UNIDADE três  O PERÍODO ENTREGUERRAS E A SEGUNDA GUERRA

Fotografia em preto e branco. Uma fila longa com dezenas de homens, um atrás do outro, diante de um prédio onde está escrito um texto em inglês. Eles usam boinas ou chapéus sobre a cabeça, casaco, calça e sapatos. No canto esquerdo, há outros dois homens com o mesmo tipo de roupa.
Pessoas desempregadas fazem fila aguardando doação de alimentos no período da grande crise econômica mundial, em Nova iórque, Estados Unidos. Fotografia de fevereiro de 1931.
Fotografia em preto e branco. Em uma rua, centenas de soldados marcham para a frente, segurando na mão direita uma arma comprida na vertical. Ao fundo, em segundo plano, uma fila de homens com chapéu militar e casaco observam a passagem da tropa. Há algumas árvores próximas e atrás deles.
Soldados alemães marcham em rua na Polônia após a invasão alemã no país. Fotografia de 1939.
Fotografia. Em um campo gramado, seco e amarelado, com árvores desfolhadas ao fundo, um conjunto de estátuas de meninos e meninas de diferentes alturas e idades está disposto sobre uma plataforma de pedra. Alguns olham para a frente, outros, para o lado; outros, ainda, olham para baixo. Sua expressão é de seriedade ou tristeza. Sob a plataforma, há vegetação rasteira em marrom-escuro, diante da qual foram colocados brinquedos de diversos tipos, coloridos.
Memorial em Lidice, aldeia na República Tcheca, em homenagem às crianças assassinadas em um campo de extermínio nazista em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial. Fotografia de 2020.
Fotografia. Vista geral de diversas estruturas cinzas, em formato retangular, algumas mais altas, largas e compridas do que outras, que são menores. As estruturas maiores têm o comprimento de uma pessoa adulta deitada; as menores, o de uma criança. Todas estão dispostas sobre um chão cinza quadriculado. Em segundo plano, muitas árvores com folhagem verde-claro. Em terceiro plano, prédios à esquerda e no alto, céu em azul-claro e nuvens brancas.
O Holocaust-Mahnmal (Memorial do Holocausto) está localizado na cidade de Berlim, na Alemanha. Esse memorial também é uma homenagem aos mortos em campos de extermínio nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Fotografia de 2019.

Ao final da Primeira Guerra Mundial, a economia de muitos países da Europa estava destroçada. Enquanto os países vencedores tiveram compensações financeiras pela vitória, os perdedores não conseguiram encontrar saída rápida para a crise. A situação se agravou com a quebra da Bolsa de Valores de Nova iórque, em 1929, que teve consequências em todo o mundo.

Na Itália e na Alemanha, o clima de crise e descontentamento social abriu espaço para a instauração de regimes totalitários com ideais expansionistas, o que foi um fator decisivo para a eclosão da Segunda Guerra Mundial.

O que você sabe sobre o surgimento do nazismo e do fascismo? E sobre a crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial?

Você estudará nesta Unidade:

A quebra da Bolsa de Nova iórque e a crise de 1929

Os regimes totalitários na Europa

A Segunda Guerra Mundial e suas consequências sociais e econômicas

O horror dos campos de concentração nazistas

A vida da população civil durante a guerra

A criação da Organização das Nações Unidas

CAPÍTULO 5  O MUNDO EM CRISE: RECESSÃO E TOTALITARISMO

Dois cenários completamente diferentes se descortinavam nos Estados Unidos e nos países da Europa nos anos que se seguiram ao fim da Primeira Guerra Mundial. A economia dos Estados Unidos não havia sofrido os danos decorrentes dos combates, pois o conflito não havia sido travado em seu território. A Europa, ao contrário, saiu da guerra economicamente abalada. O desemprego cresceu e a inflação galopante desvalorizou as moedas, causando o empobrecimento da população.

Como a guerra havia debilitado grande parte da indústria europeia, os Estados Unidos se tornaram o principal exportador de mercadorias do planeta. Em poucos anos, contudo, a prosperidade econômica do país seria ameaçada por sucessivas crises de superprodução.

A partir de 1925, o crescimento econômico estadunidense começou a regredir. Para tentar reverter essa situação, o governo e os bancos ofereceram crédito com o objetivo de estimular a produção e elevar o consumo. Mas essa medida provocou outro problema: a especulação na bolsa de valores.

Fotografia em preto e branco. Em um local fechado, com vigas verticais à esquerda e horizontais acima, há dezenas de estruturas de automóveis alinhadas. Ao redor e sobre essas estruturas, há homens manipulando ferramentas, montando as peças dos automóveis ou observando o fotógrafo. Alguns estão de boina ou bonés; alguns vestem macacão, outros, calça e camisa.
Linha de montagem em fábrica de automóveis em Nova iórque. Fotografia de 1923. Depois da Primeira Guerra, os Estados Unidos chegaram a ser responsáveis por cêrca de 30% da produção mundial de mercadorias.
Economia.

A quebra da Bolsa de Nova iórque

Você sabe como funcionam as bolsas de valores? Para atrair investidores, uma empresa põe ações à venda na bolsa de valores, que é o local onde se negociam ações. Ação é um documento que representa a propriedade de uma parte do patrimônio de determinada empresa. Em uma situação ideal, se a empresa tiver lucros, o preço das ações sobe, beneficiando os investidores, chamados de acionistas. Caso os lucros da empresa diminuam, o preço das ações cai, prejudicando os investidores. Para reduzir os prejuízos, os acionistas procuram vender suas ações antes que os preços caiam demais.

Nos Estados Unidos da década de 1920, a economia estava superaquecida, e, com a ausência de regulamentação governamental, os investimentos que costumavam ser feitos nos setores produtivos passaram a ser transferidos, em massa, para as aplicações na bolsa de valores, que pareciam ser o caminho mais rápido para a riqueza.

Como resultado, a maior parte das empresas ficou bastante endividada, pois produzia mais do que vendia, enquanto o preço das ações não parava de subir. Por um lado, os investimentos crescentes na bolsa faziam os preços das ações subirem; por outro, muitas empresas representadas por essas ações estavam à beira da falência.

No dia 24 de outubro de 1929, o preço das ações na Bolsa de Nova iórque sofreu uma queda vertiginosa, em um evento que ficou conhecido como o crash da Bolsa de Nova iórque. De uma hora para outra, milhares de acionistas perderam enormes somas de dinheiro e inúmeras empresas faliram.

Fotografia em preto e branco. À esquerda, em uma mesa longa, há mulheres com fones de ouvido sobre a cabeça; uma delas está de pé. Atrás delas, há homens de terno e sapatos escuros, em pé. Alguns usam fones de ouvido. Com exceção de um deles, todos estão de costas, diante de um quadro horizontal cheio de pequenos retângulos localizado acima de suas cabeças. Esse quadro era o local onde se colocavam as flutuações dos preços das ações das empresas, que chegavam por meio das linhas telegráficas e eram impressas em longas e estreitas tiras de papel.
Corretores da Bolsa de Valores de Nova iórque na década de 1920. Na época, a compra e a venda de ações na bolsa de valores parecia acessível a todos os estadunidenses.
Ícone. Sugestão de livro.

santana, Ivan. 1929. São Paulo: Objetiva, 2014. O autor apresenta, neste livro, um mosaico de histórias de pessoas que tiveram suas vidas completamente transformadas pela quebra da Bolsa de Nova iórque em 1929.

As consequências da quebra

Muitos especuladores estadunidenses recorriam a empréstimos bancários para comprar ações. Com o créchi da bolsa, eles não tiveram como pagar os empréstimos contraídos. Assim, os bancos ficaram sem dinheiro para garantir os valores depositados nas contas de milhares de correntistas, o que provocou quebras no sistema bancário.

Acreditando que o mercado conseguiria reorganizar a situação, o governo estadunidense cruzou os braços perante a crise. O mercado, porém, não conseguiu se restabelecer por si só, e a economia capitalista entrou em uma crise que se prolongou por vários anos e que ficou conhecida como Grande Depressão.

Os efeitos da crise se estenderam pela maior parte do mundo durante a década de 1930. Os países da Europa Ocidental e os Estados Unidos foram os que mais sentiram a crise. Nos Estados Unidos, por exemplo, em três anos a população de desempregados saltou de 400 mil para 14 milhões, os quais, sem poder contar com um sistema de previdência social, foram lançados à miséria.

Na União Soviética, diferentemente, não havia bolsas de valores nem capital especulativo. Além disso, o país havia sido isolado pelas economias capitalistas, que temiam a expansão mundial do socialismo. Durante a grande crise capitalista, esse isolamento preservou os soviéticos dos resultados mais terríveis da depressão econômica.

