UNIDADEum REVOLUÇÕES NA INGLATERRA

Fotografia. Vista geral de local aberto em ambiente urbano. Destaque para o Palácio de Westminster ocupando o centro e a parte superior da imagem. No canto inferior esquerdo, há um rio, visto parcialmente. Às margens desse rio, um píer para embarcações, com cobertura e assentos. Atrás do píer, uma calçada com pedestres correndo e caminhado, ladeada por árvores altas de folhas verdes e tronco marrom. Mais ao fundo, o Palácio de Westminster, construção de estilo gótico, de base retangular com dois andares e torres de formato quadrado nas laterais, fachada de cor bege feita de pedra, com esculturas e telhado de cor cinza.  Por toda a fachada do palácio, há fileiras horizontais de janelas dispostas lado a lado. 
Em segundo plano, em destaque nessa fotografia vertical, duas torres mais altas que as demais, em bege. Na torre da direita, a mais alta,  há um relógio redondo de fundo branco ponteiros e números em preto, marca a hora: por volta de sete e trinta. 
Na torre da esquerda, mais baixa, quatro pequenas cúpulas arredondadas estão em cada uma das pontas do quadrado formado no topo da torre. Há também uma cúpula arredondada mais alta no centro do topo da torre e uma haste fina desponta do centro dela. Nessa haste está hasteada a bandeira do Reino Unido, vista de lado.
O Palácio de Westminster foi construído no século dezenove e é a séde do Parlamento do Reino Unido. Considerado Patrimônio Mundial da Humanidade, abriga o famoso relógio Big Ben em uma de suas tôrres. Está localizado à beira do rio Tâmisa, em Londres, na Inglaterra. Fotografia de 2020.

Você estudará nesta Unidade:

As revoluções inglesas

O pioneirismo inglês na Revolução Industrial

As mudanças sociais decorrentes da industrialização

Os impactos da Revolução Industrial no mundo

Respostas e comentários

Apresentação

A primeira Unidade deste volume, “Revoluções na Inglaterra”, relaciona-se à seguinte Unidade Temática da Bê êne cê cê do 8º ano: O mundo contemporâneo: o Antigo Regime em crise.

Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número 1 e número7, a Unidade estimula os estudantes a valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva e a argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista reticências que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global reticênciasponto

Os conteúdos trabalhados na Unidade também buscam levar os estudantes a desenvolver as seguintes Competências Específicas do Componente Curricular História: Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo (1) e Analisar e compreender o movimento de populações e mercadorias no tempo e no espaço e seus significados históricos, levando em conta o respeito e a solidariedade com as diferentes populações (5).

Fotografia. Vista um local fechado com paredes ornadas com retângulos dispostos na vertical formando longas fileiras, cada um dos retângulos contendo figuras em alto relevo dourado, entre as quais, os leões do Brasão de Armas da Inglaterra e frisos florais. À esquerda e à direita, duas colunas estreitas, também douradas e com figuras em alto relevo.  Em cada uma das colunas, uma escultura dourada representando um anjo de longas asas. No centro, entre as colunas douradas, há um trono dourado ornamentado com pedras e de estofado vermelho.  O trono está em um patamar mais elevado, o chão coberto por um tapete vermelho, com flores brancas e leões dourados estampados à esquerda e no centro e à direita, somente vermelho, sem estampas. Sentada no trono, uma mulher idosa de cabelos curtos e brancos, olhos claros, usando óculos, brincos e colares de pérolas, com um chapéu de abas azul claro com penas e detalhes dourados; vestida com um casaco longo de botões fechados azul claro, saia abaixo dos joelhos de fundo branco com estampa de flores, usando luvas brancas e sapatos pretos.  À direita, uma mesa com toalha de veludo vermelho com bordados dourados com um papel branco sobre ela.  Nas extremidades da imagem, há dois homens.  Um deles, à esquerda, está em pé. Ele tem cabelos castanhos e curtos, usa uma casaca militar vermelha com bordados dourados, calça e sapatos pretos, máscara de proteção preta sobre o rosto, segura uma espada na posição vertical com uma das mãos, a outra mão estendida ao longo do corpo. À frente dele há uma mesa pequena de madeira entalhada com uma almofada vermelha sobre a qual há uma coroa prateada incrustada com pedras brilhantes. À direita, em um patamar mais baixo, um homem sentado sobre uma cadeira com detalhes esculpidos em dourado. Ele tem os cabelos grisalhos e curtos, os olhos claros, usa uma máscara de proteção preta sobre o rosto e está vestido com uma camisa branca, gravata cinza e terno preto.
A rainha Elizabeth II (1926-2022), então chefe de Estado do Reino Unido, em cerimônia de abertura do Parlamento, em maio de 2021, no Palácio de Westminster. Elizabeth II foi coroada em 1953, após a morte de seu pai, o rei Jorge IV, e teve o reinado mais longo da história do Reino Unido.
Fotografia. Dentro de uma sala de paredes de cor verde-água com boiserie em branco, há uma lareira branca, poltronas de cor bege, um sofá em bege claro, um tapete marrom e bege, espelhos de molduras douradas, abajures, porta-retratos com fotografias e vasos com arranjos de flores. No centro da sala, duas pessoas, uma de frente para a outra, estão com as mãos  atrás do corpo, entrelaçadas atrás do quadril e sorriem.  À esquerda, um homem alto, loiro de cabelos curtos, visto de lado, que usa camisa branca, terno  azul escuro, gravata azul e sapatos pretos.  À direita, uma mulher idosa de cabelos curtos e brancos, usando brincos e colares de pérolas,  um conjunto de saia e blusa de mangas compridas azul claro e sapatos pretos.  Ao fundo, um quadro de paisagem campestre na horizontal e, sobre a lareira, um espelho de moldura dourada. Na prateleira sobre a lareira, há um relógio ao centro, ladeado por dois vasos e duas estátuas representando aves.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Dionsan, se reúne com a rainha Elizabeth segunda no Palácio de Buckingham, em Londres, na Inglaterra, durante a pandemia da covíd-19, em 2021. De acôrdo com o protocolo político oficial da Inglaterra, o primeiro-ministro, ao tomar posse, é designado pela rainha para constituir um novo govêrno.

A monarquia parlamentar foi instituída na Inglaterra no final do século dezessete, após a Revolução Puritana e a Revolução Gloriosa. Com isso, o poder do monarca foi limitado pelo Parlamento e a influência política da burguesia sobre o govêrno se ampliou. Os burgueses ganharam mais liberdade para expandir suas atividades econômicas e esse cenário criou condições para que a Revolução Industrial ocorresse na Inglaterra.

Você sabia que a monarquia parlamentar ainda é a fórma de govêrno na Inglaterra? Quais são o papel da rainha e o do primeiro­‑ministro em uma monarquia parlamentar?

Respostas e comentários

Nesta Unidade

Esta Unidade aborda as revoluções que ocorreram na Inglaterra no século dezessete, que foram fundamentais para o processo de consolidação do liberalismo, do capitalismo e da sociedade contemporânea. A Revolução Puritana e a Revolução Gloriosa convulsionaram a sociedade inglesa no século dezessete, transformaram a estrutura do Estado absolutista e iniciaram um longo processo histórico, impulsionando a industrialização, que posteriormente se alastrou por diversos países, e também o avanço do capitalismo no mundo. A superação do absolutismo representou a incorporação da burguesia no jôgo político, fator que foi essencial para a industrialização da Inglaterra no século dezoito. As relações de trabalho, o comércio, o consumo, o modo de viver e de produzir foram profundamente alterados após a industrialização e a difusão do capitalismo.

A Revolução Industrial não transformou somente as relações de trabalho, mas também as relações sociais e a relação do ser humano com a natureza. O trabalhador passou a produzir o máximo possível em menos tempo e o meio ambiente passou a ser considerado uma fonte inesgotável de riquezas. O tempo deixou de ser orientado pela natureza para ser dominado pelo relógio e pelo ritmo da produção. Em pouco tempo, as fábricas inglesas passaram a abrigar centenas de trabalhadores. Nesse cenário se confrontariam os dois principais grupos da sociedade industrial: o proletariado, classe social que vende sua fôrça de trabalho em troca de um salário, e a burguesia, a classe proprietária dos meios de produção.

Objetos de conhecimento trabalhados na Unidade

As revoluções inglesas e os princípios do liberalismo.

Revolução Industrial e seus impactos na produção e circulação de povos, produtos e culturas.

CAPÍTULO 1  AS REVOLUÇÕES POLÍTICAS

Entre os séculos dezesseis e dezessete, a Inglaterra se afirmava como uma grande potência política e econômica mundial. Diversos fatores contribuíram para o desenvolvimento da economia inglesa, entre eles a expansão do comércio marítimo e da indústria naval, a conquista de territórios e a concentração de riquezas. Esses fatores foram responsáveis por impulsionar o pioneirismo industrial inglês, que acelerou o ritmo de produção e ampliou o comércio. Houve ainda, nesse período, o aumento da produção de carvão mineral, que possibilitou o fornecimento de combustível para as indústrias nascentes.

No plano político também ocorreram mudanças importantes na Inglaterra. As estruturas remanescentes da velha ordem feudal foram derrubadas por movimentos revolucionários, que instauraram um novo regime de poder. As relações entre a população e a monarquia inglesa começaram a se alterar profundamente, criando um ambiente propício para outras fórmas de organização da sociedade.

Esse conjunto de transformações favoreceu o fortalecimento econômico e político inglês, com o acúmulo de capitais, que puderam ser investidos no desenvolvimento industrial, e com a nova configuração das bases de poder do Estado, que possibilitou estruturar o que ficou conhecido como sistema capitalista.

Pintura. Vista parcial de um local fechado. Ao fundo, grandes janelas gradeadas. As paredes, à direita e à esquerda, têm a cor bege acinzentado. No centro, há uma mesa com toalha vermelha, uma enorme chave dourada na horizontal e um livro atrás dela. Diversas pessoas estão ao redor da mesa. À direita, um homem aponta com dedo indicador da mão direita para essa imensa chave dourada sobre a mesa. Ele tem cabelos longos, cacheados e escuros e está vestido com uma camisa de gola branca e mangas longas bufantes, uma faixa diagonal de cor bege sobre o torso, uma capa bege sobre as costas, calça vermelha curta com barra de renda, meias longas brancas e botas de cano alto marrons. Sobre a cabeça, usa um chapéu preto de abas. Ele segura  um bastão marrom na vertical, apoiado no chão. À esquerda, no outro lado da mesa, um homem com o corpo flexionado para a direita, de capacete redondo de metal cinza escuro, blusa de mangas longas bege, calça vermelha com bordados dourados, meias longas brancas e sapatos marrons. Ele segura a grande chave dourada sobre a mesa com as duas mãos, para a qual o homem da direita aponta.  Ao fundo, outras dezenas de homens, uns com chapéu preto sobre a cabeça, de casaco e calça e, à direita, a maioria dos homens com armaduras de metal prateado e lanças de pontas finas com as pontas para o alto.  Atrás da mesa, há dois homens sentados, ambos de cabelos longos e escuros, traje preto de mangas compridas com grandes golas brancas. Os dois usam pequenos chapéus pretos sem abas sobre suas cabeças. Um deles, à direita, tem uma mão no peito e parece assustado. Mais atrás, há homem inclinado na diagonal, como se tentasse se afastar da cena central da pintura. Ele está de lado, sobre a lateral do assento em que se encontram os dois homens de cabelos longos. Ele tem cabelos escuros, cacheados até os ombros, chapéu preto na cabeça, camisa preta de gola branca, casaco e calça escuros. Ele segura com a mão direita um pergaminho enrolado na vertical e está com a mão esquerda espalmada para frente.  Atrás dele, colunas de cor cinza e uma parede ao fundo em cinza escuro, além de um encosto em verde, para um assento que abrigaria para uma única pessoa, mas onde há três: os dois homens sentados e esse homem inclinado, mais alto que os demais. À esquerda em primeiro plano, visto de lado, um homem de cabelos escuros, chapéu preto, traje marrom de punhos e golas brancos, com o corpo flexionado para a direita, as duas mãos estendidas para frente com as palmas para frente com um gesto de quem pede para que algo pare.
uést, Benjamin. crómuél dissolvendo o grande Parlamento. 1782. Óleo sobre tela, 153 por 214,6 centímetros. Museu de Arte de MontclairNew Jersey, Estados Unidos. crómuél liderou a derrota da monarquia na Inglaterra. Ele estabeleceu a república e abriu o caminho do poder para a burguesia, que promoveu mudanças radicais no país.
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Sobre o Capítulo

A crise do absolutismo na Inglaterra e o questionamento do poder absoluto dos monarcas pela burguesia, classe social que emergia e que reivindicava mais participação política, estiveram na base das Revoluções Inglesas do século dezessete, temas deste Capítulo. Os Estados Modernos centralizados, fundamentados no poder divino dos reis, foram abalados pela nova estrutura política pautada na atuação do Parlamento inglês, que limitava a atuação dos monarcas. A monarquia parlamentar instituída nesse momento é a fórma de govêrno vigente até os dias de hoje na Inglaterra.

Retome com os estudantes algumas informações sobre a consolidação da monarquia inglesa. No século treze, nobres ingleses forçaram a Coroa inglesa a assinar a Magna Carta, documento que, entre outras atribuições, limitava os poderes dos reis. No século catorze instituiu-se o Parlamento, que aprovava ou não as decisões reais. O Parlamento foi dividido em duas casas: a Câmara dos Lordes, formada pelos representantes do alto clero e os nobres, e a Câmara dos Comuns, composta de proprietários de terra e da burguesia urbana. Nenhuma lei poderia ser aprovada sem a aceitação das duas casas.

O fortalecimento do poder monárquico na Inglaterra ocorreu no século quinze, após a Guerra das Duas Rosas (1455­‑1485), um intenso conflito entre famílias pela posse da Coroa. A guerra enfraqueceu a nobreza, desequilibrou o reino e despertou o anseio dos seus habitantes de compor um govêrno forte, que acabasse com a insegurança política.

Habilidade trabalhada ao longo deste Capítulo

ê éfe zero oito agá ih zero dois: Identificar as particularidades político-sociais da Inglaterra do século dezessete e analisar os desdobramentos posteriores à Revolução Gloriosa.

Observação

Os conteúdos desta página possibilitam um trabalho inicial com aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero dois.

Os monarcas absolutistas

O governante mais emblemático do absolutismo inglês foi o rei Henrique oitavo, que rompeu com a Igreja católica e fundou a Igreja anglicana. Ele fazia parte da dinastia túdor, cujos monarcas governaram a Inglaterra entre 1485 e 1603.

Após se tornar chefe supremo da Igreja da Inglaterra, em 1534, Henrique oitavo confiscou as terras e os bens da Igreja católica. As terras confiscadas foram doadas ou vendidas, resultando no aumento dos recursos financeiros da Coroa e, ao mesmo tempo, da quantidade de terras disponíveis para a agricultura e para a criação de animais. A maioria dos novos proprietários dessas terras era composta de membros da pequena nobreza (conhecida como gentry), que pretendiam ampliar a produção agrícola e a criação de ovelhas, responsável por fornecer lã para a fabricação de tecidos. Com o aumento da produtividade, foi possível ampliar os mercados consumidores internos e externos.

Foi durante o govêrno de Elizabeth primeira, filha de Henrique oitavo, que os ingleses conquistaram importantes colônias ultramarinas na América e na África, das quais obtinham, res­pectivamente, algodão e azeite. A conquista de novos territórios possibilitou a ampliação do mercado consumidor dos produtos ingleses. Com isso, as colônias nesses continentes se tornaram os principais consumidores dos produtos manufaturados ingleses, sobretudo tecidos. Além disso, as embar­cações inglesas intermediavam parte do tráfico de escravizados que ligava o conti­nente africano às colônias americanas, gerando grandes lucros para os comerciantes britânicos.

Fotografia.  Vista de uma estátua em um local aberto. A estátua está em um pedestal dentro de um arco de fundo azul esculpido em uma parede de pedra marrom. À esquerda e à direita, esculpidas na pedra, colunas verticais, em tons de marrom e partes em bege e cinza. A estátua representa uma mulher em pé, em tons de cor bege e partes em marrom. Ela tem uma coroa sobre a cabeça, cabelos curtos e cacheados, usa vestido longo de saia armada até os pés, um manto abotoado na frente do corpo com um broche ovalado, e golas volumosas com cilindros de tecido. À esquerda, ela segura um cetro na vertical, voltado para cima e, à direita, uma esfera na altura da cintura.
Elizabeth primeira.cêrca de 1586. Estátua, 2 métros de altura. Fleet Street, Londres. Durante seu reinado, Elizabeth primeira impulsionou a indústria naval na Inglaterra.
Respostas e comentários

Orientações

O período da dinastia túdor assistiu a certo equilíbrio entre os interesses do Parlamento e a monarquia inglesa. O govêrno de Elizabeth um, por exemplo, ficou conhecido como “absolutismo disfarçado”.

Elizabeth primeira procurou desenvolver o comércio e a indústria naval. Ao enfrentar e derrotar a Invencível Armada espanhola, em 1588, a soberana preparou a Inglaterra para se tornar a maior potência marítima do mundo. A expansão marítima inglesa favoreceu a grande burguesia, que acumulou fortunas com a exploração comercial e a pirataria. A ascensão e o enriquecimento da burguesia também estão associados à concessão de monopólios comerciais nesse período, que lhes garantia o direito exclusivo de fabricar ou comercializar determinados produtos.

Durante o reinado de Elizabeth primeira houve um intenso desenvolvimento do teatro inglês. O famoso dramaturgo Uilian Xêiquispíer, que escreveu as peças Romeu e Julieta, Hamlet, Otélo, Sonho de uma Noite de Verão, entre outras, viveu e produziu suas obras nesse contexto histórico. Nesse período, criou-se ainda um ambiente de relativa paz entre protestantes e católicos e a Coroa e o Parlamento. Foi uma época favorável à economia inglesa, o que também estimulou as expressões culturais.

Observação

Ao longo de todo o Capítulo, será possível conduzir o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero dois com os estudantes. Sugerimos explorar com eles, inicialmente, as particularidades político-sociais da Inglaterra do século dezessete.

A Revolução Puritana

Com o fim do reinado de Elizabeth primeira, que não havia deixado herdeiros, o trono foi entregue a Jaime primeiro, da dinastia Stuart, que governava a Escócia. Nesse período, os conflitos entre a monarquia e os grupos sociais que emergiam econômica e politicamente se intensificaram. Esses grupos emergentes eram formados pela burguesia e pela pequena nobreza, que ganhavam importância com a ampliação das relações comerciais e dos mercados consumidores dos produtos ingleses.

Com a expansão do comércio inglês, os preços subiam e a burguesia prosperava rapidamente; no entanto, os rendimentos da Coroa e da alta nobreza mantinham-se estagnados. Para ampliar os recursos do Estado, Jaime primeiro iniciou a cobrança de impostos sem a autorização do Parlamentoglossário e incentivou uma série de perseguições a católicos e calvinistas com o intuito de fortalecer a Igreja anglicana, da qual era o chefe supremo.

