UNIDADEcinco REVOLUÇÃO E NOVAS TEORIAS POLÍTICAS DO SÉCULO dezenove

Fotografia. Vista elevada de um local aberto com uma estátua representando Otto Von Bismarck ao centro e em primeiro plano, feita de pedra em tons de bege, de tamanho gigante.  A estátua representa um homem careca, de bigode e casaco, segurando com as duas mãos, à frente do corpo, uma espada com a ponta apoiada no chão.  A estátua está apoiada sobre uma base elevada, feita de pedra de cor bege, em formato circular, com colunas na base e, sobre elas, grafites de letras em preto, azul e roxo. A base de formato circular tem três andares de escadarias que levam ao pedestal, também em formato circular.  Em segundo plano,vista de uma cidade. Logo atrás da estátua, formando uma linha horizontal, um parque com árvores marrons sem folhas. Mais ao fundo, prédios de tijolos de cor marrom e outros prédios em tons de branco e marrom, de tamanhos diversos. No horizonte da cidade, destacam-se algumas torres de igrejas, mais altas que as demais construções. No alto, o céu nublado na cor cinza.
Monumento em homenagem a Óto Bismarck, importante político alemão no século dezenove, localizado na cidade de Hamburgo, na Alemanha. Esse monumento tem 36 metros de altura e foi construído para celebrar o sucesso da unificação alemã, um dos eventos que marcaram o século dezenove. Fotografia de 2020.
Pintura. Em um parque, uma multidão formada por homens, mulheres e crianças vestidas com trajes de gala em meio a muitas árvores, cujas copas ocupam toda a parte superior e fundo da pintura. Há homens com cartolas pretas, casacos pretos, calças brancas e sapatos pretos.  Em primeiro plano, à esquerda, duas mulheres sentadas sobre cadeiras de metal dourado. Elas usam um lenço azul sobre a cabeça amarrado logo abaixo do queixo, e estão vestidas com mantos de cor bege. Uma delas segura nas mãos um leque verde. À direita delas, há duas meninas: uma menina de cabelo curto castanho, faixa vermelha no cabelo, vestido branco de mangas curtas bufantes e faixa vermelha na cintura, vista de frente. À frente dela, uma menina loira, agachada no chão e vista de costas, de vestido branco de mangas curtas bufantes e faixa verde amarrada na cintura com um grande laço nas costas. Com uma pequena pá, ela coloca terra em um balde pequeno e preto. Aos pés da outra menina, há outro balde. à direita deltas, uma sombrinha de cor bege, aberta, apoiada no chão. À direita, três cadeiras de metal dourado vazias.  Ao fundo, há outras mulheres e homens, conversando, a maior parte deles em pé.  No alto, entre as copas das árvores, um pedaço de céu azul claro formando um "v" no alto da pintura.
Manê, Eduár. Música nas Tulherias. 1862. Óleo sobre tela, 76,2 por 118,1 centímetros. Galeria Nacional, Londres, Inglaterra.

Movimentos revolucionários, surgimento do nacionalismo, fortalecimento do liberalismo, organização de trabalhadores, elaboração de novas teorias políticas e de novas fórmas de expressão artística... Em geral, esses eventos tomaram fórma na Europa do século dezenove e se expandiram, em sua grande maioria, para outras regiões.

Observando todos eles, podemos dizer que esse período foi extremamente agitado.

Não podemos esquecer ainda que o século dezenove também testemunhou a expansão do capitalismo, o desenvolvimento de novas tecnologias e o crescimento da participação dos trabalhadores na cena política.

Esses acontecimentos são fundamentais para entendermos as configurações políticas, econômicas e sociais que se delinearam ao redor do mundo e que, em alguns casos, permanecem na atualidade, mesmo que em parte. Eles tiveram e têm grande influência na formação da sociedade que conhecemos hoje.

Será que novas práticas e fórmas de pensar o mundo do trabalho e a industrialização trouxeram à tona novos anseios, tanto da parte dos trabalhadores como dos governos europeus de então? Quais as consequências desses acontecimentos para a sociedade hoje em dia?

Você estudará nesta Unidade:

Movimentos revolucionários de 1830 e 1848 no continente europeu

Processos de unificação da Itália e da Alemanha

Expansão da industrialização na Europa do século dezenove

Socialismo, anarquismo e teorias políticas

Comuna de Paris

Aspectos da arte no século dezenove: Romantismo e Realismo

CAPÍTULO 11 REVOLUÇÕES E UNIFICAÇÕES NA EUROPA

Nas primeiras décadas do século dezenove, a monarquia foi restabelecida em muitos países europeus. Assim, nesse processo, chamado por vários historiadores de Restauração, diversas dinastias reassumiram o poder. No entanto, a volta da monarquia não representou um período de calmaria. Ao contrário, seu ressurgimento provocou sucessivas ondas revolucionárias, que movimentaram o continente europeu.

Essa agitação política teve início em 1820, especialmente na região que corresponde à atual Itália, bem como na Grécia e na península Ibérica como um todo. Como consequência desse período e das mudanças políticas que ocorreram, a Grécia, por exemplo, conquistou sua independência do domínio otomano, em 1829. Nas duas décadas seguintes, as revóltas liberais se espalharam pela Europa.

Nesse século de revoluções, o Romantismo era o movimento artístico predominante. As obras românticas davam vazão às paixões, às emoções e à liberdade. Um exemplo é a obra reproduzida a seguir, de Caspar Dávid Frídric.

Pintura. Em uma praia com solo pedregoso de cor marrom, no centro, em primeiro plano, sobre uma pedra grande e alta, há duas mulheres e um homem, sentados, vistos de costas.  As mulheres estão sentadas lado a lado, com os cabelos castanhos presos em coques. Ambas usam vestidos longos, azuis, de mangas compridas. À direita, também sentado sobre a pedra, um homem com boina azul e casaco em marrom. Eles observam o mar.  À frente deles, pintado em tons de azul escuro, o mar. Sobre as águas, à esquerda, há duas  embarcações à vela, distantes, em tons de cinza.  Ao fundo, o céu, em tons de lilás, azul claro, laranja claro e amarelo e, entre as nuvens, um semicírculo amarelo emanando uma luz dourada que se reflete nas nuvens e nas águas.
Frídric, Caspar Deivid. Nascer da lua sobre o mar. 1822. Óleo sobre tela, 55 por 71 centímetros. Antiga Galeria Nacional, Berlim, Alemanha. Frídric foi um artista do Romantismo alemão. Uma das características de sua obra é a representação da paisagem para evocar sentimentos, muitas vezes até mesmo religiosos, e construir uma narrativa que chegava a emprestar poesia à natureza. Para ele, um artista não deveria pintar aquilo que vê à sua frente, mas também o que vê dentro de si mesmo. Tempestades, céus grandiosos e ruínas são elementos frequentes em suas pinturas.

Revoluções liberais do século dezenove

A derrota de Napoleão inaugurou na Europa uma disputa entre dois modelos de sociedade. De um lado, estavam os grupos que defendiam a Restauração, ou seja, a permanência ou o retôrno das bases do Antigo Regime – caracterizado, principalmente, pelo absolutismo monárquico e pelos privilégios da nobreza e do clero. De outro, encontravam-se os grupos defensores do liberalismo político, baseado no fim dos privilégios de nascimento e na valorização do mérito e do esfôrço individual.

A Restauração predominou em grande parte da Europa. Ela resultou, principalmente, das pressões da Santa Aliança, formada por Rússia, Áustria e Prússia. Esse processo estendeu-se até 1830, ano marcado pela eclosão de revoluções liberais em vários países da Europa.

O século das revoluções

Os movimentos revolucionários do século dezenove apresentaram um “ingrediente” novo: o nacionalismo.

O sentimento de pertencer a uma comunidade nacional, que compartilha um passado, uma língua e tradições, era algo novo na Europa. Em grande parte do período medieval, não havia um Estado centralizado, com autoridade para criar leis e governar um povo organizado em determinado território.

As Revoluções de 1830 começaram na França após o rei Carlos décimo ter instituído as Ordenações de Julho, que acabavam com a liberdade de imprensa, dissolviam a Câmara dos Deputados e modificavam a lei eleitoral. Revoltados com as medidas, os franceses ergueram barricadas pelas ruas de Paris e organizaram violentos protestos entre os dias 27 e 29 de julho. Carlos décimo abdicou do trono e o movimento atingiu rapidamente outras regiões, como Bélgica, península Itálica, Estados germânicos e Inglaterra.

Consequências

Os movimentos de 1830 tiveram importantes conse­quências: a Bélgica conquistou sua independência dos Países Baixos; na Inglaterra houve ampliação do número de eleitores e regulamentação da organização do operariado. Em outros Estados, embora tenha sido sufo­cada, a revolução deixou sementes do liberalismo e do nacionalismo.

Pintura. Vista de um local aberto, com uma barricada fechando uma rua, em um ambiente de conflito. À esquerda a fachada de um hotel, com paredes de cor cinza, janelas e portas em formato de arco e esculturas e colunas decorando fachada. Na entrada dessa construção, há militares com chapéus altos de cor preta, casaco azul e calças brancas. Um deles, segura um homem de casaco vermelho desfalecido.
No centro e à direita, há muitas pessoas, majoritariamente homens e meninos, com bandeiras, instrumentos ou armas em mãos.
No centro da imagem, fechando a rua, há uma barricada feita de pedras de cor cinza e tábuas amontoadas em uma grande pilha no chão. Atrás dela, no centro da pintura, há fumaça em tons de preto, marrom e cinza.
No centro da pintura, em pé sobre o monte de pedras da barricada, há um homem de cabelos cacheados, castanhos e curtos, barba e bigode fino, vestido com um lenço marrom amarrado ao pescoço, colete marrom, casaco marrom, calça branca listrada e uma faixa vermelha na cintura, onde ele leva uma pistola presa à cintura. Cruzando seu torso, a alça de uma bolsa a tiracolo marrom. Com um braço, ele segura um jovem desfalecido e com os olhos fechados à esquerda dele. O jovem é loiro, de cabelos curtos e cacheados, está vestido com uma camisa branca e um macacão preto, está ferido, com manchas de sangue na manga e na gola da camisa e empunha uma bandeira da França, com três listras verticais: uma azul, uma branca e outra vermelha. 
O homem no centro, que ampara o jovem, segura uma arma de cano longo com a outra mão, levanta a arma para o alto e olha para a direita com olhos vivos.
À direita desse homem, há um menino, também em pé sobre a barricada. Segurando duas baquetas pretas, o menino toca um tambor prateado e azul preso ao seu corpo com uma faixa branca. Ele olha para a direita, tem cabelos loiros, curtos e lisos, olhos claros, usa uma boina preta, uma camisa branca, um colete marrom aberto e uma calça cinza.
Ainda em primeiro plano, ao pé da barricada, há corpo de um homem caído, com a cabeça inclinada para trás. Ele tem cabelos curtos, loiros e cacheados, veste camisa e calça branca e um casaco militar vermelho aberto. 
À esquerda, há um homem sentado no chão, entre tábuas e pedras, com as costas apoiadas na barricada, olhando para o alto. Ele tem cabelos curtos, castanhos e cacheados, veste casaco preto, colete marrom, lenço estampado amarrado ao pescoço, e calças de cor marrom. Há uma arma de cano longo apoiada verticalmente ao lado dele. 
Entre esses dois homens, há um outro, em pé, visto de costas, com um dos joelhos apoiados na barricada.  Ele usa um gorro vermelho, camisa branca, calças vermelhas, duas faixas brancas cruzadas formando um 'x' em suas costas, uma espada encaixada em um suporte na faixa (à esquerda), uma bolsa preta encaixada em um suporte na faixa (à direita). Com uma das mãos enfaixadas apoiadas na barricada, ele estende a outra à frente, entregando algo que parece ser munição a um homem à frente dele, de joelhos sobre a barricada.
Esse homem é visto de costas, tem um lenço vermelho amarrado à cabeça, camisa branca e calça azul, está descalço. Ele segura uma arma de cano longo em uma mão e estende o outro braço atrás de si, sem olhar para trás, recebendo as munições do homem de calças vermelhas.
À frente dele, do outro lado da barricada, há um menino de gorro vermelho sobre a cabeça, casaco marrom e camisa branca aberta, que levanta uma bolsa para o alto na direção do homem de joelhos sobre a barricada. 
Do lado direito, caminhando na direção do monte de pedras, um grupo numeroso de pessoas armadas vestidas com roupas escuras e usando chapéus e cartolas. Mais ao fundo, uma bandeira vermelha, com o texto em branco, originalmente em francês: 'Viva a Carta!'. 
Um pouco mais atrás, em meio à outros militares, visto de costas, um militar com chapéu alto preto e casaco azul se destaca, apontando para o hotel, à esquerda.
No alto, o céu  azul claro e fumaça de cor cinza e marrom.
Chinêts, Jan-Victor. Lutando em frente ao Hotel de Ville, 28 de julho de 1830. 1833. Óleo sobre tela, 4,58 por 5 métros Museu do Pequeno Palácio, Paris, França. Esta pintura representa um dos episódios das Revoluções de 1830 na França, com barricadas erguidas pelos revolucionários.