Fotografia em preto e branco. Vista elevada de diversas casas pequenas, de madeira, construídas de forma desordenada em um terreno plano. Há alguns arbustos próximos a algumas delas. Não se vê canos nem postes ou fios entre elas; tão pouco há calçadas ou ruas asfaltadas. No segundo plano: à direita, um trem transporta carga; ao centro, diversos prédios altos ocupam a paisagem, enquanto, à esquerda, uma fumaça cinza escuro sai de uma chaminé.
rúvervíl na cidade de Ciátou. Fotografia da década de 1930. Moradias improvisadas proliferaram pelos Estados Unidos. Algumas delas foram chamadas de rúver-víls, as “cidades de Hoover”. Herbert Hoover foi presidente dos Estados Unidos no auge da crise econômica.

Ler a fotografia

• Observe a fotografia e leia a legenda. Em que tipo de espaço você imagina que as Hoovervilles surgiram? Que tipos de material devem ter sido utilizados para construí-las? Será que elas contavam com serviços de água, luz e saneamento básico?

A economia se recupera: o New Deal

Em 1933, o democrata Franklin Rusevélt assumiu a presidência dos Estados Unidos, eleito com a promessa de recuperar a economia do país, em que havia quase 14 milhões de desempregados naquele momento. O novo presidente adotou um ambicioso programa de combate à crise, que ficou conhecido como New Deal (Novo Acordo).

A base do programa era a adoção de uma política de intervenção direta do Estado na condução da economia. Essa política foi vista como a única saída para combater a especulação e os efeitos desastrosos da prática de livre mercado, adotada até então. As principais medidas do programa New Deal implantado por Rusevélt foram as seguintes:

  • implementação de ações para aumentar os rendimentos dos agricultores, fixando limites à produção, recuperando os preços e fornecendo incentivos às exportações;
  • criação de um programa de auxílio à indústria, com concessão de financiamentos a juros baixos e compra de ações ou nacionalização de empresas em dificuldades ou em processo de falência;
  • redução da jornada de trabalho semanal e criação de novos postos de trabalho com a realização de um programa de construção de obras públicas, visando aumentar a oferta de empregos;
  • fixação de um salário mínimo para os trabalhadores.

O New Deal teve sucesso, e em alguns anos a economia estadunidense se recuperou. Essa recuperação foi financiada com dinheiro público, obtido com o aumento de impostos e a taxação dos cidadãos mais ricos para impulsionar a recuperação econômica do país.

Fotografia em preto e branco. Em um local aberto, dezenas de homens enfileirados empurram carrinhos de mão carregados com um material arenoso. Eles vestem boinas ou chapéus, camisas claras, coletes ou casacos escuros e de manga comprida, calça e sapatos escuros. Atrás dessa fila, há outros homens que trabalham e, em terceiro plano, uma floresta de árvores com folhas verde escuro compõe a paisagem.
Trabalhadores estadunidenses em São Francisco, no estado da Califórnia. Fotografia de 1934. Grande parte da população desempregada foi trabalhar na construção ou no reparo de rodovias, canais e outras obras públicas.

O totalitarismo na Europa

A crise nos Estados Unidos provocou a redução drástica dos capitais estadunidenses investidos na recuperação dos países europeus afetados pela guerra. A crise econômica e o desemprego em massa se instalaram nesses países.

Cresceram, assim, as críticas à política econômica liberal conduzida até então, incapaz de conter a crise, e a Europa passou a viver uma profunda polarização política. De um lado, trabalhadores, ativistas políticos e intelectuais denunciavam o capitalismo como responsável pela crise e pregavam a revolução socialista. De outro, setores da classe média e a grande burguesia, preocupados com a iminência de uma revolução, apoiaram propostas autoritárias.

Foi nesse contexto que se instalaram regimes totalitários na Europa: o fascismo, na Itália; e o nazismo, na Alemanha, exercendo influência em diversos outros países. O totalitarismo se caracteriza pelo uso extremo do poder e da autoridade e pela instalação de um regime em que a vontade do grupo governante se confunde com o próprio Estado. Além disso, as relações sociais, a produção cultural, intelectual, jornalística e educacional são rigidamente controladas para que sigam as diretrizes impostas pelo Estado.

Fotografia em preto e branco. Dentro de um galpão amplo, com vigas horizontais, há um teto de telhas por onde entra alguma luz. Em primeiro plano, no canto superior esquerdo, uma construção abriga pessoas em pé. No perímetro do galpão, no terceiro plano superior, sobre uma construção com amplas janelas verticais e uma entrada central, dezenas de pessoas sentadas olham para baixo, onde centenas estão reunidas. Elas estão voltadas para um homem no canto inferior direito, que se destaca da multidão por estar em posição elevada.
Ocupação de fábrica em Turim, na Itália, em 1920. A fotografia foi feita durante o chamado Biennio Rosso (Biênio Vermelho), ocorrido entre 1919 e 1921. A crise econômica e o exemplo da tomada de poder pelos trabalhadores na Revolução Russa fortaleceram os movimentos de trabalhadores em muitos países europeus.
Ícone. Sugestão de vídeo.

CONCORRÊNCIA desleal. Direção: étore iscóla. Itália, 2001. Duração: 113 minutos O filme mostra a relação de dois vendedores que têm loja de roupas na mesma rua na época da ascensão do fascismo na Itália.

A ascensão do fascismo na Itália

Após a Primeira Guerra Mundial, assim como em outros países da Europa, a economia da Itália se deteriorou. Empresas fecharam suas portas e o desemprego atingiu níveis altíssimos. Além disso, a sociedade italiana enfrentava o drama das perdas humanas na guerra: 500 mil mortos e 400 mil mutilados.

De um lado, a crise do pós-guerra e o fortalecimento das organizações operárias fizeram avançar as propostas socialistas, influenciadas pela Revolução Russa. Do outro, desempregados, ex-combatentes e antigos socialistas fundaram o Fasci di Combattimento, grupo paramilitarglossário liderado por Benito Mussolini. O movimento combatia os comunistas, a democracia liberal e as organizações operárias.

Em outubro de 1922, os fascistas promoveram a Marcha sobre Roma. Pressionado, o rei convocou o líder fascista (a partir daí conhecido como o Duce, “o Condutor”) a ocupar o cargo de primeiro-ministro.

Como chefe de governo, Mussolini extinguiu os partidos políticos de oposição, censurou a imprensa e criou uma polícia política para vigiar e punir os opositores do regime.

Escultura. Objeto dourado de forma cilíndrica, com a base inferior arredondada, com hastes finas verticais enfeixadas. À direita, atrelado ao feixe, um machado na vertical.
Fascio italiano, da década de 1930. Principal símbolo do fascismo, referia-se ao feixe de varas usado pelos oficiais da Roma antiga, responsáveis pelas execuções da justiça.
Fotografia em preto e branco. Vista geral de local aberto, com milhares de pessoas em segundo plano. Elas estão voltadas para uma sacada no alto de um prédio, onde há um homem visto da cintura para cima. Ele usa boina escura e jaqueta militar de manga comprida; seus braços estão apoiados sobre o parapeito. Ele olha para as pessoas e está sorrindo. Atrás dele, uma bandeira hasteada, cuja forma não é possível observar.
Mussolini se dirige à multidão em Roma, na Itália. Fotografia de 1936. A ascensão de Mussolini e do fascismo na Itália teve o apoio da grande burguesia, do rei e de setores da classe média urbana.
Na Alemanha: antecedentes

A república alemã foi proclamada em novembro de 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, e foi resultado de uma revolução conduzida por socialistas e liberais. O novo governo, conhecido como República de Weimar, pôs fim à guerra e negociou a paz com os vencedores.

Em 1919, houve uma conferência de paz em que, sem a presença dos países derrotados, foi assinado o Tratado de Versalhes, o qual definia a situação dos países envolvidos na guerra. O documento, considerado humilhante pelos alemães, declarava a Alemanha responsável por todos os danos causados aos países vencedores e impunha a ela uma “paz punitiva”.

Entre outras punições, a Alemanha perdeu partes de seu território e suas colônias, foi obrigada a reduzir suas fôrças armadas e seus armamentos e teve de pagar elevada quantia a título de reparação aos países vencedores.

A fim de efetuar os pagamentos estabelecidos pelo tratado, o governo de Weimar assumiu enormes dívidas, principalmente com os Estados Unidos. Essa situação deixou a economia alemã extremamente frágil e dependente dos capitais estrangeiros.

As dificuldades econômicas acirraram os problemas sociais na Alemanha: desemprego, concentração de renda, empobrecimento da classe média e das classes trabalhadoras.