Essa política mostrou-se desastrosa: o Parlamento posicionou-se contra o govêrno do rei e a intolerância religiosa desagradou principalmente aos burgueses e às camadas mais baixas da sociedade. Mais tarde, Carlos primeiro, filho de Jaime primeiro, deu prosseguimento à política do pai. Assim, a oposição à política do rei se organizou e se expandiu.

Os membros do Parlamento passaram a exigir mudanças na sociedade, no Estado e nas leis. Contudo, Carlos primeiro se recusou a atender a essas reivindicações e, em 1642, iniciou-se uma guerra civil, que ficou conhecida como Revolução Puritana. Durante a guerra, a população inglesa dividiu-se em dois grupos opostos:

  • Realistas: grupo formado por cavaleiros que apoiavam o rei. Eram grandes proprietários de terras e altos membros da Igreja anglicana.
  • Parlamentares: grupo que comandou a guerra contra o rei. Estava dividido em duas facções, a dos puritanosglossário (integrantes da pequena nobreza, burgueses e camponeses, favoráveis à fórma republicana de govêrno e conhecidos como cabeças-redondasglossário ) e a dos presbiterianos (membros da aristocracia e da grande burguesia mercantil, adeptos da monarquia constitucional).
Pintura. Retrato de orientação vertical representando um homem visto de corpo inteiro. No centro, um homem em pé, com o corpo voltado para a direita e uma das mãos sobre a cintura. Ele apoia o cotovelo do outro braço sobre uma espécie de mureta baixa, onde há dois objetos dourados: uma esfera dourada e uma coroa arredondada, com pedras preciosas incrustadas e uma cruz no topo.  Ele tem sobrancelhas grossas, cabelos até os ombros encaracolados e castanhos e bigode e cavanhaque castanho claro. Usa um traje longo azul feito de pelos, com detalhes dourados, mangas compridas acetinadas e detalhes em branco com pintinhas de cor preta, meias longas brancas,  sapatos brancos com um pequeno salto e fivelas imensas, redondas e douradas.. Sobre as costas, usa um manto longo de pelos de aspecto aveludado, com o forro branco com pintinhas pretas, abotoado no pescoço coberto de renda branca. Ele olha para frente, posando para o pintor.  o fundo, uma mureta baixa de cor cinza e uma coluna cinza à esquerda.  À direita, o céu com nuvens, à direita, uma cortina pesada vermelha com grandes bordados dourados.
VAN , . Retrato de Carlos primeiro em trajes reais. 1636. Óleo sobre tela, 248,3 por 153,6 centímetros. Castelo de Windsor, Windsor, Inglaterra.
Respostas e comentários

Orientações

Em geral, a burguesia emergente na Inglaterra era com­­­­­­­­posta de seguidores do calvinismo (puritanos e presbiterianos), que não tinham os benefícios dos monopólios reais concedidos aos anglicanos e às companhias de comércio protegidas pela Coroa. Descontente, essa camada passou a reivindicar um govêrno menos autoritário e que interviesse menos na economia.

Avalie a necessidade de retomar com os estudantes alguns conteúdos já estudados no 7º ano sobre Reforma protestante e sobre a colonização da América inglesa. Os primeiros colonos ingleses que foram para a América no início do século dezessete para iniciar a ocupação e a colonização do território de fórma independente da Coroa eram puritanos que fugiam das perseguições religiosas. Por isso, é interessante relacionar o contexto estudado na Inglaterra com o processo de colonização na América inglesa.

Destaque ainda que um dos conflitos deflagrados durante o reinado de Jaime primeiro foi a chamada Conspiração da Pólvora, que ocorreu em 1605, planejada por um grupo de católicos descontentes com os privilégios dos anglicanos. O movimento tinha como objetivo provocar a morte do rei explodindo barris de pólvora escondidos embaixo do Parlamento. A conspiração, no entanto, foi descoberta e todos os envolvidos foram mortos. Ao mesmo tempo, havia uma enorme camada de ex-camponeses sem trabalho e sem terra promovendo agitações e revoltas. A situação no campo após os cercamentos das terras coletivas será abordada neste capítulo no tópico “Mudanças na Inglaterra”.

Ícone. Sugestão de vídeo.

Sugestão para o estudante:

ELIZABETH, a era do ouro. Direção: Shekhar Kapur. Inglaterra, 2008. Duração: 114 minutos.

O reinado da rainha Elizabeth primeira é o centro da trama do filme, que narra o seu govêrno e os momentos decisivos da política na Inglaterra do século dezessete, como conspirações de outros Estados europeus e de grupos formados por católicos.

Observação

O conteúdo desta página possibilita trabalhar aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero dois.

A república de crómuél

O grupo dos parlamentares venceu a guerra iniciada com a Revolução Puritana. Óliver crómuél, membro da pequena nobreza e puritano que comandou o exército vencedor, assumiu o govêrno e proclamou a república na Inglaterra, em 1649. O rei Carlos primeiro foi preso, julgado pelo Parlamento e condenado à morte.

Durante o govêrno de Óliver Crom-uél, a economia inglesa ganhou novo estímulo com a aprovação dos Atos de Navegação. Com essa lei, as mercadorias negociadas com a Inglaterra só poderiam ser transportadas em navios ingleses ou nos navios das nações onde as mercadorias haviam sido produzidas. Essa medida fortaleceu a marinha mercante da Inglaterra, que se tornou a maior potência naval do mundo.

Internamente, o govêrno recém-instaurado enfrentou com violência os movimentos de oposição a sua política, além de dissolver o Parlamento e estabelecer uma ditadura hereditária. Então, em 1653, crómuél assumiu o título de “lorde protetor da Inglaterra”.

Após sua morte, em 1658, seu filho e herdeiro, Ricardo, assumiu o govêrno, mas teve dificuldade de manter a estabilidade política e administrativa do Estado inglês. Assim, iniciou-se outra disputa pelo poder. A burguesia, temendo uma nova guerra civil que colocasse em perigo os avanços econômicos conquistados, apoiou a restauração da monarquia em 1660.

Gravura. Cena de batalha em local aberto com chão de terra de cor bege, leve aclive à direita e vegetação rasteira no canto direito.  No centro, montado sobre cavalo branco,um homem de cabelos e bigode castanhos, de chapéu marrom co plumas, armadura de metal cinza claro e uma espécie de colar feito com uma fita azul e um pingente dourado e redondo. Sobre a cintura dele, há um pano vermelho, que se esparrama sobre a sela do cavalo. Na mão direita, ele segura uma espada, com a qual aponta para o fundo da pintura. À frente dele, à esquerda, há um homem de cabelos e bigode castanhos, de armadura metálica e capacete metálico cinza com plumas vermelhas  no topo, uma faixa de tecido vermelho na cintura. Ele aponta  para a esquerda com dedo indicador e está diante do cavalo branco, segurando as rédeas do animal.  Perto dele, outros homens de armadura metálica montados em cavalos brancos. À esquerda, sobre o chão, à frente da cena central, um homem caído sobre o solo, com uma espada na mão direita, usando armadura de metal cinza e faixa vermelha na cintura. Perto dele, também caído ao chão, um elmo de metal cinza. Em segundo plano à esquerda, em um plano mais baixo do relevo, outros homens de armadura guerreando com espadas de metal envoltos em fumaça de poeira em tons de branco e bege. No alto, à esquerda, o céu azul e à direita uma grande nuvem branca  e cinza.
PARROCEL, chárlis. Batalha de Naseby. 1727. Gravura. A batalha representada foi vencida por crómuél na guerra civil inglesa. Museu Nacional do Exército, Chelsea, Inglaterra.
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Orientações

É interessante estabelecer uma relação entre os Estados Modernos europeus que se consolidavam como grandes potências mundiais nesse período, a atuação desses na exploração territorial e colonial e as disputas que se estabeleciam entre as nações europeias pelo poderio econômico e comercial. Retome com os estudantes alguns temas estudados no livro do 7º ano desta Coleção (Unidade sete), como as práticas mercantilistas, a crise econômica enfrentada pelas nações europeias (especialmente por Portugal) no século dezessete e o predomínio inglês nas relações comerciais nesse período. As manufaturas produzidas na Inglaterra tiveram grande vantagem em relação aos produtos primários produzidos em Portugal, que eram a base da sua economia, pouco voltada para o desenvolvimento manufatureiro e muito dependente da exploração de suas colônias. Quando foi descoberto ouro na América portuguesa, a metrópole já se encontrava em crise e grande parte do metal serviu para pagar as dívidas contraídas com a Coroa britânica, principalmente com a importação dos produtos manufaturados ingleses, que valiam muito mais que os produtos lusitanos, como vinho e azeite. Dessa fórma, nos séculos dezessete e dezoito, muitas toneladas de ouro que saíram do Brasil foram transferidas para o tesouro britânico.

Observação

O conteúdo desta página favorece a continuidade do trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero dois.

Ícone. Sugestão de vídeo.

Sugestão para o estudante:

crómuél. Direção: Quén Ríus. Inglaterra, 1970. Duração: 139 minutos.

Um político puritano é o personagem que conduz a narrativa do filme. Por meio de sua história, o estudante poderá conhecer também a história da Inglaterra durante a Revolução Puritana.

A Revolução Gloriosa

Com a restauração monárquica, Carlos segundo (filho de Carlos primeiro) assumiu o trono inglês e comprometeu-se a se submeter ao Parlamento. Em 1685, foi substituído por seu irmão Jaime segundo, que era católico.

Nobres e burgueses temiam que o retorno do catolicismo implicasse a devolução das terras que a Reforma anglicana havia confiscado. Por isso, esses grupos se uniram para afastar Jaime segundo do poder e, em 1689, entregaram o trono ao protestante holandês Guilherme de órangi, casado com Maria Istíuart, filha de Jaime segundo. Sem condições de resistir à tomada do poder, Jaime segundo fugiu para a França, e a Revolução Gloriosa triunfou sem derramamento de sangue.

Antes de ser coroado, o novo governante se comprometeu a respeitar as decisões da Revolução Gloriosa, a Magna Carta e a Declaração de Direitos, documento de 1689 que assegurava, entre outros, o poder ao Parlamento.

Com a Revolução Gloriosa, a Inglaterra passou a ser uma monarquia parlamentar e a burguesia consolidou sua influência política. Medidas administrativas posteriores favoreceram o desenvolvimento capitalista no país: o estímulo ao livre-comércio, a modernização dos portos e a construção de estradas e navios. Por outro lado, as práticas econômicas baseadas no mercantilismo, que tanto auxiliaram a Inglaterra e outras nações europeias na acumulação de capitais, agora entravam em declínio. Esse momento marcou um novo período da história inglesa, com a mecanização de sua indústria têxtil e a formação de uma ampla rede de comércio mundial.

Gravura em preto e branco. Busto de mulher vista de frente, de cabelos longos escuros e encaracolados, olhos arredondados, nariz e lábios finos. Ela usa um colar sobre pescoço e um vestido com bordados e rendas que deixa seu colo nu.
Retrato da rainha Maria segunda da Inglaterra, de 1662 a 1694, esposa do rei Guilherme terceiro. 1890. Gravura. Publicada em The National and Domestic History of England, de Uílham Ábri.
Ilustração. No centro, dois tronos dourados de estofado vermelho. Em cada um deles, uma pessoa sentada. À esquerda, uma mulher de cabelos encaracolados longos e castanhos,  com uma coroa dourada e vermelha sobre a cabeça, vestido de mangas compridas azul claro, cinto dourado na cintura e manto branco com pintinhas pretas sobre os ombros e as costas. Parte do manto está sobre sua perna esquerda. Ela segura na mão direita um cetro dourado na vertical e está com a cabeça voltada para o centro da ilustração. Os pés dela estão sobre uma almofada bege, na horizontal, sobre o chão de tom vermelho.  À direita, um homem sentado sobre um trono. Ele tem cabelos encaracolados, longos e castanhos, Uma coroa dourada e vermelha sobre a cabeça. Usa um traje comprido vermelho, composto de blusa e calça, e um manto vermelho com as bordas brancas com pintinhas pretas. O manto está sobre os ombros e costas dele. Ele usa meias longas até os joelhos. e também tem os pés repousados sobre uma almofada bege. Segura um cetro longo e dourado com a mão direita.  Nas laterais, há dois grupos de pessoas ladeando o casal. À esquerda e à direita, ao lado deles, dois soldados seguram lanças douradas dispostas na vertical e usam trajes de mangas compridas com saiote  azul com detalhes em vermelho, meias longas brancas, sapatos pretos e chapéu preto com fitas vermelhas À esquerda, o grupo que está ao lado da mulher é composto por duas mulheres loiras usando véus sobre os cabelos e vestidos longos, um em azul claro e o outro cor de rosa.  À direita,  o grupo que está ao lado do homem é composto por dois homens:  um de cabelos encaracolados, vestido com casaca comprida cinza, calça cinza, meias longas brancas, chapéu na mão e sapatos cinza. Atrás dele, um outro homem, esse loiro de cabelo encaracolado e longo, visto apenas parcialmente.  Atrás dos tronos, estrutura retangular em vermelha com borda dourada. No canto inferior direito, em letras pretas as iniciais: "I" e "D".
Ilustração representando Maria Istíuart e Guilherme de órangi governando a Inglaterra após a Revolução Gloriosa, entre os protestantes. Século dezessete.
Respostas e comentários

Orientações

Após a Revolução Gloriosa, a burguesia transformou seus interesses nos principais objetivos do Estado inglês: a busca do lucro e o estímulo ao desenvolvimento econômico. O modêlo econômico passou a basear-se na liberdade de produção e de comércio. Os monopólios mercantilistas foram abolidos e qualquer indivíduo que tivesse capitais suficientes poderia dar início a uma atividade produtiva e comercializar livremente. Dessa fórma, a Inglaterra conquistou o comércio mundial, impulsionou e mecanizou sua indústria têxtil. É importante enfatizar para os estudantes que as bases do liberalismo surgiram nesse contexto em que a burguesia reivindicava maior protagonismo na economia e na política, em detrimento das práticas mercantilistas em que o Estado gerenciava e protegia os grandes negócios.

Texto complementar

No trecho a seguir, Adam Ismíf, um dos teóricos do liberalismo econômico do século dezoito, trata da autorregulação do mercado:

reticências O interesse da nação em suas relações comerciais com nações estrangeiras é, tanto quanto o do comerciante em relação às diferentes pessoas com as quais trata, o de comprar o mais barato e vender o mais caro possível. Mas será mais plausível comprar barato quando a mais perfeita liberdade de comércio estimular todas as nações a trazerem as mercadorias que precisem adquirir; e, pela mesma razão, será mais plausível vender caro quando, desse modo, seus mercados estiverem cheios com o maior número de compradores. reticências

Ismíf, Adam. A mão invisível. São Paulo: Pêngüim: Companhia das Letras, 2013. página. 44.

Atividade complementar

Se desejar, discuta as bases do liberalismo econômico com os estudantes a partir do texto de Adam Ismíf. Solicite a eles que identifiquem no texto a crítica implícita do autor ao protecionismo do Estado em relação às atividades econômicas e as suas colocações sobre autorregulação do mercado.

Observação

O conteúdo desta página contribui para a continuidade do trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero dois.

Ícone. Ilustração de uma lupa sobre uma folha de papel amarelada com a ponta superior direita dobrada, indicando a seção Documento.

Documento

A Declaração de Direitos

A Declaração de Direitos, ou Bill of Rights, foi um conjunto de leis formulado na Inglaterra em 1689, após a deposição do rei Jaime segundo pela Revolução Gloriosa. A Declaração reduziu o poder do rei, estabelecendo a monarquia parlamentar em lugar da monarquia absolutista. Como você deve saber, a monarquia absolutista era baseada no poder absoluto do rei e justificada pelo direito divino.

Leia, a seguir, alguns trechos da Declaração de Direitos:

reticências E portanto os ditos lordes espirituais e temporaisglossário , e os comunsglossário reticências, estando agora reunidos como plenos e livres representantes desta nação reticências, declaram reticências para reivindicar e garantir seus antigos direitos e liberdades:

1. Que é ilegal o pretendido poder de suspender leis, ou a execução de leis, pela autoridade real, sem o consentimento do Parlamento.

reticências

4. Que é ilegal a arrecadação de dinheiro para uso da Coroa, sob pretexto de prerrogativa, sem autorização do Parlamento, por um período de tempo maior, ou de maneira diferente daquela como é feita ou outorgada.

reticências

6. Que levantar e manter um exército permanente dentro do reino em tempo de paz é contra a lei, salvo com permissão do Parlamento.

reticências

8. Que devem ser livres as eleições dos membros do Parlamento.

9. Que a liberdade de expressão e debates ou procedimentos no Parlamento não devem ser impedidos ou questionados por qualquer tribunal ou local fóra do Parlamento.

reticências

13. E que os Parlamentos devem reunir-se com frequência para reparar todos os agravos, e para corrigir, reforçar e preservar as leis.

A DECLARAÇÃO Inglesa de Direitos (1689). In: Ixêi, Micheline R. (Organização.). Direitos Humanos: uma antologia. São Paulo: êduspi, 2013. página. 171-173.

  1. Após a leitura dos trechos da Declaração de Direitos, identifique:
    1. Em que período da história da Inglaterra ela foi escrita?
    2. Quem escreveu a Declaração e em nome de quem ela foi feita?
    3. Qual era o objetivo principal da Declaração? Justifique sua resposta, utilizando trechos do documento.
  2. Com base nesse documento, descreva em seu caderno o equilíbrio de fôrças políticas na monarquia parlamentar inglesa.
Respostas e comentários

Orientações

Esta seção apresenta alguns artigos da Declaração de Direitos instituída após a Revolução Gloriosa, que poderão ser analisados em seus detalhes pelos estudantes, favorecendo assim que eles aprofundem a compreensão do processo de transformação que se iniciou nesse período na Inglaterra e os impactos que ele teve na estrutura política desta nação. Além disso, a reflexão proposta possibilita aos estudantes estabelecerem relações entre os princípios identificados na Declaração e as influências que podem ter exercido na formulação das concepções de Estado no mundo contemporâneo.

Observação

O trabalho proposto nesta seção contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero dois.

Respostas

1. a) A Declaração de Direitos foi escrita após a vitória da Revolução Gloriosa, que depôs Jaime segundo e coroou Guilherme de Orange como rei da Inglaterra. Guilherme se comprometeu a respeitar a Declaração, assegurando o poder do Parlamento.

b) A Declaração foi escrita pelos membros do Parlamento em nome da nação inglesa.

c) O principal objetivo da Declaração era limitar o poder do rei, assegurando a soberania parlamentar. Alguns trechos que mostram os limites impostos ao poder do rei são: os reis não poderiam cancelar as leis do Parlamento (item 1 da Declaração), cobrar impostos sem a autorização do Parlamento (item 4) e manter um Exército permanente sem a permissão do Parlamento (item 6).

2. Na monarquia parlamentar inglesa, a base do poder era o Parlamento, cujos membros eram considerados representantes da nação. Por isso, o poder do rei é limitado.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestão para o estudante:

MICELI, Paulo. As revoluções burguesas. São Paulo: Atual, 2005. (Coleção Discutindo a História).