Ler a pintura

• De que maneira a pintura valoriza o nacionalismo?

Ícone. Ilustração de um recipiente de base circular, com duas hastes laterais e grafismos coloridos, indicando a seção Lugar e cultura.

Lugar e cultura

O Romantismo e a revolução

O Romantismo foi um amplo movimento sociocultural que atravessou os últimos anos do século dezoito e as primeiras décadas do século dezenove. Influenciado pela Revolução Francesa e pela expansão napoleônica, o movimento captou e reproduziu as tensões da Europa revolucionária nos diversos campos da arte, como na literatura, na pintura, na escultura, na arquitetura e na música.

Os artistas românticos expressavam em suas obras a exaltação da liberdade e valorizavam o nacionalismo, buscando fórmas de representá-lo. Assim, a literatura e a música passaram a valorizar o idioma e o folclore nacional, ao mesmo tempo que exaltavam a pátria. Os artistas românticos transformaram os povos e as nações nos grandes protagonistas da história.

Além disso, os românticos se caracterizaram pela oposição ao Antigo Regime, ao racionalismo iluminista e aos temas da arte neoclássica. Eles propunham uma arte livre, guiada pela imaginação e pela emoção do artista. Defendiam a intuição, a liberdade de pensamento, as sensações humanas, o sonho e a fantasia, o individualismo e a retomada da união do ser humano com a natureza, diante das novidades da sociedade industrial. Opondo-se à arte neoclássica e ao Iluminismo, os românticos valorizavam a época medieval, considerando que ela simbolizava o desejo de retôrno à natureza e à religiosidade e até mesmo à origem das nações.

Pintura. Em um espaço aberto, sob um céu encoberto com nuvens e com a silhueta de uma cidade ao fundo, envolta em fumaça, no centro da pintura, uma mulher, em pé.  Descalça, com o peito desnudo, cabelos presos e olhando para trás, ela usa um barrete vermelho na cabeça e traja um vestido longo amarelo claro. Um tecido vermelho está atado à sua cintura. Em uma das mãos, a mulher segura uma arma de cano longo com uma baioneta acoplada e, na outra, sustenta com o braço erguido uma haste com que empunha a bandeira da França, com listras verticais nas cores vermelha, branca e azul. Ao lado dela, um menino. Ele está em pé, ao lado da mulher, portando duas pistolas, uma em cada mão. Um braço erguido ao alto; o outro abaixado, ao lado do corpo. Ele tem os cabelos cheios e castanhos e usa uma boina azul sobre a cabeça. Veste uma camisa branca com as mangas arregaçadas, um colete com os botões abertos na cor azul escuro e calças largas, claras e remendadas em um dos joelhos. Leva uma bolsa a tiracolo, com uma alça muito comprida para sua altura, ultrapassando sua coxa, chegando a altura do joelho. Diante deles, no solo, à frente da cena, há homens caídos entre pedras e pedaços de madeira, restos de uma barricada. Em primeiro plano, dois homens estão  caídos e desfalecidos no chão. Um deles, à esquerda, veste apenas uma camisa branca e uma meia azul no pé direito. Um pouco acima, um homem de casaco azul e lenço vermelho amarrado na cabeça está ajoelhado sobre os escombros, olhando para a mulher ao centro.  Ao lado esquerdo dela, um homem em pé, de cabelos e barba escura, porta uma espingarda e veste um casaco azul escuro e um colete da mesma cor com os botões metálicos fechados; ele tem a camisa aberta, um colarinho escuro e uma cartola em sua cabeça.  Ao lado dele,  à esquerda, um homem em pé, vestindo uma camisa branca entreaberta, suspensórios, macacão de trabalho de cor clara e uma boina, porta uma espada em uma das mãos e uma pistola presa à cintura.   Ao fundo, uma multidão de pessoas empunhando espadas e armas de fogo em meio à fumaça.
Delacroá, Eugêne. A Liberdade guiando o povo. 1830. Óleo sobre tela, 2,6 por 3,25 métros Museu do Louvre, Paris, França.

De que fórma as características do Romantismo expostas no texto podem ser percebidas na pintura de delacroá? Explique.

A Primavera dos Povos

Em 1848, ocorreu a principal onda revolucionária do século dezenove. Conhecido como Primavera dos Povos, o movimento combinou as aspirações liberais da burguesia e os ideais nacionalistas. Contou também com a participação das classes trabalhadoras, mobilizadas pela terrível crise econômica que atingiu a Europa entre 1846 e 1850, com péssimas colheitas, elevação do custo de vida e desemprêgo.

Assim como na década anterior, a onda revolucionária de 1848 começou novamente na França. Em Paris, os franceses proclamaram a Segunda República, pondo novamente fim à monarquia. As rebeliões espalharam-se pelos Estados germânicos e pela península Itálica, em regiões que futuramente formariam a Itália e a Alemanha, onde foram derrotadas. No entanto, os movimentos revolucionários conseguiram implantar a república em alguns pequenos Estados.

O Império Austríaco também foi fortemente atingido por agitações liberais e, como resultado, aboliu o trabalho servil no campo. Os nacionalistas húngaros reagiram ao domínio estrangeiro, e a Hungria conseguiu tornar-se independente da Áustria. A servidão no campo foi extinta, e se realizou uma reforma agrária, violentamente reprimida no ano seguinte.

As Revoluções de 1848

Mapa. As Revoluções de 1848. Mapa representando parte do continente europeu, da França ao Império Austríaco. Diferentes territórios estão destacados em cores distintas. Há ícones espalhados pelos territórios. Na legenda, um ícone  representando uma chama em amarelo e laranja indica: 'Jornadas revolucionárias de 1848'.  Em amarelo, o Reino da França, com um ícone representando uma chama na região de Paris e a indicação do mês: fevereiro. Ao sul, no Mar Mediterrâneo, em amarelo, a Ilha da Córsega. A leste da França, em marrom, Turim, com um ícone representando uma chama e a indicação do mês: março. Ao sul, no Mar Mediterrâneo, em marrom, a Ilha da Sardenha.  Ao norte de Turim, em laranja, os Estados Germânicos, com um ícone representando uma chama na região de Frankfurt e a indicação do mês: março. E um ícone representando uma chama na região de Munique e a indicação do mês: março a abril. A leste e oeste dos Estados Germânicos, em roxo, o Reino da Prússia, com um ícone representando uma chama na região de Berlim e a indicação do mês: março. Ao sul dos Estados Germânicos, em verde claro, o Império Austríaco, com um ícone representando uma chama na região de Budapeste, e a indicação do mês: março. Um ícone representando uma chama na região de Viena e a indicação do mês: março. Um ícone representando uma chama na região de Zagreb e a indicação do mês: abril. Um ícone representando uma chama na região de Veneza e a indicação do mês: março. Um ícone representando uma chama na região de Milão e a indicação do mês: março. Ao sul do Império Austríaco, na Península Itálica, em verde escuro, os Estados da Igreja com um ícone representando uma chama na região de Roma e a indicação do mês: março.  Ao norte dos Estados da Igreja, em laranja, Módena, com um ícone representando uma chama e a indicação do mês: março.  Ao sul de Módena, em roxo, Florença, com um ícone representando uma chama e a indicação do mês: fevereiro a março. Em rosa, no sul na Península Itálica, o Reino das Duas Sicílias.  À direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 210 quilômetros.

Elaborado com base em dados obtidos em: dubí, . Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 231.

Contrarrevolução

As ideias liberais, o nacionalismo e as questões sociais constituíram grandes marcas nas lutas do século dezenove no continente europeu. Contudo, a onda revolucionária daquele período também teve um saldo violento expresso em uma reação contrarrevolucionária. Essa reação se organizou para enfraquecer a onda revolucionária, na tentativa de impedir que mudanças profundas acontecessem na maioria dos países europeus.

Ícone. Sugestão de livro.

HUGO, Victor. Os miseráveis. São Paulo: Cipiône, 2019. Tradução e adaptação de José Angeli. O livro traz uma adaptação da obra original do escritor francês Victor Hugo. Aspectos do cenário político, econômico e social da cidade de Paris entre 1815 e 1832, aproximadamente, são narrados com base na trajetória de Jan , preso por ter roubado um pão.

Ler o texto

Na obra A era do capital, 1848-1875, o historiador inglês Érik Robsbaum analisa as Revoluções de 1848 na Europa. Ele observa que, pela sua velocidade de propagação e pelo número de países que atingiu, talvez possa ser considerada “a primeira revolução potencialmente global”.

É importante notar que, de maneira geral, a onda revolucionária de 1848 acabou sendo, depois de algum tempo, reprimida e controlada pelos governos. Para diversos historiadores, as mudanças provocadas por esse movimento foram poucas, especialmente no campo político, uma vez que, após a repressão, muitas monarquias ainda conseguiram se manter no poder. Mesmo assim, durante a Primavera dos Povos surgiram na cena política novos atores sociais e novas questões.

Leia a seguir um trecho da obra de róbisbáum que trata desse período.

As fôrças da democracia

Se o nacionalismo era uma fôrça histórica reconhecida por governos, “democracia”, ou a crescente participação do homem comum nas questões do estado, era outra. Os dois eram uma única coisa, na medida em que movimentos nacionalistas neste período tornavam-se movimentos de massa, e certamente a esta altura praticamente todos os líderes radicais nacionalistas supunham estes dois conceitos como sendo idênticos. Entretanto reticências uma grande parte do povo comum, como os camponeses, ainda não havia sido atingida pelo nacionalismo reticências, enquanto outras, principalmente as novas classes trabalhadoras, eram praticamente requisitadas para seguir movimentos que, pelo menos em teoria, punham um interesse de classe internacional acima de filiações nacionais. Em todos esses casos, do ponto de vista das classes dirigentes, o fato importante era não que as “massas” acreditassem em alguma coisa, mas que seus credos agora contavam na política. reticências

Tornava-se, portanto, cada dia mais claro, nos países desenvolvidos e industrializados do oeste [da Europa] que mais cedo ou mais tarde os sistemas políticos teriam que abrir espaço para estas fôrças. Além disso, também se tornava claro que o liberalismo que formava a ideologia básica do mundo burguês não tinha defesas teóricas contra esta contingência. reticências Onde deveria ser traçada a linha entre a grande e crescente massa de “respeitáveis” trabalhadores e as baixas classes médias que adotavam muitos dos valôres e comportamentos da burguesia? reticências Além disso, e de fórma mais decisiva, as Revoluções de 1848 tinham mostrado como as massas podiam irromper no círculo fechado dos dirigentes da sociedade, e o progresso da sociedade industrial fez com que sua pressão fosse constantemente maior mesmo em períodos não revolucionários.

róbisbáum, Eric J. A era do capital, 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. página 147-149.

róbisbáum diz que “reticências as Revoluções de 1848 tinham mostrado como as massas podiam irromper no círculo fechado dos dirigentes da sociedade reticências”. Qual seria esse círculo? Faça uma pesquisa em livros e na internet e, com base em suas descobertas, cite exemplos de como as Revoluções de 1848, lideradas pelo povo, atingiram as lideranças de alguns países europeus.