Fotografia em preto e branco. Dois cestos grandes estão sobre o chão. Em um deles, à esquerda, há repolhos; dentro do outro, há muitas cédulas de dinheiro. Atrás deles, uma mulher sentada de cabelos lisos e presos, de camisa clara e vestido escuro, recebe notas de dinheiro. De frente para ela, há outra mulher em pé, de cabelos claros, blusa de mangas compridas escura, uma saia longa e avental. Ela segura um repolho com a mão esquerda, junto ao corpo; com a mão direita, leva uma cesta com cédulas de dinheiro, e entrega uma parte delas à mulher sentada. À direita delas, há um caixote com frutas e, mais à direita, um senhor olha para a esquerda, observando a negociação entre elas. Ele tem cabelos claros, usa boina, camisa clara, colete, calça e sapatos escuros.
Mulher compra repolho na Alemanha no início dos anos 1920. Observe que ela leva cédulas de dinheiro em uma cesta, pois a moeda alemã havia desvalorizado tanto que era necessária uma enorme quantidade de cédulas para as menores compras.
O Partido Nazista na Alemanha

A crise econômica e social que atingia a Alemanha durante a República de Weimar, combinada com ressentimentos nacionalistas, criou o cenário ideal para a fundação, em 1919, do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, o Partido Nazista. A doutrina nazista, articulada politicamente em torno do partido, proclamava a superioridade do que eles chamavam de “raça arianaglossário ”, da qual os alemães supostamente teriam se originado.

Os nazistas procuravam explorar o sentimento nacionalista da população alemã, abalada com os resultados da guerra. Prometendo resgatar a honra nacional, defendiam a destruição dos principais inimigos da Alemanha: externamente, as potências que impuseram o Tratado de Versalhes; internamente, os judeus, acusados de conspirar contra a Alemanha; os comunistas; e o governo republicano e liberal de Weimar, considerado responsável pela derrota alemã na guerra e pela crise econômica. Além disso, a estrutura do partido, fortemente militarizada, simbolizava a ideia de ordem num país desorganizado política, social e economicamente.

A crise de 1929 e a ascensão do nazismo

Inteiramente dependente das exportações e dos empréstimos externos, a Alemanha sofreu as consequências da crise de 1929 e da retirada dos capitais dos Estados Unidos. Muitas indústrias fecharam suas portas, e o desemprego industrial chegou a 44% da população economicamente ativa.

Diante da crise, os grupos socialistas ganharam, mas crescia também o movimento nazista, com um discurso nacionalista e a proposta de unidade nacional.

Para ampliar o apoio popular, os nazistas apresentaram propostas que beneficiavam os trabalhadores do campo e das cidades: reforma agrária sem indenização, nacionalização dos grandes grupos empresariais e participação dos trabalhadores nos lucros das empresas; anulação das dívidas dos agricultores, preços melhores para as colheitas e salários dignos para os operários.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[LOCUTOR 1]: O diário de Anne Frank

[LOCUTOR 2]:

As principais características da ideologia nazista eram o nacionalismo e o racismo. Segundo ela, apenas os arianos eram perfeitos e puros, e o regime comandado por Adolf Hitler deveria proteger seu território eliminando outras raças e grupos sociais considerados inferiores, entre eles, especialmente, os judeus que viviam na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.

Para isso, as forças militares organizaram grandes movimentos de prisão e deportação. Após serem isolados, os judeus eram enviados para campos de concentração e submetidos a trabalhos forçados. Viviam em condições miseráveis, rodeados pela fome e por diversas doenças. Quando não morriam por esses motivos, eram exterminados.

Existem muitos documentos que relatam como foi organizado o processo de perseguição aos judeus na Europa. Um dos mais importantes é o diário escrito por Anne Frank, uma menina alemã judia de 13 anos que morava na Holanda.

Para tentar escapar da ação nazista no território ocupado em 1940, Anne Frank e sua família se abrigaram em um esconderijo no escritório do pai dela, onde permaneceram até agosto de 1944. Nessa data, eles foram descobertos, presos e enviados para o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.

Durante todo o período em que permaneceu escondida, Anne escreveu um diário contando seus pensamentos e apreensões. Como quem fala a uma amiga, escreveu sobre sua rotina, o avanço da guerra e a forma como os judeus foram tratados durante a ocupação da Holanda.

Posteriormente, seus registros, ricos em detalhes, tornaram-se uma fonte muito importante para o estudo do Holocausto e das tentativas de resistência das populações judias que viviam nos territórios ocupados pelos nazistas. O diário de Anne Frank ajudou historiadores e pesquisadores a conhecer mais sobre o cotidiano daqueles que precisaram se esconder para escapar das práticas de extermínio dos estados totalitários.

No trecho a seguir, a garota conta um episódio de como se deu a prisão e a deportação de judeus que viviam na Holanda e não conseguiram escapar das forças nazistas.

[LOCUTORA]:

Quinta-feira, 19 de novembro de 1942.

Querida Kitty,

Dãssel trouxe notícias lá de fora, daquele mundo que abandonamos há tanto tempo. As notícias são tristes. Não se contam os amigos e conhecidos que se foram, para um destino horrível. Noite após noite, os caminhões verdes e cinzentos do exército percorrem as ruas, roncando. Os alemães tocam a campainha de todas as portas, perguntando se há judeus morando nas casas. Se há, toda a família tem que sair imediatamente. Em caso negativo, passam para a casa seguinte. Ninguém tem chance de escapar deles, a não ser que se esconda. Muitas vezes, eles trazem listas e só batem onde sabem que vão encontrar presa certa. Em algumas ocasiões, deixam-nos ir por dinheiro; cobram caro por cabeça.

De noite, no escuro, vejo fileiras de gente boa, inocente, acompanhada de crianças que choram; pessoas maltratadas até quase cair, caminhando sob as ordens de dois desses camaradas valentões. Ninguém é poupado: velhos, crianças, mulheres grávidas, doentes, todos têm que participar da marcha para a morte. Que afortunados somos, tão bem cuidados e sossegados. Não teríamos que nos preocupar com todas essas misérias, não fosse a angústia que sentimos por todas as pessoas queridas a quem não mais podemos ajudar. Sinto remorsos por estar dormindo em uma cama quentinha enquanto tantos amigos queridos são assassinados ou tombam numa sarjeta no frio da noite. Fico apavorada ao pensar nos amigos queridos que caíram nas mãos dos brutos mais cruéis que já surgiram na face da terra. E tudo isso só porque são judeus!

Sua Anne.

[LOCUTOR 1]: O trecho do O diário de Anne Frank, de Anne Frank, foi disponibilizado pela Biblioteca do Exilado e distribuído através da Le Livros.

Cartaz. À direita, um homem de cabelos lisos e bigode pequeno e escuro usa um casaco marrom. Sobre o braço esquerdo, há uma faixa vermelha com o símbolo da suástica em preto sobre fundo circular branco. Ele segura uma menina com as mãos, olha para ela e sorri. Ela tem cabelos curtos e castanhos, tem um laço azul sobre a cabeça e camisa branca, e está com o braço direito voltado para cima, com a mão próxima ao ombro. Abaixo dela, no primeiro plano inferior esquerdo, dois meninos de casaco azul. Um deles olha para o horizonte, altivo; o outro está de costas. Entre eles e a menina, há duas bandeiras com a suástica em preto sobre fundo circular branco. Na parte inferior e superior, textos há escritos em língua alemã.
Cartaz de propaganda do governo nazista produzido em 1934. Na cena, Rítler com crianças da Alemanha.
Os nazistas no poder

A partir dos anos 1930, a campanha nazista já tinha o apoio de industriais, do exército e de grande parte da população alemã. Em julho de 1932, o Partido Nazista venceu as eleições para o Reichstag, o Parlamento alemão. Em janeiro do ano seguinte, Adolf Rítler foi convidado a assumir a chefia do governo alemão. Os nazistas chegavam ao poder.

Menos de um mês depois, os nazistas incendiaram o prédio do Reichstag e responsabilizaram os comunistas. Esse foi o pretexto para decretar estado de emergência, dissolver o Parlamento e prender as principais lideranças de esquerda. Todos os partidos, à exceção do Partido Nazista, foram proibidos. Estava instalada a ditadura nazista na Alemanha.

A ideologia nazista combinava expansionismo, belicismo, nacionalismo e racismo. Dois conceitos fundamentais resumiam seus ideais e davam base às políticas implementadas pelo governo:

  • Pangermanismo: segundo essa tese, o Estado alemão deveria incorporar os territórios de outros países europeus habitados por populações alemãs, formando uma grande nação ariana.
  • Espaço vital: por esse princípio, os povos que os nazistas consideravam “inferiores” deveriam ser dominados, garantindo territórios onde a nação ariana, ou alemã, pudesse se desenvolver plenamente. Esse espaço vital correspondia, em grande parte, à Europa Oriental, incluindo o território soviético.
Fotografia em preto e branco. Um homem de pé dentro de um carro de capota aberta, visto pela frente, da metade para cima. Ele tem cabelos lisos escuros e bigode pequeno. Usa camisa clara, gravata escura, jaqueta militar, uma faixa no braço direito com a suástica preta sobre fundo branco. Sorrindo e com os braços esticados, ele dá as mãos a duas das pessoas que estão ao redor do carro. No entorno, há dezenas de pessoas com as mãos erguidas. No banco de trás do veículo, à direita, um outro homem, de quepe e jaqueta militar, observa a cena, sorrindo.
Alemães tentam se aproximar de Adolf Rítler para cumprimentá-lo durante o Festival da Colheita de 1937, em Nuremberg, na Alemanha.
Ícone. Ilustração de três pessoas e dois balões de fala indicando a seção Em debate.