Nesse livro o estudante poderá entrar em contato com uma interpretação abrangente sobre os significados das revoluções burguesas que definiram os rumos da sociedade capitalista contemporânea, como é o caso das Revoluções na Inglaterra do século dezessete.

Mudanças na Inglaterra

Na Inglaterra, além das grandes propriedades senhoriais e das terras voltadas à produção para o mercado, havia as terras comuns, utilizadas de fórma coletiva. Ao longo do século dezesseis, essas terras passaram a ser cercadas por iniciativa de particulares, que pretendiam vendê-las ou utilizá-las para criar ovelhas e fornecer uma das principais matérias-primas da indústria têxtil: a lã.

Propriedades desse tipo espalharam-se por todo o território da Inglaterra. No comêço do século dezoito, o Parlamento criou uma série de medidas para regulamentar e acelerar o cercamento das terras comuns.

A maior parte dos camponeses foi expulsa de suas terras e teve de enfrentar o desemprego e a falta de moradia e alimentação. Muitos se deslocaram para as cidades, em busca de condições de sobrevivência.

A modernização da agricultura

A política de cercamentos resultou na modernização da agricultura inglesa. A introdução do sistema trienal de cultivo (o chamado sistema de três campos), que alternava o cultivo de cereais, tubérculos e gramíneas, possibilitou a disponibilidade de mais alimentos para as ovelhas, que, ao mesmo tempo, forneciam adubo natural e ajudavam a manter a fertilidade do solo.

Outras inovações do período foram o confinamento do gado e a aração profunda, que possibilitaram, respectivamente, o aumento do pêso dos animais e o melhor preparo da terra para o cultivo. No entanto, o custo dessas inovações era elevado e apenas os ricos proprietários puderam introduzi-las em suas terras.

Com as mudanças ocorridas nos campos ingleses, houve o aumento da produção agrícola, necessário para alimentar uma população em constante crescimento, sobretudo nas cidades. Novamente, muitos camponeses, sem condições de competir com a agricultura moderna das propriedades vizinhas, migraram para as cidades em busca de trabalho.

O sistema de três campos

Esquema ilustrado. O sistema de três campos. Ilustração de orientação vertical, com três campos representando o sistema trienal de cultivo. Na legenda:  Solo em verde-claro corresponde a "Gramíneas".  Solo com vegetação alta em bege corresponde a: "Cereais". Solo com vegetação verde escura e pontos vermelhos e bege corresponde a: "Batatas e beterrabas (tubérculos)".  No alto, Ano 1.  Um quadrado dividido em três faixas verticais. Da esquerda para à direita: Gramíneas (à esquerda), cereais (no centro) e batatas e beterrabas (à direita).  No centro, Ano 2. Um quadrado dividido em três faixas verticais. Da esquerda para à direita: Cereais (à esquerda), batatas e beterrabas (no centro) e gramíneas  (à direita).   Na parte inferior, Ano 3. Um quadrado dividido em três faixas verticais. Da esquerda para à direita: Batatas e beterrabas (à esquerda), gramíneas (no centro) e cereais(à direita).
Ícone. Sugestão de livro.

MENEGUELLO, Cristina; déca, Edgar Salvadori de. Fábricas e homens: a Revolução Industrial e o cotidiano dos trabalhadores. São Paulo: Atual, 2019. A obra apresenta textos informativos e documentos históricos que abordam, entre outros aspectos, as diferenças entre a vida no campo e a vida na cidade na Inglaterra do século dezoito, bem como o cotidiano dos trabalhadores nas fábricas.

Respostas e comentários

Orientações

É importante destacar que as terras comuns (common fields) eram campos abertos onde se misturavam áreas de diversos proprietários e arrendatários. O acesso a essas terras dependia de incontáveis caminhos, e era impossível precisar os limites entre as posses de um e de outro. Embora fossem formalmente associadas a determinado senhor, elas eram utilizadas de fórma coletiva, principalmente por pessoas mais pobres, que pastoreavam animais, pescavam e obtinham lenha.

As medidas adotadas para regulamentar e acelerar o cercamento das terras comuns desencadearam profundas transformações na sociedade inglesa. Sugerimos chamar a atenção dos estudantes para a situação dos camponeses que foram expulsos das áreas do campo, constituindo um pouco depois o exército de trabalhadores de reserva e a mão de obra assalariada que iria suprir a demanda das fábricas inglesas no início da industrialização.

Observação

O conteúdo desta página favorece a continuidade do trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero dois.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestões complementares referentes ao Capítulo:

ril, crístofer . O século das revoluções (1603-1714). São Paulo: edição. Unésp, 2012.

O livro aborda em profundidade os acontecimentos revolucionários na Inglaterra nos séculos dezessete e dezoito.

Ostrênsqui, Eunice. As revoluções do poder. São Paulo: Alameda, 2005.

A autora analisa o pensamento político difundido na Inglaterra na época da Revolução Puritana de 1640.

Abundância de carvão e ferro

Outro fator que possibilitou aos ingleses mecanizar a produção têxtil foi a facilidade de obter fontes de energia e matérias-primas básicas para o funcionamento das máquinas, como carvão mineral e ferro.

Até o século dezoito, os ingleses usavam o carvão vegetal, produzido a partir da queima da madeira, para aquecer os fornos no processo de obtenção do ferro. Porém as temperaturas atingidas por meio dessa técnica não eram suficientes para a produção de ferro de boa qualidade.

A partir de 1780, os ingleses passaram a utilizar o carvão mineral, que pode ser encontrado na superfície terrestre e tem poder calorífico superior ao do carvão vegetal. Com a descoberta dessa nova técnica, a fabricação de ferro triplicou na Inglaterra. O carvão mineral passou a ser utilizado como combustível para mover pequenas indústrias e na produção do ferro de alta resistência, matéria-prima essencial para construir máquinas, ferramentas e estradas de ferro.

O conjunto de inovações técnicas e as mudanças na fórma de organizar a produção transformaram a paisagem inglesa.

Pintura. Vista geral de local aberto. Nas parte inferior, a imagem é cortada horizontalmente por um curso de água corrente da direita para a esquerda da pintura, semelhante a um riacho, com uma pequena queda d'água no centro. Há vegetação baica nas margens do riacho.  Acima, no centro da pintura, uma fábrica com cinco chaminés altas de formato tubular na vertical de cor terracota, entre galpões altos de paredes amarelas e armações metálicas altas. Das chaminés, sai uma fumaça em tons de cinza e preto.  Na ponta da direita, sobre uma das estruturas de metal, há uma bandeira com listras horizontais brancas e azuis hasteada. No alto, o céu nublado, coberto de nuvens de cor cinza.  Às margens do riacho, no canto inferior esquerdo da pintura, há duas pessoas, que aparentam ser um menino e uma menina. Ele tem cabelos pretos e curtos e está sentado, usa camisa branca e casaco e calças pretos e, à direita dele, a menina está em pé, de touca branca, avental branco e vestido preto.  Mais ao fundo, à esquerda, em segundo plano, três pessoas adultas vistas de longe caminham para a esquerda.
Richárdsan, Tômas Máiols. Mina de carvão em Murton. 1841. Aquarela, 28 por 42,5 centímetros. Galeria de Arte Laing, Newcastle, Inglaterra. O artista representou a fumaça saindo das chaminés, provavelmente originada da queima de carvão.
Respostas e comentários

Orientações

Com a política de cercamentos as relações capitalistas avançaram no campo. Ao mesmo tempo ocorriam a modernização da agricultura e a formação de um exército de mão de obra disponível nas cidades (resultado do êxodo rural).

É importante destacar que a Inglaterra contava com jazidas abundantes de carvão e de ferro, duas matérias-primas estratégicas para o pioneirismo industrial do país. Durante a Revolução Industrial, o uso do carvão mineral como fonte de energia deu um grande impulso à indústria e aos transportes. Isso propiciou o funcionamento dos motores a vapor instalados nas máquinas fabris, nas locomotivas e nos navios.

Atividade complementar

Inicie uma discussão sobre o tema das fontes energéticas, estimulando os estudantes a expressar seus conhecimentos prévios sobre o assunto. Comente que as fontes energéticas são recursos da natureza dos quais se pode obter energia usada para movimentar navios, trens e carros, fazer funcionar máquinas, aparelhos domésticos e sistemas de iluminação, entre outras possibilidades. Incentive a reflexão sobre a busca de fontes de energia, mais eficientes e economicamente rentáveis, questão ainda essencial nos dias de hoje. Ao final da discussão, peça aos estudantes que se organizem em grupos e iniciem um trabalho de pesquisa, elaboração de textos, seleção de materiais e produção de um blog sobre o tema, no qual irão divulgar as informações coletadas e elaboradas por eles. O trabalho proposto de pesquisa e elaboração de textos para serem divulgados para a comunidade escolar propicia o desenvolvimento da prática de pesquisa análise documental.

Observação

Ao abordar os desdobramentos das mudanças políticas promovidas pela Revolução Gloriosa, o conteúdo desta página possibilita relacionar o trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero dois ao trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três, que será central nos próximos capítulos.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

  1. Descreva os governos de Jaime primeiro e Carlos primeiro, destacando os conflitos entre o rei e o Parlamento na Inglaterra no século dezessete.
  2. Elabore uma cronologia dos principais acontecimentos políticos das revoluções Puritana e Gloriosa.
  3. No contexto da Revolução Puritana, quem eram os cavaleiros e os cabeças-redondas?
  4. Que mudanças a Revolução Gloriosa provocou na Inglaterra do ponto de vista da economia?
  5. Por que a política de cercamentos foi importante para a modernização da agricultura inglesa? Como a relação entre o campo e a cidade se estabeleceu nesse período? Explique.
  6. A partir da Revolução Gloriosa, a Inglaterra passou a ser uma monarquia parlamentar. Explique a diferença entre esse sistema de govêrno e a monarquia absolutista.
  7. Observe a imagem a seguir. Essa obra é intitulada Retrato da Armada e foi pintada no século dezesseis em comemoração à vitória inglesa sobre a poderosa marinha espanhola. Elizabeth primeira foi retratada usando um vestido bordado com pérolas e joias e segurando um globo terrestre. Atrás do ombro esquerdo da rainha, pode ser vista a Armada espanhola destruída.
Pintura. Retrato de formato quadrado. No centro, uma mulher sentada em trono estofado em vermelho. Ela é branca, tem olhos escuros, sobrancelhas apagadas e lábios alaranjados, tem a pele muito branca com as maçãs do rosto rosadas, cabelos loiros, cacheados presos ao redor da cabeça, encimados por um enfeite dourado com três pedras azuis incrustadas em ouro e pérolas ao redor de toda a cabeça, presas ao cabelo. além de uma grande pérola sobre a parte da frente da cabeça, acima da testa Ela usa um vestido com gola de rufos em renda branca, uma gola franzido de tecido rendado e plissado que forma um circulo em torno do pescoço. O vestido é volumoso, com corpete e saia armada pretos, com mangas bufantes acetinas de cor cinza  e com a parte de baixo da saia armada acetinada e de cor cinza. Todo ele coberto de bordados dourados em formato de pétalas de flores, com pérolas no centro das pétalas. A parte preta do vestido tem pérolas e laços cor de rosa. Ela usa seis longos colares de pérolas. A mulher tem a mão direita sobre uma esfera que representa o globo terrestre, que está sobre uma mesa com toalha verde, vista parcialmente.  No canto esquerdo, na altura do cotovelo direito da rainha, há uma coroa dourada e vermelha incrustada com pedras verdes e pérolas, que repousa sobre uma mesa com toalha vermelha com bordados dourados, vista parcialmente. No canto direito, parte do braço do trono com uma escultura dourada representando uma sereia: a parte superior do corpo, nua, de mulher, a inferior, coberta por escamas, em formato de cauda de peixe. A cabeça da rainha divide a pintura em duas partes, ao fundo. No canto superior esquerdo, um quadrado ladeado por colunas vermelhas e cortinas verdes com a imagem de embarcações a vela em um mar amarelado sob um céu azul.  No canto superior direito, um quadrado envolto por uma cortina verde revelando a imagem de embarcações à vela naufragando no oceano esverdeado, com o céu noturno, o fundo escurecido, em azul escuro.
Gauér, George. Retrato da Armada. cêrca de 1588. Óleo sobre painel, 110,5 por 127 centímetros. Woburn Abbey, Bedfordshire, Reino Unido. Essa obra foi feita após uma grande vitória naval da Inglaterra sobre a Armada espanhola.
  1. Em sua opinião, é possível considerar que esse retrato da rainha Elizabeth primeira foi feito para demonstrar fôrça e poder? Por quê? Justifique sua resposta com elementos da obra.
  2. Qual seria o significado da coroa ao lado da rainha? Considerando as informações deste Capítulo, por que Elizabeth primeira está tocando um globo terrestre com a mão direita?
Respostas e comentários

Seção Atividades

Objeto de conhecimento

As revoluções inglesas e os princípios do liberalismo.

Habilidade

São trabalhados aspectos relacionados à habilidade:

ê éfe zero oito agá ih zero dois (atividades 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7)

Respostas

1. Jaime primeiro criou novos impostos e perseguiu católicos e calvinistas com o intuito de fortalecer a Igreja anglicana, da qual era o chefe supremo. O Parlamento colocou-se contra o seu govêrno. Carlos primeiro, filho de Jaime, prosseguiu com essa política, aumentando os conflitos entre o poder real e o Parlamento.

2. Revolução Puritana (1640-1660)

1642: Começa a guerra civil. A Inglaterra se divide em dois partidos opostos: os realistas e os parlamentares.

1649-1658: República de Oliver crómuél.

1658-1660: govêrno de Ricardo crómuél, caracterizado por um período de intensa instabilidade política.

1660-1688: Restauração da monarquia.

Revolução Gloriosa (1688)

1688: Deposição do rei católico Jaime segundo.

1689: Elaboração da Declaração de Direitos. O rei Guilherme de órangi se compromete a respeitar a Declaração. Estabelecimento da monarquia parlamentar na Inglaterra.

3. Os cavaleiros eram membros do exército realista, grandes proprietários de terras e altos membros da Igreja anglicana. Os cabeças-redondas eram membros do exército parlamentar, puritanos; representavam a pequena nobreza, os burgueses e os camponeses; eram favoráveis à fórma republicana de govêrno.

4. O desenvolvimento do capitalismo, o incentivo ao livre-comércio e a mecanização da indústria têxtil inglesa.

5. Os cercamentos transformaram as terras comunais em propriedades privadas, contribuindo para a modernização da agricultura e o aumento da produção. Além disso, houve o aumento da criação de ovelhas, que forneciam lã para a nascente indústria têxtil. Com os cercamentos, grande parte dos camponeses se deslocou do campo para as cidades, formando uma massa de trabalhadores à disposição da indústria.

6. Na monarquia absolutista, o rei tem poderes ilimitados; ele faz as leis, julga e governa. Já na monarquia parlamentarista, o rei é o chefe do Estado, e o poder se concentra no Parlamento.

7. a) É possível considerar que o retrato da rainha foi feito para demonstrar poder. Seu vestido é ornado com pérolas e joias e o ambiente à sua volta representa a riqueza e o poder da monarquia inglesa.

b) A coroa ao seu lado simboliza o poder da monarquia inglesa. A rainha segura o globo como demonstração do poderio inglês nas transações ultramarinas.

CAPÍTULO 2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E AS MUDANÇAS NA SOCIEDADE

Computadores, aparelhos celulares, óculos, peças de roupa, sapatos, relógios, câmeras fotográficas, fones de ouvido... Você sabe dizer o que todos esses produtos têm em comum? Há, pelo menos, duas características: todos são produzidos por processos industriais e todos são mercadorias, ou seja, foram feitos para serem comercializados.

O surgimento das indústrias ocasionou uma das maiores transformações socioeconômicas da história, modificando profundamente, e em escala mundial, o ambiente e as relações de produção, os hábitos de consumo e a organização do trabalho. Esse processo iniciou-se com a Revolução Industrial na Inglaterra, em meados do século dezoito, e tem reflexos até os dias de hoje na sociedade globalizada.

Neste Capítulo, investigaremos as condições históricas que propiciaram o início da industrialização, bem como suas consequências tanto para os detentores dos meios de produção como para os trabalhadores.

Fotografia. Vista do alto para baixo. Sobre uma base de tábuas de madeira branca, vários objetos espalhados, da esquerda para a direita: um par de sapatos masculinos de cor marrom; uma miniatura de avião branca; um par de óculos escuros marrons sobre o teclado de um notebook visto parcialmente; um relógio de pulso, de ponteiros, marrom; três chaves de metal prateado; um cinto marrom enrolado; um caderno de espiral preta aberto em uma folha em branco sobre a qual há um lápis de cor marrom;  uma miniatura de um  globo terrestre; uma câmera fotográfica em cinza e preto; uma bússola analógica pequena, azul, de fundo preto; uma pulseira de couro trançado marrom; um celular branco sobre um passaporte de capa vermelha; fones de ouvido brancos e  um chapéu bege com uma faixa preta.
Diversos são os objetos que fazem parte do nosso dia a dia. Em geral, todos eles foram produzidos em indústrias que buscam atender às exigências de consumo de determinada época.
Respostas e comentários

Sobre o Capítulo

O Capítulo traz elementos que estimulam a reflexão sobre o mundo em que vivemos, norteado pela corrida contra o tempo e pelos avanços tecnológicos. Os conteúdos trabalhados ajudam o estudante a compreender as características da sociedade contemporânea e a reconhecer suas origens no processo de industrialização inglês da segunda metade do século dezoito. Ao longo deste Capítulo é possível ainda conduzir uma análise das ambiguidades e das contradições envolvidas no avanço da industrialização. O desenvolvimento técnico e científico apresenta duas faces: por um lado, nos possibilita uma vida mais cômoda e nos dá acesso, por exemplo, ao tratamento e à cura de várias doenças; por outro, estimula a desumanização das relações sociais, amplia as diferenças entre ricos e pobres e intensifica a exploração dos recursos naturais. Pensadores do século dezenove já percebiam que uma sociedade com características antagônicas, mas complementares, surgia na Inglaterra: progresso e selvageria se tornavam lados da mesma moeda.

Propicie uma conversa em sala de aula indagando os estudantes sobre os impactos da Revolução Industrial na vida das pessoas e no mundo do trabalho. Explique a eles que a palavra “indústria” remete a todo esfôrço empreendido pela humanidade para transformar matérias-primas em mercadorias, com o auxílio de ferramentas ou máquinas. A indústria moderna que surgiu na Inglaterra, no século dezoito, caracteriza-se pelo uso de máquinas para a produção de grande quantidade de artigos em série.

Habilidade trabalhada ao longo deste Capítulo

ê éfe zero oito agá ih zero três: Analisar os impactos da Revolução Industrial na produção e circulação de povos, produtos e culturas.

Observação

O conteúdo desta página possibilita iniciar o trabalho com alguns aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três, que poderá ser desenvolvida ao longo de todo o Capítulo.