Gravura. Imagem de orientação vertical. Vista de um local fechado com paredes e chão feitos de tábuas de madeira em marrom claro. Vigas de madeira formam uma linha vertical à direita. Alguns homens, muitas mulheres e uma menina trabalham no mesmo ambiente.  As mulheres usam vestidos longos, aventais brancos e lenços nos cabelos.  À direita, um dos homens, em primeiro plano, de cabelos lisos, curtos, castanhos e barba castanha, usa uma camisa azul clara, um colete cinza e uma calça cinza. Ele segura um lápis na mão esquerda, como se anotasse algo em um papel, enquanto conversa com outro homem, à frente dele, visto de costas. Esse homem visto de costas usa uma camisa bege, suspensórios e calças marrons, um avental branco amarado à cintura e um chapéu branco sobre a cabeça. Ele segura um recipiente cilíndrico de cor cinza com as duas mãos. À esquerda,  uma menina de cabelos  longos, castanhos e ondulados, usando um vestido cor de rosa e um avental branco carrega uma pilha de tecidos amarelos nas mãos. À frente dela, há uma grande pilha de tecidos dobrados sobre um carrinho  de madeira com uma haste vertical cinza e rodinhas. Ao fundo, vê-se dezenas de mulheres de vestido longo em cores variadas  (marrom, vermelho, cinza, verde). A maioria está de frente para máquinas, e é possível identificar algumas engrenagens na parte superior da imagem.
Representação de trabalhadores em uma fábrica têxtil no norte dos Estados Unidos, no século dezoito. Século dezenove. Xilogravura. Coleção particular.

A unificação da Itália

Durante a primeira metade do século dezenove, a península Itálica estava dividida em vários reinos. O sul, dominado pelo Reino das Duas Sicílias, era predominantemente agrícola. Já a região norte era industrializada e estava sob a influência direta do Império Austríaco.

Com a onda revolucionária de 1848, houve uma tentativa de unificação política da península Itálica. O Reino Lombardo-Veneziano, o Reino do Piemonte-Sardenha e o Reino das Duas Sicílias declararam guerra contra a Áustria. Porém, os habitantes da península não estavam unidos por um sentimento de identidade nacional capaz de fortalecer a luta e conduzi-la à vitória. Diante dessa situação, estava claro para os nacionalistas que a unificação não ocorreria por meio de uma revolução popular, mas sim de uma guerra com a participação de grandes potências europeias.

De norte a sul da península

Posteriormente, Piemonte-Sardenha, o reino mais industrializado da península Itálica, deu início a um novo processo de unificação política. Em 1859, o primeiro-ministro, o conde de Cavour, apoiado por Napoleão terceiro, da França, derrotou as fôrças austríacas e incorporou diversos territórios ao norte da península.

No sul, o republicano djiuzépe Garibaldi organizou os camponeses em um exército que ficou conhecido como camisas vermelhas. Em 1860, os soldados desembarcaram em Marsala e, sob o comando de Garibaldi, tomaram o Reino das Duas Sicílias.

Com essa vitória, em 1861, a unificação da Itália foi concretizada e Vítor Emanuel segundo, rei do Piemonte-Sardenha, foi proclamado rei da Itália. Em 1866, Veneza foi incorporada à nova nação.

UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA (1859-1861)

Mapa. Unificação da Itália (1859-1861). Mapa representando a Península Itálica. Diferentes territórios estão destacados em cores distintas. Há setas indicando rotas e ícones espalhados pelos territórios.  Na legenda, em verde escuro, 'Reino do Piemonte-Sardenha'. Incluindo a região da Savoia, no norte da península e a Ilha da Sardenha, no Mar Tirreno. Destaque para as cidades de Novara, Turim, Alexandria, Gênova e Cagliari. Em verde claro, 'Ducados'. No noroeste da península, incluindo  Parma, Módena e a região da Toscana, com destaque para Florença e a Ilha de Elba.   Em cor de rosa claro, 'Estados da Igreja'. No nordeste, centro e oeste da península, com destaque para as cidades de Roma e Ferrara.  Em  lilás, 'Território do Império Austríaco'. A nordeste da península, na região do Tirol,  com destaque para a cidade de Trento. Em cor de rosa escuro, 'Reino das Duas Sicílias'. No sul da península, incluindo a Ilha da Sicília, no Mar Tirreno. Com destaque para as cidades de Pontecorvo, Nápoles, Régio, Messina, Palermo e Marsala. Hachurado com listras de cor cinza na diagonal, 'Territórios sob influência austríaca'. Compreendendo as regiões do Tirol, Vêneto, Lombardia, Toscana e os ducados de Parma e Módena, no norte da península. Em cor de laranja, 'Reino Lombardo-Veneziano'. No norte da península, compreendendo a região da Lombardia, com destaque para a cidade de Milão, e a região do Vêneto, com destaque para a cidade de Veneza. Um ícone representando chamas de fogo em vermelho e amarelo indica: 'Principais batalhas'. Há indicações de batalhas em Milão, no Vêneto, nos Estados da Igreja e no Reino das Duas Sicílias (uma a leste de Nápoles, na península; outra ao sul de Palermo, na ilha da Sicília).  Um ícone representando uma estrela verde indica: 'Insurreições populares'. Há indicações de insurreições em: Parma, Módena e na Toscana (a leste de Florença). Setas azuis indicam: 'Avanço do exército piemontês'. Partindo da região de Turim, na Savoia, e seguindo para Milão, na Lombardia, assim como para os Estados Papais, em região de batalhas, e de lá para Nápoles, no Reino das Duas Sicílias. Setas vermelhas indicam: 'Expedição de Garibaldi e os mil camisas vermelhas', partindo de Gênova, na Savoia, e seguindo pelo Mar Tirreno até Marsala, na Ilha da Sicília. E de lá, seguindo para Palermo, Messina, Régio e, por fim, Nápoles. Sob o título Revolução de 1848, um pequeno círculo amarelo indica: 'Movimentos revolucionários anteriores a 1848', destacando movimentos em Turim, Alexandria e Gênova (na Savoia), Milão (na Lombardia), Ferrara (nos Estados da Igreja), Nápoles, Régio e Palermo (no Reino das Duas Sicílias).  Sob o título Revolução de 1848,  um ícone de uma estrela de oito pontas na cor verde com contorno vermelho indica: 'Insurreições de 1848'. Localizando insurreições em Turim (na Savoia), Milão (na Lombardia), Veneza (no Vêneto), Florença (na Toscana), Nápoles e Palermo (no Reino das Duas Sicílias). No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 135 quilômetros.

Elaborado com base em dados obtidos em: dubí, . Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 234.

E Roma?

A Igreja católica demonstrava interesse em manter a cidade de Roma independente do restante da Itália. Contudo, Roma foi anexada em 1870, tornando-se, pouco depois, a capital italiana.

A formação da Alemanha

Assim como na Itália e em outras regiões europeias, as invasões napoleônicas despertaram o nacionalismo na Alemanha. No entanto, o contexto alemão era diferente do restante da Europa, pois havia muitos alemães vivendo em outras regiões e convivendo com outros povos em toda a Europa Central.

Desde o Congresso de Viena, em 1815, a Alemanha estava dividida em vários Estados, reunidos na Confederação Germânica. Essa associação era liderada pelo Império Austríaco e pela Prússia.

O reino prussiano era industrializado e estava em busca de novos mercados consumidores para seus produtos. Em 1834, a Prússia criou o Zollverein, um acôrdo comercial que suprimia as barreiras alfandegárias entre os Estados alemães. Essa união alfandegária, porém, excluía a Áustria.

O Zollverein impulsionou o desenvolvimento da indústria e do comércio nos Estados alemães e ampliou a comunicação entre eles.

Durante as Revoluções de 1848, já havia ocorrido na Prússia um movimento pela unificação da Alemanha e pelo liberalismo, que reuniu burgueses, pequeno-burgueses e operários e obteve várias conquistas democráticas, como o sufrágio universal. A reação da nobreza conservadora, porém, pôs fim à revolução e revogou as conquistas liberais obtidas. Depois disso, a grande burguesia prussiana, temendo a mobilização do povo, aliou-se à nobreza para conduzir a unificação sem a participação popular.

Em 1862, por escolha de Guilherme primeiro, rei da Prússia, Óto Bismarck assumiu o cargo de chancelerglossário . Ele foi um dos principais líderes da Restauração conservadora de 1848 e transformou-se na figura mais importante da unificação alemã.

Gravura. Cena noturna. Vista de um local aberto, com o céu em tons de cinza escuro e lua cheia entre nuvens, em tons de amarelo. Uma construção grande, de dois andares, ocupando uma esquina ao fundo, um prédio de quatro andares à esquerda, visto parcialmente, e no centro, uma praça, fechada por uma barricada feita de pedras e tábuas.  No centro da praça, uma batalha ocorrendo no ambiente urbano. Há pessoas caídas no chão da praça e sobre elas, algumas manchas vermelhas. Em primeiro plano, à direita, há duas fileiras de homens vistos de costas, com capacetes sobre as cabeças e roupas escuras, apontando armas para o centro da praça, à frente. Há uma intensa fumaça branca saindo das armas. No canto direito, uma grande labareda de fogo em laranja e amarelo e uma estrutura de madeira ardendo. Em frente a esse grupo, entre os dois prédios, há uma multidão atrás da barricada alta, um monte de pedras e tábuas de madeira bloqueando a passagem. Por trás dessa barricada, há pessoas com os braços e com as armas levantadas para alto e uma bandeira aberta, com três listras horizontais: uma amarela, uma vermelha no centro e uma preta, abaixo, as cores da bandeira alemã. Há muita fumaça branca cobrindo esse grupo.   À esquerda, ao lado do prédio de quatro andares, cujas janelas revelam chamas amarelas e cor de laranja em seu interior, há homens de uniforme azul montados sobre cavalos marrons e com armas levantadas para cima. Algumas colunas de fumaça saem das janelas do prédio, em cujo topo há pessoas aglomeradas. Ao fundo, no grande prédio de esquina, as janelas retangulares revelam que há chamas no interior dos dois andares da construção. Com reflexos em amarelo e alaranjado e fumaça branca saindo de algumas janelas. No topo desse prédio, também há pessoas aglomeradas no telhado. Mais à direita, subindo para o céu, uma grande quantidade de fumaça escura.
Barricadas em Berlim. Século dezenove. Litogravura, 33,4 por 41 centímetros. Museu Histórico Alemão, Berlim, Alemanha.

Os acontecimentos de 1848 em Berlim

As Revoluções de 1848 também estouraram em Berlim (na Alemanha). Em 18 de março daquele ano, os rebeldes exigiram o fim da censura e a convocação de um Parlamento prussiano. Mesmo levantando barricadas para impedir o avanço dos soldados, 270 revolucionários morreram nos confrontos, a maior parte deles artesãos. O movimento foi sufocado e logo chegou ao fim.