Em debate

Cidadania e Civismo.

O regime nazista e as pessoas com deficiência

O regime nazista tratou as pessoas com deficiências físicas e mentais como inferiores. A ideologia racista do Terceiro Reich, que buscava uma suposta perfeição ariana, impôs a cultura da exclusão e da morte. Para compreender melhor esse assunto, leia os textos a seguir. Depois, faça o que se pede na atividade.

A política de esterilizaçãoglossário compulsória e de eutanásiaglossário dos deficientes físicos e mentais foi considerada parte integrante do programa de solução final da questão social, tendo sido abraçada por círculos acadêmicos formados por médicos e juristas como um meio para a redução da pobreza. Deficientes físicos e mentais foram submetidos a um genocídio organizado em escala industrial. reticências

O programa de eutanásia dos deficientes físicos e mentais vigorou oficialmente de 1939 a 1941 [...].

reticências O número de vítimas ainda pode ter sido, de acordo com o Processo dos Médicos de Nurembergue, de 1947, de cêrca de duzentas e setenta e cinco mil pessoas, incluindo os deficientes físicos e mentais executados para liberar leitos hospitalares nas regiões ocupadas da Europa Oriental. Os encarregados da eutanásia de deficientes físicos e mentais tornaram-se posteriormente especialistas em assassinatos em massa nos campos de extermínio da Europa Oriental.

ALBUQUERQUE, Roberto Chacon de. A Lei de Prevenção de Doenças Hereditárias e o programa de eutanásia durante a Segunda Guerra Mundial. Revista cê é jóta , Brasília, Distrito Federal, ano doze, volume 12, número 40, página 44-49, janeiro a março 2008.

Leia agora o que estabelece a Constituição do Brasil no que diz respeito aos direitos das pessoas com deficiência.

Artigo 23. É competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios:

segundo – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; reticências

Artigo 24. Compete à União, aos estados e ao Distrito Federal legislar reticências sobre:

décimo quarto – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; reticências

Artigo 227.

segundo – O Estado promoverá criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as fórmas de discriminação.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Distrito Federal: Presidência da República, 5 outubro 1988. Disponível em: https://oeds.link/C1SWga. Acesso em: 3 março 2022.

Qual é a principal diferença entre a política adotada pelo regime nazista na Alemanha e a adotada pelo Estado brasileiro em relação às pessoas com deficiência? Justifique.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

  1. Em seu caderno, ordene corretamente as sentenças a seguir para que resultem, ao final, em uma pequena síntese do período do entreguerras. Em seguida, crie mais uma sentença para finalizar o texto.
    1. Nos Estados Unidos, a Primeira Guerra marcou o início de uma década de prosperidade, euforia de consumo, especulação financeira e exaltação do modo de vida americano.
    2. O elevado consumo e a riqueza dos investidores tinham bases frágeis, pois o alto valor das ações não correspondia à situação real das empresas. Em 1929, o sistema bancário quebrou, empresas faliram e milhões de pessoas perderam seus empregos.
    3. A Grande Depressão espalhou-se pelas economias capitalistas do mundo e atingiu seriamente os países europeus, muito dependentes dos capitais e do mercado estadunidenses. Na Alemanha, como alternativa para a crise econômica e social, adotou-se o regime nazista.
    4. Os países europeus saíram da Primeira Guerra Mundial abalados pelos custos materiais e humanos causados pelos combates. Particularmente a Alemanha e alguns países do antigo Império Austro-Húngaro viviam, além das dificuldades econômicas, uma intensa radicalização política, que acenava para o perigo da revolução bolchevique.
  2. Em relação à Grande Depressão:
    1. Explique no que consistiu.
    2. Qual foi a relação entre a quebra da Bolsa de Nova iórque em 1929 e a crise econômica nos países europeus na década de 1930?
  3. De que maneira os Estados Unidos recuperaram a sua economia na década de 1930?
  4. Em 2008, uma crise financeira de grandes proporções eclodiu nos Estados Unidos e espalhou-se pelo mundo, atingindo principalmente a Europa. Semelhante à quebra da Bolsa em 1929, a crise de 2008 foi gerada no mercado de hipotecas, pois, desde 2005, empréstimos para a compra de imóveis, feitos sem regulamentação, vinham aquecendo o setor financeiro e imobiliário do país. Como as pessoas não conseguiam pagar as dívidas contraídas para adquirirem seus imóveis, inúmeras famílias foram despejadas e mais imóveis foram colocados à venda, reduzindo drasticamente seu valor de mercado e levando várias instituições bancárias à falência. Com base nessas informações, elabore, no caderno, um quadro semelhante ao reproduzido a seguir e complete-o com as afirmativas que se referem à crise de 1929, à de 2008 e a ambas.
  1. Teve início nos Estados Unidos.
  2. Comprometeu a economia europeia.
  3. Está associada à especulação financeira e à ausência de regulamentação do setor bancário.
  4. Está relacionada à superprodução, principalmente industrial.
  5. O mercado imobiliário aparece como o principal fator de origem da crise.
  6. Gerou desemprego e muitos outros problemas sociais.
  7. Evidenciou o caráter internacional da economia capitalista.

5. Resuma as principais características dos regimes totalitários.

CAPÍTULO 6  A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Em 1939, grande parte do mundo estaria, novamente, envolvida em uma guerra. Mas a política expansionista de alguns países era bem anterior a essa data.

Na Itália, o governo de Mussolini implantou um programa de modernização para conquistar novos territórios, começando pela África. Na Alemanha, Rítler passou a desafiar as proibições do Tratado de Versalhes e a se preparar para uma expansão territorial, ampliando a indústria bélica e o efetivo militar alemães. Em 1935, Rítler rompeu com o Tratado de Versalhes e retirou o país da Liga das Nações. Em 1936, Itália e Alemanha formaram o Eixo Roma-Berlim.

O Japão saiu da Primeira Guerra como a maior potência militar do Extremo Oriente. Os primeiros marcos da expansão japonesa foram a invasão da província chinesa da Manchúria, em 1931, e o avanço sobre o território chinês até Xangai. Os expansionismos nazifascista e do Japão aproximaram os governos dos três países.

Fotografia. Em um local aberto de solo bege, há diversas filas com centenas de homens vestindo trajes militares com luvas brancas. Ao fundo, várias bandeiras hasteadas. Algumas, de cor branca com círculo vermelho no centro, simbolizam o Japão. Outras têm tons de bege e faixas na horizontal em branco e preto, ocupando o canto superior esquerdo da bandeira. Em segundo plano, tendas brancas com faixas verticais em vermelho. Mais ao fundo, local com árvores de folhas verdes e construção grande em marrom-claro. No alto, céu azul-claro.
Tropas japonesas na Manchúria. Fotografia de 1932. Em 1937, Itália, Alemanha e Japão se juntaram no Pacto Anticomintern, constituído para barrar o avanço do comunismo e da União Soviética. Anos depois, já com a guerra em andamento, o Japão se aliaria ao Eixo.

O caminho sem volta

Em 1938, as fôrças alemãs ocuparam a Áustria, anunciando o ánchluss, ou seja, a anexação da Áustria à Alemanha. O próximo passo do governo da Alemanha nazista foi mobilizar tropas para a fronteira com a Tchécoslováquia, com a intenção de anexar os Sudetos, região do território tcheco habitada por maioria alemã.

A ameaça contra a Tchecoslováquia levou os governos da Alemanha, da Itália, da França e da Grã-Bretanha a se reunirem na Conferência de Munique, em 1938. O encontro estabeleceu a anexação dos Sudetos à Alemanha. Um ano depois, Rítler apossou-se do restante do território tcheco e a Eslováquia declarou sua independência e alinhou-se aos nazistas.

Enquanto os países do Eixo expandiam suas fronteiras, muitos governos europeus (principalmente da Grã-Bretanha e da França) mantinham-se neutros. Para os países capitalistas, o anticomunismo de Rítler era conveniente, na medida em que parecia protegê-los do “perigo soviético”.

Diante dessa situação, o ditador Joséf istálin, sabendo que, no caso de uma guerra, a União Soviética enfrentaria sozinha a Alemanha nazista, estabeleceu negociações secretas com Rítler, visando evitar o confronto. O resultado da aproximação entre Rítler e istálin foi o Pacto Nazi-Soviético de Não Agressão, assinado em 1939. Pelo acordo, alemães e soviéticos dividiriam a Polônia, e a União Soviética recuperaria territórios perdidos ao final da Primeira Guerra.