Do artesanato à maquinofatura

Antes do surgimento das fábricas, o artesanato era o principal modo de organização do processo produtivo. As mercadorias eram confeccionadas por artesãos, que dominavam todas as fases de produção: compravam a matéria-prima, fabricavam o produto e o vendiam. Além disso, tinham autonomia para determinar o tempo e o ritmo de seu trabalho.

Durante os séculos quinze e dezesseis, com o objetivo de acelerar a produção, homens de negócio se associaram aos artesãos, desenvolvendo o sistema doméstico. Nele, o artesão recebia a matéria-prima e se comprometia a produzir e a entregar a mercadoria em determinado prazo para o empresário, que ficava encarregado de vendê-la. Nesse sistema, o artesão ainda tinha contrôle sobre todo o processo de produção, mas deixava de ser responsável pela aquisição da matéria-prima e perdia o contato direto com o consumidor.

Na segunda metade do século dezessete, as manufaturas se expandiram. Nesse tipo de organização do trabalho, dezenas ou centenas de pessoas ficavam concentradas em um só espaço e trabalhavam, todos os dias, durante uma quantidade determinada de horas. Nesse momento, entrou em cena um novo personagem: o patrão, que mantinha funcionários encarregados de vigiar os trabalhadores.

Na manufatura, os trabalhadores não eram donos dos instrumentos de trabalho nem tinham contrôle sobre o ritmo da produção. Gradualmente, os trabalhadores foram perdendo o conhecimento sobre a totalidade do processo produtivo. Isso quer dizer que eles deixaram de conhecer todas as etapas de produção de determinada mercadoria, já que as tarefas foram divididas em etapas e cada pessoa executava apenas uma parte do processo de fabricação em troca de um salário fixo.

Gravura. Gravura de formato oval. Dentro de local fechado, de paredes e chão marrom, há quatro mulheres, uma criança e dois gatos.  À esquerda, uma mulher, de touca branca, vestido rosa e avental branca que lhe cobre os braços as pernas, está de frente para observador diante de uma roca de fiar em marrom claro e partes amareladas.  À direita e ao fundo, um caldeirão cinza, cuja alça é hasteada por um fio preto que vai até uma viga na horizontal. O caldeirão está sobre o fogo produzido por carvão. Dele, sai grande quantidade de fumaça branca. Ao lado do fogo, um menino de casaco azul e cabelos castanhos, está sentado, com as mãos espalmadas, aquecidas pelo fogo. Atrás dele, uma mulher em pé, com as costas flexionadas, de vestido rosa e touca branca, revira com uma colher branca o que está dentro do caldeirão.  Atrás dela, à direita, outra mulher, de perfil para o observador, usando vestido verde, touca branca e avental branco, trabalha em uma roca de fiar, manipulando o fio que sai do fuso.  À direita, em primeiro plano, outra mulher de vestido verde, essa sem touca e de cabelos longos, castalhos e presos para trás, enrola a linha utilizando, para isso, um carretel e uma estrutura hexagonal, com hastes no diâmetro e fios no perímetro. Perto dela, dois gatos marrons e partes em branco, um deitado e outro em pé estão brincando com um novelo. Na parte superior, teto com vigas de madeira na horizontal nas quais estão estendidos alguns tecidos brancos e prateleira à direita com louça e pratos. Também à direita, uma pequena janela retangular de vidraça transparente por onde entre luz.
Rínquis, Uílham. Mulheres trabalhando em manufatura de linho. 1791. Gravura colorizada, 38,3 por 44,7 centímetros. Museu Victoria e Albert, Londres, Inglaterra. Nas manufaturas, os trabalhadores passaram a ficar concentrados em um só local, e cada pessoa era responsável por uma parte do processo de produção.
Respostas e comentários

Orientações

A Revolução Industrial transformou as relações de trabalho, a organização da produção e a tecnologia. É importante que os estudantes comparem, nesses três aspectos, a produção artesanal, o sistema doméstico, a manufatura e a maquinofatura e estabeleçam relações com o tempo presente (em graus variados essas diferentes maneiras de organizar a produção convivem até hoje).

Texto complementar

O texto a seguir traz informações sobre a transição das oficinas domésticas artesanais para o sistema de manufaturas:

Estavam lançadas as bases da manufatura. Enquanto a indústria doméstica dava sustentação a uma produção organizada em estágios sucessivos, cada um deles realizado por um artesão em sua casa, a manufatura reunia artesãos num mesmo espaço de trabalho, aproximando estas etapas e, portanto, tornando mais rápido o ciclo produtivo. reticências

reticências

A concorrência estava estabelecida. E aconteceu uma expansão da manufatura, estimulada pelo fato de que o ciclo da produção de uma mercadoria não estava restrito à capacidade e domínio técnico de um artesão especializado sob os regulamentos de monopólio separativista, mas estava compartimentado, na medida em que os novos artesãos, sem especialização maior e sob o contrôle do capital comercial, ocupavam-se de partes da produção. Resumindo, o que se deu a partir da manufatura foi a especialização e o aprofundamento da divisão do trabalho, e os primeiros passos para a emergência do trabalho assalariado.

ispózito, Maria Encarnação Beltrão. Capitalismo e urbanização. São Paulo: Contexto, 1988. página. 36.

Observação

O conteúdo desta página favorece o trabalho com aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.

A mecanização da indústria

Na segunda metade do século dezoito, com a Revolução Industrial, a manufatura foi substituída pela maquinofatura. Os motores a vapor, aperfeiçoados por djêimes uót em 1769, começaram a mover as máquinas, aumentando a velocidade da produção e a qualidade dos produtos. As principais tarefas do trabalhador passaram a ser alimentar a máquina, controlar sua velocidade e cuidar de sua manutenção.

A busca por lucros levou os industriais a investir na melhoria técnica da produção e no uso de novas fontes de energia. O tear mecânico (1785) deu início à mecanização da tecelagem e à aplicação do motor a vapor na indústria têxtil. A invenção do barco a vapor (1787) e a inauguração da primeira ferrovia (1825) possibilitaram o transporte de um volume maior de mercadorias.

O avanço tecnológico acelerou o ritmo da vida e do trabalho, que deixou de ser determinado pelo tempo da natureza e do corpo e passou a acompanhar o tempo da máquina. O trabalho do ser humano tornou-se dependente da tecnologia industrial, e a eficiência passou a ser medida pelo menor tempo gasto na produção. Em outras palavras, o tempo passou a valer dinheiro.

O trabalho nas fábricas

A concentração dos trabalhadores em um mesmo espaço, a divisão de tarefas, o fim da autonomia do artesão e o surgimento do patrão foram as mudanças fundamentais que marcaram o advento das fábricas.

Pintura. Vista geral de estação de trem encoberta por um telhado triangular com vigas de ferro e muita fumaça em cinza, azul e branco. Na parte inferior, trilhos sobre o chão de cor marrom. à esquerda e à direita, duas locomotivas pretas; uma à direita, com chaminé expelindo grande quantidade de fumaça para o alto. À frente, à direita, há um homem visto de costas, dos joelhos para cima, de cabelos castanhos, com quepe, casaco azul de mangas compridas e calça azul.  À esquerda e à direita, ao lado das locomotivas, pessoas em pé ao lado das vigas de metal que sustentam o teto da estação. Em segundo plano, vista parcial de prédios da cidade tampados por muita fumaça.
, Clôd. A estação Saint-Lazare. 1877. Óleo sobre tela, 80 por 98,0 centímetros. Museus de Arte de HarvardCambridge, Estados Unidos.
Respostas e comentários

Orientações

Nesse momento, é interessante ressaltar que no sistema produtivo artesanal os trabalhadores dominavam todo o processo de trabalho. Também controlavam os meios de produção e o produto final de seu trabalho. Com o surgimento das fábricas, os trabalhadores passaram a operar máquinas, dominando apenas uma das etapas produtivas no sistema de maquinofatura.

Observação

O conteúdo desta página pode contribuir para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestão para o estudante:

BREFE, Ana Cláudia Fonseca. Burgueses e operários na era industrial. São Paulo: Atual, 2010. (Coleção A vida no tempo das máquinas).

Esse livro é uma ótima opção para os estudantes conhecerem mais detalhadamente as profundas transformações na vida das pessoas no período da Revolução Industrial, o cotidiano dos trabalhadores e dos habitantes das grandes cidades europeias.

Uma nova sociedade

Além das mudanças no ritmo do trabalho e do cotidiano, na mentalidade e nos valôres, uma das transformações mais importantes produzidas pela indústria foi a configuração de uma nova sociedade. Duas novas classes sociais se consolidaram:

  • Burguesia: classe social formada pelos proprietários das fábricas, das máquinas, dos bancos, do comércio, das redes de transporte e das empresas agrícolas. O termo “burguesia” tem origem em “burgo”, aglomerado urbano da Idade Média, cujos habitantes se dedicavam ao comércio e ao artesanato. A partir do século dezoito, a burguesia impôs cada vez mais seu domínio sobre a sociedade.
  • Proletariado: classe social composta do operariado, que vive do salário que recebe. Como não tem meios para sobreviver por conta própria, o proletariado vende sua fôrça de trabalho para o patrão em troca de um salário. O salário, porém, paga apenas uma parte do tempo de trabalho do operário nas fábricas. O restante do tempo é apropriado pelo patrão.

As diferenças entre burgueses e proletários podiam ser percebidas na vida cotidiana das cidades. As áreas ricas ficavam, em geral, mais próximas do centro e recebiam mais atenção dos governantes. Já a população operária comprimia-se em bairros de ruas estreitas, mal iluminadas e sujas, com muitos mendigos e desempregados, como relatou o filósofo alemão fréderique ênguels:

Mas no que diz respeito à massa dos operários, o estado de miséria e insegurança é hoje tão grave quanto antes, senão mais grave. O East End de Londres é um pântano cada vez maior de miséria e desespero, de fome nos períodos de desemprego e de degradação física e moral quando há trabalho.

ênguels, Frídric. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Boitempo, 2010. página 354.

O trabalho das mulheres

Na época da Revolução Industrial, as mulheres eram submetidas ao ritmo de trabalho dos demais operários, mas recebiam salários menores. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (ó í tê), atualmente a desigualdade salarial entre homens e mulheres ainda é muito visível em diversos países. No Brasil, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (pê nádi) mostram que, em 2020, as mulheres recebiam cêrca de 77% do salário pago aos homens.

Gravura. Vista geral de local amplo, fechado, com  mulheres de vestidos longos de saia rodada e manga três-quartos, algumas usando aventais brancos sobre as saias. Todas estão com os cabelos presos. A maioria delas está com o corpo de frente para teares mecânicos, máquinas compridas dispostas na horizontal em cinza. Ao fundo, à esquerda, vigas marrons sustentam um mezanino, um patamar mais elevado protegido com grades, com outras mulheres em pé. À direita, visto de lado, um homem em pé observa as mulheres trabalhando. Ele usa chapéu e terno em preto.
míus, . Sala de duplicação. 1851. Litografia colorizada. Coleção particular. A ilustração representa o trabalho das mulheres em uma indústria de tecidos.
Respostas e comentários

Atividade complementar

Apresente aos estudantes o trecho a seguir, que trata das fórmas de contrôle do tempo com o advento da indústria. Estimule-os a refletir sobre a situação dos trabalhadores e a questão do contrôle do tempo dentro das fábricas inglesas no período da industrialização. Amplie a discussão com eles, fazendo-os estabelecer relações com a situação dos trabalhadores na atualidade, considerando a questão do tempo e do ritmo de trabalho principalmente nas grandes cidades. Oriente-os a perceber a historicidade que envolve a organização do trabalho e a relação com o tempo nas sociedades contemporâneas. Indague-os sobre as experiências e os conhecimentos prévios que eles têm sobre o tema. Depois, peça a eles que pesquisem diferentes tipos de fonte de informação para embasar seus argumentos e a análise das condições de trabalho nos dias de hoje. Por fim eles devem registrar por escrito suas conclusões. O trabalho proposto nesta atividade favorece o desenvolvimento da prática de pesquisa de análise documental.

reticências “Eu trabalhava na fábrica do . brêid”, declarou uma testemunha: Ninguém a não ser o mestre e o filho do mestre tinha relógio, e nunca sabíamos que horas eram reticências Os relógios nas fábricas eram frequentemente adiantados de manhã e atrasados à noite; em vez de serem instrumentos para medir o tempo, eram usados como disfarces para encobrir o engano e a opressão. Embora isso fosse do conhecimento dos trabalhadores, todos tinham medo de falar, e o trabalhador tinha medo de usar o relógio, pois não era incomum despedirem aqueles que ousavam saber demais sobre a ciência das horas.

tompison, éduard P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. página. 293-294.

Texto complementar

O texto a seguir trata do conceito de proletariado:

Em nenhuma fase de sua obra márks utiliza o termo “classe trabalhadora” de modo frequente. Preferia a noção de proletariado, um antigo conceito romano provavelmente datado do século seisantes de Cristo., que descrevia um grupo relativamente grande, mas pouco definido, de cidadãos livres e pobres No final do século dezoito e comêço do dezenove, a palavra “proletariado” conheceu um ressurgimento. Inicialmente, ela foi usada de modo geral para descrever a situação das pessoas sem nenhuma propriedade além da honra. reticências

LINDENI, Marcel van der. O conceito marquiciano de proletariado: uma crítica. Sociologia & Antropologia, Rio de Janeiro, volume 6, número 1, página. 87-110, abril. 2016.

Observação

O conteúdo desta página pode contribuir para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.

O trabalhador no sistema industrial

A expansão das indústrias modificou muito o cotidiano dos trabalhadores. A questão do tempo, que, para eles, passou a ser regulado pelos horários de funcionamento das fábricas, é um exemplo disso. Nas áreas rurais, a medição do tempo estava relacionada aos ciclos da natureza e às tarefas diárias no campo. Já nas cidades, a disciplina passou a ser estabelecida pelo relógio.

Os relógios já existiam antes da Revolução Industrial, mas foi a necessidade de sincronizar o trabalho nas fábricas que ampliou seu uso e sua produção. Com eles, foi possível disciplinar os horários de entrada e saída dos trabalhadores, o intervalo de almoço e o tempo gasto para realizar as tarefas da produção. Fiscais e supervisores garantiam que os trabalhadores respeitassem os horários. Havia prêmios para os operários mais disciplinados e multas para os que descumprissem as normas.

A valorização do tempo, por meio do surgimento da ideia de um “tempo útil”, dedicado ao trabalho e ao ganho de dinheiro, colaborou para a configuração de uma nova moral, que justificava, inclusive, a perseguição policial aos desocupados.

Pintura. Um local aberto com o chão coberto por ladrilhos de pedra marrom. Ao fundo uma fábrica, com vários prédios revestidos de tijolos vermelhos e, à frente, formando uma linha horizontal na pintura, um grupo de mulheres próximas umas das outras.  Elas estão sentadas sobre uma mureta baixa de pedra, algumas estão apenas encostadas, uma está em pé diante da mureta e outras está em pé sobre a mureta. À esquerda, sentada sobre a mureta, uma mulher de lenço branco listrado sobre a cabeça, blusa branca, saia azul e avental branco lê um papel branco, com a cabeça voltada para ele. À frente dela, uma mulher de manto preto, cabelos pretos com uma flor vermelha, está reclinada para a frente e manuseia bules dispostos sobre o chão, segurando um deles pela alça. Há quatro bules no chão e uma cesta quadrada, com tampa. Atrás dela, sentada sobre a mureta, uma mulher loira com uma boina bege cobrindo os cabelos, usando um xale vermelho, olha para trás.  À direita dela, há uma mulher sentada sobre a mureta , com avental branco sobre um vestido amarelo, segurando um bule. Ela observa uma outra mulher, que, do outro lado da mureta, bebe um líquido segurando com suas duas mãos um prato fundo amarelo na frente de seu rosto.  Duas mulheres, à direita,  estão encostadas na mureta, de braços dados. Elas conversam e uma segura um bule e um cesto de palha retangular, como um cesto de piquenique. À direita delas, sentada, uma mulher com os cabelos cobertos por um lenço branco amarrado abaixo do queixo, bebe de uma xícara e tem um prato fundo azul em seu colo; outra, mais à direita, de costas, sentada sobre a mureta, com um xale vermelho nas costas, um vestido amarelo e uma touca preta cobrindo os cabelos tem um bule no colo, e olha para baixo, como se servisse um copo com o líquido do bule. Mais à direita, uma outra, em pé, sobre a mureta, vestida com blusa branca e saia longa azul, um avental branco amarrado à cintura, apoia-se sobre um poste de iluminação de rua, à direita, levando o avental branco até ele.  No centro, em pé, diante da mureta, há duas mulheres de costas para o observador, caminhando no sentido da esquerda para a direita da pintura. Elas estão abraçadas, lado a lado. Uma usa saia longa vermelha; a outra usa saia longa azul. Ao fundo, há outras mulheres, algumas em pé, outras sentadas.  Mais ao fundo, na parte central da pintura, um homem em pé, de costas, com chapéu alto preto e traje preto segura bastão com a mão esquerda, e observa o que ocorre no entorno.  Uma das mulheres está descalça, mas a maioria usa meias brancas e sapatos pretos. Algumas seguram bules.  Ao fundo, à esquerda, na fábrica, duas chaminés se erguem desde os telhados. Por ali sai uma fumaça cinza escura.  Dois postes de rua de iluminação completam a paisagem. No alto, o céu em tons de amarelo claro e cinza.
, . A hora do jantar em Wigan. 1874. Óleo sobre tela, 76,3 por 107 centímetros. Galeria de Arte de Manchester, Inglaterra. Essa obra representa trabalhadoras de uma tecelagem na cidade de Wigan, no norte da Inglaterra.

Ler a imagem

• Que elementos desta imagem nos mostram que as trabalhadoras estão em um momento de “descanso”? Repare na silhueta de um homem, no centro da tela. O que ele representa? A sua presença fornece pistas para entendermos a situação das trabalhadoras retratadas? Você acha que essa imagem apresenta uma visão idealizada da Revolução Industrial? Por quê?

Respostas e comentários

Texto complementar

No texto a seguir o historiador Érik Robsbaum descreve as relações de trabalho dentro das fábricas no início da industrialização:

reticências Em primeiro lugar, todo operário tinha que aprender a trabalhar de uma maneira adequada à indústria, ou seja, num ritmo regular de trabalho diário ininterrupto, o que é inteiramente diferente dos altos e baixos provocados pelas diferentes estações no trabalho agrícola ou da intermitência autocontrolada do artesão independente Nas fábricas onde a disciplina do operariado era mais urgente, descobriu-se que era mais conveniente empregar as dóceis (e mais baratas) mulheres e crianças: de todos os trabalhadores nos engenhos de algodão ingleses em 1834-47, cêrca de um-quarto eram homens adultos, mais da metade era de mulheres e meninas, e o restante de rapazes abaixo dos 18 anos. reticências

ROBSBAUM, Eric. A Era das Revoluções (1789-1848). São Paulo: Paz e Terra, 1991. página. 66-67.

