquis, cal; ênguêl frederíc. O anarquismo. São Paulo: Acadêmica, 1987. página 73.
- Qual questionamento Bakunin faz à teoria ? marquicísta
- Qual foi a resposta de márks à crítica de Bakunin?
- Elabore em seu caderno um resumo com as seguintes informações sobre a Comuna de Paris:
- Ano de eclosão do movimento.
- Causas imediatas.
- Grupos que participaram.
- Duração e resultados.
- Quais ações realizadas pela Comuna de Paris foram influenciadas por ideias socialistas e anarquistas?
- Que diferença podemos destacar entre a Comuna de Paris e as revoluções de 1789 e 1848?
Ser no mundo
O cotidiano do trabalho nas tirinhas
Você já estudou a mecanização da indústria e a posterior expansão da industrialização pela Europa, no século dezenove. As mudanças no mundo do trabalho, a partir da Revolução Industrial, foram enormes. Nesse período, o modo como os empresários organizavam o trabalho em suas fábricas mudou. A fórma como os operários se organizavam para defender seus direitos e exigir melhores condições de trabalho também se modificou.
Observe atentamente as duas tirinhas a seguir. Elas tratam de facetas do mundo do trabalho na sociedade capitalista.
têivês, bób. Tirinha de Frênqui e Êrnest. Publicada em 19 de fevereiro de 1997.
Ádamis, Iscót. Tirinha do personagem Dílbert. Publicada em 9 de julho de 2014.
- Em que ambiente os personagens frênqui e Êrnest foram representados nas tirinhas? Em que função eles estão trabalhando?
- Que relação os personagens frênqui e Êrnest têm com os artigos que são produzidos? Utilize seus conhecimentos de História e explique por que isso acontece.
- Os personagens frênqui e Êrnest apresentam alguma crítica? Qual?
- A rotina de trabalho em uma empresa é o tema central das tirinhas do personagem , de Dílbert iscót . Que problema está sendo tratado na tirinha? Como essa situação problemática afeta a vida do trabalhador? ádams
Será que os autores de histórias em quadrinhos, hoje, desenhariam tirinhas diferentes para falar sobre o trabalho na atualidade, considerando que o mundo do trabalho muda o tempo todo? Para pensar sobre isso, leia o trecho de reportagem a seguir.
Mudanças no mundo do trabalho
Com a evolução acelerada da tecnologia, o perfil do trabalho no mundo está mudando. O trabalho a partir de casa, horários flexíveis e vínculos menos formais são exemplos de alteração nas relações entre empregadores e contratados. reticências Para especialistas, as novas fórmas de trabalho precisam de regulação.
BRANCO, Mariana. Novas fórmas de trabalho precisam de regulação, defendem especialistas. Agência Brasil, 1º maio 2016. Disponível em: https://oeds.link/2fIM2K. Acesso em: 22 fevereiro 2022.
Em 2020, com o início da pandemia de covíd-19, o mundo do trabalho sofreu alterações, não apenas para os trabalhadores da área da saúde. Mesmo com a vacinação e os cuidados para evitar a transmissão, ficou claro que os empregadores deveriam adotar fórmas de garantir a saúde dos trabalhadores, estabelecendo o trabalho home office (do inglês, “escritório em casa”) e o rodízio de equipes no local presencial de trabalho, por exemplo.
covíd-19, nova doença no mundo do trabalho
Para [estudiosos da atualidade], a covíd-19 é a primeira nova doença profissional dessa década [2020], o que demanda a rápida detecção das ocupações de maior exposição. Segundo [os autores], além dos trabalhadores da saúde, os últimos fatos revelaram que merecem atenção: vendedores de artigos hospitalares, trabalhadores domésticos, guias turísticos, ourives que atendem turistas, executivos de multinacionais, taxistas, motoristas particulares, agentes de segurança, reticências e trabalhadores da construção.
[Há também outros trabalhadores que merecem atenção por estarem expostos à doença], como tripulações marítimas e aéreas, pessoal dos serviços de emergência (policiais, bombeiros etcétera), cuidadores, educadores, trabalhadores domésticos, da alimentação e os motoristas de transportes públicos.
Para preservar a saúde desses trabalhadores, além das medidas de teletrabalho e quarentena, foram reforçadas as medidas de higiene, assim como foi destacada a importância do rastreamento, notificação e vigilância da doença, ações educativas e acompanhamento por telessaúde.
SOUZA, Diego de Oliveira. A saúde dos trabalhadores e a pandemia de -19: da revisão à crítica. covíd Vigilância sanitária em debate. volume 8. número 3. agosto 2020. página 129. Disponível em: https://oeds.link/XhjHs5. Acesso em: 22 fevereiro 2022.
- O primeiro trecho afirma que o perfil de trabalho mudou muito com a evolução da tecnologia. Que exemplos são citados para explicar essa mudança?
- O segundo trecho aborda o mundo do trabalho no contexo da pandemia. Quais foram os impactos da -19 no mundo do trabalho e os trabalhadores mais afetados pela doença? covíd
- Se você fosse desenhar uma tirinha de humor para falar sobre algum problema no mundo do trabalho da atualidade, que tirinha você faria? Em seu caderno, desenhe ou descreva sua tirinha.
Glossário
- Chanceler
- Cargo equivalente ao de primeiro-ministro, que é o chefe do Poder Executivo nos regimes parlamentaristas.
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- Miscigenado
- Resultante de miscigenação, ou seja, da mistura de diferentes etnias.
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- Ébrio
- Que está embriagado; bêbado.
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- Autogestão
- Direção de uma instituição por seus próprios integrantes.
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