Fotografia em preto e branco. Um carro de capota aberta passa na rua. Um homem em trajes militares está dentro dele, em pé, com a mão esquerda para cima, luva escura e um capacete redondo sobre a cabeça, acenando. Na parte de trás do carro, um homem sentado, de capacete, sorri. À direita, na rua, há homens e mulheres com o braço direito erguido: alguns deles seguram pequenas bandeiras com o símbolo da suástica em preto sobre fundo circular branco; outras apenas esticam a mão esquerda para frente, fazendo a saudação nazista. Muitas estão com as bocas abertas, dizendo algo. Elas usam casacos de mangas compridas, a maioria em tons escuros. Em segundo plano, há uma construção vista parcialmente, com as janelas abertas.
Populares saúdam fôrças nazistas em Salzburgo, na Áustria. Fotografia de março de 1938.

A invasão da Polônia: o início da guerra

Após a invasão da Tchecoslováquia, os governos da França e da Grã-Bretanha assinaram um acordo com a Polônia que lhe garantia todo apoio possível no caso de uma invasão alemã. Rítler, contudo, confiante de que franceses e britânicos não iriam à guerra, ordenou a invasão da Polônia, que ocorreu em 1º de setembro de 1939. No entanto, dois dias depois, Grã-Bretanha e França declararam guerra à Alemanha, dando início à Segunda Guerra Mundial.

A ocupação nazista na Polônia foi devastadora. Em um ano, cêrca de 400 mil poloneses foram levados à Alemanha para trabalhar em regime de semiescravidão. Além disso, os alemães aplicaram com ferocidade, na Polônia ocupada, a política nazista da “solução final”, ou seja, de extermínio dos judeus. Para isso, isolaram os judeus em guetos e construíram campos de concentração, onde os prisioneiros, a maior parte judeus, mas também comunistas, ciganos e homossexuais, realizavam trabalhos forçados e eram executados. Estima-se que 6 milhões de judeus foram mortos nos campos de extermínio que os nazistas criaram em vários países ocupados, sobretudo na Polônia.

“Holocausto” é uma palavra de origem grega que significa “sacrifício pelo fogo”. O significado moderno do Holocausto é o da perseguição e extermínio sistemático, apoiado pelo governo nazista, de cêrca de seis milhões de judeus. reticências

Durante o Holocausto as autoridades alemãs também destruíram grandes partes de outros grupos considerados “racialmente inferiores”: os ciganos, os deficientes físicos e mentais e eslavos (poloneses, russos e de outros países do leste europeu). Outros grupos eram perseguidos por seu comportamento político, ideológico ou comportamental, tais como os comunistas, os socialistas, as Testemunhas de Jeová e os homossexuais.

INTRODUÇÃO ao holocausto. In: ENCICLOPÉDIA do holocausto. uóshinton, DC, [2000]. Disponível em: https://oeds.link/gJQApT. Acesso em: 3 março 2022.

Fotografia. Sete pessoas vistas de costas ou de perfil, com casaco de frio de cores escuras; algumas têm fones de ouvido sobre as orelhas. Ao fundo e acima, um painel com dezenas de retratos em preto e branco. Os retratados estão de frente, a 45 graus ou de perfil, usam trajes listrados ou acinzentados; alguns usam lenços ou bonés sobre a cabeça.
Visitantes observam fotografias de prisioneiros no Museu de Auschwitz, localizado no antigo campo de concentração na Polônia. Fotografia de 2020.

O avanço do Eixo

Os combates entre os Aliados (liderados pela França e pela Grã-Bretanha) e as fôrças do Eixo começaram, de fato, em 1940, quando os alemães partiram para a conquista da Escandinávia, no norte da Europa. A campanha da Escandinávia foi rápida e, em maio de 1940, Noruega e Dinamarca já estavam ocupadas pelas fôrças alemãs.

Enquanto as tropas ainda lutavam na Noruega, Rítler iniciou a operação para a conquista da França. Para atingir esse objetivo, os alemães direcionaram tropas para os territórios belga e holandês, atraindo para lá boa parte das fôrças franco-britânicas. A estratégia deu certo. Enquanto um efetivo importante das tropas aliadas era cercado pelos alemães ao norte, na Bélgica, outra parte dos blindados alemães invadiu a França por Luxemburgo e chegou ao Canal da Mancha.

As tropas aliadas, divididas, foram incapazes de evitar a conquista da França. Em junho, as tropas nazistas tomaram Paris e hastearam sua bandeira, com o símbolo da suástica, no topo da Torre Eiffel.

Ainda em junho de 1940, Mussolini entrou na guerra ao lado da Alemanha e avançou para o norte da África. Nessa região, o socorro enviado pela Alemanha poupou os italianos de uma derrota total contra os ingleses.

Na Europa, as ações seguintes dos alemães aconteceram na região dos Bálcãs, importante fornecedora de petróleo e trigo para a Alemanha. As tropas nazistas entraram na Romênia e na Bulgária para consolidar o apoio de seus respectivos governos às fôrças do Eixo. Em abril de 1941, os nazistas ocuparam a Grécia e a Iugoslávia.

Fotografia em preto e branco. Céu com muitas nuvens e dezenas de aviões em pleno voo, para o lado direito da fotografia. Os aviões têm bicos e asas arredondados e hélices pequenas. Na cauda, levam o símbolo da suástica em preto sobre fundo claro. Cada avião é identificado com uma letra maiúscula, como E, F e G.
Aviões alemães em ação durante a Segunda Guerra Mundial. Fotografia de 1940. Os alemães utilizaram uma estratégia conhecida como blitzkrieg (guerra-relâmpago), que consistia em ataques aéreos coordenados que bombardeavam instalações militares e destruíam as linhas de comunicação inimigas. Na sequência, ofensivas de divisões de blindados, com o apoio da artilharia e da infantaria, garantiam o rápido avanço nos territórios invadidos.
A invasão da União Soviética

Em meados de 1941, boa parte da Europa estava nas mãos dos nazistas ou de governos que os apoiavam. Rítler podia, então, voltar-se para a União Soviética.

O governo soviético mantinha uma política de neutralidade enquanto as tropas nazistas ocupavam a Europa. Confiante no Pacto de Não Agressão assinado com a Alemanha, istálin acreditava que a União Soviética estava segura, apesar do alerta feito pela rede de espionagem soviética. Houve um erro de cálculo, e a invasão ocorreu de surpresa. Assim, em 22 de junho de 1941, o exército alemão cruzou as fronteiras da União Soviética.

A invasão da União Soviética, conhecida como Operação Barbarossa, tinha como objetivos principais derrotar o comunismo soviético e controlar os recursos do país, em particular o petróleo e a produção industrial. Os alemães avançaram rapidamente no território soviético e, em setembro, chegaram a Leningrado.

Contudo, já ao final de 1941, a campanha alemã começou a se complicar. Em Moscou, os alemães sofreram diante do Exército Vermelho, sua primeira grande derrota e foram obrigados a recuar. A Operação Barbarossa, que deveria terminar antes do inverno, prosseguiu. Os nazistas tiveram de travar no território soviético uma guerra muito mais prolongada do que Rítler havia previsto.

A GUERRA NA EUROPA EM 1942

Mapa. A guerra na Europa em 1942. 
Legenda: 
Marrom: Alemanha em 1939. 
Verde: Territórios anexados pela Alemanha. 
Amarelo: Ocupação militar alemã de março de 1939 a junho de 1941. 
Lilás: Ocupação militar alemã de junho de 1941 a novembro de 1942. 
Laranja: Países aliados e satélites da Alemanha. 
Verde-claro: Países adversários da Alemanha. 
Linha horizontal verde: Frente de batalha do Leste em novembro 1942. 
Espaço em branco: Países neutros.
A Alemanha, em 1939, era um território não contíguo, separado pelo Corredor Polonês, que garantiu à Polônia saída para o mar Báltico, ao norte do país. A capital alemã em 1942 era a cidade de Berlim. 
Os territórios anexados pela Alemanha, em 1938 foram a Áustria, a sudeste da Alemanha; e os Sudetos, a leste.
Entre março de 1939 e junho de 1941, a Alemanha havia ocupado a França, com capital em Paris, a Bélgica, os Países Baixos, a Polônia, a Iugoslávia, a Grécia e a Noruega. 
Entre junho de 1941 a novembro de 1942, a Alemanha ampliou ainda mais o território ocupado, anexando regiões do Leste europeu: a Ucrânia, a Bielorrússia, o extremo norte da Tunísia, os países bálticos e a parte ocidental da União Soviética, até a cidade de Stalingrado, o ponto mais a leste de domínio alemão.  
Em 1942, os países aliados e satélites da Alemanha eram a República Francesa de Vichy (na porção sul da França atual), a Itália, com capital em Roma, a Croácia, a Albânia, a Bulgária, a Hungria, a Eslováquia e a Finlândia.  
Os países adversários da Alemanha eram Reino Unido, Chipre, e União Soviética, onde estão localizadas as cidades de Moscou e Leningrado, que atualmente é chamada de São Petersburgo.  
Em novembro de 1942, a frente de batalha do Leste era uma linha que separava, de Norte a Sul do continente europeu, a Finlândia, os Países Bálticos e a Bielorrúsia da União Soviética.
Os países neutros na guerra eram Portugal, Espanha, Suíça, Irlanda, Islândia, Suécia e Turquia.
Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 410 quilômetros.

