UNIDADE cinco REVOLUÇÃO E NOVAS TEORIAS POLÍTICAS DO SÉCULO dezenove
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Apresentação
Esta Unidade, intitulada “Revoluções e novas teorias políticas do século dezenove”, relaciona-se às seguintes Unidades Temáticas da Bê êne cê cê do 8º ano: Configurações do mundo no século dezenove e O mundo contemporâneo: o Antigo Regime em crise.
Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número 1 e número 6, a Unidade estimula o estudante a valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva e a valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
Os conteúdos trabalhados na Unidade (no texto principal, nas seções e nas atividades propostas) também buscam levar o estudante a desenvolver as seguintes Competências Específicas do Componente Curricular História: Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo (1) e Analisar e compreender o movimento de populações e mercadorias no tempo e no espaço e seus significados históricos reticências (5).
Movimentos revolucionários, surgimento do nacionalismo, fortalecimento do liberalismo, organização de trabalhadores, elaboração de novas teorias políticas e de novas fórmas de expressão artística... Em geral, esses eventos tomaram fórma na Europa do século dezenove e se expandiram, em sua grande maioria, para outras regiões.
Observando todos eles, podemos dizer que esse período foi extremamente agitado.
Não podemos esquecer ainda que o século dezenove também testemunhou a expansão do capitalismo, o desenvolvimento de novas tecnologias e o crescimento da participação dos trabalhadores na cena política.
Esses acontecimentos são fundamentais para entendermos as configurações políticas, econômicas e sociais que se delinearam ao redor do mundo e que, em alguns casos, permanecem na atualidade, mesmo que em parte. Eles tiveram e têm grande influência na formação da sociedade que conhecemos hoje.
Será que novas práticas e fórmas de pensar o mundo do trabalho e a industrialização trouxeram à tona novos anseios, tanto da parte dos trabalhadores como dos governos europeus de então? Quais as consequências desses acontecimentos para a sociedade hoje em dia?
Você estudará nesta Unidade:
Movimentos revolucionários de 1830 e 1848 no continente europeu
Processos de unificação da Itália e da Alemanha
Expansão da industrialização na Europa do século dezenove
Socialismo, anarquismo e teorias políticas
Comuna de Paris
Aspectos da arte no século : Romantismo e Realismo dezenove
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Nesta Unidade
O fervor revolucionário de 1789 reapareceu nas décadas de 1820, 1830 e 1840 em praticamente todo o território europeu. A experiência da dominação napoleônica acrescentou às novas ondas revolucionárias um caráter nacionalista, de libertação e construção nacional, que teve sua máxima expressão nos processos de unificação da Itália e da Alemanha. Na década de 1830 e, com maior intensidade, na década de 1840, as classes trabalhadoras europeias irromperam na cena política com reivindicações específicas e sob a influência do pensamento socialista, propondo a ampliação dos direitos políticos e soluções para a exploração do trabalho e para a pobreza.
Simultaneamente, a industrialização e a urbanização avançavam na Europa, principalmente a partir de meados do século dezenove. Essas mudanças geraram imensas riquezas e produziram um ambiente de confiança no progresso material, científico e tecnológico. Mas, em contrapartida, significaram a ampliação da pobreza para grande parcela da população europeia. As contradições da sociedade capitalista motivaram a formulação de teorias de crítica ao sistema, que vieram acompanhadas de propostas de novas fórmas de organização social. Entre essas teorias destacaram-se a marquicísta e a anarquista.
As revoluções sociais e a acelerada industrialização do século dezenove também inspiraram a criação de novas fórmas de representação da realidade nas artes e na literatura: esse foi o período em que se desenvolveram o Romantismo e o Realismo.
Objetos de conhecimento trabalhados na Unidade
• Revolução Industrial e seus impactos na produção e circulação de povos, produtos e culturas.
• Nacionalismo, revoluções e as novas nações europeias.
• Pensamento e cultura no século dezenove: darvinísmo e racismo.
CAPÍTULO 11 REVOLUÇÕES E UNIFICAÇÕES NA EUROPA
Nas primeiras décadas do século dezenove, a monarquia foi restabelecida em muitos países europeus. Assim, nesse processo, chamado por vários historiadores de Restauração, diversas dinastias reassumiram o poder. No entanto, a volta da monarquia não representou um período de calmaria. Ao contrário, seu ressurgimento provocou sucessivas ondas revolucionárias, que movimentaram o continente europeu.
Essa agitação política teve início em 1820, especialmente na região que corresponde à atual Itália, bem como na Grécia e na península Ibérica como um todo. Como consequência desse período e das mudanças políticas que ocorreram, a Grécia, por exemplo, conquistou sua independência do domínio otomano, em 1829. Nas duas décadas seguintes, as revóltas liberais se espalharam pela Europa.
Nesse século de revoluções, o Romantismo era o movimento artístico predominante. As obras românticas davam vazão às paixões, às emoções e à liberdade. Um exemplo é a obra reproduzida a seguir, de Caspar Dávid Frídric.
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Sobre o Capítulo
O Capítulo propõe o estudo das revoluções liberais na Europa no século dezenove. Inicialmente, é interessante retomar os conceitos de revolução e de independência, assim como os projetos políticos da Revolução Francesa e do Congresso de Viena, pois um dos objetivos dos movimentos revolucionários das décadas de 1820 e 1830 era a derrubada de governos absolutistas que permaneciam no poder em vários países europeus.
A Restauração monárquica foi um processo de reação e de disputa entre os grupos dominantes na Europa após as guerras napoleônicas e como resultado do Congresso de Viena, que estabeleceu um novo mapa político na região. O território da França teve de recuar às fronteiras anteriores às chamadas guerras revolucionárias (1792-1802), e algumas conquistas dos Estados vencedores de Napoleão foram reconhecidas.
O Capítulo possibilita discutir ainda os diversos sentidos de liberdade e igualdade para os grupos que participaram das revoluções liberais. Essa diferenciação ficou mais clara nas jornadas de 1848. A burguesia europeia, que pretendia consolidar o contrôle dos Estados nacionais, enfrentou a pressão de grupos populares, que reivindicavam a ampliação dos direitos de participação política.
É interessante destacar também as relações entre o Romantismo, suas concepções estéticas e o desenvolvimento do nacionalismo. Vale assinalar que muitos escritores e artistas engajaram-se nas lutas políticas e sociais do período, como o francês Victor Hugo, que participou das Revoluções de 1830 e de 1848 em seu país.
Observação
O conteúdo desta página possibilita iniciar o trabalho com aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih dois três.
Habilidade trabalhada ao longo deste Capítulo
ê éfe zero oito agá ih dois três: Estabelecer relações causais entre as ideologias raciais e o determinismo no contexto do imperialismo europeu e seus impactos na África e na Ásia.
Revoluções liberais do século dezenove
A derrota de Napoleão inaugurou na Europa uma disputa entre dois modelos de sociedade. De um lado, estavam os grupos que defendiam a Restauração, ou seja, a permanência ou o retôrno das bases do Antigo Regime – caracterizado, principalmente, pelo absolutismo monárquico e pelos privilégios da nobreza e do clero. De outro, encontravam-se os grupos defensores do liberalismo político, baseado no fim dos privilégios de nascimento e na valorização do mérito e do esfôrço individual.
A Restauração predominou em grande parte da Europa. Ela resultou, principalmente, das pressões da Santa Aliança, formada por Rússia, Áustria e Prússia. Esse processo estendeu-se até 1830, ano marcado pela eclosão de revoluções liberais em vários países da Europa.
O século das revoluções
Os movimentos revolucionários do século dezenove apresentaram um “ingrediente” novo: o nacionalismo.
O sentimento de pertencer a uma comunidade nacional, que compartilha um passado, uma língua e tradições, era algo novo na Europa. Em grande parte do período medieval, não havia um Estado centralizado, com autoridade para criar leis e governar um povo organizado em determinado território.
As Revoluções de 1830 começaram na França após o rei Carlos décimo ter instituído as Ordenações de Julho, que acabavam com a liberdade de imprensa, dissolviam a Câmara dos Deputados e modificavam a lei eleitoral. Revoltados com as medidas, os franceses ergueram barricadas pelas ruas de Paris e organizaram violentos protestos entre os dias 27 e 29 de julho. Carlos décimo abdicou do trono e o movimento atingiu rapidamente outras regiões, como Bélgica, península Itálica, Estados germânicos e Inglaterra.
Consequências
Os movimentos de 1830 tiveram importantes consequências: a Bélgica conquistou sua independência dos Países Baixos; na Inglaterra houve ampliação do número de eleitores e regulamentação da organização do operariado. Em outros Estados, embora tenha sido sufocada, a revolução deixou sementes do liberalismo e do nacionalismo.
Ler a pintura
• De que maneira a pintura valoriza o nacionalismo?
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Orientações
Durante o século dezenove, os ideais liberais se difundiam, ao mesmo tempo que a industrialização avançava, o que fortaleceu a burguesia e expandiu o número de trabalhadores nas fábricas. Para a burguesia emergente, o Estado deveria apenas garantir, através da legislação, o direito à propriedade privada e à livre-iniciativa.
Nem sempre as insurreições de 1830 saíram vitoriosas, mas mudanças liberalizantes ocorreram em alguns países. A Bélgica tornou-se independente dos Países Baixos e, na Inglaterra, as agitações produziram reformas que ampliaram o número de eleitores e fizeram entrar em cena o operariado, organizado em sindicatos e associações autônomas.
É importante considerar que o fortalecimento do nacionalismo na Europa, ao longo do século dezenove, foi um dos elementos que deram fórma ao imperialismo. Entender o contexto do nacionalismo na Europa do século dezenove, portanto, possibilita ao estudante tomar contato com as bases de dominação imperialista na África e na Ásia.
Observação
O conteúdo desta página favorece o trabalho com o seguinte objeto de conhecimento: Nacionalismo, revoluções e as novas nações europeias.
Resposta
Ler a pintura: A obra representa diversas classes sociais unidas pelo propósito de impedir o reformismo conservador de Carlos décimo. No centro da imagem, dois jovens que simbolizam uma nova França empunham a bandeira tricolor do país e uma arma, representando o sentimento de união nacional pela defesa da nação.
Lugar e cultura
O Romantismo e a revolução
O Romantismo foi um amplo movimento sociocultural que atravessou os últimos anos do século dezoito e as primeiras décadas do século dezenove. Influenciado pela Revolução Francesa e pela expansão napoleônica, o movimento captou e reproduziu as tensões da Europa revolucionária nos diversos campos da arte, como na literatura, na pintura, na escultura, na arquitetura e na música.
Os artistas românticos expressavam em suas obras a exaltação da liberdade e valorizavam o nacionalismo, buscando fórmas de representá-lo. Assim, a literatura e a música passaram a valorizar o idioma e o folclore nacional, ao mesmo tempo que exaltavam a pátria. Os artistas românticos transformaram os povos e as nações nos grandes protagonistas da história.
Além disso, os românticos se caracterizaram pela oposição ao Antigo Regime, ao racionalismo iluminista e aos temas da arte neoclássica. Eles propunham uma arte livre, guiada pela imaginação e pela emoção do artista. Defendiam a intuição, a liberdade de pensamento, as sensações humanas, o sonho e a fantasia, o individualismo e a retomada da união do ser humano com a natureza, diante das novidades da sociedade industrial. Opondo-se à arte neoclássica e ao Iluminismo, os românticos valorizavam a época medieval, considerando que ela simbolizava o desejo de retôrno à natureza e à religiosidade e até mesmo à origem das nações.
• De que fórma as características do Romantismo expostas no texto podem ser percebidas na pintura de delacroá? Explique.