Resposta

Ler a imagem: Na pintura é possível observar que as mulheres estão descansando do trabalho, pois estão conversando, algumas estão sentadas, outras estão comendo e bebendo, carregando cestas de comida etcétera.

No centro da imagem, atrás das mulheres, há um único homem (de roupa escura), provavelmente um funcionário contratado para fiscalizar o horário de descanso e o retorno ao trabalho, o que revela aspectos do cotidiano das mulheres trabalhadoras nas fábricas inglesas no início da industrialização. A imagem não mostra a perspectiva mais dura da exploração do trabalho e, por essa razão, podemos dizer que apresenta uma visão idealizada da Revolução Industrial.

Observação

O conteúdo desta página favorece o trabalho com aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestão para o estudante:

MENEGUELLO, Cristina; DE déca, Edgar. Fábricas e homens: a Revolução Industrial e o cotidiano dos trabalhadores. 5. edição. São Paulo: Atual, 2019.

O livro apresenta um apanhado de aspectos relevantes sobre o cotidiano dos trabalhadores fabris no início da Revolução Industrial.

Moradias precárias na cidade

E quanto à moradia dos trabalhadores? A maior parte das casas operárias se localizava próximo às fábricas e era construída pelos próprios empregadores e alugadas aos trabalhadores. Em geral, essas moradias abrigavam um grande número de pessoas, que, muitas vezes, se amontoavam para dormir. Não existia rede de esgoto. Os banheiros eram fossas, ficavam fóra das casas e exalavam um cheiro horrível. Em alguns bairros, havia um serviço de limpeza de fossas, cujos resíduos eram vendidos como esterco aos agricultores. Em outros bairros, os detritos eram jogados nas vias públicas e nos cursos de água.

A água era fornecida em bicas, poços e fontes públicas, nos quais havia longas filas para obter um balde do precioso líquido. As péssimas condições propiciaram o surgimento de surtos de diversas doenças, como a cólera e a tuberculose, que atingiam com frequência os trabalhadores e suas famílias.

Gravura em preto e branco. Vista do alto para baixo de um rua, com dezenas de pessoas nas calçadas e na rua. À esquerda e à direita, casas geminadas em dois pavimentos, diante das quais há pessoas em pé, próximas das portas e janelas. Próximos às portas, sapatos dispostos no chão. No centro, dezenas de crianças vistas de costas, algumas em pé e outras agachadas. À direita, duas delas estão sentadas no chão e, à esquerda, uma criança com o corpo inclinado para o chão, tem as mãos no chão. Perto dela, uma cabra vista de costas. Ao fundo, outras pessoas e crianças, e casas em tons escuros.
Dorrê, . Crianças nas ruas de Londres. 1872. Xilogravura, 19,8 por 24,5 centímetros. Museu Britânico, Londres, Inglaterra. A gravura retrata pessoas (na maior parte, crianças) e algumas moradias em Londres, no século dezenove.
Gravura em preto e branco. Vista geral de um túnel por onde passam dois trens, em sentidos opostos com os trilhos no centro. Na parte superior, o teto em formato semicircular, e luminárias redondas penduradas por fios pretos. À esquerda e à direita, nas plataformas elevadas em relação aos trilhos, centenas de pessoas em pé, com capacete sobre a cabeça, blusa de mangas compridas, calça e sapatos, com bolsas sobre as costas.  À direita, um banco, com dois homens sentados, vestidos da mesma maneira. Na parte superior direita, duas placas penduradas com texto em inglês, uma indicando a saída, outra com o texto 'Espere aqui para a terceira classe'.
Dorrê, ; , . O comboio de trabalhadores. 1872. Gravura em madeira. A gravura retrata trabalhadores aguardando trens a vapor pela manhã, em estação em Londres.
Respostas e comentários

Texto complementar

O texto a seguir comenta os registros visuais da situação habitacional dos trabalhadores em Londres feitos pelo artista Dorrê.

reticências O principal ilustrador de gravuras foi Dorrê que foi contratado para ilustrar o livro Londres: Uma Peregrinação, muito criticado por, supostamente, retratar apenas a pobreza da cidade. Mas apesar de todas as críticas, o livro foi um sucesso de vendagem na Inglaterra, valorizando ainda mais o seu trabalho na Europa.

reticências

Estas imagens representam o cotidiano dos  moradores dos bairros operários de Londres, onde ele tenta expressar através de suas imagens o grande aglomerado de pessoas dividindo o pouco espaço, as fumaças das fábricas em meio às casas, a ocupação dos porões, o grande número de crianças cuidando de outras crianças, as pessoas habitando em meio a animais entre outras questões. O tom escuro e a representação em  preto e branco era uma característica marcante na obra de Doré, o que acentuava ainda mais a situação de insalubridade e deixava evidente as consequências dessa situação calamitosa a qual se submetia a classe operária. O surgimento de doenças epidêmicas, e o risco de alastramento  de epidemias causadas pela falta de higiene  e  condições impróprias de moradia tornou-se  uma ameaça não só para a classe operária, mas para toda a sociedade.

MILANO, Daniela Ketzer. Habitações operárias: evolução das imagens de representação. Urbana, ano 3, número 1, 2011. Disponível em: https://oeds.link/Z3zzFz. Acesso em: 14 março. 2022.

Observação

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Meio Ambiente.

Os impactos ambientais da industrialização

No início da Revolução Industrial, havia a crença de que os recursos naturais eram infinitos e estavam a serviço do ser humano. Nesse momento, ainda não havia o conhecimento de que o consumo desenfreado de matérias-primas e o uso de combustíveis fósseis pudessem causar danos ambientais, em muitos casos irreversíveis, e alterações climáticas que afetariam a vida humana.

A atividade industrial de larga escala acarretou grandes impactos ambientais à Inglaterra. A instalação de fábricas levou à poluição das águas e do ar e à alteração do hábitat de muitas espécies.

Um exemplo disso é o caso das mariposas Bíston Betulária, na cidade de Manchester. A maioria dessas mariposas tinha coloração branca, o que possibilitava sua camuflagem nos troncos das árvores, que eram claras devido à presença de liquensglossário . Com o surgimento e a expansão das fábricas e o aumento da poluição do ar, os líquens desapareceram e os troncos das árvores tornaram-se escuros. As mariposas dessa espécie com coloração branca praticamente deixaram de existir, pois, como não podiam mais se camuflar nas árvores, eram facilmente identificadas pelos predadores.

Fotografia. Sobre um fundo branco, vista do alto de uma mariposa com par de asas abertas e corpo no centro, assas e corpo em tons de bege com várias manchas pretas. Na parte superior, um par de antenas em marrom escuro e duas formas similares a duas plumas cinzas pequenas na horizontal no topo da cabeça.
A mariposa da espécie Bíston Betulária passou a ter uma variação na coloração, tornando-se mais escura, devido aos impactos da poluição causada pela Revolução Industrial.
Gravura em preto e branco. Vista geral de local aberto em ambiente urbano. No canto inferior direto, há um rio, que corta diagonalmente p centro da gravura. Pelo rio, passam pequenas embarcações de madeira tripuladas. Acima, no centro da imagem, uma ponte em forma de arco, com a parte superior reta,  por onde passam homens à cavalo e um carro puxado por cavalos. No canto inferior esquerdo, perto do rio, homens e mulheres em pé levantando seus chapéus pretos para cima como quem comemora algo.  Em segundo plano, depois da ponte, local com uma  construção alta, com três entradas em forma de arco, cúpulas com pináculos afinados e   bandeiras hasteadas em cada um dos pináculos.  Mais ao fundo, uma torre  alta e outras construções mais baixas. No céu, nuvens em tons de branco.
Representação de vista do rio Irwell, em Manchester, na Inglaterra. cêrca de1853. Gravura, 11 por 8,85 centímetros. O rio Irwell encontra-se na fronteira entre as cidades de Manchester e Salford, na Inglaterra.
Respostas e comentários

Orientações

A industrialização intensificou o uso dos recursos naturais. A gravidade da situação atual exige uma rápida conscientização em tôrno da necessidade de se preservar a natureza. Incentive os estudantes a buscar informações sobre o assunto e a tomar atitudes concretas e cotidianas para a preservação do meio ambiente.

É importante destacar que o conteúdo trabalhado nesta página possibilita a abordagem do tema contemporâneo Educação ambiental.

Atividade complementar

Sugerimos um trabalho de pesquisa em conjunto com o componente curricular Ciências sobre a poluição do ar, da água e do solo provocada pela industrialização, com destaque para os prejuízos causados à natureza e ao ser humano. A contaminação de rios, lagos e oceanos, o aumento do efeito estufa e a proliferação de vírus e bactérias são alguns exemplos. É pertinente relacionar esses fatos à Revolução Industrial, que fez elevar consideravelmente o volume de fuligem e gases tóxicos lançados na atmosfera, assim como de resíduos e detritos industriais jogados na água e no solo. Os estudantes podem se organizar em pequenos grupos para realizar a atividade de pesquisa, coleta de informações e sistematização das conclusões. Depois, eles devem confeccionar cartazes sobre o tema da contaminação ambiental causada pela industrialização. Por fim, peça a eles que apresentem os resultados da pesquisa por meio da exposição dos cartazes. O trabalho proposto nesta atividade propicia o desenvolvimento da prática de observação, tomada de nota e construção de relatórios.

Observação

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Meio Ambiente.
As agressões ao meio ambiente persistem

A construção de ferrovias e de novas fábricas acarretou a derrubada de grandes áreas de vegetação. Além disso, a população dos grandes centros industriais cresceu desordenadamente, causando muitos problemas urbanos, como o acúmulo de lixo e dejetos.

Atualmente, apesar de a superexploração dos recursos naturais persistir, o modêlo de produção implantado com a Revolução Industrial sofre inúmeras críticas, tanto por parte da sociedade como por parte de organizações e instituições dedicadas à preservação ambiental.

Para reduzir as agressões ao meio ambiente, estão sendo desenvolvidos novos métodos produtivos. Além disso, campanhas de estímulo ao consumo consciente dos recursos naturais, ao reúso e à reciclagem de materiais têm o objetivo de diminuir o consumo de recursos no dia a dia. Dessa fórma, procura-se garantir a qualidade de vida das populações atuais e o usufruto desses recursos pelas gerações futuras.

Gravura. Vista geral de local aberto, com vegetação verde, estrada de terra reta com trilhos, no centro, cortando a imagem diagonalmente. À esquerda, perto de uma árvore e de arbustos, duas mulheres e três crianças. Uma mulher de cabelos escuros, com chapéu bege, vestido de mangas longas preto e gola branca. Ao lado dela, uma mulher sentada, de blusa de mangas compridas bege e saia longa marrom. De frente para elas, dois meninos, um pé e outro sentado no chão, de camisa de mangas brancas, colete e chapéu preto e calça. À direita, sentando sobre a grama verde, um menino apoia o cotovelo esquerdo sobre a grama, e ergue o braço direito para o alto. Ele usa camisa branca e calça preta.  Mais ao fundo,  abaixo de onde estão essas pessoas, a estrada de ferro, por onde passa um trem de carga, com a locomotiva soltando fumaça branca e azulada.  Em segundo plano, do outro lado da estrada de ferro, construções baixas avermelhadas e em bege e telhados azulados, algumas com chaminés altas.  Em torno dessa área com as construções com chaminés, há morros cobertos de vegetação.   No alto, o céu em tons de azul, nuvens brancas e partes sobre a cidade com fumaça em marrom.
, . Vista de Wakefield na ferrovia Manchester-Leeds. 1845. Litografia. Museu Nacional Ferroviário, Nova York, Estados Unidos.

Ler a gravura

• Que elementos da paisagem representada nesta litografia (técnica de gravura em que a impressão da imagem é feita com uma matriz de pedra polida) estão associados à industrialização inglesa?

Ícone. Sugestão de vídeo.

daens: Um grito de justiça: o cotidiano e as lutas dos operários durante a Revolução Industrial. Direção: stein conix. Bélgica/França/Holanda, 1992. Duração: 138 minutos O filme se passa no final do século dezenove, em uma cidade do norte da Bélgica. A fábrica de tecidos local emprega muitos operários que trabalham em péssimas condições. Tudo muda com a chegada de um padre, que se solidariza com os trabalhadores.

Respostas e comentários

Orientações

Conduza uma discussão em sala de aula sobre os impactos causados no meio ambiente pela industrialização e a sociedade de consumo. É fundamental que os estudantes reflitam sobre o assunto criticamente, que identifiquem as degradações geradas pelas ações humanas no ambiente e as práticas capazes de reduzir os impactos negativos e de promover o consumo consciente, assim como o uso sustentável dos recursos naturais.

O conteúdo trabalhado nesta página possibilita a ampliação do desenvolvimento do tema contemporâneo Educação ambiental.

Resposta

Ler a gravura: O desmatamento, as chaminés das fábricas, o crescimento urbano. Proponha aos estudantes compartilhar as respostas e mencione que a ferrovia (tópico que será estudado no próximo Capítulo), por onde trafega uma locomotiva a vapor, também é símbolo da industrialização. Oriente os estudantes a observar, como contraponto, a paisagem rural, ao fundo.

Observação

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Meio Ambiente.

O rio Tâmisa

O rio Tâmisa, situado no sul da Inglaterra e com aproximadamente 340 quilômetros de extensão, foi fortemente agredido pelos resíduos industriais e pelo esgoto doméstico da cidade de Londres. Contudo, graças a um programa de despoluição, o Tâmisa se tornou um dos rios mais limpos do mundo em área metropolitana. Mas como será que tudo isso aconteceu?

Ao longo dos séculos dezoito e dezenove, o Pôrto de Londres já era o mais movimentado do mundo. Muitas embarcações mercantes e barcos de pesca navegavam no rio Tâmisa e uma grande circulação de mercadorias acompanhava o desenvolvimento industrial e mercantil da Inglaterra.

Contudo, além dos resíduos das fábricas, todo o esgoto doméstico de Londres era despejado no Tâmisa. Para termos uma ideia, na década de 1850, mais de quatrocentas mil toneladas de esgoto eram jogadas por dia no rio, o que equivalia a 150 milhões de toneladas por ano. O rio Tâmisa, nessa época, foi considerado biologicamente morto e o odor de suas águas era insuportável.

A criação de redes de esgoto para atender toda a cidade de Londres ocorreu a partir da década de 1860. Posteriormente, em 1910, teve início um programa de dragagem do rio Tâmisa e de tratamento da água com adição de cloro. Esses foram passos importantes na recuperação do rio. Mais tarde, já na década de 1960, uma empresa estatal de saneamento iniciou o tratamento biológico do esgoto nas estações de Crossness e Beckton. Na década seguinte, os resultados já podiam ser vistos, com o reaparecimento de espécies de peixes no rio Tâmisa.

Atualmente, dados da Agência Ambiental da Inglaterra e do País de Gales revelam que cento e vinte e uma espécies de peixes e cêrca de quatrocentas espécies de organismos invertebrados vivem no rio Tâmisa. Apesar disso, ainda hoje, toneladas de lixo são retiradas do rio diariamente.

Fotografia. Vista do alto de ambiente urbano com um rio largo em tons de azul no centro. No centro do rio,  uma embarcação em tons de laranja, rebocando uma plataforma de carga de formato retangular. Ao fundo, uma ponte em tons de verde.  Ao redor, à esquerda e à direita do rio, prédios de diversos tamanhos e formatos, alguns espelhados.  Mais ao fundo, há torres mais altas, espelhadas em cinza azulado. No alto, o céu em azul claro e nuvens grandes em tons de branco e cinza.
Rio Tâmisa, em Londres, na Inglaterra. Fotografia de 2019.
Respostas e comentários

Orientações

Neste boxe apresentamos aos estudantes a história do Tâmisa, o principal rio da Inglaterra. Após ter sido considerado “morto” por cêrca de um século e meio, foi recuperado e hoje é considerado um dos rios mais limpos do mundo em área metropolitana. É importante que os estudantes observem os efeitos do alto nível de poluição do rio sobre a saúde da população, as medidas tomadas pelo govêrno inglês para a recuperação do Tâmisa e a eficácia de cada uma delas, como a construção da rede de esgotos em Londres (1865), a dragagem do rio e o tratamento da água (1910), a construção de estações de tratamento do esgoto (1950) e seu tratamento biológico (1960). Essas constatações podem ser comparadas à situação de alguns rios brasileiros na atualidade.

Além disso, é importante destacar que o conteúdo trabalhado nesta página possibilita mais uma vez o aprofundamento da abordagem do tema contemporâneo Educação ambiental.

Observação

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A organização da classe operária

No início do século dezoito, os tecelões ingleses organizaram as primeiras associações trabalhistas. Os antigos artesãos, convertidos em trabalhadores assalariados das manufaturas, fundaram pequenos clubes com a intenção de obter aumento de salário. No entanto, as primeiras associações de trabalhadores organizadas e fortes surgiram apenas com o advento da grande indústria fabril. Por meio dessas organizações, os trabalhadores passaram a exigir melhores condições de trabalho.

Os “quebradores de máquinas”

Uma das primeiras fórmas de organização e resistência dos trabalhadores nas fábricas foi a ação dos chamados quebradores de máquinas. Alguns desses grupos se tornaram bastante conhecidos, como os da região de Lancashire, que atuaram entre 1778 e 1780, e os ludistas, que surgiram no princípio da década de 1810. Eles lutavam contra as longas jornadas e as péssimas condições de trabalho e defendiam a criação de leis trabalhistas e o fim das dispensas arbitrárias.

Os quebradores de máquinas invadiam as fábricas, em geral à noite, e destruíam os equipamentos e as máquinas. Eles foram reprimidos com violência.

Alguns historiadores consideram que os ludistas eram corajosos, mas ingênuos, pois atribuíam a origem de seus problemas às máquinas, e não aos proprietários delas. Para esses autores, os quebradores de máquinas não conseguiram perceber as mudanças profundas decorrentes da produção capitalista industrial.

Pesquisas mais recentes, no entanto, tendem a associar os ludistas a uma reação radical e consciente contra o sistema fabril. Segundo essa vertente, a principal intenção dos ludistas era mostrar que a fábrica não era a única nem a melhor fórma de organização do trabalho e da vida.

Caricatura. Sobre um chão de terra em nível mais elevado, um homem desproporcionalmente grande no centro da imagem, e abaixo dele, em nível mais baixo, pequenos homens, perto do pé esquerdo dele.  O homem no centro da imagem tem cabelos lisos castanhos e barba castanha, usa uma faixa fina e verde amarrada em torno da cabeça, veste um vestido longo de mangas curtas marrom de bolinhas pretas. Sob o vestido, usa uma blusa de mangas longas de cor marrom. Em uma de suas pernas, à esquerda, sobre os joelhos, a calça, uma meia com listras verticais azuis e brancas, uma meia marrom e sapatilha preta no pé. Na outra perna, à direita, a pele abaixo do joelho, a borda da meia com listras verticais azuis e brancas, uma meia marrom e nenhum sapato. Ele está com a cabeça voltada para a direita, olhando para os homens menores abaixo dele, e, com um dos braços  apontando para o alto e a direita.  Ele segura um bastão preto com uma esfera na parte superior.  Os homens pequenos ao redor dele estão vestidos com casaco, calça e chapéu preto. alguns erguem o chapéu para o alto.  Ao fundo, um local visto parcialmente em meio à chamas vermelhas, com fumaça subindo para o céu.  À esquerda, outros homens menores. Em segundo plano, morros. No alto, o céu com fumaça em tons de branco.
Publicada em revista inglesa, em 1812, esta caricatura representa néd lúd, um dos operários que lideraram o movimento dos quebradores de máquinas. O termo "ludista" tem origem no seu nome: Lud.