Elaborado com base em dados obtidos em: Chalhán, Gerrár; Rajô, Jan Piérre. Atlas stratégique. Paris: Complexe, 1988. página 39.

A ofensiva aliada

No Pacífico, o Japão estava em guerra com a China desde 1937. Em junho de 1941, os japoneses ocuparam também o sul da Indochina, causando forte reação dos Estados Unidos, que tinham muitos interesses econômicos e estratégicos na região.

O governo japonês, disposto a afastar a influência dos Estados Unidos na Ásia, ordenou o ataque à base militar estadunidense de Pearl Harbor, no Havaí. No dia seguinte, o Congresso dos Estados Unidos votou pela declaração de guerra contra o Japão. Em seguida, a Alemanha e a Itália, aliadas do Japão, declararam guerra aos Estados Unidos.

A entrada dos Estados Unidos na guerra acabou envolvendo muitos países, entre eles o Brasil e o México, fortalecendo o bloco dos Aliados. Na Europa, Bulgária, Hungria e Romênia, aliados da Alemanha, declararam guerra aos Estados Unidos.

A ofensiva aliada começou na Ásia, na Batalha de Midway, em junho de 1942. Os japoneses, decididos a controlar o Pacífico, atacaram a base militar estadunidense de Midway. O ataque foi desastroso para o Japão, que perdeu quase 4 mil homens e 332 aviões. A partir de 1943, a aviação e a marinha dos Estados Unidos retomaram aos poucos os territórios ocupados pelos japoneses: ilhas Marshall, Marianas, Filipinas e outras ilhas da região do oceano Pacífico.

Na União Soviética, depois da derrota em Moscou, a ofensiva nazista voltou-se para a conquista do petróleo russo do Cáucaso. Nessa campanha, a batalha decisiva foi travada em istalingrado, cidade de grande importância estratégica e política para alemães e soviéticos. O conflito terminou em 1943, com a rendição total do 6º exército nazista e um saldo de 1,5 milhão de mortos de ambos os lados.

Fotografia em preto e branco. Vista de um local com neve sobre o solo. À esquerda, dezenas de homens caminham para frente, enfileirados. Eles têm cabelos escuros, estão vestidos com jaqueta, calça e sapatos; sobre a cabeça, usam gorros. Em segundo plano, ao centro, casas com neve sobre o teto.
Prisioneiros de guerra alemães na cidade de istalingrado, na União Soviética. Fotografia de 1943.
A última fase da guerra

Depois do fracasso alemão em território soviético, o Exército Vermelho iniciou o avanço em direção a Berlim, capital do Reich, retomando no caminho os territórios ocupados pelos nazistas no leste da Europa.

Na outra frente da guerra, a ofensiva das tropas britânicas e estadunidenses começou com a expulsão de alemães e italianos do norte da África. Essa vitória facilitou a invasão da Itália em 1943 e a derrubada de Mussolini.

No dia 6 de junho de 1944 (o chamado Dia ), cêrca de 160 mil soldados, com o apoio de 6 mil navios e 5 mil aviões, desembarcaram na costa da Normandia, região costeira da França, abrindo uma nova frente da guerra. Aos poucos, os Aliados libertaram a França, a Bélgica e a Holanda e ocuparam o lado oeste da Alemanha.

Em abril de 1945, os exércitos soviéticos entraram nos subúrbios de Berlim e venceram as defesas alemãs. No final de abril, Rítler e sua companheira, êva bráun, se suicidaram, exemplo seguido por outros líderes nazistas. Nesse mesmo mês, o grande aliado de Rítler, Mussolini, foi capturado e executado pelos partisansglossário . Em 2 de maio, os soviéticos tomaram Berlim e hastearam a bandeira vermelha no alto do Reichstag. Cinco dias depois, a Alemanha se rendeu incondicionalmente.

No Pacífico, a guerra continuou. A resistência japonesa e a intenção de exibir a fôrça militar dos Estados Unidos levaram o governo estadunidense a lançar, no dia 6 de agosto, uma bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima, matando indiscriminadamente milhares de pessoas. No dia 9 do mesmo mês, foi a vez de Nagasaki. Diante de uma arma tão devastadora, o governo japonês assinou a rendição.

Fotografia. Vista geral de espaço aberto cheio de pedaços de madeira, em marrom e bege, no solo. Ao centro, entre os destroços, soldados, de costas para a foto, caminham. Em segundo plano, muros em tons de cinza e bege. Em terceiro plano, vê-se o topo de construções, como uma igreja de torre alta e telhados de edifícios parcialmente destruídos.
Soldados estadunidenses limpam destroços na cidade de Saint-Lô, na Normandia, França. Fotografia de 1944.
Ícone. Sugestão de site.

SEGUNDA Guerra em revista. Disponível em: https://oeds.link/e4qHFF. Acesso em: 4 março 2022. Exposição virtual sobre a Segunda Guerra Mundial organizada pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo.

Ícone. Ilustração de uma lupa sobre uma folha de papel amarelada com a ponta superior direita dobrada, indicando a seção Documento.

Documento

Ciência e Tecnologia.
Cidadania e Civismo.

A destruição de Hiroshima

No dia 6 de agosto de 1945, às 8h15 da manhã no horário local, os Estados Unidos lançaram sobre a cidade japonesa de Hiroshima uma bomba atômica, provocando uma onda de choque que devastou completamente a cidade. cêrca de 80 mil pessoas morreram instantaneamente, e outras milhares morreram dias após a explosão. Ainda hoje, pessoas sofrem com doenças e alterações genéticas causadas pela radiação no Japão.

Fotografia em preto e branco. Vista do alto de uma cidade ordenada, com uma rua na parte inferior, e muitas construções de diversos tamanhos. Destaque para um templo de torre alta e, à frente dele, construções com placas que estampam caracteres japoneses. Mais ao fundo, há casas próximas umas das outras. Em segundo plano, morros ladeiam a cidade. Sobre uma construção retangular, a aplicação de um círculo vermelho e linha pontilhada ligada ao texto: 'Note que toda a área mostrada na fotografia está coberta por construções. A maior parte delas, provavelmente, era de residências.' Sobre a fachada de uma construção com uma placa com caracteres japoneses, a aplicação de um circulo vermelho e linha pontilhada ligada ao texto 'Além de residências, Hiroshima concentrava diversos serviços e comércio. Podemos imaginar, portanto, que a cidade era repleta de vida.'
Cidade de Hiroshima, no Japão, em 1945, antes da explosão da bomba atômica.

1. A bomba atômica explodiu em Hiroshima cêrca de 600 metros acima do solo. O objetivo era potencializar a destruição, mas, como o choque foi de cima para baixo e não horizontalmente, algumas construções ficaram em pé, ainda que em ruínas. Observe as duas fotografias desta seção e identifique as marcas urbanas que sobreviveram na cidade.

Fotografia em preto e branco. Vista do alto de cidade com rua do lado direito. Há muitos destroços no chão, e quase não há construções. Existem apenas três edifícios em ruínas, incluindo um templo com uma torre destroçada, uma casa de dois andares e uma terceira construção, vista de maneira parcial. Em segundo plano, morros ladeiam a cidade. Sobre as ruínas do templo, a aplicação de um círculo vermelho e linha pontilhada ligada ao texto: 'Observe este templo e procure identificá-lo na fotografia anterior. Perceba que é uma das poucas construções que permaneceram em pé após a explosão.' Sobre o terreno destruído, a aplicação de um círculo vermelho e linha tracejada ligada ao texto: 'A bomba atômica devastou toda a área em um raio de dez quilômetros a partir do centro da explosão. Noventa por cento dos edifícios foram danificados ou destruídos pelo impacto.'
Hiroshima após a explosão da bomba atômica, no final de 1945.
  1. A partir do que observamos nas imagens, quais efeitos você acredita que a bomba atômica causou à cidade, tanto no instante da explosão quanto mais tarde, em decorrência da radiação?
  2. As bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki pelos Estados Unidos atingiram milhares de civis: homens e mulheres, idosos e crianças. E isso aconteceu quando a guerra estava praticamente terminada. Discuta com um colega: vocês consideram que, se houvesse um organismo internacional que mediasse os conflitos entre as nações, uma ação como essa poderia ter sido impedida, limitada ou punida? Justifiquem sua opinião e a registrem no caderno.
Cidadania e Civismo.

O cotidiano dos civis durante a guerra

Na Segunda Guerra Mundial, os habitantes das nações mais desenvolvidas conviviam diariamente com a destruição e a morte. A população urbana aprendeu a obedecer aos toques de recolher. Muitas simulações de ataque inimigo eram feitas para que todos soubessem como agir caso houvesse um ataque real.