Respostas e comentários
Orientações
A associação do Romantismo com a Revolução Francesa é focalizada nesta seção levando em conta que a arte do final do século dezoito e das primeiras décadas do século dezenove é muito reveladora das mudanças da sociedade da época. O objetivo do trabalho proposto é ajudar o estudante a entender alguns aspectos do contexto geral das nações europeias no século dezenove. Considerando esse contexto, é possível compreender o Romantismo como um movimento de valorização do passado pré-industrial, em oposição ao progresso técnico, e a preocupação de algumas expressões do Realismo em denunciar a pobreza e a exploração das camadas populares no contexto do desenvolvimento industrial. Desse modo, as reflexões propostas nesta seção favorecem o desenvolvimento das práticas de análise documental e estudo de recepção.
Observação
O conteúdo trabalhado nesta seção possibilita ampliar o desenvolvimento do seguinte objeto de conhecimento: Nacionalismo, revoluções e as novas nações europeias.
Resposta
A pintura de delacroá representa os levantes de 1830 na França, que acarretaram a queda de Carlos décimo. A obra é uma das expressões do Romantismo europeu. Nela, podemos perceber um ativismo político forjado e inspirado na Revolução Francesa de 1789, bem como a valorização do ideal de liberdade, contra o absolutismo, e a ideia de uma nação unida (o nacionalismo), representada pelas classes sociais e pela bandeira francesa. A pintura, de côres vivas e pinceladas vigorosas, foge do modêlo equilibrado e comedido da pintura neoclássica. Alguns elementos conferem à obra imensa dramaticidade e emoção, características da arte romântica: os cadáveres espalhados pelo chão, com as roupas sujas de sangue; a liberdade, representada pela mulher que carrega a bandeira em uma mão e a baioneta na outra, chamando o povo a segui-la; e o garoto com a pistola apontada para o alto.
Sugestão para o estudante:
OS MISERÁVEIS. Direção: Robert Russén. 1982. Duração: 220 minutos.
A adaptação para a televisão da obra do mestre francês Victor Hugo oferece uma oportunidade de conhecer um pouco melhor a vida do operariado francês no século dezenove e a visão desse artista, representante do Romantismo na literatura, que viveu e se posicionou ativamente em relação aos movimentos revolucionários de seu tempo.
A Primavera dos Povos
Em 1848, ocorreu a principal onda revolucionária do século dezenove. Conhecido como Primavera dos Povos, o movimento combinou as aspirações liberais da burguesia e os ideais nacionalistas. Contou também com a participação das classes trabalhadoras, mobilizadas pela terrível crise econômica que atingiu a Europa entre 1846 e 1850, com péssimas colheitas, elevação do custo de vida e desemprêgo.
Assim como na década anterior, a onda revolucionária de 1848 começou novamente na França. Em Paris, os franceses proclamaram a Segunda República, pondo novamente fim à monarquia. As rebeliões espalharam-se pelos Estados germânicos e pela península Itálica, em regiões que futuramente formariam a Itália e a Alemanha, onde foram derrotadas. No entanto, os movimentos revolucionários conseguiram implantar a república em alguns pequenos Estados.
O Império Austríaco também foi fortemente atingido por agitações liberais e, como resultado, aboliu o trabalho servil no campo. Os nacionalistas húngaros reagiram ao domínio estrangeiro, e a Hungria conseguiu tornar-se independente da Áustria. A servidão no campo foi extinta, e se realizou uma reforma agrária, violentamente reprimida no ano seguinte.
As Revoluções de 1848
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí, . Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 231.
Contrarrevolução
As ideias liberais, o nacionalismo e as questões sociais constituíram grandes marcas nas lutas do século dezenove no continente europeu. Contudo, a onda revolucionária daquele período também teve um saldo violento expresso em uma reação contrarrevolucionária. Essa reação se organizou para enfraquecer a onda revolucionária, na tentativa de impedir que mudanças profundas acontecessem na maioria dos países europeus.
HUGO, Victor. Os miseráveis. São Paulo: , 2019. Tradução e adaptação de José Angeli. O livro traz uma adaptação da obra original do escritor francês Victor Hugo. Aspectos do cenário político, econômico e social da cidade de Paris entre 1815 e 1832, aproximadamente, são narrados com base na trajetória de Cipiône Jan , preso por ter roubado um pão.
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Orientações
O nome “primavera” remete ao renascimento da luta pela liberdade e pela democracia. A onda revolucionária de 1848 significou o despertar político de setores da sociedade e teve início na França, como as revóltas da década anterior.
Em 1848, o rei francês Luís Felipe primeiro foi deposto e formou-se um govêrno provisório, que proclamou a Segunda República. Sob pressão dos trabalhadores, o govêrno provisório criou as oficinas nacionais, fábricas do Estado que davam emprêgo aos operários, e estabeleceu o sufrágio universal masculino. Contudo, nas eleições para a Assembleia Constituinte, a burguesia saiu vitoriosa, derrotando os representantes do operariado. Como consequência, as oficinas nacionais foram fechadas. Os operários organizaram levantes, mas acabaram sendo reprimidos. A Constituição, que mantinha a burguesia no poder, foi aprovada, e Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão, elegeu-se presidente.
Observação
O conteúdo desta página aborda aspectos da história europeia no século dezenove e possibilita ampliar o trabalho com o seguinte objeto de conhecimento: Nacionalismo, revoluções e as novas nações europeias.
Ler o texto
Na obra A era do capital, 1848-1875, o historiador inglês Érik Robsbaum analisa as Revoluções de 1848 na Europa. Ele observa que, pela sua velocidade de propagação e pelo número de países que atingiu, talvez possa ser considerada “a primeira revolução potencialmente global”.
É importante notar que, de maneira geral, a onda revolucionária de 1848 acabou sendo, depois de algum tempo, reprimida e controlada pelos governos. Para diversos historiadores, as mudanças provocadas por esse movimento foram poucas, especialmente no campo político, uma vez que, após a repressão, muitas monarquias ainda conseguiram se manter no poder. Mesmo assim, durante a Primavera dos Povos surgiram na cena política novos atores sociais e novas questões.
Leia a seguir um trecho da obra de róbisbáum que trata desse período.
As fôrças da democracia
Se o nacionalismo era uma fôrça histórica reconhecida por governos, “democracia”, ou a crescente participação do homem comum nas questões do estado, era outra. Os dois eram uma única coisa, na medida em que movimentos nacionalistas neste período tornavam-se movimentos de massa, e certamente a esta altura praticamente todos os líderes radicais nacionalistas supunham estes dois conceitos como sendo idênticos. Entretanto reticências uma grande parte do povo comum, como os camponeses, ainda não havia sido atingida pelo nacionalismo reticências, enquanto outras, principalmente as novas classes trabalhadoras, eram praticamente requisitadas para seguir movimentos que, pelo menos em teoria, punham um interesse de classe internacional acima de filiações nacionais. Em todos esses casos, do ponto de vista das classes dirigentes, o fato importante era não que as “massas” acreditassem em alguma coisa, mas que seus credos agora contavam na política. reticências
Tornava-se, portanto, cada dia mais claro, nos países desenvolvidos e industrializados do oeste [da Europa] que mais cedo ou mais tarde os sistemas políticos teriam que abrir espaço para estas fôrças. Além disso, também se tornava claro que o liberalismo que formava a ideologia básica do mundo burguês não tinha defesas teóricas contra esta contingência. reticências Onde deveria ser traçada a linha entre a grande e crescente massa de “respeitáveis” trabalhadores e as baixas classes médias que adotavam muitos dos valôres e comportamentos da burguesia? reticências Além disso, e de fórma mais decisiva, as Revoluções de 1848 tinham mostrado como as massas podiam irromper no círculo fechado dos dirigentes da sociedade, e o progresso da sociedade industrial fez com que sua pressão fosse constantemente maior mesmo em períodos não revolucionários.
róbisbáum, Eric J. A era do capital, 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. página 147-149.
• róbisbáum diz que “ reticências as Revoluções de 1848 tinham mostrado como as massas podiam irromper no círculo fechado dos dirigentes da sociedade reticências”. Qual seria esse círculo? Faça uma pesquisa em livros e na internet e, com base em suas descobertas, cite exemplos de como as Revoluções de 1848, lideradas pelo povo, atingiram as lideranças de alguns países europeus.
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Orientações
É importante orientar os estudantes na leitura do texto do historiador inglês Érik Robsbaum e auxiliá-los a estabelecer relações entre o trecho citado e o contexto estudado, para que percebam o significado das transformações do período. A entrada na cena política da massa trabalhadora, da multidão, é um aspecto relevante que deve ser compreendido na análise do texto. Além disso, a ideia de democracia e de que o Estado deveria representar os interesses da maioria é de fato uma contribuição da onda de movimentos revolucionários que surgiram na Europa em 1848.
Resposta
Ler o texto: Oriente os estudantes na pesquisa para que acessem sites confiáveis e encontrem livros que tratem do assunto e tragam contribuições para o estudo. Eles devem perceber que a classe dirigente desse período foi estruturada no pensamento liberal, e este era o círculo fechado contra o qual as massas revolucionárias de 1848 se chocavam.
Durante as revoluções do século dezenove, setores da alta e da média burguesia dos países europeus defenderam o liberalismo. Os principais fundamentos do pensamento liberal são a limitação do poder estatal e o reconhecimento e a preservação da liberdade e dos direitos individuais. Com isso, a burguesia desses países buscava enterrar definitivamente a arbitrariedade das monarquias absolutistas.
Observação
O trabalho com esta seção favorece a compreensão do contexto geral das nações europeias no século dezenove, fornecendo subsídios para o desenvolvimento do seguinte objeto de conhecimento: Nacionalismo, revoluções e as novas nações europeias.
A unificação da Itália
Durante a primeira metade do século dezenove, a península Itálica estava dividida em vários reinos. O sul, dominado pelo Reino das Duas Sicílias, era predominantemente agrícola. Já a região norte era industrializada e estava sob a influência direta do Império Austríaco.
Com a onda revolucionária de 1848, houve uma tentativa de unificação política da península Itálica. O Reino Lombardo-Veneziano, o Reino do Piemonte-Sardenha e o Reino das Duas Sicílias declararam guerra contra a Áustria. Porém, os habitantes da península não estavam unidos por um sentimento de identidade nacional capaz de fortalecer a luta e conduzi-la à vitória. Diante dessa situação, estava claro para os nacionalistas que a unificação não ocorreria por meio de uma revolução popular, mas sim de uma guerra com a participação de grandes potências europeias.
De norte a sul da península
Posteriormente, Piemonte-Sardenha, o reino mais industrializado da península Itálica, deu início a um novo processo de unificação política. Em 1859, o primeiro-ministro, o conde de Cavour, apoiado por Napoleão terceiro, da França, derrotou as fôrças austríacas e incorporou diversos territórios ao norte da península.
No sul, o republicano djiuzépe Garibaldi organizou os camponeses em um exército que ficou conhecido como camisas vermelhas. Em 1860, os soldados desembarcaram em Marsala e, sob o comando de Garibaldi, tomaram o Reino das Duas Sicílias.
Com essa vitória, em 1861, a unificação da Itália foi concretizada e Vítor Emanuel segundo, rei do Piemonte-Sardenha, foi proclamado rei da Itália. Em 1866, Veneza foi incorporada à nova nação.
UNIFICAÇÃO DA ITÁLIA (1859-1861)
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí, . Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 234.
E Roma?
A Igreja católica demonstrava interesse em manter a cidade de Roma independente do restante da Itália. Contudo, Roma foi anexada em 1870, tornando-se, pouco depois, a capital italiana.