Guerra pela unificação

No processo de unificação da Alemanha, Bismarck e seus aliados pretendiam despertar o sentimento nacional na população. Para isso, escolheram a guerra, equipando e modernizando o exército prussiano. Sua primeira ação foi aliar-se aos austríacos e declarar guerra à Dinamarca, que dominava regiões ao norte.

Depois, Bismarck declarou guerra à Áustria, avançando sobre seu território. Vitorioso, ele conseguiu reunir todos os Estados do norte na chamada Confederação Germânica do Norte, liderada pela Prússia. A unificação estava próxima de se tornar realidade, mas ainda faltavam os Estados do sul.

Depois de uma série de provocações e atos hostis, Bismarck conseguiu o que planejava: Napoleão terceiro, da França, declarou guerra à Prússia em 1870. Era a chamada Guerra Franco-Prussiana. Os franceses foram derrotados e perderam a cobiçada região da Alsácia-Lorena, rica em carvão, para os alemães.

Em janeiro de 1871, Guilherme primeiro foi coroado imperador da Alemanha, e Bismarck tornou-se chefe militar do país.

Fotografia em preto e branco. à frente de um caminho ladeado por vegetação baixa, há dois homens vistos de lado, posicionados um de frente para o outro. Ambos usam trajes militares: à esquerda, um homem de cabelos escuros e curtos, de quepe preto, casaco preto, calças pretas e sapatos pretos, apoiado em uma espada metálica cuja ponta está amparada no chão. À direita, um homem de cabelos brancos, bigode branco e espesso, cobrindo os lábios, quepe branco com uma faixa preta, casaco preto com botões metálicos, calças pretas e sapatos pretos, com uma das mãos ao lado de seu corpo. Ao fundo, vegetação e troncos de árvores altas, vistas parcialmente.
O imperador alemão Wilhelm segundo, à esquerda, com Óto Bismarck, à direita, em fotografia da década de 1860.

UNIFICAÇÃO DA ALEMANHA (SÉCULO dezenove)

Mapa. Unificação da Alemanha. Século 19. Mapa representando parte do norte do continente europeu, com o Mar do Norte a noroeste e o Mar Báltico a nordeste. No continente, entre a França (a oeste), a Rússia (a leste), e o Império Austríaco (ao sul), diferentes territórios estão demarcados com cores distintas.  Na legenda, em cor de laranja, 'Prússia em 1861'. Estendendo-se a oeste, desde a fronteira com os Países Baixos, a Bélgica e a França, com destaque para a cidade de Colônia, até os limites das regiões de Hannover e Nassau, com territórios a norte de Hesse e na Saxônia. E a leste, estendendo-se desde os limites das regiões de Mecklembourg e Saxônia, com destaque para a cidade de Berlim, até a fronteira com a Rússia, atingindo o litoral do Mar Báltico com destaque para a cidade de Dantzig, e o Império Austríaco, ao sul. Em lilás, 'Ducado administrado pela Prússia'. Destaque para a região de Schleswing, na Península da Jutlândia, ao sul da Dinamarca. Em rosa, 'Ducado administrado pela Áustria'. Destaque para Holstein, ao sul de Schleswing, entre os mares do Norte e Báltico. Em roxo, 'Aquisições da Prússia'. Destaque para Lauenburg, ao sul de Holstein. Em amarelo, 'Aquisições prussianas em 1866'. Destaque para as regiões de Hannover, Oldenburg, Mecklembourg, Saxônia, Hesse e Nassau.  Contornada por uma linha vermelha, 'Confederação Germânica do Norte (1866-1871)'. Englobando os territórios da Prússia em 1861 e as regiões de Hannover, Oldenburg, Mecklembourg, Nassau, Hesse, Saxônia, Lauenburg, Holstein e Schleswing.  Em verde claro, 'Estados do sul'. Englobando Wurtemberg e Baviera (com destaque para a cidade de Munique), ao sul da Confederação Germânica do Norte.  Contornado por uma linha verde escura, 'Limites do Império Alemão em 1871'. Englobando os territórios da Confederação Germânica do Norte e as regiões da Alsácia-Lorena (ao sul da Prússia), Wurtemberg e Baviera (com destaque para a cidade de Munique).  Em marrom, 'Alsácia-Lorena', um território ao sul da Prússia, a leste da França e a oeste de Wurtemberg, com destaque para a cidade de Estrasburgo. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 110 quilômetros.

Elaborado com base em dados obtidos em: dubí, . Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 237; Serrán, Piérre; Blasséle, Renê. Atlas Bordas géographique et historique. Paris: Bordas, 1996.

Muitos fatores relacionados à unificação alemã

Apesar do protagonismo de Bismarck, a unificação alemã não foi uma obra individual. Pelo contrário, ela resultou do desenvolvimento industrial da Prússia, da integração econômica de grande parte do território alemão e da expansão de uma cultura nacional e belicista.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. Em seu caderno, copie e complete o quadro a seguir com informações sobre a onda revolucionária que se espalhou pela Europa na primeira metade do século dezenove.

1820

1830

1848

Motivos

Alcance

Resultados


2. O texto a seguir apresenta uma reflexão sobre a ideia de Estado-nação e sobre o nacionalismo. Leia-o atentamente para responder às questões.

Havia uma diferença fundamental entre o movimento para fundar Estados-nações e o “nacionalismo”. O primeiro era um programa para construir um artifício político que dizia basear-se no segundo. Não há dúvida de que muitos daqueles que se consideravam “alemães” por alguma razão achavam que isso não implicava necessariamente um Estado alemão único reticências. Um caso extremo de divergência entre nacionalismo e nação-Estado era a Itália reticências. No momento da unificação [italiana], em 1860, estimou-se que não mais de 2,5% de seus habitantes falavam a língua italiana no dia a dia reticências. Não é de admirar que (1792-1866) exclamasse em 1860: “Fizemos a Itália; agora precisamos fazer os italianos”.

róbisbáum, Eric J. A era do capital, 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. página 133-134.

  1. Por que, segundo o autor, é preciso diferenciar o nacionalismo dos Estados-nações na Europa?
  2. Explique o significado da frase de citada no texto.
  3. Por que a unificação italiana somente se concretizou por meio de uma guerra?

3. Observe a charge com atenção e registre uma reflexão em seu caderno relacionando-a ao processo de unificação da Alemanha.

Caricatura. Desenho colorido sobre folha de cor bege. Em destaque, no centro da imagem, um homem com a cabeça maior que o corpo, olhando para a esquerda, em pé sobre o desenho de um mapa no chão. Ele usa um capacete preto com detalhes dourados, ponta fina com uma lança dourada na parte superior da cabeça e alça dourada abaixo do queixo. O capacete cobre a cabeça, a testa e os olhos da figura. Ele tem um bigode grande marrom cobrindo seus lábios e usa um traje militar composto de casaco azul escuro com gola e punhos vermelhos, dragonas douradas sobre os ombros, cinto vermelho e dourado, calça azul clara e botas de cano longo pretas. Usa também uma espada de cabo dourado presa à cintura. Ele está com as pernas um pouco afastadas, uma delas flexionada, e segura nas mãos uma vassoura de palha marrom na diagonal, varrendo do mapa sobre o qual está em pé dezenas de soldados, em miniatura, com roupa azul e lanças para o alto.  No alto da gravura, um texto escrito à mão, ilegível. Na parte inferior, um texto impresso, em francês, ilegível.
Caricatura francesa representando Óto Bismarck varrendo os franceses na Guerra Franco-Prussiana. 1870. Litogravura. Coleção particular.
  1. Atualmente, com o agravamento da crise econômica na Europa, o nacionalismo tem assumido uma feição exacerbada e racista. Na França e na Itália, por exemplo, tem crescido a atuação de grupos nacionalistas de extrema-direita, que apoiam políticas anti-imigratórias em seus países. Segundo eles, os imigrantes seriam os responsáveis pela falta de emprego e pelos baixos salários pagos pelas empresas. Os imigrantes também seriam os grandes responsáveis pelos males da sociedade, como o aumento da pobreza e da violência. Reflita sôbre esse tema e discuta as questões a seguir com seus colegas. Lembre-se de escutar as ideias deles com atenção e respeito.
    1. Você concorda com essas ideias? Por quê?
    2. Que medidas poderiam ser tomadas para diminuir o preconceito contra os imigrantes?
    3. No Brasil também existe esse tipo de preconceito? Justifique a resposta.

CAPÍTULO 12 A EUROPA INDUSTRIAL E OS TRABALHADORES

Em grande parte da Europa do século dezenove, os valôres ligados à monarquia e aos privilégios aristocráticos, que caracterizavam o Antigo Regime, deram lugar à república e ao liberalismo.

Naquele cenário, a ciência, a indústria, a arte e até a religião passaram a ser influenciadas pelos ideais de liberdade. Os avanços obtidos pela Revolução Industrial e pelas ciências eram comemorados como grandes conquistas da humanidade.

Além disso, com as mudanças sociais e políticas geradas pelo liberalismo, passou a haver, entre os diversos grupos sociais, maior respeito às leis e maiores espaços para debates políticos.

No entanto, alguns filósofos e pensadores consideravam essas mudanças insuficientes, pois, apesar de conduzirem a uma igualdade política e jurídica, não promoveram a igualdade social nem econômica.

Naquele cenário de transformações, um novo elemento surgiu no conjunto de fôrças da sociedade: os operários. Ao perceberem que a riqueza gerada ia apenas para os cofres do patrão, eles passaram a exigir melhores condições de trabalho nas fábricas. Que iniciativas os operários tomaram? O que fizeram para aumentar o poder de negociação com os donos das fábricas?

Pintura. Vista de local aberto, com muitas pessoas aglomeradas em frente a uma edificação com paredes de tijolos vermelhos, vista de lado e parcialmente, à esquerda, tendo à frente uma escada com cinco degraus.  No alto da escadaria, há um homem de cabelos e barba brancos, vestido de preto e com uma cartola preta sobre a cabeça.  No centro e se estendendo para a direita, há homens, mulheres e crianças, formando um grupo à frente dessa escadaria, vestidos com roupas simples de operários, gente pobre e simples.  No canto esquerdo, há uma mulher de cabelos pretos e saia longa segurando um bebê no colo, coberto por um cobertor preto. Ao lado dela, uma menina, de cabelos castanhos e curtos, blusa branca de mangas longas, vestido de alças preto até os joelhos, meias vermelhas e sapatinhos pretos. Ela olha para o grupo no centro.  Em primeiro plano, nesse grupo, há uma mulher de vestido longo preto discutindo com um homem visto de costas, de casaco cinza manchado e calças pretas. Ele está com os dois braços estendidos para os lados, como quem se justifica.  À esquerda dele, um homem de blusa branca, colete e calças de cor bege, está com as costas curvadas, pegando algo sobre o chão.  Mais ao fundo, um menino de cabelos castanhos, curtos, vestido com camisa branca e macacão cinza, está descalço, correndo ao lado do grupo. À frente do grupo, em pé, diante da escadaria, há um homem de boina preta, casaco preto, camisa vermelha e calças pretas. Ele está na base das escadas, diante do homem de terno e cartola pretos, apontando para a direita. No canto superior direito, há um conjunto de construções baixas com chaminés altas.  Ao fundo, centralizadas, no horizonte, à distância,  fábricas e chaminés, das quais sai muita fumaça.  No alto, céu cinza.
Cuêla, Rôbert. A greve na região de Charleroi. 1866. Óleo sobre tela, 1,81 por 2,75 métros Museu Histórico Alemão, Berlim, Alemanha. A obra representa uma paralisação de trabalhadores em uma fábrica em Charleroi, na Bélgica, em 1866.
Ciência e Tecnologia

A expansão da industrialização na Europa

Ao longo do século dezenove, a Revolução Industrial se expandiu pelo continente europeu. O processo de urbanização se intensificou e novas fábricas foram instaladas em vários países. O crescimento industrial ocorreu associado à expansão comercial e à livre concorrência, marca típica do liberalismo.