Em razão do cerco inimigo ou dos bombardeios, os civis também sofriam com a falta de alimentos, água, combustíveis, eletricidade, remédios, artigos de higiene e limpeza, entre muitas outras privações.

A violência da guerra e as privações, porém, não paralisaram toda a população. Na Europa dominada pelos nazistas, uma parcela da população civil entrou na luta contra a ocupação alemã ou contra os governos colaboradores das fôrças do Eixo. A resistência ia de ações mais espontâneas, como a dos dinamarqueses que se retiravam dos bares assim que entrava um oficial alemão, a atos de sabotagem e ataques armados às divisões alemãs.

Entre outubro de 1941 e novembro de 1942, greves se generalizaram pela França, pela Bélgica, pela Holanda, pela Dinamarca e por Luxemburgo, acompanhadas, em alguns desses países, da recusa ao Serviço do Trabalho Obrigatório.

Na França, os grupos partisans atacavam soldados e oficiais alemães, bloqueavam estradas, sabotavam ferrovias e organizavam a fuga de pessoas perseguidas pelos nazistas.

A vida nos guetos

No início da Segunda Guerra Mundial, os judeus foram confinados em guetos e nas áreas ocupadas pelos nazistas. Os guetos eram localidades fechadas e fortemente policiadas, para onde todos os judeus eram forçados a se mudar.

Fome e doenças eram comuns nesses locais, devido à escassez de alimentos e às restrições impostas à circulação e ao acesso. Apesar das condições precárias, os guetos mantinham vida cultural e intelectual ativa em seu interior, com a publicação de jornais e a realização de concertos. Essas atividades eram uma fórma de resistir e manter a dignidade humana mesmo em um cenário tão sombrio.

Fotografia em preto e branco. À direita, vista parcial de um adulto voltado para um grupo de dezenas de crianças, à esquerda dele, com os braços erguidos e de frente para ele. A maioria são meninos de cabelos lisos, de blusa de mangas compridas e alguns usam boina sobre a cabeça.
Crianças russas esperam receber comida oferecida por um soldado alemão, na Segunda Guerra Mundial. Fotografia de cêrca de 1941.
Ícone. Sugestão de vídeo.

A MENINA que roubava livros. Direção: bráian pêrcival. Alemanha/Estados Unidos, 2014. Duração: 131 minutos Filme sobre a história de uma jovem que procura sobreviver aos horrores da Segunda Guerra Mundial.

O mundo depois da guerra

Ao terminar a guerra, a Europa estava em ruínas. Importantes cidades, como istalingrado e Kiev, na União Soviética, Berlim, na Alemanha, e Varsóvia, na Polônia, foram destruídas pelos bombardeios. cêrca de 60 milhões de pessoas morreram na guerra, 20 milhões somente na União Soviética.

A guerra destruiu pontes, estradas de ferro, hospitais, escolas e monumentos de grande valor histórico, como o Mosteiro de Monte Cassino, na Itália.

A fôrça militar da União Soviética favoreceu, no pós-guerra, a expansão de sua influência no leste da Europa. Os Estados Unidos assumiram a reconstrução da Europa Ocidental e ampliaram sua influência na região. Sobre os escombros da velha Europa, nasceu um mundo dividido: de um lado, os países socialistas, liderados pela União Soviética; de outro, os países do bloco capitalista, liderados pelos Estados Unidos.

O ataque à cidade de Dresden

Na madrugada de 13 para 14 de fevereiro de 1945, consumou-se um dos atos mais condenáveis da ação aliada na guerra. A cidade alemã de Dresden, principal cidade da região da Saxônia e um dos mais belos centros da arte barroca na Europa, foi bombardeada por mais de 800 aviões da coalizão aliada. Quando o dia raiou, 311 aviões bombardeiros dos Estados Unidos voltaram a atacar o que restava da cidade. E não havia justificativas para a destruição de Dresden, pois não existia ali concentração de tropas, fábrica de material bélico nem qualquer outra atividade que justificasse minimamente tamanha destruição.

Fotografia em preto e branco. Vista geral de cidade destruída. À direita, um morro feito de destroços de construções, com vigas verticais e inclinadas. Ao fundo e ao centro, construções em ruínas, e uma torre que permanece de pé. À esquerda e ao fundo, outros edifícios em ruínas. A cena da destruição é dividida por uma linha férrea, por onde passam vagões transportando pessoas. Próximas ao trem, pessoas na plataforma observam ou embarcam nele. Sobre o morro de destroços, há dois homens vistos de costas com casacos até os joelhos, no canto inferior esquerdo da fotografia.
Cidadãos de Dresden em meio à destruição causada pelos bombardeios das fôrças aliadas na cidade. Fotografia de 1946.
A Organização das Nações Unidas

As enormes perdas humanas, a instabilidade social e política e os prejuízos materiais provocados pela Segunda Guerra Mundial reforçaram a ideia de que era necessário haver uma instituição internacional que pudesse mediar as relações entre os países e evitar as guerras. Essa não era uma ideia nova, mas só se concretizou de fato com a criação da Organização das Nações Unidas (ônu).

Entre abril e junho de 1945 realizou-se em San Francisco, Estados Unidos, a Conferência sobre Organização Internacional. Representantes de 50 países, entre eles o Brasil, discutiram a configuração do que viria a ser a ônu e elaboraram uma carta de princípios, a Carta das Nações Unidas. Leia um trecho:

NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra reticências, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla.

reticências

RESOLVEMOS CONJUGAR NOSSOS ESFORÇOS PARA A CONSECUÇÃO DESSES OBJETIVOS.

CARTA das Nações Unidas: preâmbulo. unicéfi Brasil. [sem local], [2010]. Disponível em: https://oeds.link/cojpDB. Acesso em: 4 março 2022.

Em outubro do mesmo ano, a Carta foi ratificada pela maioria dos países signatários (ou seja, que participaram de sua elaboração), e no início de 1946 foi realizada a primeira reunião da Assembleia Geral da ônu, em Londres. Ali ficou decidido que a séde permanente da organização seria nos Estados Unidos.

A ônu tem como seus principais objetivos manter a paz e a segurança internacionais e possibilitar a cooperação entre todos os países para resolver problemas de caráter mundial. Para isso, é estabelecido como princípio que todos os seus países-membros são iguais e soberanos e que todas as controvérsias internacionais devem ser resolvidas de modo pacífico, sem ameaçar a paz, a segurança e a justiça internacionais.

Fotografia em preto e branco. Em um local fechado, ao redor de uma mesa, há quatro homens sentados, usando ternos escuros; um deles escreve sobre papéis brancos. Sobre a mesa, há placas com nomes de países; em uma delas, é possível ler: Canadá. Ao fundo, há homens e mulheres sentados em cadeiras. A maioria das pessoas observa uma cena à frente deles, que não aparece na fotografia. Ao centro e em destaque, há uma mulher em pé, vista da cintura para cima. Ela tem cabelos escuros, e usa boina redonda sobre a cabeça e blusa de mangas curtas. Ela apoia as mãos sobre a mesa, pendendo o corpo para frente.
Bertha Lutz representou o Brasil na Conferência de San Francisco, em 1945. A inserção na Carta da ônu da igualdade de direitos de homens e mulheres foi uma reivindicação das diplomatas latino-americanas lideradas pela cientista brasileira Bertha Lutz.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

1. Observe a charge a seguir, publicada em 1939. O personagem à direita representa istálin e o personagem à esquerda representa Rítler. A tradução da frase abaixo dos personagens é: “Até quando durará a lua de mel?”.

Charge. Ilustração de dois homens, um ao lado do outro, vistos do joelho para cima, que caminham da direita para a esquerda. O homem à esquerda tem cabelos escuros e lisos, bigode pequeno, veste calça azulada, casaca preta e gola branca, e leva no peito dois símbolos da suástica, um em preto sobre fundo amarelado e outro em vermelho. Ele olha para o outro homem e segura a mão direita dele. O outro homem tem cabelos escuros e bigode farto, usa vestido de noiva branco e, sobre o cabelo, leva um adorno de flores do qual pende um longo véu. Sua mão esquerda carrega um buquê de flores de pétalas amarelas com folhas verdes. Ele sorri. Ao fundo, vegetação com folhas verdes e, à esquerda e abaixo, há um bolo de três andares, onde há uma faixa com símbolos da suástica e outra com símbolos da foice e do martelo.
Berryman, Clifford. Até quando durará a lua de mel? 1939. Charge. Esta charge satiriza o Pacto de Não Agressão, assinado em 1939 por Rítler e istálin.
  1. Identifique a situação histórica à qual a charge faz referência.
  2. Qual é a sátira feita pelo autor da charge?