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Orientações
Quando se fala em nacionalismo, obrigatoriamente se fala do sentimento de identidade de um povo, em geral reunido em determinado território. Discutir as unificações italiana e alemã, tendo em vista a questão da identidade cultural desses povos – ou a falta dela e a ocorrência de guerras –, pode ser uma ferramenta importante para trabalhar o conceito de nacionalismo.
O período das lutas pela unificação da Itália e da Alemanha possibilita retomar com os estudantes o conceito de nação como uma construção histórica. Também é interessante estimulá-los a identificar os pontos em comum na construção da nação italiana e na da alemã: os particularismos e as diferenças regionais que dominaram a história de ambas até meados do século dezenove; as regiões e os grupos sociais que lideraram as lutas pela unificação; a guerra como fator de construção de uma unidade nacional etcétera.
Vale ressaltar que as disputas territoriais envolvidas no processo de unificação da Itália só foram solucionadas em 1929, com o Tratado de Latrão, que criou o Estado do Vaticano, governado pelo papa.
Observação
O estudo da unificação italiana fornece subsídios para o desenvolvimento do seguinte objeto de conhecimento: Nacionalismo, revoluções e as novas nações europeias.
Sugestão para o estudante:
OLIVEIRA, Mauricio. Garibaldi: herói dos dois mundos. São Paulo: Contexto, 2013. (Coleção Guerreiros).
O livro apresenta uma narrativa histórica sobre a trajetória do carismático e popular djiuzépe Garibaldi, que liderou as lutas pela unificação da Itália, além de ter participado da Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul, no Brasil do século dezenove.
A formação da Alemanha
Assim como na Itália e em outras regiões europeias, as invasões napoleônicas despertaram o nacionalismo na Alemanha. No entanto, o contexto alemão era diferente do restante da Europa, pois havia muitos alemães vivendo em outras regiões e convivendo com outros povos em toda a Europa Central.
Desde o Congresso de Viena, em 1815, a Alemanha estava dividida em vários Estados, reunidos na Confederação Germânica. Essa associação era liderada pelo Império Austríaco e pela Prússia.
O reino prussiano era industrializado e estava em busca de novos mercados consumidores para seus produtos. Em 1834, a Prússia criou o Zollverein, um acôrdo comercial que suprimia as barreiras alfandegárias entre os Estados alemães. Essa união alfandegária, porém, excluía a Áustria.
O Zollverein impulsionou o desenvolvimento da indústria e do comércio nos Estados alemães e ampliou a comunicação entre eles.
Durante as Revoluções de 1848, já havia ocorrido na Prússia um movimento pela unificação da Alemanha e pelo liberalismo, que reuniu burgueses, pequeno-burgueses e operários e obteve várias conquistas democráticas, como o sufrágio universal. A reação da nobreza conservadora, porém, pôs fim à revolução e revogou as conquistas liberais obtidas. Depois disso, a grande burguesia prussiana, temendo a mobilização do povo, aliou-se à nobreza para conduzir a unificação sem a participação popular.
Em 1862, por escolha de Guilherme , rei da Prússia, primeiro Óto Bismarck assumiu o cargo de chancelerglossário . Ele foi um dos principais líderes da Restauração conservadora de 1848 e transformou-se na figura mais importante da unificação alemã.
Os acontecimentos de 1848 em Berlim
As Revoluções de 1848 também estouraram em Berlim (na Alemanha). Em 18 de março daquele ano, os rebeldes exigiram o fim da censura e a convocação de um Parlamento prussiano. Mesmo levantando barricadas para impedir o avanço dos soldados, 270 revolucionários morreram nos confrontos, a maior parte deles artesãos. O movimento foi sufocado e logo chegou ao fim.
Respostas e comentários
Texto complementar
A seguir, o historiador Nórbert Elias analisa o processo de unificação alemã:
Em virtude de seus próprios sentimentos de pertença, a classe alta alemã tradicional era particularista; sua leadade era para com a sua terra, em todas as acepções da palavra, não com o império. No comêço, até a lealdade de Bismarck era primordialmente ao rei da Prússia. Foram grupos da burguesia urbana que abraçaram a causa da unificação da Alemanha. Mas a sua luta para atingir esse objetivo tornou-se automaticamente ligada ao conflito de muitos séculos pela supremacia entre os estratos da burguesia e da aristocracia. Aos olhos dos líderes da burguesia, a unificação da Alemanha era um passo para o fim do domínio da aristocracia – no caminho da democratização –, mas os estratos burgueses alemães não tinham os necessários recursos de poder para isso, em parte devido ao fato de estarem divididos entre os muitos Estados alemães soberanos. Assim, manifestou‑se uma situação sumamente paradoxal no desenvolvimento da sociedade alemã. reticências
Assim, a classe dominante tradicional da Alemanha, os príncipes e a aristocracia retiveram a supremacia dentro do recém-unificado Caiser-raich. E a unificação foi entregue aos pioneiros da classe média numa bandeja, sem que eles fossem capazes, a esse respeito, de atingir o objetivo de sua luta social, o seu objetivo como classe, que era o de privar a aristocracia de poder e democratizar a sociedade alemã. Essa situação paradoxal teve sérias consequências para todo o desenvolvimento da Alemanha.
ELIAS, Nórbert. Os alemães: a luta pelo poder e a evolução do ábitus nos séculos dezenove e vinte. Rio de Janeiro: Jorge zarrár, 1997. página. 60.
Observação
O estudo da formação da Alemanha fornece mais uma vez subsídios para o desenvolvimento do seguinte objeto de conhecimento: Nacionalismo, revoluções e as novas nações europeias.
Guerra pela unificação
No processo de unificação da Alemanha, Bismarck e seus aliados pretendiam despertar o sentimento nacional na população. Para isso, escolheram a guerra, equipando e modernizando o exército prussiano. Sua primeira ação foi aliar-se aos austríacos e declarar guerra à Dinamarca, que dominava regiões ao norte.
Depois, Bismarck declarou guerra à Áustria, avançando sobre seu território. Vitorioso, ele conseguiu reunir todos os Estados do norte na chamada Confederação Germânica do Norte, liderada pela Prússia. A unificação estava próxima de se tornar realidade, mas ainda faltavam os Estados do sul.
Depois de uma série de provocações e atos hostis, Bismarck conseguiu o que planejava: Napoleão terceiro, da França, declarou guerra à Prússia em 1870. Era a chamada Guerra Franco-Prussiana. Os franceses foram derrotados e perderam a cobiçada região da Alsácia-Lorena, rica em carvão, para os alemães.
Em janeiro de 1871, Guilherme primeiro foi coroado imperador da Alemanha, e Bismarck tornou-se chefe militar do país.
UNIFICAÇÃO DA ALEMANHA (SÉCULO dezenove)
Elaborado com base em dados obtidos em: dubí, . Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 237; Serrán, Piérre; Blasséle, Renê. Atlas Bordas géographique et historique. Paris: Bordas, 1996.
Muitos fatores relacionados à unificação alemã
Apesar do protagonismo de Bismarck, a unificação alemã não foi uma obra individual. Pelo contrário, ela resultou do desenvolvimento industrial da Prússia, da integração econômica de grande parte do território alemão e da expansão de uma cultura nacional e belicista.
Respostas e comentários
Orientações
No estudo sobre a unificação alemã, cabe chamar a atenção dos estudantes para as semelhanças e diferenças entre tal processo e o italiano. No caso alemão, diferentemente do italiano, é importante observar que havia uma dispersão dos Estados e povos por toda a Europa Central, o que dificultava o desenvolvimento da integração territorial, econômica, política e cultural nacional.
Ressalte também que o exército prussiano se tornou a mais poderosa fôrça armada da Europa, como resultado de um grande esfôrço empregado por Bismarck para equipá-lo, modernizá-lo e aperfeiçoá-lo.
A derrota na Guerra Franco-Prussiana nunca foi aceita pelos franceses, que, a partir de então, passaram a nutrir um forte sentimento de revanche contra os alemães.
Observação
O estudo da formação da Alemanha possibilita mais uma vez o desenvolvimento do seguinte objeto de conhecimento: Nacionalismo, revoluções e as novas nações europeias.
Sugestões complementares referentes ao Capítulo:
ROBSBAUM, Eric. Nações e nacionalismos desde 1780. 10. edição. São Paulo: Paz e Terra, 2012.
O historiador analisa a construção dos nacionalismos a partir do final do século dezoito na Europa.
márquis, cal. O 18 de Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Edípro, 2017.
márks aborda nessa obra os episódios que levaram ao golpe de Estado de Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão Bonaparte, na França entre 1848 e 1851.
Toquevíle, Alecsí. Lembranças de 1848: as jornadas revolucionárias em Paris. São Paulo: Pêngüim: Companhia das Letras, 2011.
O livro traz uma apanhado das agitações políticas e sociais na França em 1848.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
1. Em seu caderno, copie e complete o quadro a seguir com informações sobre a onda revolucionária que se espalhou pela Europa na primeira metade do século dezenove.
1820 |
1830 |
1848 |
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Motivos |
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Alcance |
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Resultados |
2. O texto a seguir apresenta uma reflexão sobre a ideia de Estado-nação e sobre o nacionalismo. Leia-o atentamente para responder às questões.
Havia uma diferença fundamental entre o movimento para fundar Estados-nações e o “nacionalismo”. O primeiro era um programa para construir um artifício político que dizia basear-se no segundo. Não há dúvida de que muitos daqueles que se consideravam “alemães” por alguma razão achavam que isso não implicava necessariamente um Estado alemão único reticências. Um caso extremo de divergência entre nacionalismo e nação-Estado era a Itália reticências. No momento da unificação [italiana], em 1860, estimou-se que não mais de 2,5% de seus habitantes falavam a língua italiana no dia a dia reticências. Não é de admirar que (1792-1866) exclamasse em 1860: “Fizemos a Itália; agora precisamos fazer os italianos”.
róbisbáum, Eric J. A era do capital, 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. página 133-134.
- Por que, segundo o autor, é preciso diferenciar o nacionalismo dos Estados-nações na Europa?
- Explique o significado da frase de citada no texto.
- Por que a unificação italiana somente se concretizou por meio de uma guerra?
3. Observe a charge com atenção e registre uma reflexão em seu caderno relacionando-a ao processo de unificação da Alemanha.
- Atualmente, com o agravamento da crise econômica na Europa, o nacionalismo tem assumido uma feição exacerbada e racista. Na França e na Itália, por exemplo, tem crescido a atuação de grupos nacionalistas de extrema-direita, que apoiam políticas anti-imigratórias em seus países. Segundo eles, os imigrantes seriam os responsáveis pela falta de emprego e pelos baixos salários pagos pelas empresas. Os imigrantes também seriam os grandes responsáveis pelos males da sociedade, como o aumento da pobreza e da violência.
Reflita sôbre esse tema e discuta as questões a seguir com seus colegas. Lembre-se de escutar as ideias deles com atenção e respeito.
- Você concorda com essas ideias? Por quê?
- Que medidas poderiam ser tomadas para diminuir o preconceito contra os imigrantes?
- No Brasil também existe esse tipo de preconceito? Justifique a resposta.
Respostas e comentários
Seção Atividades
Objeto de conhecimento
• Nacionalismo, revoluções e as novas nações europeias.
Habilidade
São trabalhados aspectos relacionados à habilidade:
• ê éfe zero oito agá ih dois três (atividade 4)
Respostas
1. Motivos:
1820: O movimento se originou como reação às tentativas de restauração do Antigo Regime.
1830: A revolução surgiu na França em reação às conservadoras Ordenações de Julho.
1848: Dificuldades enfrentadas pela classe trabalhadora, elevação do custo de vida, péssimas colheitas, crise econômica e desemprêgo.
Alcance:
1820: Regiões com baixo índice de industrialização, com centro na Itália, na península Ibérica e na Grécia.