Ler a caricatura

foi representado usando um disfarce (no caso, roupas femininas). Por que os ludistas consideravam necessário usar disfarces em suas ações? Explique.

Ícone. Sugestão de livro.

TEIXEIRA, Francisco M. P. Revolução Industrial. São Paulo: Ática, 2019. O livro narra a Revolução Industrial por meio da história de dois personagens que vivem na cidade de Londres no comêço do século dezenove.

Respostas e comentários

Orientações

O estudo da formação da classe operária é uma oportunidade para trabalhar o conceito de cidadania e conhecer as primeiras fórmas de associação do operariado com o objetivo de obter direitos.

A adoção do sistema de fábrica e a mecanização da produção tiveram efeitos dramáticos sobre a classe trabalhadora inglesa. O ludismo pode ser visto como um movimento de resistência a esses efeitos. A ação das trade unions e dos sindicatos visava obter conquistas relacionadas à jornada de trabalho, aos salários, à proteção ao trabalho infantil etcétera. O movimento cartista inaugurou uma nova frente de luta ao reivindicar condições para a participação dos trabalhadores na atividade política parlamentar. Esses movimentos se estenderam por todo o século dezenove e início do século vinte, atingindo outros países da Europa e da América à medida que a industrialização se expandia.

É interessante fazer um paralelo do início da industrialização nos países europeus e o início da industrialização no Brasil, investigando a situação dos trabalhadores e as primeiras reivindicações das associações operárias. No Brasil da segunda metade do século dezenove, a indústria praticamente inexistia. Os poucos estabelecimentos, em geral, eram movidos pela fôrça dos escravizados ou de trabalhadores livres pobres. Já no início do século vinte a quantidade de fábricas e de trabalhadores operários nas cidades era expressiva, assim como as greves e as mobilizações por direitos trabalhistas.

Resposta

Ler a caricatura: Provavelmente néd lúd foi representado com roupas femininas porque as ações de sabotagem dentro das fábricas eram reprimidas com violência e, como estratégia, os operários usavam disfarces para não serem facilmente identificados pelos donos das indústrias e pela polícia.

Observação

Os conteúdos desta página contribuem para o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestão para o professor:

ROBSBAUM, Eric. Mundos do trabalho: novos estudos sobre a história operária. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.

O historiador Érik Robsbaum apresenta nesse livro uma análise da história da classe operária do século dezoitoao século vinte.

A hora dos sindicatos

Para combater a rotina extenuante e as péssimas condições de vida e de trabalho que enfrentavam, os operários começaram a se reunir em associações trabalhistas chamadas trade unions, ou sindicatos. O objetivo dessas associações era reunir os operários e organizar suas lutas para conquistar aumento de salário, redução das jornadas de trabalho, regulamentação das férias e do descanso semanal remunerado e limitação do trabalho infantil.

As associações trabalhistas na Inglaterra, no entanto, foram proibidas em 1799. Mesmo assim, muitas continuaram existindo clandestinamente. Em 1871, essas associações foram efetivamente legalizadas.

O cartismo

O cartismo nasceu em Londres, em 1838, quando uma associação de trabalhadores enviou ao Parlamento inglês a Carta do Povo (que deu origem ao nome “cartismo”). Nesse documento estavam reivindicações como o voto secreto, o sufrágio universal masculino e o direito dos operários a candidatar-se às cadeiras do Parlamento.

A petição recebeu mais de 1 milhão de assinaturas de trabalhadores. A recusa do Parlamento em aprovar a carta desencadeou uma onda de greves, manifestações e prisões. Por volta de 1840, o movimento apresentou outra peti­ção, mais radical que a primeira. Além das reivindi­cações iniciais, o documento exigia aumento de salário e redução da jornada de trabalho. A nova petição recebeu cêrca de 3,3 milhões de assinaturas.

Aos poucos, as lutas operárias surtiram efeito. As leis trabalhistas do século dezenove e do início do século vinte melhoraram as condições de trabalho nas fábricas e nas minas inglesas. Além disso, essas conquistas fortaleceram as lutas dos tra­balhadores de outros países.

Legislação trabalhista

Legislação trabalhista na Inglaterra

1833

Limitou o trabalho das crianças entre 9 e 13 anos a 8 horas diárias.

1871

Legalizou o direito de formar sindicatos.

1908

Instituiu os primeiros sistemas de seguro social.

1919

Estabeleceu a jornada de 8 horas diárias.

Elaborado com base em dados obtidos em: UK Parliament. Disponível em: https://oeds.link/tRLG06. Acesso em: 16 fev. 2022.

Gravura. Vista geral de local aberto e urbano, com uma rua no centro. Centenas de pessoas estão reunidas na rua, à esquerda e à direita. Ao centro, um espaço vazio, ocupado apenas por dois garotos que brincam com um círculo e gravetos. À esquerda, há homens montados à cavalo. À frente deles, duas fileiras com dezenas de homens levando sobre os ombros duas hastes horizontais paralelas, encimadas por uma estrutura em madeira vazada que contém papéis empilhados. Nessa estrutura, há inscrições em inglês; uma delas indica a palavra: 'Carta'. À frente desses homens, uma grande multidão, algumas pessoas carregando bandeiras coloridas hasteadas com texto ilegível na reprodução. Além de duas carruagens puxada por cavalos.  À direita, outra multidão de pessoas, homens, mulheres e crianças. Além de uma carruagem puxada por cavalos.  Ao fundo, prédios e árvores de folhas verdes. No alto, o céu azul e nuvens brancas espalhadas.
, Tômas. Representação da apresentação da petição cartista ao Parlamento, em 1842. Século dezenove. Gravura (detalhe). Biblioteca Britânica, Londres, Inglaterra.
Respostas e comentários

Texto complementar

No texto a seguir ênguels descreve o surgimento do movimento operário na Inglaterra e a importância da concentração dos trabalhadores nas grandes cidades:

reticências Se por um lado a concentração da população é favorável e estimulante para as classes proprietárias, por outro torna ainda mais rápido o desenvolvimento dos operários. Os trabalhadores começam a sentir-se, em sua totalidade, como uma classe; descobrem que, fracos individualmente, unidos constituem uma fôrça; o terreno é propício para sua autonomização em face da burguesia, para a formação de concepções próprias dos operários e adequadas à sua posição no mundo; eles começam a dar-se conta de que são oprimidos e adquirem importância política e social. As grandes cidades são o berço do movimento operário: foi nelas que, pela primeira vez, os operários começaram a refletir sobre suas condições e a lutar; foi nelas que, pela primeira vez, manifestou-se o contraste entre proletariado e burguesia; nelas surgiram as associações operárias, o cartismo e o socialismo. reticências Sem as grandes cidades e seu influxo estimulante para o desenvolvimento da inteligência pública, os operários ainda estariam longe do ponto em que se encontram hoje. reticências

ênguêl frederíc. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Boitempo, 2010. página. 160-161.

Observação

Os conteúdos desta página favorecem mais uma vez o trabalho com aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestões complementares referentes ao Capítulo:

ROBSBAUM, Eric. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. 6. edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.

O livro apresenta uma interpretação da história da Revolução industrial na Inglaterra a partir do século dezoito e seus impactos nas posteriores transformações econômicas, produtivas e nas relações de trabalho até a atualidade.

MATTOS, Marcelo Badaró. A classe trabalhadora: de márks ao nosso tempo. São Paulo: Boitempo, 2019.

O livro discute a situação do proletariado no mundo de hoje à luz das interpretações teóricas e conceitos elaborados por márks e ênguels.

Ícone. Ilustração de uma lupa sobre uma folha de papel amarelada com a ponta superior direita dobrada, indicando a seção Documento.

Documento

Cidadania e civismo

O trabalho das crianças

Nas primeiras fábricas de tecido inglesas, era muito comum que crianças trabalhassem por longas horas. Séra Cárpenter foi uma delas. Séra passou a viver e a trabalhar em uma tecelagem em Derbyshire quando tinha dez anos de idade. Muito tempo depois, em 23 de junho de 1849, deu este depoimento sobre sua experiência ao jornal The Ashton Chronicle.

Depoimento

Nossa refeição mais comum era bolo de aveia. Era pesado e grosseiro. Esse bolo era colocado em latas. Leite fervente e água eram misturados a ele. Esse era nosso café da manhã e nossa ceia. Nosso jantar era torta de batata com bacon cozido, um pouco aqui e um pouco lá, tão grosso de gordura que mal dava para comer, embora tivéssemos fome o suficiente para comer qualquer coisa. Chá, nunca vimos, nem manteiga. Comíamos queijo e pão preto uma vez ao ano. Só nos permitiam três refeições por dia, apesar de nos levantarmos às cinco da manhã e trabalharmos até as nove da noite.

reticências

Existia um contramestre chamado William ríus reticências. Ele veio até mim e me perguntou o que meu maquinário fazia parado. Eu disse que não sabia porque não tinha sido eu quem o havia parado reticências. ríus começou me batendo com uma vara, e reticências eu disse para ele que minha mãe ficaria sabendo disso. Então, ele saiu para buscar o mestre, que passou a lidar comigo. O mestre começou a me bater com um pau na cabeça até que ela ficasse repleta de caroços e de sangue. Minha cabeça ficou tão ruim que eu não consegui dormir por um longo tempo reticências.

Séra Cárpenter. SpartacusEducational. Disponível em: https://oeds.link/RuKAF9. Acesso em: 16 fevereiro 2022. (Tradução nossa).

  1. Quando Séra Cárpenter deu esse depoimento e para quem o fez?
  2. Quantas horas as crianças trabalhavam na fábrica por dia, segundo o depoimento?
  3. Você considera que a alimentação e as horas de descanso que as crianças tinham eram adequadas? Por quê?
  4. Uma situação como essa seria possível nos dias de hoje? Explique.
Ilustração. Dentro de um local fechado de paredes verdes e teto amarelo, janelas compridas na vertical, vigas em preto.  À esquerda, um tear mecânico que ocupam toda a porção esquerda da ilustração, de base marrom, sustentado por vigas pretas e constituído por estruturas em cinza por onde passam linhas finas brancas na vertical. Manipulando o tear, há duas mulheres com o corpo inclinado para frente, perto das linhas. Uma tem cabelos escuros, com vestido azul e marrom.  Diante delas, duas crianças em pé e uma deitada debaixo do tear. Dos meninos que estão em pé, um tem cabelos castanhos, usa blusa de mangas compridas azul, calça amarela e sapatos brancos. Ele é abraçado por um outro, que tem o rosto próximo ao seu ouvido, usando camisa branca e macacão marrom, descalço.  De frente para eles, à direita, uma mulher vista de costas, de cabelos escuros e presos, vestido de mangas curtas vermelho. Próximo dela, um homem visto parcialmente.  Em segundo plano, três homens formam uma roda de conversa. O que está de frente para o observador, usa casaca avermelhada, calça amarela e cartola preta. Ele segura com a mão direita uma haste em preto, cuja extremidade está em sobre a palma da outra mão.
HERVIEU, August. Crianças trabalhando em fábrica de tecidos de algodão. 1840. Ilustração. Publicada na obra The Life and Adventures of Michael Armstrong, the Factory Boy, da escritora inglesa Frances Trollope. Biblioteca Britânica, Londres, Inglaterra.
Respostas e comentários

Orientações

O longo e extenuante trabalho nas fábricas têxteis inglesas deixava as crianças muito cansadas e sonolentas. Quando diminuíam a velocidade de suas tarefas, as crianças costumavam receber castigos físicos. Também havia castigos para as crianças que chegavam atrasadas ou que conversassem durante as atividades. Aquelas que fugissem eram presas e fichadas na polícia. A extrema exploração do trabalho infantil na Inglaterra ficou registrada nos diversos relatórios e depoimentos do período. A repercussão que essas denúncias tiveram contribuiu para a progressiva regulamentação do trabalho infantil pelas autoridades inglesas.

O conteúdo trabalhado nesta seção possibilita abordar com os estudantes o tema contemporâneo Direitos da criança e do adolescente.

Respostas

1. Séra Cárpenter deu esse depoimento em 23 de junho de 1849 para o jornal The Ashton Chronicle.

2. Segundo o depoimento as crianças trabalhavam 16 horas por dia na fábrica nesse período.

3. Espera-se que os estudantes respondam que não, afinal as crianças consumiam alimentos com poucos nutrientes, ficando condicionadas a uma dieta pobre, distante do que seria necessário para garantir um desenvolvimento físico e intelectual saudável. Além disso, as horas de lazer e de descanso eram insuficientes para crianças em fase de desenvolvimento.

4. Atualmente uma situação como a que Séra Cárpenter narra seria considerada criminosa, pois iria contra os princípios estabelecidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, contra os direitos das crianças e dos adolescentes e contra as leis estabelecidas na Inglaterra e em diversos outros países.

Observação

O conteúdo desta seção favorece o trabalho com aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.

Atividade complementar

Sugerimos uma pesquisa em grupo sobre o trabalho infantil na atualidade. Os estudantes devem montar um pequeno jornal com artigos relativos à regulamentação do trabalho infantil, aos motivos mais comuns que levam as crianças a trabalhar, às diferenças entre o trabalho no campo e na cidade e seus impactos para a saúde e o desenvolvimento da criança. Depois eles podem tirar cópia dos jornais ou disponibilizar para que outros colegas da escola possam ler os artigos com os resultados da pesquisa feita por eles. Para finalizar, discuta com os estudantes quais são os riscos e os prejuízos do ingresso precoce no mercado de trabalho. O trabalho proposto nesta atividade possibilita desenvolver as práticas de revisão bibliográfica, análise documental, análise de mídias sociais e observação, tomada de nota e construção de relatórios.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. Copie o quadro a seguir em seu caderno. Com base em seus conhecimentos e nas informações vistas neste Capítulo, preencha-o com as características de cada fórma de trabalho listada.

Formas de trabalho

Características

Artesanato

Sistema doméstico

Manufatura

Maquinofatura

  1. Neste Capítulo, conhecemos um pouco do cotidiano dos operários nas chamadas cidades industriais. Agora, reúna-se com um colega para fazer as atividades a seguir.
    1. Durante a Revolução Industrial, as cidades industriais eram ocupadas de maneira igualitária por seus habitantes? Por quê?
    2. E nos dias de hoje, será que a ocupação das cidades reproduz as diferenças sociais? Citem exemplos para justificar sua resposta.
    3. O jeito de pensar a cidade mudou muito ao longo dos séculos. Em 2020, por exemplo, um órgão ligado à Organização das Nações Unidas lançou uma carta-manifesto, apresentando a necessidade de construirmos gestões mais inclusivas e sustentáveis para as cidades. Leia o texto a seguir e, com os colegas, pensem em uma ação que possa garantir ao menos uma melhoria na cidade em que vocês vivem.

[Em carta, o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (Ônu Ábitat)] defendeu a importância de garantir o direito à moradia adequada reticências, assim como abordar os impactos da exclusão socioeconômica e da segregação territorial reticências.

O documento defende ainda a implantação de políticas públicas reticências a partir de três grandes desafios para as futuras gestões municipais: o sanitário, com a ampliação das melhorias habitacionais e do acesso ao saneamento básico nos assentamentos precários, principalmente após a pandemia da covíd-19; o econômico, com a elaboração de um plano de desenvolvimento econômico solidário; e o democrático, por meio de uma gestão pública participativa, integrada e transversal.

Ônu Ábitatapoia manifesto que pede políticas urbanas para redução das desigualdades no Nações Unidas Brasil, 9 setembro 2020. Disponível em: https://oeds.link/47xfjU. Acesso em: 16 fevereiro 2022.

3. Observe atentamente a tirinha a seguir para responder às questões.

Tirinha. História em três quadros.  A tirinha tem como personagens: um robô cinza com botão vermelho no centro do peito acoplado a um painel removível cinza, dois braços mecânicos, e as mãos com formato de chave de boca. Os pés são duas rodinhas e, no lugar das pernas, uma caixa cinza com um painel removível, em azul.  O segundo personagem é um homem calvo, de terno azul, gravata preta e camisa branca. O terceiro personagem é um homem de capacete e calça azul, e camiseta amarela, que só aparece no último quadro.  No primeiro quadrinho, o homem de terno, caminha para a esquerda, de olhos fechados, com um braço atrás das costas e a outra mão tocando as costas do robô, que está à esquerda, de costas para ele. O homem de terno com um balão de fala: 'IMPORTEI ROBÔ PARA A LINHA DE PRODUÇÃO!'.   No segundo quadrinho, o homem de terno azul está à esquerda, à frente do robô, à direita, com seus olhos fechados. Ele toca o botão vermelho do robô, que está de frente para o homem. Rindo, o homem de terno azul com um balão de fala: 'COM UM SIMPLES TOQUE NO BOTÃO, ELE ENTRA EM AÇÃO!'. E outro balão de fala: 'TORNANDO A MÃO DE OBRA HUMANA TOTALMENTE OBSOLETA!'.  No terceiro quadrinho, o homem de terno azul está à esquerda, com a língua de fora, com gotas de suor saindo da cabeça, e os olhos arregalados. O robô, no centro, com o braço mecânico esticado, prende o pescoço do homem, erguendo-o do chão. À direita, está o homem de capacete, lendo um pequeno livro em suas mãos. O homem de terno azul com um balão de fala: 'FAZ ALGUMA COISA, ANDA LOGO!!'. O homem de capacete com o balão de fala: 'CALMA! ESTOU LENDO O MANUAL!'.
BARBOSA, Gilmar. Robô para linha de produção. In: Cartuns & Humor: ócios do ofício. São Paulo: Escala, 2002.
  1. Identifique as personagens que aparecem na tirinha e o papel que elas representam.
  2. Qual é a crítica feita nessa tirinha? Justifique.
  3. A tentativa de substituir a mão de obra humana por máquinas gerou diversos conflitos ao longo da história. Cite um exemplo e explique-o.
Respostas e comentários

Seção Atividades

Objeto de conhecimento

Revolução Industrial e seus impactos na produção e circulação de povos, produtos e culturas.

Habilidade

São trabalhados aspectos relacionados à habilidade:

ê éfe zero oito agá ih zero três (atividades 1, 2, 3)

Respostas

1. Artesanato: os artesãos conheciam as etapas de fabricação do produto, possuíam as ferramentas e matérias-primas, eram responsáveis por sua venda e controlavam o ritmo e o tempo de trabalho.

Sistema doméstico: o artesão passou a ser contratado por um empresário que lhe fornecia a matéria-prima e se responsabilizava por vendê-la. Nesse sistema, o artesão conhecia as etapas de produção, mas perdia o contato com o consumidor.