Contudo, a presença da população trabalhadora nas grandes fábricas ainda era minoritária. Em 1831, por exemplo, havia nas ilhas britânicas mais de 12,5 milhões de trabalhadores; destes, apenas 500 mil trabalhavam nas fábricas. Anos depois, em 1851, a Inglaterra — considerada, na época, a oficina do mundo — tinha mais ferreiros que operários siderúrgicos. Isso ocorria porque, mesmo com a expansão da industrialização, a produção artesanal continuava absorvendo a maior parte da mão de obra urbana.

De todo modo, com o passar do tempo, as cidades industriais tornaram-se cada vez mais povoadas e marcadas pelo contraste entre o florescimento de uma rica burguesia e a pobreza do operariado. A desigualdade social podia ser percebida no próprio espaço urbano: escritórios, lojas e demais estabelecimentos comerciais, habitações, praças, parques e vias embelezadas coexistiam com bairros mal iluminados, pequenas casas e cortiços, lixo e esgôto espalhados por ruas e calçadas.

Apesar desses contrastes, o progresso técnico-científico e a produção maciça de bens de consumo no período, mesmo que tenham beneficiado apenas uma parcela pequena da população, proporcionaram mais conforto às pessoas. Com essas conquistas materiais, as elites europeias passaram a valorizar a ciência e a tecnologia.

Pintura. Cena noturna. Vista uma rua, com lojas ao fundo e à direita. Em primeiro plano, no centro, uma mulher com o corpo voltado para à esquerda, de cabelos castanhos cobertor por um chapéu cor de vinho, usando um vestido sob um casaco preto acinturado, longo até os pés, com detalhes de pelos na gola, na barra e nos punhos. Ela olha para a direita, com o rosto voltado para o observador. 
Atrás dela, à direita, há cinco homens. Visto de lado, em pé, com o corpo voltado para a esquerda, um senhor de bigodes grisalhos,  com cartola preta, casaco marrom claro e calça marrom escura, com  as mãos nos bolsos. Outros dois homens de cartola estão mais ao fundo e à esquerda, conversando. Um gesticula com a mão direita, perto do outro, de bigode preto e mãos nos bolsos. 
Na ponta da direita, mais ao fundo, um homem com o corpo voltado à direita, de cartola preta, camisa branca, casaca preta, calça e sapatos pretos, conversa com um homem calvo, com cabelos ralos e grisalhos, visto de lado, com o corpo voltado para a esquerda, de casaco cinza segurando uma cartola preta em sua mão. Acima deles, anúncios luminosos de fundo vermelho e letras brancas com texto ilegível. Abaixo, no canto direito, suas mesas redondas e pequenas, com tampo branco, e sobre o tampo de casa uma, uma bandeja prateada com uma garrada de vidro e uma taça.
Em primeiro plano, à esquerda, Um homem calvo de costeletas de cor cinza, casaco preto, camisa branca e
de avental branco da cintura para baixo. Na mão esquerda, ele segura um pano branco. Está de frente para uma mulher vista de costas, de chapéu preto com plumas azuis com casaco preto e saia longa longa preta co plumas. Ela está com a mão esquerda sobre a cintura. 
Atrás dela, um rapaz de boina preta, camisa preta, casaco azul e calças pretas, segura jornais em suas duas mãos. Está com a boca aberta, como se gritasse algo.
Em segundo plano, uma carruagem preta, puxada por cavalos, com o cocheiro sentado em plano mais elevado, usando uma cartola preta e um casaco preto.
Mais ao fundo, no ambiente de rua, há outras pessoas, homens e mulheres em pé, conversando e observando o entorno.
 Ao fundo, no centro, uma construção de dois andares, com colunas e um frontão de formato triangular sobre a fachada. Esse local é iluminado por luzes em tons de amarelo e há outras pessoas dentro da construção, no andar mais alto.
Berrô, Jan. Boulevard Montmartre e o Teatro Variétés.cêrca de 1885. Óleo sobre tela, 50 por 71 centímetros. Museu Carnavalet, Paris, França. Frequentado pelas elites, o local apresentava espetáculos teatrais e de dança.
Ciência e Tecnologia

A valorização do mundo técnico-científico

O progresso técnico-científico possibilitado pela Revolução Industrial passou a ser celebrado em grandes eventos conhecidos como exposições universais. Essas feiras, intimamente ligadas à consolidação do capitalismo, foram as grandes vitrines do mundo inventivo e produtivo da burguesia europeia.

As exposições exibiam e comercializavam os mais variados produtos da atividade humana, da agricultura à metalurgia, dos instrumentos científicos aos novos materiais didáticos, das utilidades em geral às artes plásticas.

Além disso, as exposições universais serviam para demonstrar a solidez do sistema fabril, o triunfo da “civilização” europeia e o poder de intervenção e de domínio do ser humano sobre a natureza. Entretanto, esse otimismo em relação ao mundo das inovações e da tecnologia ocultava as péssimas condições de trabalho dos operários e a devastação do ambiente.

A primeira exposição universal

A Inglaterra, pioneira da industrialização, sediou a primeira exposição universal, realizada em 1851. Para abrigar o evento, foi erguido na cidade de Londres o grande Palácio de Cristal. A suntuosa construção privilegiava a entrada da luz solar, valorizando a iluminação natural.

O evento contou com mais de 14 mil expositores de 28 países e, nos 140 dias em que a exposição esteve aberta, recebeu mais de 6 milhões de visitantes. O sucesso do primeiro empreendimento foi determinante para que outros ocorressem ao longo do século dezenove e tem inspirado iniciativas semelhantes até os dias de hoje.

Ilustração. Vista de  um local fechado, um pavilhão alto, com estrutura de metal, observado em toda sua extensão. A edificação possui dois pavimentos nas laterais e um corredor amplo no centro. O desenho mostra uma visão da altura do segundo pavimento.  No primeiro pavimento, no corredor formado no centro, há muitas pessoas em pé, em grupos, observando uma série de objetos expostos em estandes diferentes: há duas esculturas em forma de cavalo, uma urna alta cor de cobre,  um canhão preto, uma grande rocha marrom, uma escultura branca representando um homem nu de pé, uma escultura equestre, representando um homem à cavalo em cor de bronze, uma grande luminária de piso dourada com base redonda e dez lâmpadas redondas e brancas, e outros objetos diversos, dispostos em estandes e em mesas de cor vermelha. À esquerda e à direita, as laterais do pavilhão são adornadas por cortinas vermelhas.  No pavimento superior, as laterais são protegidas por parapeitos de metal trançado. À direita, um homem de casaco preto, camisa branca, gravata borboleta e colete marrom se apoia no parapeito e observa o andar inferior. Nesse andar, também há muitos objetos dispostos: à esquerda: tapetes estampados e coloridos, à direita, vasos e esculturas em uma estante amarela. Há homens e mulheres caminhando no pavimento superior, observando os objetos. O teto do pavilhão é feito de material transparente sustentado estruturas metálicas cruzadas, que formam pequenos quadrados.
Interior do Palácio de Cristal, construído para a Exposição Universal de 1851, em Londres. 1854. Ilustração. Arquivo Metropolitano de Londres, Inglaterra.
Ícone. Sugestão de livro.

BRAGA, Marco Antonio Barbosa; MORAES, Andreia Guerra de; REIS, José Cláudio de Oliveira. Breve história da Ciência moderna. volume 4: A belle époque da ciência. Rio de Janeiro: zarrár, 2008. O livro fala sobre o século dezenove e a grande euforia em relação às conquistas científicas e tecnológicas da época.

Algumas teorias científicas do século dezenove

Desde o Renascimento, filósofos e cientistas desenvolveram fórmas de explicar os fenômenos da natureza sem recorrer aos textos bíblicos e sem considerar a ideia de que os eventos são regidos pela vontade de deuses ou espíritos sobrenaturais.

Nesse contexto, o desenvolvimento de uma mentalidade científica levou à perda da influência política das igrejas e à separação entre a Igreja e o Estado. A ciência ficou livre para explorar todas as áreas do conhecimento.

No início do século dezenove, o naturalista francês Jean Batísti de Lamarck, por exemplo, defendeu a ideia da transformação das espécies. Ele propunha que os seres vivos mais simples surgem por geração espontânea e se transformam segundo duas leis: os órgãos são desenvolvidos ou atrofiados de acôrdo com o uso ou o desuso e as características adquiridas (ou perdidas) por um ser vivo são transmitidas a seus descendentes.

Essa e outras teorias influenciaram as pesquisas do naturalista inglês chárlis Dárvin sobre a seleção natural. Segundo Dárvin, os indivíduos de uma mesma espécie apresentam grande variação entre si. Um grupo com determinadas características pode se adaptar melhor ao ambiente do que outros indi­víduos da mesma espécie que apresentem características diferentes. Dessa fórma, esse grupo apresenta mais chances de sobreviver e deixar descendentes. As características que possibilitam melhor adaptação ao ambiente acabarão, com o tempo, se tornando mais comuns naquela espécie. Dárvin chamou esse processo de seleção natural.

Ler os quadrinhos

Quadrinhos. História em quatro quadros. Apresenta como personagens: Deus, um senhor careca, com barba comprida branca, olhos arregalados, vestido com uma túnica de mangas compridas amarela. Darwin, outro senhor careca e de  barba branca longa, este com olhos pequenos e de sobrancelhas unidas. há também, quatro animais diferentes: uma toupeira marrom com a ponta do focinho em forma de estrela cor de rosa. Um ornitorrinco cor de laranja, com focinho e cauda marrom, uma girafa amarela com pintas marrons e um hipopótamo cinza, um morcego, um pinguim e um gorila. Primeiro quadro. Vistos da cintura para cima, à esquerda, a toupeira com focinho em formato de estrela, olhos fechados e boca aberta, de frente para Deus, no centro. À esquerda de Deus, o ornitorrinco.  A toupeira com um balão de fala: 'POR QUE ESSA ESTRELA?'. Deus a olha atento, com a mão no queixo.  à direita, o ornitorrinco com um balão de fala:  'SOU MOTIVO DE PIADA POR TODOS!'.  Segundo quadro. À esquerda, o hipopótamo cinza, com a barriga em bege; no centro, Deus, com a mão no queixo, olhando para o alto; e à direita, no alto, vista do pescoço e da cabeça da girafa. O hipopótamo com expressão irritada e o balão de fala:  'POR QUE SOU TÃO GORDO?' Deus, olhando para cima, está com a mão direita no queixo e tem uma linha fina preta na diagonal acima da cabeça dele. À direita, a girafa, com expressão irritada e o balão de fala: 'E O PESCOÇO?'. Terceiro quadro. À esquerda, em um grupo, a girafa, o hipopótamo, o ornitorrinco e a toupeira com focinho de estrela. Todos olham com cenho franzido para Deus, à direita. Ele está com os olhos fechados, mão abertas para frente e o balão de fala: 'SINTO MUITO, MAS ESSE NÃO É MAIS MEU DEPARTAMENTO. IREI ENCAMINHÁ-LOS PARA O NOVO RESPONSÁVEL'.  Quarto quadro. Dentro de um quarto de paredes de cor marrom, com uma janela, e um aparador marrom com um despertador, à direita. À esquerda, o hipopótamo, a girafa, o ornitorrinco com os braços cruzados, a toupeira de focinho de estrela, um morcego pousado de ponta cabeça sobre o pescoço da girafa, um gorila e um pinguim, todos com expressões aborrecidas. No centro, Darwin deitado sobre uma cama, com uma coberta azul e um travesseiro azul sob sua cabeça. Atrás de Darwin, Deus o observando e chacoalhando com as duas mãos. Deus com um balão de fala:  'DARWIN... Ô DARWIN... '.
RUAS, Carlos. revólta dos bichos. 2011. Para Dárvin, todas as espécies, incluindo o ser humano, derivaram de uma primeira fórma de vida e evoluí­ram conforme a lei da seleção natural.