1830: O movimento atingiu a península Itálica, os Estados germânicos, a Bélgica e a Inglaterra.
1848: Começou na França e se espalhou pelos Estados germânicos e pela península Itálica.
Resultados:
1820: A Grécia conquistou sua independência do domínio otomano, em 1829.
1830: A Bélgica conquistou sua independência dos Países Baixos; na Inglaterra houve ampliação do número de eleitores e regulamentação da organização do operariado. Em outros Estados, a revolução foi sufocada, porém deixou sementes do liberalismo e do nacionalismo.
1848: Proclamação da Segunda República na França, refôrço do nacionalismo nos Estados germânicos e na península Itálica. O Império Austríaco aboliu o trabalho servil no campo, e a Hungria se tornou independente da Áustria.
2. a) O nacionalismo é o sentimento de identidade que une habitantes de uma região, que compartilham tradições, costumes, língua e uma história comum. O Estado-nação se apropria do discurso nacionalista para criar a centralização política sobre limites territoriais definidos.
b) A frase expressa a contradição do movimento de unificação italiana, que resultou na constituição de um Estado nacional sem que houvesse uma unidade cultural, étnica e territorial na região.
c) A construção do Estado-nação era um projeto político da burguesia e da classe média interessadas na criação de um mercado interno e na modernização econômica. À ausência de um sentimento nacional, somavam-se as contradições entre o norte, industrializado e dinâmico, e o sul, agrário e dominado pelo latifúndio. Por isso, a unificação italiana foi feita por meio da guerra.
3. A charge representa o chanceler da Prússia, Óto fónBismarck, e a vitória da Prússia na Guerra Franco-Prussiana. Esse foi o último conflito antes da unificação da Alemanha.
4. Atividade de debate. Estimule os estudantes a desenvolver a capacidade de dialogar, de cooperar e de valorizar a diversidade de indivíduos.
CAPÍTULO 12 A EUROPA INDUSTRIAL E OS TRABALHADORES
Em grande parte da Europa do século dezenove, os valôres ligados à monarquia e aos privilégios aristocráticos, que caracterizavam o Antigo Regime, deram lugar à república e ao liberalismo.
Naquele cenário, a ciência, a indústria, a arte e até a religião passaram a ser influenciadas pelos ideais de liberdade. Os avanços obtidos pela Revolução Industrial e pelas ciências eram comemorados como grandes conquistas da humanidade.
Além disso, com as mudanças sociais e políticas geradas pelo liberalismo, passou a haver, entre os diversos grupos sociais, maior respeito às leis e maiores espaços para debates políticos.
No entanto, alguns filósofos e pensadores consideravam essas mudanças insuficientes, pois, apesar de conduzirem a uma igualdade política e jurídica, não promoveram a igualdade social nem econômica.
Naquele cenário de transformações, um novo elemento surgiu no conjunto de fôrças da sociedade: os operários. Ao perceberem que a riqueza gerada ia apenas para os cofres do patrão, eles passaram a exigir melhores condições de trabalho nas fábricas. Que iniciativas os operários tomaram? O que fizeram para aumentar o poder de negociação com os donos das fábricas?
Respostas e comentários
Sobre o Capítulo
O Capítulo estimula a reflexão dos estudantes a respeito de várias questões relacionadas à formação da sociedade contemporânea, possibilitando estabelecer conexões estreitas com problemáticas da atualidade. Sugerimos que, ao iniciar o estudo, indague aos estudantes: Quais foram os desdobramentos da industrialização na Europa do século dezenove?
O avanço da industrialização, o crescimento das cidades industriais e a concentração de riquezas nas mãos da burguesia fortaleceram a crença no progresso, a visão otimista da sociedade, a valorização da tecnologia e das ciências. O paradoxo entre crescimento econômico e pobreza, que acompanhou a industrialização, a contradição entre os ideais de “liberdade, igualdade e fraternidade” e as políticas liberais excludentes do século dezenove favoreceram o surgimento do operariado como fôrça política e de pensadores e ativistas que propunham novas fórmas de organização da sociedade, capazes de eliminar a pobreza e as injustiças criadas pelo capitalismo.
Observação
O conteúdo desta página contribui para iniciar o trabalho com aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três e fornece subsídios para o posterior desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih dois três.
Habilidades trabalhadas ao longo deste Capítulo
ê éfe zero oito agá ih zero três: Analisar os impactos da Revolução Industrial na produção e circulação de povos, produtos e culturas.
ê éfe zero oito agá ih dois três: Estabelecer relações causais entre as ideologias raciais e o determinismo no contexto do imperialismo europeu e seus impactos na África e na Ásia.
ê éfe zero oito agá ih dois sete: Identificar as tensões e os significados dos discursos civilizatórios, avaliando seus impactos negativos para os povos indígenas originários e as populações negras nas Américas.
A expansão da industrialização na Europa
Ao longo do século dezenove, a Revolução Industrial se expandiu pelo continente europeu. O processo de urbanização se intensificou e novas fábricas foram instaladas em vários países. O crescimento industrial ocorreu associado à expansão comercial e à livre concorrência, marca típica do liberalismo.
Contudo, a presença da população trabalhadora nas grandes fábricas ainda era minoritária. Em 1831, por exemplo, havia nas ilhas britânicas mais de 12,5 milhões de trabalhadores; destes, apenas 500 mil trabalhavam nas fábricas. Anos depois, em 1851, a Inglaterra — considerada, na época, a oficina do mundo — tinha mais ferreiros que operários siderúrgicos. Isso ocorria porque, mesmo com a expansão da industrialização, a produção artesanal continuava absorvendo a maior parte da mão de obra urbana.
De todo modo, com o passar do tempo, as cidades industriais tornaram-se cada vez mais povoadas e marcadas pelo contraste entre o florescimento de uma rica burguesia e a pobreza do operariado. A desigualdade social podia ser percebida no próprio espaço urbano: escritórios, lojas e demais estabelecimentos comerciais, habitações, praças, parques e vias embelezadas coexistiam com bairros mal iluminados, pequenas casas e cortiços, lixo e esgôto espalhados por ruas e calçadas.
Apesar desses contrastes, o progresso técnico-científico e a produção maciça de bens de consumo no período, mesmo que tenham beneficiado apenas uma parcela pequena da população, proporcionaram mais conforto às pessoas. Com essas conquistas materiais, as elites europeias passaram a valorizar a ciência e a tecnologia.
Respostas e comentários
Texto complementar
Leia a seguir as impressões de ênguels ao observar o crescimento das grandes cidades inglesas no período da industrialização:
Até mesmo a multidão que se movimenta pelas ruas tem qualquer coisa de repugnante, que revólta a natureza humana. Esses milhares de indivíduos, de todos os lugares e de todas as classes, que se apressam e se empurram, não serão todos eles seres humanos com as mesmas qualidades e capacidades e com o mesmo desejo de serem felizes? E não deverão todos eles, enfim, procurar a felicidade pelos mesmos caminhos e com os mesmos meios? Entretanto, essas pessoas se cruzam como se nada tivessem em comum, como se nada tivessem a realizar uma com a outra, e entre elas só existe o tácito acôrdo pelo qual cada uma só utiliza uma parte do passeio para que as duas correntes da multidão que caminham em direções opostas não impeçam seu movimento mútuo – e ninguém pensa em conceder ao outro sequer um olhar. Essa indiferença brutal, esse insensível isolamento de cada um no terreno de seu interesse pessoal é tanto mais repugnante e chocante quanto maior é o número desses indivíduos confinados nesse espaço limitado; e mesmo que saibamos que esse isolamento do indivíduo, esse mesquinho egoísmo, constitui em toda a parte o princípio fundamental da nossa sociedade moderna, em lugar nenhum ele se manifesta de modo tão impudente e claro como na confusão da grande cidade. A desagregação da humanidade em mônadas, cada qual com um princípio de vida particular e com um objetivo igualmente particular, essa atomização do mundo, é aqui levada às suas extremas consequências.
ênguêl frederíc. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Boitempo, 2010. página. 68. (Coleção Marcs Ênguels).
Observação
O conteúdo apresentado nesta página contribui para consolidar o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.
A valorização do mundo técnico-científico
O progresso técnico-científico possibilitado pela Revolução Industrial passou a ser celebrado em grandes eventos conhecidos como exposições universais. Essas feiras, intimamente ligadas à consolidação do capitalismo, foram as grandes vitrines do mundo inventivo e produtivo da burguesia europeia.
As exposições exibiam e comercializavam os mais variados produtos da atividade humana, da agricultura à metalurgia, dos instrumentos científicos aos novos materiais didáticos, das utilidades em geral às artes plásticas.
Além disso, as exposições universais serviam para demonstrar a solidez do sistema fabril, o triunfo da “civilização” europeia e o poder de intervenção e de domínio do ser humano sobre a natureza. Entretanto, esse otimismo em relação ao mundo das inovações e da tecnologia ocultava as péssimas condições de trabalho dos operários e a devastação do ambiente.
A primeira exposição universal
A Inglaterra, pioneira da industrialização, sediou a primeira exposição universal, realizada em 1851. Para abrigar o evento, foi erguido na cidade de Londres o grande Palácio de Cristal. A suntuosa construção privilegiava a entrada da luz solar, valorizando a iluminação natural.
O evento contou com mais de 14 mil expositores de 28 países e, nos 140 dias em que a exposição esteve aberta, recebeu mais de 6 milhões de visitantes. O sucesso do primeiro empreendimento foi determinante para que outros ocorressem ao longo do século dezenove e tem inspirado iniciativas semelhantes até os dias de hoje.
BRAGA, Marco Antonio Barbosa; MORAES, Andreia Guerra de; REIS, José Cláudio de Oliveira. Breve história da Ciência moderna. volume 4: A belle époque da ciência. Rio de Janeiro: , 2008. O livro fala sobre o século zarrár dezenove e a grande euforia em relação às conquistas científicas e tecnológicas da época.
Respostas e comentários
Orientações
Talvez a melhor expressão do ambiente social e cultural de valorização do progresso técnico e científico que a Revolução Industrial propiciou sejam as exposições universais, como as organizadas em Londres (1851) e em Paris (1867). Paralelamente, as ciências tiveram notável desenvolvimento durante o século dezenove. Privilegiando o uso da observação, da experimentação, da lógica e da razão, a ciência mostrava que o mundo natural era governado por leis naturais (e não divinas), opondo-se, portanto, ao pensamento religioso. A reflexão proposta nesta página possibilita explorar o tema contemporâneo Ciência e tecnologia.
Observação
O conteúdo desta página possibilita avançar no desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três e fornece subsídios para o trabalho inicial com a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois três.
Sugestão para o professor:
rréchitégui (cerquilha, sustenido)6: Revolução Industrial. [Locução de]: Cesar Agenor; Marcelo Silva. [ sem local.]: Fronteiras do Tempo, 16 junho. 2015. Podcast. Disponível em: https://oeds.link/9kLot6. Acesso em: 4 maio 2022.
O podcast apresenta uma discussão sobre o impacto das transformações após a Revolução Industrial.
Sugestões para o estudante:
Cordenónsi, A. Z. Le Chevalier e a exposição universal. São Paulo: , 2015.
A história se passa no ano de 1867, quando estava sendo organizada a Exposição Universal, e narra o contexto político do govêrno monárquico de Napoleão terceiro e as conspirações da Prússia que antecederam a Guerra Franco-Prussiana.
TEIXEIRA, Francisco M. P. Revolução industrial. 12. edição. São Paulo: Ática, 2019.
Esse livro oferece ao estudante um panorama das principais transformações que ocorreram na Europa no século dezenove com o advento da sociedade industrial e capitalista.