Manufatura: nesse sistema diversos trabalhadores concentravam-se no mesmo local. O trabalhador não detinha mais o contrôle do tempo e do ritmo de trabalho e deixou de ser proprietário dos meios de produção. Surgiu a figura do patrão, responsável por vigiar os demais trabalhadores.

Maquinofatura: com a introdução de máquinas no sistema produtivo, o trabalhador foi convertido em operador, obrigado a adequar seu ritmo de trabalho ao da máquina, e perdeu o conhecimento do processo de produção.

2. a) A ocupação da cidade refletia as diferenças sociais dos burgueses e dos operários. Os primeiros habitavam as regiões centrais das cidades, áreas que recebiam mais cuidados dos administradores. Os segundos residiam nos bairros periféricos, onde as ruas eram mal iluminadas e sujas, o que denunciava a falta de infraestrutura.

b) Atualmente, as cidades ainda refletem as divisões sociais, como pode ser observado na divisão dos bairros ricos e periféricos.

c) A resposta depende das considerações dos estudantes acerca da realidade local, mas é esperado que mencionem ações relacionadas às condições habitacionais e ao saneamento básico.

3. a) Na tira aparecem um homem vestindo terno e gravata, que pode representar um gerente ou mesmo o dono da fábrica, um robô e um operário da linha de produção.

b) A tira critica o modêlo de trabalho da industrialização, que transformou o trabalhador em um operador de máquinas, alheio ao processo de produção.

c) O ludismo, um dos primeiros movimentos de trabalhadores contra a substituição da mão de obra humana pela máquina e contra as péssimas condições de trabalho nas fábricas, é um exemplo. Os ludistas quebravam máquinas, pois eles as consideravam a causa da miséria dos trabalhadores.

CAPITULO 3  OS IMPACTOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Há alguns anos, o diretor de marketing da séde brasileira de uma empresa de telefonia, ao falar sobre um modêlo de celular prestes a ser lançado, afirmou que, antes de tudo, era preciso criar nas pessoas o desejo de possuir esse produto.

Essa história ajuda a entender as transformações trazidas pela Revolução Industrial. Antes dela, um produto era lançado no mercado para responder a uma demanda. Depois da mecanização da produção, foi possível fabricar em quantidades tão grandes, com custos tão baixos, que as indústrias passaram a investir na criação de demandas, ou seja, já que não havia necessidade de tantos e tão diversos produtos, os fabricantes começaram a provocar nas pessoas o desejo pelas mercadorias.

Pintura. Vista da vitrine de uma loja a partir da rua. As silhuetas das figuras são levemente indefinidas. As pinceladas dão ao observador a impressão das formas, das cores e do jogo de luzes. Na calçada, na parte inferior da imagem, em tons de marrom, há três pessoas: à esquerda, um homem e uma mulher de braços dados, usando chapéus e casacos escuros, vistos de costas, estão de frente para a vitrine. À direita, há uma mulher caminhando pela calçada. Ela é vista de lado, com o corpo voltado para a esquerda. Tem cabelos longos e escuros e usa um casaco bege e um chapéu preto. A loja fica em uma esquina. A vitrine tem o formato quadrado e é cortada por esquadrias de metal preto formando uma cruz no centro. No alto da vitrine, no alto da pintura, há reflexos de luzes amareladas. Dentro da vitrine, há manequins com vestidos em tons de rosa claro, azul e vermelho. A parede da fachada da loja tem tons de marrom escuro.
Israéls, Isác. Vitrine. 1894. Óleo sobre tela, 59 por 64 centímetros. Museu Nacional da Holanda, Amsterdã, Holanda.
Respostas e comentários

Sobre o Capítulo

O Capítulo propõe uma reflexão sobre os profundos impactos da Revolução Industrial na sociedade capitalista ao longo do tempo até os dias de hoje. O estudante será estimulado, assim, a analisar criticamente a própria realidade, a perceber a historicidade de alguns aspectos da sociedade em que vive e o processo de formação do mundo contemporâneo. É interessante, nesse momento, que o estudante reflita sobre as necessidades e os desejos que a sociedade industrial soube tão bem manejar para movimentar o ágil mercado produtivo e o consumo de mercadorias. Dessa fórma, surgiram as empresas de propaganda e de marketing, atreladas às indústrias. É importante analisar esse aspecto da sociedade industrial e capitalista porque ele influi no cotidiano, nos hábitos, na cultura e até mesmo no imaginário das pessoas. A propaganda, os jornais, as revistas, o rádio, o cinema e depois a televisão tiveram um papel fundamental na criação de costumes, em certa medida contribuindo para a homogeneização cultural, já que diversos povos passaram a ter acesso aos veículos de comunicação de massa e aos produtos industrializados comercializados em todos os continentes. Podemos dizer que com o avanço do processo industrial, tecnológico e do capitalismo essas condições se intensificaram de tal modo que os povos de quase todo o globo podem acessar informações e produtos semelhantes com uma facilidade e rapidez cada vez maior.

Observação

O conteúdo desta página possibilita iniciar o trabalho que será desenvolvido ao longo do capítulo com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.

Habilidade trabalhada ao longo deste Capítulo

ê éfe zero oito agá ih zero três: Analisar os impactos da Revolução Industrial na produção e circulação de povos, produtos e culturas.

Circulação de povos, mercadorias e culturas

A mecanização da produção possibilitou uma multiplicação rápida e constante de mercadorias e serviços. Graças a invenções como os trens, os navios a vapor e o telégrafo, as distâncias do planeta foram encurtadas, o que possibilitou a integração da economia capitalista em todos os continentes. Com os novos meios de transporte e de comunicação, a circulação de mercadorias se expandiu vertiginosamente. Os fluxos de capital e de pessoas se aceleraram na mesma velocidade.

Se, por um lado, a industrialização impulsionou a economia da Inglaterra e, posteriormente, dos outros países que passaram por esse processo, por outro, ela causou a desorganização do processo produtivo em diversos locais. Antes da Revolução Industrial, a Índia era tradicionalmente a exportadora de tecidos para a Inglaterra. Com a industrialização, passou a fornecer apenas o algodão, que era a matéria-prima utilizada pelas tecelagens inglesas, e a importar o tecido industrializado, entre outros produtos. Como resultado, a maioria das tecelagens indianas faliu. A produção, em sua maioria artesanal e doméstica, foi incapaz de concorrer com os produtos industrializados ingleses.

Fotografia em preto e branco. Dentro de um local fechado com teto claro com vigas de metal na horizontal, e piso escuro, há cinco mulheres em pé, cada uma delas perto de uma máquina.  As máquinas tem formato circular, com grupos de feixes de fios brancos na parte inferior e engrenagens circulares na cor preta na parte superior.  À frente, em primeiro plano, à direita, perto de uma dessas  máquinas, uma mulher posa para a foto, olhando para a câmera. Ela tem cabelos escuros e curtos, usa um xale quadriculado sobre os ombros e veste uma saia longa preta.  Mais ao fundo, há outras mulheres olhando para frente posando para a foto diante das máquinas.  No centro da imagem, à frente de uma das máquinas, há uma mulher de cabelos escuros e presos, usando blusa preta, saia longa preta e um xale sobre os ombros. Ela está com as mãos na cintura e os cotovelos flexionados nas laterais do corpo. Atrás dela, há outra mulher vista apenas parcialmente. Ao fundo, há mais duas mulheres de trajes escuros e um homem de boina, bigode escuro e casaco branco, com as mãos na cintura e os cotovelos flexionados.  No canto esquerdo, há um rapaz de cabelos curtos visto de lado, vestido com uma camisa clara com as mangas dobradas e uma calça escura.
Trabalhadoras em uma tecelagem em Bradford, cidade no norte da Inglaterra, no final do século dezenove. Essa fábrica produzia, predominantemente, tecidos de lã. Os diversos tipos de tecido ingleses passaram a concorrer com os tecidos produzidos em outras partes do mundo.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Ciência e tecnologia
As ferrovias

As necessidades da indústria de carvão foram responsáveis, em grande parte, pelo desenvolvimento dos trens e das estradas de ferro. Era preciso encontrar meios eficientes para trazer grandes quantidades de carvão do fundo das minas até a superfície e, também, para levar o carvão até os pontos de embarque para comercialização.

Inicialmente, eram usados carros de mão sobre trilhos para trazer o carvão do fundo das minas e levá-lo até um canal ou rio. Mais tarde, foram construídas estradas de ferro para que vagões com maior capacidade de carga fossem puxados por cavalos. Em 1804, começou a funcionar a primeira locomotiva a vapor. A primeira linha férrea de mercadorias e passageiros foi a Liverpool-Manchester, inaugurada em 1830.

As vias férreas se expandiram rapidamente na Inglaterra e em vários outros países. Os trens passaram a transportar, além de mercadorias e passageiros, jornais, correspondências e todo tipo de carga. As viagens tornaram-se mais seguras e rápidas. O transporte ferroviário virou símbolo de progresso e velocidade e transformou as paisagens.

Respostas e comentários

Orientações

Procure deixar claro para os estudantes como a industrialização de alguns países resultou na desorganização do processo produtivo de outros. O exemplo da Índia é bastante ilustrativo. Mais informações sobre a situação da Índia após a Revolução Industrial e as relações com a Inglaterra, à época a maior potência mundial, podem ser obtidas na Unidade seis deste volume (“A era do imperialismo”).

A respeito da relação entre a indústria de carvão e o desenvolvimento do transporte ferroviário na Inglaterra, destaque que a primeira linha de locomotivas a vapor ligava a região de carvão de Durham ao litoral inglês. Vagões correndo sobre trilhos e impulsionados por máquinas respondiam à necessidade de transporte mais barato para percursos curtos e longos.

O conteúdo desenvolvido nesta página possibilita a abordagem do tema contemporâneo Ciência e tecnologia.

Ícone. Sugestão de vídeo.

Sugestão para o estudante:

TEMPOS modernos. Direção: chárlis Chaplin. Estados Unidos, 1936. Duração: 87 minutos.

Nesse clássico do mestre do cinema mudo, chárlis Chaplin, o estudante vai se divertir com o personagem Carlitos e refletir sobre as mudanças que as fábricas trouxeram para a vida das pessoas no período que se seguiu à Revolução Industrial, principalmente nas atividades produtivas e no modo como os trabalhadores assalariados foram incorporados pelas indústrias.

Observação

O conteúdo desta página favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.

Ciência e tecnologia
Navios a vapor

O primeiro barco equipado com um motor a vapor foi criado pelo estadunidense Róbert Fúlton, em 1807, nos Estados Unidos. Essa invenção mostrou-se rentável e logo passou a ser empregada nas navegações fluvial e costeira.

Em 1819, o primeiro navio a vapor, chamado Savannah, cruzou o oceano Atlântico, entre os Estados Unidos e a Inglaterra. Na década de 1860, as grandes companhias de navegação inglesas se desenvolveram e passaram a realizar viagens entre diferentes continentes, do Extremo Oriente às Américas.

A travessia regular dos oceanos foi iniciada pelos chamados navios postais a vapor. O transporte de correspondências era um negócio lucrativo para as companhias marítimas.

Cartaz. No centro, uma ilustração representando um grande navio à vapor em alto mar. O navio tem o costado de cor preta; uma parte do casco, na linha da água, é de cor vermelha. A embarcação tem dois mastros com cabos formando triângulos ao redor deles: um mastro na proa e outro na popa. Entre os dois mastros, no centro da embarcação, há uma chaminé por onde sai grande quantidade de fumaça preta, que se desloca para trás.  Na popa do navio, há uma bandeira com listras verticais nas cores azul, branca e vermelha. Também há bandeiras no topo de cada um dos mastros.  O mar tem ondas leves e cor azul escura.  Na parte superior da ilustração, o céu em azul claro, com muitas nuvens.  No alto do cartaz, há um texto em vermelho, originalmente em francês: 'Companhia de Navegação Mista. Argélia, Tunísia e Marrocos'. E em caracteres azuis, o texto: 'Transatlânticos. Correio francês'. Na parte inferior do cartaz, texto em caracteres de cor preta, ilegível na reprodução.
Cartaz de propaganda do início do século vinte divulgando viagens de Marselha para Argélia, Tunísia e Marrocos, em navio a vapor.
Telégrafo

A comunicação de longa distância sofreu uma grande reviravolta com a invenção do telégrafo. Ele foi criado no século dezoito e usava códigos para transmitir informações de um lugar para outro. O principal código utilizado pelos telégrafos foi o código Morse, que surgiu com a criação do telégrafo elétrico na década de 1830. A comunicação via telégrafo desenvolveu-se com a construção de cabos submarinos, que encurtaram as distâncias e, assim, integraram o mundo.

O telégrafo foi usado pelos capitalistas para ampliar e agilizar o comércio e a administração das empresas. Os governos o utilizaram para fins militares e para dar mais eficiência à administração do país. Já os cidadãos comuns se comunicavam com parentes em regiões distantes e viabilizavam negócios.

Os jornais diários também foram beneficiados pelo telégrafo. Eles passaram a difundir notícias do mundo inteiro, recolhendo informações de repórteres que enviavam textos por meio de telegramas.

Fotografia. Sobre um fundo preto, um objeto metálico dourado sobre uma base retangular de madeira marrom. Na ponta da esquerdado objeto, há quatro pequenos botões metálicos dourados e, no centro e à direita, uma estrutura metálica dourada na vertical com três molas de metal na vertical, ladeada por duas engrenagens redondas douradas afixadas à estrutura central por parafusos metálicos prateados.
Telégrafo criado pelo britânico chárlis em 1858. Museu da Ciência, Londres, Inglaterra.
Respostas e comentários

Texto complementar

O texto a seguir traz mais informações sobre as máquinas e alguns inventos do século dezoito:

Depois do invento de uót, foram desenvolvidas outras máquinas igualmente fundamentais para o nascimento da indústria moderna. A partir de 1700 e por todo o século dezoito, um dos setores que mais se favoreceu da engenhosidade e investimento inglês foi o têxtil. Máquinas e mais máquinas foram criadas para melhorar a qualidade dos fios e beneficiar o algodão. Em 1730, por exemplo, o inventor djôn quêideu a largada para o desenvolvimento de toda uma nova tecnologia na produção de tecidos. Três anos mais tarde, ele apresentava à Inglaterra uma máquina chamada “flying shuttle”, que possibilitava entrelaçar mecanicamente o fio transversal da trama por meio da urdidura longitudinal, formando o tecido. Em 1764, foi a vez de o tecelão djêimes rargrêivs colocar o nome na história do setor têxtil com a criação da spinning jenny, uma roda de fiar múltipla, capaz de produzir dezesseis fios ao mesmo tempo. Em meio à revolução têxtil, a máquina a vapor, claro, estava presente. Só que, por ser muito barulhenta, o maquinismo normalmente ficava do lado de fóra, fazendo girar uma roda de onde saíam correias que acionavam eixos através da parede da fábrica. Dos eixos no teto desciam outras correias que acionavam cada tear no chão da fábrica. Em antigas indústrias ainda há vestígios desse sistema. Mais tarde, o conjunto passaria a ser acionado por motores elétricos. Com tantas invenções, a Inglaterra ganhou mercado e se tornou a maior exportadora mundial de tecidos.

A HISTÓRIA das máquinas. Abimác 70 anos. São Paulo: Abimác Sindimác, 2006. página. 17. Acesso em: 15 março. 2022.

Orientações

É importante destacar que o conteúdo apresentado nesta página possibilita mais uma vez ampliar a abordagem do tema contemporâneo Ciência e Tecnologia.

Observação

O conteúdo desta página contribui para o trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.

Circulação de pessoas

Outro efeito da integração do mercado mundial foi o aumento da movimentação de pessoas e do contato entre culturas.

Durante o século dezenove, por diferentes motivos, milhões de europeus e asiáticos saíram de seus países fugindo de guerras ou buscando uma vida melhor. Mudaram-se tanto para países da Europa como para países de outros continentes, principalmente a América. Essa movimentação foi possível, em grande parte, em função do desenvolvimento dos meios de transporte. Por outro lado, as notícias sobre os lugares mais distantes circulavam e despertavam interesse e esperança nas pessoas.

Muitas situações podem ilustrar essa conjuntura. Entre elas, é possível mencionar, por exemplo, a descoberta de ouro no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, que ocorreu em 1849. O aumento populacional na região provocado por essa descoberta fez surgir uma extensa rede de comércio que ligava regiões costeiras do oceano Pacífico. Se o ouro atraiu pessoas de diversos lugares, como mexicanos, chilenos e peruanos, também atraiu milhares de chineses que buscavam oportunidades na rede de comércio que abastecia os novos moradores da região.

Os chineses levaram consigo a larga experiência com o comércio e introduziram uma série de elementos culturais orientais no Ocidente. Dados estatísticos da época mostram o grande fluxo migratório de chineses para a Califórnia. Ao final do período, 25% dos habitantes não californianos do estado eram chineses.

Fotografia. Vista de uma rua em ambiente urbano.  A rua, no centro da imagem, é reta, asfaltada, tem tons de cinza escuro e carros estacionados à esquerda. No alto da rua, há fios pretos com luminárias vermelhas de formato oval pendurados horizontalmente.  Cada fio tem dez luminárias vermelhas iguais. Na calçada, à direita, pessoas vestidas com roupas de frio (casacos, blusas e gorros) caminham a pé.  À direita e à esquerda, há prédios baixos de paredes coloridas de tijolos cor de terracota, em tons marrom, bege e amarelo. Em cada lado da rua há postes de iluminação pública, com uma estrutura vertical de cor turquesa e luminárias de estilo oriental, verticais, com o topo como um pequeno telhado, de cor vermelha. À direita, na calçada, há árvores de folhas verdes e vasos redondos de cor preta com plantas verdes.  Há placas verticais cor de vinho, com escrita em caracteres chineses em branco, em um prédio, à direita.  E placas verticais de cor amarela, com escrita em caracteres chineses  vermelhos, em um prédio à esquerda. Outras placas semelhantes, em cores variadas estão nas fachadas das lojas, mais ao fundo. No alto, o céu em tons de azul claro, rosa e amarelo e com poucas nuvens.
Chinatown, hoje um bairro turístico em São Francisco, na Califórnia (Estados Unidos), era o lugar da cidade onde se concentravam os imigrantes chineses e é, até hoje, a maior comunidade chinesa fóra da China. Fotografia de 2021.
Respostas e comentários

Texto complementar

O poeta charles bôdelér viveu no século dezenove e acompanhou o avanço da urbanização e da industrialização. No poema a seguir é possível captar suas impressões sobre o fenômeno da multidão nas cidades. Se desejar, apresente o texto aos estudantes e peça que reflitam sobre o contexto descrito no poema.

A rua em derredor era um ruído incomum,

Longa, magra, de luto e na dor majestosa,

Uma mulher passou e com a mão faustosa

Erguendo, balançando o festão e o debrum;

Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata.

Eu bebia perdido em minha crispação

No seu olhar, céu que germina o furacão,

A doçura que embala e o frenesi que mata. reticências

Bem longe, tarde, além, jamais provavelmente!