Os quadrinhos anteriores dialogam com duas explicações diferentes para a origem das espécies. Identifique essas explicações, justificando sua resposta.

darvinísmo social

No século dezenove, a teoria da seleção natural de Dárvin foi aplicada por alguns pensadores para explicar a vida em sociedade, dando origem ao darvinísmo social, que considerava os seres humanos desiguais e dotados de capacidades inatas, algumas superiores e outras inferiores. Os indivíduos mais aptos e fortes derrotariam os menos aptos e fracos na luta pela sobrevivência.

Com base nesses princípios pretensamente científicos, surgiram discursos racistas que justificavam a desigualdade social e a prática imperialista das potências europeias na África, na Ásia e na América.

Leia a seguir como um naturalista francês descreve a “superioridade europeia” e justifica a subjugação de outros povos.

É necessário, pois, aceitar como princípio e ponto de partida o fato de que existe uma hierarquia de raças e civilizações, e que nós pertencemos à raça e civilização superior, reconhecendo ainda que a superioridade confere direitos, mas, em contrapartida, impõe obrigações estritas. A legitimação básica da conquista de povos nativos é a convicção de nossa superioridade, não simplesmente nossa superioridade mecânica, econômica e militar, mas nossa superioridade moral. Nossa dignidade se baseia nessa qualidade, e ela funda o nosso direito de dirigir o resto da humanidade. O poder material é apenas um meio para esse fim.

, Júls . Citado em: MARQUES, Ademar; LOPEZ, Luiz Roberto. Imperialismo: a expansão do capitalismo. Belo Horizonte: Lê, 2000. página 18.

E no Brasil...

O darvinísmo social influenciou intelectuais, cientistas e políticos no Brasil e em outros países da América do Sul nas últimas décadas do século dezenove. Para a antropóloga Lilia Chuárquis:

reticências o conhecimento e a aceitação desses modelos evolucionistas e darvinístas sociais por parte das elites intelectuais e políticas brasileiras traziam a sensação de proximidade com o mundo europeu e de confiança na inevitabilidade do progresso e da civilização reticências. Paradoxalmente, a introdução desse novo ideário científico expunha, também, as fragilidades e especificidades de um país já tão miscigenadoglossário .

Chuárquis, Lilia Mórits. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil (1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 1993. página 46.

Ainda segundo Lilia Chuárquis, os darvinístas sociais consideravam que a miscigenação era ruim para a evolução da espécie humana, pois provocaria a degeneração dos indivíduos. Nos meios científicos do Brasil passou a prevalecer a ideia de “hierarquia de raças”, em que o valor era atribuído conforme o grau de “embranquecimento” da pele:

Dessa fórma, o branco [passou a ser visto como] superior ao mestiço, e este, por sua vez, ao negro ou índio. Como se observa, estavam lançadas as bases científicas do preconceito racial e a legitimação das desigualdades sociais em nome da democracia.

BOLSANELLO, Maria Augusta. darvinísmo social, eugenia e racismo “científico”: sua repercussão na sociedade e na educação brasileiras. Educar, Curitiba, número 12, 1996. página 159.

 O uso das ideias do darvinísmo social, no Brasil do século dezenove, trouxe consequências negativas para os indígenas e os afrodescendentes? Por quê?

Ícone. Ilustração de um recipiente de base circular, com duas hastes laterais e grafismos coloridos, indicando a seção Lugar e cultura.

Lugar e cultura

A arte realista

A certeza de que a ciência levaria o ser humano ao progresso influenciou também a arte, fazendo surgir o Realismo, corrente artística e cultural que propunha a ruptura com o Romantismo.

Abandonando a intuição, a liberdade de pensamento, a imaginação e o gôsto medievalista da estética romântica, os artistas realistas valorizavam a expressão objetiva e científica dos seres humanos, dos acontecimentos e da paisagem.

Pintura. Em um local com solo bege, pedregoso, um menino e um homem, vistos de costas e lateralmente, trabalham juntos. À esquerda, menino visto de costas, carregando pedra redonda cinza nas mãos. Ele usa camisa de mangas compridas em branco, calça e sapatos marrons. À direita, o homem agachado se apoiando no joelho da perna esquerda. Ele usa camisa de mangas compridas em branco, colete em marrom, calça em marrom-claro e sapatos da mesma cor. Ele segura na mão direita um martelo para cima e no solo, pedaços de pedras. Ao fundo, em segundo plano, morros com grama verde e sombras.
Corbé, Gustáve. Os quebradores de pedra. 1849. Óleo sobre tela, 159 por 259 centímetros. Pinacoteca dos Antigos Mestres, Dresden, Alemanha. Observe como o pintor, que fazia parte do Realismo francês, representou os trabalhadores sem idealização ou dramatização, quase de fórma crua.

Observe, agora, neste trecho do romance Crime e castigo, do escritor russo Fiódor dostoiévisqui (1821-1881), como o narrador descreve um bairro da cidade russa de São Petersburgo:

O calor era insuportável. A vista da cal, dos tijolos, da argamassa, e esse mau cheiro característico do habitante de São Petersburgo que não pode fugir para o campo no verão. reticências O fedor tremendo das tavernas, numerosas nessa parte da cidade, e os ébriosglossário com que topava a cada passo, conquanto fosse dia útil, completavam o colorido repugnante do quadro. reticências Nas ruas centrais de São Petersburgo, onde vive o operariado, o vestuário mais singular não causa a menor estranheza.

dostoiévisqui, Fiódor. Crime e castigo. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1998. página 8-9.

O Realismo se diferenciou do Romantismo principalmente na valorização da observação como a qualidade mais importante de um artista. Com base em princípios da racionalidade científica e com objetividade, os realistas pretendiam ter uma visão fria e distanciada daquilo que estava sendo representado em seus trabalhos.

As obras realistas investigavam e analisavam a realidade social. Comumente, os artistas se inspiravam no cotidiano e na realidade do trabalho de camponeses e de operários urbanos. Interessavam-se, também, pela vida nos subúrbios das grandes cidades.

Que elementos desse texto de Dostoiévski o caracterizam como realista?

Novas teorias políticas

O século dezenove estava recheado de novas ideias: novas fórmas de pensar questões sociais e políticas surgiram ao mesmo tempo que novas teorias científicas eram desenvolvidas. Os avanços tecnológicos obtidos com a Revolução Industrial eram comemorados e exaltados. No entanto, a expansão do capitalismo e do liberalismo, apesar de possibilitar o progresso das técnicas, não promoveu igualdade social nem econômica entre as pessoas.

Essa situação contraditória impulsionou o surgimento de propostas para acabar com as injustiças e as desigualdades, e superar os problemas sociais. Veja, a seguir, as proposições de alguns pensadores que viveram na época.

  • sãn simôn foi um teórico francês que dividia a sociedade entre produtores (industriais, operários, artistas, intelectuais e banqueiros) e ociosos (nobres e clérigos). Propunha que o poder político fosse exercido pelos produtores mais eficazes e insistia na solidariedade social.
  • Róbert Ôuen foi um industrial galês que defendia a criação de cooperativas de produtores e consumidores e a educação universal. Em 1797, Ôuen adquiriu uma fábrica têxtil em Níu Lênerc, na Escócia. Ali, adotou medidas que melhoraram as condições de trabalho, como a redução da jornada, a assistência aos operários e seus filhos e a criação de cooperativas. Naquela fábrica, Ôuen também organizou uma escola em tempo integral para os filhos dos trabalhadores.
  • Charles furriê foi um crítico social francês que propôs a criação dos falanstérios, comunidades autônomas e autossuficientes onde as pessoas viveriam de fórma cooperativa e cada uma trabalharia de acôrdo com sua capacidade.
Gravura. Vista de local fechado com piso de madeira marrom claro, pé direito elevado, janelas altas retangulares na parede do fundo, um longo painel de uma ponta a outra dessa parede, com representações de animais (um cavalo branco, um elefante cinza, uma zebra, um tigre, entre outros), há um banco de madeira em toda extensão dessa mesma parede.  No centro, dezenas de meninas vestidas com vestidos brancos, de mangas curtas, e descalças, algumas com os pés em meia ponta. À esquerda e ao fundo, ao redor do salão, homens e mulheres sentados e de pé. Os homens estão vestidos com casacos escuros e calças de cores variadas (preto, azul e outras cores) e as mulheres usam vestidos longos claros (branco ou rosa) e chapéu na cabeça. À direita, três homens sentados em banquetas, vestidos com casacos azuis,  e calças brancas. Cada um deles toca um violino marrom. à frente deles, um pedestal de madeira com um suporte para partituras. Logo abaixo, dois homens em pé, um de costas vestido com casaco marrom e calças escura e outro com casaco azul e calças marrons, este de braços cruzados à frente das meninas.  Ao fundo, na parede da direita, um quadro branco com um mapa desenhado, representando parte da Europa.  À esquerda, em um mezanino de madeira marrom, há outras três pessoas, vistas parcialmente.
Representação de aula de dança na Fundação de Róbert Ôuen em Níu Lênerc, em 1823. Gravura. Coleção particular.
O socialismo de márks e ênguels

sãn simôn, Ôuen e furriê foram chamados de “socialistas utópicos” por Karl márks e Frídric ênguels porque, segundo eles, criticavam a sociedade capitalista, mas não apresentavam propostas que pudessem superá-la concretamente.

Opondo-se às propostas dos socialistas utópicos, márks e ênguels elaboraram uma teoria que chamaram de “socialismo científico”, por considerarem racional e capaz de solucionar os problemas sociais. Segundo a teoria marquicísta, existe uma permanente luta de classes na sociedade, responsável por mover a história. Em meados do século dezenove, essa luta se manifestava no conflito entre a burguesia e o proletariado.

márks observou que, no capitalismo, a burguesia detinha todos os meios de produção e os trabalhadores vendiam sua fôrça de trabalho em troca de um salário. Porém, o salário era sempre menor do que a riqueza gerada pelo trabalhador. márks chamou essa diferença de mais-valia, que é a base da acumulação de capital promovida pelo sistema capitalista.

Como essa situação poderia ser transformada? Para márks e ênguels, o capitalismo só poderia ser derrubado com uma revolução dos trabalhadores, por meio da qual tomariam o poder, se apropriariam dos meios de produção e instituiriam a ditadura do proletariado. O Estado seria governado pelos trabalhadores até que todas as classes sociais desaparecessem, para, enfim, ser estabelecido o comunismo.

Socialistas utópicos

Apesar das diversas críticas feitas por márks e ênguels em relação aos primeiros socialistas (chamados por eles de “socialistas utópicos”), é importante ressaltar que o diag­nóstico crítico que sãn simôn, Ôuen e furriê fizeram dos limites da democracia implementada com as revoluções liberais do século dezenove foi muito importante para construir um novo conjunto de teorias sociais.