Algumas teorias científicas do século dezenove
Desde o Renascimento, filósofos e cientistas desenvolveram fórmas de explicar os fenômenos da natureza sem recorrer aos textos bíblicos e sem considerar a ideia de que os eventos são regidos pela vontade de deuses ou espíritos sobrenaturais.
Nesse contexto, o desenvolvimento de uma mentalidade científica levou à perda da influência política das igrejas e à separação entre a Igreja e o Estado. A ciência ficou livre para explorar todas as áreas do conhecimento.
No início do século dezenove, o naturalista francês Jean Batísti de Lamarck, por exemplo, defendeu a ideia da transformação das espécies. Ele propunha que os seres vivos mais simples surgem por geração espontânea e se transformam segundo duas leis: os órgãos são desenvolvidos ou atrofiados de acôrdo com o uso ou o desuso e as características adquiridas (ou perdidas) por um ser vivo são transmitidas a seus descendentes.
Essa e outras teorias influenciaram as pesquisas do naturalista inglês chárlis Dárvin sobre a seleção natural. Segundo Dárvin, os indivíduos de uma mesma espécie apresentam grande variação entre si. Um grupo com determinadas características pode se adaptar melhor ao ambiente do que outros indivíduos da mesma espécie que apresentem características diferentes. Dessa fórma, esse grupo apresenta mais chances de sobreviver e deixar descendentes. As características que possibilitam melhor adaptação ao ambiente acabarão, com o tempo, se tornando mais comuns naquela espécie. Dárvin chamou esse processo de seleção natural.
Ler os quadrinhos
• Os quadrinhos anteriores dialogam com duas explicações diferentes para a origem das espécies. Identifique essas explicações, justificando sua resposta.
Respostas e comentários
Orientações
Nesta página, destacamos o trabalho de Lamarck (1744-1829) e Dárvin (1809-1882), cujas ideias poderão ser aprofundadas com o apôio do professor de Ciências.
Após os estudos de Lamarck, o pesquisador álfréd rãssel uólace (1823-1913) defendeu a hipótese de que os seres mais bem adaptados ao ambiente sobrevivem.
A atividade científica mostrava que o mundo natural era governado por leis físicas. A ciência podia explicar os fenômenos da natureza sem precisar recorrer aos textos bíblicos e sem atribuir a origem dos eventos a entidades sobrenaturais. O desenvolvimento de uma mentalidade científica foi acompanhado de uma progressiva secularização da sociedade.
Discuta com os estudantes o impacto da divulgação da teoria da evolução por seleção natural e o choque entre a nova mentalidade científica que se desenvolvia na época e as crenças religiosas sobre a origem da vida e as diferenças entre as várias espécies. Com sua teoria, Dárvin concluía que todas as espécies, incluindo o ser humano, teriam derivado de uma primeira fórma de vida e evoluído pela lei da seleção natural.
O conteúdo abordado nesta página possibilita explorar o tema contemporâneo Ciência e tecnologia.
Resposta
Ler os quadrinhos: Nos dois primeiros quadrinhos, os bichos procuram Deus para obter explicações sobre algumas características apresentadas por sua espécie. Assim, esses quadrinhos remetem à explicação bíblica para a origem das espécies, segundo a qual todas elas foram criadas por Deus na origem do mundo, preservando, desde então, as mesmas características. Nos dois últimos quadrinhos, Deus orienta os bichos a pedir a Dárvin as explicações sobre as características de cada espécie. Nesse ponto, a tirinha remete à teoria da seleção natural, mostrando que cabe à ciência, e não à religião, explicar as características das espécies.
Observação
O conteúdo desta seção contribui para dar início ao desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih dois três.
darvinísmo social
No século dezenove, a teoria da seleção natural de Dárvin foi aplicada por alguns pensadores para explicar a vida em sociedade, dando origem ao darvinísmo social, que considerava os seres humanos desiguais e dotados de capacidades inatas, algumas superiores e outras inferiores. Os indivíduos mais aptos e fortes derrotariam os menos aptos e fracos na luta pela sobrevivência.
Com base nesses princípios pretensamente científicos, surgiram discursos racistas que justificavam a desigualdade social e a prática imperialista das potências europeias na África, na Ásia e na América.
Leia a seguir como um naturalista francês descreve a “superioridade europeia” e justifica a subjugação de outros povos.
É necessário, pois, aceitar como princípio e ponto de partida o fato de que existe uma hierarquia de raças e civilizações, e que nós pertencemos à raça e civilização superior, reconhecendo ainda que a superioridade confere direitos, mas, em contrapartida, impõe obrigações estritas. A legitimação básica da conquista de povos nativos é a convicção de nossa superioridade, não simplesmente nossa superioridade mecânica, econômica e militar, mas nossa superioridade moral. Nossa dignidade se baseia nessa qualidade, e ela funda o nosso direito de dirigir o resto da humanidade. O poder material é apenas um meio para esse fim.
, Júls . Citado em: MARQUES, Ademar; LOPEZ, Luiz Roberto. Imperialismo: a expansão do capitalismo. Belo Horizonte: Lê, 2000. página 18.
E no Brasil...
O darvinísmo social influenciou intelectuais, cientistas e políticos no Brasil e em outros países da América do Sul nas últimas décadas do século dezenove. Para a antropóloga Lilia Chuárquis:
reticências o conhecimento e a aceitação desses modelos evolucionistas e darvinístas sociais por parte das elites intelectuais e políticas brasileiras traziam a sensação de proximidade com o mundo europeu e de confiança na inevitabilidade do progresso e da civilização . Paradoxalmente, a introdução desse novo ideário científico expunha, também, as fragilidades e especificidades de um país já tão reticências miscigenadoglossário .
Chuárquis, Lilia Mórits. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil (1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 1993. página 46.
Ainda segundo Lilia Chuárquis, os darvinístas sociais consideravam que a miscigenação era ruim para a evolução da espécie humana, pois provocaria a degeneração dos indivíduos. Nos meios científicos do Brasil passou a prevalecer a ideia de “hierarquia de raças”, em que o valor era atribuído conforme o grau de “embranquecimento” da pele:
Dessa fórma, o branco [passou a ser visto como] superior ao mestiço, e este, por sua vez, ao negro ou índio. Como se observa, estavam lançadas as bases científicas do preconceito racial e a legitimação das desigualdades sociais em nome da democracia.
BOLSANELLO, Maria Augusta. darvinísmo social, eugenia e racismo “científico”: sua repercussão na sociedade e na educação brasileiras. Educar, Curitiba, número 12, 1996. página 159.
• O uso das ideias do darvinísmo social, no Brasil do século dezenove, trouxe consequências negativas para os indígenas e os afrodescendentes? Por quê?
Respostas e comentários
Orientações
Ao discutir o texto desta página com os estudantes, relacione-o a alguns conteúdos que eles vão estudar mais adiante, preparando-os para a compreensão crítica do fenômeno do imperialismo europeu, do colonialismo na África e das políticas racistas implantadas no Brasil pós-abolição da escravidão. É importante que eles reconheçam que as teorias de Dárvin foram utilizadas para justificar o poderio e a dominação europeia nos países africanos, mas que o darvinísmo social não expressa o pensamento original do cientista. No Brasil, o darvinísmo social foi difundido ao apoiar os projetos das classes dominantes de branqueamento e exclusão social dos negros na sociedade.
Sugerimos que mencione aos estudantes algumas informações a respeito da expedição que o cientista Charles Dárvin fez ao Brasil. A expedição, que partiu da Inglaterra em 1831 e retornou em 1836, tinha como objetivo levantar informações da costa da América do Sul. Quando chegou ao Brasil, Dárvin teve a oportunidade de conhecer a natureza brasileira, com sua fauna e flora exuberantes. Enquanto esteve no Brasil, o cientista entrou em contato com a realidade social do país, registrando suas impressões em diários e cartas.
A compreensão da teoria da seleção natural, do darvinísmo social e do racismo, que se desenvolveram na Europa a partir do século dezenove, possibilitará aos estudantes refletir sobre seus impactos na formação das colônias nas Américas, principalmente para as populações indígenas e africanas.
Observação
O conteúdo abordado nesta página possibilita desenvolver a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois três e estabelecer conexões com a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois sete, retomando conhecimentos trabalhados especialmente no Capítulo 11.
Sugestão para o professor:
ESPECIAL – Racismo e Eugenia no Brasil. [Apresentação de]: Gabriel Carvalho; Uênderson Ribeiro. [Convidado]: Vêber Lopes Góes. [ sem local]: Ontocast, 11 junho. 2021. Podcast. Disponível em: https://oeds.link/xFuyFw. Acesso em: 4 maio 2022.
Nesse podcast o historiador Vêber Lopes Góes apresenta as reflexões resultantes de sua pesquisa sobre as teorias científicas do século dezenove e o racismo.
Lugar e cultura
A arte realista
A certeza de que a ciência levaria o ser humano ao progresso influenciou também a arte, fazendo surgir o Realismo, corrente artística e cultural que propunha a ruptura com o Romantismo.
Abandonando a intuição, a liberdade de pensamento, a imaginação e o gôsto medievalista da estética romântica, os artistas realistas valorizavam a expressão objetiva e científica dos seres humanos, dos acontecimentos e da paisagem.
Observe, agora, neste trecho do romance Crime e castigo, do escritor russo Fiódor dostoiévisqui (1821-1881), como o narrador descreve um bairro da cidade russa de São Petersburgo:
O calor era insuportável. A vista da cal, dos tijolos, da argamassa, e esse mau cheiro característico do habitante de São Petersburgo que não pode fugir para o campo no verão. reticências O fedor tremendo das tavernas, numerosas nessa parte da cidade, e os ébriosglossário com que topava a cada passo, conquanto fosse dia útil, completavam o colorido repugnante do quadro. reticências Nas ruas centrais de São Petersburgo, onde vive o operariado, o vestuário mais singular não causa a menor estranheza.
dostoiévisqui, Fiódor. Crime e castigo. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1998. página 8-9.
O Realismo se diferenciou do Romantismo principalmente na valorização da observação como a qualidade mais importante de um artista. Com base em princípios da racionalidade científica e com objetividade, os realistas pretendiam ter uma visão fria e distanciada daquilo que estava sendo representado em seus trabalhos.
As obras realistas investigavam e analisavam a realidade social. Comumente, os artistas se inspiravam no cotidiano e na realidade do trabalho de camponeses e de operários urbanos. Interessavam-se, também, pela vida nos subúrbios das grandes cidades.
• Que elementos desse texto de Dostoiévski o caracterizam como realista?
Respostas e comentários
Orientações
Na abordagem do Realismo, movimento estético que dominou a segunda metade do século dezenove, é importante destacar a produção de obras de denúncia social, elaboradas por indivíduos que procuravam detalhar a representação da realidade e usar a racionalidade para se expressar, fenômeno relacionado ao desenvolvimento da ciência no período. Além daqueles apresentados na seção, outros artistas realistas podem ser mencionados. No campo da literatura, temos os escritores Gustave Flôbér, Onorrê de Balzac, Charles díquens, Alexandre diumá, ÂnriqueIbsen, Máximo Gorki, entre outros. Nas artes plásticas, podem ser citados gustáv curbê, Onorrê Domiê, eduár manê e Oguíst Rodán, entre outros.
Vale ressaltar que os artistas realistas se dedicavam a temas da vida social, do trabalho e da realidade cotidiana, como os afazeres dos camponeses e dos trabalhadores urbanos ou o modo de vida nos subúrbios das grandes cidades. Eles procuravam sempre investigar a realidade social para depois reproduzi-la de maneira racional e objetiva. Na pintura, por exemplo, buscavam produzir um retrato nítido e concreto do mundo real.