Não sabes aonde vou, não sei aonde vais,

Tu que eu teria amado – e o sabia demais!

Flores do mal. São Paulo: Max Limonád, 1985. página. 236.

Observação

O conteúdo desta página favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.

Ícone. Sugestão de livro.

Sugestões complementares referentes ao Capítulo:

. A era do capital: 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2012.

Nesse livro Hobsbawm apresenta uma análise da consolidação do capitalismo industrial.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. edição. São Paulo: êduspi, 2008.

Nessa obra, o geógrafo Milton Santos procura analisar a construção do espaço geográfico no mundo contemporâneo globalizado utilizando ferramentas de diferentes disciplinas.

Ícone. Ilustração de um círculo de quatro cores, montado como um quebra-cabeça, sobre uma mão, indicando a seção Integrar conhecimentos.

Integrar conhecimentos

História e Geografia

A Revolução Industrial e o espaço geográfico

Ao longo da história, os seres humanos transformaram o espaço e modificaram de fórma impactante sua relação com a natureza.

O geógrafo Milton Santos considera três momentos para se referir ao meio geográfico: o “meio natural”, o “meio técnico” e o “meio técnico-científico-informacional”. Vamos compreender melhor a visão do autor?

Quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza reticências suas partes ou aspectos considerados fundamentais ao exercício da vida reticências.

Esse meio natural reticências era utilizado pelo homem sem grandes transformações. As técnicas e o trabalho se casavam com as dádivas da natureza reticências.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. edição São Paulo: êduspi, 2008. página 235-236.

Esse cenário predominou até a Revolução Industrial, quando ocorreu uma transformação extensa e profunda na relação humana com a natureza. Com a produção de mercadorias em larga escala, a existência de meios de transporte mais eficientes e um amplo comércio internacional, surge o meio técnico, que:

reticências vê a emergência do espaço mecanizado. Os objetos que formam o meio não são, apenas, objetos culturais; eles são culturais e técnicos, ao mesmo tempo. reticências

Os objetos técnicos, maquínicos, juntam à razão natural sua própria razão reticências. Utilizando novos materiais e transgredindo a distância, o homem começa a fabricar um tempo novo reticências.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. edição São Paulo: êduspi, 2008. página 236-237.

Para o geógrafo, no momento atual vivemos no meio técnico-científico-informacional, em que a ciência, a tecnologia e a informação são utilizadas nas transformações do espaço geográfico.

Neste período, os objetos técnicos tendem a ser ao mesmo tempo técnicos e informacionais, já que, graças à extrema intencionalidade de sua produção e de sua localização, eles já surgem como informação; e, na verdade, a energia principal de seu funcionamento é também a informação. reticências

Da mesma fórma como participam da criação de novos processos vitais e da produção de novas espécies (animais e vegetais), a ciência e a tecnologia, junto com a informação, estão na própria base da produção, da utilização e do funcionamento do espaço e tendem a constituir o seu substrato.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. edição São Paulo: êduspi, 2008. página 237-238.

Após a leitura atenta dos trechos, responda:
  1. Qual é a relação entre a Revolução Industrial e o meio técnico, de acôrdo com os trechos anteriores?
  2. Ao definir “meio natural”, Milton Santos diz que “as técnicas e o trabalho se casavam com as dádivas da natureza”. O que significa isso? Como a Revolução Industrial alterou essa relação?
Respostas e comentários

Respostas

1. É o meio técnico que testemunha o surgimento do espaço mecanizado. Os objetos técnicos possuem uma fórma de funcionamento própria, independente dos ritmos da natureza, e com eles o ser humano pôde “transgredir distâncias” e construir um “tempo novo”.

Se desejar aprofundar com os estudantes noções do pensamento geográfico de Milton Santos, comente que, para o geógrafo, a emergência do meio técnico é diferente de um lugar para outro, dependendo do contexto, do espaço, dos métodos utilizados e dos usos destinados às máquinas. Mas, de maneira geral, é importante destacar que “A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos os lugares habitados, a da substituição de um meio natural, dado a determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade”. SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. edição. São Paulo: êduspi, 2008. página. 235.

2. Milton Santos considera que, no meio natural, as ações dos seres humanos não constituíam atos agressivos à natureza; pelo contrário, as técnicas utilizadas respeitavam o ritmo e as condições da natureza. Isso deixou de ocorrer após a Revolução Industrial, já que no meio técnico o “poder” dos seres humanos se sobrepõe ao “poder” da natureza; os seres humanos exploram os recursos naturais sem respeitar o ritmo e as condições da natureza.

Caso queria falar um pouco mais sobre o meio geográfico atual com a turma, comente que o conceito de meio técnico-científico-informacional é bastante conhecido entre os estudiosos de Geografia. Esse conceito foi desenvolvido por Milton Santos ao longo de pelo menos duas décadas e é apresentado em várias de suas obras, sendo mais aprofundado em A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção, motivo pelo qual selecionamos trechos dessa obra nesta seção. Em sua obra, Milton Santos relaciona cada “período” do meio geográfico a uma “época histórica”.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

  1. Explique por que a ferrovia se tornou um símbolo de progresso e velocidade no século dezenove.
  2. De que fórma os navios a vapor contribuíram para a comunicação entre as pessoas que viviam em diferentes continentes?
  3. Sob orientação do professor, reúnam-se em grupos. Leiam o texto a seguir e respondam ao que se pede.

Antes da existência da rede de telégrafo e, sobretudo, dos cabos submarinos, o papel de correspondente jornalístico restringia-se a isto: correspondiam-se. Escreviam cartas de onde estavam e que eram enviadas por navio, trem ou carruagem dos correios. As notícias podiam chegar com dias ou semanas de atraso e, assim, não eram os elementos mais instigantes dos jornais. Com o advento do telégrafo, tudo isso mudou. As notícias podiam ser instantâneas; por isso, precisavam ser apuradas e relatadas com a maior velocidade possível.

reticências A princípio, os proprietários de jornais viam o telégrafo com alguma reserva. Havia os que temiam que ele liquidasse seu negócio; outros receavam que ele facilitasse a emergência de novos concorrentes. Com o tempo, porém, a disponibilidade de notícias quase imediatas de lugares remotos ajudaria os jornais a ampliar sua base de leitores e a desempenhar novos papéis.

, Rogê. A ascensão da mídia: a história dos meios de comunicação de gilgaméch ao Google. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. página 198.

  1. Segundo o texto, como os jornalistas exerciam sua profissão antes da invenção do telégrafo?
  2. Por que os proprietários de jornais encaravam o telégrafo com reservas? Será que atitude semelhante pode acontecer com alguma invenção da atualidade? Expliquem.

4. Em 2019, os cêrca de 12 mil chineses que construíram, no século dezenove, a primeira linha férrea transcontinental na América do Norte tiveram seu trabalho reconhecido e homenageado pelo govêrno dos Estados Unidos. Seus descendentes participaram de uma cerimônia de homenagem.

Os trabalhadores ferroviários chineses foram quase esquecidos pela História. Agora eles estão recebendo o devido reconhecimento.

Já se passaram 150 anos desde que duas ferrovias foram unidas para formar a primeira Ferrovia Transcontinental [nos Estados Unidos]. Em uma cerimônia em Utah, os trabalhadores ferroviários chineses foram reconhecidos pelo papel fundamental que desempenharam em sua construção.

Zireic, Karen. Chinese railroad workers were almost written out of History. Now they’re getting their due. The New York Times, 14 maio 2019. Disponível em: https://oeds.link/jDmzjr. Acesso em: 16 fevereiro 2022. (Tradução nossa.)

  1. Qual é o assunto da notícia?
  2. A linha férrea a que se refere a notícia é conhecida como Pacific Railway. Ela foi construída por duas frentes de trabalhadores. Uma trabalhou a partir do estado de Utah, em direção à costa oeste, e outra a partir do estado da Califórnia, em direção à costa leste. Em 1869, os dois trechos foram unidos. A partir do que você estudou neste Capítulo, responda: em que frente os trabalhadores chineses atuaram? Explique.
Respostas e comentários

Seção Atividades

Objeto de conhecimento

Revolução Industrial e seus impactos na produção e circulação de povos, produtos e culturas.

Habilidade

São trabalhados aspectos relacionados à habilidade:

ê éfe zero oito agá ih zero três (atividades 1, 2, 3, 4)

Respostas

1. A ferrovia expandiu-se rapidamente para vários países e passou a transportar, além de mercadorias, passageiros, correspondências e jornais. Ela modificou as paisagens com as estradas de ferro, as estações, as pontes e os túneis e transformou a vida do cidadão comum. As viagens tornaram-se mais seguras e rápidas e, em muitas regiões, a vida passou a se pautar pelos horários dos trens.

2. Além dos navios a vapor, que tornaram as viagens mais rápidas, havia os navios postais a vapor, que transportavam correspondências e jornais de várias partes do mundo.

3. a) Antes da invenção do telégrafo, os jornalistas se comunicavam por meio de correspondências que costumavam chegar de navio, trem ou carruagem e, assim, as notícias demoravam para chegar de um lugar a outro.

b) Alguns proprietários de jornais temiam que o telégrafo liquidasse seu negócio; outros receavam que ele facilitasse a emergência de novos concorrentes.

4. a) O reconhecimento dos Estados Unidos em relação à participação dos chineses na construção da primeira ferrovia transcontinental dos Estados Unidos.

b) Espera-se que os estudantes expliquem que os chineses chegaram aos Estados Unidos com o objetivo de se instalar na Califórnia. Assim, é mais provável que tenham participado da frente que ia da Califórnia em direção ao leste dos Estados Unidos.

Ícone. Ilustração do globo terrestre circundado por uma linha amarela, simulando a trajetória da Lua em torno do planeta, indicando a seção Ser no mundo.

Ser no mundo

Meio Ambiente.

Importando costumes

O desenvolvimento tecnológico que ocorreu na Europa durante a Revolução Industrial promoveu a circulação de mercadorias europeias nas mais diversas regiões do mundo. Com os produtos, exportavam-se também os hábitos de uso e os costumes europeus. Esse fato mostra que as ideias também circulam! 

Um exemplo desse processo são as peças de vestuário e os costumes que ditavam os rumos da moda. No Brasil, especialmente entre meados do século dezenove e o início do século vinte, após a Segunda Revolução Industrial, roupas femininas e masculinas eram profundamente influenciadas pela moda europeia. A elite brasileira, em geral, era o grupo social que mais consumia produtos, tendências e ideias da moda que surgiam nas ruas de Paris e Londres.

Mas será que o estilo dessas peças de vestuário, ora importadas diretamente da Europa pelos grandes magazines, como os da rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, ora reproduzidas por costureiras e confecções daqui, adequava-se às condições e aos costumes do Brasil?

Fotografia em preto e branco. Em uma calçada, duas mulheres, no centro da imagem, observam a vitrine de uma loja de vestidos.  Vistas de lado, as mulheres têm cabelos escuros e presos, usam chapéus com arranjos de flores e laços e trajam vestidos longos, acinturados, de mangas compridas.  Uma delas, à frente, usa um chapéu branco e um vestido branco com babados na parte superior e segura uma sombrinha preta, fina e fechada, em uma das mãos.  A outra mulher, atrás da primeira, usa um chapéu escuro e um vestido escuro com listras brancas horizontais na barra e listras brancas verticais do centro do vestido.  Na fachada da loja, a vitrine reflete um prédio com janelas em forma de arco do outro lado da rua. Dentro da vitrine, há dois manequins, um com um vestido branco, longo acinturado, peruca escura e luvas longas; outro com um conjunto de casaco e saia longa, chapéu e luvas.  Em branco, sobre o vidro da vitrine, o texto: 'Armazéns do Parc Royal' e 'Seção da Avenida'.  Na fachada da loja, dos dois lados da vitrine, há cartazes verticais de fundo preto com texto em branco, em português, visto parcialmente. À esquerda, o texto: 'do Parc Royal. Seção da Avenida. 130-132'. À direita, o texto: 'Senhoras. Oficina de Vestidos'.
Fotografia de Augusto Malta, feita aproximadamente em 1910, mostrando os artigos expostos na vitrine de uma loja no Largo de São Francisco, na cidade do Rio de Janeiro. Tanto os artigos da vitrine quanto os vestidos e acessórios usados pelas duas mulheres que observam a loja têm influência da moda europeia (caracterizada pelo uso de vestidos longos, chapéus e guarda-chuvas, por exemplo).
Respostas e comentários

Seção Ser no mundo

Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número 1 e número 7, esta seção estimula os estudantes a valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva e a argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global reticênciasponto

Os conteúdos trabalhados na seção também buscam levar os estudantes a desenvolver as Competências Específicas do Componente Curricular História número 1 e número 5: Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo (1) e Analisar e compreender o movimento de populações e mercadorias no tempo e no espaço e seus significados históricos, levando em conta o respeito e a solidariedade com as diferentes populações (5).

É importante destacar que o conteúdo desta seção possibilita a abordagem do tema contemporâneo Educação para o consumo.

Além disso, o trabalho proposto nas atividades favorece as práticas de análise documental e observação, tomada de nota e construção de relatórios.


Habilidade

ê éfe zero oito agá ih zero três: Analisar os impactos da Revolução Industrial na produção e circulação de povos, produtos e culturas.

Entre o final do século dezenove e o comêço do século vinte, por exemplo, grande parte dos homens brasileiros da elite gostava de se vestir com:

reticências várias camadas de roupas de lã sob fraques de casimiras inglesas quentíssimas, com cores escuras e sombrias; ceroulas, coletes, camisa de manga comprida com colarinho alto e apertado, luvas, cartola e polainas. reticências

GORBÉRGUI, Marissa. Parc Royal: um magazine na modernidade carioca. 2013. Dissertação (Mestrado em História, Política e Bens Culturais) — Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 2013. página 21.

  1. Que elementos do vestuário masculino citados no texto indicam a influência europeia?
  2. Com base no texto que você acabou de ler, será que os homens brasileiros que se vestiam à moda europeia entre os séculos dezenove e vinte se sentiam confortáveis? Por quê?

Hábitos globalizados

Por que certos povos utilizam produtos que não fazem sentido para sua realidade e sua cultura? Seria para exibir ao mundo uma aparência de requinte, de riqueza?

Essas são questões bastante complexas. O historiador Nicolau SEVITCHENCO nos dá algumas pistas para pensar sobre elas.

As pessoas são aquilo que consomem. O fundamental da comunicação o potencial de atrair e cativar já não está mais concentrado nas qualidades humanas da pessoa, mas na qualidade das mercadorias que ela ostenta reticências. Em outras palavras, sua visibilidade social e seu poder de sedução são reticências proporcionais ao seu poder de compra.

SEVITCHENCO, Nicolau. A corrida para o século vinte e um: no loop da montanha-russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. página 64.

Na atualidade, com a globalização, muitos hábitos de consumo também se globalizaram. Existem lojas de redes mundiais de fast-food nos mais remotos rincões do planeta. Quanto ao vestuário, a produção é feita de fórma industrial na maior parte dos países, o que estabelece certa padronização nos estilos de se vestir, ao menos na moda do dia a dia.

Esse contexto se estende a outros produtos. É comum que as redes internacionais de lanchonetes, ao se instalar no Brasil, por exemplo, insiram produtos nacionais no cardápio, para agradar os consumidores locais e aproximar-se dos gostos e do paladar do brasileiro. O pão de queijo, o “pão na chapa” e a tapioca, por exemplo, aparecem no cardápio das redes em algumas regiões do país.

  1. Em seu caderno, escreva um parágrafo relacionando as ideias do historiador Nicolau SEVITCHENCO ao consumo de produtos e ideias “importados”. Você já viveu alguma experiência que se relacione a essa situação? Em caso afirmativo, descreva-a.
  2. Em sua opinião, os brasileiros de hoje consomem muitos produtos “importados” que influenciam nossos gostos e nossas preferências? Essa influência é negativa ou positiva? Em que condições o consumo desses produtos é consciente?
Respostas e comentários

Respostas

1. O uso de tecidos finos, como as “casimiras inglesas”, e de peças que faziam parte do vestuário europeu, como fraques, luvas, cartolas, polainas, sobretudos, casacos longos e chapéus decorados.

2. Certamente não. Os trajes pesados, as várias camadas de roupa, o material dos tecidos (muitos deles feitos com lã) e os diversos acessórios, como luvas e polainas, não eram práticos nem adequados ao clima do Brasil, em geral mais quente que o da Europa.

3. Nicolau SEVITCHENCO afirma que “as pessoas são aquilo que consomem”, provavelmente atentando ao fato de que elas querem transmitir algum tipo de “recado” ao mundo no momento em que consomem determinados produtos. Para o historiador, no mundo industrializado e globalizado, o que importa, mais do que as qualidades das pessoas, é a qualidade das mercadorias utilizadas. É possível relacionar essa visão com a temática da moda europeia no Brasil entre os séculos dezenove e vinte e com o consumo de produtos e ideias “importados” na atualidade.

4. Resposta pessoal. Se possível, comente que o gôsto por mercadorias ou ideias estrangeiras não é em si “negativo” ou “positivo”. A consciência ou a ausência dela em relação às escolhas de consumo é que determinará se a influência será positiva ou negativa.

Questões para autoavaliação

Ao final de cada Unidade deste livro, incluímos questões que podem ser sugeridas aos estudantes para que eles realizem uma autoavaliação sobre o que apreenderam ao estudar os conteúdos da Unidade. Eles podem respondê-las de fórma escrita, individualmente, ou podem conversar sobre elas em duplas ou em grupos, de maneira que sejam incentivadas a oralidade e a troca de ideias na sala de aula. As questões aqui apresentadas também podem ser utilizadas para o diagnóstico do grau de aprendizagem dos estudantes.

Nesta Unidade, as questões sugeridas são:

1. Qual foi o papel das revoluções inglesas no desenvolvimento do capitalismo industrial na Inglaterra? 2. Que fatores tornaram a Inglaterra pioneira no processo de industrialização?

3. Que transformações a industrialização trouxe às relações sociais e de produção e ao cotidiano das pessoas?

Glossário

Parlamento
O Parlamento inglês era composto, desde o século catorze, da Câmara dos Lordes, cujos membros eram nomeados pelo rei, e da Câmara dos Comuns, com representantes eleitos por moradores abastados das diversas regiões do reino.
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Puritano
Palavra utilizada para se referir aos calvinistas na Inglaterra.
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Cabeça-redonda
Membro do exército parlamentar, assim chamado devido ao córte redondo de cabelo, típico dos puritanos.
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Lordes espirituais e temporais
Pertencentes à Câmara dos Lordes do Parlamento, formada por arcebispos e bispos da Igreja anglicana (lordes espirituais) e membros da nobreza britânica (lordes temporais).
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Comuns
Refere-se à Câmara dos Comuns, uma das instituições do Parlamento inglês que reuniam a burguesia urbana e a pequena nobreza no século dezessete.
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Líquen
Organismo formado pela interação entre certos tipos de fungos e algas, muito sensível à poluição atmosférica.
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