Pintura. Vista de uma rua em perspectiva. À direita e à esquerda, construções em tons de bege. À esquerda, estacionada na rua, uma carruagem vermelha. À direita, uma calçada cinza, onde há um grupo de crianças e mulheres à frente de uma loja, em cujo balcão há um homem. À esquerda, vista da traseira da carruagem vermelha estacionada. A carruagem está aberta, com a cobertura preta e brilhante recolhida na parte de trás do veículo. Nos bancos, sentadas, duas mulheres, ambas de vestido longo vermelho e chapéu vermelho com flores. Uma delas, mais à esquerda, segura uma sombrinha vermelha aberta. Ao redor delas, há três crianças. Duas crianças pequenas com vestes brancas e rendadas e um menino mais velho, loiro, em pé, com chapéu cinza, casaco dourado, colete dourado e camisa com gola de renda branca. Ao fundo,  visto de costas, o cocheiro, sentado em um patamar mais elevado da carruagem, usando cartola preta sobre a cabeça, casaco marrom e segurando um chicote de cabo fino preto.  Na calçada, à direita, diante de uma loja aberta, um homem de chapéu preto, camisa branca e colete marrom, posicionado atrás de um balcão distribui objetos para crianças e mulheres, em primeiro plano, vestidos com roupas simples.  Uma das meninas, ruiva, de cabelos curtos, usa um vestido cor de rosa rasgado e está descalça. Elas estão com o corpo de frente para um balcão, algumas com os braços estendidos, pegando algo sobre ele. Objetos semelhantes a sacolas de cor bege com listras.  Há cerca de dez crianças de idades variadas e três mulheres, uma delas com um bebê no colo. Essa mulher usa um lenço preto sobre os cabelos, xale preto sobre um vestido longo e preto e apoia uma das mãos nas costas de uma criança loira, vista de costas, com chapéu preto, casaco preto, meias longas pretas e botinas pretas. À direita, próximo ao aglomerado de crianças, um cachorrinho branco com manchas cor de caramelo é visto de costas, observando o grupo de crianças.  Atrás dele, atravessando a rua, uma menina mais velha segura a mão de uma menina mais nova. Ambas usam chapéus cor de palha com fitas azuis e seguram bolsas cor de palha com alças. A mais velha usa um vestido cinza e um lenço vermelho no pescoço. A mais nova usa um vestido cor de rosa, meias curtas brancas e sapatinhos pretos. Ao fundo, à esquerda uma senhora com chapéu preto com flores sobre a cabeça, blusa de renda preta, saia armada dourada e uma sombrinha preta fechada, que é seguida por um homem de cabelos brancos, cartola preta e casaco marrom segurando uma caixa, se dirige para a carruagem.  À esquerda e à direita, construções em tons de bege. No centro e no alto, o céu azul claro e nuvens brancas.
Frif, Uílham Páuel. Pobreza e riqueza. 1888. Óleo sobre tela, 81,3 por 119,4 centímetros. Coleção particular. Nesta obra, o artista representou alguns contrastes sociais vistos nas ruas de Londres: à esquerda, uma família em sua carruagem representa a “riqueza”; à direita, homens, mulheres e crianças, possivelmente trabalhadores, representam a “pobreza”.
O que é anarquismo?

O anarquismo não pode ser compreendido como uma única corrente teórica, pois apresenta diversas características e diferentes fórmas de atuação.

Para os anarquistas, o Estado é o criador das desigualdades sociais. Por isso, eles não concordavam com a tese de márks de que os trabalhadores devem tomar o poder e instituir a ditadura do proletariado. Para eles, o Estado deve ser abolido e substituído por fórmas de organização cooperativas e baseadas na autogestãoglossário .

A luta dos anarquistas sempre primou pela ação direta como meio de difundir suas ideias. Organizando greves e outras fórmas de luta dos trabalhadores, os anarquistas exerceram forte influência no movimento operário mundial até a década de 1920.

Entre os principais expoentes do anarquismo nos séculos dezenove e vinte estão os franceses Pierre-J e Luíse Michel, os russos Micail Bakunin, Emma Goldman e e a estadunidense Lúci Pársans.

O termo “anarquia” vem do grego anar rôs, que significa “sem govêrno”. Até hoje, mui­tas pessoas associam as pala­vras “anarquia”, “anarquismo” e “anarquista” à desordem ou ao caos; porém esse não era o sentido que os anarquistas davam a suas ideias.

Fotografia preto e branco. Uma mulher vista do busto para cima, com o corpo voltado para a esquerda, olhando para frente. Ela tem cabelos escuros e cacheados cobertos por um chapéu arredondado com plumas claras, usa blusa de gola alta branca e casaco de lapela grande caída por cima. Ela está com o olhar triste e vago.
Fotografia de Lúci Pársans na década de 1920.

A história de Lúci Pársans

Lúci Pársans nasceu em 1851. Chegou a ser escravizada durante a infância, quando vivia no sul dos Estados Unidos. Mais tarde, já livre, passou a fazer parte do movimento operário estadunidense, sendo responsável por fundar algumas organizações de trabalhadores. Foi uma das mais influentes pensadoras do anarquismo em sua época.

Lúci também publicava textos e artigos em jornais. Em 1905, participou da edição do periódico Liberator, que servia como meio de comunicação e informação para os trabalhadores na cidade de Chicago. Depois, em 1927, trabalhou no Comitê Nacional de Defesa do Trabalho, organização que pretendia defender a organização de atividades políticas dos trabalhadores. Lúci Párssons faleceu em 1942.

Ler o texto

Os falanstérios de furriê

As falanges propostas por furriê seriam correspondentes a pequenas unidades sociais com populações de cêrca de 1 500 habitantes, e cada uma possuiria um edifício comum chamado falanstério no qual todos viveriam harmoniosamente. reticências

reticências como modêlo de redistribuição da riqueza, previa-se que esta seria orientada de acôrdo com a qualidade do trabalho produzido por cada um reticências. Bem estabelecido, não seria uma remuneração privilegiando propriamente tipos diferentes de trabalho, mas sim a eficiência e o benefício real que os grupos profissionais estivessem produzindo para a comunidade. Quanto menos doentes tivesse um falanstério, mais os médicos deste falanstério seriam bem remunerados; quanto menos problemas estruturais ou de manutenção afligissem o edifício, mais ganhariam os engenheiros e técnicos; afinal, tais índices indicariam que eles estavam fazendo melhor o seu trabalho reticências.

reticências As roupas teriam botões nas costas, pois assim os seres humanos precisariam sempre uns dos outros para abotoá-los e desabotoá-los, o que impediria o estabelecimento dos padrões individualistas e egoístas que tanto caracterizavam a sociedade “civilizada” do seu tempo. reticências

BARROS, José dassunção. Os falanstérios e a crítica da sociedade industrial: revisitando chárles furriê. Mediações, Londrina, volume 16, número 1, janeiro/junho 2011. página 246-251.

Gravura. Vista elevada de um local com seis construções, cinco delas retangulares, formando um círculo com um pátio interno livre no centro.  Há três construções na parte superior e três na parte inferior. As construções seguem o mesmo padrão com paredes de cor bege e telhado marrom, com inúmeras janelas no contorno. Perto das construções na parte inferior da imagem, árvores contornam uma pequena parte externa à construção, formando semicírculos na entrada delas. À direta, há um rio de águas azuis, por onde passa uma pequena embarcação; há uma ponte ao fundo e partes com árvores e vegetação.
Representação do falanstério (ou familistério) de Godin, em Guise, norte da França. Final do século dezenove. Gravura.
  1. O que eram os falanstérios propostos por furriê? De que maneira a convivência harmoniosa seria alcançada nessas comunidades?
  2. Como seria definida a remuneração dos trabalhadores nos falanstérios? Qual é a finalidade de estabelecer esse critério de remuneração?
  3. A proposta de furriê foi considerada utópica por outros pensadores, como márks e ênguels. Por quê?
  4. Na sua opinião, as ideias de harmonia e coletividade social são uma utopia? Por quê? Quais são as dificuldades com as quais teríamos de lidar para implantar uma sociedade harmoniosa como a pensada por Fourier?

A Comuna de Paris

Entre 18 de março e 28 de maio de 1871, a capital francesa viveu a experiência da Comuna de Paris, considerada por márks a primeira experiência socialista da história. O movimento teve à frente trabalhadores, teóricos de várias correntes socialistas e anarquistas.

Essa experiência de govêrno teve origem em uma crise agravada pela Guerra Franco-Prussiana. Em setembro de 1870, as tropas prussianas cercaram a cidade de Paris, que se fechou e se dispôs a resistir. Porém a situação na cidade se tornou extremamente difícil: a população teve de lidar com a falta de comida e o surgimento de epidemias.

Em março de 1871, os parisienses, insatisfeitos com a ação violenta do govêrno contra as revóltas populares, tomaram as ruas, levantaram barricadas e forçaram os governantes a fugir. Dias depois, nascia a Comuna de Paris.

O govêrno da Comuna instituiu medidas como a criação de um Estado no qual as decisões eram tomadas pela população em reuniões regulares, o estabelecimento de eleições para escolher os funcionários do Estado e o congelamento dos aluguéis e dos preços de gêneros de primeira necessidade. Além disso, criou creches e escolas para os filhos dos trabalhadores e passou o comando das fábricas abandonadas para os operários. A ideia da igualdade entre homens e mulheres foi colocada em ação pela primeira vez na história.

A Comuna de Paris, no entanto, foi brutalmente esmagada pelo exército francês, com apôio do exército prussiano. cêrca de 20 mil “comunardos” foram assassinados e outros 40 mil foram deportados para colônias francesas. Com o fim da Comuna, uma reforma urbana destruiu os bairros onde foram levantadas as barricadas. A curta experiência da Comuna foi incorporada na memória coletiva dos trabalhadores como modêlo de govêrno popular e colaborou para perpetuar o medo da revolução entre os proprietários franceses.

Fotografia preto e branco. Em uma rua, vista de frente, com construções dos dois lados, no centro, há dezenas de homens vestidos de preto. Eles estão posicionados sobre uma barricada feita com montes de pedras claras impedindo a passagem na rua. Eles usam chapéus, casacos, calças e sapatos escuros. Alguns deles estão à frente, agachados e seguram armas apontadas para  o alto. Outros estão em pé sobre a barricada e um deles, à esquerda, tem um tambor redondo à frente do corpo. Por entre os montes de pedra é possível identificar canos de canhões apontados para a frente. Em segundo plano, à esquerda e à direita, prédios com mais de três andares, vistos parcialmente. Mais ao fundo, prédios vistos parcialmente entre neblina.
Barricada erguida pelos revolucionários na rua Charonne, durante a Comuna de Paris, na França. Fotografia de 1871. Biblioteca Histórica da Cidade de Paris, Paris, França.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. O movimento conhecido como Escola de Barbizon reuniu artistas no vilarejo de Barbizon, na França. A intenção dos artistas era retratar as paisagens do entôrno campestre por intermédio do estudo direto do meio. Jan-Françuá Mié (1814-1875), pintor e membro fundador dessa escola, foi além da ideia original e passou a inserir personagens da vida rural em seu trabalho, como mostra a pintura a seguir.

Pintura. Em um local aberto, um campo cultivado, no centro, em primeiro plano, há três mulheres curvadas na direção do solo, com vegetação de cor bege, seca, segurando ramos de trigo de cor bege. Elas usam um lenços coloridos amarrados na cabeça (nas cores azul, vermelho e amarelo, da esquerda para a direita), vestem blusas de mangas longas coloridas (marrom, branco e azul) e saias compridas (cinza, marrom e azul), e aventais brancos presos à cintura, com o qual as mulheres do centro e da direita fazem uma dobra na qual depositam o trigo colhido. A mulher da esquerda segura as espigas em um chumaço que segura com uma de suas mãos, repousando sobre suas costas flexionadas. Ao fundo, há montes  de espigas de cor amarela, e uma carroça carregada com fardos puxada por animais. As mulheres recolhem apenas as sobras da colheita.   Em segundo plano, à direita, casas com telhados de cor cinza e árvores. No alto, o céu azul e nuvens brancas.
Mié, Jan-Françuá. As respigadoras. 1857. Óleo sobre tela, 83,8 centímetros por 111 centímetros. Museu de Orsay, Paris, França.
  1. Descreva as figuras e o cenário mostrados na pintura.
  2. As características dessa obra são próprias do Romantismo ou do Realismo? Argumente com base em elementos da pintura.
  3. Compare essa pintura de Jan-Françuá Mié com a obra A Liberdade guiando o povo, de delacroá, apresentada anteriormente, na seção "Lugar e cultura". Aponte as principais diferenças entre o Realismo e o Romantismo tomando como exemplo as características das duas obras.
  1. Escreva um texto sobre o aumento populacional ocorrido no século dezenove, considerando os seguintes aspectos: mecanização da agricultura, problemas de saúde pública, expansão das indústrias e escassez de moradias.
  2. O progresso tecnológico do século dezenove foi acompanhado por um desenvolvimento notável da ciência. Identifique algumas das teorias científicas do século dezenove.