Resposta
dostoiévisqui descreve o bairro de fórma objetiva, com base na observação fria da realidade. A linguagem é direta, os adjetivos não poupam a cidade de São Petersburgo, que não é tratada de fórma idealizada. O autor narra que o bairro era habitado por pessoas malcheirosas e malvestidas, rodeado por fétidas e numerosas tavernas e com ébrios caminhando pelas ruas em pleno dia útil. Essas características revelam o realismo no texto de dostoiévisqui.
Observação
O conteúdo desta seção favorece o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.
Atividade complementar
Se considerar relevante, amplie o estudo sobre a arte realista e o momento de seu surgimento. Os estudantes podem optar por pesquisar uma modalidade artística do interesse deles e depois compartilhar os resultados de suas descobertas com a turma, por meio de uma exposição de cartazes ou uma apresentação oral. A atividade deve ser realizada preferencialmente em grupos. A proposta de trabalho nesta atividade favorece as práticas de análise de mídias sociais, análise documental, estudo de recepção e observação, tomada de nota e construção de relatórios.
Novas teorias políticas
O século dezenove estava recheado de novas ideias: novas fórmas de pensar questões sociais e políticas surgiram ao mesmo tempo que novas teorias científicas eram desenvolvidas. Os avanços tecnológicos obtidos com a Revolução Industrial eram comemorados e exaltados. No entanto, a expansão do capitalismo e do liberalismo, apesar de possibilitar o progresso das técnicas, não promoveu igualdade social nem econômica entre as pessoas.
Essa situação contraditória impulsionou o surgimento de propostas para acabar com as injustiças e as desigualdades, e superar os problemas sociais. Veja, a seguir, as proposições de alguns pensadores que viveram na época.
- sãn simôn foi um teórico francês que dividia a sociedade entre produtores (industriais, operários, artistas, intelectuais e banqueiros) e ociosos (nobres e clérigos). Propunha que o poder político fosse exercido pelos produtores mais eficazes e insistia na solidariedade social.
- Róbert Ôuen foi um industrial galês que defendia a criação de cooperativas de produtores e consumidores e a educação universal. Em 1797, Ôuen adquiriu uma fábrica têxtil em Níu Lênerc, na Escócia. Ali, adotou medidas que melhoraram as condições de trabalho, como a redução da jornada, a assistência aos operários e seus filhos e a criação de cooperativas. Naquela fábrica, Ôuen também organizou uma escola em tempo integral para os filhos dos trabalhadores.
- Charles furriê foi um crítico social francês que propôs a criação dos falanstérios, comunidades autônomas e autossuficientes onde as pessoas viveriam de fórma cooperativa e cada uma trabalharia de acôrdo com sua capacidade.
Respostas e comentários
Orientações
O estudo do pensamento socialista (de reformadores, como os “socialistas utópicos”, ou revolucionários, como os “socialistas científicos” e os anarquistas) é importante para que os estudantes compreendam o caráter das lutas políticas do século dezenove e possam se apropriar desse aprendizado para entender as revoluções e os conflitos que marcaram o século vinte.
Três pensadores com distintas visões dos problemas sociais e de suas possíveis soluções são apresentados nesta página. sãn simôn era um liberal de origem nobre, e não propriamente um socialista. Ele defendia a livre empresa e o lucro dos industriais e propunha que o govêrno fosse composto de trabalhadores e capitalistas. Róbert Ôuenera um industrial que investiu em melhorias nas condições de trabalho em sua própria fábrica. Charles furriê propôs a criação de falanstérios (ver seção “Ler o texto” adiante), onde cada um receberia conforme sua capacidade de trabalho. Para furriê, o socialismo seria uma etapa final da história humana, quando os problemas sociais estariam superados.
Observação
O conteúdo desta página possibilita desenvolver em maior profundidade a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três, por meio da reflexão sobre as tensões entre diferentes visões de mundo, teorias sociais e práticas que influenciaram a sociedade europeia do século dezenove, pós-Revolução Industrial.
O socialismo de márks e ênguels
sãn simôn, Ôuen e furriê foram chamados de “socialistas utópicos” por Karl márks e Frídric ênguels porque, segundo eles, criticavam a sociedade capitalista, mas não apresentavam propostas que pudessem superá-la concretamente.
Opondo-se às propostas dos socialistas utópicos, márks e ênguels elaboraram uma teoria que chamaram de “socialismo científico”, por considerarem racional e capaz de solucionar os problemas sociais. Segundo a teoria marquicísta, existe uma permanente luta de classes na sociedade, responsável por mover a história. Em meados do século dezenove, essa luta se manifestava no conflito entre a burguesia e o proletariado.
márks observou que, no capitalismo, a burguesia detinha todos os meios de produção e os trabalhadores vendiam sua fôrça de trabalho em troca de um salário. Porém, o salário era sempre menor do que a riqueza gerada pelo trabalhador. márks chamou essa diferença de mais-valia, que é a base da acumulação de capital promovida pelo sistema capitalista.
Como essa situação poderia ser transformada? Para márks e ênguels, o capitalismo só poderia ser derrubado com uma revolução dos trabalhadores, por meio da qual tomariam o poder, se apropriariam dos meios de produção e instituiriam a ditadura do proletariado. O Estado seria governado pelos trabalhadores até que todas as classes sociais desaparecessem, para, enfim, ser estabelecido o comunismo.
Socialistas utópicos
Apesar das diversas críticas feitas por márks e ênguels em relação aos primeiros socialistas (chamados por eles de “socialistas utópicos”), é importante ressaltar que o diagnóstico crítico que sãn simôn, Ôuen e furriê fizeram dos limites da democracia implementada com as revoluções liberais do século dezenove foi muito importante para construir um novo conjunto de teorias sociais.
Respostas e comentários
Orientações
cál marcs nasceu em Treves, na Alemanha, em 1818. Depois de doutorar-se em Filosofia, mudou-se para Paris, onde conheceu fréderique ênguels, seu companheiro de trabalho por toda a vida. Juntos, publicaram, em 1848, o Manifesto do Partido Comunista, um programa de ação para o proletariado que inspirou a criação de organizações e movimentos mais tarde designados como marquicístas. Segundo o Manifesto, o comunismo seria o último estágio do desenvolvimento social, caracterizado pela ausência de Estado, pela abolição das classes sociais e pela coletivização dos meios de produção.
Observação
O conteúdo apresentado nesta página possibilita aos estudantes compreender o contexto de formação das diversas teorias e pensamentos na Europa do século dezenove, fornecendo subsídios para o aprofundamento do trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.
O que é anarquismo?
O anarquismo não pode ser compreendido como uma única corrente teórica, pois apresenta diversas características e diferentes fórmas de atuação.
Para os anarquistas, o Estado é o criador das desigualdades sociais. Por isso, eles não concordavam com a tese de márks de que os trabalhadores devem tomar o poder e instituir a ditadura do proletariado. Para eles, o Estado deve ser abolido e substituído por fórmas de organização cooperativas e baseadas na autogestãoglossário .
A luta dos anarquistas sempre primou pela ação direta como meio de difundir suas ideias. Organizando greves e outras fórmas de luta dos trabalhadores, os anarquistas exerceram forte influência no movimento operário mundial até a década de 1920.
Entre os principais expoentes do anarquismo nos séculos dezenove e vinte estão os franceses Pierre-J e Luíse Michel, os russos Micail Bakunin, Emma Goldman e e a estadunidense Lúci Pársans.
O termo “anarquia” vem do grego anar rôs, que significa “sem govêrno”. Até hoje, muitas pessoas associam as palavras “anarquia”, “anarquismo” e “anarquista” à desordem ou ao caos; porém esse não era o sentido que os anarquistas davam a suas ideias.
A história de Lúci Pársans
Lúci Pársans nasceu em 1851. Chegou a ser escravizada durante a infância, quando vivia no sul dos Estados Unidos. Mais tarde, já livre, passou a fazer parte do movimento operário estadunidense, sendo responsável por fundar algumas organizações de trabalhadores. Foi uma das mais influentes pensadoras do anarquismo em sua época.
Lúci também publicava textos e artigos em jornais. Em 1905, participou da edição do periódico Liberator, que servia como meio de comunicação e informação para os trabalhadores na cidade de Chicago. Depois, em 1927, trabalhou no Comitê Nacional de Defesa do Trabalho, organização que pretendia defender a organização de atividades políticas dos trabalhadores. Lúci Párssons faleceu em 1942.
Respostas e comentários
Orientações
O século dezenove também foi marcado pela forte oposição entre ideologias que se diferenciavam na análise que faziam do capitalismo e nas propostas que apresentavam aos problemas sociais gerados ou intensificados por ele. Basicamente, duas ideologias predominaram: a liberal e a socialista. Enquanto o liberalismo buscava soluções que não gerassem alterações profundas na estrutura social, as diversas vertentes do socialismo tinham em comum a crítica ao capitalismo, à propriedade privada e à divisão da sociedade em classes. Os socialistas e anarquistas divergiam quanto aos caminhos e métodos que deveriam ser empregados para atingir o ideal de uma sociedade igualitária.
Conhecer as teorias socialistas e anarquistas que fizeram contraponto ao capitalismo e ao liberalismo auxiliará os estudantes a compreender as tensões no interior do processo de consolidação dos discursos civilizatórios, bem como o contexto histórico e cultural da Europa no século dezenove.
Observação
O conteúdo desta página oferece subsídios para ampliar o trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.
Ler o texto
Os falanstérios de furriê
As falanges propostas por furriê seriam correspondentes a pequenas unidades sociais com populações de cêrca de 1 500 habitantes, e cada uma possuiria um edifício comum chamado falanstério no qual todos viveriam harmoniosamente. reticências
reticências como modêlo de redistribuição da riqueza, previa-se que esta seria orientada de acôrdo com a qualidade do trabalho produzido por cada um reticências. Bem estabelecido, não seria uma remuneração privilegiando propriamente tipos diferentes de trabalho, mas sim a eficiência e o benefício real que os grupos profissionais estivessem produzindo para a comunidade. Quanto menos doentes tivesse um falanstério, mais os médicos deste falanstério seriam bem remunerados; quanto menos problemas estruturais ou de manutenção afligissem o edifício, mais ganhariam os engenheiros e técnicos; afinal, tais índices indicariam que eles estavam fazendo melhor o seu trabalho reticências.
reticências As roupas teriam botões nas costas, pois assim os seres humanos precisariam sempre uns dos outros para abotoá-los e desabotoá-los, o que impediria o estabelecimento dos padrões individualistas e egoístas que tanto caracterizavam a sociedade “civilizada” do seu tempo. reticências
BARROS, José dassunção. Os falanstérios e a crítica da sociedade industrial: revisitando chárles furriê. Mediações, Londrina, volume 16, número 1, janeiro/ junho 2011. página 246-251.
- O que eram os falanstérios propostos por furriê? De que maneira a convivência harmoniosa seria alcançada nessas comunidades?
- Como seria definida a remuneração dos trabalhadores nos falanstérios? Qual é a finalidade de estabelecer esse critério de remuneração?
- A proposta de furriê foi considerada utópica por outros pensadores, como márks e . Por quê? ênguels
- Na sua opinião, as ideias de harmonia e coletividade social são uma utopia? Por quê? Quais são as dificuldades com as quais teríamos de lidar para implantar uma sociedade harmoniosa como a pensada por Fourier?