2. Leia o texto a seguir e discuta a questão proposta em grupo. Registre no caderno as conclusões a que chegarem.

A conferência de paz iniciada em Paris, em janeiro de 1919, e sem a presença dos países derrotados, terminou por produzir um documento destinado a humilhar e arrasar a Alemanha. reticências

Os aliados exigiam a entrega dos poucos territórios coloniais que a Alemanha possuía reticências e de várias fatias do próprio território alemão reticências, uma saída para o mar para a nova Polônia através do chamado “corredor de Dantzig” (hoje guidânsk), que cortava o país em duas partes reticências, a redução do exército reticências em um número não superior a 100 mil homens, a redução drástica do armamento, a quase destruição da marinha reticências, o direito de julgar alguns “responsáveis pela guerra”, a proibição do Anschluss – unificação voluntária da Alemanha e da Áustria – e, por fim, a fixação de pesadas somas a serem estabelecidas em dinheiro e matérias-primas, como reparações de guerra.

ALMEIDA, Ângela Mendes de. A República de Weimar e a ascensão do nazismo. terceira edição São Paulo: Brasiliense, 1999. página 13-14.

  • Há historiadores que consideram o Tratado de Versalhes uma das causas da ascensão do nazismo da Alemanha e, portanto, uma das causas da Segunda Guerra Mundial. Utilizem o que aprenderam neste Capítulo e as informações do texto para argumentar contra essa opinião ou a favor dela.

3. Leia o texto a seguir. Depois, responda à questão no caderno.

Foi necessária a catástrofe da Segunda Guerra Mundial para que os direitos humanos passassem a receber, no sistema internacional, no direito novo criado pela Carta da ônu, uma abordagem distinta daquela com a qual vinham sendo habitualmente tratados. Os desmandos dos totalitarismos que aterrorizavam vários países da Europa e que levaram ao megaconflito haviam consolidado a percepção reticências de que os regimes democráticos apoiados nos direitos humanos eram os mais propícios à manutenção da paz e da segurança internacionais. Daí a necessidade de apoiar em normas internacionais o ideal dos direitos humanos. Sobretudo, insinua-se, entre os líderes democráticos, a percepção de que os direitos humanos não podem mais constituir matéria do domínio exclusivo dos Estados e que algum tipo de contrôle internacional faz-se necessário para conter o mal ativo e passivo prevalecentes no mundo.

LAFER, Celso. A ônu e os direitos humanos. Estudos Avançados, São Paulo, volume 9, número 25, setembro a dezembro 1995. Disponível em: https://oeds.link/mSYlRD. Acesso em: 22 abril 2022.

Qual é a relação entre os horrores da Segunda Guerra Mundial e a inserção da defesa dos direitos humanos na Carta da ônu?

Ícone. Ilustração do globo terrestre circundado por uma linha amarela, simulando a trajetória da Lua em torno do planeta, indicando a seção Ser no mundo.

Ser no mundo

Cidadania e Civismo.

A Carta dos Direitos Humanos

A Carta dos Direitos Humanos, também chamada de Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas no dia 10 de dezembro de 1948.

Você sabia que, ao mesmo tempo que estabeleceu os direitos humanos universais (no sentido de serem compartilhados por toda a humanidade), esse documento foi um marco na defesa dos direitos de minorias? Apesar de não citar diretamente as minorias, a maior parte dos artigos da Carta afirma que os direitos fundamentais são para todas as pessoas, sem distinção e sem discriminação.

Além disso, outros documentos estabelecidos com o passar do tempo expandiram, e muito, o conjunto do direito internacional no que diz respeito aos direitos das minorias. Na atualidade, há uma diversidade de declarações e de conjuntos de leis que tratam dos direitos de minorias (assim como a Carta dos Direitos Humanos). Observe dois exemplos:

Convenção da unêsco para Eliminação da Discriminação na Educação, de 1960: dispõe que os membros das minorias nacionais devem ter o direito de exercer as atividades educativas que lhe sejam próprias reticências;

Declaração dos Direitos das Pessoas pertencentes a Minorias Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas, de 1992: dispõe que “Pessoas pertencentes a minorias nacionais, étnicas, religiosas e linguísticas têm o direito de desfrutar de sua própria cultura, de professar e praticar sua própria religião, de fazer uso de seu idioma próprio, em ambientes privados ou públicos, livremente e sem interferência de nenhuma fórma de discriminação”, colaborando para a garantia dos direitos de minorias étnicas, religiosas e linguísticas.

ENRICONI, Louise. O que são as minorias. Politize!. Florianópolis, 31 agosto 2017. Disponível em: https://oeds.link/HNXIM4. Acesso em: 4 março 2022.

Fotografia em preto e branco. Uma mulher vista dos joelhos para cima, com o corpo voltado para a direita. Ela tem cabelos escuros, veste blusa de mangas compridas e saia longa. Com os braços esticados para à direita, ela segura um grande cartaz em suas mãos, para o qual ela olha, exibindo-o para o fotógrafo. O cartaz é claro com texto em preto.
Eleanor Rusevélt, esposa do ex-presidente dos Estados Unidos Franklin Rusevélt, foi uma defensora dos direitos humanos. Na fotografia, de 1949, ela segura um cartaz com a Carta dos Direitos Humanos.

E você sabia que uma “minoria” nem sempre se refere a um pequeno grupo de pessoas, ou seja, nem sempre as minorias estão em menor número em relação ao restante da sociedade? Isso ocorre porque uma minoria, necessariamente, é um grupo que não recebe o mesmo tratamento que os grupos dominantes, privilegiados social, econômica e politicamente, mas isso não quer dizer que ela sempre esteja em menor número.

E quem são as minorias no Brasil? Podemos citar como exemplos, entre as minorias presentes na população brasileira, as mulheres, os afrodescendentes, os indígenas, os portadores de deficiência e os homossexuais. Ao longo, principalmente, dos séculos vinte e vinte e um, esses grupos vêm lutando pela ampliação de seus direitos e por mais políticas públicas que possam gerar melhores condições de vida a eles.

O caso das mulheres é significativo. Com muito debate, muita luta e organização, as mulheres brasileiras conseguiram algumas conquistas recentemente, como:

  • Ações que incentivam maior participação feminina na política, estabelecendo, por exemplo, que cada partido deve ter uma porcentagem mínima de 30% de candidaturas femininas.
  • Implantação da Lei Maria da Penha (2006), que determina punições aos que cometem crimes domésticos e familiares contra mulheres. De acordo com dados da Secretaria de Política para Mulheres, uma a cada cinco mulheres é vítima de violência doméstica.
  1. Faça uma pesquisa para encontrar o texto integral da Carta de Direitos Humanos. É possível encon-trá-la, por exemplo, no site da Unicef Brasil, disponível em: https://oeds.link/eF4z7A (acesso em: 4 março 2022). Leia os artigos e escolha um que, em sua opinião, sirva para falar sobre os direitos das minorias. Justifique sua resposta.
  2. Leia, a seguir, algumas informações sobre a situação das mulheres na atualidade. Com base nelas, elabore uma redação avaliando a importância da luta das organizações feministas pelos direitos das mulheres nos dias de hoje.

MULHERES E POLÍTICA

• Em média, globalmente, as mulheres detêm 25,5% das duas casas representadas [casas legislativas: a Câmara dos deputados e o Senado].

reticências

• Segundo a ônu, 119 países nunca tiveram uma mulher líder, o que salienta que, no ritmo atual, a igualdade de gêneros nos principais cargos de poder não será alcançada por mais 130 anos.

• No Brasil (que está na 142ª posição entre 193 países analisados pela ônu sobre paridade de gêneros no Parlamento), as mulheres atualmente ocupam 18% da Câmara Baixa e 18,5% do Senado e detêm 29,7% dos cargos ministeriais do país (11 em 37).

SAIBA a proporção da participação feminina na política em diferentes países pelo mundo. Folha de São Paulo, São Paulo, 20 junho 2021. Disponível em: https://oeds.link/A5UmOY. Acesso em: 24 março 2022; BANCADA feminina no Senado quer cota para mulher na Mesa Diretora. O Estado de S.Paulo, São Paulo, ano 144, número 47 235, 13 fevereiro, 2023. Política, página A8; BANCADA feminina. O Estado de S.Paulo, ano 144, número 47 258, 8 março 2023. Política, A2.

Glossário

Paramilitar
Grupo particular formado por pessoas armadas, geralmente fardadas, que não pertencem às fôrças militares regulares.
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Raça ariana
Classificação surgida em meados do século dezenove para identificar os indivíduos altos, loiros e fortes, especialmente os povos nórdicos e germânicos, tidos como superiores. Trata-se de uma classificação ideológica, e não científica. O termo “ariano”, isoladamente, refere-se a um grupo linguístico indo-europeu.
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Esterilização
Cirurgia que torna uma pessoa ou animal incapazes de procriar.
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Eutanásia
Ato de proporcionar morte sem sofrimento a um doente.
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Partisan
Membro da resistência civil organizada em países da Europa com o objetivo de combater as fôrças nazifascistas por meio de atos de sabotagem, confrontos diretos ou oferecendo suporte às tropas regulares aliadas.
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