  1. Explique em que medida o darvinísmo social pode ser relacionado com fórmas de racismo surgidas ao longo do século dezenove.
  2. Copie em seu caderno apenas as afirmativas verdadeiras.
    1. Durante o século dezenove, a mentalidade científica na Europa buscava conciliar as conquistas da ciência com os dogmas da fé.
    2. Para a nova mentalidade do século dezenove, a ciência e a tecnologia se mostravam mais capacitadas que a fé para resolver os problemas sociais.
    3. A razão era um instrumento fundamental para a criação artística e literária do movimento romântico.
    4. A observação e a objetividade eram atitudes valorizadas tanto pelo Realismo quanto pela mentalidade científica do século dezenove.
  3. O russo Micail Bakunin (1814-1876) foi o principal porta-voz das divergências que os anarquistas travaram com a teoria elaborada por carl márks. No texto a seguir, o trecho de Bakunin está grafado em tipo normal e o comentário de márks, em itálico.

Já manifestamos nossa profunda repugnância pela teoria de Lassalle e márks, que recomenda aos operários, senão como ideal supremo, pelo menos como objetivo imediato e principal, a instauração de um Estado popular, o qual, segundo sua expressão, não será senão o proletariado erigido em classe dominante. E a gente se pergunta: quando o proletariado for a classe dominante, sobre quem vai dominar? Isto significa que sobrará outro proletariado, submetido a essa nova dominação, a este novo Estado. (Isto significa que enquanto subsistam as outras classes e especialmente a classe capitalista, enquanto o proletariado lute contra elas – pois com a ascensão do proletariado ao poder não desaparecem ainda seus inimigos, nem desaparece a velha organização da sociedade – terá que empregar medidas de violência, isto é, medidas de govêrno reticências).

márquis, cal; ênguêl frederíc. O anarquismo. São Paulo: Acadêmica, 1987. página 73.

Fotografia preto e branco. Sobre um fundo em tons de cinza e preto, um homem visto da cintura para cima. Ele tem cabelos longos e escuros com cachos nas pontas, olhos claros, barba longa em tons escuros com fios grisalhos, usa camisa branca gravata preta, colete preto e casaco escuro. Ele está apoiado com o braço direito sobre uma base de madeira e segura na mão um objeto fino na vertical.
Fotografia de Micail Bakunin, século dezenove.
  1. Qual questionamento Bakunin faz à teoria marquicísta?
  2. Qual foi a resposta de márks à crítica de Bakunin?
  1. Elabore em seu caderno um resumo com as seguintes informações sobre a Comuna de Paris:
    1. Ano de eclosão do movimento.
    2. Causas imediatas.
    3. Grupos que participaram.
    4. Duração e resultados.
  2. Quais ações realizadas pela Comuna de Paris foram influenciadas por ideias socialistas e anarquistas?
  3. Que diferença podemos destacar entre a Comuna de Paris e as revoluções de 1789 e 1848?
Ícone. Ilustração do globo terrestre circundado por uma linha amarela, simulando a trajetória da Lua em torno do planeta, indicando a seção Ser no mundo.

Ser no mundo

Economia

O cotidiano do trabalho nas tirinhas

Você já estudou a mecanização da indústria e a posterior expansão da industrialização pela Europa, no século dezenove. As mudanças no mundo do trabalho, a partir da Revolução Industrial, foram enormes. Nesse período, o modo como os empresários organizavam o trabalho em suas fábricas mudou. A fórma como os operários se organizavam para defender seus direitos e exigir melhores condições de trabalho também se modificou.

Observe atentamente as duas tirinhas a seguir. Elas tratam de facetas do mundo do trabalho na sociedade capitalista.

Tirinha. Composta por apenas um quadro, com os personagens Frank, um homem grande de cabelos pretos cobertos por um boné azul usando jardineira azul e camisa preta, e Ernest, homem mais baixo, de cabelos pretos usando o mesmo tipo de roupa do outro. A cena se passa de frente para uma esteira cinza de montagem de peças, no contexto de uma fábrica. À esquerda, uma máquina que joga peças de metal em forma de 'c' na esteira, Frank completa a peça encaixando um parafuso. Ernest a complementa colocando uma porca.  à direita, Frank com um balão de fala: 'VOU ME APOSENTAR AMANHÃ E SABE O QUE VOU FAZER? ANDAR ATÉ O FIM DESTA LINHA DE MONTAGEM E DESCOBRIR O QUE ESTOU FAZENDO HÁ 30 ANOS!'.

têivês, bób. Tirinha de Frênqui e Êrnest. Publicada em 19 de fevereiro de 1997.

Quadrinhos. História em três quadros. Apresenta como personagens, o Chefe, um homem calvo no centro da cabeça com  mechas de cabelos pretos  nas laterais, penteados para cima em forma de chifre. Ele usa terno cinza, camisa branca e gravata vermelha. Além dele, Catbert, um gato de cor laranja avermelhado com listras pretas, corpo arredondado, bigodes pretos e óculos de lentes redondas e brancas. Primeiro quadro. O Chefe, com o corpo voltado para a direita, segurando uma xícara branca com café marrom e o balão de fala: 'NÃO SEI POR QUE TODO MUNDO ANDA DE MAU HUMOR ULTIMAMENTE'. Catbert, sentado no tampo de uma mesa de escritório marrom o observa. Segundo quadro. Foco em Catbert sentado sobre o tampo da mesa e com o balão de fala: 'TALVEZ ESTEJAM COM PROBLEMAS PESSOAIS'. Terceiro quadro. O Chefe,  agora com o corpo para à esquerda, xícara na mão direita e a outra mão para frente, e o balão de fala: 'COMO ELES PODEM TER TEMPO PARA PROBLEMAS PESSOAIS SE FAÇO ELES TRABALHAREM 70 HORAS POR SEMANA?' À direita, Catbert, sentado sobre o tampo na mesa com o balão de fala: 'ENTÃO NÃO SEI O QUE É'.

Ádamis, Iscót. Tirinha do personagem Dílbert. Publicada em 9 de julho de 2014.

  1. Em que ambiente os personagens frênqui e Êrnest foram representados nas tirinhas? Em que função eles estão trabalhando?
  2. Que relação os personagens frênqui e Êrnest têm com os artigos que são produzidos? Utilize seus conhecimentos de História e explique por que isso acontece.
  3. Os personagens frênqui e Êrnest apresentam alguma crítica? Qual?
  4. A rotina de trabalho em uma empresa é o tema central das tirinhas do personagem Dílbert, de iscót ádams. Que problema está sendo tratado na tirinha? Como essa situação problemática afeta a vida do trabalhador?

Será que os autores de histórias em quadrinhos, hoje, desenhariam tirinhas diferentes para falar sobre o trabalho na atualidade, considerando que o mundo do trabalho muda o tempo todo? Para pensar sobre isso, leia o trecho de reportagem a seguir.

Mudanças no mundo do trabalho

Com a evolução acelerada da tecnologia, o perfil do trabalho no mundo está mudando. O trabalho a partir de casa, horários flexíveis e vínculos menos formais são exemplos de alteração nas relações entre empregadores e contratados. reticências Para especialistas, as novas fórmas de trabalho precisam de regulação.

BRANCO, Mariana. Novas fórmas de trabalho precisam de regulação, defendem especialistas. Agência Brasil, 1º maio 2016. Disponível em: https://oeds.link/2fIM2K. Acesso em: 22 fevereiro 2022.

Em 2020, com o início da pandemia de covíd-19, o mundo do trabalho sofreu alterações, não apenas para os trabalhadores da área da saúde. Mesmo com a vacinação e os cuidados para evitar a transmissão, ficou claro que os empregadores deveriam adotar fórmas de garantir a saúde dos trabalhadores, estabelecendo o trabalho home office (do inglês, “escritório em casa”) e o rodízio de equipes no local presencial de trabalho, por exemplo.

covíd-19, nova doença no mundo do trabalho

Para [estudiosos da atualidade], a covíd-19 é a primeira nova doença profissional dessa década [2020], o que demanda a rápida detecção das ocupações de maior exposição. Segundo [os autores], além dos trabalhadores da saúde, os últimos fatos revelaram que merecem atenção: vendedores de artigos hospitalares, trabalhadores domésticos, guias turísticos, ourives que atendem turistas, executivos de multinacionais, taxistas, motoristas particulares, agentes de segurança, reticências e trabalhadores da construção.

[Há também outros trabalhadores que merecem atenção por estarem expostos à doença], como tripulações marítimas e aéreas, pessoal dos serviços de emergência (policiais, bombeiros etcétera), cuidadores, educadores, trabalhadores domésticos, da alimentação e os motoristas de transportes públicos.

Para preservar a saúde desses trabalhadores, além das medidas de teletrabalho e quarentena, foram reforçadas as medidas de higiene, assim como foi destacada a importância do rastreamento, notificação e vigilância da doença, ações educativas e acompanhamento por telessaúde.

SOUZA, Diego de Oliveira. A saúde dos trabalhadores e a pandemia de covíd-19: da revisão à crítica. Vigilância sanitária em debate. volume 8. número 3. agosto 2020. página 129. Disponível em: https://oeds.link/XhjHs5. Acesso em: 22 fevereiro 2022.

Fotografia. Grupo de mulheres fotografadas do busto para cima em uma manifestação. À frente, uma mulher de cabelos longos, lisos, castanhos e presos, vestida com camiseta laranja e máscara cirúrgica sobre o rosto em tom azul-claro. Com os dois braços para o alto, ela segura um cartaz no qual está escrito, em espanhol: 'Não cortem as mãos que te cuidam'.  Em segundo plano, no fundo desfocado, outras mulheres segurando cartazes e um muro alto, com vegetação à direita, vista parcialmente.
Trabalhadoras da área da saúde em manifestação em Madri, na Espanha, em 2020, durante a pandemia de covíd-19. No cartaz, estão os dizeres Não cortem as mãos que te cuidam.
  1. O primeiro trecho afirma que o perfil de trabalho mudou muito com a evolução da tecnologia. Que exemplos são citados para explicar essa mudança?
  2. O segundo trecho aborda o mundo do trabalho no contexo da pandemia. Quais foram os impactos da covíd-19 no mundo do trabalho e os trabalhadores mais afetados pela doença?
  3. Se você fosse desenhar uma tirinha de humor para falar sobre algum problema no mundo do trabalho da atualidade, que tirinha você faria? Em seu caderno, desenhe ou descreva sua tirinha.

Glossário

Chanceler
Cargo equivalente ao de primeiro-ministro, que é o chefe do Poder Executivo nos regimes parlamentaristas.
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Miscigenado
Resultante de miscigenação, ou seja, da mistura de diferentes etnias.
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Ébrio
Que está embriagado; bêbado.
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Autogestão
Direção de uma instituição por seus próprios integrantes.
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