Respostas e comentários
Orientações
O texto escolhido descreve a estruturação dos falanstérios, uma fórma de organização imaginada por chárles furriê, baseada nos princípios de igualdade e cooperação entre as pessoas. Estimule os estudantes a refletir sobre o sentido e a origem da palavra utopia, já que furriê foi considerado por seus críticos márks e ênguels um socialista utópico. Para isso, poderão recorrer a um dicionário. Sugerimos ainda mencionar a obra de Tômas Morus, escrita no século dezesseis, em que o autor tece críticas à sociedade inglesa de seu tempo e descreve uma ilha imaginária, onde todos eram felizes, não havia sofrimentos, doenças nem injustiças. Peça aos estudantes que observem a gravura que reproduz uma comunidade organizada segundo os princípios de furriê, construída pelo industrial francês Gudán para abrigar seus operários.
Respostas
Ler o texto:
1. Eram pequenas unidades sociais nas quais vivia um número limitado de pessoas, sem as contradições geradas pelo processo de industrialização. A convivência harmônica nos falanstérios seria alcançada pela construção de novos valôres baseados na ajuda mútua, na coletividade e no bem-estar comum.
2. Os trabalhadores teriam uma maneira diferenciada de remuneração. A diferença salarial entre eles não seria estabelecida com base no tipo de ofício exercido, mas de acôrdo com a eficiência do serviço e com os benefícios que ele gerasse para a coletividade. O objetivo era comprometer os trabalhadores com os resultados do seu trabalho. Ao estabelecer a remuneração com base na eficiência e nos benefícios reais gerados pelo trabalho, haveria maior disposição dos trabalhadores em exercer suas funções da melhor fórma possível.
3. furriê tentou realizar seu projeto com o apôio e o financiamento de diversas pessoas ricas ou influentes, o que nunca aconteceu. Para produzir uma unidade como os falanstérios, seria preciso, além do apôio do idealizador e do grupo de pessoas interessadas nessa experiência, a ação voluntária das elites, que teriam de concordar em perder boa parte de suas propriedades e privilégios em troca do bem-estar comum. Por isso, a proposta de furriê foi considerada utópica por muitos outros pensadores.
4. Resposta pessoal. Esta questão possibilita um debate em sala de aula.
Observação
O trabalho proposto nesta seção favorece a ampliação dos conhecimentos sobre o contexto histórico e cultural da Europa no século dezenove e contribui para o aprofundamento do trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.
A Comuna de Paris
Entre 18 de março e 28 de maio de 1871, a capital francesa viveu a experiência da Comuna de Paris, considerada por márks a primeira experiência socialista da história. O movimento teve à frente trabalhadores, teóricos de várias correntes socialistas e anarquistas.
Essa experiência de govêrno teve origem em uma crise agravada pela Guerra Franco-Prussiana. Em setembro de 1870, as tropas prussianas cercaram a cidade de Paris, que se fechou e se dispôs a resistir. Porém a situação na cidade se tornou extremamente difícil: a população teve de lidar com a falta de comida e o surgimento de epidemias.
Em março de 1871, os parisienses, insatisfeitos com a ação violenta do govêrno contra as revóltas populares, tomaram as ruas, levantaram barricadas e forçaram os governantes a fugir. Dias depois, nascia a Comuna de Paris.
O govêrno da Comuna instituiu medidas como a criação de um Estado no qual as decisões eram tomadas pela população em reuniões regulares, o estabelecimento de eleições para escolher os funcionários do Estado e o congelamento dos aluguéis e dos preços de gêneros de primeira necessidade. Além disso, criou creches e escolas para os filhos dos trabalhadores e passou o comando das fábricas abandonadas para os operários. A ideia da igualdade entre homens e mulheres foi colocada em ação pela primeira vez na história.
A Comuna de Paris, no entanto, foi brutalmente esmagada pelo exército francês, com apôio do exército prussiano. cêrca de 20 mil “comunardos” foram assassinados e outros 40 mil foram deportados para colônias francesas. Com o fim da Comuna, uma reforma urbana destruiu os bairros onde foram levantadas as barricadas. A curta experiência da Comuna foi incorporada na memória coletiva dos trabalhadores como modêlo de govêrno popular e colaborou para perpetuar o medo da revolução entre os proprietários franceses.
Respostas e comentários
Texto complementar
A Comuna de Paris, em 1871, durou apenas 72 dias. Todavia, foi uma experiência revolucionária que mobilizou a cidade de Paris e provocou entusiasmo e temor em toda a Europa. O texto que selecionamos é uma carta do pintor gustáv curbê para os artistas de Paris:
Carta aos artistas de Paris
Paris, 18 de março de 1871
Meus queridos companheiros artistas: As administrações anteriores que governaram a França quase destruíram a arte ao protegê-la e ao suprimir sua espontaneidade. Essa abordagem feudal, sustentada por um govêrno despótico e discricionário, não produziu nada além de arte aristocrática e teocrática, justamente o oposto das tendências modernas, de nossas necessidades, de nossa filosofia, e da revelação do homem manifestando sua individualidade e sua independência física e moral. Hoje, numa época em que a democracia deve reger todas as coisas, seria ilógico a arte, que conduz o mundo, ficar para trás na revolução que está ocorrendo agora na França
reticências
Portanto, para tomarmos decisões sobre bases mais racionais e mais adequadas aos nossos interesses comuns, no intuito de abolir os privilégios, as falsas distinções que estabelecem entre nós hierarquias perniciosas e ilusórias, é desejável que os artistas definam seu próprio curso. Deixe que eles determinem como farão as exposições; deixe que definam a composição dos comitês; deixe que obtenham o local onde será a próxima exposição. reticências
Corbé, Gustáve. Carta aos artistas de Paris. Verve, número 15, página. 123-125, 2009.
Observação
O conteúdo desta página fornece subsídios para o trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero três.
Sugestões complementares referentes ao Capítulo:
CONCEIÇÃO, Marcus Vinicius ( Organização.). O significado da Comuna de Paris. Goiânia: Edições Enfrentamento, 2021.
O livro traz diversos textos que analisam as experiências durante a Comuna de Paris.
ROBSBAUM, Eric. A era do capital: 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.
Nessa obra róbisbáum analisa as transformações fundamentais na Europa no final do século dezenove e a consolidação do capitalismo industrial.
Vínti, Crístian F. R. Guimarães. O que é anarquismo. São Paulo: Editora Lafonte, 2020.
O livro traz informações sobre os principais teóricos do anarquismo e as bases do seu pensamento.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
1. O movimento conhecido como Escola de Barbizon reuniu artistas no vilarejo de Barbizon, na França. A intenção dos artistas era retratar as paisagens do entôrno campestre por intermédio do estudo direto do meio. Jan-Françuá Mié (1814-1875), pintor e membro fundador dessa escola, foi além da ideia original e passou a inserir personagens da vida rural em seu trabalho, como mostra a pintura a seguir.
- Descreva as figuras e o cenário mostrados na pintura.
- As características dessa obra são próprias do Romantismo ou do Realismo? Argumente com base em elementos da pintura.
- Compare essa pintura de Jan-Françuá Mié com a obra A Liberdade guiando o povo, de delacroá, apresentada anteriormente, na seção "Lugar e cultura". Aponte as principais diferenças entre o Realismo e o Romantismo tomando como exemplo as características das duas obras.
- Escreva um texto sobre o aumento populacional ocorrido no século dezenove, considerando os seguintes aspectos: mecanização da agricultura, problemas de saúde pública, expansão das indústrias e escassez de moradias.
- O progresso tecnológico do século dezenove foi acompanhado por um desenvolvimento notável da ciência. Identifique algumas das teorias científicas do século dezenove.
Respostas e comentários
Seção Atividades
Objetos de conhecimento
• Revolução Industrial e seus impactos na produção e circulação de povos, produtos e culturas.
• Nacionalismo, revoluções e as novas nações europeias.
Habilidades
São trabalhados aspectos relacionados às habilidades:
• ê éfe zero oito agá ih zero três (atividades 1, 2, 6, 7, 8, 9)
• ê éfe zero oito agá ih dois três (atividade 3, 4, 5)
Respostas
1. a) A pintura mostra um panorama da colheita de trigo. Em primeiro plano, podemos ver três mulheres, que parecem recolher restos da colheita. Elas usam um lenço na cabeça, vestem blusas com mangas longas e saias compridas e trazem uma espécie de saco preso à cintura, no qual depositam o trigo. Ao fundo, vemos outros trabalhadores e o resultado da colheita em grandes montes e também em carroças.
b) A paisagem, os personagens e a iluminação da cena foram representados de maneira realista. Em destaque na obra aparece a imagem da natureza transformada (plantação de trigo), privilegiando a figura das trabalhadoras. A pintura confere dignidade a pessoas e atividades que, na sociedade capitalista, não têm prestígio. A grande colheita está ao fundo da tela para retratar os contrastes sociais existentes na sociedade. Por representar o trabalho rural e a natureza sem idealização, a pintura pode ser considerada uma obra do Realismo.
c) A obra de delacroá está impregnada da emoção e da fôrça dramática da estética romântica. O uso de côres e traços fortes, e a presença de símbolos da Revolução Francesa procuram enfatizar o vigor da mobilização revolucionária e da união nacional na luta pela liberdade. Já a obra de Mié evidencia a preocupação em representar a paisagem e as figuras humanas de maneira realista, sem idealização da paisagem natural e do trabalho. Também não há menção ao nacionalismo, mas simplesmente aos trabalhadores.
2. Sugestão de resposta: A mecanização da agricultura propiciou o aumento da produção de alimentos, o crescimento populacional e o deslocamento de grande contingente de trabalhadores do campo para as cidades em fase de expansão das indústrias. A desigualdade social gerou diversos problemas para os trabalhadores que se aglomeravam nos bairros pobres das cidades que se urbanizavam, com escassez de moradias, de serviços públicos e falta de saneamento, causando graves problemas de saúde pública. Em contrapartida, essa situação favoreceu a formação do operariado urbano, que passou a se organizar pela conquista de direitos.
3. Duas teorias científicas importantes do século dezenove foram elaboradas por Jean Batísti de Lamarck e Charles Dárvin. O primeiro desenvolveu a teoria da transformação das espécies, e o segundo, a teoria da seleção natural. Essas teorias marcaram a ascensão do pensamento científico como maneira de explicar o mundo, assim como a cisão entre a ciência e a religião.
- Explique em que medida o darvinísmo social pode ser relacionado com fórmas de racismo surgidas ao longo do século dezenove.
- Copie em seu caderno apenas as afirmativas verdadeiras.
- Durante o século dezenove, a mentalidade científica na Europa buscava conciliar as conquistas da ciência com os dogmas da fé.
- Para a nova mentalidade do século dezenove, a ciência e a tecnologia se mostravam mais capacitadas que a fé para resolver os problemas sociais.
- A razão era um instrumento fundamental para a criação artística e literária do movimento romântico.
- A observação e a objetividade eram atitudes valorizadas tanto pelo Realismo quanto pela mentalidade científica do século dezenove.
- O russo Micail Bakunin (1814-1876) foi o principal porta-voz das divergências que os anarquistas travaram com a teoria elaborada por carl márks. No texto a seguir, o trecho de Bakunin está grafado em tipo normal e o comentário de márks, em itálico.
Já manifestamos nossa profunda repugnância pela teoria de Lassalle e márks, que recomenda aos operários, senão como ideal supremo, pelo menos como objetivo imediato e principal, a instauração de um Estado popular, o qual, segundo sua expressão, não será senão o proletariado erigido em classe dominante. E a gente se pergunta: quando o proletariado for a classe dominante, sobre quem vai dominar? Isto significa que sobrará outro proletariado, submetido a essa nova dominação, a este novo Estado. (Isto significa que enquanto subsistam as outras classes e especialmente a classe capitalista, enquanto o proletariado lute contra elas – pois com a ascensão do proletariado ao poder não desaparecem ainda seus inimigos, nem desaparece a velha organização da sociedade – terá que empregar medidas de violência, isto é, medidas de govêrno reticências).
márquis, cal; ênguêl frederíc. O anarquismo. São Paulo: Acadêmica, 1987. página 73.
- Qual questionamento Bakunin faz à teoria ? marquicísta
- Qual foi a resposta de márks à crítica de Bakunin?
- Elabore em seu caderno um resumo com as seguintes informações sobre a Comuna de Paris:
- Ano de eclosão do movimento.
- Causas imediatas.
- Grupos que participaram.
- Duração e resultados.
- Quais ações realizadas pela Comuna de Paris foram influenciadas por ideias socialistas e anarquistas?
- Que diferença podemos destacar entre a Comuna de Paris e as revoluções de 1789 e 1848?
Respostas e comentários
4. O darvinísmo social foi utilizado para legitimar o racismo, justificando a crença em raças e povos superiores e mais evoluídos do que outros. A teoria evolucionista serviu aos interesses daqueles que pretendiam manter as desigualdades sociais entre brancos e negros nos países, assim como a dominação imperialista na África.
5. b e d.
6. a) Bakunin questiona a tomada do poder e o contrôle do Estado pelo proletariado. O teórico anarquista se opunha a toda fórma de autoridade e de Estado.
b) márks contrapõe o argumento de que seria necessário um período de transição entre a conquista do poder pelo proletariado e a completa consolidação de uma nova sociedade. Dessa fórma, nessa transição seria necessário o uso da violência e das medidas de govêrno para derrotar os capitalistas.
7. a) Movimento revolucionário que ocorreu de março a maio de 1871.
b) A derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana, o forte descontentamento da população diante das péssimas condições de vida e a repressão violenta do govêrno às revóltas populares levaram os trabalhadores a tomar as ruas da cidade contra as tropas oficiais e forçar o govêrno a recuar.
c) Participaram trabalhadores liderados por grupos anarquistas e socialistas.
d) A Comuna governou a cidade de Paris por dois meses e implantou medidas populares e igualitárias, mas os revolucionários foram duramente reprimidos pelas tropas do . Muitas pessoas foram mortas, presas ou deportadas. Após a derrota da Comuna, Paris passou por uma grande reforma urbana. govêrno
8. As decisões da Comuna eram tomadas pela população em reuniões regulares,com influências de ideias socialistas e anarquistas, como a determinação de que a produção deveria ser organizada por associações de produtores e a de que o ensino deveria ser gratuito, obrigatório e laico, além de estabelecer a igualdade entre homens e mulheres.
9. A Comuna de Paris, apesar de sua curta duração, foi considerada por márks a primeira experiência socialista da história, com um govêrno organizado pela ação popular, que colocou no centro da discussão a igualdade e os interesses dos trabalhadores. A Revolução Francesa de 1789 também tinha como princípio a igualdade entre os grupos sociais, porém a influência do pensamento iluminista e das camadas burguesas foi decisiva para os rumos do movimento. Os movimentos de 1848 misturaram ideias liberais e nacionalistas no enfrentamento das problemáticas sociais, políticas e econômicas.
Ser no mundo
O cotidiano do trabalho nas tirinhas
Você já estudou a mecanização da indústria e a posterior expansão da industrialização pela Europa, no século dezenove. As mudanças no mundo do trabalho, a partir da Revolução Industrial, foram enormes. Nesse período, o modo como os empresários organizavam o trabalho em suas fábricas mudou. A fórma como os operários se organizavam para defender seus direitos e exigir melhores condições de trabalho também se modificou.
Observe atentamente as duas tirinhas a seguir. Elas tratam de facetas do mundo do trabalho na sociedade capitalista.
têivês, bób. Tirinha de Frênqui e Êrnest. Publicada em 19 de fevereiro de 1997.
Ádamis, Iscót. Tirinha do personagem Dílbert. Publicada em 9 de julho de 2014.
- Em que ambiente os personagens frênqui e Êrnest foram representados nas tirinhas? Em que função eles estão trabalhando?
- Que relação os personagens frênqui e Êrnest têm com os artigos que são produzidos? Utilize seus conhecimentos de História e explique por que isso acontece.
- Os personagens frênqui e Êrnest apresentam alguma crítica? Qual?
- A rotina de trabalho em uma empresa é o tema central das tirinhas do personagem , de Dílbert iscót . Que problema está sendo tratado na tirinha? Como essa situação problemática afeta a vida do trabalhador? ádams
Será que os autores de histórias em quadrinhos, hoje, desenhariam tirinhas diferentes para falar sobre o trabalho na atualidade, considerando que o mundo do trabalho muda o tempo todo? Para pensar sobre isso, leia o trecho de reportagem a seguir.
Respostas e comentários
Seção Ser no mundo
Em consonância com as Competências Gerais da Educação Básica número 1 e número 6, esta seção propicia ao estudante valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos reticências e valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
O trabalho aqui proposto também possibilita ao estudante desenvolver a Competência Específica do Componente Curricular História número 1: Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo.
A abordagem proposta nesta seção, no texto e nas atividades favorece o trabalho com o tema contemporâneo Ciência e tecnologia.
O trabalho proposto nas atividades desta seção também favorece as práticas de análise documental e observação, tomada de nota e construção de relatórios.
Habilidade
ê éfe zero oito agá ih zero três: Analisar os impactos da Revolução Industrial na produção e circulação de povos, produtos e culturas.
Respostas
1. Os personagens foram representados no interior de uma fábrica. Eles estão trabalhando em uma linha de montagem.
O modêlo de produção industrial em linha de montagem será estudado no livro do 9º ano.
2. De maneira exagerada, com o intuito de provocar o humor, um dos personagens diz que não sabe qual produto está fabricando. Ele trabalha em um posto fixo de uma linha de montagem, e sua função se restringe a uma das etapas do processo industrial.
Com base nos conhecimentos de História que os estudantes já têm, ajude-os a perceber que muitas criações culturais, como quadrinhos, filmes, novelas e músicas, podem ser inspiradas em eventos, processos e conceitos históricos. Essa informação pode representar uma grande descoberta para os estudantes, e a visão deles sobre a disciplina pode se tornar mais positiva.
3. Sim. Os personagens criticam o trabalho exaustivo, rotineiro e alienante de uma linha de montagem. Não ter a visão do artigo final que está sendo produzido na fábrica constitui a crítica clássica ao trabalho na linha de montagem, pois mostra a alienação dos trabalhadores. Em um sistema de trabalho como esse, os operários não participam de todas as etapas da produção.
Mudanças no mundo do trabalho
Com a evolução acelerada da tecnologia, o perfil do trabalho no mundo está mudando. O trabalho a partir de casa, horários flexíveis e vínculos menos formais são exemplos de alteração nas relações entre empregadores e contratados. reticências Para especialistas, as novas fórmas de trabalho precisam de regulação.
BRANCO, Mariana. Novas fórmas de trabalho precisam de regulação, defendem especialistas. Agência Brasil, 1º maio 2016. Disponível em: https://oeds.link/2fIM2K. Acesso em: 22 fevereiro 2022.
Em 2020, com o início da pandemia de covíd-19, o mundo do trabalho sofreu alterações, não apenas para os trabalhadores da área da saúde. Mesmo com a vacinação e os cuidados para evitar a transmissão, ficou claro que os empregadores deveriam adotar fórmas de garantir a saúde dos trabalhadores, estabelecendo o trabalho home office (do inglês, “escritório em casa”) e o rodízio de equipes no local presencial de trabalho, por exemplo.
covíd-19, nova doença no mundo do trabalho
Para [estudiosos da atualidade], a covíd-19 é a primeira nova doença profissional dessa década [2020], o que demanda a rápida detecção das ocupações de maior exposição. Segundo [os autores], além dos trabalhadores da saúde, os últimos fatos revelaram que merecem atenção: vendedores de artigos hospitalares, trabalhadores domésticos, guias turísticos, ourives que atendem turistas, executivos de multinacionais, taxistas, motoristas particulares, agentes de segurança, reticências e trabalhadores da construção.
[Há também outros trabalhadores que merecem atenção por estarem expostos à doença], como tripulações marítimas e aéreas, pessoal dos serviços de emergência (policiais, bombeiros etcétera), cuidadores, educadores, trabalhadores domésticos, da alimentação e os motoristas de transportes públicos.
Para preservar a saúde desses trabalhadores, além das medidas de teletrabalho e quarentena, foram reforçadas as medidas de higiene, assim como foi destacada a importância do rastreamento, notificação e vigilância da doença, ações educativas e acompanhamento por telessaúde.
SOUZA, Diego de Oliveira. A saúde dos trabalhadores e a pandemia de -19: da revisão à crítica. covíd Vigilância sanitária em debate. volume 8. número 3. agosto 2020. página 129. Disponível em: https://oeds.link/XhjHs5. Acesso em: 22 fevereiro 2022.
- O primeiro trecho afirma que o perfil de trabalho mudou muito com a evolução da tecnologia. Que exemplos são citados para explicar essa mudança?
- O segundo trecho aborda o mundo do trabalho no contexo da pandemia. Quais foram os impactos da -19 no mundo do trabalho e os trabalhadores mais afetados pela doença? covíd
- Se você fosse desenhar uma tirinha de humor para falar sobre algum problema no mundo do trabalho da atualidade, que tirinha você faria? Em seu caderno, desenhe ou descreva sua tirinha.
Respostas e comentários
Respostas
4. É esperado que os estudantes percebam que, na tirinha de Dílbert, o grande problema é a questão do trabalho exaustivo. O excesso de horas trabalhadas faz com que os funcionários da empresa fiquem “de mau humor”, de acôrdo com a visão do “chefe”. Esse “mau humor”, na realidade, deve-se ao cansaço e ao estresse decorrentes do trabalho excessivo. Na tirinha, os funcionários da empresa trabalham tanto que ficam “sem tempo” para ter problemas pessoais. Ou seja, o autor da tirinha critica, de fórma bem-humorada, o excesso de trabalho na vida das pessoas atualmente.
5. A reportagem cita como exemplos o trabalho a partir de casa, os horários flexíveis e os vínculos menos formais.
6. O segundo trecho de reportagem caracteriza a covíd-19 como nova doença profissional e aponta as ocupações mais afetadas. Além dos profissionais de saúde, os estudantes poderão citar trabalhadores domésticos, guias turísticos, taxistas, trabalhadores da construção etcétera.
7. Incentive a criação dos estudantes. É possível que muitos deles façam tirinhas relacionadas à robotização, ao desemprêgo e às dificuldades atuais dos jovens no momento de conseguir o primeiro emprego.
Questões para autoavaliação
Nesta Unidade do livro, as questões sugeridas para autoavaliação – e que podem ser utilizadas, a seu critério, para o diagnóstico do grau de aprendizagem dos estudantes – são:
1. Quais foram as mudanças provocadas pela onda revolucionária que varreu a Europa na primeira metade do século dezenove?
2. Como a ideologia do nacionalismo esteve presente nos processos de unificação da Itália e da Alemanha?
3. Quais foram os desdobramentos da industrialização na Europa do século dezenove e que transformações esse processo provocou nas relações de trabalho e na vida do trabalhador?
4. Quais foram as principais teorias políticas do século dezenove que propunham transformar a sociedade?
5. O que foi a Comuna de Paris?
Glossário
- Chanceler
- Cargo equivalente ao de primeiro-ministro, que é o chefe do Poder Executivo nos regimes parlamentaristas.
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- Miscigenado
- Resultante de miscigenação, ou seja, da mistura de diferentes etnias.
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- Ébrio
- Que está embriagado; bêbado.
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- Autogestão
- Direção de uma instituição por seus próprios integrantes.
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